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Percebendo e recebendo o Poder
Sobrenatural de Deus na tua vida
Os Dons
do
Espírito
“OS DONS DO ESPÍRITO”
©
Copyright 6
201 tradução portuguesa, erek
D rince
P Portugal
Originalmente publicado com o título:
”The gifts of the Spirit”: Understanding and receiving God´s
Supernatural Power in your Life.
©
Copyright 2007 Derek Prince Ministries, International
-9
18
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8501
9-
8
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78
9
ISBN:
Publicado em português ela
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EditoraUm Lda.
Unipessoal
Êxodo
CaminhoNovo LoteX,
9700-360 AGH
Feteira
E-mail:umexodo@gmail.com
Autor: Derek Prince
Tradução: Rodrigo Bento
Correção: Alda Silva e José Fernando Faría
Redação: Christina van Hamersveld
Layout capa: Um Êxodo
erek
D rince
P Portugal
CaminhoNovo LoteX,
9700-360 AGH
Feteira
Telf.:(00351) 295 3738
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E-mail: erek
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p portugal@gmail.com
Índice
Parte 1 -ANatureza dos Dons .......................................................07
Cap.1 - Os Dons do Espírito Santo ...........................................09
Cap.2 - Charisma: Dons de Graça............................................29
Cap.3 -AManifestação do Espírito..........................................47
Parte 2 - Dons de Revelação ..........................................................59
Cap.4 - Uma Palavra de Sabedoria ...........................................61
Cap.5 -APalavra de Conhecimento.........................................83
Cap.6 - Discernimento de Espíritos .........................................97
Parte 3 - Dons de Poder ...............................................................119
Cap.7 - Fé ..............................................................................121
Cap.8 - Dons de Curas ...........................................................147
Cap.9 - Operações de Milagres ..............................................159
Parte 4 - Os DonsVocais ..............................................................175
Cap.10 -Tipos de Línguas e Interpretação de Línguas............177
Cap.11 - Profecia ...................................................................201
Cap.12 - Como Julgar a Profecia ...........................................227
Parte 5 - Usando os Dons .............................................................255
Cap.13 - Como Exercitar Dons Espirituais ............................257
***
Sobre Derek Prince ....................................................................... 289
Derek Prince Ministries ................................................................ 290
Outros Livros de Derek Prince ...................................................... 291
Parte 1
A Natureza dos Dons
Capítulo 1
Os Dons do Espírito Santo
O Novo Testamento descreve o Cristianismo como um
modo de vida sobrenatural. Para sermos membros
funcionais do corpo de Cristo, assim como Suas
testemunhas eficazes no mundo, precisamos de
compreender os nove dons sobrenaturais do Espírito Santo
e o modo como operam nas nossas vidas. O apóstolo Paulo
listouestesdons em1Coríntios12:
Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há
diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há
diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera
tudo em todos. A manifestação do Espírito é dada a cada
um para o que for útil. A um pelo Espírito é dada a palavra
da sabedoria; a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da
ciência; a outro, pelo mesmo Espírito, fé; a outro, pelo
mesmo Espírito, dons de curar; a outro, a operação de
milagres; a outro, profecia; a outro, discernimento de
espíritos; a outro, variedade de línguas, e a outro,
interpretação de línguas. Mas um só e o mesmo Espírito
opera todas estas coisas, distribuindo particularmente a
cadaum comoquer.(1Coríntios12:4-11)
Todos estes dons são sobrenaturais. Nenhum deles poderia
9
ser explicado por talento natural, educação, ou habilidade.
Uma palavra de sabedoria ou conhecimento não é o tipo de
sabedoria ou conhecimento que vem por passarmos quinze
anos na universidade e termos três cursos. É a sabedoria ou
a ciência que é dada pelo Espírito Santo. Cura não é o tipo
de cura que é administrada pelo médico de clínica geral ou
pelo cirurgião – apesar de respeitarmos a ciência médica e
estarmosgratosporela.Trata-sedecurasobrenatural.
Os Nove Dons do Espírito
Vejamos uma tradução mais literal de alguns dos dons do
Espírito, apresentados na passagem anterior, para nos
prepararmos para explorar cada um em detalhe nos
próximos capítulos. No versículo 8, onde na versão João
Ferreira deAlmeida está escrito “Aum pelo Espírito é dada
a palavra da sabedoria; a outro, pelo mesmo Espírito, a
palavra da ciência”, na verdade não existe o artigo
definido “a” no Grego original. Assim sendo, eu traduzo
estes dons como “uma palavra de sabedoria” e “uma
palavra de ciência”. No versículo dez, “a outro, a operação
de milagres” é, literalmente, “operações de milagres”.
Ambas as palavras estão no plural. Igualmente
“discernimento de espíritos” deveria ser “discernimentos
deespíritos”.
Quatro dos dons são, portanto, plurais na sua natureza: (1)
dons de curas, (2) operações de milagres, (3)
discernimentos de espíritos e (4) variedade de línguas.
Reconhecer a natureza plural destes dons é importante para
compreendermoscomoelesfuncionam.
Os nove dons dividem-se facilmente em três grupos de três,
sob os títulos de Dons de Revelação, Dons de Poder e Dons
Vocais.
10
Dons deRevelação
Umapalavradesabedoria
Umapalavradeciência
Discernimentosdeespíritos
Dons dePoder
Fé
Dons decuras
Operaçõesdemilagres
DonsVocais
Variedadedelínguas
Interpretaçãodelínguas
Profecia
Durante muitos anos, professores Bíblicos e comentadores
têm listado os dons espirituais em grupos de três com o
propósito de facilitar a sua referência e classificação – três
grupos, cada um dos quais contendo três dons ou
manifestações. Este agrupamento não é a única forma de
vermos os dons, mas é uma maneira prática de os dispor e
ajuda-nosacompreendê-losdeformamaisclara.
Uma palavra de sabedoria, uma palavra de ciência e
discernimentos de espíritos são dons de revelação; eles
transmitem revelação que não poderíamos receber de outra
maneira. Fé, dons de curas e operações de milagres são
dons de poder – são práticos e mostram resultados práticos.
Também poderiam ser chamados dons dramáticos; estes
são os dons que realmente prendem a atenção das pessoas.
Variedade de línguas, interpretação de línguas e profecia
são dons vocais porque eles, necessariamente, operam
atravésdascordasvocaishumanas.
11
Dons Ministeriais e Dons Espirituais
Para evitar uma potencial confusão, é importante
considerar a relação e as diferenças entre os dons
ministeriais, que são encontrados em Efésios 4:11 e estes
novedons doEspíritoSanto.
O contexto para os dons mencionados em Efésios 4:11 é o
Cristo ressurrecto, pois lemos nos versículos oito e dez:
“Por isso diz: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro, e
deu dons aos homens… Aquele que desceu é o mesmo que
subiu acima de todos os céus, para cumprir todas as
coisas.” O versículo onze especifica cinco dons principais
que o Cristo ressurrecto deu à humanidade: “E ele mesmo
deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros
para evangelistas,eoutros para pastores edoutores…”
Vejamosos dons emduascolunasparalelas:
Dons Ministeriais OsDons do Espírito
Apóstolos Umapalavradesabedoria
Profetas Umapalavradeciência/
deconhecimento
Evangelistas Fé
Pastores Dons decuras
Doutores/professores OperaçõesdeMilagres
Profecia
Discernimentosdeespiritos
Variedadedelínguas
Interpretaçãodelínguas
Estes dois grupos de dons distinguem-se um do outro de
trêsformas.
12
APessoacomoDom /ODom Dado auma Pessoa
Primeiro, com os dons ministeriais, o próprio crente é o
dom dado por Cristo à Sua igreja. As Escrituras realçam
isto: “E ele mesmo deu uns para apóstolos…” Ele não deu a
alguns a possibilidade de se tornarem apóstolos, mas Ele
deu uns para apóstolos. Apóstolos, profetas, evangelistas,
pastores e doutores (ou professores) são os dons
ministeriais de Jesus para a Sua igreja, porque a igreja
nunca poderá ser o que Ele pretende sem eles. Por exemplo,
o apóstolo Paulo foi o dom ou a dádiva de Jesus para os
crentesGentios.
Em contraste, com os dons espirituais, o dom é dado à
pessoa, que passa a ser capaz de o ministrar aos outros.
Paulo escreveu: “A um, pelo Espírito é dada a palavra da
sabedoria; a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da
ciência…” (1 Coríntios 12:8). Assim sendo, com dons
ministeriais, a pessoa é o dom, e com dons espirituais, a
pessoatemodom.
O Dom como Trabalho de Uma Vida / O Dom como
BreveManifestação
Segundo, com um dom ministerial, cada aspecto do todo o
ministério, perfaz o dom. É como um atleta que corre a
milha mais depressa do que todos os outros.Toda a sua vida
se centra no correr a milha. De forma semelhante, para a
pessoa que é um dom ministerial para a igreja, toda a sua
vida se centra em ser apóstolo, profeta, evangelista, pastor,
ou professor. Paulo frequentemente comparava o
ministério Cristão às actividades dos atletas porque há
muitas coisas paralelas entre elas, no que toca à
necessidade de treino, disciplina e dedicação. Um
ministérioéotrabalhodetodaumavida.
13
Por outro lado, os nove dons sobrenaturais são breves,
dramáticos, brilhantes manifestações que nos prendem a
atenção, que acontecem e terminam. Por exemplo, uma
pronunciação profética pode durar segundos ou minutos, e
está completa. Não é algo que dure para sempre. Uma
palavra de sabedoria ocorre em poucos segundos. Um
homem subitamente recebe uma revelação que o dirige a
fazer algo que ele não poderia saber fazer por compreensão
natural. Quando o dom de discernimentos de espíritos é
dado, a pessoa poderá subitamente ver que há um espírito
de orgulho ou luxúria em alguém. O dom espiritual é quase
como um flash de um relâmpago, está lá por breves
momentosedepoisacaba.
CarácterEssencial/CarácterNão um Pré-Requisito
Terceiro, um dom ministerial não se pode divorciar do
carácter de uma pessoa. Tem de ser assim por causa da
própria natureza dos dons ministeriais; é essencial ao seu
bom funcionamento. Por outro lado, com dons espirituais,
o carácter não está necessariamente envolvido. Poderia
parecer que tal devesse acontecer, mas nem sempre é
assim. É importante para nós compreendermos isto ou
corremos o risco de termos amargas desilusões. Por vezes a
fé das pessoas fica afectada quando conhecem alguém cujo
carácter não parece corresponder ao dom que ela está a
exercer.
Por exemplo, se uma pessoa é preguiçosa e irresponsável
antes de receber um dom espiritual, é muito provável que
ela continue a ser preguiçosa e irresponsável depois de ter
recebido o dom. Ela pode levantar-se e profetizar como um
anjo e, no entanto, deixá-lo à espera em cada encontro que
marcar consigo. Não obstante Paulo ter escrito em Efésios
14
4:11, “E ele mesmo [Cristo] deu uns para… profetas…”,
ele também escreveu em 1 Coríntios 14:31, “Pois todos
podereis profetizar, uns depois dos outros, para que todos
aprendam, e todos sejam consolados.” Todos os crentes
poderão exercer o dom espiritual da profecia. Contudo,
Deus nunca diz que todos nós seremos profetas. Profetizar,
em si mesmo, não nos dá o ministério de um profeta, nem o
carácter que necessariamente corresponde a um dom
ministerial. No entanto, se receber um dom sobrenatural, a
sua responsabilidade aumenta. E uma pessoa responsável
terá uma conduta tal, que o dom andará de mãos dadas com
tudo o que ela faça. O que nós vemos, é que nem todos os
que recebem um dom assumem essa responsabilidade ou
sãosuficientementematuros.
Para nos ajudar a compreender melhor este conceito, os
dons do Espírito Santo são como presentes debaixo da
árvore de Natal. Não demora muito tempo para colocarmos
um presente debaixo da árvore de Natal ou para abrirmos o
presente. Estes são actos momentâneos. Certa vez abri um
presente de Natal e descobri que recebera um polidor de
sapatos eléctrico, mas isso não me tornou numa pessoa
diferente do que eu era antes. Não alterou nenhuma parte
domeucarácter.
Por favor não me interpretem mal, não é o meu propósito
depreciar os dons. O meu propósito é unicamente apontar
as diferenças entre as várias maneiras através das quais a
graça de Deus (o Seu gratuito e imerecido favor) e o
Espírito Santo operam, assim como os seus parâmetros. Se
pensarmos que o mero exercício de um dom espiritual nos
torna pessoas espirituais, devemos lembrar-nos da jumenta
de Balaão. Isto far-nos-á regressar de novo à terra. Deus fez
15
um burro falar com o profeta porque o profeta não dava
ouvidos a Deus. (Veja Números 22:22-40).Alição pode ser
sumariada da seguinte forma: Se você fosse um jumento
antes de profetizar, sabe o que seria depois disso? Os dons
espirituais só por si não mudam a natureza ou o carácter.
Deus podeusarumjumentocomoúltimorecurso.
Os dons espirituais só por si não mudam a natureza ou o
carácter. Deus pode usar um jumento como um último
recurso.
Novamente digo que isto não deprecia os dons, mas temos
decompreenderqueelessãodádivas.
OsDons eoFrutodo Espírito
Outra forma de olharmos para os dons e carácter é
percebermos que os dons espirituais são uma coisa e o fruto
do Espírito é outra. Já vimos que existem nove dons do
Espírito e Gálatas 5:22-23 revela que também existem
nove características do fruto do Espírito: “Mas o fruto do
Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade,
bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio.” Muitos
Cristãos passam, de certa forma, ao lado do que Deus tem
reservado para eles, por não fazerem uma distinção básica
e lógica entre os dons e o fruto do Espírito. Eu referi
anteriormente que os dons são como presentes debaixo da
árvore de Natal. Também podemos afirmar que a diferença
entre os dons e o fruto é semelhante à diferença entre os
ornamentos na árvore de Natal e os frutos de uma árvore
frutífera. Colocar um ornamento numa árvore de Natal
demora apenas uns breves instantes e o ornamento não faz
parte da árvore. Contudo, não podemos colocar uma maçã
numa macieira. Ela aparece por um processo de cultivo,
16
crescimento e maturação. Você sabe que vai demorar
algum tempo para que aquela macieira produza maçãs que
valham a pena comer. De forma semelhante, existe um
processo envolvido com o crescimento do fruto espiritual.
