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Osvaldo Bernardo Muchanga
Análise do Potencial Terapêutico da Abrus precatorius e da Tabernaemontana elegans
no Tratamento de Bilharziose no Povoado de Massambe-Distrito de Massinga
Licenciatura em Ensino de Biologia com Habilitações em Ensino de Química
Universidade Pedagógica
Massinga
2018
Osvaldo Bernardo Muchanga
Análise do Potencial Terapêutico da Abrus precatorius e da Tabernaemontana elegans no
Tratamento de Bilharziose no Povoado de Massambe-Distrito de Massinga
Monografia Científica a ser apresentada ao
Curso de Biologia, Departamento de Ciências
Naturais e Matemática para efeitos de obtenção
de grau académico de Licenciatura em Ensino de
Biologia com habilitações em Ensino de Química.
Supervisores: PhD. Daniel Agostinho &
MEd. Afonso Faustino Taela Munguambe
Universidade Pedagógica
Massinga
2018
Índice Pág.
Lista de Tabelas......................................................................................................................iv
Lista de Gráficos......................................................................................................................v
Lista de Figuras.......................................................................................................................vi
Lista de Símbolos, Siglas e Abreviaturas..............................................................................vii
Declaração............................................................................................................................viii
Dedicatória..............................................................................................................................ix
Agradecimentos.......................................................................................................................x
Resumo...................................................................................................................................xi
Abstract..................................................................................................................................xii
CAPÍTULO I.........................................................................................................................13
1.0.Introdução........................................................................................................................13
1.1.Problematização...............................................................................................................14
1.2. Justificativa.....................................................................................................................15
1.3. Objectivos:......................................................................................................................16
1.3.1. Geral:...........................................................................................................................16
1.3.2. Específicos:..................................................................................................................16
1.4.Questões Orientadoras da Pesquisa.................................................................................16
1.5.Delimitação do tema........................................................................................................16
CAPÍTULO II........................................................................................................................17
2.0. Revisão Bibliográfica.....................................................................................................17
2.1. Histórico do uso de Plantas medicinais no mundo e em Moçambique..........................17
2.2. Contexto de Plantas Medicinais......................................................................................17
2.3. Abrus precatorius...........................................................................................................17
2.4. Tabernaemontana elegans..............................................................................................18
2.5. Estudos Fitoquímicos e Princípios Activos....................................................................19
2.5.1.Principais Princípios Activos Comuns na A. precatorius e T. elegans.........................19
2.6. Formas de preparação e uso caseiro de medicamentos Vegetais....................................22
2.7.Bilharziose.......................................................................................................................22
CAPÍTULO III.......................................................................................................................25
3.0.Metodologia.....................................................................................................................25
3.1. Localização e Descrição da Área de Estudo...................................................................25
3.2.Tipo de Pesquisa..............................................................................................................26
4
3.3. Técnicas de colecta de Dados.........................................................................................27
3.4.Instrumentos de colecta de dados....................................................................................28
3.5.Amostragem.....................................................................................................................28
3.6.Considerações éticas........................................................................................................29
3.7.Colecta da Amostra..........................................................................................................29
3.8.Preparação das Amostras (Folhas e Raízes da A. precatorius e T. elegans)...................29
3.8.1.Extracção do Material Vegetal.....................................................................................30
3.9.Procedimentos Experimentais das Análises Fitoquímicas...............................................31
3.9.1.Análises fitoquímicas da Abrus precatorius.................................................................31
3.9.2.Análises fitoquímicas da Tabernaemontana elegans....................................................32
3.9.Técnica de análise e apresentação de dados....................................................................33
CAPÍTULO IV......................................................................................................................34
4.0. Apresentação, Interpretação, Discussão dos Resultados................................................34
4.1. Formas de uso da A. precatorius e da T. elegans no tratamento da Bilharziose............34
4.2. Análises fitoquímicas......................................................................................................35
4.2.1. Análises fitoquímicas da Abrus precatorius................................................................35
4.2.2.Análises fitoquímicas da Tabernaemontana elegans...................................................38
4.2.3.Resumo dos resultados obtidos nos testes fitoquímicos da A. precatorius e de T. elegans
...............................................................................................................................................41
4.3. Relação entre os princípios activos identificados e o seu potencial (acção) anti-
helmíntico..............................................................................................................................42
CAPÍTULO V........................................................................................................................44
5.0.Conclusões e Recomendações.........................................................................................44
5.1.Conclusões.......................................................................................................................44
5.2.Recomendações...............................................................................................................44
6.0.Referências Bibliográficas...............................................................................................45
Apêndices...............................................................................................................................47
Anexos...................................................................................................................................53
iv
Lista de Tabelas
Tabela 1: Materiais e reagentes utilizados no processo de extracção vegetal………..…...30
Tabela 2: Quadro resumo dos resultados obtidos nos testes fitoquímicos da A.
precatorius…………………………………………………………………………………..41
Tabela 3: Quadro resumo dos resultados obtidos nos testes fitoquímicos da T. elegans.42
v
Lista de Gráficos
Gráfico 1: Partes usadas das plantas empregues no tratamento da bilharziose…………..34
Gráfico 2: Formas de preparo/modo de uso das plantas usadas no tratamento da
bilharziose…………………………………………………………………………………..35
vi
Lista de Figuras
Fig.01: Abrus precatorius………………………………………………………………….18
Fig.02: Tabernaemontana elegans……………………………………………………....…19
Fig.03. Triterpenos pentacíclicos isolados…………………………………………………20
Fig.04: Estrutura de alcalóides……………………………………………………………..20
Fig.05: Estrutura de Taninos Condensados………………………………………………..20
Fig.06: Núcleo fundamental dos flavonóides e sua numeração.…………………………...21
Fig.07: Estrutura básica de uma saponina esteroidal espirostano.………………………....21
Fig.8: Estrutura básica das Antraquinonas…………………………………………………21
Fig.09: Ciclo de Vida do Shistosoma………………………………………………..……..23
Fig.10: 1, Praziquantel-PZQ………………………………………………………………..24
Fig.11: Estrutura química de Oxamniquinina……………….……………………………..24
Fig.12: Localização geográfica de Massambe……………………………………………..25
Fig.13: Identificação de Taninos…………………………….……………………………..35
Fig.14: Identificação de Flavonóides………………………………………………………36
Fig.15: Identificação de Terpenóides/triterpenos…………….…………………………….36
Fig.16: Identificação de Esteróides…………………………………………………….…..37
Fig.17: Identificação de Saponinas…………………………………………………….…..37
Fig.18: Identificação de Alcalóides…………………………………………………….…..38
Fig.19: Identificação de Antraquinonas……………………………………………………38
Fig.20: Identificação de Taninos…………………………………………………….……..39
Fig.21: Identificação de Flavonóides………………………………………………………39
Fig.22: Identificação de Terpenóides/triterpenos…………….…………………………….39
Fig.23: Identificação de Saponinas…………………………………………….…………..40
Fig.24: Identificação de Alcalóides………………………………………………………...40
vii
Lista de Símbolos, Siglas e Abreviaturas
Símbolos
C4H6O3 - Anidrido Acético
CHCl3 – Clorofórmio
HCl- Ácido Clorídrico
H2SO4- Ácido Sulfúrico
FeCl3- Cloreto Férrico
Km- Quilómetros
Pb(C2H3O2)2 - Acetato de Chumbo
% - Porcento
mg- miligramas
Kg-Quilograma
NaOH -Hidróxido de sódio
(+) -Positivo
(-) -Negativo
Siglas
MISAU- Ministério da Saúde
OMS- Organização Mundial de Saúde
PES- Plano Económico de Saúde
PMT’s - Praticantes da Medicina Tradicional
UP- Universidade Pedagógica
Abreviaturas
Fig.- Figura
Mins- Minutos
viii
Declaração
Eu, Osvaldo Bernardo Muchanga, declaro por minha honra que esta Monografia científica é
resultado da minha investigação pessoal e das orientações dos meus supervisores, o seu
conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão devidamente mencionadas no texto e
nas referências bibliográficas no final. Declaro ainda que este trabalho jamais foi apresentado
em nenhuma outra instituição de ensino para obtenção de qualquer grau académico.
Massinga, 04 de Setembro de 2018
__________________________________________________
(Osvaldo Bernardo Muchanga)
ix
Dedicatória
Com maior apreço, consideração e satisfação, tenho a honra de dedicar este trabalho aos
meus pais Bernardo Muchanga e Menalda Zunguze que de forma humilde e dentro das
dificuldades apostaram na minha formação. Dedico ainda o trabalho aos meus irmãos (dr.
Egas, Narta, Amina) pelo apoio moral e financeiro que depositaram em mim nesta caminhada
académica, que souberam-me fazer acreditar no sucesso académico mesmo nos momentos
menos conseguidos da academia.
x
Agradecimentos
Endereço os meus profundos agradecimentos à Deus pelo dom da vida e pelas obras
maravilhosas que tem feito em mim. De seguida agradeço ao Prof. Doutor Daniel Agostinho e
ao MEd. Afonso Faustino Taela Munguambe meus supervisores pela forma paciente,
incansável e carinhosa que trabalharam comigo rumo a concretização desta monografia.
A todos meus docentes e em especial aos do curso de Biologia da UP Delegação de Massinga
nomeadamente dra. Vera Fumo, MSc. Elvino Ferrão, dr. Nunes Ponda, dr. Orlando Chipura
que durante esta caminhada académica foram preponderantes na minha formação profissional
através dos seus sábios ensinamentos.
Ao Nathan Simon Lutozi, estudante da UP-Sede, pela paciência e consideração com a qual
trabalhou comigo ao nível do laboratório de pesquisa de Produtos Naturais do Departamento
de Biologia da Universidade Pedagógica-Sede.
Ao corpo directivo e técnico da UP- Delegação de Massinga, pela bolsa de estudo concedida
durante a formação, o meu profundo agradecimento.
Ao Povoado de Massambe, pelo acolhimento para a realização da pesquisa, de forma especial
ao secretário deste povoado (Fabião Alfandegane), aos PMT’s, ervanários e anciãos que
estiveram envolvidas directamente no fornecimento das informações.
Agradeço igualmente ao meu primo MSc. Sérgio Zunguze pelas dicas sábias que me deu no
âmbito do desenvolvimento da pesquisa.
Os meus profundos agradecimentos são extensivos aos meus amigos e colegas de formação,
Ermelito Rodrigues e António Mboe pelo encorajamento durante o desenvolvimento da
pesquisa.
Finalmente, agradeço a todos que directa ou indirectamente, sem terem os nomes
referenciados acima, tornaram possível a minha pesquisa e a minha formação no geral.
xi
Resumo
A pesquisa foi realizada no Povoado de Massambe e visou analisar o Potencial Terapêutico
de Abrus precatorius e Tabernaumontana elegans, plantas usadas no Tratamento de
Bilharziose neste Povoado. A pesquisa foi de carácter misto e desenvolveu-se em duas fases,
sendo que na primeira, foi aplicada uma entrevista semi-estruturada aos participantes, que
consistiu na recolha de informações das partes das plantas utilizadas, bem como a forma de
preparo e administração. Nesta fase participaram 21 entrevistados, sendo, 1 Secretário, 7
Ervanários, 10 Praticantes da Medicina Tradicional e 3 Anciãos que foram seleccionados de
forma intencional. A segunda fase decorreu no laboratório de pesquisa de Produtos Naturais
do Departamento de Biologia da Universidade Pedagógica-Sede, e consistiu na identificação
dos princípios activos presentes nas raízes e folhas das duas plantas em estudo, relacionados
com a cura da bilharziose. Para a identificação de princípios activos aplicou-se a extracção a
frio (maceração) e reacções químicas específicas. Os resultados das entrevistas mostraram que
a população usa as folhas, raízes, flores, frutos e/ou mistura de raízes e folhas. Para o preparo
do medicamento, a mesma usa a decocção, infusão e a queima e para a administração usa a
ingestão oral em dosagens variáveis. Os princípios activos identificados em órgãos de plantas
em estudo implicados no tratamento da Bilharziose são os taninos, alcalóides, flavonóides e as
saponinas. Estes princípios activos relacionam-se com o potencial anti-helmíntico pelo facto
de inibirem o desenvolvimento normal do S. mansoni.
Palavras-chave: Abrus precatorius; Tabernaumontana elegans; Medicina Tradicional;
Tratamento da Bilharziose; Shistosoma mansoni; Princípios activos.
xii
Abstract
The present research was carried out in the Massambe Village and it was aimed at analyzing
the Therapeutic Potential of Abrus precatorius and Tabernaemontana elegans, medicinal
plants used in the Treatment of Bilharziosis in this Village. The research was mixed and
developed in two phases. In the first one, a semi-structured interview was applied to the
participants, which consisted in gathering information from the parts of the plants used, as
well as the preparation and administration. At this stage participated 21 interviewees,
including 1 Secretary, 7 Herbalists, 10 Traditional Medicine Practitioners and 3 Elderly
people who were intentionally selected. The second phase was held in the Natural Products
research laboratory of the Biology Department of the Pedagogical University Headquarters. It
consisted in the identification of active principles present in the roots and leafs of the two
plants under study related to the cure of bilharziosis. For the identification of active principles
cold extraction (maceration) and chemical reactions were applied. The results of the
interviews showed that the population uses roots, leaves, flowers and blends of roots and
leaves. For the preparation of the drug, the same uses decoction, infusion and burning and for
administration uses ingestion at varying dosages. The active principles identified in plant
organs under study and implicated in the treatment of Bilharziosis are tannins, alkaloids,
flavonoids and saponins. These active principles relate to the anthelmintic potential because
they inhibit the normal development of S. mansoni.
Key words: Abrus precatorius; Tabernaemontana elegans; Traditional Medicine;
Bilharziosis treatment; Shistosoma mansoni; Actives principles;
13
CAPÍTULO I
1.0.Introdução
Desde a década de 70, a OMS vem estimulando o uso de plantas no tratamento de diversas
enfermidades em todos países, sobretudo nos países do terceiro mundo devido a escassez dos
serviços de saúde (BRANDÃO, 2015).
Em Moçambique a situação não é diferente, uma vez que o MISAU (2006) afirma que os
serviços de saúde disponíveis e acessíveis continuam ainda insuficientes para fazer face as
necessidades da população, pois apenas 50% tem acesso a um nível aceitável de cuidados de
saúde dos quais somente 36% da população têm acesso a cuidados de saúde num raio de 30
minutos das suas casas. E cerca de 20% tem cuidados de saúde de nível não aceitável. No
entanto, cerca de 30% da população não tem possibilidade de aceder a qualquer tipo de
serviço de saúde, recorrendo quase que exclusivamente a plantas com potencial medicinal
para o tratamento de diversas enfermidades.
Perante a realidade observável do uso de plantas como recursos terapêuticos, o MISAU
(2011) através do PES, tem trabalhado em coordenação com os PMT’s a fim sistematizar o
uso de recursos florestais como meio terapêutico seguro, visto que os serviços de saúde nem
sempre chegam as regiões mais recônditas como é o caso do povoado de Massambe.
No povoado em alusão, assim como qualquer outra região do país, é frequente o uso de
diversos recursos fitoterapêuticos para a minimização ou controlo de diversas enfermidades
que afligem a população local.
Nesta região, dentre várias doenças que são tratadas na base de fitoterápicos, pode se fazer
referência a Bilharziose que constitui um dos problemas de saúde a nível das comunidades
daquele Povoado. Nestas comunidades são empregues diversas espécies de plantas com vista
a minimização dos efeitos desta verminose e dentre elas, os PMT’s, ervanários e a população
no geral, têm usado com frequência a A. precatorius e a T. elegans. Nesta perspectiva, surge a
presente pesquisa visando analisar o potencial terapêutico destas duas espécies de plantas
usadas no tratamento de bilharziose e assim sistematizar o seu uso.
Estruturalmente o trabalho contempla 5 capítulos onde no primeiro encontra-se a introdução,
no segundo consta a revisão bibliográfica, no terceiro a metodologia utilizada, no quarto os
resultados obtidos e no quinto e último capítulo as conclusões e sugestões.
14
1.1.Problematização
Em Moçambique, o mapeamento epidemiológico da bilharziose revela que esta doença
ocorre em todo o país e a taxa de prevalência global nas crianças dos 5 a 15 anos é de 47%
(MISAU, 2013). Na província de Inhambane, a taxa de prevalência da bilharziose é de 21.5%,
sendo que todos os distritos são endémicos para esta doença, tendo-se como distritos mais
afectados o de Govuro, Inhassoro, Massinga e Zavala1
.
No caso concreto do distrito de Massinga, dentre os povoados afectados por esta doença,
tem-se o povoado de Massambe. Este facto foi constatado durante as excursões biológicas
feitas neste povoado em 2015 e 2016, onde a comunidade local avançou que sofria com
frequência de dores abdominais e sangramentos ao urinar (sintomas de bilharziose na óptica
de DUARTE, 2006), com maior enfoque para as crianças dos 5 aos 15 anos, alguns dias
depois de usar água proveniente do rio Massambe e dos poços abertos nas suas proximidades
(locais considerados por DUARTE (2006), repositórios de Schistosoma mansoni - causador
da bilharziose), para banho, confecção de alimentos e para beber sem nenhum prévio
tratamento, uma doença que localmente apelidaram de “Xikuhete”,2
.
Perante esta realidade e com vista a minimizar os efeitos desta enfermidade, a comunidade
local avançou que, por questões socioculturais e devido a falta de uma unidade sanitária nas
proximidades (tendo que se percorrer cerca de 25 km até a unidade sanitária mais próxima- o
Hospital Distrital de Massinga), tem utilizado várias espécies de plantas como a alternativa
mais viável e acessível para o tratamento de Bilharziose.
De forma específica, os PMT’s e ervanários daquela região avançaram que para o tratamento
desta enfermidade tem-se recorrido empiricamente a diversas espécies de plantas com maior
enfoque para a A. precatorius e a T. elegans, porém, apesar das mesmas se mostrarem
eficazes (empiricamente) no tratamento desta doença, não se conhece o seu real potencial
terapêutico nem a sua toxidade, o que pode levar, provavelmente, a intoxicação. Por todas
estas razões torna-se importante saber:
Qual é o potencial terapêutico das espécies Abrus precatorius e Tabernaemontana elegans
utilizadas no tratamento de bilharziose a nível do povoado de Massambe?
1 http://jornalnoticias.co.mz/index.php/provincia-em-foco/67329-inhambane-mais-de-um-milhao-assistido-a-
elefantiase.html. Consultado aos 10/07/2018 pelas 20h:17minutos
2 Xikuhete-denominação local da bilharziose em Massambe (Xitswa), onde o paciente urina sangue!
15
1.2. Justificativa
Na primeira instância, a pesquisa coaduna com os estímulos da OMS que consistem na
sistematização do uso de plantas com valor terapêutico no tratamento de doenças, através da
análise do potencial medicinal das mesmas, como forma de resolver em tempo útil e de forma
segura os problemas de saúde que afligem a população.
Durante as excursões biológicas feitas no Povoado de Massambe verificou-se que naquela
região utiliza-se de forma empírica a A. precatorius e a T. elegans para minimizar os efeitos
da bilharziose. Assim, com a presente pesquisa evidenciar-se-á o real potencial terapêutico
destas plantas bem como a toxidade das mesmas e com isto evitar se as possíveis intoxicações
que podem advir de administração incorrecta destas plantas e assim ajudar no tratamento
eficaz e seguro desta enfermidade neste e noutros povoados.
A escolha destas duas espécies de plantas para o estudo deveu-se ao facto de terem sido
referenciadas como as principais usadas no tratamento de bilharziose por parte dos PMT’s e
ervanários do Povoado de Massambe.
Tendo em conta que neste local está implantada a estação biológica da Universidade
Pedagógica, Delegação de Massinga, pesquisas deste género que visam contribuir para o
acervo bibliográfico descrevendo o potencial biológico e social da região, criando igualmente
uma plataforma de benéficos conjugados para as comunidades locais, são necessárias, já que
uma das missões desta Instituição de Ensino é servir a comunidade.
A informação produzida nesta pesquisa permitirá que, de forma fundamentada, se conheçam
os procedimentos usados na identificação de princípios activos contidos na A. precatorius e
na T. elegans, e assim servir se dos mesmos para pesquisas do género.
Em fim, a sistematização da fitoterapia no controle de verminoses que é trazida neste
trabalho constituirá uma alternativa (segura) que pode reduzir o uso de químicos anti-
helmínticos por parte deste e de outros povoados.
16
1.3. Objectivos:
1.3.1. Geral:
Analisar o Potencial Terapêutico das espécies Abrus precatorius e Tabernaemontana
elegans utilizadas no Tratamento de Bilharziose no Povoado de Massambe-Distrito de
Massinga.
1.3.2. Específicos:
Descrever as formas de uso da Abrus precatorius e da Tabernaemontana elegans no
tratamento da Bilharziose;
Identificar os princípios activos presentes nas partes usadas da Abrus precatorius e da
Tabernaemontana elegans implicados no tratamento de Bilharziose.
Relacionar os princípios activos identificados com o seu potencial anti-helmíntico.
1.4.Questões Orientadoras da Pesquisa
1. Em que consiste o uso da Abrus precatorius e da Tabernaemontana elegans usadas no
Tratamento de Bilharziose?
2. Que princípios activos estão presentes nas partes usadas da Abrus precatorius e da
Tabernaemontana elegans implicados no tratamento de Bilharziose?
3. Qual é a relação entre os princípios activos identificados e o potencial anti-helmíntico?
1.5.Delimitação do tema
A presente pesquisa limitou-se à descrição das formas de uso da A. precatorius e da T.
elegans no tratamento de bilharziose (identificação das partes usadas, descrição das formas de
preparo e de administração dos medicamentos provenientes destes vegetais) seguida pela
identificação dos princípios activos (grupos de metabólitos secundários) implicados no
tratamento da Bilharziose e por fim relacionou-se os princípios activos identificados com a
sua actividade anti-helmíntica. Não se fez nenhum teste farmacológico in vitru com vista a se
confirmar o potencial anti-helmíntico destas plantas contra o causador desta doença
(Shistosoma mansoni), tendo-se validado os resultados apenas na base da literatura.
