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Boletim Interno
de Segurança de Vôo
                                                                                           Agosto de 2008

             Compulsão pelo Pouso:
             Aprendendo com o Erro
    Em 2 de agosto de 2005, um A340 da Air France foi destruído após sair da pista em Toronto. A
aeronave estava pesada e a meteorologia adversa. A aproximação desestabilizou-se na curta final. No
presente artigo, o acidente é analisado sob a perspectiva do modelo T.E.M. As AMEAÇAS são listadas e
  seu reconhecimento e gerenciamento são discutidos. O mesmo processo é aplicado aos ERROS. No
    final, os Estados Indesejáveis da Aeronave são descritos e as lições aprendidas são discutidas.




O
         A340-300 da AF decolou de Paris para            Gerenciamento de Ameaças. Entretanto, a partir de
         Toronto com 297 passageiros e 12                certo ponto na aproximação, a tripulação não foi
         tripulantes a bordo. Na aproximação, o          mais capaz de perceber novas ameaças. Além
ATC informou que haveria atrasos por causa de            disso, ameaças que já haviam sido identificadas
chuva e trovoada. Na final para a pista 24L, o           não foram mais gerenciadas adequadamente.
ATC avisou que a última aeronave reportara
braking action poor. O radar de bordo do AF              Reconhecimento e Gerenciamento
mostrava precipitação pesada aproximando-se              das Ameaças Encontradas
pelo setor NW. A 200 FT AGL, com autopilot e                      Meteorologia (Rota e Chegada)
autothrust desacoplados, a aeronave começou a               Reconhecida: sim          Gerenciada: sim
ficar alta e a ground speed aumentou. O aparelho                 Antes da decolagem, a tripulação tomou
cruzou a cabeceira 40 FT acima do glide.                 ciência da ameaça de trovoadas no destino. Para
         Durante o flare, a aeronave adentrou área       isso, solicitou 3 toneladas de combustível extra,
de chuva forte e o contato visual com a pista            permitindo 23 minutos de espera. Em cruzeiro, a
deteriorou-se      bastante.   As    trovoadas    se     tripulação acompanhou a meteorologia para
intensificaram, com grande incidência de raios na        Toronto e alternativas. Na última hora do vôo, as
cabeceira oposta. A aeronave tocou o solo 1250m          condições deterioraram-se rapidamente, o que
após a cabeceira da pista, que possui 2750m de           obrigou a tripulação a reavaliar seus alternados,
extensão. Os reversores foram selecionados 12,8          modificando sua primeira opção para Otawwa
segundos após. A aeronave não conseguiu parar            (YOW). Dez minutos antes do pouso, a tripulação
nos limites da pista, ultrapassou a cabeceira oposta     observou retornos de radar em vermelho na rota
a 80 KT e incendiou-se ao parar sobre um campo.          de aproximação e decidiu prosseguir com cautela.
Todos conseguiram sair, mas 10 passageiros e 2           Para gerenciar a ameaça, a tripulação revisou o
tripulantes sofreram ferimentos graves.                  procedimento de windshear recovery e discutiu o
                                                         perfil para uma eventual arremetida, incluindo
Ameaças                                                  possíveis desvios dos CBs. O PM informava os
        Durante o vôo de cruzeiro e a descida inicial,   ventos ao PF. Até esse momento, a tripulação
a tripulação demonstrou estratégias efetivas de          ainda acreditava numa possível arremetida.
                                                                                                        1
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     Meteorologia (Aproximação e Pouso)              para 3360m com o uso de reversores. O ato de
  Reconhecida: sim           Gerenciada: não         passar a cabeceira a 100 FT (o que ocorreu),
       Na aproximação, a tripulação estabeleceu      aumentou a distância em 950m. (Airbus FCTM).
contato visual com o solo entre 2 e 3 NM da pista.
