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MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
Aula 1 - Mudança climática
Aula 2 - Questões e impactos ambientais
Aula 3 - Uso de recursos
Aula 4 - Poluição
Aula 5 - Revisão da Unidade
Referências
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INTRODUÇÃO
Olá, estudante, seja bem-vindo à aula sobre mudanças climáticas. Nesta aula, você vai aprender sobre os
principais fatores que contribuem para o aquecimento global, as medidas que estão sendo tomadas para
mitigar seus efeitos e o papel do mercado de carbono na redução das emissões de gases de efeito estufa.
Para combater o aquecimento global e seus impactos, é crucial promover ações que envolvam a mitigação das
emissões, a adaptação às mudanças climáticas e a conscientização da sociedade. Investimentos em energias
renováveis, transporte sustentável, preservação de áreas naturais e práticas agrícolas mais sustentáveis são
alguns caminhos a percorrer em busca desse objetivo. Além disso, a educação ambiental desempenha um
papel fundamental, capacitando as pessoas a agirem de forma consciente e responsável em relação ao meio
ambiente.
A mudança global exige um esforço coletivo e comprometimento de governos, empresas e cidadãos. Somente
com ações integradas e sustentáveis poderemos preservar nosso planeta para as gerações futuras. Nesse
contexto, é necessário ainda compreender a gravidade dos problemas ambientais e buscar soluções que
promovam a harmonia entre o desenvolvimento humano e a proteção dos recursos naturais.
Aula 1
MUDANÇA CLIMÁTICA
Olá, estudante, seja bem-vindo à aula sobre mudanças climáticas. Nesta aula, você vai aprender sobre
os principais fatores que contribuem para o aquecimento global, as medidas que estão sendo
tomadas para mitigar seus efeitos e o papel do mercado de carbono na redução das emissões de
gases de efeito estufa.
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Você também vai desenvolver habilidades para analisar dados, argumentar criticamente e propor soluções
para os desafios ambientais do século XXI. Esperamos que você aproveite esta oportunidade de ampliar seus
conhecimentos e se engajar em uma questão vital para o futuro do planeta. Juntos, podemos construir um
futuro mais sustentável e resiliente. Bons estudos!
OS PRINCIPAIS CONCEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS
O sistema climático é composto por vários elementos interativos e complexos, incluindo a atmosfera, a
superfície terrestre, neve, gelo, oceanos e outros corpos de água, além dos seres vivos. Todos esses
componentes desempenham um papel essencial no funcionamento do sistema climático. Existem três
mecanismos principais que podem influenciar as alterações no balanço de radiação da Terra. O primeiro está
relacionado a mudanças na radiação solar incidente, que podem ocorrer devido a mudanças na órbita da
Terra ou no próprio Sol. O segundo mecanismo envolve alterações no albedo de uma região, ou seja, na
fração de radiação solar refletida. Essas alterações podem ser causadas por mudanças na cobertura de
nuvens, partículas atmosféricas ou vegetação. Por fim, o terceiro mecanismo refere-se a alterações na
radiação de onda longa liberada pela Terra para o espaço, que podem ocorrer devido a mudanças na
concentração de gases de efeito estufa (CORTESE; NATALINI, 2014).
As mudanças climáticas são alterações significativas que ocorrem no clima do nosso planeta ao longo de um
período extenso, que pode abranger décadas ou até mais. Essas mudanças podem ser causadas por eventos
naturais, como erupções vulcânicas ou alterações na quantidade de radiação solar que a Terra recebe. No
entanto, também podem ser desencadeadas por atividades humanas, como o aquecimento global que vem
sendo observado nas últimas décadas (IPCC, 2023).
O aquecimento global, especificamente, tem um impacto substancial no clima global. Ele pode alterar os
padrões climáticos aos quais estamos acostumados, provocar o aumento do nível do mar, causar o
derretimento de geleiras e gerar uma série de outros efeitos que alteram significativamente nosso ambiente.
Mas o que é exatamente o aquecimento global? De acordo com o Painel Intergovernamental de Mudanças
Climáticas (IPCC), um órgão das Nações Unidas responsável por produzir informações científicas sobre o
clima, o aquecimento global é o aumento progressivo da temperatura média da Terra. Este aumento é
causado principalmente pelo acúmulo de certos gases na atmosfera, conhecidos como gases de efeito estufa
(GEE).
O efeito estufa é um processo natural fundamental para a vida na Terra. Ele ocorre quando alguns gases na
atmosfera retêm calor do sol, mantendo nosso planeta aquecido. Esses gases incluem dióxido de carbono
(CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O) e vapor d'água. Sem eles, a Terra seria muito fria para sustentar a
vida como a conhecemos.
Figura 1 - Mudanças climáticas
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No entanto, ações humanas têm aumentado a quantidade desses gases na atmosfera. Atividades como a
queima de combustíveis como gasolina e diesel, a queima de madeira e o desmatamento estão liberando
maior quantidade desses gases na atmosfera. Como resultado, mais calor é retido na Terra, o que eleva a
temperatura do planeta e provoca mudanças no clima.
Os principais culpados são o dióxido de carbono (CO2) e o metano (CH4), que são liberados principalmente
pela queima de combustíveis fósseis, desmatamento e agricultura intensiva (WWF, 2022). Os combustíveis
fósseis são formados pela decomposição de organismos que morreram milhões de anos atrás, e esses
depósitos ricos em carbono são extraídos e queimados para gerar energia. Esses combustíveis, que
atualmente fornecem cerca de 80% da energia mundial (CLIENT EARTH, 2022), liberam grandes quantidades
de CO2 quando queimados.
O desmatamento é a remoção intencional e permanente de florestas, associadas com o crescimento dos
mercados para os produtos que produzem a mudança de uso do solo como para agricultura, indústria
madeireira e com a urbanização e o crescimento populacional (RIVERO et al, 2009). Assim como a queima de
combustíveis fósseis, o desmatamento contribui para o aumento das emissões de gases de efeito estufa, além
de causar perda de biodiversidade, degradação do solo e impactar os ciclos climáticos e hídricos regionais.
Para combater as mudanças climáticas, foram estabelecidos acordos internacionais, como o Protocolo de
Quioto em 1997, que complementa a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima
(UNFCCC, na sigla em inglês). Ele estabeleceu metas de redução de emissões para países desenvolvidos e
aqueles em transição para o capitalismo, uma vez que esses países são os principais responsáveis históricos
pelas mudanças climáticas atuais.
O Protocolo de Quioto entrou em vigor em 16 de fevereiro de 2005, após ser ratificado por pelo menos 55%
dos países-membros da Convenção, representando no mínimo 55% do total das emissões de 1990. Seu
objetivo principal é reduzir as emissões de gases de efeito estufa para combater o aquecimento global e suas
Fonte: Shutterstock.
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consequências.
Além disso, a Agenda 21, um documento resultante da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento de 1992, propõe diretrizes para o desenvolvimento sustentável, abordando temas como
proteção dos ecossistemas, desenvolvimento econômico equitativo, erradicação da pobreza e promoção da
participação social.
Existem dois tipos principais de mercados de carbono: regulado e voluntário (BNDES, 2022). O mercado
regulado, também conhecido como mercado de conformidade, é regido por leis ou acordos internacionais,
como o Protocolo de Quioto. Nele, os países ou empresas têm limites legais (cotas) para suas emissões de
gases de efeito estufa. Se ultrapassarem esses limites, devem comprar créditos de carbono para compensar
as emissões excedentes.
Já o mercado voluntário de carbono não é regido por leis obrigatórias, mas por iniciativas individuais, de
empresas ou de organizações que desejam reduzir voluntariamente suas emissões de carbono. Essas
entidades compram créditos de carbono para compensar suas emissões, mesmo que não sejam legalmente
obrigadas a fazê-lo.
TORNANDO AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS UMA PRIORIDADE: IMPACTOS GLOBAIS E AÇÕES LOCAIS
As mudanças climáticas não são mais uma previsão, mas sim uma realidade com a qual a população mundial
precisa lidar. Testemunhamos seus efeitos no nosso cotidiano: a infraestrutura de cidades ameaçada, a
produtividade das lavouras reduzida, os oceanos alterados e a disponibilidade de peixes em risco. Devido à
gravidade e abrangência dessas consequências, o termo "crise climática" tornou-se amplamente adotado
(WWF, 2023). Os fenômenos climáticos deslocaram mais de 30 milhões de pessoas em 2020, tornando-as mais
vulneráveis à pobreza. Além disso, há milhões de pessoas refugiadas que ainda residem em regiões
vulneráveis às mudanças climáticas, como áreas propensas a inundações e tempestades, e enfrentam a falta
de recursos essenciais para se adaptarem a ambientes cada vez mais desafiadores (ONU, 2021).
Outro instrumento importante na luta contra as mudanças climáticas é o conceito de crédito de carbono,
uma unidade de medida que equivale à redução de 1 tonelada de CO2 emitida na atmosfera. Este
conceito foi introduzido no Protocolo de Quioto em 1997, para incentivar os países a reduzir as emissões
de gases de efeito estufa.
Os mercados de crédito de carbono são sistemas que permitem a empresas, organizações e até indivíduos
balancear suas emissões de gases de efeito estufa. Eles fazem isso adquirindo créditos que são gerados por
projetos que reduzem as emissões desses gases ou capturam carbono da atmosfera. O princípio que rege
esses mercados é transferir o custo social das emissões de gases de efeito estufa para aqueles que os emitem
(NEXO, 2023).
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Em 2019, cerca de 356 mil pessoas morreram de doenças ligadas a intensas ondas de calor em todo o mundo
(THE LANCET, 2021). O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, 2023) assegura com 90%
de confiança que o aquecimento global é consequência das atividades humanas. Entre as principais ações que
contribuem para esse aquecimento estão: a queima de combustíveis fósseis (derivados do petróleo, carvão
mineral e gás natural) para geração de energia e transportes; a mudança no uso do solo; a agropecuária; o
descarte inadequado de resíduos sólidos e o desmatamento.
No Brasil, as mudanças do uso do solo e o desmatamento são as principais fontes de nossas emissões,
colocando o país entre os maiores emissores de gases de efeito estufa do mundo. As mudanças de uso da
terra responderam por 49% das emissões brutas de gases de efeito estufa do país em 2021, seguidas da
agropecuária, com 25%, o país é o sétimo maior emissor de gases de efeito estufa do mundo (OBSERVATÓRIO
DO CLIMA, 2023). Quando há incêndios florestais ou áreas são desmatadas, esse carbono é liberado para a
atmosfera, contribuindo para o efeito estufa e o aquecimento global. No entanto, as emissões de GEE por
outras atividades, como agropecuária e geração de energia, têm aumentado significativamente ao longo dos
anos.
A queima de combustíveis fósseis, como carvão, petróleo e gás natural, para geração de energia e transporte,
é uma das principais fontes de emissões de CO2. A indústria, a agricultura e o desmatamento também
contribuem para a liberação desses gases.
Incêndios florestais não só liberam carbono para a atmosfera, mas também afetam a qualidade do ar,
prejudicam a saúde humana e reduzem a biodiversidade. O desmatamento, sobretudo em florestas tropicais
como a Amazônia, contribui para a perda de habitats, redução da biodiversidade e intensificação do efeito
estufa, visto que as árvores desempenham um papel crucial na regulação do equilíbrio atmosférico.
Considerando essa situação, fica evidente a importância contínua do debate sobre a adaptação às mudanças
climáticas no Brasil e em outros países da América Latina e do Caribe. É essencial que os responsáveis pela
tomada de decisões priorizem esse tema (CORTESE; NATALINI, 2014).
O Brasil é signatário do Protocolo de Quioto, um acordo internacional que estabelece metas de redução das
emissões de gases de efeito estufa. Este acordo introduziu três mecanismos para auxiliar os países a atingir
suas metas de redução de emissões: Comércio de Emissões, Implementação Conjunta e Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo (MDL). Estes mecanismos proporcionam aos países a possibilidade de reduzir suas
emissões de forma mais eficiente e promover projetos sustentáveis em outros países. Esse acordo
representou um marco significativo nas negociações internacionais sobre o clima e resultou em uma
conscientização global sobre a necessidade de ações concretas para mitigar as mudanças climáticas.
A Agenda 21 incentiva ações integradas entre governos, sociedade civil e o setor privado para enfrentar de
forma coesa os desafios ambientais. Essa agenda promove a integração de políticas sustentáveis, estimula a
participação da sociedade civil, incentiva a cooperação entre os setores público e privado e busca o equilíbrio
entre os aspectos sociais, econômicos e ambientais do desenvolvimento. Além disso, a Agenda 21 contribui
para a conscientização ambiental e para a criação de estratégias de longo prazo para alcançar o
desenvolvimento sustentável.
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A implementação dos créditos de carbono traz diversas vantagens. Em primeiro lugar, é um mecanismo que
incentiva a redução das emissões de GEE e contribui para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Ao criar
um mercado para a compra e venda desses créditos, as empresas são estimuladas a adotar práticas mais
sustentáveis e a investir em projetos de redução de emissões. Além disso, os créditos de carbono podem
impulsionar o desenvolvimento econômico e tecnológico, promovendo a transição para uma economia de
baixo carbono.
Os créditos de carbono desempenham um papel importante na mitigação das mudanças climáticas e na
transição para uma economia sustentável. Suas características, vantagens e desvantagens devem ser
cuidadosamente consideradas na implementação desses mecanismos. No caso do Brasil, é necessário
enfrentar desafios relacionados à governança ambiental e ao combate ao desmatamento ilegal, visando
aproveitar o potencial do país na geração de créditos de carbono e promover o desenvolvimento sustentável.
APLICANDO CONCEITOS DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA PRÁTICA: EXEMPLOS DE AÇÕES LOCAIS
E SETORES PROFISSIONAIS
Os conceitos relacionados às mudanças climáticas estão sendo aplicados no mundo real e estão impactando e
sendo abordados em vários setores profissionais. No setor de transportes, por exemplo, o aumento do uso de
veículos elétricos e híbridos está ajudando a reduzir as emissões de CO2. Outra aplicação prática são as
empresas compartilhamento de bicicletas e patinetes elétricos, uma alternativa aos carros particulares e ao
transporte público para viagens curtas, essas empresas podem ajudar a reduzir as emissões de gases de
efeito estufa provenientes do setor de transporte, um dos maiores contribuintes para a mudança climática.
Hoje, a Tembici com o projeto Bike Itaú, seguem operando nesse segmento no Brasil, incentivando a
mobilidade urbana sustentável.
As políticas públicas são essenciais para a redução das emissões de gases de efeito estufa, pois elas podem
orientar, incentivar e regular as ações dos diferentes setores da sociedade para diminuir o impacto das
atividades humanas no clima. A implementação do Protocolo de Quioto é um exemplo de política pública
voltada para as mudanças climáticas. No nível local, muitas cidades estão adotando planos de ação climática.
Um bom exemplo é a cidade de São Paulo, que, no ano de 2009, lançou a Política Municipal de Mudança do
Os Relatórios do Fórum Econômico Mundial também desempenham um papel crucial no contexto das
políticas públicas voltadas à mudança do clima. Em 2022, o relatório anual destacou os principais riscos e
desafios globais, incluindo questões ambientais. Ao analisar as perspectivas econômicas e sociais, ele enfatiza
a necessidade de ações concretas para mitigar as mudanças climáticas e promover a resiliência diante de seus
impactos.
Em 2022, o governo brasileiro promulgou o Decreto nº 11.075/2022 que regulamenta o mercado de
créditos de carbono no país, focando na exportação desses créditos para países e empresas que
necessitam compensar suas emissões. Esta regulamentação tem como objetivo impulsionar a economia
verde e aproveitar o potencial do Brasil na geração de créditos de carbono (MMA, 2022).
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Clima e, mais recentemente, em 2021, apresentou o Plano Municipal de Ação Climática. Dentro deste plano, a
meta estabelecida é eliminar 17 milhões de toneladas de Gases de Efeito Estufa (GEE) até o ano de 2030. O
plano também prevê a implementação de medidas que visem reduzir as vulnerabilidades sociais, econômicas
e ambientais, facilitando, assim, um processo de adaptação mais efetivo.
Nos últimos anos, a administração pública local, incluindo tanto o governo executivo quanto o legislativo,
abordou ativamente a questão, colocando-a como uma prioridade da agenda da cidade. Como resultado,
foram criadas leis e políticas públicas com o objetivo de lidar com os efeitos adversos desse fenômeno,
concentrando-se em medidas de prevenção, remediação, mitigação e adaptação (CORTESE, NATALINI, 2014). A
cidade de São Paulo já começou a tomar ações concretas em relação a essas metas. Algumas dessas ações
incluem a substituição de lâmpadas tradicionais por lâmpadas LED, a substituição de veículos a diesel na frota
de transporte público, a criação de Ecopontos, a implementação de um sistema de coleta seletiva de resíduos
e a instalação de jardins de chuva, que ajudam a gerenciar o escoamento da água durante fortes
precipitações.
As empresas também têm um papel importante na redução das emissões de gases estufa, pois elas são
responsáveis por uma parte significativa das atividades que geram essas emissões, como a queima de
combustíveis fósseis, os processos industriais, o transporte e o consumo de energia.
A Natura, uma renomada empresa brasileira de cosméticos, tem um compromisso profundo com a
sustentabilidade. Ela utiliza ingredientes naturais de forma responsável, esforça-se para minimizar o uso de
embalagens e investe em projetos de reflorestamento. Um exemplo notável é o Programa Natura Carbono
Neutro. Iniciado em 2007, este programa tem como objetivo compensar 100% das emissões de gases de
efeito estufa geradas pelas atividades da empresa. Portanto, a Natura já neutralizou todas as emissões de
carbono decorrentes de suas operações desde então.
Outro caso, certificada como B-Corp, uma certificação que atesta o compromisso da empresa com padrões
rigorosos de desempenho social e ambiental, transparência e responsabilidade, é a empresa Patagonia de
equipamentos e roupas para atividades ao ar livre, tem uma longa história de envolvimento em questões
ambientais e climáticas. Em 2019, a Patagonia recebeu o título de 'Campeã da Terra', o maior prêmio
ambiental concedido pela Organização das Nações Unidas (ONU). Esse prêmio reconheceu a abordagem
inovadora da empresa que colocou a sustentabilidade no centro do seu modelo de negócios bem-sucedido.
Atualmente, quase 70% dos produtos fabricados pela Patagonia provêm de materiais reciclados, entre eles,
garrafas plásticas, e a empresa tem o objetivo de alcançar o uso de 100% de materiais renováveis ou
reciclados até 2025. Além disso, a Patagonia mantém um compromisso com a filantropia voltada ao meio
ambiente, destinando 1% de suas vendas totais para organizações ambientalistas por meio do programa '1%
for the Planet'. Esta ação já resultou em doações de aproximadamente US$ 90 milhões para organizações de
base e capacitou milhares de jovens ativistas durante os últimos 35 anos.
O Brasil pode se beneficiar financeiramente com a venda de créditos de carbono. Devido à extensa cobertura
florestal do país, principalmente na Floresta Amazônica, o país possui potencial para gerar créditos ao
preservar suas áreas naturais e reduzir o desmatamento. Estimativas indicam que o Brasil poderia gerar até
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R$ 26 bilhões por ano com a venda de créditos de carbono, com potencial de criação de 1,5 milhão de
empregos até 2030 (MCKINSEY & COMPANY, 2021).
Na Amazônia, o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) tem um papel ativo na pesquisa e
promoção de soluções sustentáveis. Eles têm trabalhado na criação de um mercado de carbono que
compensa os povos indígenas e as comunidades locais pela conservação das florestas. Outro projeto,
localizado no estado do Amapá, o Projeto REDD (Redução de Emissões de Desmatamento e Degradação
florestal) Jari/Amapá é um dos exemplos de projeto que gera créditos de carbono no Brasil. Por meio da
preservação de uma grande área de floresta tropical, o projeto evita a emissão de milhões de toneladas de
carbono que seriam liberadas pelo desmatamento e queima da floresta.
VIDEOAULA
Olá, estudante, para ampliar seus conhecimentos sobre as mudanças climáticas, compreendendo tanto os
aspectos científicos quanto as políticas públicas relacionadas ao tema, assista ao vídeo da aula que aborda
diversos aspectos relacionados s mudanças climáticas.
Neste vídeo, discutiremos as causas naturais e os impactos humanos sobre as mudanças climáticas.
Abordaremos temas como o aquecimento global, o efeito estufa, a emissão de gases, as queimadas e os
desmatamentos, que desempenham um papel fundamental nesse cenário. Discutiremos ainda os principais
protocolos, acordos e políticas para a redução das emissões de gases de efeito estufa, que destaca as
questões ambientais na agenda global.
Por fim, abordaremos um instrumento econômico de extrema relevância no contexto das mudanças
climáticas: os créditos de carbono. Exploraremos como essa ferramenta pode incentivar a redução das
emissões de gases de efeito estufa, promovendo a sustentabilidade e a transição para uma economia de
baixo carbono.
Compreender essas questões nos permitirá refletir sobre o impacto de nossas ações no meio ambiente e na
sustentabilidade do planeta.
 Saiba mais
Livro – Crise climática e o Green New Deal global: a economia política para salvar o planeta
ONU – O que são mudanças climáticas?
Akatu - Primeiros passos Crise climática.
NexoJornal – Crédito de carbono: a aposta de mercado contra o efeito estufa.
Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG)
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
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Calculadora de Pegada Ecológica.
INTRODUÇÃO
Olá, estudante, seja bem-vindo à nossa segunda aula da unidade Meio Ambiente e Sustentabilidade, na qual
exploraremos as questões e os impactos dos programas de sustentabilidade nos meios organizacional,
público e social.
Vivemos em um mundo em constante transformação, no qual a busca pelo equilíbrio entre o progresso
econômico e a preservação ambiental se torna cada vez mais crucial. A sustentabilidade emerge como um
conceito fundamental nessa busca, com o objetivo de atender às necessidades do presente sem comprometer
as gerações futuras.
Nessa aula, discutiremos os dilemas do desenvolvimento sustentável, examinaremos os pilares da
sustentabilidade em relação à cadeia produtiva e abordaremos a noção de sociedade de risco, seus impactos
no meio ambiente, o risco social dos problemas ambientais e o esgotamento de recursos.
Aula 2
QUESTÕES E IMPACTOS AMBIENTAIS
Olá, estudante, seja bem-vindo à nossa segunda aula da unidade Meio Ambiente e Sustentabilidade,
na qual exploraremos as questões e os impactos dos programas de sustentabilidade nos meios
organizacional, público e social.
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Ao final desta aula, espero que você tenha adquirido uma compreensão mais aprofundada das questões e dos
impactos dos programas de sustentabilidade nos meios organizacional, público e social. Também espero que
tenhamos despertado uma consciência maior sobre os dilemas do desenvolvimento sustentável, os pilares da
sustentabilidade na cadeia produtiva e os desafios da sociedade de risco. Lembrem-se: a sustentabilidade é
uma responsabilidade compartilhada por todos nós e cada ação individual pode fazer a diferença na
construção de um futuro mais sustentável.