17
CAPÍTULO II
2.0. Revisão Bibliográfica
2.1. Histórico do uso de Plantas medicinais no mundo e em Moçambique
O uso de plantas medicinais no tratamento de enfermidades é conhecido desde a mais remota
antiguidade. Hoje em dia, a maioria da população vivendo em países subdesenvolvidos, ainda
utiliza as plantas medicinais como fonte principal para superar as suas necessidades
medicamentosas. Mesmo nos países industrializados, uma grande percentagem dos produtos
farmacêuticos comercializados provém de produtos naturais e essa proporção eleva-se nas
regiões do mundo onde vive a maior parte da população mundial, tais como Ásia, África e
América Latina (PACHÚ, 2007).
Segundo a OMS (2014), 80% das pessoas nos países em desenvolvimento ainda dependem
de plantas medicinais locais para satisfazerem as suas necessidades primárias de saúde.
Em Moçambique, as plantas medicinais constituem um valioso instrumento da medicina
tradicional, sendo largamente utilizadas nas zonas rurais como principal fonte de
medicamentos para os cuidados de saúde primários, constituindo uma prática sociocultural3
.
2.2. Contexto de Plantas Medicinais
A OMS (2001) define Plantas medicinais como sendo aquelas contenham em um ou mais de
seus órgãos substâncias que possam ser utilizadas com finalidade terapêutica, ou que seus
precursores sejam utilizados para semi-síntese químico-farmacêutico.
Medicamento Fitoterápico é todo medicamento obtido empregando-se exclusivamente
matérias-primas activas vegetais. Fitoterapia é o uso de plantas medicinais em suas
diferentes formas farmacêuticas, sem utilização de substâncias activas isoladas (Idem).
2.3. Abrus precatorius
Com o nome vernacular Sissani (Xitswa), a Abrus precatorius é uma trepadeira lenhosa,
atinge os 5 metros de altura pertencente a família Papilionaceae. As folhas são pequenas,
oblongas com cerca de 16 a 34 folíolos (GUILENGE et al., 2010).
3 https://www.mmo.co.mz/medicamentos-tradicionais-em-mocambique acessado aos 28/03/2018
18
As inflorescências são espessas e com cerca de 2 a 7 centímetros de comprimento, as flores
estão em fascículos densos. A vagem é oblonga (2 a 5 centímetros de comprimento).
As sementes são ovóides, pequenas, vermelhas com uma pequena área em preto
(GUILENGE et al., 2010), vide a fig. 1 abaixo ilustrando a A. precatorius.
Fig.1: Abrus precatorius.
A A. precatorius pertence ao reino Plantae, superdivisão Spermatophyta, divisão
Magnoliophyta, classe Magnoliopsida, ordem Fabales, família Fabaceae, género Abrus,
espécie Abrus precatorius (ALMEIDA, 2014).
a) Acções Farmacológicas da Abrus precatorius e a sua toxidade
Devido a presença de óleos essenciais (terpenos), abrina, glicirrizina, sobretudo nas folhas e
nas raízes, esta planta apresenta diversas acções farmacológicas, a destacar: acção
antiespasmódica, hipoglicemiante, anti-bacteriana, anti-inflamatória (CARVALHO, 2010).
Em Moçambique as raízes são usadas para tratar epilepsia, feridas, dores estomacais e para
diversos outros fins4
. No que diz respeito a toxidade, todas as partes da A. precatorius são
citadas como tóxicas, porém, as sementes apresentam uma toxicidade (sendo mais tóxicas
quando ingeridas partidas) muito superior ao resto da planta, devido à maior concentração de
compostos tóxicos como as lectinas, abrina e aglutinina (ALMEIDA, 2014).
2.4. Tabernaemontana elegans
Com o nome vernacular Kalhwani (Xitswa), esta planta é um arbusto ou pequena árvore de 3
a 5 metros de altura, por vezes atingindo os 10 metros. As folhas são elípticas e quase
redondas, grossas, verdes escuras na parte superior, verde-claro na parte inferior, sem pêlos.
As flores são brancas, perfumadas, agrupadas no final dos ramos. O fruto é constituído por
dois mericarpos que abrem-se quando maduras expondo a polpa laranja viva, com numerosas
sementes castanhas. A floração Fevereiro e Março, e a frutificação entre Maio e Junho
(ALMEIDA, 2014), observe esta planta na figura 2 na página (19) a seguir.
4 http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2007/06/descobertas.2.html acessado aos 28/02/2018
19
Fig.2: Tabernaemontana elegans.
A Tabernaemontana elegans pertence ao reino Plantae, superdivisão Spermatophyta, divisão
Magnoliophyta, classe Magnoliopsida, ordem Gentianales, família Apocynaceae, género
Tabernaemontana e a espécie Tabernaemontana elegans.
a) Acções Farmacológicas da T. elegans e a sua toxidade
Segundo GUILENGE et al. (2010), devido a inúmeros metabólitos secundários a T. elegans é
relacionada no tratamento de inúmeras enfermidades com destaque para a cólera, gastrite,
disenteria, hipertensão, infarto do miocárdio, epilepsia, tétano, raiva, tétano, lepra, etc. A
infusão com a parte interior da raiz, serve para tratar vómitos, diarreias fortes, tosses e
doenças pulmonares.5
Para SHEVALE et al. (2015), a T. elegans apresenta um grau de
toxidade aceitável graças a presença de saponinas (sendo minimamente seguro).
2.5. Estudos Fitoquímicos e Princípios Activos
Segundo BRANDÃO (2015), os estudos fitoquímicos consistem no levantamento e estudo
de componentes químicos da planta, como princípios activos, odores, pigmentos, moléculas
da parede celular, toxidade, etc.
Os princípios activos são substâncias provenientes do metabolismo secundário das plantas, e
são responsáveis pela actividade terapêutica das mesmas (CARVALHO, 2010).
2.5.1.Principais Princípios Activos Comuns na A. precatorius e T. elegans
a) Óleos essenciais (terpenóides)
EINECK (2013) avança que são componentes vegetais voláteis, dificilmente solúveis em
água, e possuem odor intenso, estando presentes em todas partes da planta. A grande maioria
5 https://www.mmo.co.mz/medicamentos-tradicionais-em-mocambique acessado aos 28/03/2018
20
dos óleos essenciais é constituída de derivados de terpenóides (terpenos) ou de
fenilpropanóides, sendo que os primeiros preponderam.
As principais acções farmacológicas dos terpenos estão relacionadas ao emprego como anti-
séptico, anti-inflamatório, antipirético, diuréticos, antiespasmódicos, vermífugo (anti-
helmíntico) e expectorantes (JORGE, 2009).
Fig.3. Triterpenos pentacíclicos isolados. Fonte: CARVALHO, 2010.
b) Alcalóides
Formam um grupo economicamente importante, pois entram na composição de inúmeros
medicamentos. São substâncias naturais básicas, derivadas de aminoácidos, com um ou mais
átomos de nitrogénio heterocíclico (EINECK, 2013). CARVALHO (2010) avança que as
principais acções farmacológicas dos alcalóides relacionam-se com efeitos como: Analgésico
narcótico, Amebicida e Emética, Antitumorais e Vasoconstritora.
Fig. 4: Estrutura de alcalóides. Fonte: Fernandes (1997) citado por JORGE (2009).
c) Taninos
São substâncias que protegem o vegetal do ataque de microorganismos, formigas ou cupins e
possuem a propriedade de precipitar as proteínas da pele e das mucosas, transformando-as em
substâncias insolúveis (JORGE, 2009). CARVALHO (2010) explica que estes compostos
possuem acção: Anti-hemorrágicos, Anti-séptica, Antidiarréica, Bactericida, Hemostática,
anti-helmíntico.
21
Fig.5: Estrutura de Taninos Condensados6
d) Heterosídeos ou Glicosídeos
Para Fernandes (1997) citado por JORGE (2009), os Glicosídeos presentam acções e efeitos
tão diversos que é difícil agrupa-los sob um conceito químico. Por isso prefere-se classificá-
los pelo interesse farmacológico. Os de maior destaque são:
Flavonóides
São de coloração amarela, formam um grupo muito extenso com propriedades físicas e
químicas muito variáveis. EINECK (2013) atribui as seguintes funções a este grupo:
Antiinflamatória, Antioxidante, Antitumoral, Antiviral, Antiespasmódica, Aumento da
resistência da parede de vasos sanguíneos, Vermífugos e Actividade alelopática.
Fig.6: Núcleo fundamental dos flavonóides. Fonte: ZUANAZZI & MONTANHA (2010)
Saponinas
Seu nome provém da propriedade de formar espuma abundante, quando agitada com água.
As plantas que contêm saponinas são utilizadas como fármacos por sua acção expectorante,
diurética, depurativa, digestiva, estimulante imunológico, antiviral e como fonte de vitamina,
Analgésica, Antihemorróida, Anti-helmíntica e Antiinflamatória (JORGE, 2009).
Fig. 7: Estrutura básica de uma saponina esteroidal espirostano. Fonte: EINECK (2013)
Antraquinonas
Compostos coloridos com propriedades laxantes ou purgantes dependendo da dose. Tem
propriedades bactericidas antitumorais também. Em doses altas provocam irritação intestinal,
dores intensas e hipotensão (CARVALHO, 2010).
6 http://www.sbfgnosia.org.br/Ensino/taninos.html consultado aos 05.03.2018 as 10:34
22
Fig.8: Estrutura básica das Antraquinonas. Fonte: ZUANAZZI & MONTANHA (2010)
2.6. Formas de preparação e uso caseiro de medicamentos Vegetais
Conforme CAMPELO (2006), são principais técnicas de preparação e uso caseiro de
medicamentos vegetais as seguintes:
Maceração: contacto da droga vegetal com o líquido extractor; em recipiente fechado, em
temperatura ambiente, durante um período prolongado (horas ou dias), sob agitação ocasional
e sem renovação do líquido extractor (processo estático) (MIYAKE, 2014).
Infusão: A extracção ocorre pela permanência, durante certo tempo, do material vegetal em
água fervente, num recipiente tapado. A água fervente é adicionada à planta (Idem).
In nature – A parte ou estrutura do vegetal é aplicada directamente na parte afectada sem
nenhum tratamento adicional como ocorre com látex algumas vezes ingerido, como no
preparo de saladas ou ingestão de frutos (CARVALHO, 2010).
Decocção: A decocção consiste em manter o material vegetal em contacto, durante certo
tempo, com um solvente (normalmente água) em ebulição. Chega-se à fervura da água em
contacto com o vegetal (KEMPES et al., 2014).
Pós: consiste na queima e trituração da parte da planta queimada e de seguida ingerida pela
boca juntamente com alimentos ou em cápsulas (CAMPELO, 2006).
Gargarejos e Inalações: consiste no gargarejo do chá preparado por decocção. Este
tratamento atua sobre a cavidade bucal e garganta. As inalações são feitas ao vapor do decoto
também (CARVALHO, 2010).
2.7.Bilharziose
Segundo FREITAS (2015) a Bilharziose (esquistossomose) é uma doença tropical que afecta
milhões de pessoas no mundo e é causada por trematódeos (Platelmintos) do género
Schistosoma. Seis espécies parasitam o homem: o S. japonicum encontrado na China; o S.
mansoni nas populações da África, Arábia e América do Sul; o S. haematobium em África e
23
Arábia; o S. intercalatum em África; o S. mekongi na Asia; e S. malayensis em Malásia.
Destas, os S. mansoni, S. japonicum e S. haematobium são as principais espécies responsáveis
por transmitir a infecção no mundo.
Existem diversos tipos da doença, destacando-se nas regiões tropicais: a intestinal e urinária
(FREITAS, 2015).
a) Formas de transmissão
A bilharziose é transmitida quando as pessoas doentes eliminem ovos do parasita causador da
doença em lagoas, lagos, pântanos ou rios e nesses lugares haja caramujos que constituem o
hospedeiro intermediário dos mesmos. Dentro dos caramujos esses vão-se desenvolver, e
algumas semanas depois, abandonam os caramujos enquanto cercarias, colonizando
livremente o ambiente aquático e penetram no Homem através da pele, quando ele entra
nessas águas. Uma vez dentro do corpo do Homem, eles vão-se dirigir para o aparelho
urinário, onde crescem e novamente põe ovos, que serão eliminados pela urina ou fezes,
reiniciando o ciclo7
, vide o ciclo na figura 3 abaixo.
Fig.9: Ciclo de Vida do Shistosoma mansoni. Fonte: DUARTE, 2006.
a) Sintomas
Para SILVA (2004), após a primeira fase na qual as larvas que penetraram na pele, elas
migram até os órgãos e lá se instalam (duração de 1 a 6 semanas) e causam sinais como:
Dores abdominais e uma diarreia intensa em sua forma intestinal;
Sangramentos urinários e dores ao urinar na sua forma urinária;
Um aumento do tamanho do fígado em sua forma hepática.
b) Tratamento
7 https://doencasesintomas.blogspot.com/2014/01/esquistossomose-ou-bilharziose.html acessado aos
04/05/2018
24
Actualmente, o tratamento de bilharziose (Schistosoma mansoni) é feito com uma dosagem
única de Praziquantel (40mg/Kg). A oxamniquina (40mg/Kg), embora não seja um remédio
usado na actualidade, também é eficaz (OMS, 2004).
Praziquantel
Para NOVAES & SOUZA (1999), o praziquantel (PZQ) é um anti-helmíntico antiparasitário
de amplo espectro, contra numerosas espécies de cestódeos e trematódeos, para tratar a
esquistossomose (S. mansoni, S. japonicum), a cisticercose, Taenia solium.
Este fármaco provoca uma inibição da bomba Na+
, K+
dos esquistossomos, aumentando a
permeabilidade da membrana do helminto a certos catiões monovalentes e divalentes, fazendo
com que os helmintos se separem dos tecidos do hospedeiro e são rapidamente deslocados das
veias mesentéricas para o fígado, ao passo que os helmintos intestinais são expelidos (Idem).
Vide a sua estrutura na figura 10 a seguir.
Fig.10: 1, Praziquantel-PZQ. Fonte: NOVAES & SOUZA, 1999.
Oxamniquina
GOODMAN & GILMAN (2005) avança que a Oxamniquina (OXA) é um fármaco
antiparasitário trematicida, da classe das tetraidroquinolinas, utilizado em infecções por
Schistosoma mansoni.
A oxamniquina ataca as formas maduras e imaturas de S. mansoni. O mecanismo de acção
envolve o bloqueio do aparato reprodutor de S. mansoni e sua “ovo-produção” (Passim).
Fig.11: Estrutura química de Oxamniquina. Fonte: GOODMAN & GILMAN (2005)
c) Consequências em caso de não tratamento e medidas de prevenção
25
Para DUARTE (2006) é uma doença que enfraquece a pessoa e pode levar a graves
complicações, tais como: Esterilidade; Doença do fígado provocando hemorragias graves com
vómitos de sangue, Cancro da bexiga, que não tem cura ou mesmo a morte.
As medidas de prevenção resumem-se em medidas básicas de higiene (OMS, 2004).
CAPÍTULO III
3.0.Metodologia
3.1. Localização e Descrição da Área de Estudo
O povoado de Massambe localiza-se na zona central do distrito de Massinga, na localidade
de Rovene, tendo como limites, a este o Oceano índico, a sul o povoado de Xiduque, a oeste
os povoados de Bassu e Ngadi e a norte o povoado de Xibanhane”8
, vide a figura 12 abaixo.
Fig. 12: Localização geográfica de Massambe9
.
Este povoado dista a 25 km da vila sede de Massinga e a sua população está estimada em mil
habitantes até 2016.
O clima deste povoado assemelha-se ao do distrito de Massinga no geral, e é dominado por
zonas do tipo tropical seco, no interior, e húmido, à medida que se caminha para a costa,
apresenta temperaturas médias entre os 18°C e os 30°C (MINISTÉRIO DA
ADMINISTRAÇÃO ESTATAL, 2014).
A zona costeira de Massambe é banhada pelo Oceano Índico e é atravessada pelo rio
Massambe que coincidentemente desagua nesta zona, ao longo do mesmo verificam-se solos
permeáveis, favoráveis para a prática da agricultura e existem ainda alguns poços nas
proximidades do mesmo rio. No que diz respeito as actividades produtivas e económicas,
nesta região predominam a agricultura, a pecuária e a pesca.
A população de Massambe fala basicamente a língua Xitswa, as casas são basicamente feitas
de material local. Nesta região existe um estabelecimento de ensino primário, a Escola
8Conhecimentos populares (2016).
9 http://Google Maps.blogs.com/moçambique_para_todos/2007/06/html acessado aos 18/12/2017
26
Primária do 1º e 2º Graus de Massambe, a região não possui nenhum hospital nem
maternidade. Na região predominam as religiões Zione e Betside”10
.
3.2.Tipo de Pesquisa
a) Quanto a Natureza de Abordagem
Pesquisa básica: objectivou trazer novos conhecimentos relacionados com o potencial
terapêutico da A. precatorius e da T. elegans no tratamento de Bilharziose para uma
ampliação de conhecimentos teóricos sobre o assunto sem uma aplicação prática prevista,
uma vez que para FANTINATO (2015), a pesquisa básica/pura objectiva gerar
conhecimentos novos, úteis para o avanço da ciência, sem aplicação prática prevista.
b) Quanto a forma de abordagem
Mista (quali-quanti): a pesquisa seguiu a bordagem mista uma vez que considerou a
representativa numérica dos dados bem como o aspecto qualitativo dos mesmos. Na
abordagem quantitativa, a pesquisa considerou estatisticamente o número de respondentes
acerca da origem do conhecimento fitoterápico, partes da A. Precatorius e da T. elegans
usadas no tratamento da bilharziose bem como o modo de preparo e administração dos
medicamentos. No que se refere a abordagem qualitativa, visou essencialmente dar
significados aos dados colhidos no campo bem como identificar, através de estudos
fitoquímicos, os princípios activos presentes nas partes da A. Precatorius e da T. elegans
implicados no tratamento da bilharziose. FANTINATO (2015) explica que se usa a
abordagem mista quando em uma mesma pesquisa, ambos os aspectos são usados para
recolher mais informações do que se poderia conseguir isoladamente.
c) Quanto aos seus objectivos
Exploratória-Descritiva: visou proporcionar maior familiaridade com estas duas plantas
medicinais com vista a identificação das partes das mesmas usadas no tratamento de
bilharziose bem como a descrição do procedimento de preparo e de administração das
mesmas. Por fim, garantiu o aprimoramento de ideias acerca do valor terapêutico da A.
Precatorius e da T. elegans no tratamento de bilharziose, através da identificação dos
princípios activos presentes nas mesmas. Na óptica de GIL (2008), a pesquisa exploratória
10 Conhecimentos populares (2016).
27
objectiva proporcionar maior familiaridade com o problema (explicitá-lo) e a descritiva visa
descrever as características de determinadas populações ou fenómenos.
e) Quanto aos procedimentos técnicos da pesquisa
Quanto aos procedimentos técnicos a pesquisa comportou dois procedimentos, a pesquisa de
campo e experimental (de laboratório).
Pesquisa de Campo: constituiu a primeira fase da pesquisa e foi realizada no Povoado de
Massambe. Esta etapa visou a observação directa da A. precatorius e T. elegans, enquanto
espécies usadas no tratamento da bilharziose no povoado de Massambe. A mesma fase
objectivou ainda obtenção de informações directamente dos PMT`s, Ervanários e Anciãos a
respeito das partes das plantas em alusão usadas no tratamento da bilharziose bem como sobre
o modo de preparação e administração dos medicamentos fitoterápicos. Na óptica de GIL
(2008), a pesquisa de campo é basicamente realizada por meio da observação directa das
actividades do grupo estudado e de entrevistas com informantes para se obter explicações e
interpretações de uma certa realidade.
Pesquisa experimental (de laboratório): constituiu a segunda fase da pesquisa e foi
desenvolvida a nível do laboratório de pesquisa de Produtos Naturais do Departamento de
Biologia da UP-Sede. Esta fase, consistiu na análise fitoquímica das partes das plantas (em
estudo) usadas no tratamento de bilharziose, onde na base de métodos extractivos a frio
(maceração) e reacções químicas específicas foi possível a identificação dos princípios activos
presentes nas mesmas implicados no tratamento desta doença, visto que para FANTINATO
(2015), a pesquisa experimental pretende dizer de que modo ou por que causas o fenómeno é
produzido e geralmente é realizada em ambiente controlado, seja um laboratório ou não,
visando a análise racional dos materiais colectados no campo.
3.3. Técnicas de colecta de Dados
Nesta pesquisa foram usadas três técnicas de colecta de dados, nomeadamente a consulta
bibliográfica, observação directa e a entrevista semi-estruturada.
Consulta Bibliográfica: foi utilizada para o suporte científico de toda pesquisa onde foram
consultadas várias obras já publicadas que versam sobre o assunto em questão desde a
28
concepção do projecto até a materialização da monografia. GIL (1991) citado por MENEZES
& SILVA (2005), avança que a consulta bibliográfica é feita a partir de material já publicado
(livros, artigos, Internet) com vista a garantir a cientificidade da pesquisa.
Observação directa: foi útil para a obtenção das características da A. precatorius e T.
elegans, com vista o seu enquadramento taxonómico enquanto espécies usadas no tratamento
de bilharziose. Segundo MENEZES & SILVA (2005), na observação utilizam se os sentidos
na obtenção de dados ou aspectos de uma realidade no campo da pesquisa.
Entrevista semi-estruturada: Aos participantes (anciãos, ervanários e PMT’s do povoado
de Massambe), administrou-se uma entrevista semi-estruturada constituída por 16 questões de
partida. Neste processo, de forma flexível e aprofundada, colheu-se informações relacionadas
com a origem de conhecimento fitoterápico, a idade do PMT/ancião/ervanário. E buscou-se
ainda informações relacionadas com as partes das plantas (em estudo) que são empregues no
tratamento desta helmintose bem como o modo de preparo e administração dos medicamentos
fitoterápicos. Segundo JORGE (2009), nas entrevistas semi-estruturadas as perguntas são
parcialmente formuladas pelo pesquisador antes de ir ao campo, permitindo uma flexibilidade
maior no aprofundamento dos dados a colher.
