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Argumento realizado pela turma A do 8ºano
                 Supervisão das professoras de:
História, Educação Musical e Língua Portuguesa
                Escola E. B. 2/3 Carlos Paredes
                       Ano Lectivo 2009/2010

                                             1
PERSONAGENS:

Professora Adelina – Angelina

Aluno 1 – Pedro Sousa

Aluno 2 – Débora

Aluno 3 – Nigel

Aluno 4 – Vazyl

Rainha D. Amélia – Ana Catarina

Manuel Buiça – Jorge

D. Manuel II – Daniel

Operários – Ioan e Fábio

José Relvas – Pedro Negunza

Teófilo Braga – Gabriel

Afonso Costa – João

Namorada do operário – Sara

Amiga da namorada – Jéssica

Maria Veleda – Erica

Adelaide Cadet – Stephanie Lopes

Carlota Beatriz Ângelo – Guan Qi

Ana de Castro Osório – Rafaela




                                     2
Acto 1
                                    Cena 1

 Os alunos da turma 8ºA estavam a caminho de uma visita de estudo à praça
            do Comércio. Chegaram ao museu e começaram a visita.


Professora – Bem e aqui está uma imagem que representa um grande facto
histórico, o regicídio do rei D. Carlos.
Pedro S. – Fogo! Isto é mesmo uma seca, damos isto na aula e agora temos de
ouvir aqui, vamos mas é circular…
Débora – Mesmo a sério…. Vamos dizer à stôra que vamos ver outras artes…
Nigel – Esperem, esperem eu também vou!
Pedro S. – Stôra nós vamos ver outros quadros pode ser?
Professora – Está bem, mas não se afastem muito.
Vazyl – Vocês querem é baldar-se à exposição! Depois não chorem se tiverem
negativa.


      Vazyl goza com eles fingindo que está a chora .A Professora ralha


Professora – O vosso colega tem razão.
Débora – Esteja descansada stora, nós somos responsáveis.
Professora – Vá então, vão lá.




                                                                            3
Acto 2
                                  Cena 1
Débora – Finalmente!… olhem ali aquela porta!
Pedro S. – Opá ainda é a casa de banho, deixa isso.
Débora – Não é nada, vê!
Nigel – Olha tem uma placa que diz «expressamente proibida a entrada a
estranhos»
Pedro S. – Então vamos espreitar o mistério…
Nigel – Acho melhor não, se diz para não entrar é porque não podemos.
Débora – Sim é melhor….
Pedro S. – Não sejam mariquinhas vamos!
Nigel e Débora – Prontos, está bem!



                                 Acto 3
                                  Cena 1
Os alunos entraram na área restrita, e encontraram vários quadros bem mais
interessantes do que o que estavam expostos. De repente ouvem-se disparos e
     gritos. A rainha D. Amélia aparece vinda de um dos quadros que se
                      encontram na sala. Os três gritam


Nigel – D. D. D. Amélia! Mas o que está acontecer!
D. Amélia – Como é possível que não saibam?! É a tragédia deste ano, e de
todos os que virão!
Débora – Eu não estou achar graça nenhuma a isto!
Nigel – Conte, conte…. Ao vivo é muito mais interessante.


                                                                          4
Pedro S. – Tu não estás a pensar que é mesmo a rainha pois não?
D. Amélia – Pois claro que sou. Vocês têm a ousadia de duvidar quem sou!
Isto é um ultraje! Já chega o que aconteceu ali…


                            Aponta para o quadro


Pedro S. – Então diga lá o que aconteceu….


                   Pedro ri-se mas vai para trás da Débora


D. Amélia – Vínhamos nós meu marido, D. Carlos, e meus filhos príncipe Luís
Felipe e príncipe D. Manuel, de Vila Viçosa. Desembarcámos no Terreiro do
Paço e meu marido teve a brilhante ideia de ir até ao palácio numa carruagem
aberta. Quando chegámos a meio da praça foi o pânico!
Débora – Então mas pânico porquê?
Pedro S. (com tom de gozo) – Vê-se mesmo que não percebes nada de História.
Débora – Percebes tu queres ver!
Nigel – Xhiuuu! Nenhum dos dois percebe! Agora deixem ouvir se faz favor.


                               Amuam os dois


D. Amélia – Eu explico: um homem de barbas, levou à cara a carabina e
disparou sobre meu marido! O tiro atravessou-lhe o pescoço, e estavam tantos
mas tantos atiradores a dispararem contra a carruagem, o pobre coitado já morto
e eles continuavam a disparar que nem loucos! E eu usei a única arma que tinha
á mão.
Pedro S. – Não me diga que a senhora andava com armas! AHAHAHAH
D. Amélia – Claro que não! Usei um ramo de flores! E meu querido e adorado
filho Luís, quando tentava tirar o revólver do bolso é atingido no peito, mas
como era valente, ainda conseguiu atingir o atirador, mas quando se levanta é

                                                                             5
atingido novamente pelo que tinha morto o pai. Eu gritei, gritei, gritei e não
houve mais tiros graças ao soldado Henrique da Silva que impede o bandido de
atingir alguém novamente, de certo seria eu. Falecidos rei e príncipe herdeiro
cabe ao meu filho mais novo com 18anos subir ao trono e governar. Eu não
compreendo….


                              Choraminga D. Amélia


Pedro S. – Mas o que é que não compreende?!
Débora – És mesmo burro, não compreende o porquê do seu marido e seu filho
terem sido mortos.
Pedro S. – Haaaa… ham?!
Nigel – Esquece Pedro, nunca irias perceber.