Havia chuva forte com trovoada nas laterais e                      Vento cruzado / cauda
retornos em vermelho na cabeceira oposta.               Reconhecida: não           Gerenciada: não
Durante 5 minutos, a precipitação e o granizo                 Em virtude da alta carga de trabalho e da
chegaram a 100mm/hora! Ao cruzar a cabeceira, a      saturação nos estágios finais da aproximação e
aeronave adentrou área de chuva pesada e raios,      pouso, o vento cruzado não foi identificado, nem a
com visibilidade muito reduzida. A tripulação nada   mudança para vento de cauda. A 1000 FT acima
fez para gerenciar essas ameaças.                    do campo, o ND indicava vento de través pela
                                                     direita, de 15 a 20 KT, considerado acima do limite
           Combustível Remanescente                  para pista contaminada. Abaixo de 300 FT o vento
  Reconhecida: sim          Gerenciada: sim          mudou para uma componente de cauda de 10 KT,
        Em virtude dos atrasos em YYZ, foi           aumentando a ground speed. A tripulação não
necessário    efetuar   espera.    A   tripulação    notou, nem comentou a condição do vento.
acompanhou o combustível remanescente e o
tempo disponível para espera. Após selecionar                      Visibilidade Reduzida
YOU como alternado, calcularam em 14 minutos o         Reconhecida: sim            Gerenciada: não
tempo de espera em YYZ. O EAT informado seria               No flare, a tripulação perdeu contato visual
próximo ao tempo máximo de espera. Por duas          com a pista por causa da chuva e precisou usar
vezes, a tripulação externou preocupação ao          as janelas laterais. Isso contribuiu para o flare
ATC, pois a vetoração os estava afastando muito      longo e pouso além da zona de toque. A chuva
da pista. Minutos depois, a tripulação revisou a     era tão forte que os wipers não foram suficientes.
política da empresa para declarar minimum fuel.      O sistema rain repellent havia sido reinstalado há
                                                     3 anos, mas a tripulação não sabia disso.
               Condições da Pista
   Reconhecida: sim        Gerenciada: sim/não         Aproximação desestabilizada / Alta energia
        A pista estava contaminada (mais de 3mm        Reconhecida: não          Gerenciada: não
de água). Os pilotos disseram posteriormente,               O autothrust e o autopilot foram desligados
que a aparência da superfície era espelhada. A       a 300 FT AGL. Devido a um aumento manual de
última aeronave a pousar havia declarado braking     potência e ao maior vento de cauda, a aeronave
action poor. O autobrake foi mudado de LOW           cruzou a cabeceira da pista 40 FT acima do glide.
para MED. Minutos antes do pouso, talvez em          O PM fez callouts indicando esse desvio. Após
reposta ao reporte da outra aeronave. O Cmte.        isso, os inputs nos comandos sugerem que o PF
lembrou da necessidade de um pouso mais firme.       encontrou dificuldade em controlar a aeronave; a
Entretanto, essas estratégias não podem ser          carga de trabalho era alta. A aproximação
consideradas suficientes, haja vista a situação da   desestabilizou-se apenas nos estágios finais.
pista (contaminada) e seu comprimento.
                                                                  Alta Carga de Trabalho
             Comprimento da Pista                       Reconhecida: não           Gerenciada: não
  Reconhecida: não          Gerenciada: não                  Na fase final de aproximação e pouso, a
        A tripulação não calculou a distância        carga de trabalho saturou a tripulação, que ficou
requerida para pouso na 24L, apesar da condição      fixada no pouso. Isso significa que os pilotos não
meteorológica, nem incluiu seu comprimento           estavam totalmente conscientes das mudanças
(2750m) no briefing. Para pouso em uma pista         de vento, ou de quanta pista estava sendo
molhada, brakes low, sem vento, full flap, e sem     utilizada no flare. Isso resultou no atraso na
considerar o uso de reverso, a distância requerida   atuação dos reversores. Finalmente, a alta carga
seria de 2196m. Para a condição de 10 Kt de vento    de trabalho prejudicou o julgamento e o processo
de cauda e pista contaminada, essa distância sobe    de tomada de decisão em continuar o pouso.

                                                                                                      2
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   Perfil de Arremetida Obscurecido por CBs          que essa margem era inexistente se considerado
                                Gerenciada:          o vento de cauda. Dois minutos antes do pouso, o
   Reconhecida: sim          Inicialmente: sim       comprimento da pista (exatos 2743m) foi
                             Na fase final: não      verbalizado, mas nenhuma ação ocorreu.