3.4.Instrumentos de colecta de dados
Serviram de instrumentos de colecta de dados durante a pesquisa uma máquina fotográfica,
com objectivo de fotografar todos os momentos que se justificaram para o efeito, uma
esferográfica e um bloco de notas para o registo diário de algumas informações relevantes e
um questionário contendo uma parte das perguntas da entrevista.
3.5.Amostragem
Para a selecção do grupo amostral foi usada uma amostra não-probabilística concretamente a
amostra intencional por conveniência onde participaram da pesquisa 21 pessoas de
Massambe. Das quais 1 secretário, que serviu de guia e ajudou na localização dos ervanários,
anciãos e PMT’s deste povoado, 7 ervanários, 10 PMT’s e 3 anciãos que deram informações
sobre o uso da A. precatorius e da T. elegans no tratamento da bilharziose.
A selecção destes participantes foi em função das potencialidades que possuem para fornecer
a informação necessária para responder aos objectivos deste estudo bem como sua
disponibilidade em conceder a entrevista.
29
Segundo FANTINATO (2015) citando Babbie (2001), na amostra intencional por
conveniência as amostras são seleccionadas, como infere-se pelo próprio nome, de acordo
com a conveniência do pesquisador, ou seja, elas são constituídas por pessoas que estão ao
alcance do pesquisador e dispostas a responder a um questionário de forma produtiva.
3.6.Considerações éticas
O estudo foi realizado respeitando os valores culturais, sociais, morais, religiosos e éticos,
bem como os hábitos e costumes da comunidade. Foi privilegiado ainda o anonimato, a
justiça e beneficência, como recomendam MENEZES & SILVA (2005).
3.7.Colecta da Amostra
A amostra foi colectada no povoado de Massambe, localidade de Rovene, distrito de
Massinga, província de Inhambane em Dezembro de 2017. Neste processo, colectou-se folhas
e raízes (partes utilizadas no tratamento da bilharziose no Povoado de Massambe) de cada
uma das duas plantas em pesquisa, tendo-se retirado cerca de 35 centímetros (de ramo) de
cada planta, numa quantidade que bastasse, facto sustentado por CARVALHO (2010), que
explica que deve se colectar 30 centímetros de cada planta numa quantidade suficiente.
Após a colecta, as amostras foram transportadas em sacos de papel, fechados e etiquetados
por forma a evitar a humidade que causaria o desenvolvimento de microorganismos e evitar-
se igualmente o contacto com o sol, pois isso causaria a destruição das suas propriedades
químicas. Na visão de FREIRE (2000), as amostras devem ser transportadas em sacos de
papel, fechados e etiquetados, devendo-se evitar o transporte das amostras em sacos plásticos
em virtude de favorecer o acúmulo excessivo de humidade e consequentemente o
desenvolvimento de microorganismos e deve se evitar ainda a exposição das amostras ao sol
visto que provoca a perda das suas propriedades químicas originais.
3.8.Preparação das Amostras (Folhas e Raízes da A. precatorius e T. elegans)
Após a colecta do material vegetal procedeu-se ao método de secagem para evitar a
proliferação de fungos e permitir o maior rendimento na extracção.
A secagem foi feita em jornais, num período de 20 dias, para evitar a perca de propriedades
químicas originais da planta o que dificultaria a identificação dos princípios activos presentes
nas plantas, este facto é sustentado por SONI & SOSA (2013), que explicam que para a
secagem as amostras devem ser dispostas em folhas de jornal dobradas ao meio, tentando
30
imitar ao máximo, a disposição daquela planta na natureza, sempre tendo o cuidado de
organizar flores, folhas e raízes para a secagem bem distendidas. O material assim preparado
deve ser bem desidratado para dar maior rendimento na extracção e evitar fungos, caso
contrário, as folhas, as raízes e as peças florais poderão ser atacadas por fungos.
Após a secagem procedeu-se a trituração caseira, onde foram piladas quantidades não
especificadas do material vegetal (vide o apêndice 2) na base do pilão caseiro, optou-se por
este meio com vista a facilitar este processo de trituração visto que utilizando-se almofariz o
processo tornar-se-ia oneroso a nível do tempo devido a consistência do material vegetal.
Antes de se pilar este material desinfectou-se o pilão com o etanol a 95% para se evitar os
possíveis infectantes que interfeririam nos resultados, um facto defendido por CARVALHO
(2010), que explica que o material vegetal pode ser triturado a nível caseiro bastando se
observar as regras de higiene e segurança para se evitar a infecção do material vegetal.
Após a trituração as amostras foram colocadas em sacos de papel bem identificados com
vista o seu transporte até ao laboratório de pesquisa de Produtos Naturais do Departamento de
Biologia da Universidade Pedagógica-Sede, onde se fez a extracção vegetal e análises
fitoquímicas. Este acto é concordado por FREIRE (2000), que defende que para o
armazenamento e transporte, as amostras de plantas devem ser colocadas em sacos de papel,
fechados e devidamente etiquetados para se evitar a humidade que traria microorganismos.
3.8.1.Extracção do Material Vegetal
Foi privilegiada a extracção a frio (maceração) e efectuou-se em Fevereiro de 2018 ao nível
do laboratório acima referenciado e envolveu os materiais e reagentes na tabela 1 a seguir:
Tabela 1: Materiais e reagentes utilizados no processo de extracção vegetal
Materiais Reagentes
1 Balança analítica;
2 Papel de alumínio;
2 Copos de Becker;
1 Funil;
Algodão.
7.78 gramas de cada parte de
Material vegetal triturado;
70 ml de Etanol a 95%;
Procedimentos:
Com ajuda de balança analítica foram pesadas 7.78 gramas de material vegetal triturado de
cada parte das plantas que seria analisada (raízes e folhas) e foram posteriormente colocadas
de copos de Becker onde adicionou-se 70 ml de etanol a 95% a cada Becker contendo
material vegetal e com ajuda do papel de alumínio tapou-se os copos de Becker.
31
Após este processo os mesmos foram colocados no agitador eléctrico por um período de 48
horas a fim de se proceder a extracção do material vegetal, como ilustra o apêndice 2.
Este processo é referenciado por Oliveira et al. (2010) citados por SONI & SOSA (2013),
como o método mais eficiente na extracção de material vegetal, onde se extrai a frio
(maceração) o material vegetal, podendo-se usar o etanol ou metanol numa proporção de 7-10
gramas de material vegetal seco para 60-90ml do álcool (de 90 a 99%).
Após a extracção procedeu-se à filtração com vista a obtenção do extracto alcoólico vegetal
onde com a ajuda de funil e algodão (por falta de papel de filtro) fez se a devida filtração
(vide apêndice 2). Posto isto, levou-se os extractos para as análises fitoquímicas, onde foram
aplicadas reacções químicas específicas com vista a identificação de princípios activos
contidos nestas plantas.
3.9.Procedimentos Experimentais das Análises Fitoquímicas
3.9.1.Análises fitoquímicas da Abrus precatorius
a) Testes de identificação de Taninos
Materiais: 4 Tubos de ensaio; 2 Pipetas
Reagentes: Extracto alcoólico da planta; Cloreto Férrico a 2% (FeCl3)
Procedimento: Adicionou-se 2.5 ml do extracto alcoólico num tubo de ensaio e em seguida
adicionou-se duas gotas de cloreto férrico FeCl3 a 2% (SONI & SOSA, 2013).
b) Teste de identificação de flavonóides
Materiais: 4 Tubos de ensaio; 2 Pipetas; 1 Centrifugador eléctrico
Reagentes: Extracto alcoólico da planta; Acetato de Chumbo (Pb(C2H3O2)2)
Procedimentos: introduziu-se 2ml do extracto alcoólico no tubo de ensaio os quais foram
tratados com algumas gotas de acetato de chumbo, com ajuda da pipeta. Por fim colocou-se
no centrifugador eléctrico (vide apêndice 2), a fim de se evidenciar o resultado (Idem).
c) Teste de identificação de terpenóides (teste de SALKOWSKI)
Materiais: 4 Tubos de ensaio; 2 Pipetas (de vidro)
Reagentes: Extracto alcoólico da planta; Clorofórmio (CHCl3); Ácido sulfúrico (H2SO4)
Procedimentos: com ajuda de pipeta misturou-se 5ml do extracto com 2ml do clorofórmio
num tubo de ensaio e, cuidadosamente, adicionou-se 3ml de H2SO4 (YADAV et al., 2014).
d) Teste de identificação de Esteróides
32
Materiais: 4 Tubos de ensaio; 2 Pipetas (SANTHI & SENGOTTUVEL, 2016).
Reagentes: Extracto alcoólico da planta; Anidrido Acético (C4H6O3); H2SO4 concentrado;
Procedimentos: Adicionou-se 2ml de extracto alcoólico num tubo de ensaio e em seguida
adicionou-se 1ml de Anidrido Acético e agitou-se suavemente, e introduziu-se
cuidadosamente, 3 gotas de H2SO4 concentrado, e agitou-se suavemente de novo (Idem).
e) Teste de identificação de saponinas
Materiais: 4 Tubos de ensaio; 2 Pipetas
Reagentes: Extracto alcoólico da planta; Água destilada (SONI & SOSA, 2013).
Procedimentos: Pipetou-se cerca de 0,5ml do extracto ao tubo de ensaio e de seguida
colocou-se 5ml de água destilada e agitou-se (SONI & SOSA, 2013).
f) Teste de identificação de alcalóides (teste de MAYER)
Materiais: 4 Tubos de Ensaio; 2 Pipetas (de vidro)
Reagentes: Extracto alcoólico da planta; HCl diluído; Reagente de Mayer.
Procedimentos: num tubo de ensaio, colocou-se 2 ml do extracto, de seguida, 0,2ml de HCl
diluído e 0,1ml de reagente de Mayer foram adicionados (TCHAMBULE, 2011).
g) Teste de identificação de Antraquinonas (Reacção de Borntrager)
Materiais: 4 Tubos de Ensaio; 2 Pipetas
Reagentes: 0.5 ml de Extracto alcoólico da planta; 1 ml de Clorofórmio (CHCl3); 1ml de
Hidróxido de sódio a 10% (NaOH a 10%) (SANTHI & SENGOTTUVEL, 2016).
Procedimentos: Num tubo de ensaio deitou-se, com ajuda de pipeta, 0.5ml de extracto
alcoólico, de seguida adicionou-se 1 ml de Clorofórmio e deixou-se a solução por 15 minutos
e por fim adicionou-se 1ml hidróxido de sódio a 10% (Idem).
3.9.2.Análises fitoquímicas da Tabernaemontana elegans
a) Teste de identificação de taninos (teste de Braymer)
Materiais: 4 Tubos de ensaio; 2 Pipetas
Reagentes: Extracto alcoólico da planta; Água destilada; Cloreto férrico a 5% (FeCl3-5%).
Procedimentos: Com ajuda de pipeta, colocou-se 2ml extracto no tubo de ensino ao qual
foram adicionados 2ml de água destilada e 3 gotas de FeCl3 (5%) (SONI & SOSA, 2013).
b) Teste de identificação de flavonóides (teste de acetato de chumbo)
Materiais: 2 Tubos de ensaio; 2 Pipetas.
Reagentes: Extracto alcoólico da planta; Acetato de Chumbo (Pb(C2H3O2)2).
33
Procedimentos: introduziu-se 2ml do extracto alcoólico no tubo de ensaio e foi tratado com
2 gotas de acetato de chumbo, com ajuda da pipeta (SONI & SOSA, 2013).
c) Teste de identificação de Terpenóides (teste de SALKOWSKI)
Materiais: 4 Tubos de ensaio; 2 Pipetas (de vidro)
Reagentes: Extracto alcoólico da planta; Clorofórmio (CHCl3); Ácido sulfúrico (H2SO4)
Procedimentos: com ajuda da pipeta fez-se mistura de 5ml do extracto com 2ml do
clorofórmio num tubo de ensaio e de seguida 3ml de H2SO4 foram adicionados
cuidadosamente (YADAV et al., 2014).
d) Teste de identificação de saponinas
Materiais: 4 Tubos de ensaio; 2 Pipetas
Reagentes: Extracto alcoólico da planta; Água destilada (SONI & SOSA, 2013).
Procedimentos: Pipetou-se cerca de 0,5ml do extracto ao tubo de ensaio e de seguida
colocou-se 5ml de água destilada e agitou-se (SONI & SOSA, 2013).
e) Teste de identificação de alcalóides (Teste de Mayer)
Materiais: 4 Tubos de ensaio; 2 Pipetas
Reagentes: Extracto da planta; HCl; Reagente de Mayer (TCHAMBULE, 2011).
Procedimentos: com ajuda de pipeta, 2 ml do extracto foram colocados num tubo de ensaio
e adicionaram-se 0,2ml de HCl diluído e 0,1ml de reagente de Mayer (Idem).
3.9.Técnica de análise e apresentação de dados
Uma vez que a pesquisa é mista (quantitativa-qualitativa), para a análise de dados, foi usada a
análise estatística para os dados quantitativos e a análise de conteúdo/discurso para os dados
qualitativos. A análise estatística consistiu na contagem numérica dos respondentes a uma
determinada resposta. A análise do conteúdo/discurso procedeu-se a fim de se dar significados
aos dados colhidos no campo, como sustentam MENEZES & SILVA (2005). Neste processo
conjugou-se as informações dadas pelos entrevistados com as informações literárias já
publicadas acerca do mesmo assunto ou similar. No que se refere a qualidade terapêutica das
plantas, aplicou-se a maceração e reacções químicas específicas com vista a extracção e
identificação de princípios activos contidos nestas plantas, respectivamente.
Todas as informações colectadas foram transferidas para um banco de dados electrónicos,
tendo sido sistematizadas e processadas no Microsoft Office (Word e Excel) para o efeito da
apresentação.
34
CAPÍTULO IV
4.0. Apresentação, Interpretação, Discussão dos Resultados
Nesta secção do trabalho são apresentados (em forma de tabelas, gráficos e figuras),
interpretados e discutidos os resultados obtidos durante a pesquisa.
4.1. Formas de uso da A. precatorius e da T. elegans no tratamento da Bilharziose
a) Partes usadas das plantas empregues no tratamento da bilharziose
Quanto a parte usada das plantas empregues no tratamento da bilharziose a folha fresca foi a
mais citada onde 8 informantes que condizem a 40% a referenciaram, seguida da raiz que foi
referenciada por 7 que perfazem 35%, flor que foi mencionada por 2 correspondendo a 10%,
mistura de raiz e folha avançada por 2, correspondentes a 10% e fruto foi avançado por 1
informante corresponde a 5%, como ilustra o gráfico 1 a seguir.
Folhas Raiz Flor Folha e Raiz Fruto
0%
10%
20%
30%
40%
Gráfico 1: Partes usadas das plantas empregues no tratamento da bilharziose
Quanto as partes das plantas usadas na preparação dos remédios verificou-se que a maioria
utiliza separadamente as folhas e as raízes para a preparação dos remédios, um facto que é
sustentado por PACHÚ (2007) que explica que os princípios activos duma planta se
distribuem de forma desigual. Há casos em que os princípios activos estão em todas as partes
da planta, sejam folhas, raízes, flores, etc. e há casos em que estão numa parte. Porém, de
preferência os princípios activos concentram-se nas folhas e nas raízes das plantas.
b) Formas de preparo dos remédios a partir das plantas usadas no
tratamento da bilharziose
Com relação à forma de preparo, foi encontrado com maior prevalência o chá por decocção
que foi avançada por 15 pessoas perfazendo 75%, seguida pela infusão que foi referenciada
por 4 pessoas que perfazem a 20%, seguida por queima que foi referenciada por 1 pessoa
perfazendo 5%, como evidencia o gráfico 2 na página (35) a seguir.
35
Decocção Infusão Queima
0%
20%
40%
60%
80%
Gráfico 2: Formas de preparo dos remédios das plantas usadas no tratamento da bilharziose
Quanto à preparação dos remédios verificou-se que a maioria faz a decocção (cozimento) e
esta técnica mostra-se eficiente uma vez que EINECK (2013) explica que este método permite
a remoção da maioria dos princípios activos presentes em vegetais por ebulição.
Quanto a medicação, os entrevistados adoptam a ingestão oral onde as dosagens e
frequências de toma dos medicamentos foram variáveis, tendo variado de 1, 2, 3 colheres de 8
em 8 horas (3 vezes ao dia) ou de 6 em 6 horas (4 vezes ao dia), muita das vezes as variações
tinham em conta a idade do paciente, onde as crianças medicavam menos vezes ao dia e em
pequenas quantidades em relação aos adultos. Para RALATE (2014), a frequência e as
dosagens de toma de medicamentos fitoterapêuticos são variáveis dependentes de cada
praticante e da idade do paciente, onde os mais novos tendem a medicar menos.
4.2. Análises fitoquímicas
Esta secção do trabalho comporta os resultados das análises fitoquímicas.
4.2.1. Análises fitoquímicas da Abrus precatorius
a)Testes de identificação de Taninos
Resultado: Após a mistura de 2.5 ml do extracto alcoólico da planta e duas gotas de cloreto
férrico FeCl3 a 2% houve mudança na coloração e formação de um precipitado, as cores
variaram de azul, vermelho e verde, como ilustra a figura 13 a seguir.
Fig.13: Identificação de Taninos na raiz (A) e na folha (B).
B
A
36
A mudança na coloração e formação de precipitado, onde as cores variam de azul, vermelho
e verde constitui, na óptica de SANTHI e SENGOTTUVEL (2016), um indicativo da
presença de Taninos. Este facto, confirma a presença deste metabólito secundário nas raízes e
folhas da A. precatorius.
b) Teste de identificação de flavonóides
Resultado observado: depois de tratar-se 2ml do extracto alcoólico com algumas gotas de
acetato de chumbo e colocar-se a mistura no centrifugador (vide apêndice 2), evidenciou-se o
aparecimento do precipitado de cor amarelo, como ilustra a figura 14 a seguir.
Fig.14: Identificação de flavonóides na raiz (A) e na folha (B).
O aparecimento do precipitado de cor amarelo indica, na óptica de na óptica de YADAV et al.
(2014), a presença de flavonóides, confirmando-se a presença destes na A. precatorius.
c) Teste de identificação de terpenóides (teste de SALKOWSKI)
Resultado: Depois de misturar-se 5ml do extracto com 2ml do clorofórmio e 3ml de H2SO4
num tubo de ensaio, observou-se o aparecimento de uma camada na interface de cor castanha
avermelhada, como elucida a figura 15 abaixo.
Fig.15: Identificação de terpenóides na raiz (A) e na folha (B).
O aparecimento de uma camada na interface de cor castanha avermelhada, no entender de
SONI & SOSA (2013), mostra o resultado positivo para a presença de terpenóides,
concluindo-se assim que nas raízes e folhas da A. precatorius há presença de terpenóides.
B
A
B
A
37
d) Teste de identificação de Esteróides
Resultado: Após a mistura de 2ml de extracto alcoólico com 1ml de Anidrido Acético e 3
gotas de H2SO4 concentrado, e agitar-se suavemente houve o aparecimento da coloração
amarela, como elucida a figura 16 abaixo (imagens B e D).
Fig.16: Identificação de esteróides na raiz (A e B) e na folha (C e D).
O desenvolvimento de cores, de azul ao verde persistente, indicam resultado positivo a
presença de esteróides (TCHAMBULE, 2011), neste caso, não se obteve resultado positivo.
e) Teste de identificação de saponinas
Resultado: após a mistura de 0,5ml do com 5ml de água destilada e agitar-se, houve a
formação se espuma nas folhas de forma persistente (durou aproximadamente 30 mins)
porém, na raiz não houve, como pode se observar na figura 17 abaixo.
Fig.17: Identificação de saponinas na raiz (A) e na folha (B e C).
Na visão de YADAV et al. (2014), a formação de espuma persistente (levando
aproximadamente 30 minutos) indica a presença de saponinas, assim, conclui-se que nas
folhas da A. precatorius há saponinas e na raiz não há.
f) Teste de identificação de alcalóides (teste de MAYER)
Resultado: após colocar-se 2 ml do extracto alcoólico num tubo de ensaio e de seguida
adicionar-se 0,2ml de HCl diluído e 0,1ml de reagente de Mayer formou-se um precipitado
amarelado, vide a figura 18 na página (38) a seguir.
D
C
B
A
B C
A
38
Fig.18: Identificação de alcalóides na raiz (A) e na folha (B).
Na óptica de SANTHI e SENGOTTUVEL (2016), a formação de um precipitado amarelo
esbranquiçado indica o resultado positivo para a presença de alcalóides, confirmando a
presença destes na raiz e na folha desta planta.
g) Teste de identificação de Antraquinonas (Reacção de Borntrager)
Resultado: Após a mistura de 0.5ml de extracto alcoólico com 1 ml de Clorofórmio e deixar-
se a solução por 15 minutos, e por fim adicionar-se 1ml de NaOH a 10%, formou-se uma
coloração avermelhada na camada aquosa, como ilustra a figura 19 abaixo.
Fig.19: Identificação de antraquinonas na raiz (A) e na folha (B).
Na óptica de TCHAMBULE (2011), o surgimento de uma coloração avermelhada na camada
aquosa constitui uma evidência da presença de Antraquinonas, concluindo-se assim que
existem antraquinonas na raiz e na folha da A. precatorius.
4.2.2.Análises fitoquímicas da Tabernaemontana elegans
a)Teste de identificação de taninos (teste de Braymer)
Resultado: depois de se misturar 2ml extracto com 2ml de água destilada e 3 gotas de FeCl3
(5%), evidenciou-se o aparecimento do precipitado verde esbranquiçado, como elucida a
figura 20 na página (39) a seguir.
B
A
B
A
39
Fig.20: Identificação de Taninos na raiz (A) e na folha (B).
