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DROGAS:
“o que é preciso saber”
Profa. Dra. Roseli Boerngen de Lacerda
Professora Associada do Departamento de Farmacologia - UFPR
Professora do Programa de Mestrado e Doutorado em Farmacologia – UFPR
Pesquisadora do CNPq
Coordenadora do Centro Parana – Projeto ASSIST-WHO
Colaboradora do projeto e-health - WHO
Coordenadora no Parana do Curso a distancia SUPERA – SENAD – UNIFESP
Colaboradora do CRR-UFPR-SENAD
E-mail: boerngen@ufpr.br ; boerngen@hotmail.com
Derivados do tabaco
(cigarros, charuto, cachimbo, fumo de corda, narguile...)
Bebidas alcoólicas
(cerveja, vinho, destilados como pinga, uísque, vodka, vermutes...)
Maconha
(baseado, erva, haxixe...)
Cocaína, crack, oxy, merla
(pó, pedra, branquinha, nuvem...)
Estimulantes como anfetaminas ou ecstasy
(bolinhas, rebites, ritalina, anorexígenos, efedrina, cristal, khat,
cápsula do vento...)
Inalantes/Solventes
(cola de sapateiro, cheirinho-da-loló, tinta, gasolina, éter lança-perfume,
benzina...)
Hipnóticos, sedativos
(remédios para dormir como diazepam, lorazepan, Lorax, Dienpax,
Rohypnol... não tomados conforme prescrição médica); GHB
Alucinógenos
(LSD, ácido, chá-de-lírio, cogumelos, Santo Daime, quetamina,
fenciclidina, triptaminas - AMT)
Opióides
(heroína, morfina, metadona, codeína, fentanil, oxicodona...)
Outras????
 Essas substâncias causam diferentes
efeitos agudos e cronicos no SNC e no resto
do organismo, alguns podendo ser letais:
“O álcool em excesso, por exemplo, pode
levar à morte agudamente por parada
respiratória (SNC), por fibrilação cardíaca ou
pancreatite aguda. Acidentes e violencia
provocados pelo álcool também matam!”
“O uso repetido do álcool pode levar à morte
por cirrose hepática, câncer no TGI, AVC,
infarto, anemia, tuberculose, etc”
 Os efeitos agudos destas substâncias
dependem do mecanismo de ação das
mesmas e da quantidade usada.
Os efeitos crônicos dependem da ação, da
quantidade, da freqüência e do modo de uso.
1 dose de etanol (14g) num homem de 70kg atinge uma
concentração plasmática de 30 mg/100mL (0,03
[Etanol]sang Efeitos no SNC
(mg/100mL)
50 intoxicação leve: sensação de calor,
pele vermelha, julgamento prejudicado,
desinibição (~ 2 doses)
100 intoxicação óbvia (aumenta o prejuízo de
julgamento, da inibição, da atenção e do
controle; algum prejuízo motor, reflexos
lentos (~ 4 doses)
Equivalência de doses: 14 g de etanol
40 ml
destilado
140 ml
vinho
330 ml
cerveja
[Etanol]sang Efeitos no SNC
(mg/100mL)
150 intoxicação óbvia em todos os indivíduos normais,
andar cambaleando, fala pastosa, visão dupla,
perda de memória e raciocínio (~ 6 doses)
250 intoxicação extrema ou estupor: resposta
reduzida a estímulos, incapacidade de permanecer em
pé, vômito, incontinência, sonolência (~ 8 doses)
350 coma (inconsciência, mínima resposta à estimulação,
incontinência urinária, hipotermia, pouca respiração,
hipotensão (~ 12 doses)
500 morte provável (~ 17 doses)
Limites para beber de “baixo risco”
HOMENS MULHERES
NUMA ÚNICA
OCASIÃO
NÃO MAIS DO
QUE 4 DOSES
NÃO MAIS DO
QUE 3 DOSES
POR SEMANA NÃO MAIS DO
QUE 2 DOSES
POR DIA.
2 DIAS SEM
BEBER
NÃO MAIS DO
QUE 1 DOSE
POR DIA.
2 DIAS SEM
BEBER
A orquestra sinfônica do cérebro
PERCUSSÃO TROMPETE CLARINETA HARPA VIOLINO FLAUTA
[estimulação] [Euforia] [Preferencia] [Ansiolise] [Sedação] [relaxamento
muscular]
( J.A. Engel, 1994 )
FATORES INDIVIDUAIS
Influenciando a sinfonia
Genetica Idade Hormonios Ambiente
ALCOOL: O MAESTRO
 Efeitos agudos das diferentes substancias
COCAÍNA
Eritroxylon coca
A cocaína é uma alcalóide natural podendo
ser encontrada das seguintes formas:
 Pasta = macerado das folhas + cal + solvente (querosene ou
gasolina) + ácido.
 Pó = a pasta é tratada com ácido hidroclorídrico, produzindo
o Cloridrato de Cocaína (pó branco e inodoro).
 Crack = pasta de coca ou pó + bicarbonato de sódio ou amônia
+ água + aquecimento. O sal se transforma em base = cristais
solidificados.
Merla = pasta de coca + ácido sulfúrico, querosene e gasolina.
Oxi = pasta + cal + gasolina/querosene
Pitillo (ou mesclado) = pasta de coca + tabaco ou maconha.
Cabral (Curitiba)/ Zirre (Rio) = crack + maconha
Todos são fumados  POTENCIAL DE ABUSO
Vias de
administração
Aspirada (pó): via nasal – absorção rápida pelas
mucosas do trato respiratório. O efeito inicia
após 1 a 2 minutos e dura de 15 a 30 minutos
Injetada (pó diluído em água) – E.V
Fumada (crack): a base livre (“pedras”) é fumada
em cachimbos. Maior absorção pelos alvéolos
pulmonares  pequena circulação  atinge o
cérebro rapidamente (8-20 s e dura 5-10 min).
Local: “esfregada” em mucosas (boca, vagina, reto)
Oral: chá e mascar as folhas
Local: “esfregada” em mucosas (boca, vagina, reto)
Oral: chá e mascar as folhas
Efeitos da intoxicação com cocaina/crack/oxy
overdose – até 100x a dose inicial do high:
100-200 mg oral; 40-100 mg intranasal;
15-25 mg i.v. ou fumada.