        Na aproximação final, a tripulação fez um
briefing para uma arremetida não-padrão entre                  Aproximação Conduzida sob
dois CBs. Entretanto, ao aproximar-se da                         Trovoadas e Chuva Forte
cabeceira, os pilotos notaram a presença de               Reconhecido:            Gerenciado: não
trovoadas e raios. Todavia, nesse momento eles já       Inicialmente: sim
não mais consideravam a arremetida como uma             Na fase final: não
opção e estavam totalmente fixados em pousar.                 Apesar da ameaça na aproximação,
                                                     identificada pelos retornos do radar em vermelho,
         Pouso Além da Zona de Toque                 a tripulação optou por prosseguir. O erro só foi
  Reconhecida: não           Gerenciada: não         percebido quando a tripulação tomou real ciência
       A aeronave pousou 1250m após o início         da meteorologia. Entretanto, a percepção do erro
da pista de 2750m. A tripulação não percebeu que     ocorreu tarde demais para o gerenciamento
naquelas condições a pista remanescente não          adequado (que poderia ter sido uma simples
seria suficiente para o pouso. Apesar do pouso       arremetida).
longo, o reversor só foi comandado após 12
segundos, atingindo full apenas aos 17 segundos.     Vento de través acima dos limites, seguido de
                                                                pouso com vento de cauda
Erros                                                  Reconhecido: não           Gerenciado: não
       A tripulação utilizou poucas estratégias de           O vento de través estava acima dos limites
Gerenciamento de Erro. A maior parte dos erros       para pouso em pista molhada, aumentando ainda
não    teve     conseqüências     imediatas.    As   mais a carga de trabalho. Posteriormente, havia
implicações só se manifestaram na fase final da      componente de vento de cauda de até 10 KT na
aproximação, quando a carga de trabalho já era       curta final. Devido à alta carga de trabalho e à
muito alta, resultando em uma fixação em pousar.     distração, o vento de cauda e o vento de través
       A maioria dos erros poderia ter sido          nem foram percebidos.
evitada com simples medidas.

Reconhecimento e
Gerenciamento dos Erros
               Falhas no Briefing
   Reconhecido: não          Gerenciado: não
        Vinte minutos antes da chegada, a
tripulação conduziu o briefing de aproximação e
pouso. O briefing não contemplava o comprimento
da pista e nem o procedimento de arremetida,
itens críticos para a situação. Entretanto, a
arremetida não-padrão, necessária em virtude da
meteorologia, foi comentada quando a tripulação
tomou ciência das formações.

       Comprimento de Pista Requerido
  Reconhecido: não          Gerenciado: não
       O cálculo de distância de pouso não levou
em conta as condições presentes: pista molhada
ou contaminada. Portanto, a tripulação não estava
ciente da mínima margem de erro disponível, ou
                                                                                                     3
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 Falha em usar todo o automatismo disponível           havia pousado além da zona de toque. Além
   Reconhecido: não          Gerenciado: não           disso, nas condições presentes, a aeronave não
       O PF encontrou dificuldade em manter a          teria como parar na distância remanescente.
velocidade e desconectou o autothrust a 300 FT.
O gerenciamento inadequado da velocidade e da          Assumir que o ATC alertaria a tripulação caso
potência deixou a aeronave alta e veloz sobre a            as condições se tornassem inseguras
cabeceira da pista. O autothrust poderia ter             Reconhecido: não         Gerenciado: não
minimizado esse erro, se tivesse permanecido                  Os pilotos erroneamente assumiram que o
acoplado, pois o PF teria uma tarefa a menos           ATC os alertaria caso a meteorologia se tornasse
para gerenciar. Além disso, devido à alta carga de     insegura para o pouso. O ATC não tem essa
trabalho, baixa visibilidade, e quase nenhum           função e nem meios para fazê-lo. Essa análise
contato visual com a pista, a atenção dos pilotos      cabe à tripulação. Sempre.
estava focada para fora da aeronave. O scan de
velocidade e outros instrumentos foi insuficiente.     Estados Indesejáveis da Aeronave
O autothrust poderia ter ajudado na situação.           Alto sobre a cabeceira (40FT acima do glide);
                                                        Flare consumindo 1250m antes do toque;
        Não execução de uma Arremetida                  Incapacidade de parar dos limites da pista;
   Reconhecido: não            Gerenciado: não          A tripulação entrou em uma armadilha em que,
        A aproximação desestabilizada, a condição        a partir de determinado momento, tanto o pouso
da pista, a meteorologia marginal, e a dificuldade       quanto a arremetida seriam situações de risco.
em controlar a aeronave no flare, são alertas que
sugerem a necessidade de uma arremetida.               Outros Pontos Observados
Analisados em conjunto, tornam a decisão ainda                 O CRM inicial e a comunicação entre os
mais clara. Contudo, como vimos em AMEAÇAS, a          pilotos e com a tripulação foi, na maior parte, bom.