Temdeser cultivadocomtrabalho,paciênciaehabilidade.
Seria um absurdo esperarmos que uma macieira ou
laranjeira recém plantada desse fruto instantaneamente. O
apóstolo Paulo escreveu: “O lavrador que trabalha deve ser
o primeiro a gozar dos frutos.” (2 Timóteo 2:6). Os frutos
não aparecem sem trabalho. Penso que este é um facto a
que nós muitas vezes damos pouca importância. Falamos
do surgimento espontâneo dos frutos sem trabalho. Os
frutos conseguem crescer sozinhos, mas nos actuais
mercados mundiais você não conseguiria vender nenhum
tipo de fruto que fosse simplesmente deixado a crescer por
si só.Todos os frutos requerem um cultivo cuidadoso e, por
vezes, intensivo que envolve tempo e dedicação.
Igualmente, alguém que não cultive o fruto espiritual não o
levaráàperfeição.
Alguém que não cultive o fruto
espiritual não o levará à perfeição.
Também devemos compreender que um dom do Espírito
não será tão eficaz como deveria, a menos que o fruto do
Espírito seja cultivado com ele. E o exercício do dom
poderá produzir uma mudança no carácter, apesar de tal
nãoacontecerquandose recebeodom.
Em 1 Coríntios 13:1-2, Paulo referiu que, mesmo que
tenhamos todos os dons do Espírito, se não tivermos amor,
de nada nos servem, não têm qualquer valor para a pessoa
17
que os tem. As suas declarações são muito interessantes
porque os dons ainda poderão ter valor para outras pessoas.
Se eu possuir o dom de curas e o exercitar sem amor, não
me traz qualquer proveito, mas poderá trazer proveito à
pessoa que é curada. Oral Roberts relatou um incidente
acerca deste aspecto que eu jamais me esqueci. Uma
mulher incomodava-o após uma reunião. Ela excedia os
seus limites e corria atrás dele. Ele disse-lhe: “Areunião já
acabou. Eu não oro por pessoas em privado.” Ela nunca o
deixou e insistiu de tal forma que, eventualmente num
rasgo de impaciência, ele estendeu a sua mão,tocou-lhe e
ela ficou curada. Apesar do sucedido, ele disse: “Eu não
recebi qualquer bênção disto. Não me trouxe qualquer
proveito.”Apessoa que exercita o dom não beneficia dele a
menosqueoexerciteemamor.
A pessoa que exercita o dom não beneficia
dele a menos que o exercite em amor.
Eu já tive algumas experiências semelhantes. E fiquei
surpreendido com os resultados, considerando a forma
comomesentia!Mas Deus émaiordoquenós.
Algumas pessoas dizem que não necessitam de dons,
porque já possuem o fruto espiritual.Aexperiência tem me
ensinado a questionar até que ponto estas pessoas
realmente terão fruto. Suponha que alguém diz: “Eu tenho
amor, não preciso de dons.” Isto é contrário ao que está nas
Escrituras, porque a Bíblia diz: “Segui o amor, e procurai
com zelo os dons espirituais…” (1 Coríntios 14:1). Uma
das evidências de que seguimos ou desejamos o amor é que
procuramos os dons espirituais. Na verdade, os dons
espirituais são as ferramentas através das quais o amor
18
trabalha. Os dons são os meios pelos quais o amor se torna
eficiente.
Os dons são os meios pelos
quais o amor se torna eficiente.
O amor sem os dons fica gravemente frustrado e impotente.
Estou certo de que o amor nunca levará um crente a recusar
os dons de Deus. A minha resposta a tal pessoa seria: “O
que vai fazer com todo esse amor? Como vai ajudar a
humanidade? Você precisa dos dons para essa tarefa.”
Imaginem uma mãe sentada ao lado do seu filho que está
doente e lhe diz: “Querido, eu amo-te, mas vou
simplesmente ficar aqui sentada. Não vou ver se tens febre,
não te vou dar qualquer remédio, não vou chamar o médico
ou sequer orar por ti. Mas eu amo-te.” Quanto amor terá
estamãe?Elatemamornas palavras,masnãonos actos.
Mais uma vez digo, um dos principais meios pelo qual é
permitido ao amor actuar é através dos dons do Espírito
Santo. Por exemplo, se queremos edificar a igreja pelo
nosso amor a ela, então desejaremos o dom que mais
edifica a igreja, que é o de profecia. Ou, se amamos os
enfermos, desejaremos os dons que nos permitirão
ministrar a eles, ou seja, os dons de curas e operações de
milagres. O amor bíblico é sempre muito prático. Ele não
se baseiaapenasemfrases bonitas,elefazalgumacoisa.
O amor bíblico é sempre muito prático.
Não devemos ser extremistas. Precisamos tanto dos dons
como do amor. Precisamos tanto dos dons como do fruto.
Precisamos tanto de dons espirituais como dos dons
19
ministeriais. Nenhum destes é um substituto para qualquer
umdos outros.Precisamosdetodoseles.
Todos os Crentes Têm Dons Espirituais
Ao continuarmos a explorar a natureza dos dons
espirituais, gostaria de abordar certas perspectivas que as
pessoas têm acerca dos dons espirituais, que são confusas e
não bíblicas. A primeira é que algumas pessoas acreditam
que é errado dizer que os crentes “têm” dons espirituais,
porque isso indicaria orgulho. No entanto, uma pessoa não
tem nada em que se orgulhar quando recebe um dom. Em
primeiro lugar, como já vimos, o dom não torna a pessoa
diferente do que era antes de o ter recebido. Em segundo
lugar, essa pessoa não tem nada que a torne diferente de
todas as outras excepto o dom, e isso não é algo que tenha
vindo dela própria, ou que ela tenha obtido por mérito
próprio. Uma pessoa pode ter um dom e estar grata por ele
semsentirorgulho.
A segunda é que algumas pessoas não acreditam que os
crentes devam dizer, por exemplo, “Eu tenho o dom de
curas.” Elas pensam que se alguém é curado, que é a pessoa
curada quem recebeu o dom. Ou se é manifestado o dom de
profecia, elas pensam que é o recipiente quem obtém o
dom. Esta perspectiva pode ter um efeito muito confuso
nas pessoas e quero deixar claro que este ponto de vista não
é bíblico. Se Deus dá um dom a si, ou a mim, nós temos a
obrigação de confessar que Ele no-lo deu. Eu conheço
homens que obviamente têm um dom divino de curar mas
que, de forma a evitar controvérsias ou críticas, não o
confessam. Eles dizem: “Eu nunca afirmei ter um dom de
20
curas. Deus cura.” É verdade que Deus cura, mas Ele usa
instrumentoshumanosparaefectuaressa cura.
Vejamos alguns lugares no NovoTestamento que declaram
categoricamentequeos crentespossuemdons.
A primeira carta aos Coríntios 12:7 diz: “A manifestação
do Espírito é dada a cada um para o que for útil” (ênfase
adicionada). Com a língua Grega, os tempos dos verbos
são muitas vezes de vital importância. Neste versículo, o
verbo está num tempo presente contínuo. “A um pelo
Espírito é com regularidade dada a palavra da sabedoria”, e
assim sucessivamente. Uma pessoa que tem estes dons,
manifesta-osregularmente.
“Temos diferentes dons, segundo a graça que nos é dada”
(Romanos12:6,ênfaseadicionada).
“Mas cada um tem de Deus o seu próprio dom; um de uma
maneira, e outro de outra” (1 Coríntios 7:7, ênfase
adicionada).
“Têm todos dons de curar? Falam todos em outras línguas?
Interpretam-nas todos?” (1 Coríntios 12:30). Este
versículo é importante porque inclui um dos dons que as
pessoas mais hesitam em dizer que têm. Quando Paulo
escreveu “Têm todos dons de curar?”, ele está claramente a
dizer que nem todos têm, mas há quem o tenha. Se tal não
fosse, esta seria apenas uma insignificante pergunta
retórica. Aqui temos uma clara autoridade das Escrituras
para que os crentes digam: “Eu tenho dons de curas (ou de
interpretação de línguas, ou outro qualquer). Deus deu-mos.
Não me torna melhor do que eu era antes, mas devo dizer
21
que, no que toca à experiência, eles manifestam-se
regularmenteatravésdemim.”
“Portanto, procurai com zelo os melhores dons” (1
Coríntios 12:31). Se não pudéssemos ter dons, não haveria
nada para procurar. É claro que é a vontade de Deus que nós
procuremosterdons.
É a vontade de Deus que nós procuremos ter dons.
“Não desprezes o dom que há em ti, o qual te foi dado por
profecia, com a imposição das mãos do presbitério” (1
Timóteo 4:14, ênfase adicionada) e “Por este motivo eu te
exorto que despertes o dom de Deus, que há em ti pela
imposição das minhas mãos” (2 Timóteo 1:6, ênfase
adicionada). Paulo escreveu a Timóteo de tal forma que é
absolutamente claro que ele considerava queTimóteo tinha
um determinado dom. Se o dom está em si, então você tem-
no.
“Servi uns aos outros conforme o dom que cada um
recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de
Deus” (1 Pedro 4:10, ênfase adicionada). Pedro usou uma
linguagem semelhante à de Paulo. Não podemos ministrar
aquilo que não temos. Primeiro há que o receber. Pedro
assumiu que todos os Cristãos teriam dons, permitindo-nos
ministrar uns aos outros. A verdadeira pobreza é não
termos algo com que contribuir. Esta é a trágica condição
de provavelmente 90 por cento dos Cristãos que
frequentam igrejas e que professam a sua fé em Cristo. Eles
não receberam o que Deus lhes disponibilizou e, como tal,
não o podem dar. Mas esta não é a vontade de Deus.
Nenhum crente no Senhor Jesus Cristo tem necessidade de
22
estar sem a sua própria e distinta manifestação do Espírito
Santo. “A manifestação do Espírito é dada a cada um para
o que for útil. Mas um só e o mesmo Espírito opera todas
estas coisas, distribuindo particularmente a cada um como
quer”(1Coríntios12:7,11).
Enquanto a todos os crentes são dados dons distintos, isto
não limita o Espírito Santo de manifestar qualquer dom
através de qualquer pessoa em qualquer tempo que Ele
queira, porque todos os dons residem n'Ele. Por exemplo,
se estiver numa emergência e alguém estiver a morrer à sua
frente, não tem de ficar a olhar para a pessoa e dizer: “Eu
não tenho o dom de curar, portanto não há nada que eu
possa fazer.” Se está cheio do Espírito Santo, tem todos os
dons em potencial n'Ele. Não há nada que impeça o
Espírito Santo de manifestar o dom da cura através de si
naquele momento. Contudo, as Escrituras não justificam
que diga que tem o dom de curas, a menos que ele seja
regularmente manifestado na sua vida. Deus pode dar
qualquer tipo de manifestação que seja necessária a
qualquer pessoa, mas isto não é o mesmo que ter o dom.
Não diríamos que o burro de Balaão tinha o dom da
profecia. Porquê? Porque aconteceu somente numa
ocasião.
Portanto, Paulo começou e terminou a sua lista de dons do
Espírito lembrando-nos que, como crentes, cada um de nós
tem o privilégio ter a sua manifestação específica do
Espírito Santo na sua vida. Paulo não sugere que Deus nos
condiciona apenas a uma manifestação. Mas se vivermos
na nossa herança espiritual, temos o direito de gozar as
manifestações do Espírito Santo nas nossas vidas.
Qualquer crente que está a viver sem estas manifestações,
23
está a viver abaixo do nível da provisão de Deus para a sua
vida.
Terão Sido os Dons Retirados da Igreja?
Algumas pessoas dizem-nos que os dons foram retirados
da igreja depois do primeiro século. No entanto Paulo disse
que a igreja deve exercitar os dons enquanto espera pelo
regresso doSenhorJesus.
Sempre dou graças ao meu Deus por vós pela graça de
Deus que vos foi dada em Jesus Cristo. Pois em tudo fostes
enriquecidos nele, em toda a palavra e em todo o
conhecimento, assim como o testemunho de Cristo foi
confirmado entre vós; de modo que nenhum dom vos
falta, aguardando a revelação de nosso Senhor Jesus
Cristo, o qual vos confirmará também até ao fim, para
serdes irrepreensíveis no dia de nosso Senhor Jesus
Cristo.(1Coríntios1:4-8,ênfaseadicionada)
Quanto mais se aproxima o regresso do Senhor, mais
precisamos de manifestar os dons. Não há qualquer
Escritura na Bíblia que sugira que os dons sobrenaturais da
graça de Deus serão alguma vez retirados da igreja de Jesus
Cristo. Quando a igreja, como a noiva, for ao encontro de
Jesus, o Noivo, ela será adornada com os dons que Ele lhe
enviou.
O motivo por que alguns crentes não têm estas
manifestações é que eles nunca deram o passo vital do que
é natural para o que é sobrenatural.Acredito que o primeiro
passo essencial é o baptismo no Espírito Santo,
acompanhado pela manifestação miraculosa de falar em
24
outras línguas. Uma vez que entrou no reino do
sobrenatural, é a vontade de Deus que continue a actuar
nesse reino.
Os dons espirituais não são algo remoto de uma era
passada. Nem tão-pouco estão reservados somente para
alguns gigantes espirituais ou pregadores e missionários
em terras estrangeiras. O Novo Testamento revela os dons
como parte do equipamento espiritual da vida Cristã para
crentesdetodosos temposatéqueCristovolte.
Os dons fazem parte do equipamento
espiritual da vida Cristã até que Cristo volte.
O Propósito Final dos Dons Espirituais
Vamos fechar este capítulo falando do propósito dos dons,
do ponto de vista de Deus. Frequentemente cometemos o
erro de vermos os Seus propósitos e provisão somente da
perspectiva do que eles farão para nós. Por exemplo, se
ouve pessoas falarem sobre o baptismo no Espírito Santo:
“sentir-se-á maravilhosamente bem se tiver o baptismo.”
Mas não se sentirá maravilhosamente bem todo o tempo.