                                   Cena 2
                      Pedro amua e entra Manuel Buiça


Manuel Buiça – Vós não sabeis porque razão tais factos aconteceram? Então eu
explico.
Débora – Nigel o que se está a passar? Nigel!
Nigel – Eu não sei bem mas é espantoso!...
D. Amélia – Mas quem sois vós, para explicar seja o que for?! Não há
explicação alguma para tal acontecimento tão trágico.


                              Choraminga D. Amélia


Manuel Buiça – Mas há sim uma explicação!
Nigel – Explique, explique.



                                                                             6
Manuel Buiça – Em primeiro lugar quero que saiba desde já que tenho orgulho
em ter morto seu marido e seu filho!
D. Amélia – Você é que matou meu marido e o meu querido filho! Como foi
capaz de tal monstruosidade?!
Nigel – Então você é o famoso Manuel Buiça o assassino do rei D. Carlos?!
Manuel Buiça – Lógico que sou o Manuel Buiça, queriam que fosse quem? O
Manuel das couves?!
Débora – Mas você matou mesmo o rei?!


   Buiça abana a cabeça como a afirmação à pergunta e cheio de orgulho


Manuel Buiça – Sim fui eu minha cara menina!
Débora – Eu não consigo entender como alguém é capaz de tal coisa, só se não
estiver muito bem mentalmente…


                 D. Amélia começa a bater-lhe com as flores


D. Amélia – Como foi capaz de me deixar sem meu filho e meu marido! De me
deixar sozinha com o meu filho Manuel.
Pedro S. – Tenha calma rainha!
Manuel Buiça – O descontentamento do povo levou-nos a tomar medidas
extremas! Desde 1890 que não suportávamos D. Carlos. Deixou que os ingleses
tomassem as nossas terras entre Angola e Moçambique obedecendo ao seu
ultimato!! Foi uma humilhação!! Para que saibam, foi então que surgiu o hino
republicano, A Portuguesa. Que rei era este que não defendia os interesses
nacionais, os nossos direitos históricos, a honra dos nossos antepassados, a
memória dos nossos Descobrimentos. Além disso, nada fazia pelo combate à
pobreza e pelo desenvolvimento do país. O Estado estava cada vez mais
endividado e a família real só esbanjava dinheiro e depois ainda nos impôs o
ditador João Franco, de má memória, que acabou com a liberdade. Só a

                                                                            7
República nos podia salvar e para isso havia que pôr fim à Monarquia.
Agradeçam à Carbonária, homens de coragem e valor que conspiravam
secretamente contra a monarquia e que deram a vida pela nação.
Débora – Eu compreendo, mas, matar duas pessoas?!
Nigel – Eles não pensavam assim, acreditavam nos seus ideais, queriam
melhorar a sociedade e não olhavam a meios para atingir os fins, se é que me
percebes.
Manuel Buiça – Os problemas que existiam no país eram mais que muitos e
eles só pensavam em esbanjar o dinheiro em futilidades.
Débora – Mas isso não é justificação para matar….
D. Amélia – Futilidade?! Eu não acho nada fútil a realeza ter de estar no seu
melhor!
Manuel Buiça – Tínhamos de cortar o mal pela raiz, e a melhor solução foi
matar o rei.
D. Amélia – Eu mato-o é a si seu destruidor de lares!


                                   Cena 3
                                Saem a discutir


Pedro S. – Ahahah teve imensa piada não acham?! Vocês não acreditaram
mesmo pois não?
Nigel – Claro que sim, foi excelente! Foi ter uma aula de história ao vivo.


Débora – Eu ainda estou cheia de medo…. Nós entrámos numa sala de acesso
restrito e aparece-nos a rainha D. Amélia, quem aparecerá a seguir? O Papa?




                                                                              8
Cena 4
 Pedro S. avança a rir-se e bate com as costas no rei D. Manuel (Daniel Vaz)
                               que saiu do quadro


Pedro S. – Aiii!!! Quem é você? De onde é que saiu?
D. Manuel – Tenha calma… eu El rei D. Manuel II vou dizer de minha justiça o
que aconteceu. Estou muito triste, o meu reinado foi um desastre. Ora eu já
estava triste o suficiente, por ter perdido o meu pai e meu irmão… ainda hoje
penso se não poderia ter sido eu a colocar-me à frente da bala e ter mudado a
história.
Débora – Não fique assim. Toda a gente tem de morrer um dia, o destino quis
assim e não era o senhor que o ia mudar.
D. Manuel – Nós homens da família nem queríamos voltar para Lisboa, só a
minha mãe, teimosa, queria vir só para assistir ao “ Tristão e Isolda”.
Nigel – Aquela ópera de Wagner que só podia ser apresentada no S. Carlos!


Voz da rainha - Eu estou a ouvir as suas queixas. Em casa falamos.


Pedro S. – Eu tenho pena de si, a minha mãe também costuma dizer isso. Nunca
sobra nada de bom para o meu lado, acabo sempre a ir quentinho para a cama.


D. Manuel – Continuando … Eu, depois de toda aquela tragédia, subi ao trono e
tentei apaziguar as relações com os republicanos. Mas eles queriam sempre
mais! Nunca estavam satisfeitos! Eu não gostei nada daqueles dois anos de
reinado, fui o último rei de Portugal… falhei…. Não consegui que se
entendessem de forma a salvar a Monarquia, e o nosso hino era tão lindo…


            Rei canta um bocadinho do hino mas começa a chorar



                                                                               9
Débora – Tenha calma, eu compreendo a sua tristeza
Nigel – Pois é! Havia um hino da monarquia…


                  Nigel canta enquanto Débora consola o rei


                                   Cena 5
Pedro S. – Mas o que é que tu estás para aí a “ cantar”?
Nigel – Que insulto! Que ignorante.
Pedro S. – Eu só não me interesso pelo que não interessa, isto é …
Débora – Isto é nada! Olha o rei foi-se e a culpa é vossa! Ele estava tão
abatido…