tripulação deixou a decisão para tão tarde que até     Os pilotos informaram suas necessidades ao ATC
mesmo a arremetida apresentaria riscos, pois o         e solicitaram informações atualizadas sobre a
perfil seria impactado por formações pesadas. A        meteorologia e a espera.
tripulação se comprometeu com um pouso para o                  Ao contrário do Brasil, em países como
qual não haveria alternativas possíveis, criando uma   EUA, França e Canadá, a torre não fecha o
situação da qual não teriam como sair.                 aeroporto por chuva ou vento. Entretanto, muitos
                                                       pilotos erroneamente acreditam que o aeroporto
         Uso Tardio do Reversor                        será declarado fechado se as condições se
  Reconhecido: não      Gerenciado: não                tornarem ruins para a operação. O ATC pode
                                                       restringir o fluxo de aeronaves por motivos
                                                       meteorológicos, mas geralmente isso tem mais a
                                                       ver com separação de tráfegos em vôo. A decisão
                                                       final pela decolagem ou pouso é sempre do piloto.
                                                               Em um período de nove minutos, quatro
                                                       aeronaves aproximaram antes do AF358. Todas
                                                       estavam sujeitas a condições semelhantes às
                                                       encontradas pelo AF. Em todos os casos, a opção
                                                       foi pelo pouso. Isso demonstra uma tendência em
       O PM não fez o callout padrão para spoilers,    só se considerar o resultado final das ações.
nem alertou sobre os reversores, que só atingiram a    Muito provavelmente, os outros pousos não foram
aceleração máxima 17 segundos após o pouso.            investigados, apesar de terem executado
                                                       aproximações de risco. Na época do acidente, a
         Pouso Além da Zona de Toque                   política da AF determinava que só o Cmte.
  Reconhecido: não           Gerenciado: não           poderia decidir pela arremetida. Entretanto, o co-
       A aeronave pousou 1250m após o início           piloto era responsável por sugerir a arremetida, se
da pista de 2750m. A tripulação não percebeu que       julgasse necessário.

                                                                                                         4
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                                                                                                                      Agosto de 2008



                                                                      Lições Aprendidas
                                                                      1. Tenha uma arremetida sempre em mente, ao
                                                                      invés de fixar-se no pouso. As condições em que
                                                                      geralmente ocorre a fixação geralmente são as
                                                                      mesmas condições que exigem uma arremetida.
                                                                      Arremeta sempre que a situação escapar do seu
                                                                      controle ou entendimento.
                                                                      2. Compreenda o grande aumento na distância de
                                                                      pouso devido a pequenas mudanças nas
                                                                      condições (por exemplo: vento de cauda, pista
                                                                      molhada ou contaminada) ou por ação da
                                                                      tripulação (por exemplo: high energy approach,
                                                                      demora em selecionar full reverse thrust).
                                                                      3. Aproximações em tempestades ou áreas de
 Relatório da Investigação                                            atividade convectiva, são arriscadas. O risco
 Após decidir pelo pouso, a tripulação usou                           independe de quantas aproximações nessas
 toda a sua energia para se concentrar na                             mesmas condições o piloto já efetuou.
 manobra e deixou de observar pistas que                              4. O ATC pode não fechar um aeroporto mesmo
 poderiam indicar uma revisão dessa                                   em condições muito ruins para a operação
 decisão. Essas pistas incluem: a pista                               segura. O fato de um aeroporto estar aberto não
 parecia um lago; a aeronave estava acima                             significa que ele está seguro para pousos e
 do glide; o toque seria além da zona de                              decolagens. A decisão é sempre sua!
 toque; o vento estava aumentando e sua
 direção mudando; foi reportado braking
 action poor; a visibilidade era praticamente
 zero na área da cabeceira.                                           Reveja cada ameaça e cada erro apresentado
 Transportation Safety Board of Canada
                                                                      nesse case e pergunte-se: o que eu faria se
 investigation report (4.2.2).
                                                                      isso ocorresse em meu próximo vôo?




                                                            


                                Todo acidente pode e deve ser evitado!!!
                                                          SIPAER GOL - SAODX
                                                      Assessoria de Segurança de Vôo

                                                             safety@golnaweb.com.br
                                                            (11) 5091 2177 / 2169 / 2158
 O presente Boletim é uma compilação de informações disponibilizadas por autoridades aeronáuticas nacionais e internacionais,
 fabricantes, operadores, etc. O objetivo do texto é introduzir e/ou revisar procedimentos e padrões operacionais, técnicas de vôo, melhores
 práticas e de fatores humanos para aumentar a consciência em relação a temas importantes para a Segurança de Vôo.
