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COMANDO DA AERONÁUTICA
CENTRO DE INVESTIGAÇÃO E PREVENÇÃO DE
ACIDENTES AERONÁUTICOS
SUMA DE INVESTIGAÇÃO
1. Informações Factuais
1.1. Informações Gerais
1.1.1 Dados da Ocorrência
DADOS DA OCORRÊNCIA
Nº DA OCORRÊNCIA DATA - HORA INVESTIGAÇÃO SUMA Nº
100/IG/2013 23/MAI/2013 - 19:10 (UTC) SERIPA II IG-100/CENIPA/2013
CLASSIFICAÇÃO DA OCORRÊNCIA TIPO DA OCORRÊNCIA COORDENADAS
INCIDENTE GRAVE COM TREM DE POUSO 16°26’17”S 039°05’02”W
LOCALIDADE MUNICÍPIO UF
AEROPORTO DE PORTO SEGURO - SBPS PORTO SEGURO BA
1.1.2 Dados da Aeronave
DADOS DA AERONAVE
MATRÍCULA FABRICANTE MODELO
PT-EFI NEIVA EMB-721C
OPERADOR REGISTRO OPERAÇÃO
TROPIC AIR TAXI AEREO LTDA TPX TAXI AÉREO
1.1.3 Pessoas a Bordo / Lesões / Danos Materiais
PESSOAS A BORDO / LESÕES
A BORDO
LESÕES
DANOS À AERONAVE
Ileso Leve Grave Fatal Desconhecido
Tripulantes 1 1 - - - - X Sim
Passageiro - - - - - - Não
Total 1 1 - - - - Desconhecido
Terceiros - - - - - -
2. Histórico do voo
A aeronave decolou do aeródromo da Fazenda Tauá (SIAJ), município de Prado -
BA, com destino a Porto Seguro - BA (SBPS), para realizar um voo de traslado.
Durante a configuração da aeronave para o pouso em SBPS, o piloto constatou que
não houve indicação de abaixamento do trem de pouso e comandou três ciclos de
abaixamento e recolhimento pelo sistema normal, não obtendo sucesso.
O piloto executou o procedimento de abaixamento em emergência e somente obteve
o travamento dos trens principais.
Constatando a falta de indicação do travamento do trem de nariz, o piloto decidiu
prosseguir para o pouso, nesta condição, para a cabeceira 10 e efetuou o corte do motor
momentos antes do toque na pista.
O trem do nariz recolheu após o toque e a hélice resvalou por quatro vezes no solo.
2 de 4
A aeronave parou 150 metros depois, antes de alcançar a metade da pista.
O tripulante saiu ileso.
A aeronave teve danos no intradorso e nas pás de hélice.
Figura 1 - Posição de parada da aeronave.
3. Comentários
O piloto operava a aeronave há três anos e meio naquela rota, ao menos duas
vezes por semana; ocasionalmente, três vezes ao dia, em períodos de maior movimento.
No dia do incidente, o piloto havia realizado três pousos sem que nenhuma
anormalidade na operação da aeronave fosse percebida.
Na configuração da aeronave para o quarto pouso do dia, o piloto comandou o
abaixamento do trem pelo sistema normal e não ouviu o ruído característico da bomba
reversível elétrica, responsável pelo bombeamento do fluido hidráulico para o ciclo do
trem de pouso.
Ao constatar que não houve o acendimento da luz vermelha indicativa de trens
destravados e em trânsito, o piloto tentou o recolhimento e abaixamento do trem por mais
três vezes, sem obter sucesso.
Após acionar o sistema de abaixamento em emergência, o qual alivia a pressão
hidráulica e permite o abaixamento por gravidade, somente obteve a indicação de
travamento dos trens principais.
Nesta condição, o piloto realizou uma tentativa de pouso. Contudo, ao permitir que o
trem de nariz tocasse levemente a pista, constatou que o mesmo não se encontrava
travado e decidiu realizar uma arremetida no solo.
O piloto permaneceu sobrevoando o setor sul de SBPS por uma hora, com o objetivo
de consumir combustível e realizar o pouso de emergência com o menor volume nos
tanques.
Prosseguiu para o pouso de emergência na cabeceira 10, com o trem de nariz
destravado, após a devida coordenação com os órgãos ATC daquele aeroporto.