           Todos olham em volta com esperança de encontrar o rei


  Pedro repara num quadro onde estão pessoas a prepararem-se para lutar


Pedro S. – Isto sim é arte. Tanta gente a preparar-se para a luta
Débora – Por amor de Deus! Só gostas de violência!
Pedro S. – São coisas de homem…
Nigel – Vocês estão para ai a discutir e nem sabem do se trata o quadro.
Pedro – Claro que sei, eu é que já não me lembro…
Nigel – Isto trata-se de…


                                   Cena 6
                Entram dois operários a gritar viva a república


Fábio – Onde é que eu vim parar….
Ioan – Não sei mas, olha, olha ali … o Joaquim, o Manuel…

                                                                           10
Fábio – Os nossos companheiros com os quais estávamos barricados para tentar
a organizar a revolta contra a Monarquia.
Débora – Eu quero é ir-me embora, só aparecem personagens estranhas, além
do mais a Stôra Adelina já deve estar preocupada…
Pedro S. – És uma mariquinhas, eu cá estou a achar tudo isto muito engraçado!
Ahahah!
Nigel – Engraçado?! Que adjectivo tão mal utilizado. Eu diria antes magnífico,
estamos a viver a História!
Fábio – 5 de Outubro de 1910, um dia histórico…
Ioan – O povo de Lisboa apoiava-nos a nós, republicanos, tal como muitos
oficiais do exército e da marinha.
Fábio – E também tivemos sorte, porque as tropas fiéis á monarquia hesitaram e
defenderam os locais errados.
Ioan – Acabando por se render!
Fábio – Um marco na História do país!
Ioan – Finalmente República em Portugal …
Ioan e Fábio – Viva a República! Viva a liberdade!


                          Fábio canta a “portuguesa”


                                     Cena 7
                          Operários voltam ao quadro


Nigel – Ahhhh… a “Portuguesa” composta por Alfred Keil.
Pedro S. – Eu sei outra versão mais minha!
Débora – Cala-te!
Pedro S. – Mas não querem mesmo ouvir?
Nigel e Débora – Não!



                                                                           11
Pedro fica triste


Débora – Deixa estar, fica para outro dia!


              Entretanto Nigel aproxima-se do próximo quadro


                                  Cena 8

Nigel – Parece que estou a conhecer aquela cara….não, afinal não é


                          José Relvas sai do quadro


José Relvas – Quem não me conhece?
Pedro S. – Eu!
Débora – Peço desculpa senhor mas eu também não
Nigel – Nem eu …


  Nigel fica envergonhado e os colegas olham para ele com cara de espanto


José Relvas – Esta juventude! Fui eu que proclamei a República da varanda dos
Paços do Concelho na Praça do Município, no dia 5 de Outubro de 1910.
Pedro S. – Começo a concordar contigo Débora, isto está a ficar esquisito
demais…
Débora – Como vês eu tinha razão, eu tenho sempre razão!
Nigel – Continuam a não perceber que somos privilegiados em estar assistir a
tudo isto!
José Relvas – Prestem atenção! E ainda proclamei a República por todo o país.
O novo regime foi anunciado por telégrafo.




                                                                            12
Cena 9
                              Aparece Teófilo Braga


Teófilo Braga – Eu fui o presidente do governo provisório, o primeiro governo
da República. E no castelo de S. Jorge foi colocada a bandeira da república.
Pedro S. – E o senhor é mesmo quem?
Nigel – Teófilo Braga, ignorante! Presidente do governo provisório, o primeiro
governo republicano.
José Relvas – E António José de Almeida foi nomeado Ministro do Interior e
Afonso Costa Ministro da Justiça.
Pedro S. – Isto é demasiada informação para mim. A minha cabeça está a
começar a fritar…
Débora – O problema não é esse! O problema é que vocês estão aqui os dois na
maior mas eu acho que isto é uma encenação para nos raptarem!


                                  Cena 10
                              Teófilo e Relvas saiem


Nigel – Não tenho paciência para pessoas tão incultas! Olha outra
personagem…


                                  Cena 11
                          Sai do quadro Afonso Costa


Débora – E o senhor é?....
Afonso Costa – Sou Afonso Costa, grande defensor do ideário republicano e
profundamente anticlerical.

                                                                               13
Pedro S. – Mas o que é isso?
Afonso Costa – Deram-me a alcunha de "mata-frades", devido às leis que
mandei publicar e de que muito me orgulho, a Igreja Católica mantinha o nosso
povo na ignorância e no medo, por isso criei a Lei da Separação da Igreja do
Estado, expulsei os Jesuítas, criei o registo civil, uma nova lei da família e do
divórcio e muitas outras medidas, o que convenhamos, gerou muita polémica
com os bispos, que obviamente não gostaram destas ideias.
Nigel – Pois, pois, imagino ….
Afonso Costa – Eu previ que daí a duas gerações já não haveria católicos em
Portugal!
Pedro S. – O quê? Continuam haver muitos católicos.
Débora – Sim a minha avó vai todos os domingos a igreja.
Nigel – Senhor creio que se enganou…
Afonso Costa – Não estou a gostar da conversa. Vou-me embora.