Hiperatividade autonômica
( PA,  taxa respiratória, taquicardia)
--> podendo evoluir: convulsões, dor no peito
(isquemia no miocárdio), hipertermia --> choque
Estado psicológico
inquietação, irritabilidade, insônia, falante,
--> podendo evoluir: paranóia, comportamento
estereotipado, bruxismo.
Causa da morte: infarto, AVC,
Overdose com cocaina e anfetaminicos
sintomas e sinais
Hiperatividade autonomica
Risco de choque  dor intensa no
peito, ↑ PA, ↑ temperatura (41º C)
Infarto, fibrilação
Convulsões tipo grande mal
AVC
Estereotipia (touching and picking)
Efeitos da intoxicação com maconha
problemas graves raros (forma de uso --> haxixe)
função cognitiva (noção de tempo e espaço,
tarefas complexas, problemas de memória)
pânico, ansiedade, confusão
psicose temporária (paranóia e alucinações)
(precipita em predispostos e
intensifica em pré-existentes)
tremores, leve hipotermia, diminuição da força
muscular, boca seca, congestão da conjuntiva,
taquicardia, convulsões em epilépticos.
Quantidade de THC na maconha é de +/- 4,5%.
De 2 a 3 mg de THC causam high.
Baseado tem +/- 25 mg de THC (500-1000mg de erva)
 Efeitos crônicos das diferentes substancias
Álcool
O uso contínuo está associado com:
Ressaca, comportamento agressivo, acidentes e lesões
Redução do desempenho sexual, envelhecimento precoce
Problemas digestivos, úlceras, inflamação do pâncreas,
pressão arterial alta, obesidade
Ansiedade e depressão, dificuldades de relacionamento e
financeiros e problemas no trabalho
Dificuldade de se lembrar das coisas e de resolver
problemas
Lesões e danos no cérebro de bebês filhos de mulheres que
bebem
Infarto, lesões permanentes no cérebro, disfunções
musculares e de nervos
Doenças do fígado e pâncreas
Tolerancia e sindrome de abstinencia grave
Cânceres, suicídio
Tabaco
O uso contínuo está associado com:
Envelhecimento precoce, enrugamento da pele
Infecções respiratórias e asma
Pressão arterial alta, diabetes
Infecções respiratórias, alergias e asma nos filhos dos
fumantes
Em mulheres grávidas, problemas do trabalho de parto,
parto prematuro e baixo peso do bebê
Doença dos rins
Problemas crônicos de obstrução de vias aéreas
Doença do coração, infarto, doença vascular
Cânceres
Nicotina / Tabaco
Maconha
O uso contínuo está associado com:
Problemas com a atenção e motivação
Ansiedade, paranóia, pânico, depressão
Perda da memória e da habilidade de resolver problemas
Pressão arterial alta
Asma, bronquite
Psicose entre as pessoas com histórico familiar de
esquizofrenia
Doença do coração
Doenças crônicas de obstrução de vias aéreas
Cânceres
Cocaína / crack
O uso contínuo está associado com:
Dificuldade de dormir, batimento do coração acelerado, dor
de cabeça, perda de peso
Entorpecimento, formigamento, viscosidade e erupções
cutâneas
Acidentes e lesões, problemas financeiros
Pensamentos estranhos, delirios
Alteração do humor - ansiedade, depressão, mania
Agressão e paranóia
Fissura intensa, stress no estilo de vida
Psicose depois do uso repetido de altas doses
Morte súbita por problemas do coração
Sedativos
O uso contínuo está associado com:
Sonolência, vertigem e confusão
Dificuldade de concentração e de se lembrar das coisas
Náusea, dor de cabeça, alteração da marcha
Problemas de sono
Ansiedade e depressão
Tolerância e dependência após um curto período de uso.
Sintomas de abstinência graves
Overdose e morte se usado com álcool, opióide ou outras
drogas depressoras
i.
O
Opióide
O uso contínuo está associado
com:
Coceira, náusea e vômito
Sonolência
Constipação, enfraquecimento dos dentes
Dificuldade de concentração e de se lembrar das coisas
Redução do desejo e do desempenho sexual
Dificuldades de relacionamento
Problemas no trabalho e financeiros, violações da lei
Tolerância e dependência, sintomas de abstinência
Overdose e morte por insuficiência respiratória
Inalantes / solventes
O uso contínuo está associado com:
vertigem e alucinações, sonolência, desorientação, visão
turva
Sintomas semelhantes a de um resfriado, sinusite,
sangramento nasal
Indigestão, úlceras estomacais
Acidentes e lesões
Perda de memória, confusão, depressão, agressão
Dificuldade de coordenação, reflexo diminuído, hipoxia
Delirium, agitação psicomotora
Coma, danos de órgãos (coração, pulmão, fígado, rins)
Morte por disfunção cardíaca
Estimulantes tipo anfetamina
O uso contínuo está associado com:
Dificuldade de dormir, perda do apetite e peso, desidratação
Ranger os dentes, dor de cabeça, dor muscular
Alteração de humor –ansiedade, depressão, agitação,
mania, pânico, paranóia
Tremores, batimento cardíaco irregular, falta de ar
Comportamento agressivo e violento
Psicose depois do uso repetido de altas doses
Lesões permanentes das células cerebrais
Lesão do fígado, hemorragia cerebral
Morte súbita (êxtase) em situações raras
Alucinógenos
O uso contínuo está associado com:
Alucinações (agradáveis ou desagradáveis) – visuais,
auditivas, táteis, olfatórias
Dificuldade de dormir
Náusea e vômito
Aumento do batimento cardíaco e da pressão arterial
Alterações do humor
Ansiedade, pânico, paranóia
Flash-backs
Aumento dos efeitos de doenças mentais, como por exemplo
esquizofrenia
Illustration used with permission,
courtesy of Lydia V. Kibiuk and
the Society for Neuroscience.
Photo courtesy of the NIDA Web site. From A
Slide Teaching Packet: The Brain and the
Actions of Cocaine, Opiates, and Marijuana.
memoria
reforço
julgamento
movimento
sensações
visão
coordenação
Photo courtesy of the NIDA Web site.
From A Slide Teaching Packet: The
Brain and the Actions of Cocaine,
Opiates, and Marijuana.