3 de 4
A aeronave fez o primeiro toque na pista 250 metros após a cabeceira. O piloto
efetuou o corte do motor pelo manete de combustível e a aeronave percorreu mais 150
metros até a sua parada total.
A aeronave teve danos na hélice, motor, carenagem do motor e na articulação do
trem do nariz.
A aeronave foi removida do local, quinze minutos após a ocorrência sem que
nenhum representante do SIPAER fosse consultado.
Durante a ação inicial, foi constatado que o sistema elétrico da aeronave estava
íntegro no que se refere à alimentação da bomba reversível elétrica e que os disjuntores
do sistema de trem de pouso encontravam-se armados. Entretanto, a referida bomba não
funcionava, impedindo a pressurização das linhas hidráulicas.
A aeronave apresentava diversos pontos de corrosão por toda a extensão da
fuselagem, os quais não comprometiam a integridade estrutural. Havia também, a
presença de pontos de corrosão no alojamento dos trens de pouso principais, no de nariz
e, inclusive, nos elementos de articulação e travamento.
Segundo informações do setor de manutenção do operador, a aeronave era lavada
constantemente devido à operação em atmosfera severa de corrosão e em pista de terra.
Foi verificado que os pontos de articulação do trem, que possibilitavam os
movimentos de abaixamento e recolhimento, não estavam adequadamente lubrificados,
possivelmente, em decorrência do ambiente de operação e das lavagens sucessivas.
Este cenário leva a crer que a movimentação do trem tenha ocorrido com atrito
excessivo entre os componentes, demandando maior esforço. Dessa forma, o peso do
trem de pouso de nariz, mesmo com a atuação da mola que auxilia no travamento, não
teria sido suficiente para que se completasse o ciclo de abaixamento.
4. Fatos
a) o piloto estava com o Certificado Médico Aeronáutico (CMA) válido;
b) o piloto estava com o Certificado de Habilitação Técnica (CHT) válido;
c) o piloto era qualificado, possuía 1.200 horas totais de voo e 800 horas no modelo;
d) a aeronave estava com o Certificado de Aeronavegabilidade (CA) válido;
e) a aeronave estava dentro dos limites de peso e balanceamento;
f) a aeronave decolou do aerodromo da Fazenda Tauá, com uma pessoa a bordo;
g) houve falha da bomba reversível elétrica;
h) o sistema normal de abaixamento do trem de pouso não funcionou, durante a
configuração da aeronave para o pouso em SBPS;
i) durante o abaixamento do trem de pouso pelo sistema de emergência, o ciclo de
abaixamento do trem de nariz não se completou;
j) o pouso ocorreu na cabaceira 10, tendo o piloto cortado o motor momentos antes
do toque na pista;
k) o alojamento do trem de pouso de nariz apresentava diversos pontos de acúmulo
de salinidade e areia de granulação fina, dificultando os movimentos das
articulações do respectivo trem de pouso;
l) a aeronave teve danos na hélice, motor, carenagem abaixo do motor e na
articulação do trem do nariz; e
4 de 4
m)o piloto saiu ileso.
5. Ações Corretivas
Durante a ação inicial, os investigadores do SIPAER orientaram o piloto, o
representante do operador e o gerente de segurança operacional do Aeroporto de Porto
Seguro, quanto à necessidade da oportuna comunicação das ocorrências aeronáuticas
aos profissionais do SIPAER, atendendo ao que dispõe a NSCA 3-13, do Comando da
Aeronáutica.
Foram distribuídos cartazes do SIPAER, no âmbito do Aeroporto de Porto Seguro,
versando sobre os procedimentos que devem ser adotados no caso de ocorrências
aeronáuticas.
6. Recomendações de Segurança de Voo
À Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), recomenda-se:
IG-100/CENIPA/2013 - RSV 001 Emitida em: 16 /09/2013
1) Assegurar-se de que a TROPIC AIR TAXI AEREO LTDA adota medidas adequadas de
manutenção do sistema do trem de pouso da sua aeronave modelo EMB 721C,
particularmente, no que se refere à lubrificação dos elementos de articulação e
travamento, tendo em vista as sucessivas operações de lavagem daqueles componentes
e as características do ambiente em que transcorrem as operações da aeronave.