Por vezes poderá sentir-se pior do que alguma vez se sentiu
porque poderá tornar-se mais consciente dos problemas,
das necessidades e das forças espirituais, algo que
anteriormente não se apercebia. Outros poderão dizer: “Ele
ajudá-lo-á tremendamente com o seu estudo da Bíblia”, o
que é verdade. Ou poderão dizer-lhe: “Terá o poder para
testemunhar.” Este também é um maravilhoso resultado do
baptismo. Contudo, todas estas razões para se receber o
baptismo no Espírito Santo estão direccionadas para o
nosso próprio proveito. O grande motivo para termos o
25
baptismo no Espírito Santo é o que ele fará para o corpo de
Cristo.
“Pois todos nós fomos baptizados em um só Espírito” (1
Coríntios 12:13). Porquê? Para nos tornarmos membros
eficazes do corpo de Cristo. Isto glorificará Deus. O
CatecismodeWestminsterincluiestadeclaração:
“Qual é o objectivo final do homem?” É “glorificar a Deus
e gozar da Sua presença para sempre.” Poucos de nós
compreendemos o facto de que o fim supremo da vida é
glorificar a Deus. Alguém me disse: “Se não existes para a
glória de Deus, não tens o direito de existir.” Esta é a
verdade. Tudo foi criado para o prazer de Deus. Porque são
os dons espirituais importantes? Porque trazem glória a
Deus.
Os dons espirituais são importantes
porque trazem glória a Deus.
O livro de Efésios contém algumas frases absolutamente
fantásticasnoquetocaaisto.
“…o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo…nos
predestinou para sermos filhos de adopção por Jesus
Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito da sua
vontade, para louvor e glória da sua graça, a qual nos deu
gratuitamente noAmado. …a fim de sermos para louvor da
sua glória,nós, os quedeantemãoesperamos emCristo.”
(Efésios1:3,5-6,12)
Qual é o propósito final de Deus em nos adoptar como Seus
filhos? Que nós sejamos para “louvor e glória da sua
graça.” Gosto particularmente da maneira como uma
26
versão traduz o fim do versículo seis: “…que nos fez
graciosamentefavorecidosnoAmado.”
Agraça é amontoada sobre nós.Agraça é-nos dada quando
não a merecemos, tornando-nos no objecto do especial
favor de Deus. Nós somos o objecto do Seu favor mais do
que tudo no universo por causa do nosso relacionamento
comJesus Cristo.
Nós, que somos os menos merecedores, que estamos mais
afastados de Deus, fomos aproximados ao máximo.Todas
as riquezas do favor de Deus têm sido amontoadas sobre
nós para que fôssemos para a glória da Sua graça por toda a
eternidade.
É aqui que os dons têm um papel a desempenhar. Efésios
3:10,diz:“Efoiassim para que agora, pela igreja, a
multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos
principadosepotestadesnas regiõescelestes.”
Aigreja de Jesus Cristo é para ser a revelação da sabedoria
deDeus paratodoouniverso.
A nossa tradução em Português diz “multiforme
sabedoria”, mas a palavra Grega é ainda mais forte,
significando “sabedoria infinitamente variada”. O nosso
exercício dos dons é uma forma significativa de como
Deus cumpre o Seu propósito de tornar conhecida a Sua
sabedoriainfinitamentevariadapelaigreja.
No próximo capítulo, veremos mais sobre esta bonita e
vital ligação entre a graça de Deus e os dons que Ele nos
concede.
27
Capítulo 2
Charisma: Dons de Graça
A palavra Grega para “dons” e “dom” em 1 Coríntios 12 é
charisma. Os nove dons que lá estão mencionados não são
os únicos dons charisma referidos nas Escrituras. Onde
quer que uma palavra reapareça nas Escrituras, tal como
charisma, é como uma corrente. Ela tende a mostrar-nos
passagens que devemos considerar conjuntamente para
obtermos uma imagem mais completa do que Deus está a
tentar revelar. Tendo uma compreensão dos outros tipos de
dons de graça, permite-nos situar os nove dons na sua
devida perspectiva. Por exemplo, no último capítulo,
vimos a relação entre os dons do Espírito e os dons
ministeriais.
A palavra charisma deriva do substantivo Grego charis.
Charis é normalmente traduzido como graça. Graça pode
ser definida como “o não merecido favor de Deus para com
os injustos e não merecedores.” Nada em nós apresenta
qualquer razão para a oferta de amor, misericórdia e favor
deDeus. ÉaSuagraçaqueO levaafazeristo.
Vejamos alguns factos importantes acerca da natureza da
graça de Deus que também se aplicam à natureza dos Seus
dons degraça.
29
ANaturezaeFuncionamentodaGraçadeDeus
GraçaéGratuita
Primeiro que tudo a graça é gratuita, não pode ser ganha. O
evangelho é uma manifestação da graça de Deus. É o Seu
favor para com os que não o mereceram, para com os que
mereciam julgamento e condenação por causa dos seus
pecados e rebelião.Apesar de Deus recompensar fielmente
os que fazem o bem, isto não é graça. A graça está num
nívelcompletamentediferentedarecompensapelasobras.
Muitas pessoas religiosas pensam que têm que fazer algo
para merecerem a graça de Deus e – ainda pior – muitas
delas pensam que fizeram algo para a merecer. Elas estão
erradas em ambos os sentidos, nós nunca poderemos fazer
algo para merecer a graça de Deus.Acoisa mais difícil para
uma pessoa religiosa compreender é que ela não exerce
qualquer direito sobre a graça de Deus. Não poderemos
agradar mais a Deus do que simplesmente estarmos
dispostos a aceitar a Sua graça sem que a tentemos merecer
ousermossuficientementebons.
Agradar a Deus é aceitar a Sua graça sem que a
tentemos merecer ou sermos suficientemente bons.
AGraçaéDada atravésda SoberaniadeDeus
Segundo, a graça de Deus é a Sua escolha soberana. Ele
tem toda a autoridade para fazer com ela o que bem Lhe
aprouver. Ele não deve explicações a ninguém ou tem de
prestar contas pela operação da Sua graça. O Senhor diz:
“Compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei
misericórdia de quem eu tiver misericórdia” (Romanos
9:15).
30
AGraçaVematravésdeJesus Cristo
Terceiro, a graça tem apenas um canal; há somente um
caminho pelo qual ela vem até à raça humana: Jesus Cristo.
Em João 1:17 nós lemos: “Pois a lei foi dada por
intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por
meiodeJesus Cristo.”
Deus não dá graça a ninguém, seja em que situação ou
circunstânciafor,senãopormeiodoSeufilho.
A Graça tem apenas um canal pelo
qual ela vem até nós: Jesus Cristo.
AGraçaVemaoHumilde
Quarto, a graça só é oferecida a um tipo de pessoa: ao
humilde. Tanto Tiago como Pedro citaram Provérbios 3:34
nas suas epístolas: “Ele escarnece dos escarnecedores;
mas dá graça aos humildes” (Tiago 4:6; 1 Pedro 5:5). Mais
uma vez digo, se nós orgulhosamente pensamos que
merecemos a graça de Deus, não a podemos receber.
Devemos recebê-la na base do humilde reconhecimento de
quenãoamerecemos.
AGraçaVematravésda Fé
Só há um meio pelo qual a graça é apropriada – pelo qual
pode efectivamente tê-la e experimentá-la na sua vida – e
esse meio é a fé. Efésios 2:8 diz: “Pois é pela graça que sois
salvos, por meio da fé – e isto não vem de vós, é dom de
Deus”.
Até a fé é dada por Deus. Não nos podemos gabar de termos
fé porque, até que Deus a tivesse dado, você não a tinha.
Deus oferece-nos a Sua graça somente através de Jesus
Cristo; é oferecida somente ao humilde e é apropriada
somentepelafén'Ele.
31
AGraçaéAdministrada peloEspíritoSanto
Só há um administrador ou dispensador da graça de Deus –
o Espírito Santo. Em Hebreus 10:29, Ele é chamado o
“Espírito da graça.” O Espírito administra a graça de Deus
tal como administra tudo o que recebemos através de Jesus
Cristo.
Charisma ao longo do Novo Testamento
Com este entendimento da natureza da graça, ou charis,
estamos numa posição que nos permite ver como a graça se
aplica aos dons de graça ou charisma.Adicionando “ma” a
“charis” transforma-o de um nome geral e abstracto para
um substantivo específico e definido. Charisma é a graça
que produz efeito.Assim sendo, um charisma é uma forma,
operação ou manifestação específica da graça de Deus. É a
graçatornadadisponívelnumaformaparticular.
Existem várias passagens no Novo Testamento onde a
palavra charisma é usada. Vejamos esses exemplos para
termos uma melhor ideia do significado desta palavra e das
suas ligações e, assim, podermos aplicá-la aos nove dons
espirituais.
Charisma emRomanos
Quando o apóstolo Paulo estava a escrever aos Cristãos em
Roma, a quem ele ainda não havia conhecido
pessoalmente, disse: “Desejo ver-vos, para vos comunicar
algum dom espiritual [charisma]” (Romanos 1:11). Paulo
não especificou qual o dom ou dons que tinha em mente.
Contudo, o uso da palavra “espiritual” imediatamente nos
dá a conhecer que ele se referia a dons, dos quais o Espírito
SantoeraoadministradoratravésdeJesus Cristo.
32
No quinto capítulo de Romanos, a palavra charisma
aparece duas vezes. Nestes exemplos, ela é traduzida por
“dom gratuito”, o que enfatiza especialmente a sua
associação com graça. Paulo estava a contrastar o que
aconteceu à raça humana através do pecado deAdão com o
que é oferecido à raça humana através da justiça de Jesus
Cristo.
Mas não é assim o dom gratuito [charisma] como a
ofensa. Pois se pela ofensa de um morreram muitos, muito
mais a graça [charis] de Deus e o dom [dorea] pela graça
[charis], que é de um só homem, Jesus Cristo, abundou
para commuitos.(Romanos5:15,ênfaseadicionada)
Neste versículo, Paulo alinhou directamente a graça e o
dom: “a graça de Deus” e “o dom pela graça de… Jesus
Cristo.” A palavra Grega para a segunda instância de
“dom” neste versículo é dorea, que significa “uma dádiva”.
Elatemaconotaçãodealgoqueédadolivremente.
Paulo enfatizou que o canal, que é somente através de Jesus
Cristo,“abundoupara commuitos.”
O dom [dorea] não é como a ofensa de um só que pecou: O
juízo veio de uma só ofensa, na verdade, para condenação,
mas o dom gratuito [charisma – o dom gratuito de Jesus
C r i s t o ] v e i o d e m u i t a s o f e n s a s , p a r a a
justificação.”(Romanos5:16,ênfaseadicionada)
Apesar da palavra charisma não ser utilizada no versículo
17, nós reconhecemos o dom específico de que Paulo
falava.
33
Pois se pela ofensa de um só, a morte reinou por esse,
muito mais os que recebem a abundância da graça, e o
dom [dorea] da justiça, reinarão em vida por um só, Jesus
Cristo.(ênfaseadicionada)
O dom gratuito a que Paulo referia é a justiça. É
tremendamente significativo que o primeiro dom de graça
específico mencionado no Novo Testamento seja o dom de
justiça. É a primeira manifestação da graça de Deus nas
vidas dos que vêm a Ele através de Jesus Cristo. Deus não
pode fazer nada por nós até que nos tenha tornado justos.
Justiça é um dom de graça, um dom gratuito e imerecido.
Ou nós o recebemos como uma dádiva ou simplesmente
nãootemos.
Deus não pode fazer nada por nós
até que nos tenha tornado justos.
Justiça é um dom de graça, ou nós o recebemos
como uma dádiva ou simplesmente não o temos.
A seguir, chegamos a este versículo bastante conhecido:
“Pois o salário do pecado é a morte, mas o dom [charisma]
gratuito de Deus é a vida eterna, em Cristo Jesus nosso
Senhor”(Romanos 6:23). Novamente, Paulo
deliberadamente delineou um contraste entre salário e dons
de graça – sendo o salário a recompensa devida pelo que
temos feito. Se trabalhar cinco dias por semana com um
determinado pagamento fixo, no final do mês terá
merecido o seu salário. Esta é a sua devida recompensa.
Paulo disse, que a recompensa devida pelos pecados que
todos nós cometemos é a morte. Se quiser justiça, pode tê-
la porque Deus é justo. Mas a alternativa à justiça é a Sua
34
graça – não é o que merecemos, não é aquilo no qual somos
suficientemente bons, não é o que trabalhámos para ter,
mas o gratuito e imerecido dom de Deus, que é a vida eterna
emJesus Cristonosso Senhor.
Em Romanos 8:10, Paulo estabeleceu a ligação entre vida e
justiça. “Mas se Cristo está em vós, o corpo, na verdade,
está morto por causa do pecado [a velha naturezaAdâmica
morreu], mas o espírito vive por causa da justiça.” Esta
vida vem pelo Espírito Santo porque nós somos
reconhecidos como justos. Deus não pode dar vida aos
injustos. A vida eterna vem na base da justiça de Cristo
imputadaemnós atravésdafén'Ele.
A vida eterna vem na base da justiça de
Cristo imputada em nós através da fé n'Ele.
Um pouco mais à frente, em Romanos 11:29, Paulo diz-
nos: “Pois os dons [charisma] e a vocação de Deus são
irrevogáveis.” Quando Deus concede um dom, Ele não
muda de ideias. Suponhamos que eu dava a uma das
minhas filhas adultas um carro novo. Se for realmente uma
dádiva, não posso retirá-lo se ela fizer algo que desaprovo.
Deoutraformaseriaapenasumempréstimocondicional.
Do mesmo modo, quando Deus nos dá dons, incluindo os
dons espirituais, Ele não os retira, mesmo que não os
usemos de forma apropriada. Nós somos responsáveis e
vamos prestar contas pelo uso que lhes damos, mas porque
são ofertas, não são revogados. Isto aplica-se tanto aos
dons de Deus como ao chamamento de Deus. Tenho
conhecido muitas pessoas que receberam o chamamento
para serem evangelistas. Em muitos aspectos as suas vidas
35
estavam desorganizadas. Elas até podem ter abusado do
álcool ou terem agido de forma imoral. Contudo, de cada
vez que pregavam, pecadores eram salvos. Poderá
questionar: “Como pode gente desta ser usada por
Deus?”Aresposta é simples. É porque Deus lhes deu o dom
e Ele nunca tira aquilo que dá. Se em qualquer momento o
receber e o manter de um dom for condicionado ao nós
sermos suficientemente bons, então esse não é um dom de
graça. Nós não recebemos um dom ganhando-o,
merecendo-o ou sendo suficientemente bons. E guardamo-
lo a menos que nós próprios o deixemos deliberadamente –
o que pode acontecer. No entanto Deus nunca o retira.