 Contudo, o conteúdo aqui apresentado não deve substituir nenhuma legislação, regulamentação, ou manuais operacionais em vigor. Em
 caso de conflito, os documentos oficiais, AFM / MEL / FCOM / QRH / FCTM, devem sempre prevalecer. No interesse da Segurança de
 Vôo, o presente Boletim pode ser reproduzido, ou traduzido, em sua totalidade ou em parte, em toda em qualquer mídia, desde que a fonte
 seja citada. Vetado uso comercial. A GOL não pode ser responsabilizada pelo uso desse Boletim.



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Aprendendo com o acidente do A340 em Toronto

  • 1. Boletim Interno de Segurança de Vôo Agosto de 2008 Compulsão pelo Pouso: Aprendendo com o Erro Em 2 de agosto de 2005, um A340 da Air France foi destruído após sair da pista em Toronto. A aeronave estava pesada e a meteorologia adversa. A aproximação desestabilizou-se na curta final. No presente artigo, o acidente é analisado sob a perspectiva do modelo T.E.M. As AMEAÇAS são listadas e seu reconhecimento e gerenciamento são discutidos. O mesmo processo é aplicado aos ERROS. No final, os Estados Indesejáveis da Aeronave são descritos e as lições aprendidas são discutidas. O A340-300 da AF decolou de Paris para Gerenciamento de Ameaças. Entretanto, a partir de Toronto com 297 passageiros e 12 certo ponto na aproximação, a tripulação não foi tripulantes a bordo. Na aproximação, o mais capaz de perceber novas ameaças. Além ATC informou que haveria atrasos por causa de disso, ameaças que já haviam sido identificadas chuva e trovoada. Na final para a pista 24L, o não foram mais gerenciadas adequadamente. ATC avisou que a última aeronave reportara braking action poor. O radar de bordo do AF Reconhecimento e Gerenciamento mostrava precipitação pesada aproximando-se das Ameaças Encontradas pelo setor NW. A 200 FT AGL, com autopilot e Meteorologia (Rota e Chegada) autothrust desacoplados, a aeronave começou a Reconhecida: sim Gerenciada: sim ficar alta e a ground speed aumentou. O aparelho Antes da decolagem, a tripulação tomou cruzou a cabeceira 40 FT acima do glide. ciência da ameaça de trovoadas no destino. Para Durante o flare, a aeronave adentrou área isso, solicitou 3 toneladas de combustível extra, de chuva forte e o contato visual com a pista permitindo 23 minutos de espera. Em cruzeiro, a deteriorou-se bastante. As trovoadas se tripulação acompanhou a meteorologia para intensificaram, com grande incidência de raios na Toronto e alternativas. Na última hora do vôo, as cabeceira oposta. A aeronave tocou o solo 1250m condições deterioraram-se rapidamente, o que após a cabeceira da pista, que possui 2750m de obrigou a tripulação a reavaliar seus alternados, extensão. Os reversores foram selecionados 12,8 modificando sua primeira opção para Otawwa segundos após. A aeronave não conseguiu parar (YOW). Dez minutos antes do pouso, a tripulação nos limites da pista, ultrapassou a cabeceira oposta observou retornos de radar em vermelho na rota a 80 KT e incendiou-se ao parar sobre um campo. de aproximação e decidiu prosseguir com cautela. Todos conseguiram sair, mas 10 passageiros e 2 Para gerenciar a ameaça, a tripulação revisou o tripulantes sofreram ferimentos graves. procedimento de windshear recovery e discutiu o perfil para uma eventual arremetida, incluindo Ameaças possíveis desvios dos CBs. O PM informava os Durante o vôo de cruzeiro e a descida inicial, ventos ao PF. Até esse momento, a tripulação a tripulação demonstrou estratégias efetivas de ainda acreditava numa possível arremetida. 1
  • 2. Boletim Interno de Segurança de Vôo Agosto de 2008 Meteorologia (Aproximação e Pouso) para 3360m com o uso de reversores. O ato de Reconhecida: sim Gerenciada: não passar a cabeceira a 100 FT (o que ocorreu), Na aproximação, a tripulação estabeleceu aumentou a distância em 950m. (Airbus FCTM). contato visual com o solo entre 2 e 3 NM da pista. Havia chuva forte com trovoada nas laterais e Vento cruzado / cauda retornos em vermelho na cabeceira oposta. Reconhecida: não Gerenciada: não Durante 5 minutos, a precipitação e o granizo Em virtude da alta carga de trabalho e da chegaram a 100mm/hora! Ao cruzar a cabeceira, a saturação nos estágios finais da