Este documento resume um estudo que utilizou netnografia e análise de redes sociais para analisar a inclusão social de pessoas com necessidades especiais em redes temáticas na web. O estudo analisou blogs sobre autismo, síndrome de Down, deficiência auditiva e paralisia cerebral, identificando padrões de interação e tipos de laços sociais entre os participantes. A combinação das duas metodologias permitiu entender melhor como a inclusão social ocorre nessas redes.
Introdução a Análise de Redes para Mídias SociaisTarcízio Silva
Introdução a Análise de Redes para Mídias Sociais, quarta parte do curso Monitoramento de Mídias Sociais: Inteligência de Mercado, em 30/07/15, na Cásper Líbero.
A performance como estratégia de visibilidade Romagaga no You TubeAdriana Amaral
Performances mediadas dos consumidores-personagens-fãs-webcelebridades: Romagaga e as estratégias de visibilidade no YouTube -
Com a Web 2.0, assiste-se à profusão de manifestações de consumidores sobre suas experiências associadas a marcas em plataformas diversas. Com o passar do tempo, observou-se desdobramentos desse quadro, identificável em apropriações variadas por parte das marcas e de seus públicos. Frente a isso, o tema desse estudo é a condição de performer do consumidor que, a partir de reclamação dirigida a marcas, negocia aspectos de sua identidade na web. Abordaremos as performances de “consumidores-personagens-fãs-webcelebridades” (doravante chamados de CPFW) e o que está em jogo a partir desse tipo de visibilidade, sobretudo, a partir de vídeos criados e compartilhados no YouTube. Nosso objetivo é investigar a performance de Romário Lima, mais conhecido como Romagaga - em seu canal no YouTube - em vídeos relativos às marcas Gol e TIM como processo de negociação de identidade, performatividade de gênero (BUTLER, 2007 ) e performance como estratégia de linguagem oral (ZUMTHOR, 2003). A escolha desse objeto de estudo deve-se aos seguintes critérios: 1) o crescimento das celebridades da web (LIESENBERG, 2012) e suas lógicas e dinâmicas de construção de ciberacontecimentos (HENN, 2013); 2) o processo de transformação de um fã em celebridade e em personagem, destacando a cultura dos fãs na gênese de diversos processos comunicacionais da internet; 3) a apresentação de um corpo queer em uma performatividade de gênero e representatividade possível em sites de redes sociais, já que, via de regra, a mídia massiva e a publicidade em geral ignoram esse tipo de consumidor (KRANBECK, 2012); 4) “estratégias de humor e do riso nas apropriações de conteúdos compartilhados” (BARBOSA;MONTE;LIESENBERG, 2013), como, por exemplo, o excesso de uso de bordões, características, também, de outros fenômenos da web como os “trolls” e os “fakes”(AMARAL; SANTOS, 2012). Em termos metodológicos, primeiramente tomamos o aporte conceitual da relação entre consumo digital e teoria da prática MONTARDO, 2013) e dos estudos de performance, sobretudo as performances mediadas, e, discutimos os estudos de fãs e celebridades em suas articulações com os fenômenos da web em um contexto macro. Em seguida, analisamos os vídeos pelos vieses apresentados e propomos alguns resultados preliminares, expandindo as noções de performance como “drama social” de Victor Turner (in: SCHECHNER, 2002) que não considerava a performance como algo à parte da vida social, mas como um lugar de negociação. Assim, no caso de Romagaga como CPFW, negocia-se a questão de gênero, muito mais do que apenas as reclamações dirigidas às empresas.
Introdução a Análise de Redes para Mídias SociaisTarcízio Silva
Introdução a Análise de Redes para Mídias Sociais, quarta parte do curso Monitoramento de Mídias Sociais: Inteligência de Mercado, em 30/07/15, na Cásper Líbero.