Em, 16 de setembro de 2013.

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Falha na bomba reversível elétrica do trem de pouso de EMB-721C

  • 1. 1 de 4 COMANDO DA AERONÁUTICA CENTRO DE INVESTIGAÇÃO E PREVENÇÃO DE ACIDENTES AERONÁUTICOS SUMA DE INVESTIGAÇÃO 1. Informações Factuais 1.1. Informações Gerais 1.1.1 Dados da Ocorrência DADOS DA OCORRÊNCIA Nº DA OCORRÊNCIA DATA - HORA INVESTIGAÇÃO SUMA Nº 100/IG/2013 23/MAI/2013 - 19:10 (UTC) SERIPA II IG-100/CENIPA/2013 CLASSIFICAÇÃO DA OCORRÊNCIA TIPO DA OCORRÊNCIA COORDENADAS INCIDENTE GRAVE COM TREM DE POUSO 16°26’17”S 039°05’02”W LOCALIDADE MUNICÍPIO UF AEROPORTO DE PORTO SEGURO - SBPS PORTO SEGURO BA 1.1.2 Dados da Aeronave DADOS DA AERONAVE MATRÍCULA FABRICANTE MODELO PT-EFI NEIVA EMB-721C OPERADOR REGISTRO OPERAÇÃO TROPIC AIR TAXI AEREO LTDA TPX TAXI AÉREO 1.1.3 Pessoas a Bordo / Lesões / Danos Materiais PESSOAS A BORDO / LESÕES A BORDO LESÕES DANOS À AERONAVE Ileso Leve Grave Fatal Desconhecido Tripulantes 1 1 - - - - X Sim Passageiro - - - - - - Não Total 1 1 - - - - Desconhecido Terceiros - - - - - - 2. Histórico do voo A aeronave decolou do aeródromo da Fazenda Tauá (SIAJ), município de Prado - BA, com destino a Porto Seguro - BA (SBPS), para realizar um voo de traslado. Durante a configuração da aeronave para o pouso em SBPS, o piloto constatou que não houve indicação de abaixamento do trem de pouso e comandou três ciclos de abaixamento e recolhimento pelo sistema normal, não obtendo sucesso. O piloto executou o procedimento de abaixamento em emergência e somente obteve o travamento dos trens principais. Constatando a falta de indicação do travamento do trem de nariz, o piloto decidiu prosseguir para o pouso, nesta condição, para a cabeceira 10 e efetuou o corte do motor momentos antes do toque na pista. O trem do nariz recolheu após o toque e a hélice resvalou por quatro vezes no solo.
  • 2. 2 de 4 A aeronave parou 150 metros depois, antes de alcançar a metade da pista. O tripulante saiu ileso. A aeronave teve danos no intradorso e nas pás de hélice. Figura 1 - Posição de parada da aeronave. 3. Comentários O piloto operava a aeronave há três anos e meio naquela rota, ao menos duas vezes por semana; ocasionalmente, três vezes ao dia, em períodos de maior movimento. No dia do incidente, o piloto havia realizado três pousos sem que nenhuma anormalidade na operação da aeronave fosse percebida. Na configuração da aeronave para o quarto pouso do dia, o piloto comandou o abaixamento do trem pelo sistema normal e não ouviu o ruído característico da bomba reversível elétrica, responsável pelo bombeamento do fluido hidráulico para o ciclo do trem de pouso. Ao constatar que não houve o acendimento da luz vermelha indicativa de trens destravados e em trânsito, o piloto tentou o recolhimento e abaixamento do trem por mais três vezes, sem obter sucesso. Após acionar o sistema de abaixamento em emergência, o qual alivia a pressão hidráulica e permite o abaixamento por gravidade, somente obteve a indicação de travamento dos trens principais. Nesta condição, o piloto realizou uma tentativa de pouso. Contudo, ao permitir que o trem de nariz tocasse levemente a pista, constatou que o mesmo não se encontrava travado e decidiu realizar uma arremetida no solo. O piloto permaneceu sobrevoando o setor sul de SBPS por uma hora, com o objetivo de consumir combustível e realizar o pouso de emergência com o menor volume nos tanques. Prosseguiu para o pouso de emergência na cabeceira 10, com o trem de nariz destravado, após a devida coordenação com os órgãos ATC daquele aeroporto.