Drogas e alimentos podem atuar tanto como
reforçadores positivos como negativos:
Exemplos:
Positivo: comida sabor particularmente agradável
droga efeito de euforia, prazer, alteração da
consciência, inserir-se no “grupo”
Negativo: comida alivia a fome (estado desagradável)
droga alivia os sintomas de uma síndrome de
abstinência, ou ansiedade, dor, outros
DROGA PSICOTRÓPICA:
São as drogas que alteram o comportamento, humor e
cognição, possuindo propriedade reforçadora sendo,
portanto, passíveis de auto-administração (OMS,
1981).
Vulnerabilidade
ADIÇÃO
MECANISMOS CEREBRAIS
DROGA
BIOLOGIA/GENES AMBIENTE
Genetica
Genero
Hormonios
Idade
Transtornos mentais
Via administrada
Efeito farmacologico
Uso precoce
Disponibilidade
Custo
Lar caotico, abuso sexual
Uso e atitudes familiares
Influencia dos colegas
Atitudes da comunidade
Fraco desempenho escolar
Adição
Um transtorno mental e comportamental
caracterizado pela auto-administração da
droga de forma incontrolada, compulsiva e
continuada apesar dos claros prejuízos para
si mesmo e para os outros, e pela fissura
(craving: desejo incontrolavel em usar a
droga).
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DO TRANSTORNO
POR USO DE SUBSTÂNCIA - DSM-V (2013)
Prejuízo clínico manifestado num período de 12 meses pela presença
simultânea de 2 (ou mais) dos ítens:
1. Tolerância
2. Síndrome de abstinência específica
3. Grandes quantidades ou longos períodos além do que pretendido
4. Procura (desejo) persistente, insucesso para diminuir ou perda do
controle sobre o uso
5. Muito tempo gasto para obter, usar ou recuperar-se dos efeitos
6. Redução ou ausência de atividades sociais, ocupacionais ou
recreacionais
7. Uso continuado mesmo sabendo que a droga causou ou piorou
problemas físicos ou psicológicos
8. Uso continuado apesar dos problemas sociais e interpessoais
causados ou exacerbados pela substancia
9. Uso contínuo prejudica o trabalho, a escola ou atividades em casa
10. Uso continuado em situações fisicamente perigosas
11. Craving, urgencia ou intenso desejo em consumir a substancia
O transtorno dos 8 C’s
Cronica
Centralidade da droga
Uso Continuado apesar dos danos B-P-S
Perda do Controle
Uso Compulsivo
Craving
ReCaída
Um transtorno heterogeneo do Cérebro, o qual
tem sua estrutura e função alterada pela
droga de forma duradoura.
USO
NOCIVO
USO DE RISCO
USO RECREATIVO
OCASIONAL
ADIÇÃO
 A questão central da adição é:
“o que é responsável pela transição do uso
recreativo e controlado da droga para o uso
compulsivo em alguns individuos suscetiveis/
vulneráveis que culmina na perda do controle
sobre o consumo levando à recaída?”(Kasanetz
et al., 2010)
LIBERAÇÃO DE DOPAMINA NO NÚCLEO ACCUMBENS
• Ativação das vias de Reforço/Recompensa Cerebral:
vias mesolímbica e mesocortical
MECANISMO NEUROBIOLÓGICO
COMUM ENTRE AS DROGAS
E. J. Nestler 2005
O mecanismo de ação agudo comum de drogas psicotrópicas é a
capacidade de ativar a via dopaminérgica mesolímbica, levando
a liberação de dopamina (DA) no núcleo accumbens.
Sistema motivacional
Tres regiões cerebrais
merecem destaque:
1. Amygdala: emoção.
2. Cortex prefrontal (PFC) : avalia a intensidade
da emoção e sua saliencia motivacional
3. Nucleus Accumbens: convergencia comum dos
comportamentos motivacionais
PFC
Fases da adição
1.Efeitos agudos das drogas – dopamina é liberada
fasicamente e em altos níveis  reforço positivo
1.Transição para adição - as projeções glutamatergicas do
cortex prefrontal para o accumbens são os principais
responsáveis pela procura da droga. Essas projeções são
moduladas pelos mediadores
do estresse e novas conexões
são condicionadas a pistas
3. Estágio final da adição –
urgência em conseguir a droga,
uso compulsivo. Perda do controle
de iniciar e parar o uso, redução
do prazer com a droga
Desenvolvimento da adição/dependência
ESTÁGIO 1
INTOXICAÇÃO/REFORÇO (+)
ESTÁGIO 2
AFETO NEGATIVO/REFORÇO (-)
ESTÁGIO 3
PREOCUPAÇÃO/ANTECIPAÇÃO
Koob et al., 2009
ESTÁGIO 1 – INTOXICAÇÃO/INICIAÇÃO
Reforço positivo
DA, Opioides, GABA, Glu, endocanabinoides, 5-HT
Koob et al., 2009
ESTÁGIO 2 – AFETO NEGATIVO/SA
Reforço negativo
Dopamina,GABA, Glutamato, CRF, Noradrenalina,
Neuropeptideo Y, Dinorfina, Substancia P
Koob et al., 2009
ESTÁGIO 3 – PREOCUPAÇÃO/ANTECIPAÇÃO
Craving/ automação / prejuizo da função executiva
Glutamato, endocanabinoides, GABA, Noradrenalina
Efeitos reforçadores com liberação DA
suprafisiológica no circuito motivacional
induzindo mudanças na sinalização celular:
DA +  D1R +  PKA +  CREB 
indução de cFos  mudanças
neuroplásticas de curta duração (poucas
horas ou dias)
Estágio I – efeitos agudos das drogas
Uso repetido acumula mudanças na função
neuronal:
DA +  D1R +  proteinas com meia vida
longa, como FosB (overexpressed)
 FosB é um regulador transcricional que
modula a síntese de certas subunidades do
AMPA-R e de certas enzimas sinalizadoras
da célula
(tirosina-hidroxilase, RGS9-2, autoR-D2, DAT)
 Mudanças compensatórias (homeostase)
Estágio II - transição
Mudanças na expressão de proteinas
conferem vulnerabilidade para recaída.
• “Redirecionamento” do sistema DA para
o Glu  adaptações celulares nas
projeções glu do c. préfrontal para o
NAcc
• “Automaticidade” da resposta de
procura frente a pistas e estresse
(duradouro - anos, irreversivel????)