Para YADAV et al. (2014), o aparecimento do precipitado verde esbranquiçado, indica a
presença de taninos. Identificando-se assim taninos na T.elegans.
b) Teste de identificação de flavonóides (teste de acetato de chumbo)
Resultado: Após o tratamento de 2ml do extracto alcoólico com 2 gotas de acetato de
chumbo, observou-se o aparecimento do precipitado de cor branco, vide a figura 21 a seguir.
Fig.21: Identificação de Flavonóides na raiz (A) e na folha (B).
O aparecimento do precipitado de cor branco indica, na visão de RALATE (2014), a presença
de flavonóides.
c) Teste de identificação de Terpenóides (teste de SALKOWSKI)
Resultado: Após adição de 3ml H2SO4 à solução de 5ml do extracto e 2ml do clorofórmio,
apareceu uma camada na interface de cor castanha avermelhada, vide figura 22 abaixo.
Fig.22: Identificação de terpenóides na raiz (A) e na folha (B).
B
A
B
A
B
A
40
O aparecimento de uma camada na interface de cor castanha avermelhada, após a adição do
H2SO4, na óptica de SONI & SOSA (2013), mostra o resultado positivo para a presença de
terpenóides. Confirmando-se assim a presença destes compostos na T.elegans.
d) Teste de identificação de saponinas
Resultado: depois de se pipetar cerca de 0,5ml do extracto ao tubo de ensaio e de seguida
colocar-se 5ml de água destilada e agitar-se, houve formação de espuma nas folhas porém, na
raiz não se verificou, como ilustra a figura 23 abaixo.
Fig.23: Identificação de saponinas na raiz (A) e na folha (B).
A formação de espuma persistente ao agitar-se a mistura evidencia, no entender de SANTHI
& SENGOTTUVEL (2016), a presença de saponinas. Este facto confirma a presença de
saponinas nas folhas da T. elegans e a sua ausência na raiz.
e) Teste de identificação de alcalóides (Teste de Mayer)
Resultados: depois de se misturar 2 ml do extracto com 0,2ml de HCl diluído e 0,1ml de
reagente de Mayer, formou-se precipitado branco, como elucida a figura 24 a baixo.
Fig.24: Identificação de alcalóides na raiz (A) e na folha (B).
A formação do precipitado branco indica, na óptica de RALATE (2014), o resultado positivo
para a presença de alcalóides. Facto que confirma a presença de alcalóides nas raízes e folhas
da T. elegans.
B
A
B
A
41
4.2.3.Resumo dos resultados obtidos nos testes fitoquímicos da A. precatorius e de T.
elegans
Tabela 2: Quadro resumo dos resultados obtidos nos testes fitoquímicos da A. precatorius
Tipo de
teste
Indicativo de
resultado
positivo
Na Raiz Na Folha
Resultado
evidenciado
Concl
usão
Resultado
evidenciado
Concl
usão
Taninos Mudança na
coloração (azul
a verde) e
formação de
precipitado.
Mudança na
coloração (azul a
verde) e formação
de precipitado.
+ Mudança na
coloração (azul a
verde) e formação
de precipitado.
+
Flavonóide
s
Precipitado de
cor amarelo
Precipitado de cor
amarelo
+ Precipitado de
cor amarelo
+
Terpenóide
s
Aparecimento
de uma
camada na
interface de
cor castanha
avermelhada.
Aparecimento de
uma camada na
interface de cor
castanha
avermelhada.
+ Aparecimento de
uma camada na
interface de cor
castanha
avermelhada.
+
Alcalóides Precipitado
amarelado
Precipitado
amarelado
+ Precipitado
amarelado
+
Saponinas Formação de
espuma
Não se formou
espuma
- Formação de
espuma
+
Antraquino
nas
Surgimento de
uma coloração
avermelhada
na camada
aquosa.
Surgimento de
uma coloração
avermelhada na
camada aquosa.
+ Surgimento de
uma coloração
avermelhada na
camada aquosa.
+
Esteróides Desenvolvime
nto de cores,
que vão do
azul ao verde
Houve
aparecimento da
coloração amarela.
- Houve
aparecimento da
coloração
amarela.
-
Tabela 3: Quadro resumo dos resultados obtidos nos testes fitoquímicos da T. elegans
Tipo de Indicativo de Na Raiz Na Folha
42
teste resultado
positivo
Resultado
evidenciado
Conclus
ão
Resultado
evidenciado
Conclus
ão
Taninos Mudança na
coloração (azul
a verde) e
formação de
precipitado.
Mudança na
coloração (azul
a verde) e
formação de
precipitado.
+ Mudança na
coloração (azul
a verde) e
formação de
precipitado.
+
Flavonóide
s
Precipitado de
cor amarelo
Precipitado de
cor amarelo
+ Precipitado de
cor amarelo
+
Terpenóide
s
Camada
castanha na
interface
Camada na
interface de cor
castanha
avermelhada.
+ Aparecimento
de uma camada
castanha na
interface
+
Alcalóides Precipitado
amarelado
Precipitado
amarelado
+ Precipitado
amarelado
+
Saponinas Formação de
espuma
Não houve
Formação
- Formação de
espuma
+
4.3. Relação entre os princípios activos identificados e o seu potencial (acção) anti-
helmíntico
Na identificação dos metabólitos secundários foi possível encontrar nas raízes e nas folhas
das duas plantas em pesquisa (T. elegans e A. precatorius) os taninos, os alcalóides, os
terpenóides/triterpenos, os flavonóides, as saponinas nas folhas, as antraquinonas apenas na
A. precatorius e deu negativo o teste de esteróides.
Segundo Hoste (2006) citado BOTURA (2011), o potencial anti-helmíntico dos taninos é
atribuído à sua capacidade de ligação com proteínas da cutícula e cavidade digestiva dos
platelmintos, alterando suas propriedades físicas e químicas. A outra possibilidade refere-se a
uma acção indirecta destes compostos, que podem aumentar a resposta imune do hospedeiro
em função de sua ligação com proteínas da dieta, protegendo essas substâncias da degradação
e consequentemente aumentando a disponibilidade proteica no intestino delgado.
BOTURA (2011) explica que os alcalóides estão relacionados com a actividade
vermífuga/anti-helmíntica. Os extractos aquosos e alcoólicos das folhas, frutos e raiz das
plantas que os possuem interferem na eclosão de ovos, motilidade de adultos,
desenvolvimento e migração larvar. Este facto faz perceber que as duas plantas possuem
43
actividades anti-helmínticas e o modo de preparo dos medicamentos a partir das mesmas
também contribui para a eficácia anti-helmíntica dos mesmos na medida em que a maioria usa
os decotos.
Moraes (2011) citado por FREITAS (2015), explica que os alcalóides são atribuídos o
potencial anti-helmíntico ainda pelo facto de possuírem emetina, substância a qual o S.
mansoni, em pesquisas in vitru, mostrou sensibilidade elevada, tendo sido usada e considerada
até 1920 uma substância moderadamente efectiva embora tóxica.
Para AYERS et al. (2008), as avaliações in vitro têm revelado potencial anti-helmíntico
trematicida de flavonóides. Este efeito tem sido relacionado com a redução dos teores de
alguns aminoácidos livres, aumento nos níveis de ácido glutâmico, citrulina, ácido gama
aminobutírico (GABA), amónia e óxido nítrico deste parasita. Assim, ao possuírem os
flavonóides, as duas plantas possuem actividade anti-helmíntica justificando-se por via disso
o seu uso no tratamento de bilharziose, uma doença causada por um helminto.
No que diz respeito as saponinas, NANDI et al. (2004) avança que saponinas extraídas de
Acacia auriculiformis, causaram danos na membrana de tremátodos em ratos, provavelmente
pela formação de radicais livres, como o ânion superóxido, que induzem alterações através do
aumento da peroxidação lipídica da membrana, um efeito considerado anti-helmíntico das
saponinas. Assim sendo, as folhas das duas plantas enquanto possuidoras de saponinas podem
ser consideradas detentoras de acções anti-helmínticas.
Segundo Barrozo & Santos (1999) citados por BOTURA (2011), os terpenóides apresentam
propriedades anti-cancerígenas e são tidos como sendo solventes de lípidos,
descongestionando o fígado e estimulando a perda de peso. Possuem ainda uma acção anti-
oxidante e tratam gastrites e úlceras, não possuindo um potencial anti-helmíntico.
As antraquinonas, na óptica de EINECK (2013), são empregadas terapeuticamente como
laxativos e catárticos, por agirem irritando o intestino grosso, aumentando a motilidade
intestinal e, consequentemente, diminuindo a reabsorção de água, não possuindo assim uma
acção directa contra o Shistosoma (causador da bilharziose).
44
CAPÍTULO V
5.0.Conclusões e Recomendações
5.1.Conclusões
O uso da Abrus precatorius e da Tabernaemontana elegans no Tratamento de
Bilharziose efectiva-se a partir das raízes, folhas, flores e os frutos onde para o preparo
dos medicamentos emprega-se a decocção, infusão e queima destas partes. A
administração é feita oralmente (ingestão oral). As dosagens e frequências da toma dos
medicamentos variam de 1, 2, 3 colheres de 8 em 8 horas (3 vezes ao dia) ou de 6 em
6 horas (4 vezes ao dia), dependendo de cada praticante e da idade do paciente.
Os princípios activos presentes nas partes usadas destas plantas implicados no
tratamento de Bilharziose são os taninos, alcalóides, flavonóides e as saponinas.
Os taninos possuem um potencial anti-helmíntico atribuído à sua capacidade de
ligação com proteínas da cutícula e cavidade digestiva dos platelmintos, alterando suas
propriedades físicas e químicas. Os alcalóides por sua vez interferem na eclosão de
ovos, motilidade de adultos, desenvolvimento e migração larvar. Os flavonóides
possuem a capacidade de redução dos teores de alguns aminoácidos livres, aumento
nos níveis de ácido glutâmico, citrulina, ácido gama aminobutírico, amónia e óxido
nítrico dos parasitas. As saponinas são relacionadas com actividade anti-helmíntica
uma vez que causam danos na membrana do Shistosoma parasita.
5.2.Recomendações
Recomenda-se às autoridades locais, para que sensibilizem a população acerca dos
riscos de intoxicação que correm ao utilizar estes e outros fitoterapêuticos.
À comunidade científica, recomenda-se para que continue desenvolvendo mais
pesquisas nesta vertente, envolvendo testes in vitro com vista a apurar a eficácia
farmacológica destas plantas (em estudo) perante as espécies do Shistosoma e com
vista apurar as dosagens cientificamente recomendadas no acto da medicação.
À comunidade científica recomenda-se que prossiga com pesquisas com vista a avaliar
o real grau de toxicidade destas duas plantas em estudo.
45
6.0.Referências Bibliográficas
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resíduo de Agave sisalana perr (sisal). UEFS, Bahia, 2011
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11. FONTELLES, M. et al.. Metodologia da pesquisa científica. UN. Amazónia, 2014.
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Exame Fitopatológico. Fortaleza, 2000.
13. FREITAS, R. P.. Avaliação da atividade esquistossomicida de análogos sintéticos da
piplartina em vermes adultos de S. mansoni. USP. São Paulo, 2015
14. GIL, A. C. Como elaborar projectos de pesquisa. 4ª ed. Atlas. São Paulo, 2008.
15. GOODMAN & GILMAN. As bases farmacológicas da terapêutica. McGraw-Hill.
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uso actual das plantas indígenas de Matutuíne. Maputo, 2010.
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Cymbopogon citratos. FAI. São Paulo, 2014.
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Dissertação. 4ª Ed., UFSC. Florianópolis, 2005
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22. MISAU. Plano Estratégico do Sector da Saúde 2007-2012. Maputo, 2006
46
23. MISAU. Plano Económico e Social. MS. Maputo, 2011.
24. MISAU. Plano Estratégico do Sector da Saúde-PESS 2014-2019. Maputo, 2013
25. MIYAKE, T. Métodos de Extracção e Fraccionamento de Extractos. RJ, 2014
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http://curapelanatureza.com.br acessado no dia 28/02/2018.
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37. ZUANAZZI, J.A. & MONTANHA, J.A. Flavonoides. UFSC. Florianópolis, 2010.
38. http://www.verdade.co.mz/saude-e-bem-estar/290-bilharziose-infeccao-de-parasitas
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39. https://doencasesintomas.blogspot.com//esquistossomose-acessado aos 04/05/2018
40. http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2007/06/descobertas_132.html
acessado aos 28/02/2018
41. https://www.mmo..mz/medicamentos-tradicionais-em-moç.acessado aos 28/03/2018
42. http://www.sbfgnosia.org.br/Ensino/taninos.html consultado aos 05.03.2018
43. http://Google Maps.blogs.com/mocambique_para_todos, acessado aos 18/2/2018
44. http://jornalnoticias.co.mz/index.php/provincia-em-foco/67329-inhambane-mais-de-
um-milhao-assistido-a-elefantiase.html consultado aos 10/07/2018
47
Apêndices
48
Apêndice 1: Guião de Entrevista
DELEGAÇÃO DE MASSINGA
Av. FPLM, Bairro Cimento, Telef. 29371110, Fax 29371190, Caixa Postal 111,
Massinga, Moçambique
Guião de Entrevista
Caríssimo Cidadão, a presente entrevista visa obter informações relacionadas com as partes
de Sissani (Abrus precatorius) e Kalhwani (Tabernaumontana elegans) usadas no
tratamento da Bilharziose (xikuhete) bem como acerca dos procedimentos usados no
preparo e administração destas partes a nível do Povoado de Massambe. Assim, pede-se
para que de forma sincera, honesta e responsável se respondam as questões presentes na
presente entrevista. Importa referir que por questões éticas, os respondentes não são
obrigados a mencionar a sua identidade.
Desde já agradecemos a sua colaboração!
1. Guião de Entrevista
1.1. Data___/____/________ Guião de Entrevista número______
1.2. Colector/pesquisador______________________________Local____________
___
2. Informação sobre o informante
2.1. Idade:___________anos
2.2. Categoria do praticante do informante: Ancião_________
Ervanário__________ Praticante da Medicina Tradicional ___________
2.3. Sexo:____________Profissão:_________________Naturalidade:_________
2.4. Tempo que reside no local: ____________anos
2.5. Há quanto tempo que trabalha com plantas medicinais? __________anos
49
2.6. Com quem aprendeu sobre o uso de plantas medicinais?
____________________________
3. Informação sobre o uso de Sissani (Abrus precatorius) e Kalhwani
(Tabernaumontana elegans) no tratamento da Bilharziose
3.1. Qual (Quais) a(s) parte(s) da Abrus precatorius (sissani) e Tabernaumontana
elegans (Kalhwani) que usa no tratamento da bilharziose?
______________________________________________________
3.2. Como prepara o remédio?
___________________________________________
3.3. Como é feita administração dos medicamentos?
__________________________
3.4. Qual é a dosagem?
___________________________________________________
3.5. Por quantas vezes faz se a medicação ao dia?
______________________________
3.6. Qual é a duração do tratamento?
_______________________________________
3.7. Podem ser misturadas com outra (s) planta (s)? Sim □Não□. Se sim, qual
(quais)?_________________________________________________________
3.8. Algum paciente já teve complicações após a medicação? Sim□ Não □
Se sim, qual é?_____________________________________________________
3.9. Há contra indicação? Sim□ Não□. Se sim, qual é?_______________________
3.10.Além de bilharziose, que doenças esta planta trata também?__________________
Estudante Supervisores
(Osvaldo Bernardo Muchanga) (PhD. Daniel Agotinho & MEd. Afonso
Faustino Taela Munguambe)
50
Apêndice 2: Diferentes fases da pesquisa, desde a colecta dos dados até as análises
fitoquímicas
Legenda:
F
E
B
D
C
A
H I
A
G
51
A- Colecta dos vegetais no Povoado de Massambe;
B- Aspecto dos vegetais após a secagem;
C- Trituração caseira dos vegetais;
D- Aspecto dos vegetais triturados;
E- Pesagem dos materiais vegetais;
F- Processo de extracção;
G- Processo da Filtração do extracto
H- Processo de identificação dos metabólitos
I- Centrifugador eléctrico
Apêndice 3: Testes de Identificação de Princípios Activos
1. Testes de identificação de Taninos
Materiais: Tubos de ensaio; Pipetas
Reagentes: Extracto alcoólico da planta; Cloreto Férrico a 2% (FeCl3)
Procedimento: Adiciona-se 2.5 ml do extracto alcoólico num tubo de ensaio e em seguida
adicionam-se duas gotas de cloreto férrico FeCl3 a 2% (SONI & SOSA, 2013).
Resultado: A mudança na coloração e formação de precipitado, onde as cores variam de
azul, vermelho e verde constitui um indicativo da presença de Taninos (Idem).
2. Teste de identificação de flavonóides
Materiais: Tubos de ensaio; Pipetas; Centrifugador eléctrico
Reagentes: Extracto alcoólico da planta; Acetato de Chumbo (Pb(C2H3O2)2)
Procedimentos: introduz-se 2ml do extracto alcoólico no tubo de ensaio os quais são
tratados com algumas gotas de acetato de chumbo, com ajuda da pipeta. Por fim coloca-se no
centrifugador eléctrico, a fim de deixar mais evidente o resultado (SONI & SOSA, 2013).
Evidência: O aparecimento do precipitado de cor amarelo indica a presença de flavonóides.
3. Teste de identificação de terpenóides (teste de SALKOWSKI)
Materiais: Tubos de ensaio; Pipeta (de vidro)
Reagentes: Extracto alcoólico da planta; Clorofórmio (CHCl3); Ácido sulfúrico (H2SO4)
Procedimentos: com ajuda de pipeta mistura-se 5ml do extracto com 2ml do clorofórmio
num tubo de ensaio e, cuidadosamente, adiciona-se 3ml de H2SO4 (YADAV et al., 2014).
Resultado: O aparecimento de uma camada na interface de cor castanha avermelhada mostra
o resultado positivo para a presença de terpenóides (Ibid).
52
4. Teste de identificação de Esteróides
Materiais: Tubos de ensaio; Pipetas
Reagentes: Extracto alcoólico da planta; Anidrido Acético (C4H6O3); H2SO4 concentrado;
Procedimentos: Adiciona-se 2ml de extracto alcoólico num tubo de ensaio e em seguida
adiciona-se 1ml de Anidrido Acético e agita-se suavemente, e introduz-se cuidadosamente, 3
gotas de H2SO4 concentrado, e agita-se suavemente de novo.
Resultado: O desenvolvimento de cores, indo do azul evanescente, ao verde persistente que
indicam resultado positivo a presença de esteróides (SANTHI & SENGOTTUVEL, 2016).
5. Teste de identificação de saponinas
Materiais: Tubos de ensaio; Pipetas
Reagentes: Extracto alcoólico da planta; Água destilada.
Procedimentos: Pipetar cerca de 0,5ml do extracto ao tubo de ensaio e de seguida colocar
5ml de água destilada e agitar (SONI & SOSA, 2013).
Resultado: A formação de espuma persistente indica a presença de saponinas (Idem).
6. Teste de identificação de alcalóides (teste de MAYER)
Materiais: Tubos de Ensaio; Pipetas (de vidro)
Reagentes: Extracto alcoólico da planta; HCl; Reagente de Mayer.
Procedimentos: num tubo de ensaio, coloca-se 2 ml do extracto, de seguida, 0,2ml de HCl
diluído e 0,1ml de reagente de Mayer foram adicionados (TCHAMBULE, 2011).
Evidência: A formação de um precipitado amarelo indica o resultado positivo para a
presença de alcalóides (Ibid).
7. Teste de identificação de Antraquinonas (Reacção de Borntrager)
Materiais: Tubos de Ensaio; Pipetas
Reagentes: Extracto alcoólico da planta; Clorofórmio; NaOH a 10%
Procedimentos: Num tubo de ensaio deita-se, com ajuda de pipeta, 0.5ml de extracto
alcoólico, de seguida adiciona-se 1 ml de Clorofórmio e deixa-se a solução por 15 minutos e
por fim adiciona-se 1ml hidróxido de sódio a 10% (SANTHI & SENGOTTUVEL, 2016).
Evidência: O surgimento de uma coloração avermelhada na camada aquosa constitui uma
evidência da presença de Antraquinonas (Idem).
Referências Bibliográficas
53
1. SANTHI. K & SENGOTTUVEL. R. Qualitative and Quantitative Phytochemical analysis
of Moringa concanensis Nimmo. 2016
2. SONI. A. & SOSA. S.. Phytochemical Analysis and Free Radical Scavening Potential of
Herbal and Medicinal Plant Extract. JPP. 2013.
3. TCHAMBULE, A. A.. Estudo Fitoquímico da Planta Medicinal Aloe marlothii, Maputo,
2011.
4. YADAV. M. et al. Preliminary phytochemical screening of six medical plants used in
traditional medicine. ISSN. São Paulo, 2014.
