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Dr. José Carlos Ribeiro Jr.
Cirurgia Plástica – R1
Introdução
 Baronio (1804) – auto enxertos com ovelhas
 Bunger (1822) – transferiu pele da coxa para o nariz
 Segunda Guerra Mundial –” queimados”
 Década de 70 – uso da ciclosporina
Introdução
 Função : proteção e regulação térmica
 Espessura varia com a idade e região do corpo
 Área de 2m² e 1 a 4mm de espessura
 Camadas: epiderme , derme e subcutâneo
Definição
Retirada completa de pele de uma região (doadora)
e a sua transferência para uma outra área
(receptora), recebendo, nesta nova área,
suprimento sanguíneo, o que garantirá sua
integração
Tipos de enxerto
Quanto a obtenção:
 Auto-enxerto: doador e receptor são o mesmo
indivíduo
 Homoenxerto: doador e receptor são indivíduos
diferentes porém da mesma espécie
 Xenoenxerto: doador e receptor são de espécies
diferentes
 Isogênico ou Singênico – entre indivíduos
geneticamente idênticos (gêmeos univitelinos e
idênticos).
Tipos de enxerto
Quanto a espessura:
 Espessura parcial: epiderme e parte da derme
-Fino (0,015 a 0,020 cm), Médio (0,021 a 0,035 cm) e
Espesso (0,036 a 0,053 cm).
-queimaduras, úlceras crônicas
-contração secundária intensa
-fácil integração
Tipos de enxerto
 Espessura total: epiderme e a totalidade da derme
-melhor resultado estético
-contração primária (miofibroblastos)
-limitado a lesões menores
Tipos de enxertos
Formas de enxerto:
 Estampilhas: enxerto de pele parcial, colocados como
se fossem selos
Tipos de enxertos
 Malha: utiliza-se enxerto de pele parcial e um aparelho
expansor de pele (Tanner ou Zimmer), que consegue
expandir a pele de 1,5 a 9 vezes através de pequenos
cortes em todo enxerto
Tipos de enxertos
 Laminares ( tiras): melhor resultado estético
Área doadora
 Áreas muito grandes – enxertos de pele parcial
 Melhor qualidade estética quando área doadora está
próxima a área receptora
 A área doadora regenera-se a partir da imigração
epitelial dos anexos da pele deixados na derme
Área doadora
 Varias retiradas de enxerto da mesma área
 Se possível retirar o enxerto de áreas cobertas por
roupas
 Áreas com apoio ósseo ( coxas, braços, região pubiana
e nádegas) enxerto parcial
 Enxerto pele total fechamento primário
 Enxerto pele total (retroauricular, pálpebras,
supraclavicular, inguinal, abdome, dobras articulares,
aréola e grandes lábios)
Área receptora
 Área limpa , sem infecção e com boa vascularização
 Enxertos mais finos têm maiores chances de
integração
 Cartilagens sem pericôndrio, osso cortical sem
periósteo e tendão sem paratendão, são situações onde
não existe integração do enxerto
Mecanismo de integração do
enxerto
 Três fases:
1. Embebição:
-primeiras 48h
-derme do enxerto absorve o fluido da área receptora
-rede de fibrina fixa o enxerto
Mecanismo de integração do
enxerto
2. Inosculação:
-após 48h
-surgem as conexões vasculares
-início fluxo sanguíneo
-regressão do edema no enxerto
Mecanismo de integração do
enxerto
3. Neovascularização:
-inicia-se formação de novos capilares e vasos linfáticos
(sexto dia)
-7 a 10 dias o fluxo retorna ao normal
-fixação do enxerto pelo tecido fibroso e estruturas
vasculares
-inervação ocorre nos primeiros meses
Cuidados operatórios
 Boas condições gerais do paciente
 Debridamento, tratamento da infecção
 Escolha correta da área doadora, espessura do enxerto
 Retirar o excesso de gordura do enxerto, facilitando a
integração (pele total)
 Dermátomo para retirada rápida e precisa (pele
parcial)
Pós-operatorio
 Área doadora:
a) pele total: curativo simples
b) pele parcial:
- gaze rayon, gaze normal, algodão e atadura
- Terceiro dia o curativo é retirado mantendo-se apenas o