A performance como estratégia de visibilidade Romagaga no You TubeAdriana Amaral
Performances mediadas dos consumidores-personagens-fãs-webcelebridades: Romagaga e as estratégias de visibilidade no YouTube -
Com a Web 2.0, assiste-se à profusão de manifestações de consumidores sobre suas experiências associadas a marcas em plataformas diversas. Com o passar do tempo, observou-se desdobramentos desse quadro, identificável em apropriações variadas por parte das marcas e de seus públicos. Frente a isso, o tema desse estudo é a condição de performer do consumidor que, a partir de reclamação dirigida a marcas, negocia aspectos de sua identidade na web. Abordaremos as performances de “consumidores-personagens-fãs-webcelebridades” (doravante chamados de CPFW) e o que está em jogo a partir desse tipo de visibilidade, sobretudo, a partir de vídeos criados e compartilhados no YouTube. Nosso objetivo é investigar a performance de Romário Lima, mais conhecido como Romagaga - em seu canal no YouTube - em vídeos relativos às marcas Gol e TIM como processo de negociação de identidade, performatividade de gênero (BUTLER, 2007 ) e performance como estratégia de linguagem oral (ZUMTHOR, 2003). A escolha desse objeto de estudo deve-se aos seguintes critérios: 1) o crescimento das celebridades da web (LIESENBERG, 2012) e suas lógicas e dinâmicas de construção de ciberacontecimentos (HENN, 2013); 2) o processo de transformação de um fã em celebridade e em personagem, destacando a cultura dos fãs na gênese de diversos processos comunicacionais da internet; 3) a apresentação de um corpo queer em uma performatividade de gênero e representatividade possível em sites de redes sociais, já que, via de regra, a mídia massiva e a publicidade em geral ignoram esse tipo de consumidor (KRANBECK, 2012); 4) “estratégias de humor e do riso nas apropriações de conteúdos compartilhados” (BARBOSA;MONTE;LIESENBERG, 2013), como, por exemplo, o excesso de uso de bordões, características, também, de outros fenômenos da web como os “trolls” e os “fakes”(AMARAL; SANTOS, 2012). Em termos metodológicos, primeiramente tomamos o aporte conceitual da relação entre consumo digital e teoria da prática MONTARDO, 2013) e dos estudos de performance, sobretudo as performances mediadas, e, discutimos os estudos de fãs e celebridades em suas articulações com os fenômenos da web em um contexto macro. Em seguida, analisamos os vídeos pelos vieses apresentados e propomos alguns resultados preliminares, expandindo as noções de performance como “drama social” de Victor Turner (in: SCHECHNER, 2002) que não considerava a performance como algo à parte da vida social, mas como um lugar de negociação. Assim, no caso de Romagaga como CPFW, negocia-se a questão de gênero, muito mais do que apenas as reclamações dirigidas às empresas.
Ebook Blogs.com Estudos sobre blogs e comunicaçãoAdriana Amaral
Blogs.com. Estudos sobre blogs e comunicação Ebook organizado por mim, Raquel Recuero e Sandra Montardo. Ed. Momento Editorial, 2009
www.sobreblogs.com.br
Capa do livro Métodos de Pesquisa para Internet de Suely Fragoso, Raquel Recuero e Adriana Amaral - lançamento em fevereiro de 2011 pela Editora Sulina. Coleção Cibercultura
Ebook Blogs.com Estudos sobre blogs e comunicaçãoAdriana Amaral
Blogs.com. Estudos sobre blogs e comunicação Ebook organizado por mim, Raquel Recuero e Sandra Montardo. Ed. Momento Editorial, 2009
www.sobreblogs.com.br
Capa do livro Métodos de Pesquisa para Internet de Suely Fragoso, Raquel Recuero e Adriana Amaral - lançamento em fevereiro de 2011 pela Editora Sulina. Coleção Cibercultura
1. III Simpósio Nacional da ABCiber
Netnografia e Análise de Redes Sociais:
aplicações metodológicas em estudos
sobre inclusão social em redes temáticas
na Web (CNPq)
Prof. Dra. Sandra Portella Montardo (Feevale)
Mestrado em Inclusão Social e Acessibilidade
3. pergunta:
o que justifica o uso combinado de duas
metodologias (netnografia e análise
de redes sociais), oriundas de áreas
do conhecimento diferentes, em
um mesmo estudo?
4. 1. netnografia
- internet como contexto e artefato
culturais para captar performance de
comunidade na web.
(Hine, 2005).
- adaptação da etnografia para
netnografia (Kozinets, 2002).
5. 1. netnografia
- identificação e seleção das redes
temáticas (busca, blogrings, TCUD);
- organização dos dados em tabelas.