Bons estudos!
PROGRAMAS DE SUSTENTABILIDADE: FUNDAMENTOS, ATORES E DESAFIOS NA CONSTRUÇÃO DE
UM FUTURO SUSTENTÁVEL
Agora, exploraremos os conceitos fundamentais e as classificações dos programas de sustentabilidade. Em
um mundo cada vez mais consciente dos desafios ambientais, sociais e econômicos, os programas de
sustentabilidade desempenham um papel crucial na busca por soluções duradouras.
Um programa de sustentabilidade é um roteiro acionável detalhando as medidas e atividades relacionadas
que geram resultados e contam sua história de sustentabilidade. Inclui estrutura organizacional, iniciativas
bem definidas e planos de implementação específicos (GREEN BUSINESS BUREAU, 2021).
Os programas de sustentabilidade no meio organizacional são desenvolvidos por empresas e organizações
privadas com o objetivo de reduzir seu impacto ambiental e promover práticas sustentáveis. Geralmente
incluem a definição de metas e indicadores de desempenho ambiental, a adoção de tecnologias mais limpas,
o estabelecimento de cadeias de suprimentos sustentáveis e a promoção da responsabilidade social
corporativa (UN GLOBAL COMPACT, 2021).
Após a implementação do programa e o alcance das metas ambientais estabelecidas, uma etapa de avaliação
será realizada para enfocar a constante melhoria do desempenho ambiental. Ao elaborar um plano de gestão
ambiental, os responsáveis pela atividade ou empreendimento se empenharão em abordar todos os efeitos
ambientais associados a ele, debatendo e implementando estratégias para reduzir ou eliminar esses impactos
(VALLE et al., 2019).
Os governos também desempenham um papel fundamental na promoção da sustentabilidade, por meio
de uma variedade de intervenções políticas e medidas de financiamento. Essas ações têm como objetivo
apoiar a transformação dos sistemas energéticos e industriais, melhorar a eficiência energética,
combater a poluição ambiental e proteger e restaurar o capital natural (EY, 2022). Os programas de
sustentabilidade no meio público são implementados por governos e instituições governamentais para
promover práticas ambientalmente responsáveis em nível regional, nacional ou internacional.
Quando implementados por organizações da sociedade civil, movimentos sociais e comunidades locais, são
denominados programas de sustentabilidade no meio social e têm como objetivo promover a conscientização
ambiental, capacitar as comunidades e incentivar práticas sustentáveis no nível individual e coletivo. Essas
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O conceito de desenvolvimento sustentável é de fundamental importância para compreendermos os desafios
e as soluções necessárias para promover um futuro viável e equilibrado. O conceito surgiu durante a
Comissão de Brundtland, na década de 1980, onde foi elaborado o relatório Our Commom Future, "É a forma
como as atuais gerações satisfazem suas necessidades sem, no entanto, comprometer a capacidade das
gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades" (SCHARF, 2004, p.19).
Portanto, é essencial que governos, empresas e organizações levem em conta o equilíbrio dos seguintes
elementos ao planejar e executar suas ações no processo de tomada de decisões: a) Aspectos econômicos
(estimular o crescimento e o desenvolvimento econômico); b) Aspectos sociais (atender às necessidades
humanas); c) Aspectos ambientais (preservar a capacidade de regeneração e recuperação do ambiente
natural) (DIAS, 2015; PEREIRA; SILVA; CARBONARI, 2017).
Nos conceitos mais recentes de desenvolvimento sustentável, há o reconhecimento crescente da importância
de envolver múltiplos atores e adotar uma perspectiva da cadeia produtiva para promover a sustentabilidade.
A perspectiva da cadeia produtiva é essencial para entender o impacto ambiental, social e econômico de um
produto ou serviço em todas as etapas de sua vida útil – desde a extração de recursos até o descarte final.
Isso envolve a análise dos processos de produção, transporte, distribuição, consumo e descarte, e como eles
afetam os recursos naturais, o meio ambiente e as comunidades envolvidas (ONU, 2022).
Nessa perspectiva complexa, integrada e interdependente, as Nações Unidas em 2015 como parte da Agenda
2030 para o Desenvolvimento Sustentável, propuseram os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS),
uma série de 17 objetivos interconectados que visam abordar os principais desafios globais, como a
erradicação da pobreza, a proteção do meio ambiente, a promoção da igualdade de gênero, o acesso à
educação, a melhoria da saúde e o combate às mudanças climáticas.
Diante da nova configuração social em que perigos e riscos são produzidos pela atividade humana, o
sociólogo alemão Ulrich Beck, em 2002, propôs o conceito de “sociedade de risco”, os riscos são gerados
principalmente por avanços científicos e tecnológicos, pela industrialização, pela globalização e pela
exploração indiscriminada dos recursos naturais. Esses riscos podem assumir várias formas, como acidentes
nucleares, desastres ambientais, crises econômicas, epidemias, alterações climáticas, entre outros (LEHFELD;
NETO, 2022).
Uma pesquisa da Mckinsey (2016) destacou dois riscos da cadeia produtiva: o primeiro está relacionado ao
impacto na sustentabilidade do fornecimento de bens e serviços aos clientes. Isso envolve a capacidade de as
empresas de fornecer produtos de forma sustentável, considerando aspectos como eficiência energética,
redução de emissões de carbono, gestão responsável de recursos naturais e práticas de trabalho justas.
organizações têm como características a ausência de finalidades lucrativas, o foco no interesse público e a
atuação em áreas que frequentemente não são abrangidas pelo setor público ou pelo setor privado.
Promovem a participação ativa das comunidades na proteção do meio ambiente, fortalecem os laços sociais e
culturais e empoderam grupos marginalizados (GIFE, 2020).
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Outro tipo de risco está ligado ao impacto da sustentabilidade nas cadeias de suprimentos das empresas
consumidoras. Isso significa que as ações e práticas sustentáveis adotadas por uma empresa podem ter
efeitos na cadeia de fornecedores, podendo causar interrupções ou desafios em relação à sustentabilidade
em diferentes estágios da cadeia (MCKINSEY, 2016).
A sociedade de risco apresenta desafios significativos no que diz respeito aos impactos no meio ambiente, ao
risco social dos problemas ambientais e ao esgotamento de recursos. A abordagem desses temas requer
ações coletivas e políticas integradas que visem a conservação dos recursos naturais, a redução dos riscos
sociais e a promoção de práticas sustentáveis.
COMPREENDENDO A INTEGRAÇÃO DE PROGRAMAS, ATORES E SETORES PARA AÇÕES DE
SUSTENTABILIDADE
A sustentabilidade tornou-se uma preocupação global nas últimas décadas, impulsionada pela necessidade de
preservar os recursos naturais e minimizar os impactos negativos das atividades humanas no meio ambiente.
Para abordar essa questão, diferentes setores da sociedade, como o meio organizacional, público e social, têm
implementado programas de sustentabilidade. Além disso, de acordo com a pesquisa "Líderes em
Sustentabilidade" realizada pela GlobeScan em 2020, constatou-se que os governos nacionais apresentam
uma lacuna na liderança em relação ao desenvolvimento sustentável. Essa constatação reforça a necessidade
de intervenções estatais mais assertivas para enfrentar os crescentes desafios globais de sustentabilidade.
Ao adotar um programa de sustentabilidade, as organizações podem reduzir seus custos operacionais por
meio da eficiência energética, do uso de materiais sustentáveis e da redução de resíduos. Além disso, as
empresas que demonstram compromisso com a sustentabilidade podem melhorar sua imagem corporativa,
fortalecer a confiança dos consumidores e atrair investidores socialmente responsáveis.
Os programas públicos envolvem a elaboração de políticas ambientais, a criação de leis e regulamentos
ambientais, a implementação de programas de educação ambiental e o estabelecimento de parcerias com o
setor privado e organizações da sociedade civil. Os governos podem promover o desenvolvimento econômico
sustentável e melhorar a qualidade de vida das comunidades. Os programas no meio social envolvem
atividades como campanhas de sensibilização, programas de educação ambiental, projetos de agricultura
sustentável, incentivo ao comércio justo, criação de reservas naturais comunitárias e ações de preservação
cultural.
Os programas de sustentabilidade nos meios organizacional, público e social desempenham um papel
fundamental na transição para um futuro mais sustentável. Cada contexto apresenta características,
vantagens e limitações específicas. Enquanto as organizações podem reduzir seu impacto ambiental e
fortalecer sua reputação por meio de programas de sustentabilidade, os governos podem promover ações
coordenadas e políticas ambientais eficazes.
A sociedade civil assume um papel central nessa construção dos fundamentos para um desenvolvimento mais
responsável e abrangente (VALLE et al., 2019). Já no meio social, os programas de sustentabilidade capacitam
as comunidades e promovem a participação ativa das pessoas na proteção do meio ambiente. No entanto, é
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importante reconhecer as limitações, como a resistência cultural, a falta de recursos e a complexidade dos
desafios ambientais.
Os ODS foram desenvolvidos para serem integrados e abrangentes, são fundamentais para a implementação
da Agenda 2030, que busca uma transformação profunda nos padrões de produção e consumo, abordando
simultaneamente as dimensões econômica, social e ambiental do desenvolvimento sustentável. Eles
reconhecem a necessidade de equilibrar o crescimento econômico, a inclusão social e a proteção ambiental,
buscando um futuro sustentável para as gerações presentes e futuras.
Essa temática se torna fundamental para reduzir os riscos ambientais, sociais e de esgotamento de recursos, a
fim de assegurar um futuro sustentável para as próximas gerações. É imprescindível repensar nossos padrões
de produção, considerando a eficiência energética, a redução de resíduos, a conservação de recursos naturais
e a promoção de práticas de consumo consciente.
Ao adotarem a sustentabilidade como critério e objetivo em suas atividades, as empresas transformam a
forma como se relacionam com os diversos atores envolvidos em seu processo de produção, incluindo a
cadeia de valor, a cadeia de suprimentos e os stakeholders. Seguindo essa lógica, o enfoque estratégico das
empresas deve ser estabelecer, integrar e desenvolver redes de negócios interdependentes e
Com ações integradas entre os setores público, privado e as organizações da sociedade civil para impulsionar
o desenvolvimento sustentável, é possível o compartilhamento de recursos, acesso a mercados sustentáveis,
fortalecimento da governança participativa e a criação de soluções inovadoras. Quando aplicada à cadeia
produtiva, essa integração pode impulsionar melhorias sustentáveis ​
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em todas as etapas do processo, desde a
produção até o consumo, resultando em uma cadeia mais responsável e sustentável.
Figura 1 - Desenvolvimento sustentável
Fonte: Shutterstock.
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corresponsáveis, nas quais a produtividade esteja diretamente ligada e seja viabilizada pelo retorno dos
recursos utilizados nos processos de sua cadeia produtiva para a sociedade como um todo. Dessa maneira,
pode-se afirmar que esses recursos são renováveis (PEREIRA; SILVA; CARBONARI, 2017).
Na perspectiva da cadeia produtiva, embora os riscos de sustentabilidade sejam uma realidade, é importante
destacar que relativamente poucas empresas estão trabalhando em colaboração com seus fornecedores para
gerenciar esses riscos de maneira eficaz (MCKINSEY, 2016). A abordagem tradicional de apenas monitorar e
auditar fornecedores não é suficiente para lidar com os desafios e as oportunidades relacionados à
sustentabilidade.
Os riscos derivados dos processos de produção e consumo da sociedade, juntamente com a degradação
ambiental e os impactos negativos na saúde resultantes, são distribuídos de maneira desigual tanto no espaço
geográfico quanto no âmbito social (ROSA; FRACETO; MOSCHINI-CARLOS, 2009). Quanto aos riscos causados
pelos impactos ambientais, é crucial desenvolver estratégias de mitigação e adaptação, além de promover a
conservação dos recursos naturais. Essa compreensão é essencial para a tomada de decisões informadas e a
implementação de políticas eficazes.
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), aproximadamente 33% do
solo do planeta está atualmente em estado de degradação, o que afeta negativamente a produtividade
agrícola, comprometendo a segurança alimentar e o sustento de comunidades rurais em todo o mundo (ONU,
2021). Além disso, contribui para a perda de biodiversidade, aumenta a vulnerabilidade às mudanças
climáticas e prejudica os serviços ecossistêmicos essenciais, como a regulação do ciclo da água e a
conservação dos nutrientes do solo.
O risco social dos problemas ambientais é influenciado por fatores sociais, econômicos e culturais. Grupos
socialmente vulneráveis, como populações de baixa renda, comunidades indígenas e minorias étnicas,
geralmente enfrentam maiores riscos e desafios relacionados aos problemas ambientais. O Relatório da ONU
(2022) destacou que os países e grupos populacionais mais vulneráveis são impactados
desproporcionalmente. As mulheres sofreram maior perda de postos de trabalho, combinada a um aumento
do trabalho doméstico, além do aumento de casos de violência contra as mulheres no período da Pandemia
de Covid-19. No ano de 2020, houve um aumento de aproximadamente 25% na ocorrência global de
ansiedade e depressão, com os jovens e as mulheres mais afetados .
Outro risco da sociedade causado pelos problemas ambientais é o esgotamento de recursos, o qual se refere
à diminuição e degradação dos recursos naturais disponíveis, como água, minerais, energia e biodiversidade.
Esse esgotamento resulta do consumo excessivo, da exploração insustentável e da degradação dos
ecossistemas.
Em 2018, a pesquisa da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) indicou que quase
30% das mais de 138 mil espécies do planeta estão ameaçadas de extinção (CNN, 2021). De acordo com o
Relatório Planeta Vivo, a biodiversidade global diminuiu em 69% entre 1970 e 2022, sendo que os países
da América Latina e Caribe foram particularmente afetados, com uma redução de 94% (WWF, 2022).
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De acordo com uma pesquisa recente divulgada pela GFN (Global Footprint Network) em 2022, foi constatado
que seria necessário o equivalente a 1,75 planetas para sustentar o nosso atual padrão de consumo. Essa
estatística revela que estamos operando com um modelo de produção e consumo insustentável, uma vez que
quase dois planetas seriam necessários para suprir nossas demandas.
Segundo a pesquisa "Consumo Consciente" realizada em 2019 pelo SPC Brasil e Confederação Nacional de
Dirigentes Lojistas (CNDL), 98% dos brasileiros têm a percepção de que o consumo irresponsável dos recursos
naturais do planeta acarreta algum tipo de impacto no meio ambiente. Esses dados nos alertam para a
urgência de discutir e repensar esse modelo, bem como nos comprometer coletivamente com agendas que
busquem uma mudança. Um exemplo importante é a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, que
inclui entre seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável o objetivo número 12, que trata especificamente
do compromisso com a produção e o consumo responsáveis.
É necessário estabelecer parcerias estratégicas com os fornecedores, envolvendo-os de maneira ativa e
colaborativa no desenvolvimento e na implementação de práticas sustentáveis na cadeia de suprimentos. Isso
inclui compartilhar informações, estabelecer metas e indicadores de desempenho, realizar capacitação e
incentivar a inovação sustentável. O World Wildlife Fund (WWF) oferece mais de 50 indicadores de
desempenho para medir os riscos da cadeia, associados à produção de uma variedade de commodities, bem
como a probabilidade e a gravidade desses riscos.
SUSTENTABILIDADE NA PRÁTICA: OPORTUNIDADES E DESAFIOS PARA UM FUTURO SUSTENTÁVEL
As organizações têm uma grande oportunidade de promover a sustentabilidade por meio de seus modelos de
negócios, operações, cadeias de suprimentos e engajamento dos funcionários. Elas podem implementar
iniciativas de sustentabilidade que beneficiem o meio ambiente, ao mesmo tempo em que economizam
custos, impulsionam a inovação e criam valor para a marca.
A Interface, Inc. é um exemplo de uma empresa que transformou a sustentabilidade em uma oportunidade de
negócios. A empresa global de carpetes e revestimentos tem uma visão chamada "Missão Zero", cujo objetivo
é não ter nenhum impacto negativo no meio ambiente até 2020. Ela também introduziu um modelo de
negócios chamado "Sistema de Serviço de Carpete", em que os clientes compram o serviço de carpete, em vez
do produto, permitindo a reutilização e reciclagem de materiais.
Para apoiar empresas na avaliação de seus programas, a organização Global Reporting Initiative (GRI)
desenvolve diretrizes para a elaboração de relatórios de sustentabilidade pelas empresas. Por meio de suas
diretrizes, é possível acessar informações sobre programas de sustentabilidade e indicadores usados para
monitorar o desempenho sustentável.
No caso do setor público, existe a possibilidade de estabelecimento de políticas, regulamentos e iniciativas
que promovam práticas sustentáveis em vários setores da sociedade. Um exemplo bem-sucedido dessa
prática é o Programa Cidades Sustentáveis (Brasil), o programa fornece aos municípios uma agenda completa
de sustentabilidade, ajudando-os a integrar as considerações ambientais, sociais e econômicas em suas
políticas e práticas.
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Para analisar os esforços conjuntos dos governos, do setor privado e das organizações da sociedade civil, o
Relatório Global de Desenvolvimento Sustentável 2022 (ONU, 2022) é uma compilação abrangente de dados
fornecidos por mais de 200 países de todo o mundo. Ele fornece uma análise detalhada dos impactos diretos
da atual crise nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), destaca a urgência de enfrentar os
desafios globais, como as mudanças climáticas, a pobreza, a desigualdade e a degradação ambiental, que
estão cada vez mais interligados. Atingir os ODS não é apenas uma aspiração, mas uma necessidade
imperativa para garantir um futuro sustentável para todos.
Para conhecer os programas de sustentabilidade da sociedade civil, é possível acessar o Mapa das
Organizações da Sociedade Civil, uma plataforma online georreferenciada de transparência pública, lançada
em 2016, conforme determinado pelo Decreto Federal nº 8.726. Essa iniciativa, desenvolvida pelo IPEA
(Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), tem como propósito promover a transparência e facilitar o acesso
a informações sobre as OSCs, fornecendo uma visão abrangente do cenário do terceiro setor no país.
O desenvolvimento sustentável é baseado em três pilares principais: social, ambiental e econômico. A
sustentabilidade social na cadeia produtiva envolve a promoção dos direitos humanos, condições de trabalho
justas e seguras, a participação e o desenvolvimento da comunidade local. A The Body Shop, uma empresa de
cosméticos, implementou uma iniciativa chamada "Comércio Justo com Comunidades", que visa melhorar a
vida das comunidades locais ao comprar ingredientes e acessórios diretamente de pequenos produtores ao
redor do mundo. Essa iniciativa não só garante que os produtores recebam um preço justo, mas também
ajuda a apoiar o desenvolvimento econômico nas comunidades onde a empresa opera.
Também no ramo de cosméticos, a Natura & Co é reconhecida globalmente por seu compromisso com a
sustentabilidade ambiental. Ela está comprometida com a obtenção sustentável de ingredientes, com foco
especial na Amazônia brasileira. Um programa emblemático da Natura é o "Programa Amazônia", o qual foi
criado para promover a biodiversidade e o desenvolvimento socioeconômico na região amazônica. A Natura
trabalha diretamente com comunidades locais para a extração sustentável de ingredientes botânicos que são
usados em seus produtos. Isso não só promove a preservação da floresta, mas também proporciona uma
fonte de renda para as comunidades locais.
No ano de 2017, foi estabelecida uma parceria entre o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Essa colaboração permitiu que as
Organizações da Sociedade Civil (OSC), ao preencherem seus dados no Mapa, pudessem relacionar suas ações
e atividades com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Essa integração entre o Mapa das OSCs
e os ODS oferece uma oportunidade valiosa para as organizações demonstrarem seu engajamento com a
agenda global de sustentabilidade e contribuírem para o alcance desses objetivos em nível local e nacional.
O Programa Bolsa Floresta (Amazonas, Brasil) é um exemplo de um programa que promove tanto a
sustentabilidade ambiental quanto social. Ao fornecer pagamentos diretos às comunidades que se
comprometem com a conservação e a utilização sustentável das florestas, o programa apoia o
desenvolvimento econômico local e a preservação do ecossistema da floresta tropical.
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Além disso, a Natura foi a primeira empresa de cosméticos a oferecer recargas de produtos no Brasil, uma
prática que se tornou um pilar de seus esforços para reduzir o desperdício de embalagens. Em 2007, a
empresa também lançou sua linha "Ekos", que utiliza apenas ingredientes extraídos de forma sustentável da
Amazônia.
O setor eletrônico e de tecnologia é uma área em que a sustentabilidade pode desempenhar um papel
importante, dada a rápida taxa de obsolescência dos produtos e a quantidade de resíduos eletrônicos que são
produzidos. A Fairphone, por exemplo, é uma empresa de tecnologia social com sede na Holanda e seu
objetivo principal é desenvolver smartphones que tenham um impacto mínimo no meio ambiente e que
sejam produzidos sob condições de trabalho justas. A empresa procura usar materiais obtidos de forma
responsável e justa, com design durável projetados para serem duráveis e reparáveis. Ela também oferece um
programa de reciclagem para ajudar a garantir que os telefones antigos sejam descartados de forma
responsável e que os materiais valiosos sejam recuperados e reutilizados.
Esses exemplos mostram como a sustentabilidade pode ser incorporada em todas as etapas da cadeia
produtiva, desde a aquisição de matérias-primas até a produção, distribuição e descarte de produtos.
Mesmo com tantos exemplos que tornam o planeta mais sustentável e justo, na Sociedade de Risco, as
ameaças modernas, como a degradação ambiental e o esgotamento de recursos, não respeitam fronteiras
nacionais e têm o potencial de afetar a todos, independentemente de sua posição social.
O risco social dos problemas ambientais refere-se a como esses problemas afetam de maneira
desproporcional certas populações, especialmente as mais vulneráveis. Muitas vezes, as populações mais
pobres e marginalizadas são as mais afetadas pelos impactos ambientais, um conceito conhecido como
injustiça ambiental.
A poluição plástica nos oceanos é um exemplo muito claro de um risco ambiental moderno. Os plásticos são
materiais duráveis e versáteis que são usados em uma grande variedade de produtos. No entanto, sua
resistência à degradação, juntamente com o uso excessivo e descarte inadequado, tem levado a uma poluição
plástica generalizada. Isso é particularmente evidente nos oceanos, onde se estima que milhões de toneladas
de plástico acabem todos os anos.
O tratado global de plástico teve como objetivo debater as diretrizes e ações de um tratado para combater a
poluição especificamente provocada pelo plástico em nível global. Como direcionamento, representantes de
175 países querem limitar a produção e o consumo de plásticos descartáveis, como sacolas plásticas, e
favorecer a reciclagem e reutilização como estratégia para reduzir os resíduos plásticos descartados no meio
ambiente. Além de incentivos para indústria, a adoção de práticas mais sustentáveis também promoverá de
certo modo a limpeza dos oceanos.