Estágio III - estágio final da adição
• A plasticidade sináptica reorganiza os
circuitos neurais (reforça e elimina)
através da alteração da expressão gênica
e proteica em resultado a LTP e LTD
(NMDA-R e AMPA-R).
Neuroplasticidade e Adição
Neuroplasticidade
NEUROBIOLOGIA DA ADIÇÃO
Interação bio-psico-social
Cérebro sob efeito agudo da cocaina
1-2 Min 3-4 5-6
6-7 7-8 8-9
9-10 10-20 20-30
Photo courtesy of Nora Volkow, Ph.D.
Mapping cocaine binding sites in human
and baboon brain in vivo. Fowler JS,
Volkow ND, Wolf AP, Dewey SL, Schlyer
DJ, Macgregor RIR, Hitzemann R, Logan
J, Bendreim B, Gatley ST. et al. Synapse
1989;4(4):371-377.
Binding
de cocaina
em
humanos
(PET)
Cérebro após uso crônico de cocaína
Normal
Adicto cocaina - 10 dias de abstinencia
Cocaine Abuser (100 days)
Photo courtesy of Nora Volkow, Ph.D. Volkow ND, Hitzemann R, Wang C-I, Fowler IS, Wolf AP, Dewey SL. Long-term frontal brain metabolic changes in cocaine
abusers. Synapse 11:184-190, 1992; Volkow ND, Fowler JS, Wang G-J, Hitzemann R, Logan J, Schlyer D, Dewey 5, Wolf AP. Decreased dopamine D2 receptor
availability is associated with reduced frontal metabolism in cocaine abusers. Synapse 14:169-177, 1993.
Mudanças
Metabólicas
em humanos
Adicto cocaina - 100 dias de abstinencia
Photo courtesy of NIDA from
research conducted by Melega
WP, Raleigh MJ, Stout DB,
Lacan C, Huang SC, Phelps ME.
10 dias de
Anfetamina
em
macacos
Consequencias
de longa
duração
RECUPERAÇÃO DA FUNÇÃO CEREBRAL APÓS ABSTINENCIA PROLONGADA
NORMAL METANFETAMINA
1 mês abstinente
METANFETAMINA
14 meses abstinente
Memoria das drogas - craving
Nature Video Cocaine Video
Anterior
Posterior
Amygdala
not lit up
Amygdala
activated
Photo courtesy of Anna Rose Childress, Ph.D.
Filme neutro Filme sobre
cocaina
Clique para adicionar texto
• Com o amadurecimento formam-se conexões sinápticas e a substância
cinzenta diminui no sentido de trás para frente.
• Áreas relacionadas com funções mais básicas amadurecem antes e as de
funções mais complexas depois.
• O córtex prefrontal (razão e funções executivas) é o último a surgir e a
amadurecer. Estudos genéticos demonstram que estas áreas com
desenvolvimento mais tardio são as menos influenciadas pela
hereditariedade. (Paul Thompson, UCLA Lab. of Neuroimaging)
Desenvolvimento cerebral (5 - 20 anos).
MRI (magnetic ressonance images)
Substância
cinzenta
Vulnerabilidade
ADIÇÃO
MECANISMOS CEREBRAIS
DROGA
BIOLOGIA/GENES AMBIENTE
Genetica
Genero
Hormonios
Idade
Transtornos mentais
Via administrada
Efeito farmacologico
Uso precoce
Disponibilidade
Custo
Lar caotico, abuso sexual
Uso e atitudes familiares
Influencia dos colegas
Atitudes da comunidade
Fraco desempenho escolar
Psicoterapia da Adição
• Aumentar o valor da saliência de
reforçadores naturais (inclusive suporte social)
• Fortalecer o controle inibitório e a função
executora
• Diminuir respostas condicionadas através de
monitoramento e enfrentamento
• Promover a re-consolidação da memoria
(Milton; Everitt, 2012)
“Somos o que repetidamente fazemos”.
“É fazendo que se aprende a fazer aquilo
que se deve aprender a fazer”.
(Aristóteles)
Obstáculos para tratamento da Adição
• Retenção do paciente ao programa, incluindo a
aderência ao medicamento;
• Custo da manutenção num programa de
tratamento prolongado (5 anos para considerar
“curado”);
• A estigmatização do adicto  importante
barreira para desenvolver um novo estilo de
vida, sem droga;
• Manter a abstinencia quando o indivíduo
retorna ao ambiente previamente pareado com
a droga.
COMPARAÇÃO DE TAXAS DE RECAÍDA ENTRE
ADIÇÃO E OUTRAS DOENÇAS CRONICAS
Necessidade uma AÇÃO ATIVA dos diversos
segmentos da sociedade
Necessidade da mudança de modelo de saúde 
de curativo para preventivo/promoção da saúde
Necessidade da mudança na formação dos
profissionais
Necessidade de discussão de alternativas para
lidar com a questão das drogas
A adição é um fenômeno bio-psico-social e
seu tratamento deve ser integrativo e
analítico e não reducionista.
(Kalant, 2009; Cunningham; McCambridge, 2011)
Resumindo…
- Adição não pode ser
“curada” com força de
vontade.
- Reforço/motivação não é
igual a prazer.
- Recaída ocorre em resposta à
droga/ ao estresse/ às pistas
- “Curar” não muda o circuito
- Adição pode ser prevenida e
tratada
www.informalcool.org.br
www.drogas.bio.br
www.drogas.bio.br
Lei 11343/06 não fala sobre a quantidade de
droga, não possui um critério objetivo,
quantitativo para diferenciar traficante do
usuário. O que ela diz é que, em cada caso, o
juiz deve levar em consideração a quantidade, a
natureza da droga, o local e as condições em
que o fato se deu, a conduta do acusado, suas
condições sociais e seus antecedentes. Em
julgamentos sob tais condições, a classe social
do acusado pode pesar.
Além da quantidade de droga em poder
do investigado, é necessário fazer uma
série de observações antes de qualificá-lo
como traficante. "Tem que ver também o
local, o histórico criminal, comportamento
da pessoa e mais uma série de fatores,
como droga fracionada, dinheiro em
espécie, etc.”