- envio de questionários.
6. 2. redes sociais
séc. XX: estudo da sociedade a partir do
conceito de rede.
redes sociais = atores + suas
conexões (interações ou laços sociais).
7. 2. ARS em ciências sociais
• análise matemática
da sociedade
(grafos), que
insere a metáfora
das redes na
sociedade;
8. 2. unidades de ARS na web
3.1. atores
3.2. padrões de conexões
= constituintes das
arestas da rede (IMC e
Relações Sociais)
3.2.1. laços sociais
3.2.2. capital social
3.2.3. processos
dinâmicos.
9. 3. projeto
projeto: inclusão social via socialização on-
line de Pessoas com Necessidades
Especiais (PNE) (CNPq);
objetivo: verificar como se dá a inclusão social
de PNE e de seus familiares em blogs.
10. 3. inclusão social (IS)
- Todas as formas de promover a autonomia de
indivíduos que se encontram, temporariamente ou
não, e, sob algum aspecto específico, em desvantagem a
outros grupos sociais;
- Processo permanente, embora não constante, em
que todos podem estar, simultaneamente, incluídos em
algumas situações e excluídos de outras;
- A Inclusão Digital (ID),pode ser vista como uma faceta
da IS;
(Montardo e Passerino, 2007; Azevedo e Barros, 2004; Ladeira e
Amaral, 1999; Sposati, 2006; Warshauer, 2006).
11. 3. problemas
- aspecto temático das redes exige que se
conheça a deficiência em questão
(netnografia);
- aspecto quantitativo dos sites de ARS;
- há diferença entre os possíveis nós nas
redes (suporte);(problematização da ARS);
12. 3. aspecto temático das redes
rede social na web que se estrutura em torno de
um tema específico e que se
mantém restrita a ele.
(Montardo, Passerino, 2008).
13. 3. modelo de ARS
Recuero (2005): modelo qualitativo, buscando
analisar
• organização: interação social
• estrutura: trocas sociais em grupo; capital
social e laços sociais
• dinâmica: modificações sofridas na rede
14. 3. foco na estrutura
- laços sociais (Granovetter, 1973, 1983).
- Bertolini e Bravo (2004) - tipos de capital social:
relacional, normativo, cognitivo, confiança no
ambiente social e institucional.
* laços sociais não foram problematizados, talvez
pela falta de análise de redes temáticas.
16. 3. hipótese
para ARS em redes temáticas na Web,
laço social e capital social devem ser
levados em conta de forma
interdependente para estabelecimento
do tipo de laço estabelecido.
17. 4. redes já analisadas e suportes
- autismo e síndrome de asperger (blogs)
- síndrome de down (fotologs)
- deficiência auditiva (blogs)
- deficiência visual (blogs, Twitter)*
- paralisia cerebral (blogs e Orkut)*
* em andamento.
18. 4.1 autismo e síndrome de asperger
Blogs analisados No. de No. de No. de links No. de links no Tipo de capital Tipo de capital
postagens comentários que partem do blogroll em blogs social que indica social presente
em 2007 em 2007 blog no do webring laço forte nos comentários
(até (até setembro) blogroll que indica laço
setembro ) fraco
1. Blog 1 11 23 de 17 31 6 Cognitivo Relacional
pessoas
2. Blog 2 20 274 de 13 20 - Cognitivo Relacional
3. Blog 3 6 27 de 15 4 4 Relacional Cognitivo.
pessoas
4. Blog 4 2 18 de 17 8 1 Relacional Cognitivo.
pessoas
5. Blog 5 29 92 de 35 12 3 Relacional Cognitivo
pessoas
6. Blog 6 3 2 de 2 12 1 Relacional Cognitivo
pessoas.
7. Blog 7 Nenhuma - 8 1 - -
postagem
em 2007
8. Blog 8 30 819 de 113 35 3 Relacional. Cognitivo
pessoas
9. Blog 9 Nenhuma - 9 2 - -
postagem
em 2007.