                                 Cena 12
                Afonso sai muito aborrecido e a falar sozinho


Débora – Ainda bem que ele se foi embora. Disse coisas estranhas além de ser
muito estranho…


                                 Cena 13
      Saem duas operárias do quadro seguinte a gritar viva as mulheres


Sara – Olha ali está o meu namorado. Ele participou de corpo e alma na
revolução. Queria melhorar a sua vida. Passou fome coitado, a trabalhar 16
horas por dia em troca de um salário miserável. O que lhe valeu foi o sindicato.
Participou na luta contra os abusos dos patrões, a exploração do trabalho das

                                                                              14
mulheres e das crianças e a falta de segurança social. Só com a união dos
operários e sucessivas greves conseguiram a diminuição do horário de trabalho
para 8 horas e o descanso semanal ao domingo.
Jéssica – Se não fosse aquela revolução onde estariam os nossos direitos…
Sara – Sim, os progressos foram muitos. Graças à República o ensino passou a
ser obrigatório e gratuito para todas as crianças entre os sete e os dez anos, lá em
casa fui a primeira a saber ler e escrever. Mas os meus filhotes hão-de chegar à
Universidade, até já abriu em Lisboa. Tenho esperança que a nossa vida melhore
e que os direitos das mulheres sejam reconhecidos, estamos unidas.
Jessica – E isso graças à Liga Republicana das Mulheres de que me orgulho
muito. Lutamos pelo direito à educação e instrução das mulheres e das crianças,
pela independência económica e conquista dos nossos direitos civis e políticos.
Mas a partir de 1914 a nossa vida complicou-se. Durante 4 anos a 1ª Guerra
criou muito sofrimento e descontentamento. Muitas famílias perderam os seus
entes queridos na Flandres, onde lutamos para defender as nossas colónias e
afirmar o novo regime político. Os preços aumentaram e as manifestações,
atentados e greves não pararam. Os governos duravam meses e instalou-se a
confusão. Em 1928 regressou a ditadura mas eu continuei a lutar, tornei-me
comunista (fala baixo).


                                  Cena 14
      Entram Ana de Castro Osório, Adelaide Cabette e Maria Veleda


Ana de Castro – Em 1910 éramos menos de 500 mulheres e conseguimos que o
divórcio fosse permitido e dado ao marido e à mulher o mesmo tratamento, tanto
em relação aos motivos de divórcio como aos direitos sobre os filhos. As leis do
casamento e da filiação basearam o casamento na igualdade e a mulher deixou
de dever obediência ao marido. O crime de adultério passou a ter o mesmo
tratamento quando cometido por mulheres ou homens.

                                                                                 15
Nigel – Conheço-a é a Ana de Castro Osório.
Maria Veleda – Queríamos criar um Portugal novo, aberto a ideias modernas
onde os homens não dominassem.
Débora – E eu sei exactamente quem você é! É uma prazer estar na sua
presença senhora D. Maria Veleda.
Maria Veleda – Que menina tão bonita. De que escola vem?
Débora – Da escola E.B. 2/3 Carlos Paredes, na Póvoa de Santo Adrião.
Maria Veleda – Ai que engraçado, tão perto de onde fui professora primária.
Com muito orgulho leccionei em Odivelas e espero que os meus alunos e as
famílias tenham aprendido comigo os ideais republicanos.
Nigel – Então deve ser por isso que há uma praceta com o seu nome em
Odivelas.
Débora – E uma escola perto de Odivelas.
Maria Veleda –Ai fizeram isso! Uma praceta e uma escola com o meu nome!!!
Quer dizer que fui importante para quem aí viveu.
Adelaide Cabette – Segundo os nossos estatutos deveria haver igualdade entre
os direitos do marido e da mulher.
Pedro S. – Peço desculpa mas eu não sei quem você é!
Adelaide Cabette – Adelaide Cabette menino insolente!
Ana de Castro – A esposa não deveria depender economicamente do marido.
Maria Veleda – Igualdade de direitos perante a lei e acesso à educação.
Sara – Muito grande foi a nossa luta…
Jessica – E por vezes bem inglória. Até direito a voto tentámos que
tivéssemos…
Débora – E devo vos dizer que as vossas tentativas concretizaram-se hoje as
mulheres podem fazer tudo isso devido à vossa coragem.




                                                                          16
Cena 15
                       Aparece Carolina Beatriz Ângelo


Carolina – Eu, Carolina Beatriz Ângelo, bem tentei. Consegui que fosse
discutido em 1911, em Portugal, a possibilidade das mulheres poderem votar.
Fui a primeira mulher a votar nas eleições para a Assembleia Constituinte, como
era viúva, invoquei a minha qualidade de chefe de família e ninguém me pode
impedir.
Débora – Agora eu estou a gostar da conversa. Ainda bem que o fez.
Carolina – Mas a lei foi posteriormente alterada, reconhecendo apenas o direito
de voto aos homens. Apesar de vermos alguns direitos reconhecidos não fomos
consideradas cidadãs de pleno direito, mas não desistimos da nossa luta. Nunca
desistam dos vossos ideais, quanto aos ideias republicanos parece que
continuam por cumprir. A igualdade de direitos, a justiça social ainda estão
longe de se cumprirem não é? Eu bem vejo lá do alto o que por aqui se passa…
estudem, a educação é a vossa melhor arma. Informem-se e unam-se para lutar
pelo que acreditam estar certo, por uma sociedade mais justa para todos. Nunca
deixem de acreditar em vós.
Débora – Estas senhoras são um exemplo para todos nós! Mostram o quanto é
importante lutar por uma coisa que valha mesmo a pena!
Pedro S. – Eu não percebi bem tudo o que elas disseram mas se tu concordas eu
devo concordar.



                                 Cena 16
           Todas elas regressam aos quadros e ficam só os três alunos


Nigel – Como é que podes tu podes dizer que o que estas mulheres dizem está
certo?!

                                                                            17
Cena 17
         Débora vai responder-lhe mas aparece a professora Adelina


Professora – Mas ó meninos, o que é que vocês estão aqui a fazer?!
Pedro S. – ham… ham….