CCJ aprova em 10/2014: Quem portar
quantidade de droga equivalente a cinco dias de
consumo, será considerado usuário. Acima
dessa quantidade, será enquadrado como
traficante. A Anvisa será responsável por definir
qual a quantidade de consumo diário.
Pesquisa da Fiocruz: uso diário16 pedras de
crack, ou seja, 80 pedras em cinco dias.

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  • 1. DROGAS: “o que é preciso saber” Profa. Dra. Roseli Boerngen de Lacerda Professora Associada do Departamento de Farmacologia - UFPR Professora do Programa de Mestrado e Doutorado em Farmacologia – UFPR Pesquisadora do CNPq Coordenadora do Centro Parana – Projeto ASSIST-WHO Colaboradora do projeto e-health - WHO Coordenadora no Parana do Curso a distancia SUPERA – SENAD – UNIFESP Colaboradora do CRR-UFPR-SENAD E-mail: boerngen@ufpr.br ; boerngen@hotmail.com
  • 2. Derivados do tabaco (cigarros, charuto, cachimbo, fumo de corda, narguile...) Bebidas alcoólicas (cerveja, vinho, destilados como pinga, uísque, vodka, vermutes...) Maconha (baseado, erva, haxixe...) Cocaína, crack, oxy, merla (pó, pedra, branquinha, nuvem...) Estimulantes como anfetaminas ou ecstasy (bolinhas, rebites, ritalina, anorexígenos, efedrina, cristal, khat, cápsula do vento...) Inalantes/Solventes (cola de sapateiro, cheirinho-da-loló, tinta, gasolina, éter lança-perfume, benzina...) Hipnóticos, sedativos (remédios para dormir como diazepam, lorazepan, Lorax, Dienpax, Rohypnol... não tomados conforme prescrição médica); GHB Alucinógenos (LSD, ácido, chá-de-lírio, cogumelos, Santo Daime, quetamina, fenciclidina, triptaminas - AMT) Opióides (heroína, morfina, metadona, codeína, fentanil, oxicodona...) Outras????
  • 3.  Essas substâncias causam diferentes efeitos agudos e cronicos no SNC e no resto do organismo, alguns podendo ser letais: “O álcool em excesso, por exemplo, pode levar à morte agudamente por parada respiratória (SNC), por fibrilação cardíaca ou pancreatite aguda. Acidentes e violencia provocados pelo álcool também matam!” “O uso repetido do álcool pode levar à morte por cirrose hepática, câncer no TGI, AVC, infarto, anemia, tuberculose, etc”
  • 4.  Os efeitos agudos destas substâncias dependem do mecanismo de ação das mesmas e da quantidade usada. Os efeitos crônicos dependem da ação, da quantidade, da freqüência e do modo de uso.
  • 5. 1 dose de etanol (14g) num homem de 70kg atinge uma concentração plasmática de 30 mg/100mL (0,03 [Etanol]sang Efeitos no SNC (mg/100mL) 50 intoxicação leve: sensação de calor, pele vermelha, julgamento prejudicado, desinibição (~ 2 doses) 100 intoxicação óbvia (aumenta o prejuízo de julgamento, da inibição, da atenção e do controle; algum prejuízo motor, reflexos lentos (~ 4 doses) Equivalência de doses: 14 g de etanol 40 ml destilado 140 ml vinho 330 ml cerveja
  • 6. [Etanol]sang Efeitos no SNC (mg/100mL) 150 intoxicação óbvia em todos os indivíduos normais, andar cambaleando, fala pastosa, visão dupla, perda de memória e raciocínio (~ 6 doses) 250 intoxicação extrema ou estupor: resposta reduzida a estímulos, incapacidade de permanecer em pé, vômito, incontinência, sonolência (~ 8 doses) 350 coma (inconsciência, mínima resposta à estimulação, incontinência urinária, hipotermia, pouca respiração, hipotensão (~ 12 doses) 500 morte provável (~ 17 doses)
  • 7.
  • 8. Limites para beber de “baixo risco” HOMENS MULHERES NUMA ÚNICA OCASIÃO NÃO MAIS DO QUE 4 DOSES NÃO MAIS DO QUE 3 DOSES POR SEMANA NÃO MAIS DO QUE 2 DOSES POR DIA. 2 DIAS SEM BEBER NÃO MAIS DO QUE 1 DOSE POR DIA. 2 DIAS SEM BEBER
  • 9. A orquestra sinfônica do cérebro PERCUSSÃO TROMPETE CLARINETA HARPA VIOLINO FLAUTA [estimulação] [Euforia] [Preferencia] [Ansiolise] [Sedação] [relaxamento muscular] ( J.A. Engel, 1994 ) FATORES INDIVIDUAIS Influenciando a sinfonia Genetica Idade Hormonios Ambiente ALCOOL: O MAESTRO
  • 10.  Efeitos agudos das diferentes substancias
  • 12.
  • 13. A cocaína é uma alcalóide natural podendo ser encontrada das seguintes formas:  Pasta = macerado das folhas + cal + solvente (querosene ou gasolina) + ácido.  Pó = a pasta é tratada com ácido hidroclorídrico, produzindo o Cloridrato de Cocaína (pó branco e inodoro).  Crack = pasta de coca ou pó + bicarbonato de sódio ou amônia + água + aquecimento. O sal se transforma em base = cristais solidificados. Merla = pasta de coca + ácido sulfúrico, querosene e gasolina. Oxi = pasta + cal + gasolina/querosene Pitillo (ou mesclado) = pasta de coca + tabaco ou maconha. Cabral (Curitiba)/ Zirre (Rio) = crack + maconha Todos são fumados  POTENCIAL DE ABUSO
  • 14.