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) divulgou um plano para reduzir o desperdício
de plástico em 80% até 2040, com ações de reutilização, reciclagem e reorientação de embalagens plásticas a
materiais alternativos (ONU, 2023). Ainda há um longo caminho de negociações, mas a transição para uma
indústria do plástico mais sustentável é fundamental para alcançar as metas estabelecidas no acordo e
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mitigar os impactos das mudanças climáticas. Essas ações fomentam os caminhos para circularidade do
plástico – que envolve projetar, produzir e gerenciar plásticos de forma a mantê-los dentro da economia e fora
do meio ambiente – como novo produto e novos modelos de negócio.
VIDEOAULA
Olá, estudante, para ampliar seus conhecimentos sobre as questões e os impactos ambientais, convido você a
assistir ao vídeo da aula que aborda diversos aspectos sobre o papel das organizações, do governo e da
sociedade civil, com um olhar sob toda a cadeia produtiva e considerando os riscos ambientais, sociais e de
esgotamento de recursos. Neste vídeo, serão exploradas estratégias adotadas para promover a
sustentabilidade em diferentes contextos, bem como os desafios enfrentados no desenvolvimento
sustentável. Também serão discutidos os dilemas do desenvolvimento sustentável e a questão da sociedade
de risco, incluindo os impactos ambientais, riscos sociais e esgotamento de recursos.
 Saiba mais
Leitura
DIAS, R. Sustentabilidade: origem e fundamentos; educação e governança global; modelo de
desenvolvimento. Barueri: Grupo GEN, 2015.
PEREIRA, A. C.; SILVA, G. Z.; CARBONARI, M. E. E. Sustentabilidade, responsabilidade social e meio
ambiente. São Paulo: Saraiva, 2011. E-book.
ONU. Relatório dos ODS mostra que crise global ameaça sobrevivência da humanidade. Notícias. 7 jul.
2022.
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
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INTRODUÇÃO
Olá, estudante, seja bem-vindo à aula sobre uso de recursos. Iremos explorar as principais questões
relacionadas ao uso de recursos e sustentabilidade, analisando conceitos, estratégias e práticas que podem
contribuir para a construção de um futuro mais responsável e harmonioso com a natureza. Nesta aula, você
vai aprender sobre os três pilares fundamentais para a gestão responsável dos recursos naturais: Ecologia e o
uso sustentável dos recursos naturais, os 5Rs e a inovação e logística verde.
A crescente preocupação com os impactos das atividades humanas no meio ambiente tem impulsionado a
busca por soluções inovadoras e práticas mais conscientes em relação ao uso dos recursos naturais. A
Ecologia, como ciência que estuda as interações dos seres vivos com o meio ambiente, desempenha um papel
primordial ao fornecer os conhecimentos necessários para compreender os ecossistemas, a biodiversidade e
os efeitos das ações humanas sobre o ambiente.
A estratégia dos 5Rs visa não apenas reduzir a quantidade de resíduos e a extração de recursos naturais, mas
também estimular uma reflexão sobre nossos hábitos e comportamentos em relação ao consumo, levando a
escolhas mais sustentáveis.
Aula 3
USO DE RECURSOS
Olá, estudante, seja bem-vindo à aula sobre uso de recursos. Iremos explorar as principais questões
relacionadas ao uso de recursos e sustentabilidade, analisando conceitos, estratégias e práticas que
podem contribuir para a construção de um futuro mais responsável e harmonioso com a natureza.
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Por fim, abordaremos a inovação e logística verde, que representa um enfoque estratégico para otimizar a
gestão dos recursos naturais. A inovação verde busca incorporar novas ideias e tecnologias que promovam a
eficiência energética, a redução do desperdício e a conservação dos recursos. A logística verde, por sua vez,
visa considerar aspectos ambientais em todas as etapas do processo logístico, buscando aprimorar
transporte, armazenamento, distribuição e gerenciamento de resíduos de forma ambientalmente
responsável.
Bons estudos!
SUSTENTABILIDADE E INOVAÇÃO: CONCEITOS E ESTRATÉGIAS PARA UM USO RESPONSÁVEL DE
RECURSOS
No cenário atual de crescente desenvolvimento humano e exploração dos recursos naturais, a busca por
equilíbrio entre o progresso socioeconômico e a preservação ambiental tornou-se uma das maiores
preocupações da humanidade. O uso de recursos naturais é essencial para o bem-estar e a prosperidade das
sociedades, mas a exploração irresponsável tem gerado danos significativos ao meio ambiente, ameaçando a
estabilidade dos ecossistemas e o futuro das gerações vindouras.
A Ecologia é um componente essencial da ciência ambiental, abordando a interação entre os seres vivos e o
meio ambiente. Cada organismo pertence a uma espécie específica, com características distintas que os
diferenciam –os seres humanos, por exemplo, são classificados como Homo sapiens sapiens pelos biólogos
(MILLER; SPOOLMAN, 2012). A Ecologia desempenha um papel fundamental no entendimento das interações
entre os organismos e os recursos naturais disponíveis, promovendo a conscientização sobre a importância
do uso sustentável desses recursos para garantir a preservação dos ecossistemas e a qualidade de vida das
gerações presentes e futuras.
De acordo com Miller e Spoolman (2012), um dos pontos-chave da Ecologia é o estudo dos ecossistemas, que
são conjuntos de organismos interagindo entre si e com o meio ambiente de matéria inanimada e energia em
uma área específica. Por exemplo: um ecossistema florestal consiste em plantas, animais e microrganismos
que interagem, decompondo materiais orgânicos e reciclando produtos químicos, além de receberem energia
solar e produtos químicos do ar, da água e do solo do ecossistema.
O estudo da ecologia engloba tanto fatores bióticos— incluem todos os seres vivos presentes no ecossistema,
como produtores (plantas) e consumidores (animais), quanto abióticos — englobam processos físicos e
químicos, como condições climáticas, fatores ambientais e elementos químicos essenciais para o
funcionamento do ecossistema (REIS; CAMARGO, 2018).
Esses fatores interagem de forma complexa e dinâmica, influenciando a estrutura e o funcionamento dos
ecossistemas, bem como as populações de seres vivos que deles dependem. O estudo dessas interações é
fundamental para compreender a diversidade e a estabilidade dos sistemas naturais e, assim, embasar
estratégias de conservação e uso sustentável dos recursos naturais.
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A aplicação da Ecologia no manejo de recursos naturais tem mostrado resultados positivos, auxiliando na
tomada de decisões sobre a utilização e preservação desses recursos para as futuras gerações. O termo
"manejo" refere-se a procedimentos e operações que interferem nas condições ambientais com o objetivo de
aumentar a produtividade, melhorar a qualidade e agregar valor à matéria-prima.
Segundo Reis e Camargo (2018), o manejo de todo e qualquer recurso natural deve englobar um conjunto de
procedimentos e técnicas que assegurem: 1) a capacidade ininterrupta do ambiente de oferecer produtos e
serviços, diretos e indiretos; 2) a capacidade de regeneração natural; 3) a capacidade de manutenção da
biodiversidade; 4) a capacidade de sustentabilidade.
Outra abordagem sustentável para o uso de recursos naturais é a estratégia dos “Rs”. Focada na minimização
do impacto ambiental e na promoção da responsabilidade individual e coletiva. Essa abordagem visa romper
com o paradigma do consumo excessivo e descarte irresponsável, incentivando práticas conscientes e
proativas em relação aos recursos disponíveis.
Os "3Rs" (reduzir, reutilizar e reciclar) são um conceito tradicional que tem sido amplamente utilizado em
programas de gestão de resíduos e na busca por uma abordagem mais sustentável no tratamento dos
resíduos sólidos (DIAS, 2015). Mais recentemente, pesquisas ampliaram para 5Rs, embora as duas abordagens
compartilhem o mesmo objetivo de promover a sustentabilidade, os "5Rs" oferecem uma visão mais
abrangente, enfatizando a importância de repensar nossas ações e recusar práticas insustentáveis, além de
reduzir, reutilizar e reciclar. Essa abordagem mais completa é frequentemente adotada em programas de
educação ambiental e em iniciativas que buscam uma abordagem mais holística e proativa para a gestão de
recursos e resíduos.
Os 5Rs têm suas raízes no conceito de economia circular, que propõe um modelo de produção e consumo
baseado no fechamento do ciclo dos materiais, minimizando a extração de recursos e o desperdício
(WEETMAN, 2020). Essa abordagem é fundamentada na percepção de que os recursos naturais são finitos e
preciosos, e que ações individuais e coletivas são essenciais para preservá-los para as futuras gerações.
A primeira etapa dos 5Rs envolve a redução do consumo desnecessário. Trata-se de evitar o uso excessivo de
recursos e a produção de resíduos desde o início, por meio de escolhas mais conscientes e sustentáveis. Essa
abordagem requer uma mudança de mentalidade, buscando uma vida mais simples e focada na qualidade
em vez da quantidade. Reutilizar é dar uma segunda vida aos produtos ou materiais, evitando que se tornem
resíduos. Ao reutilizar itens, reduzimos a demanda por novos recursos e minimizamos a quantidade de lixo
descartado. Isso pode ser feito por meio de consertos, doações e trocas, ou criando novos usos para objetos
que seriam descartados.
Figura 1 - Reciclagem
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Repensar significa questionar nossos hábitos e comportamentos em relação ao consumo e ao uso de
recursos. É um convite para refletir sobre o impacto que nossas escolhas têm no meio ambiente e na
sociedade como um todo. Ao repensar, buscamos alternativas mais sustentáveis e avaliamos as
consequências de nossas ações, visando um futuro mais equilibrado. Recusar é uma etapa fundamental
para evitar a geração desnecessária de resíduos e a exploração de recursos não renováveis. Isso envolve
dizer não a produtos descartáveis e aquisições supérfluas, bem como evitar o uso de materiais não
sustentáveis. Ao recusar, estamos fazendo uma escolha consciente de não contribuir para padrões de
consumo insustentáveis.
Com essa crescente preocupação com a preservação do meio ambiente, a busca por soluções inovadoras e
sustentáveis em diversos setores da sociedade tem sido impulsionada. Nesse contexto, a relação entre a
inovação e logística verde emerge como uma abordagem fundamental para a gestão responsável dos
recursos naturais. A combinação desses dois conceitos traz uma perspectiva holística para a gestão de
recursos, focando na eficiência operacional, na redução do impacto ambiental e no desenvolvimento de
práticas responsáveis e sustentáveis.
Fonte: Shutterstock.
Reciclar é uma prática amplamente conhecida e fundamental nos 5Rs. Ela envolve o processamento de
resíduos e materiais descartados para criar novos produtos ou matérias-primas. A reciclagem contribui
para a redução da extração de recursos naturais e o alívio da pressão sobre os ecossistemas, além de
minimizar a quantidade de resíduos que acabariam em aterros sanitários ou no meio ambiente.
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A inovação verde é amplamente reconhecida como um mecanismo estratégico fundamental para a promoção
do desenvolvimento sustentável e, ao mesmo tempo, para alcançar vantagens competitivas (LIU, 2020).
Segundo Chen, Lai e Wen (2006), a inovação verde pode ser classificada em duas dimensões: inovação de
produtos verdes e inovação de processos verdes. Busca encontrar soluções mais eficientes, com menor
consumo de recursos naturais e menor geração de resíduos, incentivando a economia circular e a
conservação do meio ambiente.
A busca por uma logística verde e inovação ambiental é impulsionada por acordos internacionais, como o
Acordo de Paris, que visam mitigar os impactos das mudanças climáticas e promover um desenvolvimento
mais sustentável. Além disso, governos e empresas têm adotado políticas e práticas voltadas para a
responsabilidade ambiental, o que tem estimulado a inovação em prol da sustentabilidade.
Alguns tipos dessa inovação são por meio da eficiência energética, em que a inovação e logística verde
buscam reduzir o consumo de energia em todas as operações logísticas, utilizando fontes renováveis sempre
que possível e implementando tecnologias que maximizem a eficiência energética.
Outro tipo é na gestão de resíduos, que envolve o gerenciamento adequado de resíduos, incentivando a
reciclagem, reutilização e o descarte responsável. Além disso, a inovação verde procura reduzir a geração de
resíduos em toda a cadeia de suprimentos. Por fim, no transporte sustentável, a logística verde busca
aprimorar o transporte de mercadorias, priorizando modais mais sustentáveis, como o transporte ferroviário
e marítimo, e incentivando a adoção de veículos com baixas emissões de carbono.
A adoção dessas abordagens não apenas contribui para a preservação do meio ambiente, mas também
agrega valor aos negócios, uma vez que a sustentabilidade se tornou um fator relevante na preferência do
consumidor e nas estratégias empresariais.
ENTENDENDO OS DESAFIOS E CAMINHOS PARA O USO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS
A extração de recursos tem apresentado um crescimento alarmante desde 1970, tendo mais que triplicado
neste período. Especificamente, o uso de minerais não metálicos aumentou cinco vezes, enquanto o consumo
de combustíveis fósseis registrou um aumento de 45%. As projeções para o futuro são igualmente
preocupantes. Estima-se que, até 2060, o consumo global de materiais poderá dobrar, alcançando a marca de
190 bilhões de toneladas, comparado aos atuais 92 bilhões de toneladas. Paralelamente, as emissões de gases
do efeito estufa têm o potencial de aumentar em 43% (ONU, 2019).
Essa exploração desenfreada dos recursos naturais ao longo dos séculos tem levado a uma série de
problemas ambientais, como desmatamento, poluição, perda de biodiversidade e mudanças climáticas. Para
enfrentar esses desafios, é necessário adotar uma abordagem sustentável na gestão dos recursos naturais.
A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano, realizada em 1972 em Estocolmo, marcou o
início da conscientização global sobre a importância da proteção ambiental e do uso sustentável dos recursos
naturais. Desde então, diversos acordos e convenções internacionais foram firmados para promover a
conservação e a sustentabilidade, como a Convenção sobre Diversidade Biológica, a Convenção-Quadro das
Nações Unidas sobre Mudança do Clima e a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
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O Brasil tem uma vasta extensão territorial, representando 17% de toda a área dos trópicos. Sua
biodiversidade é extremamente rica e diversificada, superando até mesmo a de continentes inteiros. O país
abriga mais de 20% das espécies de peixes de água doce existentes no planeta e é lar de aproximadamente
17% de todas as aves conhecidas (RAS; AMBIENTAL MEDIA, 2021). Governos, empresas e indivíduos têm um
papel fundamental nessa jornada rumo à sustentabilidade. Medidas como incentivos à pesquisa e ao
desenvolvimento de tecnologias limpas, políticas de conservação de áreas protegidas, promoção do uso
responsável da água e da energia, bem como práticas agrícolas sustentáveis, são essenciais para garantir a
preservação do meio ambiente e a prosperidade das sociedades.
Em conclusão, a Ecologia e o uso sustentável dos recursos naturais estão intrinsecamente ligados ao bem-
estar da humanidade e ao equilíbrio dos ecossistemas. Somente com a adoção de práticas sustentáveis
poderemos garantir um futuro mais promissor para as gerações presentes e futuras, preservando a riqueza
da biodiversidade e a capacidade do planeta de sustentar a vida em todas as suas formas.
Uma dessas práticas é o manejo sustentável dos recursos naturais, que envolve o planejamento cuidadoso
das operações em uma determinada área, garantindo a continuidade da disponibilidade desses recursos. De
acordo com a Lei nº 9.985/2000, o uso sustentável é a exploração do ambiente de forma que os recursos
ambientais renováveis e os processos ecológicos sejam mantidos, assegurando a biodiversidade e os demais
atributos ecológicos de maneira socialmente justa e economicamente viável. Nesse contexto, o planejamento
adequado das áreas de desenvolvimento econômico é fundamental para proteger os recursos naturais,
manter o equilíbrio ambiental e a produtividade das terras.
O manejo e o uso planejado e racional dos recursos naturais são justificados diante da rápida destruição de
ambientes naturais. Quando realizados de forma consciente, esses processos permitem a continuidade da
produção, rentabilidade, segurança no trabalho, respeito à legislação, oportunidades de mercado e a
preservação dos recursos naturais e serviços ambientais. Além disso, o manejo de recursos naturais tem sido
uma importante ferramenta para a conservação das espécies, contribuindo para a proteção da biodiversidade
e dos ecossistemas.
Atualmente, o país possui mais de um milhão de hectares sob concessão federal, em regime de Manejo
Florestal Sustentável, que produziram 247 mil metros cúbicos de madeira tropical em 2019. As áreas de
cultivo de florestas têm uma participação de 1,3% no Produto Interno Bruto (PIB) do país e representam 6,9%
do PIB da indústria, proporcionando a geração de cerca de 3,8 milhões de postos de trabalho (EMBRAPA,
2021).
Recentemente, o mais recente relatório publicado pela Global Forest Watch (2022) aponta o Brasil como
o país com a maior taxa de desmatamento florestal no cenário global. Segundo a organização,
aproximadamente 1,5 milhão de hectares de bioma nativo foram perdidos no país ao longo de 2021.
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Os 5Rs – reduzir, reutilizar, reciclar, repensar e recusar – são uma abordagem prática e proativa para
promover a sustentabilidade no uso de recursos. Reduzir envolve a diminuição do consumo desnecessário,
restringindo a produção de resíduos desde o início. Reutilizar consiste em dar uma segunda vida aos produtos
e materiais, evitando que se tornem lixo. Reciclar é transformar resíduos em novos produtos ou matérias-
primas. Repensar é questionar hábitos e comportamentos, buscando alternativas mais sustentáveis. Recusar
é evitar o uso de produtos descartáveis e práticas insustentáveis desde o início. Essa abordagem contribui
para a redução da extração de recursos naturais e para a minimização do impacto ambiental dos resíduos.
No Brasil, estima-se que cada indivíduo produza, em média, 343 quilos de resíduos por ano, totalizando
aproximadamente 80 milhões de toneladas de lixo anualmente, em que apenas 4% passam por
processamento, reaproveitamento ou reciclagem (AGÊNCIA BRASIL, 2023).
A relação entre o uso de recursos e os 5Rs se fundamenta na necessidade de repensar nossos padrões de
consumo e implementar ações que minimizem o impacto ambiental. Cada um dos 5Rs representa uma etapa
crucial no ciclo de vida dos produtos e materiais, contribuindo para a redução do desperdício, a conservação
dos recursos naturais e a mitigação dos problemas ambientais.
Ao adotar os 5Rs, estamos direcionando nossas escolhas e nossos comportamentos para uma perspectiva
mais consciente, que valoriza a redução do consumo excessivo, a reutilização de materiais, a reciclagem de
resíduos, a reflexão sobre nossas ações e a recusa de práticas insustentáveis. Essa abordagem se alinha com a
economia circular, que busca fechar o ciclo dos materiais e promover um uso mais eficiente e responsável dos
recursos disponíveis. Ao adotar essa abordagem, estamos promovendo a conscientização, a responsabilidade
e a ação para enfrentar os desafios ambientais e construir um futuro mais equilibrado e próspero.
A implementação dos 5Rs requer uma colaboração ampla, envolvendo indivíduos, empresas, governos e
organizações, a fim de criar uma cultura de sustentabilidade e respeito à natureza. Somente por meio de
esforços conjuntos poderemos garantir a preservação dos recursos naturais e a proteção do meio ambiente
para as gerações presentes e futuras.
Em 2023, a MIT Technology Review publicou o “Green Future Index”, um índice que avalia a inovação
verde em 76 países, analisando sua capacidade de desenvolver futuros sustentáveis e de baixo carbono.
O Brasil foi classificado na 38ª posição nesse índice, que mensura o grau de comprometimento de cada
economia com uma abordagem mais verde em suas indústrias, agricultura e sociedade, por meio de
investimentos em energias renováveis, inovação tecnológica e políticas públicas para a sustentabilidade.
A Inovação Verde refere-se à incorporação de novas ideias, tecnologias e processos que promovam a
sustentabilidade ambiental, buscando soluções mais eficientes e com menor consumo de recursos naturais. A
logística verde, por sua vez, considera os aspectos ambientais em todas as etapas do processo logístico,
otimizando o transporte, armazenamento, distribuição e gerenciamento de resíduos de forma responsável. A
combinação desses conceitos busca promover a eficiência operacional, reduzir o impacto ambiental e
desenvolver práticas mais responsáveis em relação ao uso de recursos.
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A aplicação da inovação e logística verde pode ser observada em diversos setores da economia, desde a
indústria até o comércio varejista. Empresas têm investido em embalagens mais ecoeficientes, sistemas de
transporte sustentáveis, tecnologias de rastreabilidade e monitoramento que permitem a otimização das
operações logísticas e a redução dos impactos ambientais. E representam um caminho promissor para a
gestão sustentável de recursos, alinhando eficiência operacional com responsabilidade ambiental. Essas
abordagens, quando integradas em toda a cadeia de suprimentos, contribuem para a construção de um
futuro mais equilibrado e próspero, em que a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento econômico
caminham lado a lado
As certificações e os selos ambientais atuam como um incentivo para que empresas e organizações adotem
práticas sustentáveis, sendo uma forma de reconhecimento e diferencial no mercado, o que estimula a busca
por inovações verdes na logística e em outras áreas. No Brasil, os mais populares são Carbon Trust Standard,
ISO 14001, ISO 26000, ISO 50001, OHSAS 18001.
O QUE EMPRESAS E A SOCIEDADE CIVIL ESTÃO FAZENDO PARA PROMOVER O USO SUSTENTÁVEL
DOS RECURSOS
A Ecologia e o uso sustentável dos recursos naturais desempenham um papel fundamental na preservação do
meio ambiente e na garantia de recursos para as gerações futuras. O Brasil é um país rico em biodiversidade e
recursos naturais e o manejo sustentável tem sido uma abordagem essencial para equilibrar o
desenvolvimento socioeconômico com a conservação ambiental.
A Amazônia é uma das maiores florestas tropicais do mundo e desempenha um papel crucial na regulação do
clima global e na manutenção da biodiversidade. No entanto, a exploração desenfreada da madeira pode
levar ao desmatamento e à degradação do ecossistema. Para garantir o uso sustentável da madeira na
Amazônia, foram implementadas medidas como o manejo florestal certificado. Além disso, são seguidas
normas rigorosas para garantir que a exploração seja feita de forma legal e responsável, com o mínimo
impacto ambiental.
Um exemplo são as certificações aplicadas para promover a sustentabilidade e o uso responsável dos
recursos. A certificação FSC (Forest Stewardship Council) é feita por uma organização independente que
certifica práticas de manejo florestal sustentável em todo o mundo. Empresas que obtêm a certificação FSC
demonstram que seus produtos de origem florestal provêm de fontes responsáveis, contribuindo para a
conservação das florestas e a proteção da biodiversidade.