aproximação e aeronave adentrou área de chuva pesada e raios, pouso, o vento cruzado não foi identificado, nem a com visibilidade muito reduzida. A tripulação nada mudança para vento de cauda. A 1000 FT acima fez para gerenciar essas ameaças. do campo, o ND indicava vento de través pela direita, de 15 a 20 KT, considerado acima do limite Combustível Remanescente para pista contaminada. Abaixo de 300 FT o vento Reconhecida: sim Gerenciada: sim mudou para uma componente de cauda de 10 KT, Em virtude dos atrasos em YYZ, foi aumentando a ground speed. A tripulação não necessário efetuar espera. A tripulação notou, nem comentou a condição do vento. acompanhou o combustível remanescente e o tempo disponível para espera. Após selecionar Visibilidade Reduzida YOU como alternado, calcularam em 14 minutos o Reconhecida: sim Gerenciada: não tempo de espera em YYZ. O EAT informado seria No flare, a tripulação perdeu contato visual próximo ao tempo máximo de espera. Por duas com a pista por causa da chuva e precisou usar vezes, a tripulação externou preocupação ao as janelas laterais. Isso contribuiu para o flare ATC, pois a vetoração os estava afastando muito longo e pouso além da zona de toque. A chuva da pista. Minutos depois, a tripulação revisou a era tão forte que os wipers não foram suficientes. política da empresa para declarar minimum fuel. O sistema rain repellent havia sido reinstalado há 3 anos, mas a tripulação não sabia disso. Condições da Pista Reconhecida: sim Gerenciada: sim/não Aproximação desestabilizada / Alta energia A pista estava contaminada (mais de 3mm Reconhecida: não Gerenciada: não de água). Os pilotos disseram posteriormente, O autothrust e o autopilot foram desligados que a aparência da superfície era espelhada. A a 300 FT AGL. Devido a um aumento manual de última aeronave a pousar havia declarado braking potência e ao maior vento de cauda, a aeronave action poor. O autobrake foi mudado de LOW cruzou a cabeceira da pista 40 FT acima do glide. para MED. Minutos antes do pouso, talvez em O PM fez callouts indicando esse desvio. Após reposta ao reporte da outra aeronave. O Cmte. isso, os inputs nos comandos sugerem que o PF lembrou da necessidade de um pouso mais firme. encontrou dificuldade em controlar a aeronave; a Entretanto, essas estratégias não podem ser carga de trabalho era alta. A aproximação consideradas suficientes, haja vista a situação da desestabilizou-se apenas nos estágios finais. pista (contaminada) e seu comprimento. Alta Carga de Trabalho Comprimento da Pista Reconhecida: não Gerenciada: não Reconhecida: não Gerenciada: não Na fase final de aproximação e pouso, a A tripulação não calculou a distância carga de trabalho saturou a tripulação, que ficou requerida para pouso na 24L, apesar da condição fixada no pouso. Isso significa que os pilotos não meteorológica, nem incluiu seu comprimento estavam totalmente conscientes das mudanças (2750m) no briefing. Para pouso em uma pista de vento, ou de quanta pista estava sendo molhada, brakes low, sem vento, full flap, e sem utilizada no flare. Isso resultou no atraso na considerar o uso de reverso, a distância requerida atuação dos reversores. Finalmente, a alta carga seria de 2196m. Para a condição de 10 Kt de vento de trabalho prejudicou o julgamento e o processo de cauda e pista contaminada, essa distância sobe de tomada de decisão em continuar o pouso. 2
  • 3. Boletim Interno de Segurança de Vôo Agosto de 2008 Perfil de Arremetida Obscurecido por CBs que essa margem era inexistente se considerado Gerenciada: o vento de cauda. Dois minutos antes do pouso, o Reconhecida: sim Inicialmente: sim comprimento da pista (exatos 2743m) foi Na fase final: não verbalizado, mas nenhuma ação ocorreu. Na aproximação final, a tripulação fez um briefing para uma arremetida não-padrão entre Aproximação Conduzida sob dois CBs. Entretanto, ao aproximar-se da Trovoadas e Chuva Forte cabeceira, os pilotos notaram a presença de Reconhecido: Gerenciado: não trovoadas e raios. Todavia, nesse momento eles já Inicialmente: sim não mais consideravam a arremetida como uma Na fase final: não opção e estavam totalmente fixados em pousar. Apesar da ameaça na aproximação, identificada