                          Débora bate lhe mas costas


Débora – Então Stôra estávamos a procura da casa de banho…
Vazyl – Todos juntos?! Ahahah
Pedro S. – Está calado!
Professora – Agora que já acabou a visita o que é que vocês aproveitaram dela?
Vão ter teste sobre esta matéria amanhã.
Nigel – A Stôra nem imagina o quanto…


                                 Cena 18

                                  Saem todos


Voz off – Mas a verdade é que quando fizeram o teste de história, estes três
alunos foram os que tiraram melhores notas.




                                FIM

                                                                               18

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Reino de Portugal em 1910

  • 1. Argumento realizado pela turma A do 8ºano Supervisão das professoras de: História, Educação Musical e Língua Portuguesa Escola E. B. 2/3 Carlos Paredes Ano Lectivo 2009/2010 1
  • 2. PERSONAGENS: Professora Adelina – Angelina Aluno 1 – Pedro Sousa Aluno 2 – Débora Aluno 3 – Nigel Aluno 4 – Vazyl Rainha D. Amélia – Ana Catarina Manuel Buiça – Jorge D. Manuel II – Daniel Operários – Ioan e Fábio José Relvas – Pedro Negunza Teófilo Braga – Gabriel Afonso Costa – João Namorada do operário – Sara Amiga da namorada – Jéssica Maria Veleda – Erica Adelaide Cadet – Stephanie Lopes Carlota Beatriz Ângelo – Guan Qi Ana de Castro Osório – Rafaela 2
  • 3. Acto 1 Cena 1 Os alunos da turma 8ºA estavam a caminho de uma visita de estudo à praça do Comércio. Chegaram ao museu e começaram a visita. Professora – Bem e aqui está uma imagem que representa um grande facto histórico, o regicídio do rei D. Carlos. Pedro S. – Fogo! Isto é mesmo uma seca, damos isto na aula e agora temos de ouvir aqui, vamos mas é circular… Débora – Mesmo a sério…. Vamos dizer à stôra que vamos ver outras artes… Nigel – Esperem, esperem eu também vou! Pedro S. – Stôra nós vamos ver outros quadros pode ser? Professora – Está bem, mas não se afastem muito. Vazyl – Vocês querem é baldar-se à exposição! Depois não chorem se tiverem negativa. Vazyl goza com eles fingindo que está a chora .A Professora ralha Professora – O vosso colega tem razão. Débora – Esteja descansada stora, nós somos responsáveis. Professora – Vá então, vão lá. 3
  • 4. Acto 2 Cena 1 Débora – Finalmente!… olhem ali aquela porta! Pedro S. – Opá ainda é a casa de banho, deixa isso. Débora – Não é nada, vê! Nigel – Olha tem uma placa que diz «expressamente proibida a entrada a estranhos» Pedro S. – Então vamos espreitar o mistério… Nigel – Acho melhor não, se diz para não entrar é porque não podemos. Débora – Sim é melhor…. Pedro S. – Não sejam mariquinhas vamos! Nigel e Débora – Prontos, está bem! Acto 3 Cena 1 Os alunos entraram na área restrita, e encontraram vários quadros bem mais interessantes do que o que estavam expostos. De repente ouvem-se disparos e gritos. A rainha D. Amélia aparece vinda de um dos quadros que se encontram na sala. Os três gritam Nigel – D. D. D. Amélia! Mas o que está acontecer! D. Amélia – Como é possível que não saibam?! É a tragédia deste ano, e de todos os que virão! Débora – Eu não estou achar graça nenhuma a isto! Nigel – Conte, conte…. Ao vivo é muito mais interessante. 4
  • 5. Pedro S. – Tu não estás a pensar que é mesmo a rainha pois não? D. Amélia – Pois claro que sou. Vocês têm a ousadia de duvidar quem sou! Isto é um ultraje! Já chega o que aconteceu ali… Aponta para o quadro Pedro S. – Então diga lá o que aconteceu…. Pedro ri-se mas vai para trás da Débora D. Amélia – Vínhamos nós meu marido, D. Carlos, e meus filhos príncipe Luís Felipe e príncipe D. Manuel, de Vila Viçosa. Desembarcámos no Terreiro do Paço e meu marido teve a brilhante ideia de ir até ao palácio numa carruagem aberta. Quando chegámos a meio da praça foi o pânico! Débora – Então mas pânico porquê? Pedro S. (com tom de gozo) – Vê-se mesmo que não percebes nada de História. Débora – Percebes tu queres ver! Nigel – Xhiuuu! Nenhum dos dois percebe! Agora deixem ouvir se faz favor. Amuam os dois D. Amélia – Eu explico: um homem de barbas, levou à cara a carabina e disparou sobre meu marido! O tiro atravessou-lhe o pescoço, e estavam tantos mas tantos atiradores a dispararem contra a carruagem, o pobre coitado já morto e eles continuavam a disparar que nem loucos! E eu usei a única arma que tinha á mão. Pedro S. – Não me diga que a senhora andava com armas! AHAHAHAH D. Amélia – Claro que não! Usei um ramo de flores! E meu querido e adorado filho Luís, quando tentava tirar o revólver do bolso é atingido no peito, mas como era valente, ainda conseguiu atingir o atirador, mas quando se levanta é 5