  • 15. Vias de administração Aspirada (pó): via nasal – absorção rápida pelas mucosas do trato respiratório. O efeito inicia após 1 a 2 minutos e dura de 15 a 30 minutos Injetada (pó diluído em água) – E.V Fumada (crack): a base livre (“pedras”) é fumada em cachimbos. Maior absorção pelos alvéolos pulmonares  pequena circulação  atinge o cérebro rapidamente (8-20 s e dura 5-10 min). Local: “esfregada” em mucosas (boca, vagina, reto) Oral: chá e mascar as folhas
  • 16. Local: “esfregada” em mucosas (boca, vagina, reto) Oral: chá e mascar as folhas
  • 17. Efeitos da intoxicação com cocaina/crack/oxy overdose – até 100x a dose inicial do high: 100-200 mg oral; 40-100 mg intranasal; 15-25 mg i.v. ou fumada. Hiperatividade autonômica ( PA,  taxa respiratória, taquicardia) --> podendo evoluir: convulsões, dor no peito (isquemia no miocárdio), hipertermia --> choque Estado psicológico inquietação, irritabilidade, insônia, falante, --> podendo evoluir: paranóia, comportamento estereotipado, bruxismo. Causa da morte: infarto, AVC,
  • 18. Overdose com cocaina e anfetaminicos sintomas e sinais Hiperatividade autonomica Risco de choque  dor intensa no peito, ↑ PA, ↑ temperatura (41º C) Infarto, fibrilação Convulsões tipo grande mal AVC Estereotipia (touching and picking)
  • 19. Efeitos da intoxicação com maconha problemas graves raros (forma de uso --> haxixe) função cognitiva (noção de tempo e espaço, tarefas complexas, problemas de memória) pânico, ansiedade, confusão psicose temporária (paranóia e alucinações) (precipita em predispostos e intensifica em pré-existentes) tremores, leve hipotermia, diminuição da força muscular, boca seca, congestão da conjuntiva, taquicardia, convulsões em epilépticos. Quantidade de THC na maconha é de +/- 4,5%. De 2 a 3 mg de THC causam high. Baseado tem +/- 25 mg de THC (500-1000mg de erva)
  • 20.  Efeitos crônicos das diferentes substancias
  • 21. Álcool O uso contínuo está associado com: Ressaca, comportamento agressivo, acidentes e lesões Redução do desempenho sexual, envelhecimento precoce Problemas digestivos, úlceras, inflamação do pâncreas, pressão arterial alta, obesidade Ansiedade e depressão, dificuldades de relacionamento e financeiros e problemas no trabalho Dificuldade de se lembrar das coisas e de resolver problemas Lesões e danos no cérebro de bebês filhos de mulheres que bebem Infarto, lesões permanentes no cérebro, disfunções musculares e de nervos Doenças do fígado e pâncreas Tolerancia e sindrome de abstinencia grave Cânceres, suicídio
  • 22. Tabaco O uso contínuo está associado com: Envelhecimento precoce, enrugamento da pele Infecções respiratórias e asma Pressão arterial alta, diabetes Infecções respiratórias, alergias e asma nos filhos dos fumantes Em mulheres grávidas, problemas do trabalho de parto, parto prematuro e baixo peso do bebê Doença dos rins Problemas crônicos de obstrução de vias aéreas Doença do coração, infarto, doença vascular Cânceres Nicotina / Tabaco
  • 23. Maconha O uso contínuo está associado com: Problemas com a atenção e motivação Ansiedade, paranóia, pânico, depressão Perda da memória e da habilidade de resolver problemas Pressão arterial alta Asma, bronquite Psicose entre as pessoas com histórico familiar de esquizofrenia Doença do coração Doenças crônicas de obstrução de vias aéreas Cânceres
  • 24. Cocaína / crack O uso contínuo está associado com: Dificuldade de dormir, batimento do coração acelerado, dor de cabeça, perda de peso Entorpecimento, formigamento, viscosidade e erupções cutâneas Acidentes e lesões, problemas financeiros Pensamentos estranhos, delirios Alteração do humor - ansiedade, depressão, mania Agressão e paranóia Fissura intensa, stress no estilo de vida Psicose depois do uso repetido de altas doses Morte súbita por problemas do coração
  • 25. Sedativos O uso contínuo está associado com: Sonolência, vertigem e confusão Dificuldade de concentração e de se lembrar das coisas Náusea, dor de cabeça, alteração da marcha Problemas de sono Ansiedade e depressão Tolerância e dependência após um curto período de uso. Sintomas de abstinência graves Overdose e morte se usado com álcool, opióide ou outras drogas depressoras
  • 26. i. O Opióide O uso contínuo está associado com: Coceira, náusea e vômito Sonolência Constipação, enfraquecimento dos dentes Dificuldade de concentração e de se lembrar das coisas Redução do desejo e do desempenho sexual Dificuldades de relacionamento Problemas no trabalho e financeiros, violações da lei Tolerância e dependência, sintomas de abstinência Overdose e morte por insuficiência respiratória
  • 27. Inalantes / solventes O uso contínuo está associado com: vertigem e alucinações, sonolência, desorientação, visão turva Sintomas semelhantes a de um resfriado, sinusite, sangramento nasal Indigestão, úlceras estomacais Acidentes e lesões Perda de memória, confusão, depressão, agressão Dificuldade de coordenação, reflexo diminuído, hipoxia Delirium, agitação psicomotora Coma, danos de órgãos (coração, pulmão, fígado, rins) Morte por disfunção cardíaca
  • 28. Estimulantes tipo anfetamina O uso contínuo está associado com: Dificuldade de dormir, perda do apetite e peso, desidratação Ranger os dentes, dor de cabeça, dor muscular Alteração de humor –ansiedade, depressão, agitação, mania, pânico, paranóia Tremores, batimento cardíaco irregular, falta de ar Comportamento agressivo e violento Psicose depois do uso repetido de altas doses Lesões permanentes das células cerebrais Lesão do fígado, hemorragia cerebral Morte súbita (êxtase) em situações raras
  • 29. Alucinógenos O uso contínuo está associado com: Alucinações (agradáveis ou desagradáveis) – visuais, auditivas, táteis, olfatórias Dificuldade de dormir Náusea e vômito Aumento do batimento cardíaco e da pressão arterial Alterações do humor Ansiedade, pânico, paranóia Flash-backs Aumento dos efeitos de doenças mentais, como por exemplo esquizofrenia
  • 30. Illustration used with permission, courtesy of Lydia V. Kibiuk and the Society for Neuroscience.
  • 31. Photo courtesy of the NIDA Web site. From A Slide Teaching Packet: The Brain and the Actions of Cocaine, Opiates, and Marijuana. memoria reforço julgamento movimento sensações visão coordenação
  • 32. Photo courtesy of the NIDA Web site. From A Slide Teaching Packet: The Brain and the Actions of Cocaine, Opiates, and Marijuana.