Alinhando tecnologia, inovação, sustentabilidade e conservação, empresas que desenvolvem tecnologias
inovadoras para a conservação do meio ambiente, como sensores para monitoramento de recursos naturais,
softwares de gestão ambiental e soluções de eficiência energética, podem atender a uma ampla gama de
setores e clientes preocupados com a sustentabilidade. A Conservation Metrics, por exemplo, é uma empresa
de tecnologia que desenvolve soluções inovadoras para monitorar e proteger a vida selvagem e habitats
naturais. Eles usam drones, inteligência artificial e aprendizado de máquina para coletar e analisar dados de
forma mais eficiente, ajudando na conservação de espécies ameaçadas e ecossistemas vulneráveis.
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Essas empresas demonstram que a tecnologia pode ser uma poderosa aliada na busca por soluções
sustentáveis para os desafios ambientais. Ao desenvolverem inovações que promovem a eficiência energética,
o uso de fontes renováveis e a proteção dos ecossistemas, elas estão contribuindo para a conservação do
meio ambiente e um futuro mais sustentável para todos.
Ainda sobre a gestão de resíduos, outro exemplo é o uso de tecnologia para incentivar os 5Rs. Aplicativos e
plataformas online podem facilitar a troca e doação de objetos usados, incentivando a reutilização. A OLX é
uma plataforma de compra e venda de produtos usados e suas ações estão alinhadas com os princípios dos
5Rs (repensar, recusar, reduzir, reutilizar e reciclar) para promover a economia circular e a sustentabilidade
ambiental. Em 2021, a OLX contribuiu para evitar a emissão de 7 milhões de toneladas de CO2 (dióxido de
carbono) por meio da compra e venda de produtos seminovos e usados.
O movimento "Lixo Zero" tem ganhado força em várias cidades brasileiras, incentivando a redução do
consumo e a busca por alternativas mais sustentáveis (Instituto Lixo Zero Brasil).
Além disso, empresas têm investido em inovações para a reciclagem de materiais e a criação de produtos
mais sustentáveis. Como é o caso da Renewcell, uma empresa sueca que desenvolveu uma tecnologia
inovadora para reciclar resíduos de algodão e tecidos descartados, transformando-os em polpa de celulose
que pode ser utilizada na produção de novos tecidos. Sua meta é reciclar o equivalente a mais de 1,4 bilhão de
camisetas anualmente até 2030. Adicionalmente, o Circulose, produto inovador feito exclusivamente a partir
de 100% de resíduos têxteis. As marcas têm a oportunidade de utilizá-lo como substituto de matérias-primas
de alto impacto, como óleo fóssil e algodão, em seus produtos têxteis. Com essa iniciativa, a Renewcell busca
impulsionar a economia circular e promover a sustentabilidade na indústria da moda.
Para promoção do consumo consciente e a sustentabilidade, o Instituto Akatu, organização não
governamental que atua no Brasil desde 2001, tem como uma das principais abordagens a promoção dos 5Rs:
repensar, recusar, reduzir, reutilizar e reciclar. Esses conceitos são fundamentais para incentivar práticas mais
sustentáveis e conscientes na utilização dos recursos e na geração de resíduos. O Instituto trabalha com
diversas iniciativas educativas e de mobilização para disseminar esses conceitos, por meio de campanhas,
projetos e programas de educação.
O Edukatu é uma iniciativa do Instituto Akatu que promove a educação para o consumo consciente e
sustentável entre estudantes e educadores. Por meio de uma plataforma, os estudantes são estimulados a
repensar suas escolhas de consumo, questionando o impacto ambiental e social dos produtos que
consomem. Eles aprendem sobre a importância de reduzir o consumo excessivo e evitar o desperdício, bem
como a reutilizar itens e materiais para prolongar sua vida útil. E são convidados a realizar desafios e projetos
que estimulem a aplicação dos 5Rs no dia a dia, seja na escola, em casa ou na comunidade.
Existem muitos exemplos de inovação verde ao redor do mundo, onde empresas, governos e indivíduos têm
implementado soluções sustentáveis para enfrentar desafios ambientais.
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A excessiva extração e processamento de materiais, combustíveis e alimentos são responsáveis por cerca da
metade das emissões globais de gases do efeito estufa e mais de 90% da perda de biodiversidade e do
estresse hídrico (ONU, 2019). Esses impactos representam sérios desafios ambientais que precisam ser
enfrentados de forma urgente e consciente para garantir um futuro sustentável e equilibrado para as
gerações presentes e futuras. Dessa forma, a aplicação de técnicas agrícolas sustentáveis, como a agricultura
de conservação, o uso de fertilizantes orgânicos e a agrofloresta, são exemplos de inovação verde que
promovem a produção de alimentos de forma ambientalmente responsável. A adoção de técnicas de
agricultura de conservação, como o plantio direto, rotação de culturas e uso de cobertura vegetal, reduz o
impacto ambiental da agricultura e melhora a saúde do solo. Exemplo: a organização TNC (The Nature
Conservancy) trabalha com agricultores para implementar práticas de agricultura de conservação, protegendo
o solo e reduzindo o uso de agroquímicos.
A logística verde engloba diversas práticas sustentáveis que podem ser aplicadas em várias etapas da cadeia
de suprimentos. Um dos casos da aplicação prática é o uso de veículos elétricos e híbridos por empresas de
logística em suas frotas para reduzir as emissões de carbono e a poluição do ar. Esses veículos são mais
limpos e energeticamente eficientes, contribuindo para a redução do impacto ambiental do transporte de
mercadorias. O Mercado Livre, uma das maiores empresas de comércio eletrônico da América Latina, tem
dado passos significativos em direção à logística verde para reduzir o impacto ambiental de suas operações
logísticas. Segundo um comunicado de imprensa divulgado em 2022, a empresa planeja aumentar sua frota
de veículos elétricos em 100% até o final deste ano, adicionando mais 400 vans e caminhões elétricos no
Brasil. A empresa já possui a maior frota de caminhões movidos a gás natural e biometano no Brasil, com um
aumento significativo de 31 para 103 caminhões em apenas um ano.
Além da adoção de combustíveis mais sustentáveis, a empresa também tem investido na melhoria da
eficiência do transporte de mercadorias. O aumento da capacidade de transporte por paletes permite que
mais mercadorias sejam transportadas utilizando veículos menores reduzindo, assim, ainda mais a liberação
de gases poluentes. Essas iniciativas de logística verde têm recebido suporte por meio da emissão de um título
sustentável no valor de US$ 400 milhões, captados em 2021. Esse capital é direcionado para projetos de triplo
impacto, abrangendo a redução da pegada ambiental por meio do uso de energias renováveis, eficiência
energética, embalagens sustentáveis e mobilidade sustentável.
Outra estratégia para implementar a logística verde é por meio da roteirização inteligente, com a utilização de
tecnologias que permitem otimizar as rotas de entrega, reduzindo a distância percorrida e o tempo de viagem.
Isso resulta em menor consumo de combustível e, consequentemente, menor emissão de gases poluentes. A
Driv.in, uma startup brasileira que oferece um serviço de drive-in para exibição de filmes ao ar livre, também
ingressou nesse mercado. Por meio de sua plataforma, busca atender às necessidades logísticas de empresas
de todos os portes, que possuam operações de transporte intensivo. Essa ferramenta utiliza tecnologia de
ponta, incluindo inteligência artificial e aprendizado de máquina, para automatizar processos logísticos e criar
uma roteirização inteligente. A partir da implementação deste software, os parâmetros reais da operação são
analisados, permitindo a geração das melhores rotas que atendam às especificidades de cada cliente e
entrega de forma eficiente.
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VIDEOAULA
Olá, estudante! Para enriquecer seus conhecimentos acerca do uso de recursos e suas implicações
ambientais, convido você a assistir ao vídeo da aula que explora uma perspectiva abrangente sobre a Ecologia
e o uso sustentável dos recursos naturais, os 5Rs e a inovação e logística verde. Neste vídeo, abordarei os
fundamentos da Ecologia e seu papel na compreensão das interações entre os seres vivos e o meio ambiente.
Em seguida, serão explorados os 5Rs. Essa abordagem proativa busca minimizar o impacto ambiental e
incentivar práticas mais conscientes e responsáveis em relação ao consumo e ao descarte de recursos e
materiais. Além disso, no vídeo discuto a importância da inovação e logística verde como ferramentas
fundamentais para uma gestão mais consciente dos recursos naturais.
 Saiba mais
Leitura
REIS, A. C.; CAMARGO, R. S. Gestão de recursos ambientais. Porto Alegre: Grupo A, 2018.
Plataforma Hiperdiversidade Tropical.
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
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INTRODUÇÃO
Olá, estudante, seja bem-vindo à aula sobre poluição. A poluição é um desafio global que exige ação imediata
para garantir a preservação do meio ambiente e a qualidade de vida das gerações futuras. Nesta aula,
abordaremos importantes ferramentas e conceitos que contribuem para a gestão responsável dos resíduos e
a redução da poluição. Iniciaremos com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que representa um
marco significativo no enfrentamento dos problemas causados pelos resíduos sólidos.
Além disso, apresentaremos a logística reversa de pós-consumo como uma estratégia promissora para
reduzir a quantidade de resíduos descartados inadequadamente no meio ambiente. Por meio da logística
reversa, busca-se o retorno de produtos, embalagens e materiais ao ciclo produtivo, visando à reciclagem e
reutilização, minimizando a poluição e os danos aos ecossistemas. A aula também abordará casos específicos,
como descarte de pilhas, baterias, medicamentos e microplástico, destacando a necessidade de descarte
adequado. Os ecopontos serão evidenciados como locais-chave para o correto encaminhamento dos
resíduos, incentivando práticas sustentáveis.
Esperamos que o conteúdo apresentado contribua para uma maior conscientização e ações concretas em prol
de um futuro mais limpo, saudável e sustentável para todos. Bons estudos!
Aula 4
POLUIÇÃO
Nesta aula, abordaremos importantes ferramentas e conceitos que contribuem para a gestão
responsável dos resíduos e a redução da poluição.
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DESAFIOS DA POLUIÇÃO: OS TIPOS, REGULAMENTAÇÕES E SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS
A poluição é um dos desafios mais prementes enfrentados pela humanidade na contemporaneidade. Esse
fenômeno, resultante das atividades humanas e naturais, tem assumido diversas formas e atingido
proporções alarmantes ao redor do globo. Entre os efeitos mais evidentes estão o aquecimento global, a
destruição de ecossistemas, a escassez de recursos hídricos, o surgimento de doenças respiratórias e a perda
de espécies vitais para a estabilidade dos ecossistemas. Diante dessa realidade preocupante, faz-se urgente
compreender a extensão dos problemas causados pela poluição e buscar soluções inovadoras, sustentáveis e
compartilhadas para assegurar a preservação do planeta e a qualidade de vida das presentes e futuras
gerações.
A poluição pode assumir muitas formas, desde compostos orgânicos e outras substâncias químicas até
diferentes tipos de energia. A severidade de um poluente para a saúde humana e para os ecossistemas é
baseada em sua natureza química, quantidade ou concentração e persistência. O Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) (2017) identificou seis tipos de poluição: ar, água doce, terra e solo,
marinha, química e por resíduos. Alguns tipos de poluição são facilmente percebidos, como certas formas de
água contaminada, má qualidade do ar, resíduos industriais, lixo, luz, calor e ruído. Outros são menos visíveis,
como a presença de pesticidas nos alimentos, mercúrio nos peixes, excesso de nutrientes no mar e lagos,
desreguladores endócrinos na água potável e outros micropoluentes na água doce e marinha.
O rápido crescimento industrial resultou em problemas ambientais e sociais, como o aumento do transporte
individual e a alta poluição atmosférica devido ao grande número de veículos. Além disso, houve um aumento
significativo na geração de resíduos sólidos, águas residuais e habitações irregulares. Essas questões
tornaram-se problemas difíceis de solucionar, pois requerem estratégias adequadas para conciliar o interesse
individual e coletivo (DIAS, 2015).
A poluição causada pelos resíduos sólidos é um problema crescente nas últimas décadas, afetando a
qualidade do ar, do solo e da água, bem como a fauna e a flora. O acúmulo inadequado de lixo em aterros e
lixões a céu aberto gera impactos ambientais negativos, além de riscos à saúde das comunidades próximas a
esses locais.
Resíduos são materiais, substâncias, objetos ou bens descartados como resultado das atividades humanas em
sociedade, cujo destino final pode, deve ou é obrigatório que seja tratado. Esses resíduos podem ser
encontrados em estados sólidos ou semissólidos, bem como gases contidos em recipientes e líquidos com
características que impedem sua disposição na rede pública de esgotos, em corpos d’água, ou que requerem
soluções técnicas ou economicamente inviáveis, considerando a melhor tecnologia disponível (JARDIM et al.,
2012).
A gestão inadequada dos resíduos sólidos também contribui para a poluição dos rios e oceanos, uma vez que
muitos materiais descartados de forma imprópria acabam chegando aos corpos d'água por meio de chuvas e
ventos, causando danos à vida marinha e comprometendo a cadeia alimentar. Com objetivo de reduzir e dar a
destinação correta aos resíduos, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) é um conjunto de diretrizes e
ações adotadas pelo governo para promover uma gestão mais eficiente dos resíduos sólidos no Brasil.
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Aprovada em 2010 pela Lei nº 12.305, a PNRS busca soluções sustentáveis para o tratamento, a destinação
final e disposição adequada dos resíduos sólidos, visando à preservação do meio ambiente e à promoção da
saúde pública.
As principais diretrizes da PNRS são: responsabilidade compartilhada; prevenção e minimização; logística
reversa; metas e planos; coleta seletiva; e engajamento da sociedade civil. A legislação estabelece a adoção da
responsabilidade compartilhada pelos diversos agentes envolvidos na geração de resíduos, como fabricantes,
importadores, distribuidores, comerciantes, cidadãos e prestadores de serviços de manejo dos resíduos
sólidos urbanos.
A Instrução Normativa Ibama nº 13, de 18 de dezembro de 2012, é um importante marco na gestão de
resíduos sólidos no Brasil. Essa normativa estabelece a "Lista Oficial Brasileira de Resíduos Sólidos", um
documento detalhado que desempenha um papel fundamental como instrumento para a gestão responsável
e eficiente dos resíduos no país. Os Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), lixo doméstico, são gerados em
residências, comércios e serviços e incluem materiais como papel, plástico, vidro, metal, alimentos, entre
outros. Os resíduos eletrônicos (e-lixo) são provenientes de equipamentos eletroeletrônicos descartados,
como computadores, celulares, eletrodomésticos, entre outros. Os resíduos orgânicos são os resíduos
biodegradáveis de origem animal ou vegetal, como restos de alimentos, folhas e aparas de grama.
O aumento do consumo e a crescente produção de resíduos têm gerado impactos significativos no meio
ambiente, ameaçando ecossistemas, a biodiversidade e a qualidade de vida das comunidades ao redor do
mundo. A logística reversa é um conceito que busca minimizar o impacto ambiental da produção e consumo
de produtos, promovendo a coleta, reciclagem e reintegração dos resíduos sólidos ao ciclo produtivo. Quando
aplicada ao pós-consumo, a logística reversa assume um papel essencial no combate à poluição.
A experiência global e brasileira têm demonstrado que as regulamentações relacionadas a resíduos de
maneira geral devem abranger, de forma responsável, todos os participantes das cadeias diretas e reversas
desses produtos, a fim de garantir a sua eficácia. Isso envolve criar condições para que a logística reversa
funcione de maneira eficiente (JARDIM et al., 2012).
A logística reversa (LR) de pós-consumo é uma estratégia que busca reverter o fluxo tradicional de resíduos
sólidos, direcionando-os de volta ao ciclo produtivo ou para destinações ambientalmente adequadas. Essa
abordagem visa a dar uma nova vida aos materiais descartados, recuperando recursos e reduzindo a
necessidade de extração de matérias-primas virgens, contribuindo para uma economia mais circular e
sustentável.
A logística reversa é essencial após a compra do produto, abrangendo devoluções, reciclagem e reuso. Ela está
intimamente relacionada ao fluxo logístico direto, sendo essencial para o seu funcionamento (LUZ, 2021).
Um dos princípios das LR, é da responsabilidade estendida do produtor (REP), que atribui aos fabricantes a
responsabilidade de recolher e dar destinação adequada aos produtos após o uso pelo consumidor. Essa
abordagem incentiva a criação de produtos com menor impacto ambiental e fomenta a economia circular.
Conforme mencionado por Weetman (2020), a economia circular tem sua base na sustentabilidade,
promovendo a criação de produtos que sejam livres de resíduos, capazes de conservar recursos e operar em
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harmonia com a biosfera. Dessa forma, é essencial reconhecer que as emissões, subprodutos e bens
danificados ou indesejados devem ser transformados em matéria-prima para dar origem a um novo ciclo de
produção.
As pesquisas sobre o tema listam a cinco atributos prioritários para reverter o fluxo. São eles:
1. Coleta seletiva, como primeiro passo da logística reversa, que consiste na separação dos resíduos por
tipo (plástico, papel, metal, vidro) para facilitar a reciclagem e reduzir a quantidade de resíduos
destinados a aterros sanitários.
2. Reciclagem, processo em que os materiais descartados são transformados em novos produtos ou
matérias-primas, reduzindo a extração de recursos naturais e a geração de resíduos.
3. Reintegração ao ciclo produtivo quando os materiais reciclados são utilizados na fabricação de novos
produtos, fechando o ciclo de produção e consumo sustentável.
4. Responsabilidade compartilhada, que envolve diferentes atores, como fabricantes, varejistas,
consumidores e órgãos governamentais, todos com responsabilidades definidas para garantir o sucesso
do processo.
5. Estabelecer incentivos econômicos, como benefícios fiscais ou créditos ambientais, pode estimular
empresas e consumidores a participarem ativamente da logística reversa.
Figura 1 - Soluções sustentáveis
Fonte: Shutterstock.
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Dentre as diversas fontes de poluição, destacam-se casos específicos relacionados a pilhas, baterias,
medicamentos, microplásticos e o papel dos ecopontos na mitigação desses impactos. A destinação final de
pilhas e baterias usadas é regulamentada pela Resolução CONAMA nº 401/2008. De acordo com o artigo 6
desta resolução, as pilhas e baterias mencionadas no artigo 1º, sejam de fabricação nacional ou importadas,
utilizadas ou inservíveis, devem ser enviadas integralmente para um processo de destinação ambientalmente
adequada. Essa responsabilidade recai sobre o fabricante ou importador e se aplica tanto aos
estabelecimentos comerciais quanto às redes de assistência técnica autorizada. Existem 3 tipos de baterias,
sendo elas as de chumbo-ácido, níquel-cádmio e óxido de mercúrio, devendo essas serem recolhidas pelas
lojas que as comercializam (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica-ABINEE, 2023).
O descarte de medicamentos vencidos ou não utilizados em pias ou vasos sanitários pode contaminar as
águas residuais, que não são totalmente tratadas em estações de tratamento de esgoto, permitindo a
disseminação de substâncias farmacêuticas no ambiente. A conscientização sobre pontos de coleta
específicos para devolução de medicamentos vencidos é fundamental para mitigar esse tipo de poluição. O
decreto nº 10.388/2020 estabelece regras para o descarte correto de medicamentos: drogarias e farmácias
devem ter pelo menos um ponto de coleta a cada 10 mil habitantes. Esses pontos de coleta têm como objetivo
proporcionar a destinação adequada para medicamentos vencidos, impedindo que sejam consumidos de
forma imprópria ou que contaminem o meio ambiente ao se dissolverem, resultando em água contaminada,
chuva ácida ou poluição.
Outro poluente é o microplástico e, como o próprio nome indica, é uma pequena partícula de plástico que
representa um dos principais poluentes dos oceanos. Algumas pesquisas definem o tamanho máximo do
microplástico como 1 milímetro, enquanto outras adotam a medida de 5 milímetros (UNIVASF, 2019). O
problema significativo é que o microplástico altera a composição de certas áreas marítimas, prejudicando o
ecossistema local e, consequentemente, afetando a saúde humana (USP, 2022).
ENTENDENDO OS IMPACTOS DA POLUIÇÃO E AS SOLUÇÕES PARA SUSTENTABILIDADE
De acordo com o Pnuma, a poluição do ar é o maior risco à saúde ambiental mundial, matando cerca de 6,5
milhões de pessoas prematuramente a cada ano no mundo e expondo nove em cada dez pessoas a níveis de
poluição do ar ao ar livre. Sobre a poluição dos oceanos, a organização destaca que 12,7 milhões de toneladas
de resíduos plásticos são jogados no oceano a cada ano.
Desde o ano de 1850, o Brasil liberou 112,9 bilhões de toneladas de CO2 (GtCO2) na atmosfera. Mais de 85%
dessa quantidade está relacionada ao desmatamento de florestas. Entre os 20 principais poluidores, o Brasil é
líder na categoria de desmatamento e emissões decorrentes do uso da terra (CARBON BRIEF, 2021).
Em 2022, apenas 4% das aproximadamente 82 milhões de toneladas de resíduos produzidos no Brasil foram
recicladas. O restante acabou em aterros sanitários, depósitos de lixo ao ar livre ou espalhados por ruas e
praças do país (ABRELPE, 2022). De acordo com o Banco Mundial, o Brasil ocupa a quarta posição entre os
maiores produtores de lixo plástico no mundo, totalizando 11,3 milhões de toneladas, ficando atrás somente
de Estados Unidos, China e Índia. Desse volume, mais de 10,3 milhões de toneladas foram coletadas (91%),
porém, apenas 145 mil toneladas (1,28%) são efetivamente recicladas, ou seja, reintroduzidas na cadeia de
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  • 1. 10/03/2024, 15:02 clldd_23.2_u2_esg https://www.avaeduc.com.br/mod/url/view.php?id=1101573 1/51 Imprimir  MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE Aula 1 - Mudança climática Aula 2 - Questões e impactos ambientais Aula 3 - Uso de recursos Aula 4 - Poluição Aula 5 - Revisão da Unidade Referências
  • 2. 10/03/2024, 15:02 clldd_23.2_u2_esg https://www.avaeduc.com.br/mod/url/view.php?id=1101573 2/51 INTRODUÇÃO Olá, estudante, seja bem-vindo à aula sobre mudanças climáticas. Nesta aula, você vai aprender sobre os principais fatores que contribuem para o aquecimento global, as medidas que estão sendo tomadas para mitigar seus efeitos e o papel do mercado de carbono na redução das emissões de gases de efeito estufa. Para combater o aquecimento global e seus impactos, é crucial promover ações que envolvam a mitigação das emissões, a adaptação às mudanças climáticas e a conscientização da sociedade. Investimentos em energias renováveis, transporte sustentável, preservação de áreas naturais e práticas agrícolas mais sustentáveis são alguns caminhos a percorrer em busca desse objetivo. Além disso, a educação ambiental desempenha um papel fundamental, capacitando as pessoas a agirem de forma consciente e responsável em relação ao meio ambiente. A mudança global exige um esforço coletivo e comprometimento de governos, empresas e cidadãos. Somente com ações integradas e sustentáveis poderemos preservar nosso planeta para as gerações futuras. Nesse contexto, é necessário ainda compreender a gravidade dos problemas ambientais e buscar soluções que promovam a harmonia entre o desenvolvimento humano e a proteção dos recursos naturais. Aula 1 MUDANÇA CLIMÁTICA Olá, estudante, seja bem-vindo à aula sobre mudanças climáticas. Nesta aula, você vai aprender sobre os principais fatores que contribuem para o aquecimento global, as medidas que estão sendo tomadas para mitigar seus efeitos e o papel do mercado de carbono na redução das emissões de gases de efeito estufa. 