Compreender que o charisma é um dom incondicional, é
vitalpararecebermoseexercermosdons espirituais.
Repare que Paulo juntou à palavra dom a palavra graça.
EmRomanos12:6-8,eleescreveu,
Temos diferentes dons [charisma, dons de graça], segundo
a graça [charis] que nos é dada. Se é profecia, seja ela
segundo a medida da fé. Se é ministério, seja em ministrar;
se é ensinar haja dedicação ao ensino; ou o que exorta, use
esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com
liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exerce
misericórdia,comalegria.
Paulo mencionou sete tipos específicos de charisma. O
primeiro é a profecia. O segundo é o ministério. A palavra
Grega para ministério significa “servir”, primeiramente no
domínio prático. Ela está relacionada com a palavra de
onde deriva o termo diácono. Essencialmente é uma forma
de serviço no domínio material da vida.Aseguir ele listou o
ensino, a exortação, o repartir e o presidir.Apalavra Grega
36
para repartir ou dar refere-se ao partilhar, mas significa
partilhar os nossos bens materiais ou as nossas finanças. A
palavra Grega para presidir ou liderar é proistemi, que
significa “ser colocado acima” ou “na cabeça de”. (Veja
também 1 Tessalonicenses 5:12; 1 Timóteo 3:4-5,12;
5:17.) Em 1 Timóteo 3, há um paralelo directo entre um
homem que governa a sua família e um homem que
governa a igreja. Paulo disse: “É necessário, pois, que o
bispo… governe [proistemi] bem a sua própria casa, tendo
seus filhos sob disciplina, com todo o respeito (pois se
alguém não sabe governar [proistemi] a sua própria casa,
como cuidará da igreja de Deus?).” Assim sendo, a
autoridade de um pai na sua família é um padrão para a
autoridadedeumlídernaigreja.
Por último temos o dom do exercício de misericórdia. Eu
gosto de sublinhar que, exercer misericórdiaé um charisma
específico. Nem todos os dons de charisma são dramáticos.
Muitas pessoas procuram somente o sensacional. Há
milhões de pessoas no mundo a precisarem que haja
alguém lhes faça acreditar ainda em misericórdia. Há
muitas pessoas solitárias desejando que alguém que lhes
demonstre alguma bondade. Nós recebemos a misericórdia
de Deus e temos a obrigação de a mostrar. A igreja
primitiva regularmente tomou sobre si a responsabilidade
de cuidar dos pobres. A maioria das igrejas modernas têm
um comité para tudo, excepto para cuidar dos pobres. Este
é um ministério de graça que é sobremaneira
negligenciado. Mas estes são todos tipos de charisma
destinadosaseremministradosporcrentesnaigreja.
Charisma em1e2Coríntios
O livro de 1 Coríntios tem provavelmente o maior número
37
de ocorrências da palavra charisma, apesar de Romanos
estar muito próximo. Primeiro, Paulo disse à igreja de
Corinto: “De modo que nenhum dom [charisma] vos falta,
aguardando a revelação de nosso Senhor Jesus Cristo” (1
Coríntios1:7).
Paulo disse a esta igreja, que tinha alguns problemas
morais sérios, “Estou muito contente por não vos faltar
nenhum dom. Todo o charisma é manifestado entre vós.”
Pense nos muitos problemas desta igreja em Corinto. Por
exemplo, havia uma imoralidade exposta – um homem
havia tomado a mulher do pai. Contudo, através das
palavras de Paulo, podemos ver que os crentes, apesar de
tudo, tinham todos os dons de graça. Porquê? Novamente,
eles não os tinham por os merecerem. Tenho reparado que
as pessoas que não são religiosas frequentemente têm
muito mais fé para tomarem posse dos dons de graça
porque nunca se preocupam em tentar merecê-los; elas
sabem que não são capazes de o fazer. Contrastando com
pessoas boas e religiosas muitas vezes se apercebem do
quão difícil é receber dons de graça porque elas ainda
pensam, algures no fundo das suas mentes, “tenho que
fazer algumacoisapara mereceristo.”
O ministério de Paulo aos Coríntios lembra-nos que
receber um dom não muda, necessariamente, o carácter de
uma pessoa. Deus quer mudar o nosso carácter para que
nos tornemos como o Seu Filho Jesus Cristo, mas este não é
o fundamento sobre o qual recebemos os dons. Nós não
recebemosdons porquesomos bons;recebemo-lospelafé.
Nós não recebemos dons porque
somos bons; recebemo-los pela fé.
38
Em1Coríntios7:7-8,Pauloescreveu:
Contudo, gostaria que todos os homens fossem como eu
mesmo. Mas cada um tem de Deus o seu próprio dom; um
de uma maneira, e outro de outra. Digo, porém, aos
solteiros e às viúvas, que lhes é bom se permanecerem
comoeu.
Aque dom ou manifestação específica da graça de Deus se
referia Paulo? Ao celibato, a capacidade de viver solteiro.
O que ele disse foi: “Eu gostava que todos tivessem este
dom para que pudessem servir ao Senhor a tempo integral,
mas reconheço que nem toda a gente o tem.” Cada pessoa
tem o seu ou a sua manifestação específica da graça de
Deus que lhes permite fazer o que Deus lhes chamou para
fazer.
Cada pessoa tem o seu ou a sua manifestação específica
da graça de Deus que lhes permite fazer o que Deus lhes
chamou para fazer.
Não é bom que uma pessoa que não tenha este dom tente
viver como se o tivesse. Mas quero que reparem que Paulo
afirmouqueesteeraumdomdegraça.
Em 1 Coríntios 12:4, Paulo escreveu: “Há diversidade de
dons [charisma], mas o Espírito é o mesmo.” Como
notámos anteriormente, existem muitos dons diferentes,
mas é o Espírito Santo que dispensa todos eles. Então Paulo
enumera nove dons de graça específicos, que são o foco
destelivro.
A um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; a outro,
pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência; a outro, pelo
39
mesmo Espírito, fé; a outro, pelo mesmo Espírito, dons de
curar; a outro, a operação de milagres; a outro, profecia; a
outro, discernimento de espíritos; a outro, variedade de
línguas,eaoutro,interpretaçãodelínguas.(v.8-10)
Um pouco depois, Paulo disse: “Portanto, procurai com
zelo os melhores dons [charisma]” (v. 31). As pessoas não
podem desejar dons se não souberem o que são dons. Paulo
assumiu que os Cristãos se tornariam familiarizados com o
que são os dons de Deus, com o que lhes está disponível.
Repare que quando ele diz para procurarmos com zelo os
melhores dons, ele não estava a encorajar ao orgulho. Os
dons de graça são dados apenas aos humildes. O desejo de
receberdons espirituais,só porsi, nãoéerrado.
Para compreendermos o que Paulo quis dizer por
“melhores dons”, precisamos ir até ao versículo vinte e
oito, onde ele diz: “A uns pôs Deus na igreja,
primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em
terceiro lugar mestres, depois operadores de milagres,
depois dons de curar, socorros, governos, variedades de
línguas.” Paulo especificou oito funções ou ministérios
dentro da igreja: apóstolos, profetas, mestres ou
professores, milagres, dons de curas, socorros, governos
ou administração e variedades de línguas. No resumo do
seu ensino, Paulo disse para desejarmos o melhor. Então,
quaissãoos melhoresdons?
Duvido que Paulo tenha organizado estes dons numa
ordem de mérito. Não creio que se possa fazer uma lista
absoluta e afirmar que essa é a ordem da sua importância.
Os melhores dons são aqueles que melhor cumprem a
função para a qual foram dados.Assim sendo, qualquer que
40
seja o dom que satisfaça a vossa situação ou circunstância
numdadomomento,esse éomelhordom.
Um tipo completamente diferente de charisma é
mencionado na seguinte passagem. Paulo referia-se a uma
determinada experiência no seu próprio ministério
missionário.
Mas já em nós mesmos tínhamos a sentença de morte, para
que não confiássemos em nós, mas em Deus, que ressuscita
os mortos, o qual nos livrou e em quem esperamos que
ainda nos livrará de tão grande morte, ajudando-nos
também vós com orações por nós, para que por muitas
pessoas sejam dadas graças a nosso respeito, pelo dom
[charisma] que nos foi concedido por meio de muitos. (2
Coríntios1:9-11)
Paulo referia-se à libertação milagrosa de perigos extremos
e ele chamou-lhe um dom; era uma manifestação da graça
de Deus. Possivelmente Paulo estava a falar do ocorrido
em Listra quando ele foi apedrejado e arrastado para fora
da cidade pelos seus inimigos e deixado como morto, mas
acabou por se levantar e afastou-se daquele lugar como se
nada tivesse acontecido. (Ver Actos 14:8-20.) Essa
intervenção sobrenatural de Deus foi um dom de graça e
veio em resposta às orações de muitos. É importante
compreendermos que uma súbita, dramática e sobrenatural
intervenção divina, contrariamente a tudo o que
poderíamos esperar, é um dom dado pela graça de Deus
para fazer face às necessidades de uma situação em
concreto.
O contexto do comentário de Paulo parece indicar que a
41
intervenção milagrosa normalmente vem em resposta às
orações de um grupo, em vez de ser uma manifestação na
vida de um indivíduo em particular. Como Paulo escreveu,
“ajudando-nos também vós com orações por nós, para que
por muitas pessoas sejam dadas graças a nosso respeito,
pelo dom que nos foi concedido por meio de muitos” (2
Coríntios1:11).
Outro exemplo óbvio de intervenção divina e milagrosa em
resposta às orações de um grupo, foi quando Pedro foi
libertado da prisão na noite anterior ao dia da sua execução,
tal como está registado em Actos 12. Claramente, esta
intervenção de Deus tem que estar incluída na mesma
categoria dos dons porque ela não foi merecida. Foi a
soberana graça de Deus que, num momento crítico, desceu
sobre Pedro, poupando-lhe a vida. Se considerarmos os
dons de graça sob esta perspectiva, sob esta luz, muitos de
nós poderão ser capazes de olhar para trás nas suas vidas e
ver uma intervenção milagrosa, sobrenatural, em resposta
aoraçõesequeperfazos requisitosdeumcharisma.
Charisma em1e2Timóteo
Em 1 Timóteo 4:14, Paulo dirigiu algumas palavras de
aconselhamento a Timóteo, a quem havia anteriormente
chamado o seu “filho na fé” (1 Timóteo 1:2): “Não
desprezes o dom [Charisma] que há em ti, o qual te foi
dado por profecia, com a imposição das mãos do
presbitério.” Em 2 Timóteo 1:6 é feita uma exortação
semelhante: “Por este motivo eu te exorto que despertes o
dom [Charisma] de Deus, que há em ti pela imposição das
minhas mãos.” Aparentemente, Timóteo era responsável
por permitir que a timidez o impedisse de exercer o dom
que Deus lhe tinha dado. Paulo achou, pois, necessário
42
exortá-lo em cada uma das epístolas, dizendo-lhe “Não
deixes esse dom adormecer; não fiques contente apenas
com o ministrar, como se não tivesses este dom em
particular. Sacode-o; usa-o. Ele foi-te dado por Deus para a
Sua glória e para cumprir os Seus propósitos, e tu és
responsávelpeloquefazescomele.”Do mesmomodo,
nós somos responsáveis pelo que fazemos com os dons de
graçadeDeus nas nossas vidas.
Nós somos responsáveis pelo que fazemos com os dons
de graça de Deus nas nossas vidas.
Charisma em1Pedro
Aúltima instância de charisma no Novo Testamento é em 1
Pedro 4:10: “Servi uns aos outros conforme o dom
[charisma] que cada um recebeu, como bons despenseiros
da multiforme graça de Deus.” Pedro não esperava que
algum Cristão tivesse falta de dons de graça. Ele indicou
que todos os crentes receberiam dons, e, com base no que
recebessem,elesseriamcapazesdeministraraoutros.
Se os Cristãos vão ministrar, eles primeiro têm de receber.
Parece que grandes secções da igreja contemporânea não
têm nada para dar. O pastor pode pregar e exortá-los para
fazerem isto ou aquilo, mas se não têm nada com o qual
fazer, como poderão fazê-lo? Um dos problemas básicos
daigrejaCristãdehoje,équeestamosoperandononatural.
Um dos problemas básicos da igreja Cristã de
hoje, é que estamos operando no natural.
Confiamos na educação, na nossa formação pessoal, no
ambiente social, etc., em vez de confiarmos na graça e
43
poder de Deus. Se permitirmos que Deus nos dê dons de
graça – que não temos de merecer ou nos habilitarmos
através da educação, experiências, ou aulas no seminário –
estaremos numa posição em que poderemos ministrar a
outros.
A Variedade e Abundância da Graça de Deus
Existe um total de vinte e seis tipos de charisma ou dons de
graça mencionados no Novo Testamento, sem contar com
os que se repetem. Vimos alguns deles. Muitos são
referidos directamente nas Escrituras, enquanto outros são
inferidos.
1. Justiça(Romanos5:15-17)
2. Vidaeterna(Romanos6:23)
3. Profecia(Romanos12:6;1Coríntios12:10)
4. Ministério[servir](Romanos12:7)
5. Ensino(Romanos12:7)
6. Exortação(Romanos12:8)
7. Repartir(Romanos12:8)
8. Presidir(Romanos12:8)
9. Exercermisericórdia(Romanos12:8)
10. Celibato(ver1Coríntios7:7)
11. Palavradesabedoria(1Coríntios12:8)
12. Palavradeciência/conhecimento(1Coríntios12:8)
13. Fé(1Coríntios12:9)
14. Dons decuras(1Coríntios12:9)
15. Operaçõesdemilagres(1Coríntios12:10)
16. Discernimentosdeespíritos(1Coríntios12:10)
17. Variedadedelínguas(1Coríntios12:10)
18. Interpretaçãodelínguas(1Coríntios12:10)
19. Apóstolo(1Coríntios12:28)
44
20. Profeta(1Coríntios12:28)
21. Mestre(1Coríntios12:28)
22. Socorros (1Coríntios12:28)
23. Governos [administradores](1Coríntios12:28)
24. Evangelistas(Efésios4:11)
25. Pastores(Efésios4:11)
26. Intervençãomilagrosa(2Coríntios1:11)
Através deste livro, ao analisarmos mais profundamente os
nove dons espirituais, a palavra que quero que tenham
sempre em mente é graça – as riquezas da graça de Deus, a
abundância da graça de Deus, a variedade da graça de
Deus. Neste capítulo entrei em alguns detalhes sobre a
frequência do uso de charisma no Novo Testamento de
forma a sensibilizar o leitor e fazê-lo acreditar que Deus
tem uma abundância para si também. Deus nunca fez dois
flocos de neve ou duas impressões digitais iguais.