  • 3. 3 de 4 A aeronave fez o primeiro toque na pista 250 metros após a cabeceira. O piloto efetuou o corte do motor pelo manete de combustível e a aeronave percorreu mais 150 metros até a sua parada total. A aeronave teve danos na hélice, motor, carenagem do motor e na articulação do trem do nariz. A aeronave foi removida do local, quinze minutos após a ocorrência sem que nenhum representante do SIPAER fosse consultado. Durante a ação inicial, foi constatado que o sistema elétrico da aeronave estava íntegro no que se refere à alimentação da bomba reversível elétrica e que os disjuntores do sistema de trem de pouso encontravam-se armados. Entretanto, a referida bomba não funcionava, impedindo a pressurização das linhas hidráulicas. A aeronave apresentava diversos pontos de corrosão por toda a extensão da fuselagem, os quais não comprometiam a integridade estrutural. Havia também, a presença de pontos de corrosão no alojamento dos trens de pouso principais, no de nariz e, inclusive, nos elementos de articulação e travamento. Segundo informações do setor de manutenção do operador, a aeronave era lavada constantemente devido à operação em atmosfera severa de corrosão e em pista de terra. Foi verificado que os pontos de articulação do trem, que possibilitavam os movimentos de abaixamento e recolhimento, não estavam adequadamente lubrificados, possivelmente, em decorrência do ambiente de operação e das lavagens sucessivas. Este cenário leva a crer que a movimentação do trem tenha ocorrido com atrito excessivo entre os componentes, demandando maior esforço. Dessa forma, o peso do trem de pouso de nariz, mesmo com a atuação da mola que auxilia no travamento, não teria sido suficiente para que se completasse o ciclo de abaixamento. 4. Fatos a) o piloto estava com o Certificado Médico Aeronáutico (CMA) válido; b) o piloto estava com o Certificado de Habilitação Técnica (CHT) válido; c) o piloto era qualificado, possuía 1.200 horas totais de voo e 800 horas no modelo; d) a aeronave estava com o Certificado de Aeronavegabilidade (CA) válido; e) a aeronave estava dentro dos limites de peso e balanceamento; f) a aeronave decolou do aerodromo da Fazenda Tauá, com uma pessoa a bordo; g) houve falha da bomba reversível elétrica; h) o sistema normal de abaixamento do trem de pouso não funcionou, durante a configuração da aeronave para o pouso em SBPS; i) durante o abaixamento do trem de pouso pelo sistema de emergência, o ciclo de abaixamento do trem de nariz não se completou; j) o pouso ocorreu na cabaceira 10, tendo o piloto cortado o motor momentos antes do toque na pista; k) o alojamento do trem de pouso de nariz apresentava diversos pontos de acúmulo de salinidade e areia de granulação fina, dificultando os movimentos das articulações do respectivo trem de pouso; l) a aeronave teve danos na hélice, motor, carenagem abaixo do motor e na articulação do trem do nariz; e
  • 4. 4 de 4 m)o piloto saiu ileso. 5. Ações Corretivas Durante a ação inicial, os investigadores do SIPAER orientaram o piloto, o representante do operador e o gerente de segurança operacional do Aeroporto de Porto Seguro, quanto à necessidade da oportuna comunicação das ocorrências aeronáuticas aos profissionais do SIPAER, atendendo ao que dispõe a NSCA 3-13, do Comando da Aeronáutica. Foram distribuídos cartazes do SIPAER, no âmbito do Aeroporto de Porto Seguro, versando sobre os procedimentos que devem ser adotados no caso de ocorrências aeronáuticas. 6. Recomendações de Segurança de Voo À Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), recomenda-se: IG-100/CENIPA/2013 - RSV 001 Emitida em: 16 /09/2013 1) Assegurar-se de que a TROPIC AIR TAXI AEREO LTDA adota medidas adequadas de manutenção do sistema do trem de pouso da sua aeronave modelo EMB 721C, particularmente, no que se refere à lubrificação dos elementos de articulação e travamento, tendo em vista as sucessivas operações de lavagem daqueles componentes e as características do ambiente em que transcorrem as operações da aeronave. Em, 16 de setembro de 2013.