  • 6. atingido novamente pelo que tinha morto o pai. Eu gritei, gritei, gritei e não houve mais tiros graças ao soldado Henrique da Silva que impede o bandido de atingir alguém novamente, de certo seria eu. Falecidos rei e príncipe herdeiro cabe ao meu filho mais novo com 18anos subir ao trono e governar. Eu não compreendo…. Choraminga D. Amélia Pedro S. – Mas o que é que não compreende?! Débora – És mesmo burro, não compreende o porquê do seu marido e seu filho terem sido mortos. Pedro S. – Haaaa… ham?! Nigel – Esquece Pedro, nunca irias perceber. Cena 2 Pedro amua e entra Manuel Buiça Manuel Buiça – Vós não sabeis porque razão tais factos aconteceram? Então eu explico. Débora – Nigel o que se está a passar? Nigel! Nigel – Eu não sei bem mas é espantoso!... D. Amélia – Mas quem sois vós, para explicar seja o que for?! Não há explicação alguma para tal acontecimento tão trágico. Choraminga D. Amélia Manuel Buiça – Mas há sim uma explicação! Nigel – Explique, explique. 6
  • 7. Manuel Buiça – Em primeiro lugar quero que saiba desde já que tenho orgulho em ter morto seu marido e seu filho! D. Amélia – Você é que matou meu marido e o meu querido filho! Como foi capaz de tal monstruosidade?! Nigel – Então você é o famoso Manuel Buiça o assassino do rei D. Carlos?! Manuel Buiça – Lógico que sou o Manuel Buiça, queriam que fosse quem? O Manuel das couves?! Débora – Mas você matou mesmo o rei?! Buiça abana a cabeça como a afirmação à pergunta e cheio de orgulho Manuel Buiça – Sim fui eu minha cara menina! Débora – Eu não consigo entender como alguém é capaz de tal coisa, só se não estiver muito bem mentalmente… D. Amélia começa a bater-lhe com as flores D. Amélia – Como foi capaz de me deixar sem meu filho e meu marido! De me deixar sozinha com o meu filho Manuel. Pedro S. – Tenha calma rainha! Manuel Buiça – O descontentamento do povo levou-nos a tomar medidas extremas! Desde 1890 que não suportávamos D. Carlos. Deixou que os ingleses tomassem as nossas terras entre Angola e Moçambique obedecendo ao seu ultimato!! Foi uma humilhação!! Para que saibam, foi então que surgiu o hino republicano, A Portuguesa. Que rei era este que não defendia os interesses nacionais, os nossos direitos históricos, a honra dos nossos antepassados, a memória dos nossos Descobrimentos. Além disso, nada fazia pelo combate à pobreza e pelo desenvolvimento do país. O Estado estava cada vez mais endividado e a família real só esbanjava dinheiro e depois ainda nos impôs o ditador João Franco, de má memória, que acabou com a liberdade. Só a 7
  • 8. República nos podia salvar e para isso havia que pôr fim à Monarquia. Agradeçam à Carbonária, homens de coragem e valor que conspiravam secretamente contra a monarquia e que deram a vida pela nação. Débora – Eu compreendo, mas, matar duas pessoas?! Nigel – Eles não pensavam assim, acreditavam nos seus ideais, queriam melhorar a sociedade e não olhavam a meios para atingir os fins, se é que me percebes. Manuel Buiça – Os problemas que existiam no país eram mais que muitos e eles só pensavam em esbanjar o dinheiro em futilidades. Débora – Mas isso não é justificação para matar…. D. Amélia – Futilidade?! Eu não acho nada fútil a realeza ter de estar no seu melhor! Manuel Buiça – Tínhamos de cortar o mal pela raiz, e a melhor solução foi matar o rei. D. Amélia – Eu mato-o é a si seu destruidor de lares! Cena 3 Saem a discutir Pedro S. – Ahahah teve imensa piada não acham?! Vocês não acreditaram mesmo pois não? Nigel – Claro que sim, foi excelente! Foi ter uma aula de história ao vivo. Débora – Eu ainda estou cheia de medo…. Nós entrámos numa sala de acesso restrito e aparece-nos a rainha D. Amélia, quem aparecerá a seguir? O Papa? 8
  • 9. Cena 4 Pedro S. avança a rir-se e bate com as costas no rei D. Manuel (Daniel Vaz) que saiu do quadro Pedro S. – Aiii!!! Quem é você? De onde é que saiu? D. Manuel – Tenha calma… eu El rei D. Manuel II vou dizer de minha justiça o que aconteceu. Estou muito triste, o meu reinado foi um desastre. Ora eu já estava triste o suficiente, por ter perdido o meu pai e meu irmão… ainda hoje penso se não poderia ter sido eu a colocar-me à frente da bala e ter mudado a história. Débora – Não fique assim. Toda a gente tem de morrer um dia, o destino quis assim e não era o senhor que o ia mudar. D. Manuel – Nós homens da família nem queríamos voltar para Lisboa, só a minha mãe, teimosa, queria vir só para assistir ao “ Tristão e Isolda”. Nigel – Aquela ópera de Wagner que só podia ser apresentada no S. Carlos! Voz da rainha - Eu estou a ouvir as suas queixas. Em casa falamos. Pedro S. – Eu tenho pena de si, a minha mãe também costuma dizer isso. Nunca sobra nada de bom para o meu lado, acabo sempre a ir quentinho para a cama. D. Manuel – Continuando … Eu, depois de toda aquela tragédia, subi ao trono e tentei apaziguar as relações com os republicanos. Mas eles queriam sempre mais! Nunca estavam satisfeitos! Eu não gostei nada daqueles dois anos de reinado, fui o último rei de Portugal… falhei…. Não consegui que se entendessem de forma a salvar a Monarquia, e o nosso hino era tão lindo… Rei canta um bocadinho do hino mas começa a chorar 9