Igualmente, não existem dois Cristãos idênticos porque
Deus tem graça, dons, variedade e abundância suficiente
para todos nós. Se está a viver limitado de graça, não é
Deus queoestáalimitar–estáalimitar-seasipróprio!
Se está a viver limitado de graça, não é Deus que o está a
limitar – está a limitar-se a si próprio!
Abra o seu coração e a sua vida para receber os Seus
abundantesdons degraça.
45
Capítulo 3
A Manifestação do Espírito
Uma vez que existem vinte e seis instâncias distintas da
palavra charisma nas Escrituras, a questão que
naturalmente surge é “Porque são mencionados nove dons
em 1 Coríntios 12, isolados numa categoria especial?”
Usando termos científicos, podemos pensar no charisma
como um “género” (uma categoria) e estes nove dons como
uma “espécie” dentro desse género. Isto leva-nos a uma
segunda questão, “Qual é a característica que diferencia
estesdons?”
A resposta pode ser encontrada no versículo que apresenta
a lista: “Amanifestação do Espírito é dada a cada um para o
que for útil” (1 Coríntios 12:7), ou seja, para o usufruto
comum, para o bem de todos. É óbvio que estes dons são
paraumpropósitoútil,práticoelucrativo.
Alguém disse: “Os dons do Espírito Santo não são
brinquedos,sãoferramentas.”
“Os dons do Espírito Santo não são
brinquedos, são ferramentas.”
No entanto, eu acredito que a palavra-chave que distingue
estes nove dons de todos os outros dons de graça é
47
“manifestação”. Manifestação refere-se a uma revelação
abertaaossentidos,talcomoos olhosououvidos.
O corpo físico do crente em Jesus Cristo, é um templo no
qual a pessoa do Espírito Santo habita. O apóstolo Paulo
disse: “Ou não sabeis que o nosso corpo é santuário do
Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus?”
(1 Coríntios 6:19). Contudo, o Espírito Santo dentro desse
templo é invisível; a Sua presença não pode ser percebida
por nenhum dos cinco sentidos. Estas nove manifestações
distintas do Espírito são, pois, evidência do Espírito
invisível habitando no crente. São formas nas quais o
Espírito Santo invisível se torna manifesto nesse crente.
Cada um destes dons é perceptível pelos sentidos, de uma
formaoudeoutra.
Jesus ensinou a Nicodemos acerca do Espírito Santo,
comparando-O com o vento: “O vento sopra onde quer, e
ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para
onde vai. Assim é todo aquele que é nascido do Espírito.”
(João 3:8). Nenhum de nós alguma vez viu o vento; a sua
natureza é ser invisível. Contudo sabemos quando o vento
sopra porque vemos as coisas que o vento faz: arranca
folhas das árvores, as árvores dobram-se numa
determinada direcção, as nuvens deslizam sobre os céus, o
pó rodopia nas ruas, etc. Estas são manifestações do vento.
Similarmente, ninguém vê o Espírito Santo habitando no
crente, mas as coisas que o Espírito Santo faz de dentro
desse crente são manifestações da Sua presença. Elas são
uma revelação distinta de que Ele está lá e opera de formas
específicas.
Alguns crentes tem a ideia de que o Espírito Santo é tão
sagrado, tão invisível e tão espiritual, que nós nunca nos
48
podemos aproximar d'Ele ou senti-Lo ou experimentá-Lo.
Isto não é correcto. É importante compreendermos que as
Escrituras falam de manifestações do Espírito Santo. O
Espírito Santo tem feito muitas coisas que foram
perceptíveis às pessoas. Gostaria de ilustrar este facto com
duaspassagensdoNovoTestamento.
Actos 2 descreve os eventos no dia de Pentecostes, quando
o Espírito Santo desceu do céu para fazer a Sua morada nos
membros da recentemente formada igreja de Jesus Cristo
na terra. Naquele dia houve manifestações claras do
EspíritoSanto.
Cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos
reunidos no mesmo lugar. De repente veio do céu um som,
como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde
estavam assentados. E viram línguas repartidas, como que
de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. Todos
foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar em
outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia
quefalassem.(Actos 2:1-4)
Os crentes ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a
falar em outras línguas – línguas novas que não tinham
aprendido. Foram estas manifestações do Espírito que
levaram a grande multidão a ouvir o sermão que Pedro
subsequentemente pregaria (ver versículos 14-40) e que
levou três mil pessoas à fé em Jesus Cristo (ver versículo
41). Se não tivesse havido as manifestações ninguém, além
dos discípulos teria reconhecido que o Espírito Santo tinha
vindo. O Espírito Santo é conhecido através das Suas
manifestações.
49
Quando Pedro estava prestes a atingir o auge da sua
mensagem – após ter pregado sobre Jesus, o curso do Seu
ministério, a Sua morte, ressurreição e ascensão ao céu –
eledisse:
“Deus ressuscitou a este Jesus, do que todos nós somos
testemunhas. De sorte que, exaltado pela destra de Deus, e
tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo,
derramou isto que vós agora vedes e ouvis.” (Actos 2:32-
33,ênfaseadicionada)
As pessoas não viram ou ouviram o próprio Espírito Santo,
mas elas viram e ouviram o que Ele fez nos crentes e
através deles, em quem tinha vindo morar. É interessante
notarmos a palavra “isto” [pronome demonstrativo] no
versículo trinta e três: “isto que agora vedes e ouvis.” Esta
palavraéusadaváriasvezesemActos 2.Primeirolemos:
Correndo aquela voz, ajuntou-se uma multidão, e estava
confusa, porque cada um os ouvia falar na sua própria
língua. E todos pasmavam e se maravilhavam,
perguntando uns aos outros: Não são galileus todos esses
homens que estão falando? Então, como é que os ouvimos,
cada um, na sua própria língua nativa? (vs. 6-8, ênfase
adicionada)
Foi o som que atraiu a multidão. O som é uma
manifestação; pode ser reconhecido pelo sentido da
audição. O versículo é específico em relação ao que
espantou a multidão. Eles ouviram estes pescadores
Galileus a falar em línguas que reconheciam, mas sabiam
que os Galileus não conheciam, línguas que nunca tinham
aprendido por compreensão natural ou educação. Este é o
pontoemquestão.
50
Continuando, lemos “Todos se maravilhavam e estavam
perplexos, perguntando uns aos outros: Que quer dizer
isto?” (v. 12, ênfase adicionada). A que se refere “isto”?
Refere-se aos discípulos falando em línguas que não
conheciam. Algumas pessoas responderam dizendo:
“Estãocheiosdevinho.”(ververso13).
Pedrolevantou-seepô-losemordem:
Homens judeus, e todos os que habitais em Jerusalém,
seja-vos isto notório; escutai as minhas palavras. Estes
homens não estão embriagados, como vós pensais, sendo a
terceira hora do dia [Ninguém se embebeda às nove horas
damanhã]. Mas istoéoquefoiditopeloprofetaJoel…
(Actos2:14-16,ênfaseadicionada)
“Isto” refere-se à mesma coisa, o falar em outras línguas. O
que disse Pedro acerca deste falar em outras línguas? “Isto
é o que foi dito pelo profeta Joel: Nos últimos dias, diz
Deus, do meu Espírito derramarei sobre toda a carne.”
(versículos 16-17). Ele falava do prometido derramamento
do Espírito Santo, previsto através do profeta. Pedro voltou
a usar a palavra “isto” no final da sua declaração: “De sorte
que, [Jesus] exaltado pela destra de Deus, e tendo
recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou
isto que vós agora vedes e ouvis.” (v. 33, ênfase
adicionada).
Este incidente do primeiro derramamento do Espírito
Santo mostra que quando Ele vem habitar no crente,
produzirá manifestações nesse crente que podem ser vistas
e ouvidas, que são perceptíveis aos sentidos. Na realidade,
isto é a evidência da Sua vinda. Repare no que Paulo disse
51
acercadasuaprópriapregaçãoeministérioem1Coríntios:
Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o
testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavras
ou de sabedoria. Pois nada me propus saber entre vós,
senão a Jesus Cristo, e este crucificado. E eu estive
convosco em fraqueza, e em temor, e em grande tremor. A
minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em
palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em
demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé
não se apoiasse na sabedoria dos homens, mas no poder de
Deus. (1Coríntios2:1-5)
Muitas pessoas imaginam que Paulo foi um grande
pregador, mas esta ideia é contrariada pelas Escrituras. Ele
disse: “A minha palavra e a minha pregação, não
consistiram em palavras persuasivas de sabedoria
humana.” Em 2 Coríntios 10:10, ele citou os seus inimigos
ao dizerem que a sua presença pessoal é fraca e a palavra
desprezível. Eu penso que Pedro foi um pregador
tremendo, mas Paulo não era de todo uma “personalidade
de púlpito”. Ele não era um orador tremendo, então como
produziuos seus resultados?
Não foi pela educação que ele recebeu aos pés do altamente
respeitado professor Judeu, Gamaliel. (Veja Actos 5:34;
22:3). Paulo disse: “Eu, irmãos, quando fui ter convosco,
anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com
sublimidade de palavras ou de sabedoria. Pois nada me
propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este
crucificado.” (1 Coríntios 2:1-2). Não foi uma ousadia
invulgar. Ele disse aos Coríntios: “E eu estive convosco em
fraqueza, e em temor, e em grande tremor.” (v.3). EmActos
52
18:1-11, nós lemos que a vida de Paulo correu perigo
quando ele esteve em Corinto, e ele teve medo. Mas o
Senhor falou-lhe numa visão e disse-lhe: “Não temas, mas
fala, e não te cales. Pois eu sou contigo, e ninguém lançará
mão de ti para te fazer mal, porque tenho muito povo nessa
cidade.”(vs. 9-10).
Então como produziu Paulo os seus resultados? A sua
pregação foi “em demonstração do Espírito e de poder” (1
Coríntios 2:4). A palavra “demonstração” corresponde
com exactidão à palavra manifestação que temos estado a
observar. O segredo do ministério de Paulo não foi
oratória, educação ou até mesmo coragem, mas a
manifestação do poder sobrenatural de Deus – a
demonstraçãodaacçãodoEspíritoSantonasuavida.
Igualmente, os crentes devem demonstrar o poder do
Espírito Santo através dos dons sobrenaturais que Paulo
enumerou no capítulo doze de 1 Coríntios. Paulo disse que
o propósito para esta demonstração ou manifestação é
“para que a vossa fé não se apoiasse na sabedoria dos
homens, mas nopoderdeDeus.”(1Coríntios2:5).
A fé de cada verdadeiro Cristão não se deve basear em
argumentos intelectuais ou filosóficos, ou em formações
ou cursos de seminário, embora eles possam ser úteis, mas
numaexperiênciapessoaldopoderdeDeus.
A fé de cada verdadeiro Cristão deve basear-se numa
experiência pessoal do poder de Deus.
Quando fui missionário em África, chegou a um ponto em
que passei por uma espécie de crise em ministrar a
estudantes Africanos a quem eu estava a preparar para
53
serem professores. Eles diziam sim a tudo o que eu lhes
dizia, mas eu nunca sabia o quanto eles realmente criam; o
problema foi demasiada condescendência. Um dia,
levantei-me em frente aos meus alunos numa assembleia e
disse: “Quero agradecer-vos por serem tão cooperantes e
obedientes e dispostos a fazer tudo o que nós pedimos. Eu
sei qual é o motivo. A vossa educação depende de nós e
vocês querem ter educação; é o vosso deus.” Então disse:
“Nas mentes de muitos de vós ainda permanece um grande
ponto de interrogação.” Quando eu disse isto, eles
começaram a olhar para mim. “A interrogação nas vossas
mentes é esta: Será a Bíblia um livro paraAfricanos, que se
pode ler e confiar, ou é apenas um livro de homens brancos
que alguém trouxe de um outro país e que, na verdade, não
diz respeito aos Africanos? Muitos dos vossos anciãos
Africanos dizem-vos que é apenas um livro de brancos e
que é melhor não perderem tempo a tentar obedecê-lo ou a
segui-lo.”
Quando eu disse isso, houve um silêncio generalizado
porque disse exactamente o que eles estavam a pensar.
Acrescentei: “Quero dizer-vos mais uma coisa. Eu não
posso responder a essa questão por vocês.” Esta afirmação
surpreendeu-os porque, eles pensavam que os missionários
podiam responder a todas as perguntas. “Só há uma forma
de descobrirem a resposta a essa pergunta e isso é, se
tiverem uma experiência pessoal com o poder sobrenatural
de Deus na vossa vida. Quando tiverem essa experiência,
saberão que não veio da Grã-Bretanha, nem da América;
elaveiodeDeus.”
Não discuti com eles; dispensei a assembleia, retirei-me e
orei nesta base: “Senhor, Tu disseste que aquilo que o
54
homem semear, assim ceifará. Tenho semeado a Palavra de
Deus nestes jovens e Tu disseste que, se semearmos para o
Espírito, ceifaremos do Espírito a vida eterna. Vou confiar
naTuaPalavra.”(Ver2Coríntios9:6;Gálatas6:7-8).
À medida que o tempo passava, continuei a pregar a
Palavra aos estudantes e orava. Não fiz rigorosamente nada
para os coagir a qualquer tipo de condescendência à fé
Cristã. Cerca de seis meses mais tarde houve uma
intervenção soberana de Deus naquela universidade. Foi
extraordinário. Durante as férias a meio do ano, a maioria
dos estudantes ia a casa para um fim-de-semana comprido.