pelos retornos do radar em vermelho, Pouso Além da Zona de Toque a tripulação optou por prosseguir. O erro só foi Reconhecida: não Gerenciada: não percebido quando a tripulação tomou real ciência A aeronave pousou 1250m após o início da meteorologia. Entretanto, a percepção do erro da pista de 2750m. A tripulação não percebeu que ocorreu tarde demais para o gerenciamento naquelas condições a pista remanescente não adequado (que poderia ter sido uma simples seria suficiente para o pouso. Apesar do pouso arremetida). longo, o reversor só foi comandado após 12 segundos, atingindo full apenas aos 17 segundos. Vento de través acima dos limites, seguido de pouso com vento de cauda Erros Reconhecido: não Gerenciado: não A tripulação utilizou poucas estratégias de O vento de través estava acima dos limites Gerenciamento de Erro. A maior parte dos erros para pouso em pista molhada, aumentando ainda não teve conseqüências imediatas. As mais a carga de trabalho. Posteriormente, havia implicações só se manifestaram na fase final da componente de vento de cauda de até 10 KT na aproximação, quando a carga de trabalho já era curta final. Devido à alta carga de trabalho e à muito alta, resultando em uma fixação em pousar. distração, o vento de cauda e o vento de través A maioria dos erros poderia ter sido nem foram percebidos. evitada com simples medidas. Reconhecimento e Gerenciamento dos Erros Falhas no Briefing Reconhecido: não Gerenciado: não Vinte minutos antes da chegada, a tripulação conduziu o briefing de aproximação e pouso. O briefing não contemplava o comprimento da pista e nem o procedimento de arremetida, itens críticos para a situação. Entretanto, a arremetida não-padrão, necessária em virtude da meteorologia, foi comentada quando a tripulação tomou ciência das formações. Comprimento de Pista Requerido Reconhecido: não Gerenciado: não O cálculo de distância de pouso não levou em conta as condições presentes: pista molhada ou contaminada. Portanto, a tripulação não estava ciente da mínima margem de erro disponível, ou 3
  • 4. Boletim Interno de Segurança de Vôo Agosto de 2008 Falha em usar todo o automatismo disponível havia pousado além da zona de toque. Além Reconhecido: não Gerenciado: não disso, nas condições presentes, a aeronave não O PF encontrou dificuldade em manter a teria como parar na distância remanescente. velocidade e desconectou o autothrust a 300 FT. O gerenciamento inadequado da velocidade e da Assumir que o ATC alertaria a tripulação caso potência deixou a aeronave alta e veloz sobre a as condições se tornassem inseguras cabeceira da pista. O autothrust poderia ter Reconhecido: não Gerenciado: não minimizado esse erro, se tivesse permanecido Os pilotos erroneamente assumiram que o acoplado, pois o PF teria uma tarefa a menos ATC os alertaria caso a meteorologia se tornasse para gerenciar. Além disso, devido à alta carga de insegura para o pouso. O ATC não tem essa trabalho, baixa visibilidade, e quase nenhum função e nem meios para fazê-lo. Essa análise contato visual com a pista, a atenção dos pilotos cabe à tripulação. Sempre. estava focada para fora da aeronave. O scan de velocidade e outros instrumentos foi insuficiente. Estados Indesejáveis da Aeronave O autothrust poderia ter ajudado na situação.  Alto sobre a cabeceira (40FT acima do glide);  Flare consumindo 1250m antes do toque; Não execução de uma Arremetida  Incapacidade de parar dos limites da pista; Reconhecido: não Gerenciado: não  A tripulação entrou em uma armadilha em que, A aproximação desestabilizada, a condição a partir de determinado momento, tanto o pouso da pista, a meteorologia marginal, e a dificuldade quanto a arremetida seriam situações de risco. em controlar a aeronave no flare, são alertas que sugerem a necessidade de uma arremetida. Outros Pontos Observados Analisados em conjunto, tornam a decisão ainda O CRM inicial e a comunicação entre os mais clara. Contudo, como vimos em AMEAÇAS, a pilotos e com a tripulação foi, na maior parte, bom. tripulação deixou a decisão para tão tarde que até Os pilotos informaram suas necessidades ao ATC mesmo a arremetida apresentaria riscos, pois o e solicitaram informações atualizadas sobre a