  • 10. Débora – Tenha calma, eu compreendo a sua tristeza Nigel – Pois é! Havia um hino da monarquia… Nigel canta enquanto Débora consola o rei Cena 5 Pedro S. – Mas o que é que tu estás para aí a “ cantar”? Nigel – Que insulto! Que ignorante. Pedro S. – Eu só não me interesso pelo que não interessa, isto é … Débora – Isto é nada! Olha o rei foi-se e a culpa é vossa! Ele estava tão abatido… Todos olham em volta com esperança de encontrar o rei Pedro repara num quadro onde estão pessoas a prepararem-se para lutar Pedro S. – Isto sim é arte. Tanta gente a preparar-se para a luta Débora – Por amor de Deus! Só gostas de violência! Pedro S. – São coisas de homem… Nigel – Vocês estão para ai a discutir e nem sabem do se trata o quadro. Pedro – Claro que sei, eu é que já não me lembro… Nigel – Isto trata-se de… Cena 6 Entram dois operários a gritar viva a república Fábio – Onde é que eu vim parar…. Ioan – Não sei mas, olha, olha ali … o Joaquim, o Manuel… 10
  • 11. Fábio – Os nossos companheiros com os quais estávamos barricados para tentar a organizar a revolta contra a Monarquia. Débora – Eu quero é ir-me embora, só aparecem personagens estranhas, além do mais a Stôra Adelina já deve estar preocupada… Pedro S. – És uma mariquinhas, eu cá estou a achar tudo isto muito engraçado! Ahahah! Nigel – Engraçado?! Que adjectivo tão mal utilizado. Eu diria antes magnífico, estamos a viver a História! Fábio – 5 de Outubro de 1910, um dia histórico… Ioan – O povo de Lisboa apoiava-nos a nós, republicanos, tal como muitos oficiais do exército e da marinha. Fábio – E também tivemos sorte, porque as tropas fiéis á monarquia hesitaram e defenderam os locais errados. Ioan – Acabando por se render! Fábio – Um marco na História do país! Ioan – Finalmente República em Portugal … Ioan e Fábio – Viva a República! Viva a liberdade! Fábio canta a “portuguesa” Cena 7 Operários voltam ao quadro Nigel – Ahhhh… a “Portuguesa” composta por Alfred Keil. Pedro S. – Eu sei outra versão mais minha! Débora – Cala-te! Pedro S. – Mas não querem mesmo ouvir? Nigel e Débora – Não! 11
  • 12. Pedro fica triste Débora – Deixa estar, fica para outro dia! Entretanto Nigel aproxima-se do próximo quadro Cena 8 Nigel – Parece que estou a conhecer aquela cara….não, afinal não é José Relvas sai do quadro José Relvas – Quem não me conhece? Pedro S. – Eu! Débora – Peço desculpa senhor mas eu também não Nigel – Nem eu … Nigel fica envergonhado e os colegas olham para ele com cara de espanto José Relvas – Esta juventude! Fui eu que proclamei a República da varanda dos Paços do Concelho na Praça do Município, no dia 5 de Outubro de 1910. Pedro S. – Começo a concordar contigo Débora, isto está a ficar esquisito demais… Débora – Como vês eu tinha razão, eu tenho sempre razão! Nigel – Continuam a não perceber que somos privilegiados em estar assistir a tudo isto! José Relvas – Prestem atenção! E ainda proclamei a República por todo o país. O novo regime foi anunciado por telégrafo. 12
  • 13. Cena 9 Aparece Teófilo Braga Teófilo Braga – Eu fui o presidente do governo provisório, o primeiro governo da República. E no castelo de S. Jorge foi colocada a bandeira da república. Pedro S. – E o senhor é mesmo quem? Nigel – Teófilo Braga, ignorante! Presidente do governo provisório, o primeiro governo republicano. José Relvas – E António José de Almeida foi nomeado Ministro do Interior e Afonso Costa Ministro da Justiça. Pedro S. – Isto é demasiada informação para mim. A minha cabeça está a começar a fritar… Débora – O problema não é esse! O problema é que vocês estão aqui os dois na maior mas eu acho que isto é uma encenação para nos raptarem! Cena 10 Teófilo e Relvas saiem Nigel – Não tenho paciência para pessoas tão incultas! Olha outra personagem… Cena 11 Sai do quadro Afonso Costa Débora – E o senhor é?.... Afonso Costa – Sou Afonso Costa, grande defensor do ideário republicano e profundamente anticlerical. 13
  • 14. Pedro S. – Mas o que é isso? Afonso Costa – Deram-me a alcunha de "mata-frades", devido às leis que mandei publicar e de que muito me orgulho, a Igreja Católica mantinha o nosso povo na ignorância e no medo, por isso criei a Lei da Separação da Igreja do Estado, expulsei os Jesuítas, criei o registo civil, uma nova lei da família e do divórcio e muitas outras medidas, o que convenhamos, gerou muita polémica com os bispos, que obviamente não gostaram destas ideias. Nigel – Pois, pois, imagino …. Afonso Costa – Eu previ que daí a duas gerações já não haveria católicos em Portugal! Pedro S. – O quê? Continuam haver muitos católicos. Débora – Sim a minha avó vai todos os domingos a igreja. Nigel – Senhor creio que se enganou… Afonso Costa – Não estou a gostar da conversa. Vou-me embora. Cena 12 Afonso sai muito aborrecido e a falar sozinho Débora – Ainda bem que ele se foi embora. Disse coisas estranhas além de ser muito estranho… Cena 13 Saem duas operárias do quadro seguinte a gritar viva as mulheres Sara – Olha ali está o meu namorado. Ele participou de corpo e alma na revolução. Queria melhorar a sua vida. Passou fome coitado, a trabalhar 16 horas por dia em troca de um salário miserável. O que lhe valeu foi o sindicato. Participou na luta contra os abusos dos patrões, a exploração do trabalho das 14