Mas havia cerca de seis ou oito alunos cujas casas ficavam
tão longe que eles não eram capazes de ir e voltar a tempo,
por isso ficaram na universidade. A minha esposa e eu
pensámos que devíamos fazer alguma coisa por aqueles
jovens solitários, por isso convidámo-los a virem a nossa
casa para tomarem uma chávena de chá, o que era pouco
convencionalnaquelapartedeÁfrica.
Eles não estavam acostumados a um estilo de vida e
socialização Europeia ouAmericana – sentar em cadeiras e
ter uma conversa; eles nunca tinham experimentado isso.
Assim, sentámo-nos todos pouco á vontade, servimos-lhes
chá e todos eles colocaram cerca de cinco colheres cheias
de açúcar em cada chávena, porque não costumavam tê-lo.
Então eu pensei: “O que vamos fazer com eles agora?”
Disse que talvez fosse bom termos uma palavra de oração.
Eles obedientemente ajoelharam-se para orar e, quando
começámos, algo aconteceu. Foi como o rugir de um
trovão.Algo entrou naquele quarto e atingiu-nos. Cada um
daqueles alunos começou a orar em voz alta
simultaneamente. Eles estavam a orar numa língua que eu
55
não conhecia, mas não penso que fossem outras línguas;
creio que eram as suas línguas tribais. Apesar de estarmos
numa missão Pentecostal, os outros missionários mais
tarde queixaram-se que fazíamos muito barulho! Mas foi
um acto divino, não tive nada a ver com isso. Nunca teria
conseguidofazê-lo:Deus interveio!
Aquele evento deu início a algo que durou
aproximadamente quatro anos. Tivemos uma
movimentação soberana e sobrenatural do Espírito Santo
naquela universidade. Cerca de três meses depois eu estava
a falar novamente ao mesmo grupo de estudantes e li-lhes
Actos 2:17, parte do qual lemos previamente: “Nos últimos
dias, diz Deus, do meu Espírito derramarei sobre toda a
carne. Os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os
vossos jovens terão visões, e os vossos velhos sonharão
sonhos.”
Li este versículo muito cuidadosa e lentamente,
certificando-me que eles entendiam o seu significado.
Então disse: “Desafio-vos a todos para testemunhar que
todas as afirmações feitas neste versículo já vos
aconteceram. Não foi a alguém noutro país, noutra
universidade ou noutra igreja: foi a vocês,
experimentaram-nas! Os vossos olhos viram-no e os
vossos ouvidos ouviram-no. Este é o testemunho de Deus
para convosco, de que vivemos nos últimos dias. Agora,
não vos estou a pedir que acreditem em algo que um
homem branco disse ou algo que está num livro de um
homem branco. Vocês têm evidências experimentais, em
primeira-mão,dequeistoéverdade.”
Isto fez por eles o que nenhuma série de sermões,
argumentos, evidências teológicas ou aprendizagem
56
seminarista jamais podia fazer. Mudou radicalmente as
suas atitudes e comportamentos, e transformou aquela
universidade num lugar onde valia a pena viver. Não foi um
esforço para os levar à oração. Na verdade, tivemos de os
fazer parar de orar porque não iam para a cama! Eles
oravam toda a noite nos seus dormitórios. Esta foi uma
intervenção de Deus e veio através da manifestação do
Espírito Santo. Quando eles realmente descobriram que
isto era verdadeiro por sua própria experiência, não
tivemos de continuar a prepará-los, a estimulá-los ou a
empurrá-los.
Era isto que o apóstolo Paulo estava a falar. Não é
suficiente ter uma doutrina, uma teologia, uma educação,
argumentoseraciocíniosãos.
A verdadeira fé não se deve basear na sabedoria dos
homens,masnopoderdeDeus.
Nestes últimos dias, com o poder da iniquidade
sustentado em cada mão, e com todos os tipos de
ataques contra a fé em Deus e em Jesus Cristo e contra a
Sua verdadeira igreja, ninguém resistirá, a menos que
tenha uma experiência pessoal com o poder
sobrenatural de Deus na sua vida. Isto não é um luxo – é
uma necessidade.
O apóstolo Paulo tratou-o dessa forma: “Aminha palavra, e
a minha pregação, não consistiram em palavras
persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração
do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse
na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus.” (1
Coríntios2:4-5).
57
Parte 2
Dons de Revelação
Capítulo 4
Uma Palavra de Sabedoria
Iniciando agora um estudo mais profundo dos dons
individuais do Espírito com os dons de revelação,
começandocomapalavradesabedoria.
Comparando Sabedoria com Conhecimento
Vale a pena compararmos as semelhanças e diferenças
entre a palavra de sabedoria e palavra de conhecimento.
Primeiro, a sabedoria e a conhecimento não podem ser
separadas em duas categorias completamente distintas,
porque elas estão intimamente relacionadas. De facto, ao
examinarmos os nove dons do Espírito, não estamos a
tentar delinear fronteiras entre eles. Eles são como as cores
do arco-íris: violeta, azul-violeta, azul, verde, amarelo,
laranja e vermelho. É fácil distinguirmos as diferentes
cores num arco-íris, mas não há um único ponto onde
possamos dizer, por exemplo, que termina o violeta e
começa o azul-violeta, ou onde este acaba e começa o azul.
Elasfundem-seumasnas outras.
O mesmo é verdade para os dons espirituais e outros
assuntos espirituais que estamos a discutir. É perfeitamente
legítimo falarmos separadamente acerca de sabedoria e
conhecimento, mas também existem pontos de encontro;
61
nem sempre é possível dizermos onde a sabedoria termina
e o conhecimento começa. Por vezes poderemos pensar:
“O que é a palavra de sabedoria ou a palavra de
conhecimento?”Muito frequentemente,onde uma existe,a
outratambémestápresente.
Contudo, geralmente, a diferença entre sabedoria e
conhecimento é esta: o conhecimento fornece-nos factos e
a sabedoria mostra-nos o que fazer com esses factos. Se
tiver toda a sabedoria do mundo, mas não tiver factos,
então não poderá fazer uma aplicação directa. Por outro
lado, mesmo que saiba todos os factos, a menos que tenha
sabedoria, o mais provável é que faça coisas erradas com
eles.
Esta verdade está resumida numa declaração do Rei
Salomão: “A língua dos sábios adorna o conhecimento,
mas a boca dos tolos derrama a estultícia.” (Provérbios
15:2). Uma pessoa sábia usa bem o conhecimento. Muitas
pessoas têm conhecimento, mas não o usam
correctamente. Consigo pensar em uma ou duas pessoas
que sabem muitas coisas, mas parece que as dizem sempre
nos momentos errados. Normalmente, elas estão a tentar
impressionar os outros com o quanto sabem, mas o seu
“timing” e a forma de apresentação são desapropriados.
Elas têm conhecimento, mas não têm a sabedoria para
aplicá-lo.
ASabedoriadeDeus versus aSabedoriadoMundo
Também devemos reconhecer que uma palavra de
sabedoria espiritual não é igual à sabedoria do mundo.
Quando eu era um filósofo profissional, pensava que
62
estava a proceder em sabedoria, no entanto esta
“sabedoria” era intensivamente confusa. Quanto mais
confundia as pessoas, mais inteligente elas pensavam que
eu era – e, provavelmente, mais inteligente eu também me
achava. Se quiser confusão vá para filosofia porque é lá que
aencontrará.
No entanto, quando recebi o Senhor Jesus Cristo e dediquei
a minha vida a ensinar e a pregar a Palavra de Deus,
descobri que a sabedoria de Deus é muito diferente daquilo
a que estava acostumado.ASua sabedoria é muito prática e
objectiva. Não é remota; é muito terra-a-terra e está
exposta em termos simples. Na verdade, é muito fascinante
estudar os ensinamentos de Jesus no que a isto diz respeito.
Na Bíblia King James Version, em todos os ensinos
registados de Jesus, somente uma vez encontramos uma
palavra com mais de quatro sílabas. Essa palavra é
regeneração. Grande parte do Seu ensino é em palavras de
uma, duas ou três sílabas, em que Ele fala de lâmpadas,
óleo, luz, ovelhas, peixe, vida, morte, amor, ódio. É
notável, e quase todos os historiadores concordarão, que
jamais alguém falou como este Homem Jesus. A sua
sabedoriaeracompletamentediferente.
A Bíblia diz que Salomão foi o homem mais sábio que
alguma vez existiu e ele resumiu a natureza da sabedoria
em Eclesiastes 10:10: “Se estiver embotado o ferro, e não
se afiar o corte, então se deve pôr mais força, mas a
habilidade (sabedoria) trará sucesso” “(é excelente para
dirigir)” [Almeida Revista e Corrigida 1995]. A sabedoria
ou habilidade é excelente para dirigir e trará sucesso. A
sabedoria é pois directiva, enquanto o conhecimento é
informativa.
63
Este versículo faz-me sempre lembrar quando, em criança
vivia com os meus pais no sudoeste da Índia e tentei cortar
uma árvore. De vez em quando brotava em mim um
entusiasmo repentino e perguntava ao meu pai se havia
alguma coisa que pudesse fazer para limpar o jardim. Um
dia ele disse: “Há uma árvore ali em baixo na margem do
pequenoribeiroquetemdesercortada.”
Então fui, peguei no machado e comecei a arremessá-lo
contra a árvore. Após ter gasto trinta minutos de energia, a
árvore permanecia em pé, imponente. Tudo o que eu
consegui, foi ficar muito transpirado e com bolhas de água
em ambas as mãos. Foi então que o jardineiro apareceu e
olhou para mim com uma espécie de sorriso de
comiseração. Pegou no machado e afiou-o. Então ele deu
uma olhadela à árvore, mirou o ponto de corte, deu umas
quatro machadadas e a árvore veio abaixo. Tenho me
lembrado sempre desta experiência porque cometi dois
erros. Primeiro, tinha usado um machado que não estava
afiado. Segundo, não tinha acertado na árvore no sítio
certo. O jardineiro, por sua vez, usou o conhecimento e a
sabedoriaquehaviaadquiridoparacortaraárvore.
Quando me tornei pregador, apercebi-me que, não raras
vezes, era culpado da mesma coisa no meu ministério. Por
vezes os pregadores usam machados não afiados. Outras
vezes, mesmo quando têm um machado afiado, não
atingem a árvore no local certo. Recordo-me de uma
ocasião em que preguei numa igreja da Assembleia de
Deus nos Estados Unidos e tive uma semana de reuniões
bem sucedidas. Fui convidado para pregar numa igreja
Pentecostal no Canadá e envergonho-me ao admitir que
pensei que a mesma série de mensagens serviria.
64
Basicamente, repeti toda a série, com algumas mudanças.
Não houve quaisquer resultados. Nada. No último dia
descobri que alguns anos antes houvera uma tremenda
fenda naquela igreja. Tinha havido uma disputa sobre um
determinado assunto e as pessoas que se sentavam no lado
direito da igreja nunca mais falaram com as que se
sentavam no lado esquerdo – quer estivessem na igreja,
quer não. Não falavam umas com as outras mesmo que se
cruzassemna rua. O profetaEliaspodiaterdescidodo céue
pregado naquela igreja, mas nada aconteceria até que se
tivessemreconciliadouns comos outros.
Se tivesse esperado por Deus e tivesse sido guiado pela
sabedoria do Espírito Santo, tenho a certeza de que Ele me
teriadado a mensagemcorrecta.Mas tudo o que fiz foi ficar
ali e arremessar durante uma semana com um machado por
afiar, nunca cortando a árvore, mas ficando com muitas
bolhasnasmãos.Aprendidaformamaisdura.
Devemo-nos lembrar de afiar o machado e deixar Deus
mostrar-nos para onde devemos direccionar os golpes.
Muitas vezes, quando sou guiado pelo Espírito Santo, digo
uma coisa e depois penso: “Por que disse aquilo?” Mas,
seguramente, a árvore foi cortada. Algumas pessoas têm
vindo ter comigo depois, quase que indignadas ou
perturbadas, perguntando: “Lembra-se de ter dito isto?”
Respondo: “Não, não me lembro de o ter dito; nem
tencionava dizê-lo.” Eles replicam: “Bom, foi isso que me
tocou.” O Espírito Santo havia-mo dado como uma palavra
desabedoria.
65
A Palavra de Sabedoria versus Sabedoria do
Dia-a-Dia
Junto com isto, também devemos perceber que a palavra de
sabedoria não é igual à sabedoria diária que Deus nos
providencia. Há uma promessa muito valiosa em Tiago
1:5: “Ora, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a
Deus, que a todos dá liberalmente, e não censura, e ser-
lhe-á dada.” Se tem falta de sabedoria na sua vida diária
para desempenhar tarefas e assumir responsabilidades
legítimas, pode pedir e assegurar-se de que vai receber. A
Bíblia não diz nada de bom acerca da tolice. Deus não quer
que sejamos tolos e também não quer que sejamos
enganados.
Se tiver dificuldade no seu trabalho, ou se estiver a passar
por uma situação na sua vida em que a sua própria
sabedoria não é suficiente, tem autorização para dirigir-se a
Deus e pedir-Lhe uma sabedoria prática, do dia-a-dia.
Ajudá-lo-á a desempenhar o seu trabalho ou a lidar com
uma situação de uma forma melhor do que sem ela. Esta
sabedoria normalmente não vem sob a forma de uma
palavra de sabedoria. Ela vem como uma gradual
iluminação da sua mente, através da qual compreende o
quedevefazer.
A Palavra de Sabedoria Definida
Então o que é o dom da palavra de sabedoria? É uma
pequena parte da sabedoria total de Deus concedida directa
e sobrenaturalmente pelo Espírito Santo. “A um pelo
Espíritoédadaapalavradasabedoria”(1Coríntios12:8).
66
Deus tem toda a sabedoria. Mas, felizmente para si e para
mim, Ele não no-la dá toda de uma vez porque ela nos
submergiria completamente. Este dom é dado por meios
sobrenaturais porque os resultados não estariam
disponíveis por meios naturais. É concedida pelo Espírito
Santo numa maneira que, de outra forma, nos seria
impossívelobter.
Manifestações da Palavra de Sabedoria nas
Escrituras
Vamos rever alguns exemplos específicos do Novo
Testamento onde este dom de sabedoria operou,
começando com o ministério de Jesus e indo até aos
exemplos da igreja primitiva. Vamos ver como o dom foi
usado e que tipos de resultados produziu. Em Jesus
encontramos os cinco dons ministeriais perfeitamente
demonstrados. Ele foi o apóstolo perfeito, profeta,
evangelista, pastor e professor. Ao operar nestes
ministérios, os vários dons sobrenaturais do Espírito Santo
foram também demonstrados na sua perfeição através
d'Ele.
