A participação do jovem na sociedade como tema para a redação do Enem de 2013
1. Uma das mais eficientes formas para mandar embora o bloqueio de ideias e o
nervosismo na hora de escrever uma redação é abusar da curiosidade, investigar
o que pode ser tema e esmiuçar um a um. Com o Exame Nacional do Ensino
Médio (Enem), não é diferente. Mais do que apostar em uma temática, o
importante antes da prova é testar uma forma de sair do senso comum sem fugir
da proposta, ser incoerente ou ferir os direitos humanos em cada um dos possíveis
temas.
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Os protestos que se espalharam pelo Brasil este ano, sem uma causa única,
serviram como motivação para temas sugeridos por professores de redação
ouvidos pelo Terra. A participação do jovem como agente transformador na
sociedade, a valorização da saúde pública e a questão da mobilidade urbana no
Brasil, por exemplo, são temas antigos, mas que em algum momento cruzaram
com as manifestações populares e voltaram à tona.
Outro tema que se aproveita de eventos atuais é o esporte como ferramenta de
inclusão social, motivado pela Copa das Confederações, pela Copa do Mundo e
pela Olimpíada no Brasil. Temas assim estão entre os favoritos do Enem, por isso
outra temática possível é a tecnologia como transformadora da educação. Em
todos os assuntos, espera-se que o aluno proponha soluções com base em
argumentos consistentes e mostre-se um cidadão com bom senso e preocupado
com o seu País.
A participação do jovem na sociedade
Os protestos no Brasil em 2013, que surgiram inicialmente para contestar os
aumentos nas tarifas de transporte público, ganharam força com a participação
dos jovens e servem como mote para a redação no Enem. Espera-se que o aluno
mostre argumentos que apontem o jovem como agente transformador que, além
de ter consciência cidadã, intervém com ações práticas.
Além da questão dos protestos, a professora Marina Loureiro, do Curso Miguel
Couto, recomenda que o candidato cite outras ações, como a participação do
jovem como eleitor e a importância do voto consciente. Outro caminho possível é
mostrar ações concretas de grupos voluntários formados por jovens, que prestam
solidariedade a outros grupos. Marina ressalta que, nos dois ou três parágrafos de
desenvolvimento, entre a introdução e a conclusão, é necessário apresentar mais
2. de um argumento concreto que mostre o jovem como agente transformador da
sociedade.
O esporte como ferramenta de inclusão social
Motivado pela Copa das Confederações neste ano, pela Copa do Mundo em 2014
e pela Olimpíada em 2016 no Brasil, se o esporte aparecer como tema, é
importante que o aluno o defenda como uma forma de incluir minorias na
sociedade. Vale mostrar o esporte como um meio para obter saúde física e
mental, falar em pessoas portadoras de deficiência que conseguem se incluir em
um grupo estimuladas pelo esporte e contar histórias de jovens carentes que, por
meio do esporte, tiveram acesso aos estudos. No entanto, histórias particulares ou
de pessoas próximas não são válidas como argumento: ao citar alguém em
particular, é preciso dar nome a entidades ou pessoas famosas, para que o
corretor tenha certeza de que o aluno não está inventando uma história.
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Ao escrever sobre a Copa na redação, a professora Ester Chapiro, da Central de
Professores - Soluções Pedagógicas, alerta que tanto pontos positivos quanto
negativos devem ser justificados com argumentos embasados na realidade. A
questão da inclusão social do esporte, no entanto, precisa aparecer no texto, caso
contrário o aluno estará fugindo do tema proposto.
A valorização da saúde pública
Em 2013, motivado pelas manifestações populares que se espalharam pelo País,
o governo brasileiro anunciou uma série de medidas relacionadas à questão da
saúde pública. Entre as principais, o Brasil vai importar médicos estrangeiros para
amenizar a escassez de profissionais nas regiões mais carentes, e estudantes de
medicina de faculdades públicas e privadas terão que trabalhar dois anos no SUS
para ter o diploma. Na redação do Enem, espera-se que o aluno faça uma reflexão
a respeito da importância de priorizar a saúde, e que ele proponha possíveis
soluções com base em sua realidade.
A professora Talita Aguiar, do Curso Progressão Autêntico, alerta que é preciso
tomar cuidado com os argumentos usados em eventuais críticas a medidas do
governo. "O aluno não é obrigado a falar bem do governo, mas as críticas devem
ser bem fundamentadas e é preciso trazer exemplos concretos positivos, para não
3. unilateralizar a argumentação", explica. Para isso, é bom estar a par de setores da
saúde que funcionam, como o programa de vacinação.
Alternativas para o transporte público urbano
Estopim para a explosão das manifestações no Brasil, que desde o início
protestavam contra o aumento das tarifas de ônibus e metrô, a questão da
mobilidade urbana pode requerer soluções de candidatos na redação do Enem.
Primeiro, é importante que o aluno mostre como essa questão interfere na vida dos
cidadãos brasileiros. Além disso, é fundamental propor soluções sustentáveis e
que não exijam gastos públicos exagerados.
Mais do que apontar os problemas, a prova exige do aluno uma proposta de
solução. Como sugere a professora Ana Paula Anghinoni Ramos, do Sistema Elite
de Ensino, o ideal é citar exemplos de países onde o transporte público é eficiente,
como Inglaterra e Holanda. Outro caminho para sair do senso comum é citar meios
de transporte alternativos, como bicicletas ou grupos de caronas organizados por
meio de redes sociais.
A tecnologia como meio para a educação
Escolas particulares e públicas estão cada vez mais preocupadas em incluir
tecnologias digitais na educação. Neste ano, o Ministério da Educação investiu em
tablets para professores da rede pública, que podem não só ser um material
didático, mas também estimular uma nova forma de educar. Se o tema da redação
do Enem envolver tecnologia e educação, espera-se que o aluno aponte ações
práticas que vêm sendo realizadas pelo governo ou por instituições privadas. Além
de novas ferramentas, outro caminho possível é ressaltar os cursos de educação a
distância, que vem crescendo, e usar um artifício chamado argumento analógico,
quando o aluno compara gerações diferentes.
Argumentos contra o uso da tecnologia, neste caso, só funcionam se estiverem
muito bem embasados e se o aluno fizer um contraponto com outros argumentos
positivos. "É possível fazer uma defesa parcial, dizer que há aspectos positivos e
negativos, mas é preciso que haja mais argumentos positivos, que concordem com
o enunciado do tema", ressalta a professora Marina Loureiro. Apenas dois
argumentos, um positivo e um negativo, não são suficientes, pois o Enem exige
que o aluno escreva uma dissertação opinativa, não apenas expositiva.
INFOGRÁFICO: RA