Anexos
54
Anexo 1: Credencial dirigida ao Povoado de Massambe
55
56
Anexo2: Credencial dirigida ao laboratório de pesquisa de Produtos Naturais do
Departamento de Biologia da Universidade Pedagógica-Sede

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  • 1. Osvaldo Bernardo Muchanga Análise do Potencial Terapêutico da Abrus precatorius e da Tabernaemontana elegans no Tratamento de Bilharziose no Povoado de Massambe-Distrito de Massinga Licenciatura em Ensino de Biologia com Habilitações em Ensino de Química Universidade Pedagógica Massinga 2018
  • 2. Osvaldo Bernardo Muchanga Análise do Potencial Terapêutico da Abrus precatorius e da Tabernaemontana elegans no Tratamento de Bilharziose no Povoado de Massambe-Distrito de Massinga Monografia Científica a ser apresentada ao Curso de Biologia, Departamento de Ciências Naturais e Matemática para efeitos de obtenção de grau académico de Licenciatura em Ensino de Biologia com habilitações em Ensino de Química. Supervisores: PhD. Daniel Agostinho & MEd. Afonso Faustino Taela Munguambe Universidade Pedagógica Massinga 2018
  • 3. Índice Pág. Lista de Tabelas......................................................................................................................iv Lista de Gráficos......................................................................................................................v Lista de Figuras.......................................................................................................................vi Lista de Símbolos, Siglas e Abreviaturas..............................................................................vii Declaração............................................................................................................................viii Dedicatória..............................................................................................................................ix Agradecimentos.......................................................................................................................x Resumo...................................................................................................................................xi Abstract..................................................................................................................................xii CAPÍTULO I.........................................................................................................................13 1.0.Introdução........................................................................................................................13 1.1.Problematização...............................................................................................................14 1.2. Justificativa.....................................................................................................................15 1.3. Objectivos:......................................................................................................................16 1.3.1. Geral:...........................................................................................................................16 1.3.2. Específicos:..................................................................................................................16 1.4.Questões Orientadoras da Pesquisa.................................................................................16 1.5.Delimitação do tema........................................................................................................16 CAPÍTULO II........................................................................................................................17 2.0. Revisão Bibliográfica.....................................................................................................17 2.1. Histórico do uso de Plantas medicinais no mundo e em Moçambique..........................17 2.2. Contexto de Plantas Medicinais......................................................................................17 2.3. Abrus precatorius...........................................................................................................17 2.4. Tabernaemontana elegans..............................................................................................18 2.5. Estudos Fitoquímicos e Princípios Activos....................................................................19 2.5.1.Principais Princípios Activos Comuns na A. precatorius e T. elegans.........................19 2.6. Formas de preparação e uso caseiro de medicamentos Vegetais....................................22 2.7.Bilharziose.......................................................................................................................22 CAPÍTULO III.......................................................................................................................25 3.0.Metodologia.....................................................................................................................25 3.1. Localização e Descrição da Área de Estudo...................................................................25 3.2.Tipo de Pesquisa..............................................................................................................26
  • 4. 4 3.3. Técnicas de colecta de Dados.........................................................................................27 3.4.Instrumentos de colecta de dados....................................................................................28 3.5.Amostragem.....................................................................................................................28 3.6.Considerações éticas........................................................................................................29 3.7.Colecta da Amostra..........................................................................................................29 3.8.Preparação das Amostras (Folhas e Raízes da A. precatorius e T. elegans)...................29 3.8.1.Extracção do Material Vegetal.....................................................................................30 3.9.Procedimentos Experimentais das Análises Fitoquímicas...............................................31 3.9.1.Análises fitoquímicas da Abrus precatorius.................................................................31 3.9.2.Análises fitoquímicas da Tabernaemontana elegans....................................................32 3.9.Técnica de análise e apresentação de dados....................................................................33 CAPÍTULO IV......................................................................................................................34 4.0. Apresentação, Interpretação, Discussão dos Resultados................................................34 4.1. Formas de uso da A. precatorius e da T. elegans no tratamento da Bilharziose............34 4.2. Análises fitoquímicas......................................................................................................35 4.2.1. Análises fitoquímicas da Abrus precatorius................................................................35 4.2.2.Análises fitoquímicas da Tabernaemontana elegans...................................................38 4.2.3.Resumo dos resultados obtidos nos testes fitoquímicos da A. precatorius e de T. elegans ...............................................................................................................................................41 4.3. Relação entre os princípios activos identificados e o seu potencial (acção) anti- helmíntico..............................................................................................................................42 CAPÍTULO V........................................................................................................................44 5.0.Conclusões e Recomendações.........................................................................................44 5.1.Conclusões.......................................................................................................................44 5.2.Recomendações...............................................................................................................44 6.0.Referências Bibliográficas...............................................................................................45 Apêndices...............................................................................................................................47 Anexos...................................................................................................................................53
  • 5. iv Lista de Tabelas Tabela 1: Materiais e reagentes utilizados no processo de extracção vegetal………..…...30 Tabela 2: Quadro resumo dos resultados obtidos nos testes fitoquímicos da A. precatorius…………………………………………………………………………………..41 Tabela 3: Quadro resumo dos resultados obtidos nos testes fitoquímicos da T. elegans.42
  • 6. v Lista de Gráficos Gráfico 1: Partes usadas das plantas empregues no tratamento da bilharziose…………..34 Gráfico 2: Formas de preparo/modo de uso das plantas usadas no tratamento da bilharziose…………………………………………………………………………………..35
  • 7. vi Lista de Figuras Fig.01: Abrus precatorius………………………………………………………………….18 Fig.02: Tabernaemontana elegans……………………………………………………....…19 Fig.03. Triterpenos pentacíclicos isolados…………………………………………………20 Fig.04: Estrutura de alcalóides……………………………………………………………..20 Fig.05: Estrutura de Taninos Condensados………………………………………………..20 Fig.06: Núcleo fundamental dos flavonóides e sua numeração.…………………………...21 Fig.07: Estrutura básica de uma saponina esteroidal espirostano.………………………....21 Fig.8: Estrutura básica das Antraquinonas…………………………………………………21 Fig.09: Ciclo de Vida do Shistosoma………………………………………………..……..23 Fig.10: 1, Praziquantel-PZQ………………………………………………………………..24 Fig.11: Estrutura química de Oxamniquinina……………….……………………………..24 Fig.12: Localização geográfica de Massambe……………………………………………..25 Fig.13: Identificação de Taninos…………………………….……………………………..35 Fig.14: Identificação de Flavonóides………………………………………………………36 Fig.15: Identificação de Terpenóides/triterpenos…………….…………………………….36 Fig.16: Identificação de Esteróides…………………………………………………….…..37 Fig.17: Identificação de Saponinas…………………………………………………….…..37 Fig.18: Identificação de Alcalóides…………………………………………………….…..38 Fig.19: Identificação de Antraquinonas……………………………………………………38 Fig.20: Identificação de Taninos…………………………………………………….……..39 Fig.21: Identificação de Flavonóides………………………………………………………39 Fig.22: Identificação de Terpenóides/triterpenos…………….…………………………….39 Fig.23: Identificação de Saponinas…………………………………………….…………..40 Fig.24: Identificação de Alcalóides………………………………………………………...40
  • 8. vii Lista de Símbolos, Siglas e Abreviaturas Símbolos C4H6O3 - Anidrido Acético CHCl3 – Clorofórmio HCl- Ácido Clorídrico H2SO4- Ácido Sulfúrico FeCl3- Cloreto Férrico Km- Quilómetros Pb(C2H3O2)2 - Acetato de Chumbo % - Porcento mg- miligramas Kg-Quilograma NaOH -Hidróxido de sódio (+) -Positivo (-) -Negativo Siglas MISAU- Ministério da Saúde OMS- Organização Mundial de Saúde PES- Plano Económico de Saúde PMT’s - Praticantes da Medicina Tradicional UP- Universidade Pedagógica Abreviaturas Fig.- Figura Mins- Minutos
  • 9. viii Declaração Eu, Osvaldo Bernardo Muchanga, declaro por minha honra que esta Monografia científica é resultado da minha investigação pessoal e das orientações dos meus supervisores, o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão devidamente mencionadas no texto e nas referências bibliográficas no final. Declaro ainda que este trabalho jamais foi apresentado em nenhuma outra instituição de ensino para obtenção de qualquer grau académico. Massinga, 04 de Setembro de 2018 __________________________________________________ (Osvaldo Bernardo Muchanga)
  • 10. ix Dedicatória Com maior apreço, consideração e satisfação, tenho a honra de dedicar este trabalho aos meus pais Bernardo Muchanga e Menalda Zunguze que de forma humilde e dentro das dificuldades apostaram na minha formação. Dedico ainda o trabalho aos meus irmãos (dr. Egas, Narta, Amina) pelo apoio moral e financeiro que depositaram em mim nesta caminhada académica, que souberam-me fazer acreditar no sucesso académico mesmo nos momentos menos conseguidos da academia.
  • 11. x Agradecimentos Endereço os meus profundos agradecimentos à Deus pelo dom da vida e pelas obras maravilhosas que tem feito em mim. De seguida agradeço ao Prof. Doutor Daniel Agostinho e ao MEd. Afonso Faustino Taela Munguambe meus supervisores pela forma paciente, incansável e carinhosa que trabalharam comigo rumo a concretização desta monografia. A todos meus docentes e em especial aos do curso de Biologia da UP Delegação de Massinga nomeadamente dra. Vera Fumo, MSc. Elvino Ferrão, dr. Nunes Ponda, dr. Orlando Chipura que durante esta caminhada académica foram preponderantes na minha formação profissional através dos seus sábios ensinamentos. Ao Nathan Simon Lutozi, estudante da UP-Sede, pela paciência e consideração com a qual trabalhou comigo ao nível do laboratório de pesquisa de Produtos Naturais do Departamento de Biologia da Universidade Pedagógica-Sede. Ao corpo directivo e técnico da UP- Delegação de Massinga, pela bolsa de estudo concedida durante a formação, o meu profundo agradecimento. Ao Povoado de Massambe, pelo acolhimento para a realização da pesquisa, de forma especial ao secretário deste povoado (Fabião Alfandegane), aos PMT’s, ervanários e anciãos que estiveram envolvidas directamente no fornecimento das informações. Agradeço igualmente ao meu primo MSc. Sérgio Zunguze pelas dicas sábias que me deu no âmbito do desenvolvimento da pesquisa. Os meus profundos agradecimentos são extensivos aos meus amigos e colegas de formação, Ermelito Rodrigues e António Mboe pelo encorajamento durante o desenvolvimento da pesquisa. Finalmente, agradeço a todos que directa ou indirectamente, sem terem os nomes referenciados acima, tornaram possível a minha pesquisa e a minha formação no geral.
  • 12. xi Resumo A pesquisa foi realizada no Povoado de Massambe e visou analisar o Potencial Terapêutico de Abrus precatorius e Tabernaumontana elegans, plantas usadas no Tratamento de Bilharziose neste Povoado. A pesquisa foi de carácter misto e desenvolveu-se em duas fases, sendo que na primeira, foi aplicada uma entrevista semi-estruturada aos participantes, que consistiu na recolha de informações das partes das plantas utilizadas, bem como a forma de preparo e administração. Nesta fase participaram 21 entrevistados, sendo, 1 Secretário, 7 Ervanários, 10 Praticantes da Medicina Tradicional e 3 Anciãos que foram seleccionados de forma intencional. A segunda fase decorreu no laboratório de pesquisa de Produtos Naturais do Departamento de Biologia da Universidade Pedagógica-Sede, e consistiu na identificação dos princípios activos presentes nas raízes e folhas das duas plantas em estudo, relacionados com a cura da bilharziose. Para a identificação de princípios activos aplicou-se a extracção a frio (maceração) e reacções químicas específicas. Os resultados das entrevistas mostraram que a população usa as folhas, raízes, flores, frutos e/ou mistura de raízes e folhas. Para o preparo do medicamento, a mesma usa a decocção, infusão e a queima e para a administração usa a ingestão oral em dosagens variáveis. Os princípios activos identificados em órgãos de plantas em estudo implicados no tratamento da Bilharziose são os taninos, alcalóides, flavonóides e as saponinas. Estes princípios activos relacionam-se com o potencial anti-helmíntico pelo facto de inibirem o desenvolvimento normal do S. mansoni. Palavras-chave: Abrus precatorius; Tabernaumontana elegans; Medicina Tradicional; Tratamento da Bilharziose; Shistosoma mansoni; Princípios activos.
  • 13. xii Abstract The present research was carried out in the Massambe Village and it was aimed at analyzing the Therapeutic Potential of Abrus precatorius and Tabernaemontana elegans, medicinal plants used in the Treatment of Bilharziosis in this Village. The research was mixed and developed in two phases. In the first one, a semi-structured interview was applied to the participants, which consisted in gathering information from the parts of the plants used, as well as the preparation and administration. At this stage participated 21 interviewees, including 1 Secretary, 7 Herbalists, 10 Traditional Medicine Practitioners and 3 Elderly people who were intentionally selected. The second phase was held in the Natural Products research laboratory of the Biology Department of the Pedagogical University Headquarters. It consisted in the identification of active principles present in the roots and leafs of the two plants under study related to the cure of bilharziosis. For the identification of active principles cold extraction (maceration) and chemical reactions were applied. The results of the interviews showed that the population uses roots, leaves, flowers and blends of roots and leaves. For the preparation of the drug, the same uses decoction, infusion and burning and for administration uses ingestion at varying dosages. The active principles identified in plant organs under study and implicated in the treatment of Bilharziosis are tannins, alkaloids, flavonoids and saponins. These active principles relate to the anthelmintic potential because they inhibit the normal development of S. mansoni. Key words: Abrus precatorius; Tabernaemontana elegans; Traditional Medicine; Bilharziosis treatment; Shistosoma mansoni; Actives principles;
  • 14. 13 CAPÍTULO I 1.0.Introdução Desde a década de 70, a OMS vem estimulando o uso de plantas no tratamento de diversas enfermidades em todos países, sobretudo nos países do terceiro mundo devido a escassez dos serviços de saúde (BRANDÃO, 2015). Em Moçambique a situação não é diferente, uma vez que o MISAU (2006) afirma que os serviços de saúde disponíveis e acessíveis continuam ainda insuficientes para fazer face as necessidades da população, pois apenas 50% tem acesso a um nível aceitável de cuidados de saúde dos quais somente 36% da população têm acesso a cuidados de saúde num raio de 30 minutos das suas casas. E cerca de 20% tem cuidados de saúde de nível não aceitável. No entanto, cerca de 30% da população não tem possibilidade de aceder a qualquer tipo de serviço de saúde, recorrendo quase que exclusivamente a plantas com potencial medicinal para o tratamento de diversas enfermidades. Perante a realidade observável do uso de plantas como recursos terapêuticos, o MISAU (2011) através do PES, tem trabalhado em coordenação com os PMT’s a fim sistematizar o uso de recursos florestais como meio terapêutico seguro, visto que os serviços de saúde nem sempre chegam as regiões mais recônditas como é o caso do povoado de Massambe. No povoado em alusão, assim como qualquer outra região do país, é frequente o uso de diversos recursos fitoterapêuticos para a minimização ou controlo de diversas enfermidades que afligem a população local. Nesta região, dentre várias doenças que são tratadas na base de fitoterápicos, pode se fazer referência a Bilharziose que constitui um dos problemas de saúde a nível das comunidades daquele Povoado. Nestas comunidades são empregues diversas espécies de plantas com vista a minimização dos efeitos desta verminose e dentre elas, os PMT’s, ervanários e a população no geral, têm usado com frequência a A. precatorius e a T. elegans. Nesta perspectiva, surge a presente pesquisa visando analisar o potencial terapêutico destas duas espécies de plantas usadas no tratamento de bilharziose e assim sistematizar o seu uso. Estruturalmente o trabalho contempla 5 capítulos onde no primeiro encontra-se a introdução, no segundo consta a revisão bibliográfica, no terceiro a metodologia utilizada, no quarto os resultados obtidos e no quinto e último capítulo as conclusões e sugestões.
  • 15. 14 1.1.Problematização Em Moçambique, o mapeamento epidemiológico da bilharziose revela que esta doença ocorre em todo o país e a taxa de prevalência global nas crianças dos 5 a 15 anos é de 47% (MISAU, 2013). Na província de Inhambane, a taxa de prevalência da bilharziose é de 21.5%, sendo que todos os distritos são endémicos para esta doença, tendo-se como distritos mais afectados o de Govuro, Inhassoro, Massinga e Zavala1 . No caso concreto do distrito de Massinga, dentre os povoados afectados por esta doença, tem-se o povoado de Massambe. Este facto foi constatado durante as excursões biológicas feitas neste povoado em 2015 e 2016, onde a comunidade local avançou que sofria com frequência de dores abdominais e sangramentos ao urinar (sintomas de bilharziose na óptica de DUARTE, 2006), com maior enfoque para as crianças dos 5 aos 15 anos, alguns dias depois de usar água proveniente do rio Massambe e dos poços abertos nas suas proximidades (locais considerados por DUARTE (2006), repositórios de Schistosoma mansoni - causador da bilharziose), para banho, confecção de alimentos e para beber sem nenhum prévio tratamento, uma doença que localmente apelidaram de “Xikuhete”,2 . Perante esta realidade e com vista a minimizar os efeitos desta enfermidade, a comunidade local avançou que, por questões socioculturais e devido a falta de uma unidade sanitária nas proximidades (tendo que se percorrer cerca de 25 km até a unidade sanitária mais próxima- o Hospital Distrital de Massinga), tem utilizado várias espécies de plantas como a alternativa mais viável e acessível para o tratamento de Bilharziose. De forma específica, os PMT’s e ervanários daquela região avançaram que para o tratamento desta enfermidade tem-se recorrido empiricamente a diversas espécies de plantas com maior enfoque para a A. precatorius e a T. elegans, porém, apesar das mesmas se mostrarem eficazes (empiricamente) no tratamento desta doença, não se conhece o seu real potencial terapêutico nem a sua toxidade, o que pode levar, provavelmente, a intoxicação. Por todas estas razões torna-se importante saber: Qual é o potencial terapêutico das espécies Abrus precatorius e Tabernaemontana elegans utilizadas no tratamento de bilharziose a nível do povoado de Massambe? 1 http://jornalnoticias.co.mz/index.php/provincia-em-foco/67329-inhambane-mais-de-um-milhao-assistido-a- elefantiase.html. Consultado aos 10/07/2018 pelas 20h:17minutos 2 Xikuhete-denominação local da bilharziose em Massambe (Xitswa), onde o paciente urina sangue!
  • 16. 15 1.2. Justificativa Na primeira instância, a pesquisa coaduna com os estímulos da OMS que consistem na sistematização do uso de plantas com valor terapêutico no tratamento de doenças, através da análise do potencial medicinal das mesmas, como forma de resolver em tempo útil e de forma segura os problemas de saúde que afligem a população. Durante as excursões biológicas feitas no Povoado de Massambe verificou-se que naquela região utiliza-se de forma empírica a A. precatorius e a T. elegans para minimizar os efeitos da bilharziose. Assim, com a presente pesquisa evidenciar-se-á o real potencial terapêutico destas plantas bem como a toxidade das mesmas e com isto evitar se as possíveis intoxicações que podem advir de administração incorrecta destas plantas e assim ajudar no tratamento eficaz e seguro desta enfermidade neste e noutros povoados. A escolha destas duas espécies de plantas para o estudo deveu-se ao facto de terem sido referenciadas como as principais usadas no tratamento de bilharziose por parte dos PMT’s e ervanários do Povoado de Massambe. Tendo em conta que neste local está implantada a estação biológica da Universidade Pedagógica, Delegação de Massinga, pesquisas deste género que visam contribuir para o acervo bibliográfico descrevendo o potencial biológico e social da região, criando igualmente uma plataforma de benéficos conjugados para as comunidades locais, são necessárias, já que uma das missões desta Instituição de Ensino é servir a comunidade. A informação produzida nesta pesquisa permitirá que, de forma fundamentada, se conheçam os procedimentos usados na identificação de princípios activos contidos na A. precatorius e na T. elegans, e assim servir se dos mesmos para pesquisas do género. Em fim, a sistematização da fitoterapia no controle de verminoses que é trazida neste trabalho constituirá uma alternativa (segura) que pode reduzir o uso de químicos anti- helmínticos por parte deste e de outros povoados.
  • 17. 16 1.3. Objectivos: 1.3.1. Geral: Analisar o Potencial Terapêutico das espécies Abrus precatorius e Tabernaemontana elegans utilizadas no Tratamento de Bilharziose no Povoado de Massambe-Distrito de Massinga. 1.3.2. Específicos: Descrever as formas de uso da Abrus precatorius e da Tabernaemontana elegans no tratamento da Bilharziose; Identificar os princípios activos presentes nas partes usadas da Abrus precatorius e da Tabernaemontana elegans implicados no tratamento de Bilharziose. Relacionar os princípios activos identificados com o seu potencial anti-helmíntico. 1.4.Questões Orientadoras da Pesquisa 1. Em que consiste o uso da Abrus precatorius e da Tabernaemontana elegans usadas no Tratamento de Bilharziose? 2. Que princípios activos estão presentes nas partes usadas da Abrus precatorius e da Tabernaemontana elegans implicados no tratamento de Bilharziose? 3. Qual é a relação entre os princípios activos identificados e o potencial anti-helmíntico? 1.5.Delimitação do tema A presente pesquisa limitou-se à descrição das formas de uso da A. precatorius e da T. elegans no tratamento de bilharziose (identificação das partes usadas, descrição das formas de preparo e de administração dos medicamentos provenientes destes vegetais) seguida pela identificação dos princípios activos (grupos de metabólitos secundários) implicados no tratamento da Bilharziose e por fim relacionou-se os princípios activos identificados com a sua actividade anti-helmíntica. Não se fez nenhum teste farmacológico in vitru com vista a se confirmar o potencial anti-helmíntico destas plantas contra o causador desta doença (Shistosoma mansoni), tendo-se validado os resultados apenas na base da literatura.