PalavrasdeSabedoriaacercadePeixeseHomens
O primeiroexemplovemdeLucas:
Quando [Jesus] acabou de falar, disse a Simão: Faze-te ao
mar alto, e lançai as vossas redes para pescar. Respondeu-
lhe Simão: Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada
apanhamos, mas sobre tua palavra lançarei as redes.
Fazendo assim, colheram uma grande quantidade de
67
peixes, e rompia-se-lhes a rede. Fizeram sinal aos
companheiros que estavam no outro barco, para que
fossem ajudá-los. Foram, e encheram ambos os barcos, de
maneira tal que quase iam a pique. Vendo isto Simão
Pedro, prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: Senhor,
afasta-te de mim; sou homem pecador. Pois o espanto se
apoderara dele, e de todos os que com ele estavam, por
causa da pesca que haviam feito, e de igual modo, também
de Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram
companheiros de Simão. Disse Jesus a Simão: Não temas;
deagora emdianteserás pescadordehomens.
(Lucas5:4-10)
Este incidente é, obviamente, sobrenatural. Primeiro,
Jesus, que fora ensinado para ser carpinteiro, foi capaz de
dizer a um pescador experiente onde baixar as suas redes
para apanhar peixe. Pedro vivia da pesca, o que, só por si, é
prova de que ele era bom naquilo que fazia. Ele tinha
pescado toda a noite num determinado local do Lago de
Genesaré, mas sem apanhar nada. Jesus tinha vindo de
manhã cedo e pregado às multidões à beira da praia. No fim
da Sua mensagem, Ele disse: “Simão, faz-te ao mar e lança
as tuas redes.” Pedro respondeu: “Senhor, esta não é a
melhor hora para pescar.Além disso, nós já pescámos aqui
e não havia peixe.” Mas reparem no que ele disse a seguir:
“Mas sobreatuapalavralançareias redes.”
Jesus deu-lhe uma palavra de sabedoria divina e directiva
em relação ao local onde pescar. Quando ele seguiu essa
palavra, apanhou tanto peixe que as redes romperam-se;
mesmo com a ajuda dos seus companheiros, Tiago e João,
que também tinham um barco, não conseguiram pôr o
peixe todo nas embarcações, que quase se afundaram com
opeso.
68
Esta experiência causou em Pedro uma profunda
convicção espiritual. Ele prostrou-se aos pés de Jesus e
disse: “Senhor, afasta-te de mim; sou homem pecador.”
(Lucas 5:8). A convicção é um dos resultados do exercício
de uma palavra de sabedoria verdadeira e sobrenatural.
Tenho visto os dons da palavra de sabedoria e palavra de
conhecimento ocasionarem convicção semelhante. A
súbita compreensão de que Deus sabe tudo, de que nada lhe
é oculto, pode quebrar, de uma forma extraordinária, o
coraçãoteimosoeorgulhosodeumpecador.
Esta palavra de sabedoria não só teve uma aplicação
natural – o apanhar peixe - mas também uma teve aplicação
espiritual. Imediatamente após a declaração de Pedro,
Jesus disse-lhe: “Não temas; de agora em diante serás
pescador de homens.” (v. 10). Se eles, como pescadores,
precisavam que Jesus lhes desse sabedoria directiva para
apanharem peixe, muito mais precisariam dessa sabedoria
directiva, vinda d'Ele, quando começassem a pregar para
“pescar” almas. Por conseguinte, neste incidente vemos
uma importante ilustração de uma palavra de sabedoria.
Pedro recebeu direcções importantes sobre como e onde
pescar, com uma aplicação mais ampla de como e onde
Pedro,TiagoeJoãopregariamoevangelho.
Foi esta demonstração da sabedoria sobrenatural de Jesus
que fez com que estes homens ficassem dispostos a deixar
tudo e segui-Lo. “E, levando os barcos para a terra,
deixaram tudo, e o seguiram.” (v. 11). Eles devem ter
sentido que, se este Homem tinha as respostas em tão alto
nívelnoreinofísico,erasegurosegui-Lo.
69
APalavradeSabedoriaacercadeTransporte
A próxima ilustração é de Mateus 21:1-7. A Escritura diz
que quando Jesus e os Seus discípulos chegaram ao cume
do Monte das Oliveiras, perto de Jerusalém, “enviou Jesus
dois discípulos, dizendo-lhes: Ide à aldeia aí em frente, e
logo encontrareis uma jumenta presa, e com ela um
jumentinho. Desprendei-a e trazei-mos. Se alguém vos
disser alguma coisa, dizei-lhe que o Senhor necessita
deles, e imediatamente os enviará. Ora, tudo isto
aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo
profeta: Dizei à filha de Sião: Olha, o teu Rei aí te vem,
manso, e montado em jumento, num jumentinho, filho de
animal de carga. Os discípulos foram e fizeram como Jesus
lhes ordenara. Trouxeram a jumenta e o jumentinho, e
sobre eles puseram as suas vestes e Jesus assentou-se
sobreelas.”
Isto foi o começo da entrada triunfal de Jesus em
Jerusalém, que nós celebramos no Domingo de Ramos. É
importante percebermos que isto foi feito em cumprimento
da profecia do Antigo Testamento que é citada nesta
passagem (ver Zacarias 9:9). Ao longo das Escrituras, e
pelo Espírito de Deus, Jesus sabia o programa de Deus para
aquele dia. Ele sabia que haveria uma jumenta e um
jumentinho para ele montar. Então, pela revelação do
Espírito Santo, sabia onde eles poderiam ser encontrados,
paraassimpoderdireccionaros Seus discípulos.
A maioria das pessoas não permitiria que lhes levassem a
jumenta e jumentinho somente por lhes dizerem: “O
Senhor necessita deles.” No entanto, isto era sabedoria
divinaedirectiva.
70
Uma PalavradeSabedoriasobreMinistério
No próximo exemplo, um problema muito urgente e
prático foi resolvido com uma palavra de sabedoria. Actos
6 relata uma disputa que ameaçou dividir a igreja primitiva
entre Judeus Cristãos que falavam Aramaico ou Hebraico
(os “Hebreus”) e Judeus Cristãos que falavam Grego (os
“Helenistas”):
Naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve
murmuração dos gregos contra os hebreus, porque as suas
viúvas eram desprezadas na distribuição diária de
alimentos. Então os doze, convocando os discípulos,
disseram: Não é razoável que nós deixemos a palavra de
Deus e sirvamos às mesas. Escolhei, irmãos, dentre vós,
sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e
de sabedoria, aos quais constituamos sobre este
importante negócio. Mas nós perseveraremos na oração e
noministériodapalavra.(Actos6:1-4)
A primeira prioridade em termos espirituais é a oração e o
ministério da Palavra de Deus, para o qual os doze
apóstolos foram chamados. Os assuntos práticos são
importantes, mas são secundários, e não é a vontade de
Deus que aqueles que são chamados para o ministério da
Palavra e oração tenham de se preocupar em supervisionar
ministérios práticos.Assim sendo, o Espírito Santo deu aos
apóstolos uma palavra de sabedoria. Eles deviam
permanecer no seu ministério primário e os outros crentes
deveriam nomear sete homens da congregação a quem os
apóstolos pudessem elegerparainspeccionara distribuição
dedons decaridade.
71
Actos 6:5 dá-nos a resposta das pessoas a esta palavra de
sabedoria: “Este parecer contentou a toda a multidão.”
Este é outro resultado da palavra de sabedoria. As pessoas
de Deus imediatamente dizem: “Isso mesmo! Isso resolve
o problema; é exactamente o que devemos fazer.” Palavras
de sabedoria resolvem disputas, problemas, incertezas e
trazemunanimidade.
A igreja escolheu sete homens para supervisionar a
distribuição às viúvas. “De sorte que crescia a Palavra de
Deus, e em Jerusalém se multiplicava rapidamente o
número dos discípulos, e grande parte dos sacerdotes
obedecia à fé.” (v.7). Isto não teria acontecido se eles não
tivessem resolvido o problema prático, porque teria havido
uma contínua divisão, frustração e inveja – e a
movimentação do Espírito de Deus teria sido retardada.
Podemos ver que, apesar deste ter sido um problema
prático, também tinha importantes ramificações
espirituais, que foram satisfeitas com uma palavra de
sabedoria.
Palavras de Sabedoria acerca de uma Estrada e um
Carro
Em Actos 8 temos um exemplo do ministério do apóstolo
Filipe, que mais tarde seria chamado “Filipe o
evangelista”. Este exemplo no reino espiritual é paralelo ao
incidente no reino físico no qual Jesus disse aos discípulos
ondepescar.
O anjo do Senhor disse a Filipe: Levanta-te, e vai para a
região do sul, ao caminho que desce de Jerusalém para
Gaza, que está deserta. Levantou-se, e foi. No caminho viu
72
um etíope, eunuco e alto funcionário de Candace, rainha
dos etíopes, o qual era superintendente de todos os seus
tesouros, e tinha ido a Jerusalém para adorar. Regressava,
e assentado no seu carro, lia o profeta Isaías. Disse o
Espírito a Filipe: Chega-te, e ajunta-te a esse carro.
Correndo Filipe, ouviu que lia o profeta Isaías, e
perguntou:Entendestuoquelês?”(Actos8:26-30)
Nos antecedentes desta história, Filipe estava no meio de
uma extraordinária acção de Deus na cidade de Samaria.
Multidões tinham-se convertido e muitos milagres,
maravilhas e sinais haviam acontecido. Subitamente um
anjo veio com uma mensagem: “Vai pela estrada que segue
de Jerusalém até Gaza.” Esta troço de estrada era deserto.
Não havia qualquer congregação e, aparentemente,
ninguém a quem pregar no deserto. Qual era o propósito
em lá ir? Contudo Filipe não questionou e obedeceu. Ao
caminhar nesta estrada, deparou-se com um eunuco num
carro. Este eunuco era um alto funcionário governamental
da Etiópia e um devoto Judeu convertido. Ele tinha viajado
para Jerusalém para adorar e lia em alta voz o livro de Isaías
aoregressaraoseu paísnatal.
O Espírito Santo disse a Filipe para se aproximar do carro.
Filipe estava a receber instruções divinas. Com esta
direcção, Deus colocou-o a pouca distância da pessoa que
Ele queria alcançar. Todo aquele cenário fora preparado
por Deus e o homem apenas desejava saber a resposta ao
que estava a ler no capítulo cinquenta e três de Isaías, a
grande profecia acerca da expiação de Jesus Cristo. E
Filipepôde-lheexplicarocaminhoparaasalvação.
Esta história de Filipe faz-me lembrar um incidente que
73
aconteceu com uma mulher que eu conheço bem. Ela
estava sentada no aeroporto de Atlanta quando viu um
jovem rapaz que provavelmente caracterizaríamos de
hippie. Ele usava roupa em tons de roxo. Ela sentiu um
grande impulso para lhe dizer o que Filipe disse ao eunuco:
“Entendestuoquelês?”
Ele não estava a ler nada naquele momento, mas a pergunta
dela deu origem a uma conversa. Era de Nova Inglaterra e
os seus pais eram pessoas ricas e respeitáveis, mas ele
encontrava-se desesperado para descobrir o verdadeiro
sentido da vida, algo que não fosse imitação ou superficial.
Fugiu de casa, juntou-se a um grupo de hippies e passou
pelas várias experiências que eles geralmente passam. Ele
decidiu que não estava a ir a lado nenhum e deixou-os para
ir viver na natureza durante algum tempo, praticamente
sem nada, a não ser o que era mesmo essencial à vida. Não
levou nada para ler, excepto o Novo Testamento. Enquanto
o lia, apesar de desejar sinceramente encontrar a verdade,
ele não era capaz de entender o sentido daquilo. No
entanto, ler o Novo Testamento causou um enorme
impacto nele e levou-o a decidir que estava na hora de
voltar para casa e se reconciliar com os seus pais. A única
roupa limpa que possuía era aquela. E lá estava ele, no
aeroporto de Atlanta, na sua vestimenta roxa, à espera de
apanhar o avião de volta a Nova Inglaterra e ainda à
procuradosignificadodavida.
Porque a mulher lhe havia perguntado se ele compreendia o
que estava a ler, ele eventualmente abriu o seu coração e
começou a contar-lhe tudo sobre a sua luta para
compreender o Novo testamento. Ela foi capaz de lhe
explicar em poucas palavras o plano da salvação. Foi tal e
74
75
qual o incidente no livro de Actos. O resultado da palavra
de sabedoria foi o mesmo – o jovem abriu o seu coração. De
entre todas aquelas pessoas no aeroporto de Atlanta, havia
uma que precisava de ser abordada naquele momento.
Ninguém, no reino natural, seria capaz de identificar essa
pessoa. Mas através desta palavra de sabedoria directiva, a
mulherfoilevadaafalarcomapessoacerta.
Uma Palavra de Sabedoria sobre Pessoas que Deus
QuisSalvar
Em Actos 10, temos um outro exemplo que mostra o
quanto este dom de sabedoria é usado para direccionar os
servos do Senhor, em relação a quando e onde irem nos
seus ministérios. Um centurião Romano chamado
Cornélio, que viveu na cidade de Cesaréia e era um devoto
crente em Deus, tinha recebido a visita de um anjo que lhe
disse para enviar homens a Jope até Simão Pedro.
Enquanto os homens seguiam o seu caminho, “subiu Pedro
ao terraço para orar, quase à hora sexta. Tendo fome, quis
comer e, enquanto preparavam a comida, sobreveio-lhe
um arrebatamento de sentidos. Ele viu o céu aberto e um
vaso que descia, como um grande lençol atado pelas
quatro pontas, e vindo para a terra. No lençol havia de
todos os animais quadrúpedes e répteis da terra, e aves do
céu. Foi-lhe dirigida uma voz: Levanta-te Pedro, mata e
come. Mas Pedro disse: De modo nenhum Senhor! Nunca
comi coisa alguma comum e imunda. Segunda vez lhe disse
a voz: Não faças tu como ao que Deus purificou. Isto
aconteceu três vezes. Então o vaso tornou a recolher-se no
céu.(Actos10:9-16)
Pedro estava a ser dirigido por Deus contra a sua própria
vontade, inclinação, passado e ensino para ir a casa de um
Gentio e levar-lhe a mensagem do evangelho.Após chegar
a casa de Cornélio, ele disse: “Vós bem sabeis que não é
lícito a um judeu ajuntar-se, ou chegar-se a estrangeiros.