  • 33. Drogas e alimentos podem atuar tanto como reforçadores positivos como negativos: Exemplos: Positivo: comida sabor particularmente agradável droga efeito de euforia, prazer, alteração da consciência, inserir-se no “grupo” Negativo: comida alivia a fome (estado desagradável) droga alivia os sintomas de uma síndrome de abstinência, ou ansiedade, dor, outros
  • 34. DROGA PSICOTRÓPICA: São as drogas que alteram o comportamento, humor e cognição, possuindo propriedade reforçadora sendo, portanto, passíveis de auto-administração (OMS, 1981).
  • 35. Vulnerabilidade ADIÇÃO MECANISMOS CEREBRAIS DROGA BIOLOGIA/GENES AMBIENTE Genetica Genero Hormonios Idade Transtornos mentais Via administrada Efeito farmacologico Uso precoce Disponibilidade Custo Lar caotico, abuso sexual Uso e atitudes familiares Influencia dos colegas Atitudes da comunidade Fraco desempenho escolar
  • 36. Adição Um transtorno mental e comportamental caracterizado pela auto-administração da droga de forma incontrolada, compulsiva e continuada apesar dos claros prejuízos para si mesmo e para os outros, e pela fissura (craving: desejo incontrolavel em usar a droga).
  • 37. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DO TRANSTORNO POR USO DE SUBSTÂNCIA - DSM-V (2013) Prejuízo clínico manifestado num período de 12 meses pela presença simultânea de 2 (ou mais) dos ítens: 1. Tolerância 2. Síndrome de abstinência específica 3. Grandes quantidades ou longos períodos além do que pretendido 4. Procura (desejo) persistente, insucesso para diminuir ou perda do controle sobre o uso 5. Muito tempo gasto para obter, usar ou recuperar-se dos efeitos 6. Redução ou ausência de atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais 7. Uso continuado mesmo sabendo que a droga causou ou piorou problemas físicos ou psicológicos 8. Uso continuado apesar dos problemas sociais e interpessoais causados ou exacerbados pela substancia 9. Uso contínuo prejudica o trabalho, a escola ou atividades em casa 10. Uso continuado em situações fisicamente perigosas 11. Craving, urgencia ou intenso desejo em consumir a substancia
  • 38. O transtorno dos 8 C’s Cronica Centralidade da droga Uso Continuado apesar dos danos B-P-S Perda do Controle Uso Compulsivo Craving ReCaída Um transtorno heterogeneo do Cérebro, o qual tem sua estrutura e função alterada pela droga de forma duradoura.
  • 39. USO NOCIVO USO DE RISCO USO RECREATIVO OCASIONAL ADIÇÃO
  • 40.  A questão central da adição é: “o que é responsável pela transição do uso recreativo e controlado da droga para o uso compulsivo em alguns individuos suscetiveis/ vulneráveis que culmina na perda do controle sobre o consumo levando à recaída?”(Kasanetz et al., 2010)
  • 41. LIBERAÇÃO DE DOPAMINA NO NÚCLEO ACCUMBENS • Ativação das vias de Reforço/Recompensa Cerebral: vias mesolímbica e mesocortical MECANISMO NEUROBIOLÓGICO COMUM ENTRE AS DROGAS
  • 42. E. J. Nestler 2005 O mecanismo de ação agudo comum de drogas psicotrópicas é a capacidade de ativar a via dopaminérgica mesolímbica, levando a liberação de dopamina (DA) no núcleo accumbens.
  • 43. Sistema motivacional Tres regiões cerebrais merecem destaque: 1. Amygdala: emoção. 2. Cortex prefrontal (PFC) : avalia a intensidade da emoção e sua saliencia motivacional 3. Nucleus Accumbens: convergencia comum dos comportamentos motivacionais PFC
  • 44. Fases da adição 1.Efeitos agudos das drogas – dopamina é liberada fasicamente e em altos níveis  reforço positivo 1.Transição para adição - as projeções glutamatergicas do cortex prefrontal para o accumbens são os principais responsáveis pela procura da droga. Essas projeções são moduladas pelos mediadores do estresse e novas conexões são condicionadas a pistas 3. Estágio final da adição – urgência em conseguir a droga, uso compulsivo. Perda do controle de iniciar e parar o uso, redução do prazer com a droga
  • 45. Desenvolvimento da adição/dependência ESTÁGIO 1 INTOXICAÇÃO/REFORÇO (+) ESTÁGIO 2 AFETO NEGATIVO/REFORÇO (-) ESTÁGIO 3 PREOCUPAÇÃO/ANTECIPAÇÃO
  • 46. Koob et al., 2009 ESTÁGIO 1 – INTOXICAÇÃO/INICIAÇÃO Reforço positivo DA, Opioides, GABA, Glu, endocanabinoides, 5-HT
  • 47. Koob et al., 2009 ESTÁGIO 2 – AFETO NEGATIVO/SA Reforço negativo Dopamina,GABA, Glutamato, CRF, Noradrenalina, Neuropeptideo Y, Dinorfina, Substancia P
  • 48. Koob et al., 2009 ESTÁGIO 3 – PREOCUPAÇÃO/ANTECIPAÇÃO Craving/ automação / prejuizo da função executiva Glutamato, endocanabinoides, GABA, Noradrenalina
  • 49. Efeitos reforçadores com liberação DA suprafisiológica no circuito motivacional induzindo mudanças na sinalização celular: DA +  D1R +  PKA +  CREB  indução de cFos  mudanças neuroplásticas de curta duração (poucas horas ou dias) Estágio I – efeitos agudos das drogas
  • 50. Uso repetido acumula mudanças na função neuronal: DA +  D1R +  proteinas com meia vida longa, como FosB (overexpressed)  FosB é um regulador transcricional que modula a síntese de certas subunidades do AMPA-R e de certas enzimas sinalizadoras da célula (tirosina-hidroxilase, RGS9-2, autoR-D2, DAT)  Mudanças compensatórias (homeostase) Estágio II - transição
  • 51. Mudanças na expressão de proteinas conferem vulnerabilidade para recaída. • “Redirecionamento” do sistema DA para o Glu  adaptações celulares nas projeções glu do c. préfrontal para o NAcc • “Automaticidade” da resposta de procura frente a pistas e estresse (duradouro - anos, irreversivel????) Estágio III - estágio final da adição
  • 52. • A plasticidade sináptica reorganiza os circuitos neurais (reforça e elimina) através da alteração da expressão gênica e proteica em resultado a LTP e LTD (NMDA-R e AMPA-R). Neuroplasticidade e Adição
  • 54.