  • 18. 17 CAPÍTULO II 2.0. Revisão Bibliográfica 2.1. Histórico do uso de Plantas medicinais no mundo e em Moçambique O uso de plantas medicinais no tratamento de enfermidades é conhecido desde a mais remota antiguidade. Hoje em dia, a maioria da população vivendo em países subdesenvolvidos, ainda utiliza as plantas medicinais como fonte principal para superar as suas necessidades medicamentosas. Mesmo nos países industrializados, uma grande percentagem dos produtos farmacêuticos comercializados provém de produtos naturais e essa proporção eleva-se nas regiões do mundo onde vive a maior parte da população mundial, tais como Ásia, África e América Latina (PACHÚ, 2007). Segundo a OMS (2014), 80% das pessoas nos países em desenvolvimento ainda dependem de plantas medicinais locais para satisfazerem as suas necessidades primárias de saúde. Em Moçambique, as plantas medicinais constituem um valioso instrumento da medicina tradicional, sendo largamente utilizadas nas zonas rurais como principal fonte de medicamentos para os cuidados de saúde primários, constituindo uma prática sociocultural3 . 2.2. Contexto de Plantas Medicinais A OMS (2001) define Plantas medicinais como sendo aquelas contenham em um ou mais de seus órgãos substâncias que possam ser utilizadas com finalidade terapêutica, ou que seus precursores sejam utilizados para semi-síntese químico-farmacêutico. Medicamento Fitoterápico é todo medicamento obtido empregando-se exclusivamente matérias-primas activas vegetais. Fitoterapia é o uso de plantas medicinais em suas diferentes formas farmacêuticas, sem utilização de substâncias activas isoladas (Idem). 2.3. Abrus precatorius Com o nome vernacular Sissani (Xitswa), a Abrus precatorius é uma trepadeira lenhosa, atinge os 5 metros de altura pertencente a família Papilionaceae. As folhas são pequenas, oblongas com cerca de 16 a 34 folíolos (GUILENGE et al., 2010). 3 https://www.mmo.co.mz/medicamentos-tradicionais-em-mocambique acessado aos 28/03/2018
  • 19. 18 As inflorescências são espessas e com cerca de 2 a 7 centímetros de comprimento, as flores estão em fascículos densos. A vagem é oblonga (2 a 5 centímetros de comprimento). As sementes são ovóides, pequenas, vermelhas com uma pequena área em preto (GUILENGE et al., 2010), vide a fig. 1 abaixo ilustrando a A. precatorius. Fig.1: Abrus precatorius. A A. precatorius pertence ao reino Plantae, superdivisão Spermatophyta, divisão Magnoliophyta, classe Magnoliopsida, ordem Fabales, família Fabaceae, género Abrus, espécie Abrus precatorius (ALMEIDA, 2014). a) Acções Farmacológicas da Abrus precatorius e a sua toxidade Devido a presença de óleos essenciais (terpenos), abrina, glicirrizina, sobretudo nas folhas e nas raízes, esta planta apresenta diversas acções farmacológicas, a destacar: acção antiespasmódica, hipoglicemiante, anti-bacteriana, anti-inflamatória (CARVALHO, 2010). Em Moçambique as raízes são usadas para tratar epilepsia, feridas, dores estomacais e para diversos outros fins4 . No que diz respeito a toxidade, todas as partes da A. precatorius são citadas como tóxicas, porém, as sementes apresentam uma toxicidade (sendo mais tóxicas quando ingeridas partidas) muito superior ao resto da planta, devido à maior concentração de compostos tóxicos como as lectinas, abrina e aglutinina (ALMEIDA, 2014). 2.4. Tabernaemontana elegans Com o nome vernacular Kalhwani (Xitswa), esta planta é um arbusto ou pequena árvore de 3 a 5 metros de altura, por vezes atingindo os 10 metros. As folhas são elípticas e quase redondas, grossas, verdes escuras na parte superior, verde-claro na parte inferior, sem pêlos. As flores são brancas, perfumadas, agrupadas no final dos ramos. O fruto é constituído por dois mericarpos que abrem-se quando maduras expondo a polpa laranja viva, com numerosas sementes castanhas. A floração Fevereiro e Março, e a frutificação entre Maio e Junho (ALMEIDA, 2014), observe esta planta na figura 2 na página (19) a seguir. 4 http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2007/06/descobertas.2.html acessado aos 28/02/2018
  • 20. 19 Fig.2: Tabernaemontana elegans. A Tabernaemontana elegans pertence ao reino Plantae, superdivisão Spermatophyta, divisão Magnoliophyta, classe Magnoliopsida, ordem Gentianales, família Apocynaceae, género Tabernaemontana e a espécie Tabernaemontana elegans. a) Acções Farmacológicas da T. elegans e a sua toxidade Segundo GUILENGE et al. (2010), devido a inúmeros metabólitos secundários a T. elegans é relacionada no tratamento de inúmeras enfermidades com destaque para a cólera, gastrite, disenteria, hipertensão, infarto do miocárdio, epilepsia, tétano, raiva, tétano, lepra, etc. A infusão com a parte interior da raiz, serve para tratar vómitos, diarreias fortes, tosses e doenças pulmonares.5 Para SHEVALE et al. (2015), a T. elegans apresenta um grau de toxidade aceitável graças a presença de saponinas (sendo minimamente seguro). 2.5. Estudos Fitoquímicos e Princípios Activos Segundo BRANDÃO (2015), os estudos fitoquímicos consistem no levantamento e estudo de componentes químicos da planta, como princípios activos, odores, pigmentos, moléculas da parede celular, toxidade, etc. Os princípios activos são substâncias provenientes do metabolismo secundário das plantas, e são responsáveis pela actividade terapêutica das mesmas (CARVALHO, 2010). 2.5.1.Principais Princípios Activos Comuns na A. precatorius e T. elegans a) Óleos essenciais (terpenóides) EINECK (2013) avança que são componentes vegetais voláteis, dificilmente solúveis em água, e possuem odor intenso, estando presentes em todas partes da planta. A grande maioria 5 https://www.mmo.co.mz/medicamentos-tradicionais-em-mocambique acessado aos 28/03/2018
  • 21. 20 dos óleos essenciais é constituída de derivados de terpenóides (terpenos) ou de fenilpropanóides, sendo que os primeiros preponderam. As principais acções farmacológicas dos terpenos estão relacionadas ao emprego como anti- séptico, anti-inflamatório, antipirético, diuréticos, antiespasmódicos, vermífugo (anti- helmíntico) e expectorantes (JORGE, 2009). Fig.3. Triterpenos pentacíclicos isolados. Fonte: CARVALHO, 2010. b) Alcalóides Formam um grupo economicamente importante, pois entram na composição de inúmeros medicamentos. São substâncias naturais básicas, derivadas de aminoácidos, com um ou mais átomos de nitrogénio heterocíclico (EINECK, 2013). CARVALHO (2010) avança que as principais acções farmacológicas dos alcalóides relacionam-se com efeitos como: Analgésico narcótico, Amebicida e Emética, Antitumorais e Vasoconstritora. Fig. 4: Estrutura de alcalóides. Fonte: Fernandes (1997) citado por JORGE (2009). c) Taninos São substâncias que protegem o vegetal do ataque de microorganismos, formigas ou cupins e possuem a propriedade de precipitar as proteínas da pele e das mucosas, transformando-as em substâncias insolúveis (JORGE, 2009). CARVALHO (2010) explica que estes compostos possuem acção: Anti-hemorrágicos, Anti-séptica, Antidiarréica, Bactericida, Hemostática, anti-helmíntico.
  • 22. 21 Fig.5: Estrutura de Taninos Condensados6 d) Heterosídeos ou Glicosídeos Para Fernandes (1997) citado por JORGE (2009), os Glicosídeos presentam acções e efeitos tão diversos que é difícil agrupa-los sob um conceito químico. Por isso prefere-se classificá- los pelo interesse farmacológico. Os de maior destaque são: Flavonóides São de coloração amarela, formam um grupo muito extenso com propriedades físicas e químicas muito variáveis. EINECK (2013) atribui as seguintes funções a este grupo: Antiinflamatória, Antioxidante, Antitumoral, Antiviral, Antiespasmódica, Aumento da resistência da parede de vasos sanguíneos, Vermífugos e Actividade alelopática. Fig.6: Núcleo fundamental dos flavonóides. Fonte: ZUANAZZI & MONTANHA (2010) Saponinas Seu nome provém da propriedade de formar espuma abundante, quando agitada com água. As plantas que contêm saponinas são utilizadas como fármacos por sua acção expectorante, diurética, depurativa, digestiva, estimulante imunológico, antiviral e como fonte de vitamina, Analgésica, Antihemorróida, Anti-helmíntica e Antiinflamatória (JORGE, 2009). Fig. 7: Estrutura básica de uma saponina esteroidal espirostano. Fonte: EINECK (2013) Antraquinonas Compostos coloridos com propriedades laxantes ou purgantes dependendo da dose. Tem propriedades bactericidas antitumorais também. Em doses altas provocam irritação intestinal, dores intensas e hipotensão (CARVALHO, 2010). 6 http://www.sbfgnosia.org.br/Ensino/taninos.html consultado aos 05.03.2018 as 10:34
  • 23. 22 Fig.8: Estrutura básica das Antraquinonas. Fonte: ZUANAZZI & MONTANHA (2010) 2.6. Formas de preparação e uso caseiro de medicamentos Vegetais Conforme CAMPELO (2006), são principais técnicas de preparação e uso caseiro de medicamentos vegetais as seguintes: Maceração: contacto da droga vegetal com o líquido extractor; em recipiente fechado, em temperatura ambiente, durante um período prolongado (horas ou dias), sob agitação ocasional e sem renovação do líquido extractor (processo estático) (MIYAKE, 2014). Infusão: A extracção ocorre pela permanência, durante certo tempo, do material vegetal em água fervente, num recipiente tapado. A água fervente é adicionada à planta (Idem). In nature – A parte ou estrutura do vegetal é aplicada directamente na parte afectada sem nenhum tratamento adicional como ocorre com látex algumas vezes ingerido, como no preparo de saladas ou ingestão de frutos (CARVALHO, 2010). Decocção: A decocção consiste em manter o material vegetal em contacto, durante certo tempo, com um solvente (normalmente água) em ebulição. Chega-se à fervura da água em contacto com o vegetal (KEMPES et al., 2014). Pós: consiste na queima e trituração da parte da planta queimada e de seguida ingerida pela boca juntamente com alimentos ou em cápsulas (CAMPELO, 2006). Gargarejos e Inalações: consiste no gargarejo do chá preparado por decocção. Este tratamento atua sobre a cavidade bucal e garganta. As inalações são feitas ao vapor do decoto também (CARVALHO, 2010). 2.7.Bilharziose Segundo FREITAS (2015) a Bilharziose (esquistossomose) é uma doença tropical que afecta milhões de pessoas no mundo e é causada por trematódeos (Platelmintos) do género Schistosoma. Seis espécies parasitam o homem: o S. japonicum encontrado na China; o S. mansoni nas populações da África, Arábia e América do Sul; o S. haematobium em África e
  • 24. 23 Arábia; o S. intercalatum em África; o S. mekongi na Asia; e S. malayensis em Malásia. Destas, os S. mansoni, S. japonicum e S. haematobium são as principais espécies responsáveis por transmitir a infecção no mundo. Existem diversos tipos da doença, destacando-se nas regiões tropicais: a intestinal e urinária (FREITAS, 2015). a) Formas de transmissão A bilharziose é transmitida quando as pessoas doentes eliminem ovos do parasita causador da doença em lagoas, lagos, pântanos ou rios e nesses lugares haja caramujos que constituem o hospedeiro intermediário dos mesmos. Dentro dos caramujos esses vão-se desenvolver, e algumas semanas depois, abandonam os caramujos enquanto cercarias, colonizando livremente o ambiente aquático e penetram no Homem através da pele, quando ele entra nessas águas. Uma vez dentro do corpo do Homem, eles vão-se dirigir para o aparelho urinário, onde crescem e novamente põe ovos, que serão eliminados pela urina ou fezes, reiniciando o ciclo7 , vide o ciclo na figura 3 abaixo. Fig.9: Ciclo de Vida do Shistosoma mansoni. Fonte: DUARTE, 2006. a) Sintomas Para SILVA (2004), após a primeira fase na qual as larvas que penetraram na pele, elas migram até os órgãos e lá se instalam (duração de 1 a 6 semanas) e causam sinais como: Dores abdominais e uma diarreia intensa em sua forma intestinal; Sangramentos urinários e dores ao urinar na sua forma urinária; Um aumento do tamanho do fígado em sua forma hepática. b) Tratamento 7 https://doencasesintomas.blogspot.com/2014/01/esquistossomose-ou-bilharziose.html acessado aos 04/05/2018
  • 25. 24 Actualmente, o tratamento de bilharziose (Schistosoma mansoni) é feito com uma dosagem única de Praziquantel (40mg/Kg). A oxamniquina (40mg/Kg), embora não seja um remédio usado na actualidade, também é eficaz (OMS, 2004). Praziquantel Para NOVAES & SOUZA (1999), o praziquantel (PZQ) é um anti-helmíntico antiparasitário de amplo espectro, contra numerosas espécies de cestódeos e trematódeos, para tratar a esquistossomose (S. mansoni, S. japonicum), a cisticercose, Taenia solium. Este fármaco provoca uma inibição da bomba Na+ , K+ dos esquistossomos, aumentando a permeabilidade da membrana do helminto a certos catiões monovalentes e divalentes, fazendo com que os helmintos se separem dos tecidos do hospedeiro e são rapidamente deslocados das veias mesentéricas para o fígado, ao passo que os helmintos intestinais são expelidos (Idem). Vide a sua estrutura na figura 10 a seguir. Fig.10: 1, Praziquantel-PZQ. Fonte: NOVAES & SOUZA, 1999. Oxamniquina GOODMAN & GILMAN (2005) avança que a Oxamniquina (OXA) é um fármaco antiparasitário trematicida, da classe das tetraidroquinolinas, utilizado em infecções por Schistosoma mansoni. A oxamniquina ataca as formas maduras e imaturas de S. mansoni. O mecanismo de acção envolve o bloqueio do aparato reprodutor de S. mansoni e sua “ovo-produção” (Passim). Fig.11: Estrutura química de Oxamniquina. Fonte: GOODMAN & GILMAN (2005) c) Consequências em caso de não tratamento e medidas de prevenção
  • 26. 25 Para DUARTE (2006) é uma doença que enfraquece a pessoa e pode levar a graves complicações, tais como: Esterilidade; Doença do fígado provocando hemorragias graves com vómitos de sangue, Cancro da bexiga, que não tem cura ou mesmo a morte. As medidas de prevenção resumem-se em medidas básicas de higiene (OMS, 2004). CAPÍTULO III 3.0.Metodologia 3.1. Localização e Descrição da Área de Estudo O povoado de Massambe localiza-se na zona central do distrito de Massinga, na localidade de Rovene, tendo como limites, a este o Oceano índico, a sul o povoado de Xiduque, a oeste os povoados de Bassu e Ngadi e a norte o povoado de Xibanhane”8 , vide a figura 12 abaixo. Fig. 12: Localização geográfica de Massambe9 . Este povoado dista a 25 km da vila sede de Massinga e a sua população está estimada em mil habitantes até 2016. O clima deste povoado assemelha-se ao do distrito de Massinga no geral, e é dominado por zonas do tipo tropical seco, no interior, e húmido, à medida que se caminha para a costa, apresenta temperaturas médias entre os 18°C e os 30°C (MINISTÉRIO DA ADMINISTRAÇÃO ESTATAL, 2014). A zona costeira de Massambe é banhada pelo Oceano Índico e é atravessada pelo rio Massambe que coincidentemente desagua nesta zona, ao longo do mesmo verificam-se solos permeáveis, favoráveis para a prática da agricultura e existem ainda alguns poços nas proximidades do mesmo rio. No que diz respeito as actividades produtivas e económicas, nesta região predominam a agricultura, a pecuária e a pesca. A população de Massambe fala basicamente a língua Xitswa, as casas são basicamente feitas de material local. Nesta região existe um estabelecimento de ensino primário, a Escola 8Conhecimentos populares (2016). 9 http://Google Maps.blogs.com/moçambique_para_todos/2007/06/html acessado aos 18/12/2017
  • 27. 26 Primária do 1º e 2º Graus de Massambe, a região não possui nenhum hospital nem maternidade. Na região predominam as religiões Zione e Betside”10 . 3.2.Tipo de Pesquisa a) Quanto a Natureza de Abordagem Pesquisa básica: objectivou trazer novos conhecimentos relacionados com o potencial terapêutico da A. precatorius e da T. elegans no tratamento de Bilharziose para uma ampliação de conhecimentos teóricos sobre o assunto sem uma aplicação prática prevista, uma vez que para FANTINATO (2015), a pesquisa básica/pura objectiva gerar conhecimentos novos, úteis para o avanço da ciência, sem aplicação prática prevista. b) Quanto a forma de abordagem Mista (quali-quanti): a pesquisa seguiu a bordagem mista uma vez que considerou a representativa numérica dos dados bem como o aspecto qualitativo dos mesmos. Na abordagem quantitativa, a pesquisa considerou estatisticamente o número de respondentes acerca da origem do conhecimento fitoterápico, partes da A. Precatorius e da T. elegans usadas no tratamento da bilharziose bem como o modo de preparo e administração dos medicamentos. No que se refere a abordagem qualitativa, visou essencialmente dar significados aos dados colhidos no campo bem como identificar, através de estudos fitoquímicos, os princípios activos presentes nas partes da A. Precatorius e da T. elegans implicados no tratamento da bilharziose. FANTINATO (2015) explica que se usa a abordagem mista quando em uma mesma pesquisa, ambos os aspectos são usados para recolher mais informações do que se poderia conseguir isoladamente. c) Quanto aos seus objectivos Exploratória-Descritiva: visou proporcionar maior familiaridade com estas duas plantas medicinais com vista a identificação das partes das mesmas usadas no tratamento de bilharziose bem como a descrição do procedimento de preparo e de administração das mesmas. Por fim, garantiu o aprimoramento de ideias acerca do valor terapêutico da A. Precatorius e da T. elegans no tratamento de bilharziose, através da identificação dos princípios activos presentes nas mesmas. Na óptica de GIL (2008), a pesquisa exploratória 10 Conhecimentos populares (2016).
  • 28. 27 objectiva proporcionar maior familiaridade com o problema (explicitá-lo) e a descritiva visa descrever as características de determinadas populações ou fenómenos. e) Quanto aos procedimentos técnicos da pesquisa Quanto aos procedimentos técnicos a pesquisa comportou dois procedimentos, a pesquisa de campo e experimental (de laboratório). Pesquisa de Campo: constituiu a primeira fase da pesquisa e foi realizada no Povoado de Massambe. Esta etapa visou a observação directa da A. precatorius e T. elegans, enquanto espécies usadas no tratamento da bilharziose no povoado de Massambe. A mesma fase objectivou ainda obtenção de informações directamente dos PMT`s, Ervanários e Anciãos a respeito das partes das plantas em alusão usadas no tratamento da bilharziose bem como sobre o modo de preparação e administração dos medicamentos fitoterápicos. Na óptica de GIL (2008), a pesquisa de campo é basicamente realizada por meio da observação directa das actividades do grupo estudado e de entrevistas com informantes para se obter explicações e interpretações de uma certa realidade. Pesquisa experimental (de laboratório): constituiu a segunda fase da pesquisa e foi desenvolvida a nível do laboratório de pesquisa de Produtos Naturais do Departamento de Biologia da UP-Sede. Esta fase, consistiu na análise fitoquímica das partes das plantas (em estudo) usadas no tratamento de bilharziose, onde na base de métodos extractivos a frio (maceração) e reacções químicas específicas foi possível a identificação dos princípios activos presentes nas mesmas implicados no tratamento desta doença, visto que para FANTINATO (2015), a pesquisa experimental pretende dizer de que modo ou por que causas o fenómeno é produzido e geralmente é realizada em ambiente controlado, seja um laboratório ou não, visando a análise racional dos materiais colectados no campo. 3.3. Técnicas de colecta de Dados Nesta pesquisa foram usadas três técnicas de colecta de dados, nomeadamente a consulta bibliográfica, observação directa e a entrevista semi-estruturada. Consulta Bibliográfica: foi utilizada para o suporte científico de toda pesquisa onde foram consultadas várias obras já publicadas que versam sobre o assunto em questão desde a
  • 29. 28 concepção do projecto até a materialização da monografia. GIL (1991) citado por MENEZES & SILVA (2005), avança que a consulta bibliográfica é feita a partir de material já publicado (livros, artigos, Internet) com vista a garantir a cientificidade da pesquisa. Observação directa: foi útil para a obtenção das características da A. precatorius e T. elegans, com vista o seu enquadramento taxonómico enquanto espécies usadas no tratamento de bilharziose. Segundo MENEZES & SILVA (2005), na observação utilizam se os sentidos na obtenção de dados ou aspectos de uma realidade no campo da pesquisa. Entrevista semi-estruturada: Aos participantes (anciãos, ervanários e PMT’s do povoado de Massambe), administrou-se uma entrevista semi-estruturada constituída por 16 questões de partida. Neste processo, de forma flexível e aprofundada, colheu-se informações relacionadas com a origem de conhecimento fitoterápico, a idade do PMT/ancião/ervanário. E buscou-se ainda informações relacionadas com as partes das plantas (em estudo) que são empregues no tratamento desta helmintose bem como o modo de preparo e administração dos medicamentos fitoterápicos. Segundo JORGE (2009), nas entrevistas semi-estruturadas as perguntas são parcialmente formuladas pelo pesquisador antes de ir ao campo, permitindo uma flexibilidade maior no aprofundamento dos dados a colher. 3.4.Instrumentos de colecta de dados Serviram de instrumentos de colecta de dados durante a pesquisa uma máquina fotográfica, com objectivo de fotografar todos os momentos que se justificaram para o efeito, uma esferográfica e um bloco de notas para o registo diário de algumas informações relevantes e um questionário contendo uma parte das perguntas da entrevista. 3.5.Amostragem Para a selecção do grupo amostral foi usada uma amostra não-probabilística concretamente a amostra intencional por conveniência onde participaram da pesquisa 21 pessoas de Massambe. Das quais 1 secretário, que serviu de guia e ajudou na localização dos ervanários, anciãos e PMT’s deste povoado, 7 ervanários, 10 PMT’s e 3 anciãos que deram informações sobre o uso da A. precatorius e da T. elegans no tratamento da bilharziose. A selecção destes participantes foi em função das potencialidades que possuem para fornecer a informação necessária para responder aos objectivos deste estudo bem como sua disponibilidade em conceder a entrevista.