  • 3. 10/03/2024, 15:02 clldd_23.2_u2_esg https://www.avaeduc.com.br/mod/url/view.php?id=1101573 3/51 Você também vai desenvolver habilidades para analisar dados, argumentar criticamente e propor soluções para os desafios ambientais do século XXI. Esperamos que você aproveite esta oportunidade de ampliar seus conhecimentos e se engajar em uma questão vital para o futuro do planeta. Juntos, podemos construir um futuro mais sustentável e resiliente. Bons estudos! OS PRINCIPAIS CONCEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS O sistema climático é composto por vários elementos interativos e complexos, incluindo a atmosfera, a superfície terrestre, neve, gelo, oceanos e outros corpos de água, além dos seres vivos. Todos esses componentes desempenham um papel essencial no funcionamento do sistema climático. Existem três mecanismos principais que podem influenciar as alterações no balanço de radiação da Terra. O primeiro está relacionado a mudanças na radiação solar incidente, que podem ocorrer devido a mudanças na órbita da Terra ou no próprio Sol. O segundo mecanismo envolve alterações no albedo de uma região, ou seja, na fração de radiação solar refletida. Essas alterações podem ser causadas por mudanças na cobertura de nuvens, partículas atmosféricas ou vegetação. Por fim, o terceiro mecanismo refere-se a alterações na radiação de onda longa liberada pela Terra para o espaço, que podem ocorrer devido a mudanças na concentração de gases de efeito estufa (CORTESE; NATALINI, 2014). As mudanças climáticas são alterações significativas que ocorrem no clima do nosso planeta ao longo de um período extenso, que pode abranger décadas ou até mais. Essas mudanças podem ser causadas por eventos naturais, como erupções vulcânicas ou alterações na quantidade de radiação solar que a Terra recebe. No entanto, também podem ser desencadeadas por atividades humanas, como o aquecimento global que vem sendo observado nas últimas décadas (IPCC, 2023). O aquecimento global, especificamente, tem um impacto substancial no clima global. Ele pode alterar os padrões climáticos aos quais estamos acostumados, provocar o aumento do nível do mar, causar o derretimento de geleiras e gerar uma série de outros efeitos que alteram significativamente nosso ambiente. Mas o que é exatamente o aquecimento global? De acordo com o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), um órgão das Nações Unidas responsável por produzir informações científicas sobre o clima, o aquecimento global é o aumento progressivo da temperatura média da Terra. Este aumento é causado principalmente pelo acúmulo de certos gases na atmosfera, conhecidos como gases de efeito estufa (GEE). O efeito estufa é um processo natural fundamental para a vida na Terra. Ele ocorre quando alguns gases na atmosfera retêm calor do sol, mantendo nosso planeta aquecido. Esses gases incluem dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O) e vapor d'água. Sem eles, a Terra seria muito fria para sustentar a vida como a conhecemos. Figura 1 - Mudanças climáticas 
  • 4. 10/03/2024, 15:02 clldd_23.2_u2_esg https://www.avaeduc.com.br/mod/url/view.php?id=1101573 4/51 No entanto, ações humanas têm aumentado a quantidade desses gases na atmosfera. Atividades como a queima de combustíveis como gasolina e diesel, a queima de madeira e o desmatamento estão liberando maior quantidade desses gases na atmosfera. Como resultado, mais calor é retido na Terra, o que eleva a temperatura do planeta e provoca mudanças no clima. Os principais culpados são o dióxido de carbono (CO2) e o metano (CH4), que são liberados principalmente pela queima de combustíveis fósseis, desmatamento e agricultura intensiva (WWF, 2022). Os combustíveis fósseis são formados pela decomposição de organismos que morreram milhões de anos atrás, e esses depósitos ricos em carbono são extraídos e queimados para gerar energia. Esses combustíveis, que atualmente fornecem cerca de 80% da energia mundial (CLIENT EARTH, 2022), liberam grandes quantidades de CO2 quando queimados. O desmatamento é a remoção intencional e permanente de florestas, associadas com o crescimento dos mercados para os produtos que produzem a mudança de uso do solo como para agricultura, indústria madeireira e com a urbanização e o crescimento populacional (RIVERO et al, 2009). Assim como a queima de combustíveis fósseis, o desmatamento contribui para o aumento das emissões de gases de efeito estufa, além de causar perda de biodiversidade, degradação do solo e impactar os ciclos climáticos e hídricos regionais. Para combater as mudanças climáticas, foram estabelecidos acordos internacionais, como o Protocolo de Quioto em 1997, que complementa a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês). Ele estabeleceu metas de redução de emissões para países desenvolvidos e aqueles em transição para o capitalismo, uma vez que esses países são os principais responsáveis históricos pelas mudanças climáticas atuais. O Protocolo de Quioto entrou em vigor em 16 de fevereiro de 2005, após ser ratificado por pelo menos 55% dos países-membros da Convenção, representando no mínimo 55% do total das emissões de 1990. Seu objetivo principal é reduzir as emissões de gases de efeito estufa para combater o aquecimento global e suas Fonte: Shutterstock. 
  • 5. 10/03/2024, 15:02 clldd_23.2_u2_esg https://www.avaeduc.com.br/mod/url/view.php?id=1101573 5/51 consequências. Além disso, a Agenda 21, um documento resultante da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1992, propõe diretrizes para o desenvolvimento sustentável, abordando temas como proteção dos ecossistemas, desenvolvimento econômico equitativo, erradicação da pobreza e promoção da participação social. Existem dois tipos principais de mercados de carbono: regulado e voluntário (BNDES, 2022). O mercado regulado, também conhecido como mercado de conformidade, é regido por leis ou acordos internacionais, como o Protocolo de Quioto. Nele, os países ou empresas têm limites legais (cotas) para suas emissões de gases de efeito estufa. Se ultrapassarem esses limites, devem comprar créditos de carbono para compensar as emissões excedentes. Já o mercado voluntário de carbono não é regido por leis obrigatórias, mas por iniciativas individuais, de empresas ou de organizações que desejam reduzir voluntariamente suas emissões de carbono. Essas entidades compram créditos de carbono para compensar suas emissões, mesmo que não sejam legalmente obrigadas a fazê-lo. TORNANDO AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS UMA PRIORIDADE: IMPACTOS GLOBAIS E AÇÕES LOCAIS As mudanças climáticas não são mais uma previsão, mas sim uma realidade com a qual a população mundial precisa lidar. Testemunhamos seus efeitos no nosso cotidiano: a infraestrutura de cidades ameaçada, a produtividade das lavouras reduzida, os oceanos alterados e a disponibilidade de peixes em risco. Devido à gravidade e abrangência dessas consequências, o termo "crise climática" tornou-se amplamente adotado (WWF, 2023). Os fenômenos climáticos deslocaram mais de 30 milhões de pessoas em 2020, tornando-as mais vulneráveis à pobreza. Além disso, há milhões de pessoas refugiadas que ainda residem em regiões vulneráveis às mudanças climáticas, como áreas propensas a inundações e tempestades, e enfrentam a falta de recursos essenciais para se adaptarem a ambientes cada vez mais desafiadores (ONU, 2021). Outro instrumento importante na luta contra as mudanças climáticas é o conceito de crédito de carbono, uma unidade de medida que equivale à redução de 1 tonelada de CO2 emitida na atmosfera. Este conceito foi introduzido no Protocolo de Quioto em 1997, para incentivar os países a reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Os mercados de crédito de carbono são sistemas que permitem a empresas, organizações e até indivíduos balancear suas emissões de gases de efeito estufa. Eles fazem isso adquirindo créditos que são gerados por projetos que reduzem as emissões desses gases ou capturam carbono da atmosfera. O princípio que rege esses mercados é transferir o custo social das emissões de gases de efeito estufa para aqueles que os emitem (NEXO, 2023). 
  • 6. 10/03/2024, 15:02 clldd_23.2_u2_esg https://www.avaeduc.com.br/mod/url/view.php?id=1101573 6/51 Em 2019, cerca de 356 mil pessoas morreram de doenças ligadas a intensas ondas de calor em todo o mundo (THE LANCET, 2021). O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, 2023) assegura com 90% de confiança que o aquecimento global é consequência das atividades humanas. Entre as principais ações que contribuem para esse aquecimento estão: a queima de combustíveis fósseis (derivados do petróleo, carvão mineral e gás natural) para geração de energia e transportes; a mudança no uso do solo; a agropecuária; o descarte inadequado de resíduos sólidos e o desmatamento. No Brasil, as mudanças do uso do solo e o desmatamento são as principais fontes de nossas emissões, colocando o país entre os maiores emissores de gases de efeito estufa do mundo. As mudanças de uso da terra responderam por 49% das emissões brutas de gases de efeito estufa do país em 2021, seguidas da agropecuária, com 25%, o país é o sétimo maior emissor de gases de efeito estufa do mundo (OBSERVATÓRIO DO CLIMA, 2023). Quando há incêndios florestais ou áreas são desmatadas, esse carbono é liberado para a atmosfera, contribuindo para o efeito estufa e o aquecimento global. No entanto, as emissões de GEE por outras atividades, como agropecuária e geração de energia, têm aumentado significativamente ao longo dos anos. A queima de combustíveis fósseis, como carvão, petróleo e gás natural, para geração de energia e transporte, é uma das principais fontes de emissões de CO2. A indústria, a agricultura e o desmatamento também contribuem para a liberação desses gases. Incêndios florestais não só liberam carbono para a atmosfera, mas também afetam a qualidade do ar, prejudicam a saúde humana e reduzem a biodiversidade. O desmatamento, sobretudo em florestas tropicais como a Amazônia, contribui para a perda de habitats, redução da biodiversidade e intensificação do efeito estufa, visto que as árvores desempenham um papel crucial na regulação do equilíbrio atmosférico. Considerando essa situação, fica evidente a importância contínua do debate sobre a adaptação às mudanças climáticas no Brasil e em outros países da América Latina e do Caribe. É essencial que os responsáveis pela tomada de decisões priorizem esse tema (CORTESE; NATALINI, 2014). O Brasil é signatário do Protocolo de Quioto, um acordo internacional que estabelece metas de redução das emissões de gases de efeito estufa. Este acordo introduziu três mecanismos para auxiliar os países a atingir suas metas de redução de emissões: Comércio de Emissões, Implementação Conjunta e Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Estes mecanismos proporcionam aos países a possibilidade de reduzir suas emissões de forma mais eficiente e promover projetos sustentáveis em outros países. Esse acordo representou um marco significativo nas negociações internacionais sobre o clima e resultou em uma conscientização global sobre a necessidade de ações concretas para mitigar as mudanças climáticas. A Agenda 21 incentiva ações integradas entre governos, sociedade civil e o setor privado para enfrentar de forma coesa os desafios ambientais. Essa agenda promove a integração de políticas sustentáveis, estimula a participação da sociedade civil, incentiva a cooperação entre os setores público e privado e busca o equilíbrio entre os aspectos sociais, econômicos e ambientais do desenvolvimento. Além disso, a Agenda 21 contribui para a conscientização ambiental e para a criação de estratégias de longo prazo para alcançar o desenvolvimento sustentável. 
  • 7. 10/03/2024, 15:02 clldd_23.2_u2_esg https://www.avaeduc.com.br/mod/url/view.php?id=1101573 7/51 A implementação dos créditos de carbono traz diversas vantagens. Em primeiro lugar, é um mecanismo que incentiva a redução das emissões de GEE e contribui para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Ao criar um mercado para a compra e venda desses créditos, as empresas são estimuladas a adotar práticas mais sustentáveis e a investir em projetos de redução de emissões. Além disso, os créditos de carbono podem impulsionar o desenvolvimento econômico e tecnológico, promovendo a transição para uma economia de baixo carbono. Os créditos de carbono desempenham um papel importante na mitigação das mudanças climáticas e na transição para uma economia sustentável. Suas características, vantagens e desvantagens devem ser cuidadosamente consideradas na implementação desses mecanismos. No caso do Brasil, é necessário enfrentar desafios relacionados à governança ambiental e ao combate ao desmatamento ilegal, visando aproveitar o potencial do país na geração de créditos de carbono e promover o desenvolvimento sustentável. APLICANDO CONCEITOS DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA PRÁTICA: EXEMPLOS DE AÇÕES LOCAIS E SETORES PROFISSIONAIS Os conceitos relacionados às mudanças climáticas estão sendo aplicados no mundo real e estão impactando e sendo abordados em vários setores profissionais. No setor de transportes, por exemplo, o aumento do uso de veículos elétricos e híbridos está ajudando a reduzir as emissões de CO2. Outra aplicação prática são as empresas compartilhamento de bicicletas e patinetes elétricos, uma alternativa aos carros particulares e ao transporte público para viagens curtas, essas empresas podem ajudar a reduzir as emissões de gases de efeito estufa provenientes do setor de transporte, um dos maiores contribuintes para a mudança climática. Hoje, a Tembici com o projeto Bike Itaú, seguem operando nesse segmento no Brasil, incentivando a mobilidade urbana sustentável. As políticas públicas são essenciais para a redução das emissões de gases de efeito estufa, pois elas podem orientar, incentivar e regular as ações dos diferentes setores da sociedade para diminuir o impacto das atividades humanas no clima. A implementação do Protocolo de Quioto é um exemplo de política pública voltada para as mudanças climáticas. No nível local, muitas cidades estão adotando planos de ação climática. Um bom exemplo é a cidade de São Paulo, que, no ano de 2009, lançou a Política Municipal de Mudança do Os Relatórios do Fórum Econômico Mundial também desempenham um papel crucial no contexto das políticas públicas voltadas à mudança do clima. Em 2022, o relatório anual destacou os principais riscos e desafios globais, incluindo questões ambientais. Ao analisar as perspectivas econômicas e sociais, ele enfatiza a necessidade de ações concretas para mitigar as mudanças climáticas e promover a resiliência diante de seus impactos. Em 2022, o governo brasileiro promulgou o Decreto nº 11.075/2022 que regulamenta o mercado de créditos de carbono no país, focando na exportação desses créditos para países e empresas que necessitam compensar suas emissões. Esta regulamentação tem como objetivo impulsionar a economia verde e aproveitar o potencial do Brasil na geração de créditos de carbono (MMA, 2022). 
  • 8. 10/03/2024, 15:02 clldd_23.2_u2_esg https://www.avaeduc.com.br/mod/url/view.php?id=1101573 8/51 Clima e, mais recentemente, em 2021, apresentou o Plano Municipal de Ação Climática. Dentro deste plano, a meta estabelecida é eliminar 17 milhões de toneladas de Gases de Efeito Estufa (GEE) até o ano de 2030. O plano também prevê a implementação de medidas que visem reduzir as vulnerabilidades sociais, econômicas e ambientais, facilitando, assim, um processo de adaptação mais efetivo. Nos últimos anos, a administração pública local, incluindo tanto o governo executivo quanto o legislativo, abordou ativamente a questão, colocando-a como uma prioridade da agenda da cidade. Como resultado, foram criadas leis e políticas públicas com o objetivo de lidar com os efeitos adversos desse fenômeno, concentrando-se em medidas de prevenção, remediação, mitigação e adaptação (CORTESE, NATALINI, 2014). A cidade de São Paulo já começou a tomar ações concretas em relação a essas metas. Algumas dessas ações incluem a substituição de lâmpadas tradicionais por lâmpadas LED, a substituição de veículos a diesel na frota de transporte público, a criação de Ecopontos, a implementação de um sistema de coleta seletiva de resíduos e a instalação de jardins de chuva, que ajudam a gerenciar o escoamento da água durante fortes precipitações. As empresas também têm um papel importante na redução das emissões de gases estufa, pois elas são responsáveis por uma parte significativa das atividades que geram essas emissões, como a queima de combustíveis fósseis, os processos industriais, o transporte e o consumo de energia. A Natura, uma renomada empresa brasileira de cosméticos, tem um compromisso profundo com a sustentabilidade. Ela utiliza ingredientes naturais de forma responsável, esforça-se para minimizar o uso de embalagens e investe em projetos de reflorestamento. Um exemplo notável é o Programa Natura Carbono Neutro. Iniciado em 2007, este programa tem como objetivo compensar 100% das emissões de gases de efeito estufa geradas pelas atividades da empresa. Portanto, a Natura já neutralizou todas as emissões de carbono decorrentes de suas operações desde então. Outro caso, certificada como B-Corp, uma certificação que atesta o compromisso da empresa com padrões rigorosos de desempenho social e ambiental, transparência e responsabilidade, é a empresa Patagonia de equipamentos e roupas para atividades ao ar livre, tem uma longa história de envolvimento em questões ambientais e climáticas. Em 2019, a Patagonia recebeu o título de 'Campeã da Terra', o maior prêmio ambiental concedido pela Organização das Nações Unidas (ONU). Esse prêmio reconheceu a abordagem inovadora da empresa que colocou a sustentabilidade no centro do seu modelo de negócios bem-sucedido. Atualmente, quase 70% dos produtos fabricados pela Patagonia provêm de materiais reciclados, entre eles, garrafas plásticas, e a empresa tem o objetivo de alcançar o uso de 100% de materiais renováveis ou reciclados até 2025. Além disso, a Patagonia mantém um compromisso com a filantropia voltada ao meio ambiente, destinando 1% de suas vendas totais para organizações ambientalistas por meio do programa '1% for the Planet'. Esta ação já resultou em doações de aproximadamente US$ 90 milhões para organizações de base e capacitou milhares de jovens ativistas durante os últimos 35 anos. O Brasil pode se beneficiar financeiramente com a venda de créditos de carbono. Devido à extensa cobertura florestal do país, principalmente na Floresta Amazônica, o país possui potencial para gerar créditos ao preservar suas áreas naturais e reduzir o desmatamento. Estimativas indicam que o Brasil poderia gerar até 
  • 9. 10/03/2024, 15:02 clldd_23.2_u2_esg https://www.avaeduc.com.br/mod/url/view.php?id=1101573 9/51 R$ 26 bilhões por ano com a venda de créditos de carbono, com potencial de criação de 1,5 milhão de empregos até 2030 (MCKINSEY & COMPANY, 2021). Na Amazônia, o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) tem um papel ativo na pesquisa e promoção de soluções sustentáveis. Eles têm trabalhado na criação de um mercado de carbono que compensa os povos indígenas e as comunidades locais pela conservação das florestas. Outro projeto, localizado no estado do Amapá, o Projeto REDD (Redução de Emissões de Desmatamento e Degradação florestal) Jari/Amapá é um dos exemplos de projeto que gera créditos de carbono no Brasil. Por meio da preservação de uma grande área de floresta tropical, o projeto evita a emissão de milhões de toneladas de carbono que seriam liberadas pelo desmatamento e queima da floresta. VIDEOAULA Olá, estudante, para ampliar seus conhecimentos sobre as mudanças climáticas, compreendendo tanto os aspectos científicos quanto as políticas públicas relacionadas ao tema, assista ao vídeo da aula que aborda diversos aspectos relacionados s mudanças climáticas. Neste vídeo, discutiremos as causas naturais e os impactos humanos sobre as mudanças climáticas. Abordaremos temas como o aquecimento global, o efeito estufa, a emissão de gases, as queimadas e os desmatamentos, que desempenham um papel fundamental nesse cenário. Discutiremos ainda os principais protocolos, acordos e políticas para a redução das emissões de gases de efeito estufa, que destaca as questões ambientais na agenda global. Por fim, abordaremos um instrumento econômico de extrema relevância no contexto das mudanças climáticas: os créditos de carbono. Exploraremos como essa ferramenta pode incentivar a redução das emissões de gases de efeito estufa, promovendo a sustentabilidade e a transição para uma economia de baixo carbono. Compreender essas questões nos permitirá refletir sobre o impacto de nossas ações no meio ambiente e na sustentabilidade do planeta.  Saiba mais Livro – Crise climática e o Green New Deal global: a economia política para salvar o planeta ONU – O que são mudanças climáticas? Akatu - Primeiros passos Crise climática. NexoJornal – Crédito de carbono: a aposta de mercado contra o efeito estufa. Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG) Para visualizar o objeto, acesse seu material digital. 
  • 10. 10/03/2024, 15:02 clldd_23.2_u2_esg https://www.avaeduc.com.br/mod/url/view.php?id=1101573 10/51 Calculadora de Pegada Ecológica. INTRODUÇÃO Olá, estudante, seja bem-vindo à nossa segunda aula da unidade Meio Ambiente e Sustentabilidade, na qual exploraremos as questões e os impactos dos programas de sustentabilidade nos meios organizacional, público e social. Vivemos em um mundo em constante transformação, no qual a busca pelo equilíbrio entre o progresso econômico e a preservação ambiental se torna cada vez mais crucial. A sustentabilidade emerge como um conceito fundamental nessa busca, com o objetivo de atender às necessidades do presente sem comprometer as gerações futuras. Nessa aula, discutiremos os dilemas do desenvolvimento sustentável, examinaremos os pilares da sustentabilidade em relação à cadeia produtiva e abordaremos a noção de sociedade de risco, seus impactos no meio ambiente, o risco social dos problemas ambientais e o esgotamento de recursos. Aula 2 QUESTÕES E IMPACTOS AMBIENTAIS Olá, estudante, seja bem-vindo à nossa segunda aula da unidade Meio Ambiente e Sustentabilidade, na qual exploraremos as questões e os impactos dos programas de sustentabilidade nos meios organizacional, público e social. 