  • 15. mulheres e das crianças e a falta de segurança social. Só com a união dos operários e sucessivas greves conseguiram a diminuição do horário de trabalho para 8 horas e o descanso semanal ao domingo. Jéssica – Se não fosse aquela revolução onde estariam os nossos direitos… Sara – Sim, os progressos foram muitos. Graças à República o ensino passou a ser obrigatório e gratuito para todas as crianças entre os sete e os dez anos, lá em casa fui a primeira a saber ler e escrever. Mas os meus filhotes hão-de chegar à Universidade, até já abriu em Lisboa. Tenho esperança que a nossa vida melhore e que os direitos das mulheres sejam reconhecidos, estamos unidas. Jessica – E isso graças à Liga Republicana das Mulheres de que me orgulho muito. Lutamos pelo direito à educação e instrução das mulheres e das crianças, pela independência económica e conquista dos nossos direitos civis e políticos. Mas a partir de 1914 a nossa vida complicou-se. Durante 4 anos a 1ª Guerra criou muito sofrimento e descontentamento. Muitas famílias perderam os seus entes queridos na Flandres, onde lutamos para defender as nossas colónias e afirmar o novo regime político. Os preços aumentaram e as manifestações, atentados e greves não pararam. Os governos duravam meses e instalou-se a confusão. Em 1928 regressou a ditadura mas eu continuei a lutar, tornei-me comunista (fala baixo). Cena 14 Entram Ana de Castro Osório, Adelaide Cabette e Maria Veleda Ana de Castro – Em 1910 éramos menos de 500 mulheres e conseguimos que o divórcio fosse permitido e dado ao marido e à mulher o mesmo tratamento, tanto em relação aos motivos de divórcio como aos direitos sobre os filhos. As leis do casamento e da filiação basearam o casamento na igualdade e a mulher deixou de dever obediência ao marido. O crime de adultério passou a ter o mesmo tratamento quando cometido por mulheres ou homens. 15
  • 16. Nigel – Conheço-a é a Ana de Castro Osório. Maria Veleda – Queríamos criar um Portugal novo, aberto a ideias modernas onde os homens não dominassem. Débora – E eu sei exactamente quem você é! É uma prazer estar na sua presença senhora D. Maria Veleda. Maria Veleda – Que menina tão bonita. De que escola vem? Débora – Da escola E.B. 2/3 Carlos Paredes, na Póvoa de Santo Adrião. Maria Veleda – Ai que engraçado, tão perto de onde fui professora primária. Com muito orgulho leccionei em Odivelas e espero que os meus alunos e as famílias tenham aprendido comigo os ideais republicanos. Nigel – Então deve ser por isso que há uma praceta com o seu nome em Odivelas. Débora – E uma escola perto de Odivelas. Maria Veleda –Ai fizeram isso! Uma praceta e uma escola com o meu nome!!! Quer dizer que fui importante para quem aí viveu. Adelaide Cabette – Segundo os nossos estatutos deveria haver igualdade entre os direitos do marido e da mulher. Pedro S. – Peço desculpa mas eu não sei quem você é! Adelaide Cabette – Adelaide Cabette menino insolente! Ana de Castro – A esposa não deveria depender economicamente do marido. Maria Veleda – Igualdade de direitos perante a lei e acesso à educação. Sara – Muito grande foi a nossa luta… Jessica – E por vezes bem inglória. Até direito a voto tentámos que tivéssemos… Débora – E devo vos dizer que as vossas tentativas concretizaram-se hoje as mulheres podem fazer tudo isso devido à vossa coragem. 16
  • 17. Cena 15 Aparece Carolina Beatriz Ângelo Carolina – Eu, Carolina Beatriz Ângelo, bem tentei. Consegui que fosse discutido em 1911, em Portugal, a possibilidade das mulheres poderem votar. Fui a primeira mulher a votar nas eleições para a Assembleia Constituinte, como era viúva, invoquei a minha qualidade de chefe de família e ninguém me pode impedir. Débora – Agora eu estou a gostar da conversa. Ainda bem que o fez. Carolina – Mas a lei foi posteriormente alterada, reconhecendo apenas o direito de voto aos homens. Apesar de vermos alguns direitos reconhecidos não fomos consideradas cidadãs de pleno direito, mas não desistimos da nossa luta. Nunca desistam dos vossos ideais, quanto aos ideias republicanos parece que continuam por cumprir. A igualdade de direitos, a justiça social ainda estão longe de se cumprirem não é? Eu bem vejo lá do alto o que por aqui se passa… estudem, a educação é a vossa melhor arma. Informem-se e unam-se para lutar pelo que acreditam estar certo, por uma sociedade mais justa para todos. Nunca deixem de acreditar em vós. Débora – Estas senhoras são um exemplo para todos nós! Mostram o quanto é importante lutar por uma coisa que valha mesmo a pena! Pedro S. – Eu não percebi bem tudo o que elas disseram mas se tu concordas eu devo concordar. Cena 16 Todas elas regressam aos quadros e ficam só os três alunos Nigel – Como é que podes tu podes dizer que o que estas mulheres dizem está certo?! 17
  • 18. Cena 17 Débora vai responder-lhe mas aparece a professora Adelina Professora – Mas ó meninos, o que é que vocês estão aqui a fazer?! Pedro S. – ham… ham…. Débora bate lhe mas costas Débora – Então Stôra estávamos a procura da casa de banho… Vazyl – Todos juntos?! Ahahah Pedro S. – Está calado! Professora – Agora que já acabou a visita o que é que vocês aproveitaram dela? Vão ter teste sobre esta matéria amanhã. Nigel – A Stôra nem imagina o quanto… Cena 18 Saem todos Voz off – Mas a verdade é que quando fizeram o teste de história, estes três alunos foram os que tiraram melhores notas. FIM 18