O documento discute a análise do líquor cefalorraquidiano e do fluido vítreo para diagnóstico de infecções no sistema nervoso central e nos olhos, respectivamente. Ele descreve os procedimentos de coleta destes fluidos, os agentes causadores mais comuns de meningite e endoftalmite, e os métodos de cultura e transporte das amostras para análise no laboratório.

1. Líquor
 O líquido cefalorraquidiano (LCR) é um fluido corporal normalmente
estéril presente no espaço subaracnóideo do cérebro e da medula
espinhal.
 Sua análise é realizada para verificar um quadro infeccioso, o aspecto
físico, a celularidade e os produtos químicos, como proteínas, açúcares
(glicose), entre outras substâncias presentes.

2. Coleta
 O LCR é retirado do espaço subaracnóideo através de uma agulha por
um procedimento denominado punção lombar.
 Entre a quarta e a quinta vértebras lombares (L4-L5)

3. Análise
 O objetivo de uma análise LCR é diagnosticar distúrbios médicos que
afetam o sistema nervoso central. Algumas destas condições são:
 Meningite e encefalite, que podem ser infecções virais, bacterianas,
fúngicas ou parasitárias.
 Se possível, três tubos (1 mL cada) de LCR devem ser recolhidos para
microbiologia, química, e citologia.
 A amostra coletada deve chegar ao laboratório o mais rápido possível
 Culturas feitas em 5% ágar sangue de carneiro e ágar chocolate
enriquecido continuam a ser os padrões de ouro para o diagnóstico de
meningite bacteriana.

4. Agentes etiológicos
 Os agentes etiológicos Haemophilus influenzae, Neisseria meningitidis e
Streptococcus pneumoniae são responsáveis, na maioria dos países,
por cerca de 60 a 80% dos casos de meningite bacteriana.

5. Haemophilus influenzae
 Haemophilus influenzae aeróbica gram-negativa que é um membro da flora
normal da garganta. Em forma cocobacilar.
 Causa frequente de meningites em crianças não vacinadas.
 Possui capsula
 Bactérias com antígenos capsulares tipo b.
Neisseria meningitidis (Meningococo)
 Trata-se de um diplococo Gram-negativo, bactéria com uma cápsula
polissacarídica e endotoxinas.
 Ela está presente freqüentemente no nariz e na garganta.
 Os principais sorogrupos são A, B, C, W135 e Y.
 Geralmente ocorre em crianças menores de dois anos
 Neisseria meningitidis é transmitida de pessoa a pessoa por contato direto ou por
gotículas aspergidas a uma distância de até 1 m.

6. Streptococcus pneumoniae (pneumococo)
 Bactéria gram-positiva, capsulada ou disposta aos pares (diplococos) ou em
cadeias curtas, que coloniza as mucosas do trato respiratório superior do homem,
coexistindo com a microbiota normal.
 Agente de meningite mais frequente idosos e crianças.
 O polissacarídeo capsular do pneumococo é seu principal fator de virulência.

9. Fluido vítreo
 Fluido gelatinoso e transparente que preenche o interior do globo ocular.
 A endoftalmite constitui uma das sérias complicações entre as infecções
oftalmológicas.
 A cirurgia de catarata é uma das operações oculares mais comuns realizadas em
todo o mundo, e endoftalmite pós-catarata aguda complica este procedimento.
 Pós-cirúrgica: 70%
- Menos de 6 semanas após a cirurgia: 94% bactérias gram positivas incluindo
Staphylococcus coagulase negativo(70%), Staphylococcus aureus (10%),
Streptococcus (11%) e apenas 6% de bactérias gram negativas.

10. Coleta, cultura e transporte
 Na coleta do fluido vítreo é necessário preparar o olho para a aspiração do líquido
pela agulha.
 Aspirado cerca de 0,2 a 0,5 ml de vítreo
 A inoculação é feita em meios de ágar-sangue, chocolate e Sabouraud
rotineiramente, e procedia-se também a bacterioscopia com coloração por Gram
e Giemsa para análise imediata.
 Colocar o swabs em meio de transporte Stuart ou Amies. enviar imediatamente
ao Laboratório, evitando a excessiva secagem do material. Não refrigerar os
meios de cultura inoculados.