  • 11. 10/03/2024, 15:02 clldd_23.2_u2_esg https://www.avaeduc.com.br/mod/url/view.php?id=1101573 11/51 Ao final desta aula, espero que você tenha adquirido uma compreensão mais aprofundada das questões e dos impactos dos programas de sustentabilidade nos meios organizacional, público e social. Também espero que tenhamos despertado uma consciência maior sobre os dilemas do desenvolvimento sustentável, os pilares da sustentabilidade na cadeia produtiva e os desafios da sociedade de risco. Lembrem-se: a sustentabilidade é uma responsabilidade compartilhada por todos nós e cada ação individual pode fazer a diferença na construção de um futuro mais sustentável. Bons estudos! PROGRAMAS DE SUSTENTABILIDADE: FUNDAMENTOS, ATORES E DESAFIOS NA CONSTRUÇÃO DE UM FUTURO SUSTENTÁVEL Agora, exploraremos os conceitos fundamentais e as classificações dos programas de sustentabilidade. Em um mundo cada vez mais consciente dos desafios ambientais, sociais e econômicos, os programas de sustentabilidade desempenham um papel crucial na busca por soluções duradouras. Um programa de sustentabilidade é um roteiro acionável detalhando as medidas e atividades relacionadas que geram resultados e contam sua história de sustentabilidade. Inclui estrutura organizacional, iniciativas bem definidas e planos de implementação específicos (GREEN BUSINESS BUREAU, 2021). Os programas de sustentabilidade no meio organizacional são desenvolvidos por empresas e organizações privadas com o objetivo de reduzir seu impacto ambiental e promover práticas sustentáveis. Geralmente incluem a definição de metas e indicadores de desempenho ambiental, a adoção de tecnologias mais limpas, o estabelecimento de cadeias de suprimentos sustentáveis e a promoção da responsabilidade social corporativa (UN GLOBAL COMPACT, 2021). Após a implementação do programa e o alcance das metas ambientais estabelecidas, uma etapa de avaliação será realizada para enfocar a constante melhoria do desempenho ambiental. Ao elaborar um plano de gestão ambiental, os responsáveis pela atividade ou empreendimento se empenharão em abordar todos os efeitos ambientais associados a ele, debatendo e implementando estratégias para reduzir ou eliminar esses impactos (VALLE et al., 2019). Os governos também desempenham um papel fundamental na promoção da sustentabilidade, por meio de uma variedade de intervenções políticas e medidas de financiamento. Essas ações têm como objetivo apoiar a transformação dos sistemas energéticos e industriais, melhorar a eficiência energética, combater a poluição ambiental e proteger e restaurar o capital natural (EY, 2022). Os programas de sustentabilidade no meio público são implementados por governos e instituições governamentais para promover práticas ambientalmente responsáveis em nível regional, nacional ou internacional. Quando implementados por organizações da sociedade civil, movimentos sociais e comunidades locais, são denominados programas de sustentabilidade no meio social e têm como objetivo promover a conscientização ambiental, capacitar as comunidades e incentivar práticas sustentáveis no nível individual e coletivo. Essas 
  • 12. 10/03/2024, 15:02 clldd_23.2_u2_esg https://www.avaeduc.com.br/mod/url/view.php?id=1101573 12/51 O conceito de desenvolvimento sustentável é de fundamental importância para compreendermos os desafios e as soluções necessárias para promover um futuro viável e equilibrado. O conceito surgiu durante a Comissão de Brundtland, na década de 1980, onde foi elaborado o relatório Our Commom Future, "É a forma como as atuais gerações satisfazem suas necessidades sem, no entanto, comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades" (SCHARF, 2004, p.19). Portanto, é essencial que governos, empresas e organizações levem em conta o equilíbrio dos seguintes elementos ao planejar e executar suas ações no processo de tomada de decisões: a) Aspectos econômicos (estimular o crescimento e o desenvolvimento econômico); b) Aspectos sociais (atender às necessidades humanas); c) Aspectos ambientais (preservar a capacidade de regeneração e recuperação do ambiente natural) (DIAS, 2015; PEREIRA; SILVA; CARBONARI, 2017). Nos conceitos mais recentes de desenvolvimento sustentável, há o reconhecimento crescente da importância de envolver múltiplos atores e adotar uma perspectiva da cadeia produtiva para promover a sustentabilidade. A perspectiva da cadeia produtiva é essencial para entender o impacto ambiental, social e econômico de um produto ou serviço em todas as etapas de sua vida útil – desde a extração de recursos até o descarte final. Isso envolve a análise dos processos de produção, transporte, distribuição, consumo e descarte, e como eles afetam os recursos naturais, o meio ambiente e as comunidades envolvidas (ONU, 2022). Nessa perspectiva complexa, integrada e interdependente, as Nações Unidas em 2015 como parte da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, propuseram os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), uma série de 17 objetivos interconectados que visam abordar os principais desafios globais, como a erradicação da pobreza, a proteção do meio ambiente, a promoção da igualdade de gênero, o acesso à educação, a melhoria da saúde e o combate às mudanças climáticas. Diante da nova configuração social em que perigos e riscos são produzidos pela atividade humana, o sociólogo alemão Ulrich Beck, em 2002, propôs o conceito de “sociedade de risco”, os riscos são gerados principalmente por avanços científicos e tecnológicos, pela industrialização, pela globalização e pela exploração indiscriminada dos recursos naturais. Esses riscos podem assumir várias formas, como acidentes nucleares, desastres ambientais, crises econômicas, epidemias, alterações climáticas, entre outros (LEHFELD; NETO, 2022). Uma pesquisa da Mckinsey (2016) destacou dois riscos da cadeia produtiva: o primeiro está relacionado ao impacto na sustentabilidade do fornecimento de bens e serviços aos clientes. Isso envolve a capacidade de as empresas de fornecer produtos de forma sustentável, considerando aspectos como eficiência energética, redução de emissões de carbono, gestão responsável de recursos naturais e práticas de trabalho justas. organizações têm como características a ausência de finalidades lucrativas, o foco no interesse público e a atuação em áreas que frequentemente não são abrangidas pelo setor público ou pelo setor privado. Promovem a participação ativa das comunidades na proteção do meio ambiente, fortalecem os laços sociais e culturais e empoderam grupos marginalizados (GIFE, 2020). 
  • 13. 10/03/2024, 15:02 clldd_23.2_u2_esg https://www.avaeduc.com.br/mod/url/view.php?id=1101573 13/51 Outro tipo de risco está ligado ao impacto da sustentabilidade nas cadeias de suprimentos das empresas consumidoras. Isso significa que as ações e práticas sustentáveis adotadas por uma empresa podem ter efeitos na cadeia de fornecedores, podendo causar interrupções ou desafios em relação à sustentabilidade em diferentes estágios da cadeia (MCKINSEY, 2016). A sociedade de risco apresenta desafios significativos no que diz respeito aos impactos no meio ambiente, ao risco social dos problemas ambientais e ao esgotamento de recursos. A abordagem desses temas requer ações coletivas e políticas integradas que visem a conservação dos recursos naturais, a redução dos riscos sociais e a promoção de práticas sustentáveis. COMPREENDENDO A INTEGRAÇÃO DE PROGRAMAS, ATORES E SETORES PARA AÇÕES DE SUSTENTABILIDADE A sustentabilidade tornou-se uma preocupação global nas últimas décadas, impulsionada pela necessidade de preservar os recursos naturais e minimizar os impactos negativos das atividades humanas no meio ambiente. Para abordar essa questão, diferentes setores da sociedade, como o meio organizacional, público e social, têm implementado programas de sustentabilidade. Além disso, de acordo com a pesquisa "Líderes em Sustentabilidade" realizada pela GlobeScan em 2020, constatou-se que os governos nacionais apresentam uma lacuna na liderança em relação ao desenvolvimento sustentável. Essa constatação reforça a necessidade de intervenções estatais mais assertivas para enfrentar os crescentes desafios globais de sustentabilidade. Ao adotar um programa de sustentabilidade, as organizações podem reduzir seus custos operacionais por meio da eficiência energética, do uso de materiais sustentáveis e da redução de resíduos. Além disso, as empresas que demonstram compromisso com a sustentabilidade podem melhorar sua imagem corporativa, fortalecer a confiança dos consumidores e atrair investidores socialmente responsáveis. Os programas públicos envolvem a elaboração de políticas ambientais, a criação de leis e regulamentos ambientais, a implementação de programas de educação ambiental e o estabelecimento de parcerias com o setor privado e organizações da sociedade civil. Os governos podem promover o desenvolvimento econômico sustentável e melhorar a qualidade de vida das comunidades. Os programas no meio social envolvem atividades como campanhas de sensibilização, programas de educação ambiental, projetos de agricultura sustentável, incentivo ao comércio justo, criação de reservas naturais comunitárias e ações de preservação cultural. Os programas de sustentabilidade nos meios organizacional, público e social desempenham um papel fundamental na transição para um futuro mais sustentável. Cada contexto apresenta características, vantagens e limitações específicas. Enquanto as organizações podem reduzir seu impacto ambiental e fortalecer sua reputação por meio de programas de sustentabilidade, os governos podem promover ações coordenadas e políticas ambientais eficazes. A sociedade civil assume um papel central nessa construção dos fundamentos para um desenvolvimento mais responsável e abrangente (VALLE et al., 2019). Já no meio social, os programas de sustentabilidade capacitam as comunidades e promovem a participação ativa das pessoas na proteção do meio ambiente. No entanto, é 
  • 14. 10/03/2024, 15:02 clldd_23.2_u2_esg https://www.avaeduc.com.br/mod/url/view.php?id=1101573 14/51 importante reconhecer as limitações, como a resistência cultural, a falta de recursos e a complexidade dos desafios ambientais. Os ODS foram desenvolvidos para serem integrados e abrangentes, são fundamentais para a implementação da Agenda 2030, que busca uma transformação profunda nos padrões de produção e consumo, abordando simultaneamente as dimensões econômica, social e ambiental do desenvolvimento sustentável. Eles reconhecem a necessidade de equilibrar o crescimento econômico, a inclusão social e a proteção ambiental, buscando um futuro sustentável para as gerações presentes e futuras. Essa temática se torna fundamental para reduzir os riscos ambientais, sociais e de esgotamento de recursos, a fim de assegurar um futuro sustentável para as próximas gerações. É imprescindível repensar nossos padrões de produção, considerando a eficiência energética, a redução de resíduos, a conservação de recursos naturais e a promoção de práticas de consumo consciente. Ao adotarem a sustentabilidade como critério e objetivo em suas atividades, as empresas transformam a forma como se relacionam com os diversos atores envolvidos em seu processo de produção, incluindo a cadeia de valor, a cadeia de suprimentos e os stakeholders. Seguindo essa lógica, o enfoque estratégico das empresas deve ser estabelecer, integrar e desenvolver redes de negócios interdependentes e Com ações integradas entre os setores público, privado e as organizações da sociedade civil para impulsionar o desenvolvimento sustentável, é possível o compartilhamento de recursos, acesso a mercados sustentáveis, fortalecimento da governança participativa e a criação de soluções inovadoras. Quando aplicada à cadeia produtiva, essa integração pode impulsionar melhorias sustentáveis ​ ​ em todas as etapas do processo, desde a produção até o consumo, resultando em uma cadeia mais responsável e sustentável. Figura 1 - Desenvolvimento sustentável Fonte: Shutterstock. 
  • 15. 10/03/2024, 15:02 clldd_23.2_u2_esg https://www.avaeduc.com.br/mod/url/view.php?id=1101573 15/51 corresponsáveis, nas quais a produtividade esteja diretamente ligada e seja viabilizada pelo retorno dos recursos utilizados nos processos de sua cadeia produtiva para a sociedade como um todo. Dessa maneira, pode-se afirmar que esses recursos são renováveis (PEREIRA; SILVA; CARBONARI, 2017). Na perspectiva da cadeia produtiva, embora os riscos de sustentabilidade sejam uma realidade, é importante destacar que relativamente poucas empresas estão trabalhando em colaboração com seus fornecedores para gerenciar esses riscos de maneira eficaz (MCKINSEY, 2016). A abordagem tradicional de apenas monitorar e auditar fornecedores não é suficiente para lidar com os desafios e as oportunidades relacionados à sustentabilidade. Os riscos derivados dos processos de produção e consumo da sociedade, juntamente com a degradação ambiental e os impactos negativos na saúde resultantes, são distribuídos de maneira desigual tanto no espaço geográfico quanto no âmbito social (ROSA; FRACETO; MOSCHINI-CARLOS, 2009). Quanto aos riscos causados pelos impactos ambientais, é crucial desenvolver estratégias de mitigação e adaptação, além de promover a conservação dos recursos naturais. Essa compreensão é essencial para a tomada de decisões informadas e a implementação de políticas eficazes. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), aproximadamente 33% do solo do planeta está atualmente em estado de degradação, o que afeta negativamente a produtividade agrícola, comprometendo a segurança alimentar e o sustento de comunidades rurais em todo o mundo (ONU, 2021). Além disso, contribui para a perda de biodiversidade, aumenta a vulnerabilidade às mudanças climáticas e prejudica os serviços ecossistêmicos essenciais, como a regulação do ciclo da água e a conservação dos nutrientes do solo. O risco social dos problemas ambientais é influenciado por fatores sociais, econômicos e culturais. Grupos socialmente vulneráveis, como populações de baixa renda, comunidades indígenas e minorias étnicas, geralmente enfrentam maiores riscos e desafios relacionados aos problemas ambientais. O Relatório da ONU (2022) destacou que os países e grupos populacionais mais vulneráveis são impactados desproporcionalmente. As mulheres sofreram maior perda de postos de trabalho, combinada a um aumento do trabalho doméstico, além do aumento de casos de violência contra as mulheres no período da Pandemia de Covid-19. No ano de 2020, houve um aumento de aproximadamente 25% na ocorrência global de ansiedade e depressão, com os jovens e as mulheres mais afetados . Outro risco da sociedade causado pelos problemas ambientais é o esgotamento de recursos, o qual se refere à diminuição e degradação dos recursos naturais disponíveis, como água, minerais, energia e biodiversidade. Esse esgotamento resulta do consumo excessivo, da exploração insustentável e da degradação dos ecossistemas. Em 2018, a pesquisa da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) indicou que quase 30% das mais de 138 mil espécies do planeta estão ameaçadas de extinção (CNN, 2021). De acordo com o Relatório Planeta Vivo, a biodiversidade global diminuiu em 69% entre 1970 e 2022, sendo que os países da América Latina e Caribe foram particularmente afetados, com uma redução de 94% (WWF, 2022). 
  • 16. 10/03/2024, 15:02 clldd_23.2_u2_esg https://www.avaeduc.com.br/mod/url/view.php?id=1101573 16/51 De acordo com uma pesquisa recente divulgada pela GFN (Global Footprint Network) em 2022, foi constatado que seria necessário o equivalente a 1,75 planetas para sustentar o nosso atual padrão de consumo. Essa estatística revela que estamos operando com um modelo de produção e consumo insustentável, uma vez que quase dois planetas seriam necessários para suprir nossas demandas. Segundo a pesquisa "Consumo Consciente" realizada em 2019 pelo SPC Brasil e Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), 98% dos brasileiros têm a percepção de que o consumo irresponsável dos recursos naturais do planeta acarreta algum tipo de impacto no meio ambiente. Esses dados nos alertam para a urgência de discutir e repensar esse modelo, bem como nos comprometer coletivamente com agendas que busquem uma mudança. Um exemplo importante é a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, que inclui entre seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável o objetivo número 12, que trata especificamente do compromisso com a produção e o consumo responsáveis. É necessário estabelecer parcerias estratégicas com os fornecedores, envolvendo-os de maneira ativa e colaborativa no desenvolvimento e na implementação de práticas sustentáveis na cadeia de suprimentos. Isso inclui compartilhar informações, estabelecer metas e indicadores de desempenho, realizar capacitação e incentivar a inovação sustentável. O World Wildlife Fund (WWF) oferece mais de 50 indicadores de desempenho para medir os riscos da cadeia, associados à produção de uma variedade de commodities, bem como a probabilidade e a gravidade desses riscos. SUSTENTABILIDADE NA PRÁTICA: OPORTUNIDADES E DESAFIOS PARA UM FUTURO SUSTENTÁVEL As organizações têm uma grande oportunidade de promover a sustentabilidade por meio de seus modelos de negócios, operações, cadeias de suprimentos e engajamento dos funcionários. Elas podem implementar iniciativas de sustentabilidade que beneficiem o meio ambiente, ao mesmo tempo em que economizam custos, impulsionam a inovação e criam valor para a marca. A Interface, Inc. é um exemplo de uma empresa que transformou a sustentabilidade em uma oportunidade de negócios. A empresa global de carpetes e revestimentos tem uma visão chamada "Missão Zero", cujo objetivo é não ter nenhum impacto negativo no meio ambiente até 2020. Ela também introduziu um modelo de negócios chamado "Sistema de Serviço de Carpete", em que os clientes compram o serviço de carpete, em vez do produto, permitindo a reutilização e reciclagem de materiais. Para apoiar empresas na avaliação de seus programas, a organização Global Reporting Initiative (GRI) desenvolve diretrizes para a elaboração de relatórios de sustentabilidade pelas empresas. Por meio de suas diretrizes, é possível acessar informações sobre programas de sustentabilidade e indicadores usados para monitorar o desempenho sustentável. No caso do setor público, existe a possibilidade de estabelecimento de políticas, regulamentos e iniciativas que promovam práticas sustentáveis em vários setores da sociedade. Um exemplo bem-sucedido dessa prática é o Programa Cidades Sustentáveis (Brasil), o programa fornece aos municípios uma agenda completa de sustentabilidade, ajudando-os a integrar as considerações ambientais, sociais e econômicas em suas políticas e práticas. 
  • 17. 10/03/2024, 15:02 clldd_23.2_u2_esg https://www.avaeduc.com.br/mod/url/view.php?id=1101573 17/51 Para analisar os esforços conjuntos dos governos, do setor privado e das organizações da sociedade civil, o Relatório Global de Desenvolvimento Sustentável 2022 (ONU, 2022) é uma compilação abrangente de dados fornecidos por mais de 200 países de todo o mundo. Ele fornece uma análise detalhada dos impactos diretos da atual crise nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), destaca a urgência de enfrentar os desafios globais, como as mudanças climáticas, a pobreza, a desigualdade e a degradação ambiental, que estão cada vez mais interligados. Atingir os ODS não é apenas uma aspiração, mas uma necessidade imperativa para garantir um futuro sustentável para todos. Para conhecer os programas de sustentabilidade da sociedade civil, é possível acessar o Mapa das Organizações da Sociedade Civil, uma plataforma online georreferenciada de transparência pública, lançada em 2016, conforme determinado pelo Decreto Federal nº 8.726. Essa iniciativa, desenvolvida pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), tem como propósito promover a transparência e facilitar o acesso a informações sobre as OSCs, fornecendo uma visão abrangente do cenário do terceiro setor no país. O desenvolvimento sustentável é baseado em três pilares principais: social, ambiental e econômico. A sustentabilidade social na cadeia produtiva envolve a promoção dos direitos humanos, condições de trabalho justas e seguras, a participação e o desenvolvimento da comunidade local. A The Body Shop, uma empresa de cosméticos, implementou uma iniciativa chamada "Comércio Justo com Comunidades", que visa melhorar a vida das comunidades locais ao comprar ingredientes e acessórios diretamente de pequenos produtores ao redor do mundo. Essa iniciativa não só garante que os produtores recebam um preço justo, mas também ajuda a apoiar o desenvolvimento econômico nas comunidades onde a empresa opera. Também no ramo de cosméticos, a Natura & Co é reconhecida globalmente por seu compromisso com a sustentabilidade ambiental. Ela está comprometida com a obtenção sustentável de ingredientes, com foco especial na Amazônia brasileira. Um programa emblemático da Natura é o "Programa Amazônia", o qual foi criado para promover a biodiversidade e o desenvolvimento socioeconômico na região amazônica. A Natura trabalha diretamente com comunidades locais para a extração sustentável de ingredientes botânicos que são usados em seus produtos. Isso não só promove a preservação da floresta, mas também proporciona uma fonte de renda para as comunidades locais. No ano de 2017, foi estabelecida uma parceria entre o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Essa colaboração permitiu que as Organizações da Sociedade Civil (OSC), ao preencherem seus dados no Mapa, pudessem relacionar suas ações e atividades com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Essa integração entre o Mapa das OSCs e os ODS oferece uma oportunidade valiosa para as organizações demonstrarem seu engajamento com a agenda global de sustentabilidade e contribuírem para o alcance desses objetivos em nível local e nacional. O Programa Bolsa Floresta (Amazonas, Brasil) é um exemplo de um programa que promove tanto a sustentabilidade ambiental quanto social. Ao fornecer pagamentos diretos às comunidades que se comprometem com a conservação e a utilização sustentável das florestas, o programa apoia o desenvolvimento econômico local e a preservação do ecossistema da floresta tropical. 
  • 18. 10/03/2024, 15:02 clldd_23.2_u2_esg https://www.avaeduc.com.br/mod/url/view.php?id=1101573 18/51 Além disso, a Natura foi a primeira empresa de cosméticos a oferecer recargas de produtos no Brasil, uma prática que se tornou um pilar de seus esforços para reduzir o desperdício de embalagens. Em 2007, a empresa também lançou sua linha "Ekos", que utiliza apenas ingredientes extraídos de forma sustentável da Amazônia. O setor eletrônico e de tecnologia é uma área em que a sustentabilidade pode desempenhar um papel importante, dada a rápida taxa de obsolescência dos produtos e a quantidade de resíduos eletrônicos que são produzidos. A Fairphone, por exemplo, é uma empresa de tecnologia social com sede na Holanda e seu objetivo principal é desenvolver smartphones que tenham um impacto mínimo no meio ambiente e que sejam produzidos sob condições de trabalho justas. A empresa procura usar materiais obtidos de forma responsável e justa, com design durável projetados para serem duráveis e reparáveis. Ela também oferece um programa de reciclagem para ajudar a garantir que os telefones antigos sejam descartados de forma responsável e que os materiais valiosos sejam recuperados e reutilizados. Esses exemplos mostram como a sustentabilidade pode ser incorporada em todas as etapas da cadeia produtiva, desde a aquisição de matérias-primas até a produção, distribuição e descarte de produtos. Mesmo com tantos exemplos que tornam o planeta mais sustentável e justo, na Sociedade de Risco, as ameaças modernas, como a degradação ambiental e o esgotamento de recursos, não respeitam fronteiras nacionais e têm o potencial de afetar a todos, independentemente de sua posição social. O risco social dos problemas ambientais refere-se a como esses problemas afetam de maneira desproporcional certas populações, especialmente as mais vulneráveis. Muitas vezes, as populações mais pobres e marginalizadas são as mais afetadas pelos impactos ambientais, um conceito conhecido como injustiça ambiental. A poluição plástica nos oceanos é um exemplo muito claro de um risco ambiental moderno. Os plásticos são materiais duráveis e versáteis que são usados em uma grande variedade de produtos. No entanto, sua resistência à degradação, juntamente com o uso excessivo e descarte inadequado, tem levado a uma poluição plástica generalizada. Isso é particularmente evidente nos oceanos, onde se estima que milhões de toneladas de plástico acabem todos os anos. O tratado global de plástico teve como objetivo debater as diretrizes e ações de um tratado para combater a poluição especificamente provocada pelo plástico em nível global. Como direcionamento, representantes de 175 países querem limitar a produção e o consumo de plásticos descartáveis, como sacolas plásticas, e favorecer a reciclagem e reutilização como estratégia para reduzir os resíduos plásticos descartados no meio ambiente. Além de incentivos para indústria, a adoção de práticas mais sustentáveis também promoverá de certo modo a limpeza dos oceanos. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) divulgou um plano para reduzir o desperdício de plástico em 80% até 2040, com ações de reutilização, reciclagem e reorientação de embalagens plásticas a materiais alternativos (ONU, 2023). Ainda há um longo caminho de negociações, mas a transição para uma indústria do plástico mais sustentável é fundamental para alcançar as metas estabelecidas no acordo e 
  • 19. 10/03/2024, 15:02 clldd_23.2_u2_esg https://www.avaeduc.com.br/mod/url/view.php?id=1101573 19/51 mitigar os impactos das mudanças climáticas. Essas ações fomentam os caminhos para circularidade do plástico – que envolve projetar, produzir e gerenciar plásticos de forma a mantê-los dentro da economia e fora do meio ambiente – como novo produto e novos modelos de negócio. VIDEOAULA Olá, estudante, para ampliar seus conhecimentos sobre as questões e os impactos ambientais, convido você a assistir ao vídeo da aula que aborda diversos aspectos sobre o papel das organizações, do governo e da sociedade civil, com um olhar sob toda a cadeia produtiva e considerando os riscos ambientais, sociais e de esgotamento de recursos. Neste vídeo, serão exploradas estratégias adotadas para promover a sustentabilidade em diferentes contextos, bem como os desafios enfrentados no desenvolvimento sustentável. Também serão discutidos os dilemas do desenvolvimento sustentável e a questão da sociedade de risco, incluindo os impactos ambientais, riscos sociais e esgotamento de recursos.  Saiba mais Leitura DIAS, R. Sustentabilidade: origem e fundamentos; educação e governança global; modelo de desenvolvimento. Barueri: Grupo GEN, 2015. PEREIRA, A. C.; SILVA, G. Z.; CARBONARI, M. E. E. Sustentabilidade, responsabilidade social e meio ambiente. São Paulo: Saraiva, 2011. E-book. ONU. Relatório dos ODS mostra que crise global ameaça sobrevivência da humanidade. Notícias. 7 jul. 2022. Para visualizar o objeto, acesse seu material digital. 