  • 56. Cérebro sob efeito agudo da cocaina 1-2 Min 3-4 5-6 6-7 7-8 8-9 9-10 10-20 20-30 Photo courtesy of Nora Volkow, Ph.D. Mapping cocaine binding sites in human and baboon brain in vivo. Fowler JS, Volkow ND, Wolf AP, Dewey SL, Schlyer DJ, Macgregor RIR, Hitzemann R, Logan J, Bendreim B, Gatley ST. et al. Synapse 1989;4(4):371-377. Binding de cocaina em humanos (PET)
  • 57. Cérebro após uso crônico de cocaína Normal Adicto cocaina - 10 dias de abstinencia Cocaine Abuser (100 days) Photo courtesy of Nora Volkow, Ph.D. Volkow ND, Hitzemann R, Wang C-I, Fowler IS, Wolf AP, Dewey SL. Long-term frontal brain metabolic changes in cocaine abusers. Synapse 11:184-190, 1992; Volkow ND, Fowler JS, Wang G-J, Hitzemann R, Logan J, Schlyer D, Dewey 5, Wolf AP. Decreased dopamine D2 receptor availability is associated with reduced frontal metabolism in cocaine abusers. Synapse 14:169-177, 1993. Mudanças Metabólicas em humanos Adicto cocaina - 100 dias de abstinencia
  • 58. Photo courtesy of NIDA from research conducted by Melega WP, Raleigh MJ, Stout DB, Lacan C, Huang SC, Phelps ME. 10 dias de Anfetamina em macacos Consequencias de longa duração
  • 59. RECUPERAÇÃO DA FUNÇÃO CEREBRAL APÓS ABSTINENCIA PROLONGADA NORMAL METANFETAMINA 1 mês abstinente METANFETAMINA 14 meses abstinente
  • 60. Memoria das drogas - craving Nature Video Cocaine Video Anterior Posterior Amygdala not lit up Amygdala activated Photo courtesy of Anna Rose Childress, Ph.D. Filme neutro Filme sobre cocaina
  • 61. Clique para adicionar texto • Com o amadurecimento formam-se conexões sinápticas e a substância cinzenta diminui no sentido de trás para frente. • Áreas relacionadas com funções mais básicas amadurecem antes e as de funções mais complexas depois. • O córtex prefrontal (razão e funções executivas) é o último a surgir e a amadurecer. Estudos genéticos demonstram que estas áreas com desenvolvimento mais tardio são as menos influenciadas pela hereditariedade. (Paul Thompson, UCLA Lab. of Neuroimaging) Desenvolvimento cerebral (5 - 20 anos). MRI (magnetic ressonance images) Substância cinzenta
  • 62. Vulnerabilidade ADIÇÃO MECANISMOS CEREBRAIS DROGA BIOLOGIA/GENES AMBIENTE Genetica Genero Hormonios Idade Transtornos mentais Via administrada Efeito farmacologico Uso precoce Disponibilidade Custo Lar caotico, abuso sexual Uso e atitudes familiares Influencia dos colegas Atitudes da comunidade Fraco desempenho escolar
  • 63. Psicoterapia da Adição • Aumentar o valor da saliência de reforçadores naturais (inclusive suporte social) • Fortalecer o controle inibitório e a função executora • Diminuir respostas condicionadas através de monitoramento e enfrentamento • Promover a re-consolidação da memoria (Milton; Everitt, 2012)
  • 64. “Somos o que repetidamente fazemos”. “É fazendo que se aprende a fazer aquilo que se deve aprender a fazer”. (Aristóteles)
  • 65. Obstáculos para tratamento da Adição • Retenção do paciente ao programa, incluindo a aderência ao medicamento; • Custo da manutenção num programa de tratamento prolongado (5 anos para considerar “curado”); • A estigmatização do adicto  importante barreira para desenvolver um novo estilo de vida, sem droga; • Manter a abstinencia quando o indivíduo retorna ao ambiente previamente pareado com a droga.
  • 66. COMPARAÇÃO DE TAXAS DE RECAÍDA ENTRE ADIÇÃO E OUTRAS DOENÇAS CRONICAS
  • 67. Necessidade uma AÇÃO ATIVA dos diversos segmentos da sociedade Necessidade da mudança de modelo de saúde  de curativo para preventivo/promoção da saúde Necessidade da mudança na formação dos profissionais Necessidade de discussão de alternativas para lidar com a questão das drogas
  • 68. A adição é um fenômeno bio-psico-social e seu tratamento deve ser integrativo e analítico e não reducionista. (Kalant, 2009; Cunningham; McCambridge, 2011)
  • 69. Resumindo… - Adição não pode ser “curada” com força de vontade. - Reforço/motivação não é igual a prazer. - Recaída ocorre em resposta à droga/ ao estresse/ às pistas - “Curar” não muda o circuito - Adição pode ser prevenida e tratada
  • 71.
  • 74. Lei 11343/06 não fala sobre a quantidade de droga, não possui um critério objetivo, quantitativo para diferenciar traficante do usuário. O que ela diz é que, em cada caso, o juiz deve levar em consideração a quantidade, a natureza da droga, o local e as condições em que o fato se deu, a conduta do acusado, suas condições sociais e seus antecedentes. Em julgamentos sob tais condições, a classe social do acusado pode pesar.
  • 75. Além da quantidade de droga em poder do investigado, é necessário fazer uma série de observações antes de qualificá-lo como traficante. "Tem que ver também o local, o histórico criminal, comportamento da pessoa e mais uma série de fatores, como droga fracionada, dinheiro em espécie, etc.”
  • 76. CCJ aprova em 10/2014: Quem portar quantidade de droga equivalente a cinco dias de consumo, será considerado usuário. Acima dessa quantidade, será enquadrado como traficante. A Anvisa será responsável por definir qual a quantidade de consumo diário. Pesquisa da Fiocruz: uso diário16 pedras de crack, ou seja, 80 pedras em cinco dias.