perfil seria impactado por formações pesadas. A meteorologia e a espera. tripulação se comprometeu com um pouso para o Ao contrário do Brasil, em países como qual não haveria alternativas possíveis, criando uma EUA, França e Canadá, a torre não fecha o situação da qual não teriam como sair. aeroporto por chuva ou vento. Entretanto, muitos pilotos erroneamente acreditam que o aeroporto Uso Tardio do Reversor será declarado fechado se as condições se Reconhecido: não Gerenciado: não tornarem ruins para a operação. O ATC pode restringir o fluxo de aeronaves por motivos meteorológicos, mas geralmente isso tem mais a ver com separação de tráfegos em vôo. A decisão final pela decolagem ou pouso é sempre do piloto. Em um período de nove minutos, quatro aeronaves aproximaram antes do AF358. Todas estavam sujeitas a condições semelhantes às encontradas pelo AF. Em todos os casos, a opção foi pelo pouso. Isso demonstra uma tendência em O PM não fez o callout padrão para spoilers, só se considerar o resultado final das ações. nem alertou sobre os reversores, que só atingiram a Muito provavelmente, os outros pousos não foram aceleração máxima 17 segundos após o pouso. investigados, apesar de terem executado aproximações de risco. Na época do acidente, a Pouso Além da Zona de Toque política da AF determinava que só o Cmte. Reconhecido: não Gerenciado: não poderia decidir pela arremetida. Entretanto, o co- A aeronave pousou 1250m após o início piloto era responsável por sugerir a arremetida, se da pista de 2750m. A tripulação não percebeu que julgasse necessário. 4
  • 5. Boletim Interno de Segurança de Vôo Agosto de 2008 Lições Aprendidas 1. Tenha uma arremetida sempre em mente, ao invés de fixar-se no pouso. As condições em que geralmente ocorre a fixação geralmente são as mesmas condições que exigem uma arremetida. Arremeta sempre que a situação escapar do seu controle ou entendimento. 2. Compreenda o grande aumento na distância de pouso devido a pequenas mudanças nas condições (por exemplo: vento de cauda, pista molhada ou contaminada) ou por ação da tripulação (por exemplo: high energy approach, demora em selecionar full reverse thrust). 3. Aproximações em tempestades ou áreas de Relatório da Investigação atividade convectiva, são arriscadas. O risco Após decidir pelo pouso, a tripulação usou independe de quantas aproximações nessas toda a sua energia para se concentrar na mesmas condições o piloto já efetuou. manobra e deixou de observar pistas que 4. O ATC pode não fechar um aeroporto mesmo poderiam indicar uma revisão dessa em condições muito ruins para a operação decisão. Essas pistas incluem: a pista segura. O fato de um aeroporto estar aberto não parecia um lago; a aeronave estava acima significa que ele está seguro para pousos e do glide; o toque seria além da zona de decolagens. A decisão é sempre sua! toque; o vento estava aumentando e sua direção mudando; foi reportado braking action poor; a visibilidade era praticamente zero na área da cabeceira. Reveja cada ameaça e cada erro apresentado Transportation Safety Board of Canada nesse case e pergunte-se: o que eu faria se investigation report (4.2.2). isso ocorresse em meu próximo vôo?  Todo acidente pode e deve ser evitado!!! SIPAER GOL - SAODX Assessoria de Segurança de Vôo safety@golnaweb.com.br (11) 5091 2177 / 2169 / 2158 O presente Boletim é uma compilação de informações disponibilizadas por autoridades aeronáuticas nacionais e internacionais, fabricantes, operadores, etc. O objetivo do texto é introduzir e/ou revisar procedimentos e padrões operacionais, técnicas de vôo, melhores práticas e de fatores humanos para aumentar a consciência em relação a temas importantes para a Segurança de Vôo. Contudo, o conteúdo aqui apresentado não deve substituir nenhuma legislação, regulamentação, ou manuais operacionais em vigor. Em caso de conflito, os documentos oficiais, AFM / MEL / FCOM / QRH / FCTM, devem sempre prevalecer. No interesse da Segurança de Vôo, o presente Boletim pode ser reproduzido, ou traduzido, em sua totalidade ou em parte, em toda em qualquer mídia, desde que a fonte seja citada. Vetado uso comercial. A GOL não pode ser responsabilizada pelo uso desse Boletim. 5