  • 20. 10/03/2024, 15:02 clldd_23.2_u2_esg https://www.avaeduc.com.br/mod/url/view.php?id=1101573 20/51 INTRODUÇÃO Olá, estudante, seja bem-vindo à aula sobre uso de recursos. Iremos explorar as principais questões relacionadas ao uso de recursos e sustentabilidade, analisando conceitos, estratégias e práticas que podem contribuir para a construção de um futuro mais responsável e harmonioso com a natureza. Nesta aula, você vai aprender sobre os três pilares fundamentais para a gestão responsável dos recursos naturais: Ecologia e o uso sustentável dos recursos naturais, os 5Rs e a inovação e logística verde. A crescente preocupação com os impactos das atividades humanas no meio ambiente tem impulsionado a busca por soluções inovadoras e práticas mais conscientes em relação ao uso dos recursos naturais. A Ecologia, como ciência que estuda as interações dos seres vivos com o meio ambiente, desempenha um papel primordial ao fornecer os conhecimentos necessários para compreender os ecossistemas, a biodiversidade e os efeitos das ações humanas sobre o ambiente. A estratégia dos 5Rs visa não apenas reduzir a quantidade de resíduos e a extração de recursos naturais, mas também estimular uma reflexão sobre nossos hábitos e comportamentos em relação ao consumo, levando a escolhas mais sustentáveis. Aula 3 USO DE RECURSOS Olá, estudante, seja bem-vindo à aula sobre uso de recursos. Iremos explorar as principais questões relacionadas ao uso de recursos e sustentabilidade, analisando conceitos, estratégias e práticas que podem contribuir para a construção de um futuro mais responsável e harmonioso com a natureza. 
  • 21. 10/03/2024, 15:02 clldd_23.2_u2_esg https://www.avaeduc.com.br/mod/url/view.php?id=1101573 21/51 Por fim, abordaremos a inovação e logística verde, que representa um enfoque estratégico para otimizar a gestão dos recursos naturais. A inovação verde busca incorporar novas ideias e tecnologias que promovam a eficiência energética, a redução do desperdício e a conservação dos recursos. A logística verde, por sua vez, visa considerar aspectos ambientais em todas as etapas do processo logístico, buscando aprimorar transporte, armazenamento, distribuição e gerenciamento de resíduos de forma ambientalmente responsável. Bons estudos! SUSTENTABILIDADE E INOVAÇÃO: CONCEITOS E ESTRATÉGIAS PARA UM USO RESPONSÁVEL DE RECURSOS No cenário atual de crescente desenvolvimento humano e exploração dos recursos naturais, a busca por equilíbrio entre o progresso socioeconômico e a preservação ambiental tornou-se uma das maiores preocupações da humanidade. O uso de recursos naturais é essencial para o bem-estar e a prosperidade das sociedades, mas a exploração irresponsável tem gerado danos significativos ao meio ambiente, ameaçando a estabilidade dos ecossistemas e o futuro das gerações vindouras. A Ecologia é um componente essencial da ciência ambiental, abordando a interação entre os seres vivos e o meio ambiente. Cada organismo pertence a uma espécie específica, com características distintas que os diferenciam –os seres humanos, por exemplo, são classificados como Homo sapiens sapiens pelos biólogos (MILLER; SPOOLMAN, 2012). A Ecologia desempenha um papel fundamental no entendimento das interações entre os organismos e os recursos naturais disponíveis, promovendo a conscientização sobre a importância do uso sustentável desses recursos para garantir a preservação dos ecossistemas e a qualidade de vida das gerações presentes e futuras. De acordo com Miller e Spoolman (2012), um dos pontos-chave da Ecologia é o estudo dos ecossistemas, que são conjuntos de organismos interagindo entre si e com o meio ambiente de matéria inanimada e energia em uma área específica. Por exemplo: um ecossistema florestal consiste em plantas, animais e microrganismos que interagem, decompondo materiais orgânicos e reciclando produtos químicos, além de receberem energia solar e produtos químicos do ar, da água e do solo do ecossistema. O estudo da ecologia engloba tanto fatores bióticos— incluem todos os seres vivos presentes no ecossistema, como produtores (plantas) e consumidores (animais), quanto abióticos — englobam processos físicos e químicos, como condições climáticas, fatores ambientais e elementos químicos essenciais para o funcionamento do ecossistema (REIS; CAMARGO, 2018). Esses fatores interagem de forma complexa e dinâmica, influenciando a estrutura e o funcionamento dos ecossistemas, bem como as populações de seres vivos que deles dependem. O estudo dessas interações é fundamental para compreender a diversidade e a estabilidade dos sistemas naturais e, assim, embasar estratégias de conservação e uso sustentável dos recursos naturais. 
  • 22. 10/03/2024, 15:02 clldd_23.2_u2_esg https://www.avaeduc.com.br/mod/url/view.php?id=1101573 22/51 A aplicação da Ecologia no manejo de recursos naturais tem mostrado resultados positivos, auxiliando na tomada de decisões sobre a utilização e preservação desses recursos para as futuras gerações. O termo "manejo" refere-se a procedimentos e operações que interferem nas condições ambientais com o objetivo de aumentar a produtividade, melhorar a qualidade e agregar valor à matéria-prima. Segundo Reis e Camargo (2018), o manejo de todo e qualquer recurso natural deve englobar um conjunto de procedimentos e técnicas que assegurem: 1) a capacidade ininterrupta do ambiente de oferecer produtos e serviços, diretos e indiretos; 2) a capacidade de regeneração natural; 3) a capacidade de manutenção da biodiversidade; 4) a capacidade de sustentabilidade. Outra abordagem sustentável para o uso de recursos naturais é a estratégia dos “Rs”. Focada na minimização do impacto ambiental e na promoção da responsabilidade individual e coletiva. Essa abordagem visa romper com o paradigma do consumo excessivo e descarte irresponsável, incentivando práticas conscientes e proativas em relação aos recursos disponíveis. Os "3Rs" (reduzir, reutilizar e reciclar) são um conceito tradicional que tem sido amplamente utilizado em programas de gestão de resíduos e na busca por uma abordagem mais sustentável no tratamento dos resíduos sólidos (DIAS, 2015). Mais recentemente, pesquisas ampliaram para 5Rs, embora as duas abordagens compartilhem o mesmo objetivo de promover a sustentabilidade, os "5Rs" oferecem uma visão mais abrangente, enfatizando a importância de repensar nossas ações e recusar práticas insustentáveis, além de reduzir, reutilizar e reciclar. Essa abordagem mais completa é frequentemente adotada em programas de educação ambiental e em iniciativas que buscam uma abordagem mais holística e proativa para a gestão de recursos e resíduos. Os 5Rs têm suas raízes no conceito de economia circular, que propõe um modelo de produção e consumo baseado no fechamento do ciclo dos materiais, minimizando a extração de recursos e o desperdício (WEETMAN, 2020). Essa abordagem é fundamentada na percepção de que os recursos naturais são finitos e preciosos, e que ações individuais e coletivas são essenciais para preservá-los para as futuras gerações. A primeira etapa dos 5Rs envolve a redução do consumo desnecessário. Trata-se de evitar o uso excessivo de recursos e a produção de resíduos desde o início, por meio de escolhas mais conscientes e sustentáveis. Essa abordagem requer uma mudança de mentalidade, buscando uma vida mais simples e focada na qualidade em vez da quantidade. Reutilizar é dar uma segunda vida aos produtos ou materiais, evitando que se tornem resíduos. Ao reutilizar itens, reduzimos a demanda por novos recursos e minimizamos a quantidade de lixo descartado. Isso pode ser feito por meio de consertos, doações e trocas, ou criando novos usos para objetos que seriam descartados. Figura 1 - Reciclagem 
  • 23. 10/03/2024, 15:02 clldd_23.2_u2_esg https://www.avaeduc.com.br/mod/url/view.php?id=1101573 23/51 Repensar significa questionar nossos hábitos e comportamentos em relação ao consumo e ao uso de recursos. É um convite para refletir sobre o impacto que nossas escolhas têm no meio ambiente e na sociedade como um todo. Ao repensar, buscamos alternativas mais sustentáveis e avaliamos as consequências de nossas ações, visando um futuro mais equilibrado. Recusar é uma etapa fundamental para evitar a geração desnecessária de resíduos e a exploração de recursos não renováveis. Isso envolve dizer não a produtos descartáveis e aquisições supérfluas, bem como evitar o uso de materiais não sustentáveis. Ao recusar, estamos fazendo uma escolha consciente de não contribuir para padrões de consumo insustentáveis. Com essa crescente preocupação com a preservação do meio ambiente, a busca por soluções inovadoras e sustentáveis em diversos setores da sociedade tem sido impulsionada. Nesse contexto, a relação entre a inovação e logística verde emerge como uma abordagem fundamental para a gestão responsável dos recursos naturais. A combinação desses dois conceitos traz uma perspectiva holística para a gestão de recursos, focando na eficiência operacional, na redução do impacto ambiental e no desenvolvimento de práticas responsáveis e sustentáveis. Fonte: Shutterstock. Reciclar é uma prática amplamente conhecida e fundamental nos 5Rs. Ela envolve o processamento de resíduos e materiais descartados para criar novos produtos ou matérias-primas. A reciclagem contribui para a redução da extração de recursos naturais e o alívio da pressão sobre os ecossistemas, além de minimizar a quantidade de resíduos que acabariam em aterros sanitários ou no meio ambiente. 
  • 24. 10/03/2024, 15:02 clldd_23.2_u2_esg https://www.avaeduc.com.br/mod/url/view.php?id=1101573 24/51 A inovação verde é amplamente reconhecida como um mecanismo estratégico fundamental para a promoção do desenvolvimento sustentável e, ao mesmo tempo, para alcançar vantagens competitivas (LIU, 2020). Segundo Chen, Lai e Wen (2006), a inovação verde pode ser classificada em duas dimensões: inovação de produtos verdes e inovação de processos verdes. Busca encontrar soluções mais eficientes, com menor consumo de recursos naturais e menor geração de resíduos, incentivando a economia circular e a conservação do meio ambiente. A busca por uma logística verde e inovação ambiental é impulsionada por acordos internacionais, como o Acordo de Paris, que visam mitigar os impactos das mudanças climáticas e promover um desenvolvimento mais sustentável. Além disso, governos e empresas têm adotado políticas e práticas voltadas para a responsabilidade ambiental, o que tem estimulado a inovação em prol da sustentabilidade. Alguns tipos dessa inovação são por meio da eficiência energética, em que a inovação e logística verde buscam reduzir o consumo de energia em todas as operações logísticas, utilizando fontes renováveis sempre que possível e implementando tecnologias que maximizem a eficiência energética. Outro tipo é na gestão de resíduos, que envolve o gerenciamento adequado de resíduos, incentivando a reciclagem, reutilização e o descarte responsável. Além disso, a inovação verde procura reduzir a geração de resíduos em toda a cadeia de suprimentos. Por fim, no transporte sustentável, a logística verde busca aprimorar o transporte de mercadorias, priorizando modais mais sustentáveis, como o transporte ferroviário e marítimo, e incentivando a adoção de veículos com baixas emissões de carbono. A adoção dessas abordagens não apenas contribui para a preservação do meio ambiente, mas também agrega valor aos negócios, uma vez que a sustentabilidade se tornou um fator relevante na preferência do consumidor e nas estratégias empresariais. ENTENDENDO OS DESAFIOS E CAMINHOS PARA O USO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS A extração de recursos tem apresentado um crescimento alarmante desde 1970, tendo mais que triplicado neste período. Especificamente, o uso de minerais não metálicos aumentou cinco vezes, enquanto o consumo de combustíveis fósseis registrou um aumento de 45%. As projeções para o futuro são igualmente preocupantes. Estima-se que, até 2060, o consumo global de materiais poderá dobrar, alcançando a marca de 190 bilhões de toneladas, comparado aos atuais 92 bilhões de toneladas. Paralelamente, as emissões de gases do efeito estufa têm o potencial de aumentar em 43% (ONU, 2019). Essa exploração desenfreada dos recursos naturais ao longo dos séculos tem levado a uma série de problemas ambientais, como desmatamento, poluição, perda de biodiversidade e mudanças climáticas. Para enfrentar esses desafios, é necessário adotar uma abordagem sustentável na gestão dos recursos naturais. A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano, realizada em 1972 em Estocolmo, marcou o início da conscientização global sobre a importância da proteção ambiental e do uso sustentável dos recursos naturais. Desde então, diversos acordos e convenções internacionais foram firmados para promover a conservação e a sustentabilidade, como a Convenção sobre Diversidade Biológica, a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima e a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. 
  • 25. 10/03/2024, 15:02 clldd_23.2_u2_esg https://www.avaeduc.com.br/mod/url/view.php?id=1101573 25/51 O Brasil tem uma vasta extensão territorial, representando 17% de toda a área dos trópicos. Sua biodiversidade é extremamente rica e diversificada, superando até mesmo a de continentes inteiros. O país abriga mais de 20% das espécies de peixes de água doce existentes no planeta e é lar de aproximadamente 17% de todas as aves conhecidas (RAS; AMBIENTAL MEDIA, 2021). Governos, empresas e indivíduos têm um papel fundamental nessa jornada rumo à sustentabilidade. Medidas como incentivos à pesquisa e ao desenvolvimento de tecnologias limpas, políticas de conservação de áreas protegidas, promoção do uso responsável da água e da energia, bem como práticas agrícolas sustentáveis, são essenciais para garantir a preservação do meio ambiente e a prosperidade das sociedades. Em conclusão, a Ecologia e o uso sustentável dos recursos naturais estão intrinsecamente ligados ao bem- estar da humanidade e ao equilíbrio dos ecossistemas. Somente com a adoção de práticas sustentáveis poderemos garantir um futuro mais promissor para as gerações presentes e futuras, preservando a riqueza da biodiversidade e a capacidade do planeta de sustentar a vida em todas as suas formas. Uma dessas práticas é o manejo sustentável dos recursos naturais, que envolve o planejamento cuidadoso das operações em uma determinada área, garantindo a continuidade da disponibilidade desses recursos. De acordo com a Lei nº 9.985/2000, o uso sustentável é a exploração do ambiente de forma que os recursos ambientais renováveis e os processos ecológicos sejam mantidos, assegurando a biodiversidade e os demais atributos ecológicos de maneira socialmente justa e economicamente viável. Nesse contexto, o planejamento adequado das áreas de desenvolvimento econômico é fundamental para proteger os recursos naturais, manter o equilíbrio ambiental e a produtividade das terras. O manejo e o uso planejado e racional dos recursos naturais são justificados diante da rápida destruição de ambientes naturais. Quando realizados de forma consciente, esses processos permitem a continuidade da produção, rentabilidade, segurança no trabalho, respeito à legislação, oportunidades de mercado e a preservação dos recursos naturais e serviços ambientais. Além disso, o manejo de recursos naturais tem sido uma importante ferramenta para a conservação das espécies, contribuindo para a proteção da biodiversidade e dos ecossistemas. Atualmente, o país possui mais de um milhão de hectares sob concessão federal, em regime de Manejo Florestal Sustentável, que produziram 247 mil metros cúbicos de madeira tropical em 2019. As áreas de cultivo de florestas têm uma participação de 1,3% no Produto Interno Bruto (PIB) do país e representam 6,9% do PIB da indústria, proporcionando a geração de cerca de 3,8 milhões de postos de trabalho (EMBRAPA, 2021). Recentemente, o mais recente relatório publicado pela Global Forest Watch (2022) aponta o Brasil como o país com a maior taxa de desmatamento florestal no cenário global. Segundo a organização, aproximadamente 1,5 milhão de hectares de bioma nativo foram perdidos no país ao longo de 2021. 
  • 26. 10/03/2024, 15:02 clldd_23.2_u2_esg https://www.avaeduc.com.br/mod/url/view.php?id=1101573 26/51 Os 5Rs – reduzir, reutilizar, reciclar, repensar e recusar – são uma abordagem prática e proativa para promover a sustentabilidade no uso de recursos. Reduzir envolve a diminuição do consumo desnecessário, restringindo a produção de resíduos desde o início. Reutilizar consiste em dar uma segunda vida aos produtos e materiais, evitando que se tornem lixo. Reciclar é transformar resíduos em novos produtos ou matérias- primas. Repensar é questionar hábitos e comportamentos, buscando alternativas mais sustentáveis. Recusar é evitar o uso de produtos descartáveis e práticas insustentáveis desde o início. Essa abordagem contribui para a redução da extração de recursos naturais e para a minimização do impacto ambiental dos resíduos. No Brasil, estima-se que cada indivíduo produza, em média, 343 quilos de resíduos por ano, totalizando aproximadamente 80 milhões de toneladas de lixo anualmente, em que apenas 4% passam por processamento, reaproveitamento ou reciclagem (AGÊNCIA BRASIL, 2023). A relação entre o uso de recursos e os 5Rs se fundamenta na necessidade de repensar nossos padrões de consumo e implementar ações que minimizem o impacto ambiental. Cada um dos 5Rs representa uma etapa crucial no ciclo de vida dos produtos e materiais, contribuindo para a redução do desperdício, a conservação dos recursos naturais e a mitigação dos problemas ambientais. Ao adotar os 5Rs, estamos direcionando nossas escolhas e nossos comportamentos para uma perspectiva mais consciente, que valoriza a redução do consumo excessivo, a reutilização de materiais, a reciclagem de resíduos, a reflexão sobre nossas ações e a recusa de práticas insustentáveis. Essa abordagem se alinha com a economia circular, que busca fechar o ciclo dos materiais e promover um uso mais eficiente e responsável dos recursos disponíveis. Ao adotar essa abordagem, estamos promovendo a conscientização, a responsabilidade e a ação para enfrentar os desafios ambientais e construir um futuro mais equilibrado e próspero. A implementação dos 5Rs requer uma colaboração ampla, envolvendo indivíduos, empresas, governos e organizações, a fim de criar uma cultura de sustentabilidade e respeito à natureza. Somente por meio de esforços conjuntos poderemos garantir a preservação dos recursos naturais e a proteção do meio ambiente para as gerações presentes e futuras. Em 2023, a MIT Technology Review publicou o “Green Future Index”, um índice que avalia a inovação verde em 76 países, analisando sua capacidade de desenvolver futuros sustentáveis e de baixo carbono. O Brasil foi classificado na 38ª posição nesse índice, que mensura o grau de comprometimento de cada economia com uma abordagem mais verde em suas indústrias, agricultura e sociedade, por meio de investimentos em energias renováveis, inovação tecnológica e políticas públicas para a sustentabilidade. A Inovação Verde refere-se à incorporação de novas ideias, tecnologias e processos que promovam a sustentabilidade ambiental, buscando soluções mais eficientes e com menor consumo de recursos naturais. A logística verde, por sua vez, considera os aspectos ambientais em todas as etapas do processo logístico, otimizando o transporte, armazenamento, distribuição e gerenciamento de resíduos de forma responsável. A combinação desses conceitos busca promover a eficiência operacional, reduzir o impacto ambiental e desenvolver práticas mais responsáveis em relação ao uso de recursos. 
  • 27. 10/03/2024, 15:02 clldd_23.2_u2_esg https://www.avaeduc.com.br/mod/url/view.php?id=1101573 27/51 A aplicação da inovação e logística verde pode ser observada em diversos setores da economia, desde a indústria até o comércio varejista. Empresas têm investido em embalagens mais ecoeficientes, sistemas de transporte sustentáveis, tecnologias de rastreabilidade e monitoramento que permitem a otimização das operações logísticas e a redução dos impactos ambientais. E representam um caminho promissor para a gestão sustentável de recursos, alinhando eficiência operacional com responsabilidade ambiental. Essas abordagens, quando integradas em toda a cadeia de suprimentos, contribuem para a construção de um futuro mais equilibrado e próspero, em que a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento econômico caminham lado a lado As certificações e os selos ambientais atuam como um incentivo para que empresas e organizações adotem práticas sustentáveis, sendo uma forma de reconhecimento e diferencial no mercado, o que estimula a busca por inovações verdes na logística e em outras áreas. No Brasil, os mais populares são Carbon Trust Standard, ISO 14001, ISO 26000, ISO 50001, OHSAS 18001. O QUE EMPRESAS E A SOCIEDADE CIVIL ESTÃO FAZENDO PARA PROMOVER O USO SUSTENTÁVEL DOS RECURSOS A Ecologia e o uso sustentável dos recursos naturais desempenham um papel fundamental na preservação do meio ambiente e na garantia de recursos para as gerações futuras. O Brasil é um país rico em biodiversidade e recursos naturais e o manejo sustentável tem sido uma abordagem essencial para equilibrar o desenvolvimento socioeconômico com a conservação ambiental. A Amazônia é uma das maiores florestas tropicais do mundo e desempenha um papel crucial na regulação do clima global e na manutenção da biodiversidade. No entanto, a exploração desenfreada da madeira pode levar ao desmatamento e à degradação do ecossistema. Para garantir o uso sustentável da madeira na Amazônia, foram implementadas medidas como o manejo florestal certificado. Além disso, são seguidas normas rigorosas para garantir que a exploração seja feita de forma legal e responsável, com o mínimo impacto ambiental. Um exemplo são as certificações aplicadas para promover a sustentabilidade e o uso responsável dos recursos. A certificação FSC (Forest Stewardship Council) é feita por uma organização independente que certifica práticas de manejo florestal sustentável em todo o mundo. Empresas que obtêm a certificação FSC demonstram que seus produtos de origem florestal provêm de fontes responsáveis, contribuindo para a conservação das florestas e a proteção da biodiversidade. Alinhando tecnologia, inovação, sustentabilidade e conservação, empresas que desenvolvem tecnologias inovadoras para a conservação do meio ambiente, como sensores para monitoramento de recursos naturais, softwares de gestão ambiental e soluções de eficiência energética, podem atender a uma ampla gama de setores e clientes preocupados com a sustentabilidade. A Conservation Metrics, por exemplo, é uma empresa de tecnologia que desenvolve soluções inovadoras para monitorar e proteger a vida selvagem e habitats naturais. Eles usam drones, inteligência artificial e aprendizado de máquina para coletar e analisar dados de forma mais eficiente, ajudando na conservação de espécies ameaçadas e ecossistemas vulneráveis. 