rayon
- Rayon desgruda da ferida e é recortado
- Reepitelização dura de 5 dias a 6 semanas de acordo com
a espessura do enxerto
- Hidratação com vaselina
Pós-operatorio
 Área receptora: inicialmente o enxerto tem um aspecto
pálido, com a integração, torna-se rosado
a) Contato adequado do enxerto com o leito, por meio
de enfaixamento e curativo oclusivos
b) Imobilização do enxerto que permitirá a nutrição
c) Curativo de Brown
d) Pontos de reparo, rayon, gazes, algodão e atadura
 curativo de Brown
Pós-operatorio
e) Entre o 5º e o 7º dia troca-se os curativos
f) Seromas e hematomas são drenados com
agulhas
g) Enxerto pode ser exposto após 10º dia
Complicações
 Não integração do enxerto: vascularização inadequada,
hematoma, seroma, infecção, mobilização do enxerto e
erros técnicos
 Hipertrofia da área doadora
 Hipercromia
 Infecção da área doadora
 Retrações e discromias
Substitutos de pele
 Área receptora maior que área doadora
 Cobertura temporária que previne ressecamento da
ferida, reduz perdas hidroeletrolíticas, reduz a dor,
estimula granulação e angiogênese
Substitutos de pele
a) Homoenxerto:
- Retirado de cadáver ( até 24h)
- Utilizado em queimados, sendo rejeitado em 10 dias,
estimula granulação
- Risco de transmissão de doenças
Substitutos de pele
b) Cultura de queratinócitos alogênicos
c) Âmnio humano: estimula granulação
d) Substitutos biossintéticos: cobertura transitória da
lesão, sem transmissão de doenças e fácil
armazenamento
e) Mucosa (oral) queratinização em 4 semanas
f) Curativos sintéticos
Câmara hiperbárica
 Aumenta o nível de oxigenação tecidual, tendo como
efeito a aceleração do processo de granulação e o
combate a infecção
 Facilita a integração do enxerto e cicatrização da área
doadora
 Sessões diárias de oxigênio 100%, a 2ATM, por 1h

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Enxerto de pele - AULA CIRURGIA PLASTICA

  • 1. Dr. José Carlos Ribeiro Jr. Cirurgia Plástica – R1
  • 2. Introdução  Baronio (1804) – auto enxertos com ovelhas  Bunger (1822) – transferiu pele da coxa para o nariz  Segunda Guerra Mundial –” queimados”  Década de 70 – uso da ciclosporina
  • 3. Introdução  Função : proteção e regulação térmica  Espessura varia com a idade e região do corpo  Área de 2m² e 1 a 4mm de espessura  Camadas: epiderme , derme e subcutâneo
  • 4.
  • 5. Definição Retirada completa de pele de uma região (doadora) e a sua transferência para uma outra área (receptora), recebendo, nesta nova área, suprimento sanguíneo, o que garantirá sua integração
  • 6. Tipos de enxerto Quanto a obtenção:  Auto-enxerto: doador e receptor são o mesmo indivíduo  Homoenxerto: doador e receptor são indivíduos diferentes porém da mesma espécie  Xenoenxerto: doador e receptor são de espécies diferentes  Isogênico ou Singênico – entre indivíduos geneticamente idênticos (gêmeos univitelinos e idênticos).
  • 7. Tipos de enxerto Quanto a espessura:  Espessura parcial: epiderme e parte da derme -Fino (0,015 a 0,020 cm), Médio (0,021 a 0,035 cm) e Espesso (0,036 a 0,053 cm). -queimaduras, úlceras crônicas -contração secundária intensa -fácil integração
  • 8. Tipos de enxerto  Espessura total: epiderme e a totalidade da derme -melhor resultado estético -contração primária (miofibroblastos) -limitado a lesões menores
  • 9.
  • 10. Tipos de enxertos Formas de enxerto:  Estampilhas: enxerto de pele parcial, colocados como se fossem selos
  • 11. Tipos de enxertos  Malha: utiliza-se enxerto de pele parcial e um aparelho expansor de pele (Tanner ou Zimmer), que consegue expandir a pele de 1,5 a 9 vezes através de pequenos cortes em todo enxerto
  • 12.