  • 30. 29 Segundo FANTINATO (2015) citando Babbie (2001), na amostra intencional por conveniência as amostras são seleccionadas, como infere-se pelo próprio nome, de acordo com a conveniência do pesquisador, ou seja, elas são constituídas por pessoas que estão ao alcance do pesquisador e dispostas a responder a um questionário de forma produtiva. 3.6.Considerações éticas O estudo foi realizado respeitando os valores culturais, sociais, morais, religiosos e éticos, bem como os hábitos e costumes da comunidade. Foi privilegiado ainda o anonimato, a justiça e beneficência, como recomendam MENEZES & SILVA (2005). 3.7.Colecta da Amostra A amostra foi colectada no povoado de Massambe, localidade de Rovene, distrito de Massinga, província de Inhambane em Dezembro de 2017. Neste processo, colectou-se folhas e raízes (partes utilizadas no tratamento da bilharziose no Povoado de Massambe) de cada uma das duas plantas em pesquisa, tendo-se retirado cerca de 35 centímetros (de ramo) de cada planta, numa quantidade que bastasse, facto sustentado por CARVALHO (2010), que explica que deve se colectar 30 centímetros de cada planta numa quantidade suficiente. Após a colecta, as amostras foram transportadas em sacos de papel, fechados e etiquetados por forma a evitar a humidade que causaria o desenvolvimento de microorganismos e evitar- se igualmente o contacto com o sol, pois isso causaria a destruição das suas propriedades químicas. Na visão de FREIRE (2000), as amostras devem ser transportadas em sacos de papel, fechados e etiquetados, devendo-se evitar o transporte das amostras em sacos plásticos em virtude de favorecer o acúmulo excessivo de humidade e consequentemente o desenvolvimento de microorganismos e deve se evitar ainda a exposição das amostras ao sol visto que provoca a perda das suas propriedades químicas originais. 3.8.Preparação das Amostras (Folhas e Raízes da A. precatorius e T. elegans) Após a colecta do material vegetal procedeu-se ao método de secagem para evitar a proliferação de fungos e permitir o maior rendimento na extracção. A secagem foi feita em jornais, num período de 20 dias, para evitar a perca de propriedades químicas originais da planta o que dificultaria a identificação dos princípios activos presentes nas plantas, este facto é sustentado por SONI & SOSA (2013), que explicam que para a secagem as amostras devem ser dispostas em folhas de jornal dobradas ao meio, tentando
  • 31. 30 imitar ao máximo, a disposição daquela planta na natureza, sempre tendo o cuidado de organizar flores, folhas e raízes para a secagem bem distendidas. O material assim preparado deve ser bem desidratado para dar maior rendimento na extracção e evitar fungos, caso contrário, as folhas, as raízes e as peças florais poderão ser atacadas por fungos. Após a secagem procedeu-se a trituração caseira, onde foram piladas quantidades não especificadas do material vegetal (vide o apêndice 2) na base do pilão caseiro, optou-se por este meio com vista a facilitar este processo de trituração visto que utilizando-se almofariz o processo tornar-se-ia oneroso a nível do tempo devido a consistência do material vegetal. Antes de se pilar este material desinfectou-se o pilão com o etanol a 95% para se evitar os possíveis infectantes que interfeririam nos resultados, um facto defendido por CARVALHO (2010), que explica que o material vegetal pode ser triturado a nível caseiro bastando se observar as regras de higiene e segurança para se evitar a infecção do material vegetal. Após a trituração as amostras foram colocadas em sacos de papel bem identificados com vista o seu transporte até ao laboratório de pesquisa de Produtos Naturais do Departamento de Biologia da Universidade Pedagógica-Sede, onde se fez a extracção vegetal e análises fitoquímicas. Este acto é concordado por FREIRE (2000), que defende que para o armazenamento e transporte, as amostras de plantas devem ser colocadas em sacos de papel, fechados e devidamente etiquetados para se evitar a humidade que traria microorganismos. 3.8.1.Extracção do Material Vegetal Foi privilegiada a extracção a frio (maceração) e efectuou-se em Fevereiro de 2018 ao nível do laboratório acima referenciado e envolveu os materiais e reagentes na tabela 1 a seguir: Tabela 1: Materiais e reagentes utilizados no processo de extracção vegetal Materiais Reagentes 1 Balança analítica; 2 Papel de alumínio; 2 Copos de Becker; 1 Funil; Algodão. 7.78 gramas de cada parte de Material vegetal triturado; 70 ml de Etanol a 95%; Procedimentos: Com ajuda de balança analítica foram pesadas 7.78 gramas de material vegetal triturado de cada parte das plantas que seria analisada (raízes e folhas) e foram posteriormente colocadas de copos de Becker onde adicionou-se 70 ml de etanol a 95% a cada Becker contendo material vegetal e com ajuda do papel de alumínio tapou-se os copos de Becker.
  • 32. 31 Após este processo os mesmos foram colocados no agitador eléctrico por um período de 48 horas a fim de se proceder a extracção do material vegetal, como ilustra o apêndice 2. Este processo é referenciado por Oliveira et al. (2010) citados por SONI & SOSA (2013), como o método mais eficiente na extracção de material vegetal, onde se extrai a frio (maceração) o material vegetal, podendo-se usar o etanol ou metanol numa proporção de 7-10 gramas de material vegetal seco para 60-90ml do álcool (de 90 a 99%). Após a extracção procedeu-se à filtração com vista a obtenção do extracto alcoólico vegetal onde com a ajuda de funil e algodão (por falta de papel de filtro) fez se a devida filtração (vide apêndice 2). Posto isto, levou-se os extractos para as análises fitoquímicas, onde foram aplicadas reacções químicas específicas com vista a identificação de princípios activos contidos nestas plantas. 3.9.Procedimentos Experimentais das Análises Fitoquímicas 3.9.1.Análises fitoquímicas da Abrus precatorius a) Testes de identificação de Taninos Materiais: 4 Tubos de ensaio; 2 Pipetas Reagentes: Extracto alcoólico da planta; Cloreto Férrico a 2% (FeCl3) Procedimento: Adicionou-se 2.5 ml do extracto alcoólico num tubo de ensaio e em seguida adicionou-se duas gotas de cloreto férrico FeCl3 a 2% (SONI & SOSA, 2013). b) Teste de identificação de flavonóides Materiais: 4 Tubos de ensaio; 2 Pipetas; 1 Centrifugador eléctrico Reagentes: Extracto alcoólico da planta; Acetato de Chumbo (Pb(C2H3O2)2) Procedimentos: introduziu-se 2ml do extracto alcoólico no tubo de ensaio os quais foram tratados com algumas gotas de acetato de chumbo, com ajuda da pipeta. Por fim colocou-se no centrifugador eléctrico (vide apêndice 2), a fim de se evidenciar o resultado (Idem). c) Teste de identificação de terpenóides (teste de SALKOWSKI) Materiais: 4 Tubos de ensaio; 2 Pipetas (de vidro) Reagentes: Extracto alcoólico da planta; Clorofórmio (CHCl3); Ácido sulfúrico (H2SO4) Procedimentos: com ajuda de pipeta misturou-se 5ml do extracto com 2ml do clorofórmio num tubo de ensaio e, cuidadosamente, adicionou-se 3ml de H2SO4 (YADAV et al., 2014). d) Teste de identificação de Esteróides
  • 33. 32 Materiais: 4 Tubos de ensaio; 2 Pipetas (SANTHI & SENGOTTUVEL, 2016). Reagentes: Extracto alcoólico da planta; Anidrido Acético (C4H6O3); H2SO4 concentrado; Procedimentos: Adicionou-se 2ml de extracto alcoólico num tubo de ensaio e em seguida adicionou-se 1ml de Anidrido Acético e agitou-se suavemente, e introduziu-se cuidadosamente, 3 gotas de H2SO4 concentrado, e agitou-se suavemente de novo (Idem). e) Teste de identificação de saponinas Materiais: 4 Tubos de ensaio; 2 Pipetas Reagentes: Extracto alcoólico da planta; Água destilada (SONI & SOSA, 2013). Procedimentos: Pipetou-se cerca de 0,5ml do extracto ao tubo de ensaio e de seguida colocou-se 5ml de água destilada e agitou-se (SONI & SOSA, 2013). f) Teste de identificação de alcalóides (teste de MAYER) Materiais: 4 Tubos de Ensaio; 2 Pipetas (de vidro) Reagentes: Extracto alcoólico da planta; HCl diluído; Reagente de Mayer. Procedimentos: num tubo de ensaio, colocou-se 2 ml do extracto, de seguida, 0,2ml de HCl diluído e 0,1ml de reagente de Mayer foram adicionados (TCHAMBULE, 2011). g) Teste de identificação de Antraquinonas (Reacção de Borntrager) Materiais: 4 Tubos de Ensaio; 2 Pipetas Reagentes: 0.5 ml de Extracto alcoólico da planta; 1 ml de Clorofórmio (CHCl3); 1ml de Hidróxido de sódio a 10% (NaOH a 10%) (SANTHI & SENGOTTUVEL, 2016). Procedimentos: Num tubo de ensaio deitou-se, com ajuda de pipeta, 0.5ml de extracto alcoólico, de seguida adicionou-se 1 ml de Clorofórmio e deixou-se a solução por 15 minutos e por fim adicionou-se 1ml hidróxido de sódio a 10% (Idem). 3.9.2.Análises fitoquímicas da Tabernaemontana elegans a) Teste de identificação de taninos (teste de Braymer) Materiais: 4 Tubos de ensaio; 2 Pipetas Reagentes: Extracto alcoólico da planta; Água destilada; Cloreto férrico a 5% (FeCl3-5%). Procedimentos: Com ajuda de pipeta, colocou-se 2ml extracto no tubo de ensino ao qual foram adicionados 2ml de água destilada e 3 gotas de FeCl3 (5%) (SONI & SOSA, 2013). b) Teste de identificação de flavonóides (teste de acetato de chumbo) Materiais: 2 Tubos de ensaio; 2 Pipetas. Reagentes: Extracto alcoólico da planta; Acetato de Chumbo (Pb(C2H3O2)2).
  • 34. 33 Procedimentos: introduziu-se 2ml do extracto alcoólico no tubo de ensaio e foi tratado com 2 gotas de acetato de chumbo, com ajuda da pipeta (SONI & SOSA, 2013). c) Teste de identificação de Terpenóides (teste de SALKOWSKI) Materiais: 4 Tubos de ensaio; 2 Pipetas (de vidro) Reagentes: Extracto alcoólico da planta; Clorofórmio (CHCl3); Ácido sulfúrico (H2SO4) Procedimentos: com ajuda da pipeta fez-se mistura de 5ml do extracto com 2ml do clorofórmio num tubo de ensaio e de seguida 3ml de H2SO4 foram adicionados cuidadosamente (YADAV et al., 2014). d) Teste de identificação de saponinas Materiais: 4 Tubos de ensaio; 2 Pipetas Reagentes: Extracto alcoólico da planta; Água destilada (SONI & SOSA, 2013). Procedimentos: Pipetou-se cerca de 0,5ml do extracto ao tubo de ensaio e de seguida colocou-se 5ml de água destilada e agitou-se (SONI & SOSA, 2013). e) Teste de identificação de alcalóides (Teste de Mayer) Materiais: 4 Tubos de ensaio; 2 Pipetas Reagentes: Extracto da planta; HCl; Reagente de Mayer (TCHAMBULE, 2011). Procedimentos: com ajuda de pipeta, 2 ml do extracto foram colocados num tubo de ensaio e adicionaram-se 0,2ml de HCl diluído e 0,1ml de reagente de Mayer (Idem). 3.9.Técnica de análise e apresentação de dados Uma vez que a pesquisa é mista (quantitativa-qualitativa), para a análise de dados, foi usada a análise estatística para os dados quantitativos e a análise de conteúdo/discurso para os dados qualitativos. A análise estatística consistiu na contagem numérica dos respondentes a uma determinada resposta. A análise do conteúdo/discurso procedeu-se a fim de se dar significados aos dados colhidos no campo, como sustentam MENEZES & SILVA (2005). Neste processo conjugou-se as informações dadas pelos entrevistados com as informações literárias já publicadas acerca do mesmo assunto ou similar. No que se refere a qualidade terapêutica das plantas, aplicou-se a maceração e reacções químicas específicas com vista a extracção e identificação de princípios activos contidos nestas plantas, respectivamente. Todas as informações colectadas foram transferidas para um banco de dados electrónicos, tendo sido sistematizadas e processadas no Microsoft Office (Word e Excel) para o efeito da apresentação.
  • 35. 34 CAPÍTULO IV 4.0. Apresentação, Interpretação, Discussão dos Resultados Nesta secção do trabalho são apresentados (em forma de tabelas, gráficos e figuras), interpretados e discutidos os resultados obtidos durante a pesquisa. 4.1. Formas de uso da A. precatorius e da T. elegans no tratamento da Bilharziose a) Partes usadas das plantas empregues no tratamento da bilharziose Quanto a parte usada das plantas empregues no tratamento da bilharziose a folha fresca foi a mais citada onde 8 informantes que condizem a 40% a referenciaram, seguida da raiz que foi referenciada por 7 que perfazem 35%, flor que foi mencionada por 2 correspondendo a 10%, mistura de raiz e folha avançada por 2, correspondentes a 10% e fruto foi avançado por 1 informante corresponde a 5%, como ilustra o gráfico 1 a seguir. Folhas Raiz Flor Folha e Raiz Fruto 0% 10% 20% 30% 40% Gráfico 1: Partes usadas das plantas empregues no tratamento da bilharziose Quanto as partes das plantas usadas na preparação dos remédios verificou-se que a maioria utiliza separadamente as folhas e as raízes para a preparação dos remédios, um facto que é sustentado por PACHÚ (2007) que explica que os princípios activos duma planta se distribuem de forma desigual. Há casos em que os princípios activos estão em todas as partes da planta, sejam folhas, raízes, flores, etc. e há casos em que estão numa parte. Porém, de preferência os princípios activos concentram-se nas folhas e nas raízes das plantas. b) Formas de preparo dos remédios a partir das plantas usadas no tratamento da bilharziose Com relação à forma de preparo, foi encontrado com maior prevalência o chá por decocção que foi avançada por 15 pessoas perfazendo 75%, seguida pela infusão que foi referenciada por 4 pessoas que perfazem a 20%, seguida por queima que foi referenciada por 1 pessoa perfazendo 5%, como evidencia o gráfico 2 na página (35) a seguir.
  • 36. 35 Decocção Infusão Queima 0% 20% 40% 60% 80% Gráfico 2: Formas de preparo dos remédios das plantas usadas no tratamento da bilharziose Quanto à preparação dos remédios verificou-se que a maioria faz a decocção (cozimento) e esta técnica mostra-se eficiente uma vez que EINECK (2013) explica que este método permite a remoção da maioria dos princípios activos presentes em vegetais por ebulição. Quanto a medicação, os entrevistados adoptam a ingestão oral onde as dosagens e frequências de toma dos medicamentos foram variáveis, tendo variado de 1, 2, 3 colheres de 8 em 8 horas (3 vezes ao dia) ou de 6 em 6 horas (4 vezes ao dia), muita das vezes as variações tinham em conta a idade do paciente, onde as crianças medicavam menos vezes ao dia e em pequenas quantidades em relação aos adultos. Para RALATE (2014), a frequência e as dosagens de toma de medicamentos fitoterapêuticos são variáveis dependentes de cada praticante e da idade do paciente, onde os mais novos tendem a medicar menos. 4.2. Análises fitoquímicas Esta secção do trabalho comporta os resultados das análises fitoquímicas. 4.2.1. Análises fitoquímicas da Abrus precatorius a)Testes de identificação de Taninos Resultado: Após a mistura de 2.5 ml do extracto alcoólico da planta e duas gotas de cloreto férrico FeCl3 a 2% houve mudança na coloração e formação de um precipitado, as cores variaram de azul, vermelho e verde, como ilustra a figura 13 a seguir. Fig.13: Identificação de Taninos na raiz (A) e na folha (B). B A
  • 37. 36 A mudança na coloração e formação de precipitado, onde as cores variam de azul, vermelho e verde constitui, na óptica de SANTHI e SENGOTTUVEL (2016), um indicativo da presença de Taninos. Este facto, confirma a presença deste metabólito secundário nas raízes e folhas da A. precatorius. b) Teste de identificação de flavonóides Resultado observado: depois de tratar-se 2ml do extracto alcoólico com algumas gotas de acetato de chumbo e colocar-se a mistura no centrifugador (vide apêndice 2), evidenciou-se o aparecimento do precipitado de cor amarelo, como ilustra a figura 14 a seguir. Fig.14: Identificação de flavonóides na raiz (A) e na folha (B). O aparecimento do precipitado de cor amarelo indica, na óptica de na óptica de YADAV et al. (2014), a presença de flavonóides, confirmando-se a presença destes na A. precatorius. c) Teste de identificação de terpenóides (teste de SALKOWSKI) Resultado: Depois de misturar-se 5ml do extracto com 2ml do clorofórmio e 3ml de H2SO4 num tubo de ensaio, observou-se o aparecimento de uma camada na interface de cor castanha avermelhada, como elucida a figura 15 abaixo. Fig.15: Identificação de terpenóides na raiz (A) e na folha (B). O aparecimento de uma camada na interface de cor castanha avermelhada, no entender de SONI & SOSA (2013), mostra o resultado positivo para a presença de terpenóides, concluindo-se assim que nas raízes e folhas da A. precatorius há presença de terpenóides. B A B A
  • 38. 37 d) Teste de identificação de Esteróides Resultado: Após a mistura de 2ml de extracto alcoólico com 1ml de Anidrido Acético e 3 gotas de H2SO4 concentrado, e agitar-se suavemente houve o aparecimento da coloração amarela, como elucida a figura 16 abaixo (imagens B e D). Fig.16: Identificação de esteróides na raiz (A e B) e na folha (C e D). O desenvolvimento de cores, de azul ao verde persistente, indicam resultado positivo a presença de esteróides (TCHAMBULE, 2011), neste caso, não se obteve resultado positivo. e) Teste de identificação de saponinas Resultado: após a mistura de 0,5ml do com 5ml de água destilada e agitar-se, houve a formação se espuma nas folhas de forma persistente (durou aproximadamente 30 mins) porém, na raiz não houve, como pode se observar na figura 17 abaixo. Fig.17: Identificação de saponinas na raiz (A) e na folha (B e C). Na visão de YADAV et al. (2014), a formação de espuma persistente (levando aproximadamente 30 minutos) indica a presença de saponinas, assim, conclui-se que nas folhas da A. precatorius há saponinas e na raiz não há. f) Teste de identificação de alcalóides (teste de MAYER) Resultado: após colocar-se 2 ml do extracto alcoólico num tubo de ensaio e de seguida adicionar-se 0,2ml de HCl diluído e 0,1ml de reagente de Mayer formou-se um precipitado amarelado, vide a figura 18 na página (38) a seguir. D C B A B C A
  • 39. 38 Fig.18: Identificação de alcalóides na raiz (A) e na folha (B). Na óptica de SANTHI e SENGOTTUVEL (2016), a formação de um precipitado amarelo esbranquiçado indica o resultado positivo para a presença de alcalóides, confirmando a presença destes na raiz e na folha desta planta. g) Teste de identificação de Antraquinonas (Reacção de Borntrager) Resultado: Após a mistura de 0.5ml de extracto alcoólico com 1 ml de Clorofórmio e deixar- se a solução por 15 minutos, e por fim adicionar-se 1ml de NaOH a 10%, formou-se uma coloração avermelhada na camada aquosa, como ilustra a figura 19 abaixo. Fig.19: Identificação de antraquinonas na raiz (A) e na folha (B). Na óptica de TCHAMBULE (2011), o surgimento de uma coloração avermelhada na camada aquosa constitui uma evidência da presença de Antraquinonas, concluindo-se assim que existem antraquinonas na raiz e na folha da A. precatorius. 4.2.2.Análises fitoquímicas da Tabernaemontana elegans a)Teste de identificação de taninos (teste de Braymer) Resultado: depois de se misturar 2ml extracto com 2ml de água destilada e 3 gotas de FeCl3 (5%), evidenciou-se o aparecimento do precipitado verde esbranquiçado, como elucida a figura 20 na página (39) a seguir. B A B A
  • 40. 39 Fig.20: Identificação de Taninos na raiz (A) e na folha (B). Para YADAV et al. (2014), o aparecimento do precipitado verde esbranquiçado, indica a presença de taninos. Identificando-se assim taninos na T.elegans. b) Teste de identificação de flavonóides (teste de acetato de chumbo) Resultado: Após o tratamento de 2ml do extracto alcoólico com 2 gotas de acetato de chumbo, observou-se o aparecimento do precipitado de cor branco, vide a figura 21 a seguir. Fig.21: Identificação de Flavonóides na raiz (A) e na folha (B). O aparecimento do precipitado de cor branco indica, na visão de RALATE (2014), a presença de flavonóides. c) Teste de identificação de Terpenóides (teste de SALKOWSKI) Resultado: Após adição de 3ml H2SO4 à solução de 5ml do extracto e 2ml do clorofórmio, apareceu uma camada na interface de cor castanha avermelhada, vide figura 22 abaixo. Fig.22: Identificação de terpenóides na raiz (A) e na folha (B). B A B A B A
  • 41. 40 O aparecimento de uma camada na interface de cor castanha avermelhada, após a adição do H2SO4, na óptica de SONI & SOSA (2013), mostra o resultado positivo para a presença de terpenóides. Confirmando-se assim a presença destes compostos na T.elegans. d) Teste de identificação de saponinas Resultado: depois de se pipetar cerca de 0,5ml do extracto ao tubo de ensaio e de seguida colocar-se 5ml de água destilada e agitar-se, houve formação de espuma nas folhas porém, na raiz não se verificou, como ilustra a figura 23 abaixo. Fig.23: Identificação de saponinas na raiz (A) e na folha (B). A formação de espuma persistente ao agitar-se a mistura evidencia, no entender de SANTHI & SENGOTTUVEL (2016), a presença de saponinas. Este facto confirma a presença de saponinas nas folhas da T. elegans e a sua ausência na raiz. e) Teste de identificação de alcalóides (Teste de Mayer) Resultados: depois de se misturar 2 ml do extracto com 0,2ml de HCl diluído e 0,1ml de reagente de Mayer, formou-se precipitado branco, como elucida a figura 24 a baixo. Fig.24: Identificação de alcalóides na raiz (A) e na folha (B). A formação do precipitado branco indica, na óptica de RALATE (2014), o resultado positivo para a presença de alcalóides. Facto que confirma a presença de alcalóides nas raízes e folhas da T. elegans. B A B A
  • 42. 41 4.2.3.Resumo dos resultados obtidos nos testes fitoquímicos da A. precatorius e de T. elegans Tabela 2: Quadro resumo dos resultados obtidos nos testes fitoquímicos da A. precatorius Tipo de teste Indicativo de resultado positivo Na Raiz Na Folha Resultado evidenciado Concl usão Resultado evidenciado Concl usão Taninos Mudança na coloração (azul a verde) e formação de precipitado. Mudança na coloração (azul a verde) e formação de precipitado. + Mudança na coloração (azul a verde) e formação de precipitado. + Flavonóide s Precipitado de cor amarelo Precipitado de cor amarelo + Precipitado de cor amarelo + Terpenóide s Aparecimento de uma camada na interface de cor castanha avermelhada. Aparecimento de uma camada na interface de cor castanha avermelhada. + Aparecimento de uma camada na interface de cor castanha avermelhada. + Alcalóides Precipitado amarelado Precipitado amarelado + Precipitado amarelado + Saponinas Formação de espuma Não se formou espuma - Formação de espuma + Antraquino nas Surgimento de uma coloração avermelhada na camada aquosa. Surgimento de uma coloração avermelhada na camada aquosa. + Surgimento de uma coloração avermelhada na camada aquosa. + Esteróides Desenvolvime nto de cores, que vão do azul ao verde Houve aparecimento da coloração amarela. - Houve aparecimento da coloração amarela. - Tabela 3: Quadro resumo dos resultados obtidos nos testes fitoquímicos da T. elegans Tipo de Indicativo de Na Raiz Na Folha
  • 43. 42 teste resultado positivo Resultado evidenciado Conclus ão Resultado evidenciado Conclus ão Taninos Mudança na coloração (azul a verde) e formação de precipitado. Mudança na coloração (azul a verde) e formação de precipitado. + Mudança na coloração (azul a verde) e formação de precipitado. + Flavonóide s Precipitado de cor amarelo Precipitado de cor amarelo + Precipitado de cor amarelo + Terpenóide s Camada castanha na interface Camada na interface de cor castanha avermelhada. + Aparecimento de uma camada castanha na interface + Alcalóides Precipitado amarelado Precipitado amarelado + Precipitado amarelado + Saponinas Formação de espuma Não houve Formação - Formação de espuma + 4.3. Relação entre os princípios activos identificados e o seu potencial (acção) anti- helmíntico Na identificação dos metabólitos secundários foi possível encontrar nas raízes e nas folhas das duas plantas em pesquisa (T. elegans e A. precatorius) os taninos, os alcalóides, os terpenóides/triterpenos, os flavonóides, as saponinas nas folhas, as antraquinonas apenas na A. precatorius e deu negativo o teste de esteróides. Segundo Hoste (2006) citado BOTURA (2011), o potencial anti-helmíntico dos taninos é atribuído à sua capacidade de ligação com proteínas da cutícula e cavidade digestiva dos platelmintos, alterando suas propriedades físicas e químicas. A outra possibilidade refere-se a uma acção indirecta destes compostos, que podem aumentar a resposta imune do hospedeiro em função de sua ligação com proteínas da dieta, protegendo essas substâncias da degradação e consequentemente aumentando a disponibilidade proteica no intestino delgado. BOTURA (2011) explica que os alcalóides estão relacionados com a actividade vermífuga/anti-helmíntica. Os extractos aquosos e alcoólicos das folhas, frutos e raiz das plantas que os possuem interferem na eclosão de ovos, motilidade de adultos, desenvolvimento e migração larvar. Este facto faz perceber que as duas plantas possuem
  • 44. 43 actividades anti-helmínticas e o modo de preparo dos medicamentos a partir das mesmas também contribui para a eficácia anti-helmíntica dos mesmos na medida em que a maioria usa os decotos. Moraes (2011) citado por FREITAS (2015), explica que os alcalóides são atribuídos o potencial anti-helmíntico ainda pelo facto de possuírem emetina, substância a qual o S. mansoni, em pesquisas in vitru, mostrou sensibilidade elevada, tendo sido usada e considerada até 1920 uma substância moderadamente efectiva embora tóxica. Para AYERS et al. (2008), as avaliações in vitro têm revelado potencial anti-helmíntico trematicida de flavonóides. Este efeito tem sido relacionado com a redução dos teores de alguns aminoácidos livres, aumento nos níveis de ácido glutâmico, citrulina, ácido gama aminobutírico (GABA), amónia e óxido nítrico deste parasita. Assim, ao possuírem os flavonóides, as duas plantas possuem actividade anti-helmíntica justificando-se por via disso o seu uso no tratamento de bilharziose, uma doença causada por um helminto. No que diz respeito as saponinas, NANDI et al. (2004) avança que saponinas extraídas de Acacia auriculiformis, causaram danos na membrana de tremátodos em ratos, provavelmente pela formação de radicais livres, como o ânion superóxido, que induzem alterações através do aumento da peroxidação lipídica da membrana, um efeito considerado anti-helmíntico das saponinas. Assim sendo, as folhas das duas plantas enquanto possuidoras de saponinas podem ser consideradas detentoras de acções anti-helmínticas. Segundo Barrozo & Santos (1999) citados por BOTURA (2011), os terpenóides apresentam propriedades anti-cancerígenas e são tidos como sendo solventes de lípidos, descongestionando o fígado e estimulando a perda de peso. Possuem ainda uma acção anti- oxidante e tratam gastrites e úlceras, não possuindo um potencial anti-helmíntico. As antraquinonas, na óptica de EINECK (2013), são empregadas terapeuticamente como laxativos e catárticos, por agirem irritando o intestino grosso, aumentando a motilidade intestinal e, consequentemente, diminuindo a reabsorção de água, não possuindo assim uma acção directa contra o Shistosoma (causador da bilharziose).