  • 28. 10/03/2024, 15:02 clldd_23.2_u2_esg https://www.avaeduc.com.br/mod/url/view.php?id=1101573 28/51 Essas empresas demonstram que a tecnologia pode ser uma poderosa aliada na busca por soluções sustentáveis para os desafios ambientais. Ao desenvolverem inovações que promovem a eficiência energética, o uso de fontes renováveis e a proteção dos ecossistemas, elas estão contribuindo para a conservação do meio ambiente e um futuro mais sustentável para todos. Ainda sobre a gestão de resíduos, outro exemplo é o uso de tecnologia para incentivar os 5Rs. Aplicativos e plataformas online podem facilitar a troca e doação de objetos usados, incentivando a reutilização. A OLX é uma plataforma de compra e venda de produtos usados e suas ações estão alinhadas com os princípios dos 5Rs (repensar, recusar, reduzir, reutilizar e reciclar) para promover a economia circular e a sustentabilidade ambiental. Em 2021, a OLX contribuiu para evitar a emissão de 7 milhões de toneladas de CO2 (dióxido de carbono) por meio da compra e venda de produtos seminovos e usados. O movimento "Lixo Zero" tem ganhado força em várias cidades brasileiras, incentivando a redução do consumo e a busca por alternativas mais sustentáveis (Instituto Lixo Zero Brasil). Além disso, empresas têm investido em inovações para a reciclagem de materiais e a criação de produtos mais sustentáveis. Como é o caso da Renewcell, uma empresa sueca que desenvolveu uma tecnologia inovadora para reciclar resíduos de algodão e tecidos descartados, transformando-os em polpa de celulose que pode ser utilizada na produção de novos tecidos. Sua meta é reciclar o equivalente a mais de 1,4 bilhão de camisetas anualmente até 2030. Adicionalmente, o Circulose, produto inovador feito exclusivamente a partir de 100% de resíduos têxteis. As marcas têm a oportunidade de utilizá-lo como substituto de matérias-primas de alto impacto, como óleo fóssil e algodão, em seus produtos têxteis. Com essa iniciativa, a Renewcell busca impulsionar a economia circular e promover a sustentabilidade na indústria da moda. Para promoção do consumo consciente e a sustentabilidade, o Instituto Akatu, organização não governamental que atua no Brasil desde 2001, tem como uma das principais abordagens a promoção dos 5Rs: repensar, recusar, reduzir, reutilizar e reciclar. Esses conceitos são fundamentais para incentivar práticas mais sustentáveis e conscientes na utilização dos recursos e na geração de resíduos. O Instituto trabalha com diversas iniciativas educativas e de mobilização para disseminar esses conceitos, por meio de campanhas, projetos e programas de educação. O Edukatu é uma iniciativa do Instituto Akatu que promove a educação para o consumo consciente e sustentável entre estudantes e educadores. Por meio de uma plataforma, os estudantes são estimulados a repensar suas escolhas de consumo, questionando o impacto ambiental e social dos produtos que consomem. Eles aprendem sobre a importância de reduzir o consumo excessivo e evitar o desperdício, bem como a reutilizar itens e materiais para prolongar sua vida útil. E são convidados a realizar desafios e projetos que estimulem a aplicação dos 5Rs no dia a dia, seja na escola, em casa ou na comunidade. Existem muitos exemplos de inovação verde ao redor do mundo, onde empresas, governos e indivíduos têm implementado soluções sustentáveis para enfrentar desafios ambientais. 
  • 29. 10/03/2024, 15:02 clldd_23.2_u2_esg https://www.avaeduc.com.br/mod/url/view.php?id=1101573 29/51 A excessiva extração e processamento de materiais, combustíveis e alimentos são responsáveis por cerca da metade das emissões globais de gases do efeito estufa e mais de 90% da perda de biodiversidade e do estresse hídrico (ONU, 2019). Esses impactos representam sérios desafios ambientais que precisam ser enfrentados de forma urgente e consciente para garantir um futuro sustentável e equilibrado para as gerações presentes e futuras. Dessa forma, a aplicação de técnicas agrícolas sustentáveis, como a agricultura de conservação, o uso de fertilizantes orgânicos e a agrofloresta, são exemplos de inovação verde que promovem a produção de alimentos de forma ambientalmente responsável. A adoção de técnicas de agricultura de conservação, como o plantio direto, rotação de culturas e uso de cobertura vegetal, reduz o impacto ambiental da agricultura e melhora a saúde do solo. Exemplo: a organização TNC (The Nature Conservancy) trabalha com agricultores para implementar práticas de agricultura de conservação, protegendo o solo e reduzindo o uso de agroquímicos. A logística verde engloba diversas práticas sustentáveis que podem ser aplicadas em várias etapas da cadeia de suprimentos. Um dos casos da aplicação prática é o uso de veículos elétricos e híbridos por empresas de logística em suas frotas para reduzir as emissões de carbono e a poluição do ar. Esses veículos são mais limpos e energeticamente eficientes, contribuindo para a redução do impacto ambiental do transporte de mercadorias. O Mercado Livre, uma das maiores empresas de comércio eletrônico da América Latina, tem dado passos significativos em direção à logística verde para reduzir o impacto ambiental de suas operações logísticas. Segundo um comunicado de imprensa divulgado em 2022, a empresa planeja aumentar sua frota de veículos elétricos em 100% até o final deste ano, adicionando mais 400 vans e caminhões elétricos no Brasil. A empresa já possui a maior frota de caminhões movidos a gás natural e biometano no Brasil, com um aumento significativo de 31 para 103 caminhões em apenas um ano. Além da adoção de combustíveis mais sustentáveis, a empresa também tem investido na melhoria da eficiência do transporte de mercadorias. O aumento da capacidade de transporte por paletes permite que mais mercadorias sejam transportadas utilizando veículos menores reduzindo, assim, ainda mais a liberação de gases poluentes. Essas iniciativas de logística verde têm recebido suporte por meio da emissão de um título sustentável no valor de US$ 400 milhões, captados em 2021. Esse capital é direcionado para projetos de triplo impacto, abrangendo a redução da pegada ambiental por meio do uso de energias renováveis, eficiência energética, embalagens sustentáveis e mobilidade sustentável. Outra estratégia para implementar a logística verde é por meio da roteirização inteligente, com a utilização de tecnologias que permitem otimizar as rotas de entrega, reduzindo a distância percorrida e o tempo de viagem. Isso resulta em menor consumo de combustível e, consequentemente, menor emissão de gases poluentes. A Driv.in, uma startup brasileira que oferece um serviço de drive-in para exibição de filmes ao ar livre, também ingressou nesse mercado. Por meio de sua plataforma, busca atender às necessidades logísticas de empresas de todos os portes, que possuam operações de transporte intensivo. Essa ferramenta utiliza tecnologia de ponta, incluindo inteligência artificial e aprendizado de máquina, para automatizar processos logísticos e criar uma roteirização inteligente. A partir da implementação deste software, os parâmetros reais da operação são analisados, permitindo a geração das melhores rotas que atendam às especificidades de cada cliente e entrega de forma eficiente. 
  • 30. 10/03/2024, 15:02 clldd_23.2_u2_esg https://www.avaeduc.com.br/mod/url/view.php?id=1101573 30/51 VIDEOAULA Olá, estudante! Para enriquecer seus conhecimentos acerca do uso de recursos e suas implicações ambientais, convido você a assistir ao vídeo da aula que explora uma perspectiva abrangente sobre a Ecologia e o uso sustentável dos recursos naturais, os 5Rs e a inovação e logística verde. Neste vídeo, abordarei os fundamentos da Ecologia e seu papel na compreensão das interações entre os seres vivos e o meio ambiente. Em seguida, serão explorados os 5Rs. Essa abordagem proativa busca minimizar o impacto ambiental e incentivar práticas mais conscientes e responsáveis em relação ao consumo e ao descarte de recursos e materiais. Além disso, no vídeo discuto a importância da inovação e logística verde como ferramentas fundamentais para uma gestão mais consciente dos recursos naturais.  Saiba mais Leitura REIS, A. C.; CAMARGO, R. S. Gestão de recursos ambientais. Porto Alegre: Grupo A, 2018. Plataforma Hiperdiversidade Tropical. Para visualizar o objeto, acesse seu material digital. 
  • 31. 10/03/2024, 15:02 clldd_23.2_u2_esg https://www.avaeduc.com.br/mod/url/view.php?id=1101573 31/51 INTRODUÇÃO Olá, estudante, seja bem-vindo à aula sobre poluição. A poluição é um desafio global que exige ação imediata para garantir a preservação do meio ambiente e a qualidade de vida das gerações futuras. Nesta aula, abordaremos importantes ferramentas e conceitos que contribuem para a gestão responsável dos resíduos e a redução da poluição. Iniciaremos com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que representa um marco significativo no enfrentamento dos problemas causados pelos resíduos sólidos. Além disso, apresentaremos a logística reversa de pós-consumo como uma estratégia promissora para reduzir a quantidade de resíduos descartados inadequadamente no meio ambiente. Por meio da logística reversa, busca-se o retorno de produtos, embalagens e materiais ao ciclo produtivo, visando à reciclagem e reutilização, minimizando a poluição e os danos aos ecossistemas. A aula também abordará casos específicos, como descarte de pilhas, baterias, medicamentos e microplástico, destacando a necessidade de descarte adequado. Os ecopontos serão evidenciados como locais-chave para o correto encaminhamento dos resíduos, incentivando práticas sustentáveis. Esperamos que o conteúdo apresentado contribua para uma maior conscientização e ações concretas em prol de um futuro mais limpo, saudável e sustentável para todos. Bons estudos! Aula 4 POLUIÇÃO Nesta aula, abordaremos importantes ferramentas e conceitos que contribuem para a gestão responsável dos resíduos e a redução da poluição. 
  • 32. 10/03/2024, 15:02 clldd_23.2_u2_esg https://www.avaeduc.com.br/mod/url/view.php?id=1101573 32/51 DESAFIOS DA POLUIÇÃO: OS TIPOS, REGULAMENTAÇÕES E SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS A poluição é um dos desafios mais prementes enfrentados pela humanidade na contemporaneidade. Esse fenômeno, resultante das atividades humanas e naturais, tem assumido diversas formas e atingido proporções alarmantes ao redor do globo. Entre os efeitos mais evidentes estão o aquecimento global, a destruição de ecossistemas, a escassez de recursos hídricos, o surgimento de doenças respiratórias e a perda de espécies vitais para a estabilidade dos ecossistemas. Diante dessa realidade preocupante, faz-se urgente compreender a extensão dos problemas causados pela poluição e buscar soluções inovadoras, sustentáveis e compartilhadas para assegurar a preservação do planeta e a qualidade de vida das presentes e futuras gerações. A poluição pode assumir muitas formas, desde compostos orgânicos e outras substâncias químicas até diferentes tipos de energia. A severidade de um poluente para a saúde humana e para os ecossistemas é baseada em sua natureza química, quantidade ou concentração e persistência. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) (2017) identificou seis tipos de poluição: ar, água doce, terra e solo, marinha, química e por resíduos. Alguns tipos de poluição são facilmente percebidos, como certas formas de água contaminada, má qualidade do ar, resíduos industriais, lixo, luz, calor e ruído. Outros são menos visíveis, como a presença de pesticidas nos alimentos, mercúrio nos peixes, excesso de nutrientes no mar e lagos, desreguladores endócrinos na água potável e outros micropoluentes na água doce e marinha. O rápido crescimento industrial resultou em problemas ambientais e sociais, como o aumento do transporte individual e a alta poluição atmosférica devido ao grande número de veículos. Além disso, houve um aumento significativo na geração de resíduos sólidos, águas residuais e habitações irregulares. Essas questões tornaram-se problemas difíceis de solucionar, pois requerem estratégias adequadas para conciliar o interesse individual e coletivo (DIAS, 2015). A poluição causada pelos resíduos sólidos é um problema crescente nas últimas décadas, afetando a qualidade do ar, do solo e da água, bem como a fauna e a flora. O acúmulo inadequado de lixo em aterros e lixões a céu aberto gera impactos ambientais negativos, além de riscos à saúde das comunidades próximas a esses locais. Resíduos são materiais, substâncias, objetos ou bens descartados como resultado das atividades humanas em sociedade, cujo destino final pode, deve ou é obrigatório que seja tratado. Esses resíduos podem ser encontrados em estados sólidos ou semissólidos, bem como gases contidos em recipientes e líquidos com características que impedem sua disposição na rede pública de esgotos, em corpos d’água, ou que requerem soluções técnicas ou economicamente inviáveis, considerando a melhor tecnologia disponível (JARDIM et al., 2012). A gestão inadequada dos resíduos sólidos também contribui para a poluição dos rios e oceanos, uma vez que muitos materiais descartados de forma imprópria acabam chegando aos corpos d'água por meio de chuvas e ventos, causando danos à vida marinha e comprometendo a cadeia alimentar. Com objetivo de reduzir e dar a destinação correta aos resíduos, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) é um conjunto de diretrizes e ações adotadas pelo governo para promover uma gestão mais eficiente dos resíduos sólidos no Brasil. 
  • 33. 10/03/2024, 15:02 clldd_23.2_u2_esg https://www.avaeduc.com.br/mod/url/view.php?id=1101573 33/51 Aprovada em 2010 pela Lei nº 12.305, a PNRS busca soluções sustentáveis para o tratamento, a destinação final e disposição adequada dos resíduos sólidos, visando à preservação do meio ambiente e à promoção da saúde pública. As principais diretrizes da PNRS são: responsabilidade compartilhada; prevenção e minimização; logística reversa; metas e planos; coleta seletiva; e engajamento da sociedade civil. A legislação estabelece a adoção da responsabilidade compartilhada pelos diversos agentes envolvidos na geração de resíduos, como fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, cidadãos e prestadores de serviços de manejo dos resíduos sólidos urbanos. A Instrução Normativa Ibama nº 13, de 18 de dezembro de 2012, é um importante marco na gestão de resíduos sólidos no Brasil. Essa normativa estabelece a "Lista Oficial Brasileira de Resíduos Sólidos", um documento detalhado que desempenha um papel fundamental como instrumento para a gestão responsável e eficiente dos resíduos no país. Os Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), lixo doméstico, são gerados em residências, comércios e serviços e incluem materiais como papel, plástico, vidro, metal, alimentos, entre outros. Os resíduos eletrônicos (e-lixo) são provenientes de equipamentos eletroeletrônicos descartados, como computadores, celulares, eletrodomésticos, entre outros. Os resíduos orgânicos são os resíduos biodegradáveis de origem animal ou vegetal, como restos de alimentos, folhas e aparas de grama. O aumento do consumo e a crescente produção de resíduos têm gerado impactos significativos no meio ambiente, ameaçando ecossistemas, a biodiversidade e a qualidade de vida das comunidades ao redor do mundo. A logística reversa é um conceito que busca minimizar o impacto ambiental da produção e consumo de produtos, promovendo a coleta, reciclagem e reintegração dos resíduos sólidos ao ciclo produtivo. Quando aplicada ao pós-consumo, a logística reversa assume um papel essencial no combate à poluição. A experiência global e brasileira têm demonstrado que as regulamentações relacionadas a resíduos de maneira geral devem abranger, de forma responsável, todos os participantes das cadeias diretas e reversas desses produtos, a fim de garantir a sua eficácia. Isso envolve criar condições para que a logística reversa funcione de maneira eficiente (JARDIM et al., 2012). A logística reversa (LR) de pós-consumo é uma estratégia que busca reverter o fluxo tradicional de resíduos sólidos, direcionando-os de volta ao ciclo produtivo ou para destinações ambientalmente adequadas. Essa abordagem visa a dar uma nova vida aos materiais descartados, recuperando recursos e reduzindo a necessidade de extração de matérias-primas virgens, contribuindo para uma economia mais circular e sustentável. A logística reversa é essencial após a compra do produto, abrangendo devoluções, reciclagem e reuso. Ela está intimamente relacionada ao fluxo logístico direto, sendo essencial para o seu funcionamento (LUZ, 2021). Um dos princípios das LR, é da responsabilidade estendida do produtor (REP), que atribui aos fabricantes a responsabilidade de recolher e dar destinação adequada aos produtos após o uso pelo consumidor. Essa abordagem incentiva a criação de produtos com menor impacto ambiental e fomenta a economia circular. Conforme mencionado por Weetman (2020), a economia circular tem sua base na sustentabilidade, promovendo a criação de produtos que sejam livres de resíduos, capazes de conservar recursos e operar em 
  • 34. 10/03/2024, 15:02 clldd_23.2_u2_esg https://www.avaeduc.com.br/mod/url/view.php?id=1101573 34/51 harmonia com a biosfera. Dessa forma, é essencial reconhecer que as emissões, subprodutos e bens danificados ou indesejados devem ser transformados em matéria-prima para dar origem a um novo ciclo de produção. As pesquisas sobre o tema listam a cinco atributos prioritários para reverter o fluxo. São eles: 1. Coleta seletiva, como primeiro passo da logística reversa, que consiste na separação dos resíduos por tipo (plástico, papel, metal, vidro) para facilitar a reciclagem e reduzir a quantidade de resíduos destinados a aterros sanitários. 2. Reciclagem, processo em que os materiais descartados são transformados em novos produtos ou matérias-primas, reduzindo a extração de recursos naturais e a geração de resíduos. 3. Reintegração ao ciclo produtivo quando os materiais reciclados são utilizados na fabricação de novos produtos, fechando o ciclo de produção e consumo sustentável. 4. Responsabilidade compartilhada, que envolve diferentes atores, como fabricantes, varejistas, consumidores e órgãos governamentais, todos com responsabilidades definidas para garantir o sucesso do processo. 5. Estabelecer incentivos econômicos, como benefícios fiscais ou créditos ambientais, pode estimular empresas e consumidores a participarem ativamente da logística reversa. Figura 1 - Soluções sustentáveis Fonte: Shutterstock. 
  • 35. 10/03/2024, 15:02 clldd_23.2_u2_esg https://www.avaeduc.com.br/mod/url/view.php?id=1101573 35/51 Dentre as diversas fontes de poluição, destacam-se casos específicos relacionados a pilhas, baterias, medicamentos, microplásticos e o papel dos ecopontos na mitigação desses impactos. A destinação final de pilhas e baterias usadas é regulamentada pela Resolução CONAMA nº 401/2008. De acordo com o artigo 6 desta resolução, as pilhas e baterias mencionadas no artigo 1º, sejam de fabricação nacional ou importadas, utilizadas ou inservíveis, devem ser enviadas integralmente para um processo de destinação ambientalmente adequada. Essa responsabilidade recai sobre o fabricante ou importador e se aplica tanto aos estabelecimentos comerciais quanto às redes de assistência técnica autorizada. Existem 3 tipos de baterias, sendo elas as de chumbo-ácido, níquel-cádmio e óxido de mercúrio, devendo essas serem recolhidas pelas lojas que as comercializam (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica-ABINEE, 2023). O descarte de medicamentos vencidos ou não utilizados em pias ou vasos sanitários pode contaminar as águas residuais, que não são totalmente tratadas em estações de tratamento de esgoto, permitindo a disseminação de substâncias farmacêuticas no ambiente. A conscientização sobre pontos de coleta específicos para devolução de medicamentos vencidos é fundamental para mitigar esse tipo de poluição. O decreto nº 10.388/2020 estabelece regras para o descarte correto de medicamentos: drogarias e farmácias devem ter pelo menos um ponto de coleta a cada 10 mil habitantes. Esses pontos de coleta têm como objetivo proporcionar a destinação adequada para medicamentos vencidos, impedindo que sejam consumidos de forma imprópria ou que contaminem o meio ambiente ao se dissolverem, resultando em água contaminada, chuva ácida ou poluição. Outro poluente é o microplástico e, como o próprio nome indica, é uma pequena partícula de plástico que representa um dos principais poluentes dos oceanos. Algumas pesquisas definem o tamanho máximo do microplástico como 1 milímetro, enquanto outras adotam a medida de 5 milímetros (UNIVASF, 2019). O problema significativo é que o microplástico altera a composição de certas áreas marítimas, prejudicando o ecossistema local e, consequentemente, afetando a saúde humana (USP, 2022). ENTENDENDO OS IMPACTOS DA POLUIÇÃO E AS SOLUÇÕES PARA SUSTENTABILIDADE De acordo com o Pnuma, a poluição do ar é o maior risco à saúde ambiental mundial, matando cerca de 6,5 milhões de pessoas prematuramente a cada ano no mundo e expondo nove em cada dez pessoas a níveis de poluição do ar ao ar livre. Sobre a poluição dos oceanos, a organização destaca que 12,7 milhões de toneladas de resíduos plásticos são jogados no oceano a cada ano. Desde o ano de 1850, o Brasil liberou 112,9 bilhões de toneladas de CO2 (GtCO2) na atmosfera. Mais de 85% dessa quantidade está relacionada ao desmatamento de florestas. Entre os 20 principais poluidores, o Brasil é líder na categoria de desmatamento e emissões decorrentes do uso da terra (CARBON BRIEF, 2021). Em 2022, apenas 4% das aproximadamente 82 milhões de toneladas de resíduos produzidos no Brasil foram recicladas. O restante acabou em aterros sanitários, depósitos de lixo ao ar livre ou espalhados por ruas e praças do país (ABRELPE, 2022). De acordo com o Banco Mundial, o Brasil ocupa a quarta posição entre os maiores produtores de lixo plástico no mundo, totalizando 11,3 milhões de toneladas, ficando atrás somente de Estados Unidos, China e Índia. Desse volume, mais de 10,3 milhões de toneladas foram coletadas (91%), porém, apenas 145 mil toneladas (1,28%) são efetivamente recicladas, ou seja, reintroduzidas na cadeia de 