  • 13. Tipos de enxertos  Laminares ( tiras): melhor resultado estético
  • 14. Área doadora  Áreas muito grandes – enxertos de pele parcial  Melhor qualidade estética quando área doadora está próxima a área receptora  A área doadora regenera-se a partir da imigração epitelial dos anexos da pele deixados na derme
  • 15. Área doadora  Varias retiradas de enxerto da mesma área  Se possível retirar o enxerto de áreas cobertas por roupas  Áreas com apoio ósseo ( coxas, braços, região pubiana e nádegas) enxerto parcial  Enxerto pele total fechamento primário  Enxerto pele total (retroauricular, pálpebras, supraclavicular, inguinal, abdome, dobras articulares, aréola e grandes lábios)
  • 16.
  • 17.
  • 18. Área receptora  Área limpa , sem infecção e com boa vascularização  Enxertos mais finos têm maiores chances de integração  Cartilagens sem pericôndrio, osso cortical sem periósteo e tendão sem paratendão, são situações onde não existe integração do enxerto
  • 19.
  • 20. Mecanismo de integração do enxerto  Três fases: 1. Embebição: -primeiras 48h -derme do enxerto absorve o fluido da área receptora -rede de fibrina fixa o enxerto
  • 21. Mecanismo de integração do enxerto 2. Inosculação: -após 48h -surgem as conexões vasculares -início fluxo sanguíneo -regressão do edema no enxerto
  • 22. Mecanismo de integração do enxerto 3. Neovascularização: -inicia-se formação de novos capilares e vasos linfáticos (sexto dia) -7 a 10 dias o fluxo retorna ao normal -fixação do enxerto pelo tecido fibroso e estruturas vasculares -inervação ocorre nos primeiros meses
  • 23. Cuidados operatórios  Boas condições gerais do paciente  Debridamento, tratamento da infecção  Escolha correta da área doadora, espessura do enxerto  Retirar o excesso de gordura do enxerto, facilitando a integração (pele total)  Dermátomo para retirada rápida e precisa (pele parcial)
  • 24. Pós-operatorio  Área doadora: a) pele total: curativo simples b) pele parcial: - gaze rayon, gaze normal, algodão e atadura - Terceiro dia o curativo é retirado mantendo-se apenas o rayon - Rayon desgruda da ferida e é recortado - Reepitelização dura de 5 dias a 6 semanas de acordo com a espessura do enxerto - Hidratação com vaselina
  • 25. Pós-operatorio  Área receptora: inicialmente o enxerto tem um aspecto pálido, com a integração, torna-se rosado a) Contato adequado do enxerto com o leito, por meio de enfaixamento e curativo oclusivos b) Imobilização do enxerto que permitirá a nutrição c) Curativo de Brown d) Pontos de reparo, rayon, gazes, algodão e atadura
  • 27. Pós-operatorio e) Entre o 5º e o 7º dia troca-se os curativos f) Seromas e hematomas são drenados com agulhas g) Enxerto pode ser exposto após 10º dia
  • 28. Complicações  Não integração do enxerto: vascularização inadequada, hematoma, seroma, infecção, mobilização do enxerto e erros técnicos  Hipertrofia da área doadora  Hipercromia  Infecção da área doadora  Retrações e discromias
  • 29. Substitutos de pele  Área receptora maior que área doadora  Cobertura temporária que previne ressecamento da ferida, reduz perdas hidroeletrolíticas, reduz a dor, estimula granulação e angiogênese
  • 30. Substitutos de pele a) Homoenxerto: - Retirado de cadáver ( até 24h) - Utilizado em queimados, sendo rejeitado em 10 dias, estimula granulação - Risco de transmissão de doenças
  • 31. Substitutos de pele b) Cultura de queratinócitos alogênicos c) Âmnio humano: estimula granulação d) Substitutos biossintéticos: cobertura transitória da lesão, sem transmissão de doenças e fácil armazenamento e) Mucosa (oral) queratinização em 4 semanas f) Curativos sintéticos
  • 32. Câmara hiperbárica  Aumenta o nível de oxigenação tecidual, tendo como efeito a aceleração do processo de granulação e o combate a infecção  Facilita a integração do enxerto e cicatrização da área doadora  Sessões diárias de oxigênio 100%, a 2ATM, por 1h