  • 45. 44 CAPÍTULO V 5.0.Conclusões e Recomendações 5.1.Conclusões O uso da Abrus precatorius e da Tabernaemontana elegans no Tratamento de Bilharziose efectiva-se a partir das raízes, folhas, flores e os frutos onde para o preparo dos medicamentos emprega-se a decocção, infusão e queima destas partes. A administração é feita oralmente (ingestão oral). As dosagens e frequências da toma dos medicamentos variam de 1, 2, 3 colheres de 8 em 8 horas (3 vezes ao dia) ou de 6 em 6 horas (4 vezes ao dia), dependendo de cada praticante e da idade do paciente. Os princípios activos presentes nas partes usadas destas plantas implicados no tratamento de Bilharziose são os taninos, alcalóides, flavonóides e as saponinas. Os taninos possuem um potencial anti-helmíntico atribuído à sua capacidade de ligação com proteínas da cutícula e cavidade digestiva dos platelmintos, alterando suas propriedades físicas e químicas. Os alcalóides por sua vez interferem na eclosão de ovos, motilidade de adultos, desenvolvimento e migração larvar. Os flavonóides possuem a capacidade de redução dos teores de alguns aminoácidos livres, aumento nos níveis de ácido glutâmico, citrulina, ácido gama aminobutírico, amónia e óxido nítrico dos parasitas. As saponinas são relacionadas com actividade anti-helmíntica uma vez que causam danos na membrana do Shistosoma parasita. 5.2.Recomendações Recomenda-se às autoridades locais, para que sensibilizem a população acerca dos riscos de intoxicação que correm ao utilizar estes e outros fitoterapêuticos. À comunidade científica, recomenda-se para que continue desenvolvendo mais pesquisas nesta vertente, envolvendo testes in vitro com vista a apurar a eficácia farmacológica destas plantas (em estudo) perante as espécies do Shistosoma e com vista apurar as dosagens cientificamente recomendadas no acto da medicação. À comunidade científica recomenda-se que prossiga com pesquisas com vista a avaliar o real grau de toxicidade destas duas plantas em estudo.
  • 46. 45 6.0.Referências Bibliográficas 1. ALMEIDA, A. C.. Toxicologia Mecanística da Abrus precatorius. UP. Porto, 2014 2. AYERS, S. et al.. Flavones from Struthiola argentea. Phytochemistry. SP, 2008. Disponível em www.flavonoidesprincipiosactivos. consultado aos 05/05/2018 3. BOTURA, M. B.. Avaliação anti-helmíntica e toxicológica de extratos e frações do resíduo de Agave sisalana perr (sisal). UEFS, Bahia, 2011 4. BRANDÃO, M.. Plantas Medicinais e Fitoterápicos. DT. Minas Gerais, 2015. 5. CAMPELO, P. M.. Plantas medicinais e seus extractos. Estudos Biológicos. 2006. 6. CARVALHO, D. K.. Principios Ativos de Plantas Medicinais. S. Catarina. 2010. 7. DUARTE, M.C.T.. A Esquistossomose. Rio de Janeiro, 2006. 8. EINECK, Raquel.. Princípios Activos Vegetais. Rio de Janeiro, 2013. 9. FANTINATO, M.. Métodos de Pesquisa. USP. São Paulo, 2015. 10. FILHO, R.B.. Contribuição da Fitoquímica para o desenvolvimento de um País emergente. Maputo, 2010. 11. FONTELLES, M. et al.. Metodologia da pesquisa científica. UN. Amazónia, 2014. 12. FREIRE, F.. Como colectar, Preservar e Remeter Correctamente Amostras Para Exame Fitopatológico. Fortaleza, 2000. 13. FREITAS, R. P.. Avaliação da atividade esquistossomicida de análogos sintéticos da piplartina em vermes adultos de S. mansoni. USP. São Paulo, 2015 14. GIL, A. C. Como elaborar projectos de pesquisa. 4ª ed. Atlas. São Paulo, 2008. 15. GOODMAN & GILMAN. As bases farmacológicas da terapêutica. McGraw-Hill. Rio de Janeiro, 2005. 16. GUILENGE, J. A. et al.. Relatório sobre a disponibilidade, ecologia e sistemas de uso actual das plantas indígenas de Matutuíne. Maputo, 2010. 17. JANSEN, P.C.M.. Plantas Medicinais – Seu Uso Tradicional em Moçambique. Gabinete de Estudos da Medicina Tradicional. Maputo, 2001. 18. JORGE, S. da S. A.. Plantas medicinais: CS. Mato Grosso, 2009. 19. KEMPES, N. F. et al.. Extracção simplificada dos princípios activos do capim limão, Cymbopogon citratos. FAI. São Paulo, 2014. 20. MENEZES, E. M. &SILVA, E. L.. Metodologia da Pesquisa e Elaboração de Dissertação. 4ª Ed., UFSC. Florianópolis, 2005 21. MINISTÉRIO DA ADMINISTRAÇÃO ESTATAL. Perfil do Distrito de Massinga: Província de Inhambane. Maputo, 2014. 22. MISAU. Plano Estratégico do Sector da Saúde 2007-2012. Maputo, 2006
  • 47. 46 23. MISAU. Plano Económico e Social. MS. Maputo, 2011. 24. MISAU. Plano Estratégico do Sector da Saúde-PESS 2014-2019. Maputo, 2013 25. MIYAKE, T. Métodos de Extracção e Fraccionamento de Extractos. RJ, 2014 26. NANDI, B. et al. Free radicals mediated membrane damage by the saponinas acaciaside and acaciaside B. Phytotherapy, 2004. http://www.infoescola.com/bioquimica/ acessado no dia 06/05/2018. 27. NOVAES, M. R. & SOUZA, J. P.. Praziquantel synthesis. Rio de Janeiro, 1999. Disponível em www.principios-ativos-dos-fitoterapicos consultado no dia 02/04/18. 28. OMS. Estratégias de Cooperação da OMS com Moçambique. OMS, 2004. 29. PACHÚ, C.O.. Processamento de Plantas Medicinais para obtenção de extratos secos e líquidos. Centro de Ciência e Tecnologia. Paraíba, 2007. 30. RALATE, V.. Avaliação da composição fitoquímica da I. cairica (L). RJ, 2014 31. SHEVALE. U. L. et al.. Estudos fitoquímicos na A. racemosus. São Paulo, 2015. 32. SILVA, M.. Plantas com potencial terapêutico. Brasília, 2004. 33. SANTHI. K & SENGOTTUVEL. R.. Qualitative and Quantitative Phytochemical analysis of Moringa concanensis Nimmo. 2016 Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/analises/fitoquimicas/plantas acessado aos 03/04/18. 34. SONI. A. & SOSA. S.. Phytochemical Analysis and Free Radical Scavening Potential of Herbal and Medicinal Plant Extract. JPP. 2013. Disponível em http://curapelanatureza.com.br acessado no dia 28/02/2018. 35. TCHAMBULE, A. A.. Estudo Fitoquímico da Planta Aloe marlothii. Maputo, 2011. 36. YADAV. M. et al.. Preliminary phytochemical screening of six medical plants. São Paulo, 2014. Disponível em www.vesper./.Bilharziose consultado aos 28/05/2018 37. ZUANAZZI, J.A. & MONTANHA, J.A. Flavonoides. UFSC. Florianópolis, 2010. 38. http://www.verdade.co.mz/saude-e-bem-estar/290-bilharziose-infeccao-de-parasitas acessado aos 5/04/2018. 39. https://doencasesintomas.blogspot.com//esquistossomose-acessado aos 04/05/2018 40. http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2007/06/descobertas_132.html acessado aos 28/02/2018 41. https://www.mmo..mz/medicamentos-tradicionais-em-moç.acessado aos 28/03/2018 42. http://www.sbfgnosia.org.br/Ensino/taninos.html consultado aos 05.03.2018 43. http://Google Maps.blogs.com/mocambique_para_todos, acessado aos 18/2/2018 44. http://jornalnoticias.co.mz/index.php/provincia-em-foco/67329-inhambane-mais-de- um-milhao-assistido-a-elefantiase.html consultado aos 10/07/2018
  • 49. 48 Apêndice 1: Guião de Entrevista DELEGAÇÃO DE MASSINGA Av. FPLM, Bairro Cimento, Telef. 29371110, Fax 29371190, Caixa Postal 111, Massinga, Moçambique Guião de Entrevista Caríssimo Cidadão, a presente entrevista visa obter informações relacionadas com as partes de Sissani (Abrus precatorius) e Kalhwani (Tabernaumontana elegans) usadas no tratamento da Bilharziose (xikuhete) bem como acerca dos procedimentos usados no preparo e administração destas partes a nível do Povoado de Massambe. Assim, pede-se para que de forma sincera, honesta e responsável se respondam as questões presentes na presente entrevista. Importa referir que por questões éticas, os respondentes não são obrigados a mencionar a sua identidade. Desde já agradecemos a sua colaboração! 1. Guião de Entrevista 1.1. Data___/____/________ Guião de Entrevista número______ 1.2. Colector/pesquisador______________________________Local____________ ___ 2. Informação sobre o informante 2.1. Idade:___________anos 2.2. Categoria do praticante do informante: Ancião_________ Ervanário__________ Praticante da Medicina Tradicional ___________ 2.3. Sexo:____________Profissão:_________________Naturalidade:_________ 2.4. Tempo que reside no local: ____________anos 2.5. Há quanto tempo que trabalha com plantas medicinais? __________anos
  • 50. 49 2.6. Com quem aprendeu sobre o uso de plantas medicinais? ____________________________ 3. Informação sobre o uso de Sissani (Abrus precatorius) e Kalhwani (Tabernaumontana elegans) no tratamento da Bilharziose 3.1. Qual (Quais) a(s) parte(s) da Abrus precatorius (sissani) e Tabernaumontana elegans (Kalhwani) que usa no tratamento da bilharziose? ______________________________________________________ 3.2. Como prepara o remédio? ___________________________________________ 3.3. Como é feita administração dos medicamentos? __________________________ 3.4. Qual é a dosagem? ___________________________________________________ 3.5. Por quantas vezes faz se a medicação ao dia? ______________________________ 3.6. Qual é a duração do tratamento? _______________________________________ 3.7. Podem ser misturadas com outra (s) planta (s)? Sim □Não□. Se sim, qual (quais)?_________________________________________________________ 3.8. Algum paciente já teve complicações após a medicação? Sim□ Não □ Se sim, qual é?_____________________________________________________ 3.9. Há contra indicação? Sim□ Não□. Se sim, qual é?_______________________ 3.10.Além de bilharziose, que doenças esta planta trata também?__________________ Estudante Supervisores (Osvaldo Bernardo Muchanga) (PhD. Daniel Agotinho & MEd. Afonso Faustino Taela Munguambe)
  • 51. 50 Apêndice 2: Diferentes fases da pesquisa, desde a colecta dos dados até as análises fitoquímicas Legenda: F E B D C A H I A G
  • 52. 51 A- Colecta dos vegetais no Povoado de Massambe; B- Aspecto dos vegetais após a secagem; C- Trituração caseira dos vegetais; D- Aspecto dos vegetais triturados; E- Pesagem dos materiais vegetais; F- Processo de extracção; G- Processo da Filtração do extracto H- Processo de identificação dos metabólitos I- Centrifugador eléctrico Apêndice 3: Testes de Identificação de Princípios Activos 1. Testes de identificação de Taninos Materiais: Tubos de ensaio; Pipetas Reagentes: Extracto alcoólico da planta; Cloreto Férrico a 2% (FeCl3) Procedimento: Adiciona-se 2.5 ml do extracto alcoólico num tubo de ensaio e em seguida adicionam-se duas gotas de cloreto férrico FeCl3 a 2% (SONI & SOSA, 2013). Resultado: A mudança na coloração e formação de precipitado, onde as cores variam de azul, vermelho e verde constitui um indicativo da presença de Taninos (Idem). 2. Teste de identificação de flavonóides Materiais: Tubos de ensaio; Pipetas; Centrifugador eléctrico Reagentes: Extracto alcoólico da planta; Acetato de Chumbo (Pb(C2H3O2)2) Procedimentos: introduz-se 2ml do extracto alcoólico no tubo de ensaio os quais são tratados com algumas gotas de acetato de chumbo, com ajuda da pipeta. Por fim coloca-se no centrifugador eléctrico, a fim de deixar mais evidente o resultado (SONI & SOSA, 2013). Evidência: O aparecimento do precipitado de cor amarelo indica a presença de flavonóides. 3. Teste de identificação de terpenóides (teste de SALKOWSKI) Materiais: Tubos de ensaio; Pipeta (de vidro) Reagentes: Extracto alcoólico da planta; Clorofórmio (CHCl3); Ácido sulfúrico (H2SO4) Procedimentos: com ajuda de pipeta mistura-se 5ml do extracto com 2ml do clorofórmio num tubo de ensaio e, cuidadosamente, adiciona-se 3ml de H2SO4 (YADAV et al., 2014). Resultado: O aparecimento de uma camada na interface de cor castanha avermelhada mostra o resultado positivo para a presença de terpenóides (Ibid).
  • 53. 52 4. Teste de identificação de Esteróides Materiais: Tubos de ensaio; Pipetas Reagentes: Extracto alcoólico da planta; Anidrido Acético (C4H6O3); H2SO4 concentrado; Procedimentos: Adiciona-se 2ml de extracto alcoólico num tubo de ensaio e em seguida adiciona-se 1ml de Anidrido Acético e agita-se suavemente, e introduz-se cuidadosamente, 3 gotas de H2SO4 concentrado, e agita-se suavemente de novo. Resultado: O desenvolvimento de cores, indo do azul evanescente, ao verde persistente que indicam resultado positivo a presença de esteróides (SANTHI & SENGOTTUVEL, 2016). 5. Teste de identificação de saponinas Materiais: Tubos de ensaio; Pipetas Reagentes: Extracto alcoólico da planta; Água destilada. Procedimentos: Pipetar cerca de 0,5ml do extracto ao tubo de ensaio e de seguida colocar 5ml de água destilada e agitar (SONI & SOSA, 2013). Resultado: A formação de espuma persistente indica a presença de saponinas (Idem). 6. Teste de identificação de alcalóides (teste de MAYER) Materiais: Tubos de Ensaio; Pipetas (de vidro) Reagentes: Extracto alcoólico da planta; HCl; Reagente de Mayer. Procedimentos: num tubo de ensaio, coloca-se 2 ml do extracto, de seguida, 0,2ml de HCl diluído e 0,1ml de reagente de Mayer foram adicionados (TCHAMBULE, 2011). Evidência: A formação de um precipitado amarelo indica o resultado positivo para a presença de alcalóides (Ibid). 7. Teste de identificação de Antraquinonas (Reacção de Borntrager) Materiais: Tubos de Ensaio; Pipetas Reagentes: Extracto alcoólico da planta; Clorofórmio; NaOH a 10% Procedimentos: Num tubo de ensaio deita-se, com ajuda de pipeta, 0.5ml de extracto alcoólico, de seguida adiciona-se 1 ml de Clorofórmio e deixa-se a solução por 15 minutos e por fim adiciona-se 1ml hidróxido de sódio a 10% (SANTHI & SENGOTTUVEL, 2016). Evidência: O surgimento de uma coloração avermelhada na camada aquosa constitui uma evidência da presença de Antraquinonas (Idem). Referências Bibliográficas
  • 54. 53 1. SANTHI. K & SENGOTTUVEL. R. Qualitative and Quantitative Phytochemical analysis of Moringa concanensis Nimmo. 2016 2. SONI. A. & SOSA. S.. Phytochemical Analysis and Free Radical Scavening Potential of Herbal and Medicinal Plant Extract. JPP. 2013. 3. TCHAMBULE, A. A.. Estudo Fitoquímico da Planta Medicinal Aloe marlothii, Maputo, 2011. 4. YADAV. M. et al. Preliminary phytochemical screening of six medical plants used in traditional medicine. ISSN. São Paulo, 2014. Anexos
  • 55. 54 Anexo 1: Credencial dirigida ao Povoado de Massambe
  • 56. 55
  • 57. 56 Anexo2: Credencial dirigida ao laboratório de pesquisa de Produtos Naturais do Departamento de Biologia da Universidade Pedagógica-Sede