10. Blog 10 Nenhuma - 2 - - -
postagem
em 2007.[1]
19. 4.1 autismo e síndrome de
asperger
1. Blog 1 2. Blog 2 3. Blog 2 4. Blog 4 5. Blog 5 6. Blog 6 7. Blog 7
No. de 11 20 6 2 29 3 30
posts
entre jan. e
set. de
2007
Média de 2,1 13,7 4,5 9 3,2 0,7 27,3
comen
tários
por
posts
Média de 1,3 21,1 1,8 1,1 2,6 1 7,2
comen
tários
por
pesso
a
20. 4.1 resultado rede temática A e
AS em blogs
rede temática constituída em blogs;
desconhecimento sobre A e AS = texto para
esclarecer dúvidas dos pais;
laços fracos e fortes em torno de capital
social cognitivo e capital social relacional.
22. 4.2 dados tabela SD (fotologs):
Organização dos dados coletados:
- URL do álbum e de cada foto, acompanhada da transcrição da legenda e da
data/hora de sua publicação.
- Sobre a foto1)Onde a foto foi tirada?2) Como foi tirada (posada ou
espontânea)?;3) Quem aparece na foto?4) Quem tirou a foto?5) Em que
contexto é mostrada a SD?
- Tipo de uso do fotográfico (Kuhn Jr., 2008)
- Comentários (autor, e-mail e/ou URL do autor, transcrição do comentário,
data/hora de sua publicação.
- Capital Social
- Laços Sociais
23. 4.2. dados tabela SD (fotologs):
laços fortes a partir da capital social relacional
(nafoto.net);
fotos de encontros presenciais;
em e-mails (texto), capital social cognitivo;
confiança no ambiente social (rede e
encontros presenciais);
24. 4.3 blogs deficiência auditiva
(blogs):
63 blogs sobre DA e de informados;
11 blogueiros permitiram análise;
6 portugueses e 5 brasileiros;
7 blogueiros com DA e 4 informados;
período: janeiro de 2007 a outubro de 2008;
25. 4.3 blogs deficiência auditiva:
rede não é temática entre DA, apenas
entre informados;
aspecto frágil de rede (links) inscrita em uma rede
maior abordando a deficiência auditiva;
pouca interação na rede da amostra;
laços predominantes fortes (relacionais) entre DA
e fracos entre informados (cognitivos).
26. 4.4 blog coletivo PC:
• 23 colaboradores (mães/pais de PC) e 4 PCs
• Postagens: 36
• Comentários: 427 (máximo de 25 por postagem)
• Média: 11,9 comentários por postagem
Período: Dezembro 2006 a Janeiro de 2009
27. 4.4 blog coletivo PC:
• blog foi originado a partir de comunidade do Orkut, com
objetivo de organizar
e disponibilizar
discussão e informações sobre o
tema.
• postagens têm vídeos, fotos e links.
• organização por tags: “depoimento de
mãe/pai” e “depoimento de jovem/adulto com PC”.
28. 4.4 blog coletivo PC:
- predominância de capital social relacional
(mães/pais PC), mas ocorrência de capital
social cognitivo, principalmente entre PCs;
- Confiança no ambiente social (blog
coletivo)
29. considerações finais
• redes sempre são maiores do que as analisadas
(recorte);
• em redes temáticas na web há sobreposição de
laços relacionais (voluntários) e laços
associativos (pertencimento) (Breiger, 1974);
• há diferentes apropriações conforme
plataforma que suporta a interação e a rede
temática em questão.
30. considerações finais
algumas plataformas escolhidas favorecem mais
o capital social confiança no ambiente
social mais explícita (fotologs no nafoto.net
e blog coletivo).
redes com suportes mantidos pelos sujeitos com
deficiência não se configura como
temática (abordam outros temas).
31. considerações finais
netnografia + análise de redes sociais
• o fato de a rede ser temática justifica o uso da
netnografia para que se capte a
performance de comunidade;
• ARS vai possibilitar identificação de padrão
de socialização nas diferentes redes, com
análise de estrutura e dinâmica para
identificação da Inclusão Social.
33. Referências
Artigos sobre projeto aqui exposto estão disponíveis em
www.sandramontardo.com, link Textos.
RECUERO, R. Comunidades em Redes Sociais na
Internet. Proposta de tipologia baseada no
Fotolog.com. Tese de Doutorado. Programa de
Pós-Graduação em Ciências da Comunicação e da
Informação. Universidade Federal do Rio Grande do
Sul. Porto Alegre, 2006.