Mas Deus mostrou-me que a nenhum homem chame
comum ouimundo.”(v.28).
Este discernimento espiritual e o facto de Pedro ter
concordado em ir com os mensageiros de Cornélio, foram
o resultado da direcção que ele recebeu de Deus. Enquanto
Pedro falava com Cornélio, com a sua família e amigos, o
Espírito Santo caiu sobre eles e falaram em línguas e
louvaram ao Senhor. O resultado foi uma nova e tremenda
adesão à igreja de Jesus Cristo. Mas a sabedoria que lhe
abriu o caminho foi dada através de uma palavra
sobrenatural de Deus, na forma da visão que Pedro recebeu
duranteaoração.
Uma PalavradeSabedoriasobreLeiversus Graça
Em Actos 15, toda a igreja em Jerusalém juntou-se para
debater um problema crítico – o que deveria ser requerido
dos Gentios convertidos que começavam a aglomerar-se
naigreja?
Então alguns que tinham descido da Judéia ensinavam os
irmãos: Se não vos circuncidardes, conforme o rito de
Moisés, não podeis ser salvos. Tendo tido Paulo e Barnabé
não pequena discussão e contenda com eles, resolveu-se
que Paulo, Barnabé e alguns dentre eles subissem a
Jerusalém, aos apóstolos e aos anciãos, por causa desta
questão. Quando chegaram a Jerusalém, foram recebidos
pela igreja, pelos apóstolos e pelos anciãos, e lhes
76
anunciaram quão grandes coisas Deus tinha feito com
eles. Alguns, porém, da seita dos fariseus, que tinham
crido, levantaram-se, dizendo que era necessário
circuncidá-los, e mandar-lhes que guardassem a lei de
Moisés. Congregaram-se os apóstolos e os anciãos para
considerar este assunto. E, havendo grande
discussão…(Actos15:1-2,4-7)
Paulo e Barnabé tinham estado na sua primeira jornada
missionária e tinham visto resultados maravilhosos entre
os Gentios. Deus tinha trabalhado com eles de forma
sobrenatural e tinham acontecido muitos milagres, curas e
conversões. No entanto, ao voltarem para Jerusalém com
este relatório, alguns dos Judeus que eram crentes em Jesus
Cristo, mas Fariseus por tradição, disseram: “Se estes
Gentios querem tornar-se Cristãos, então têm de vir sob a
lei de Moisés e ser circuncidados.”Adecisão de como eles
deveriam tratar os Gentios convertidos, que estavam a
chegar à igreja, envolveu questões fundamentais da
naturezadasalvaçãoatravésdeJesus Cristo.
Primeiro ouviram Pedro, que lhes lembrou o que aconteceu
quando Deus o guiou sobrenaturalmente até a casa de
Cornélio:
Deus, que conhece os corações, deu testemunho a favor
deles, concedendo-lhes o Espírito Santo, assim como
também a nós. E não fez diferença alguma entre eles e nós,
purificandoos seus coraçõespelafé.(Actos15:8-9)
A seguir lemos: “Então toda a multidão se calou, e
escutava a Barnabé e a Paulo, que contavam quão grandes
sinais e prodígios Deus havia feito por meio deles entre os
77
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DONS DO ESPÍRITO SANTO. Excelente ensino

  • 1.
  • 2. derek prince Percebendo e recebendo o Poder Sobrenatural de Deus na tua vida Os Dons do Espírito
  • 3.
  • 4. “OS DONS DO ESPÍRITO” © Copyright 6 201 tradução portuguesa, erek D rince P Portugal Originalmente publicado com o título: ”The gifts of the Spirit”: Understanding and receiving God´s Supernatural Power in your Life. © Copyright 2007 Derek Prince Ministries, International -9 18 - 8501 9- 8 -9 78 9 ISBN: Publicado em português ela p : EditoraUm Lda. Unipessoal Êxodo CaminhoNovo LoteX, 9700-360 AGH Feteira E-mail:umexodo@gmail.com Autor: Derek Prince Tradução: Rodrigo Bento Correção: Alda Silva e José Fernando Faría Redação: Christina van Hamersveld Layout capa: Um Êxodo erek D rince P Portugal CaminhoNovo LoteX, 9700-360 AGH Feteira Telf.:(00351) 295 3738 66 / 927992 157 Blog:www erek .d rince p pt portugal.blogspot. E-mail: erek d rince p portugal@gmail.com
  • 5. Índice Parte 1 -ANatureza dos Dons .......................................................07 Cap.1 - Os Dons do Espírito Santo ...........................................09 Cap.2 - Charisma: Dons de Graça............................................29 Cap.3 -AManifestação do Espírito..........................................47 Parte 2 - Dons de Revelação ..........................................................59 Cap.4 - Uma Palavra de Sabedoria ...........................................61 Cap.5 -APalavra de Conhecimento.........................................83 Cap.6 - Discernimento de Espíritos .........................................97 Parte 3 - Dons de Poder ...............................................................119 Cap.7 - Fé ..............................................................................121 Cap.8 - Dons de Curas ...........................................................147 Cap.9 - Operações de Milagres ..............................................159 Parte 4 - Os DonsVocais ..............................................................175 Cap.10 -Tipos de Línguas e Interpretação de Línguas............177 Cap.11 - Profecia ...................................................................201 Cap.12 - Como Julgar a Profecia ...........................................227 Parte 5 - Usando os Dons .............................................................255 Cap.13 - Como Exercitar Dons Espirituais ............................257 *** Sobre Derek Prince ....................................................................... 289 Derek Prince Ministries ................................................................ 290 Outros Livros de Derek Prince ...................................................... 291
  • 6.
  • 8.
  • 9. Capítulo 1 Os Dons do Espírito Santo O Novo Testamento descreve o Cristianismo como um modo de vida sobrenatural. Para sermos membros funcionais do corpo de Cristo, assim como Suas testemunhas eficazes no mundo, precisamos de compreender os nove dons sobrenaturais do Espírito Santo e o modo como operam nas nossas vidas. O apóstolo Paulo listouestesdons em1Coríntios12: Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. A manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil. A um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência; a outro, pelo mesmo Espírito, fé; a outro, pelo mesmo Espírito, dons de curar; a outro, a operação de milagres; a outro, profecia; a outro, discernimento de espíritos; a outro, variedade de línguas, e a outro, interpretação de línguas. Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, distribuindo particularmente a cadaum comoquer.(1Coríntios12:4-11) Todos estes dons são sobrenaturais. Nenhum deles poderia 9
  • 10. ser explicado por talento natural, educação, ou habilidade. Uma palavra de sabedoria ou conhecimento não é o tipo de sabedoria ou conhecimento que vem por passarmos quinze anos na universidade e termos três cursos. É a sabedoria ou a ciência que é dada pelo Espírito Santo. Cura não é o tipo de cura que é administrada pelo médico de clínica geral ou pelo cirurgião – apesar de respeitarmos a ciência médica e estarmosgratosporela.Trata-sedecurasobrenatural. Os Nove Dons do Espírito Vejamos uma tradução mais literal de alguns dos dons do Espírito, apresentados na passagem anterior, para nos prepararmos para explorar cada um em detalhe nos próximos capítulos. No versículo 8, onde na versão João Ferreira deAlmeida está escrito “Aum pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência”, na verdade não existe o artigo definido “a” no Grego original. Assim sendo, eu traduzo estes dons como “uma palavra de sabedoria” e “uma palavra de ciência”. No versículo dez, “a outro, a operação de milagres” é, literalmente, “operações de milagres”. Ambas as palavras estão no plural. Igualmente “discernimento de espíritos” deveria ser “discernimentos deespíritos”. Quatro dos dons são, portanto, plurais na sua natureza: (1) dons de curas, (2) operações de milagres, (3) discernimentos de espíritos e (4) variedade de línguas. Reconhecer a natureza plural destes dons é importante para compreendermoscomoelesfuncionam. Os nove dons dividem-se facilmente em três grupos de três, sob os títulos de Dons de Revelação, Dons de Poder e Dons Vocais. 10
  • 11. Dons deRevelação Umapalavradesabedoria Umapalavradeciência Discernimentosdeespíritos Dons dePoder Fé Dons decuras Operaçõesdemilagres DonsVocais Variedadedelínguas Interpretaçãodelínguas Profecia Durante muitos anos, professores Bíblicos e comentadores têm listado os dons espirituais em grupos de três com o propósito de facilitar a sua referência e classificação – três grupos, cada um dos quais contendo três dons ou manifestações. Este agrupamento não é a única forma de vermos os dons, mas é uma maneira prática de os dispor e ajuda-nosacompreendê-losdeformamaisclara. Uma palavra de sabedoria, uma palavra de ciência e discernimentos de espíritos são dons de revelação; eles transmitem revelação que não poderíamos receber de outra maneira. Fé, dons de curas e operações de milagres são dons de poder – são práticos e mostram resultados práticos. Também poderiam ser chamados dons dramáticos; estes são os dons que realmente prendem a atenção das pessoas. Variedade de línguas, interpretação de línguas e profecia são dons vocais porque eles, necessariamente, operam atravésdascordasvocaishumanas. 11
  • 12. Dons Ministeriais e Dons Espirituais Para evitar uma potencial confusão, é importante considerar a relação e as diferenças entre os dons ministeriais, que são encontrados em Efésios 4:11 e estes novedons doEspíritoSanto. O contexto para os dons mencionados em Efésios 4:11 é o Cristo ressurrecto, pois lemos nos versículos oito e dez: “Por isso diz: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro, e deu dons aos homens… Aquele que desceu é o mesmo que subiu acima de todos os céus, para cumprir todas as coisas.” O versículo onze especifica cinco dons principais que o Cristo ressurrecto deu à humanidade: “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas,eoutros para pastores edoutores…” Vejamosos dons emduascolunasparalelas: Dons Ministeriais OsDons do Espírito Apóstolos Umapalavradesabedoria Profetas Umapalavradeciência/ deconhecimento Evangelistas Fé Pastores Dons decuras Doutores/professores OperaçõesdeMilagres Profecia Discernimentosdeespiritos Variedadedelínguas Interpretaçãodelínguas Estes dois grupos de dons distinguem-se um do outro de trêsformas. 12
  • 13. APessoacomoDom /ODom Dado auma Pessoa Primeiro, com os dons ministeriais, o próprio crente é o dom dado por Cristo à Sua igreja. As Escrituras realçam isto: “E ele mesmo deu uns para apóstolos…” Ele não deu a alguns a possibilidade de se tornarem apóstolos, mas Ele deu uns para apóstolos. Apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e doutores (ou professores) são os dons ministeriais de Jesus para a Sua igreja, porque a igreja nunca poderá ser o que Ele pretende sem eles. Por exemplo, o apóstolo Paulo foi o dom ou a dádiva de Jesus para os crentesGentios. Em contraste, com os dons espirituais, o dom é dado à pessoa, que passa a ser capaz de o ministrar aos outros. Paulo escreveu: “A um, pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência…” (1 Coríntios 12:8). Assim sendo, com dons ministeriais, a pessoa é o dom, e com dons espirituais, a pessoatemodom. O Dom como Trabalho de Uma Vida / O Dom como BreveManifestação Segundo, com um dom ministerial, cada aspecto do todo o ministério, perfaz o dom. É como um atleta que corre a milha mais depressa do que todos os outros.Toda a sua vida se centra no correr a milha. De forma semelhante, para a pessoa que é um dom ministerial para a igreja, toda a sua vida se centra em ser apóstolo, profeta, evangelista, pastor, ou professor. Paulo frequentemente comparava o ministério Cristão às actividades dos atletas porque há muitas coisas paralelas entre elas, no que toca à necessidade de treino, disciplina e dedicação. Um ministérioéotrabalhodetodaumavida. 13
  • 14. Por outro lado, os nove dons sobrenaturais são breves, dramáticos, brilhantes manifestações que nos prendem a atenção, que acontecem e terminam. Por exemplo, uma pronunciação profética pode durar segundos ou minutos, e está completa. Não é algo que dure para sempre. Uma palavra de sabedoria ocorre em poucos segundos. Um homem subitamente recebe uma revelação que o dirige a fazer algo que ele não poderia saber fazer por compreensão natural. Quando o dom de discernimentos de espíritos é dado, a pessoa poderá subitamente ver que há um espírito de orgulho ou luxúria em alguém. O dom espiritual é quase como um flash de um relâmpago, está lá por breves momentosedepoisacaba. CarácterEssencial/CarácterNão um Pré-Requisito Terceiro, um dom ministerial não se pode divorciar do carácter de uma pessoa. Tem de ser assim por causa da própria natureza dos dons ministeriais; é essencial ao seu bom funcionamento. Por outro lado, com dons espirituais, o carácter não está necessariamente envolvido. Poderia parecer que tal devesse acontecer, mas nem sempre é assim. É importante para nós compreendermos isto ou corremos o risco de termos amargas desilusões. Por vezes a fé das pessoas fica afectada quando conhecem alguém cujo carácter não parece corresponder ao dom que ela está a exercer. Por exemplo, se uma pessoa é preguiçosa e irresponsável antes de receber um dom espiritual, é muito provável que ela continue a ser preguiçosa e irresponsável depois de ter recebido o dom. Ela pode levantar-se e profetizar como um anjo e, no entanto, deixá-lo à espera em cada encontro que marcar consigo. Não obstante Paulo ter escrito em Efésios 14
  • 15. 4:11, “E ele mesmo [Cristo] deu uns para… profetas…”, ele também escreveu em 1 Coríntios 14:31, “Pois todos podereis profetizar, uns depois dos outros, para que todos aprendam, e todos sejam consolados.” Todos os crentes poderão exercer o dom espiritual da profecia. Contudo, Deus nunca diz que todos nós seremos profetas. Profetizar, em si mesmo, não nos dá o ministério de um profeta, nem o carácter que necessariamente corresponde a um dom ministerial. No entanto, se receber um dom sobrenatural, a sua responsabilidade aumenta. E uma pessoa responsável terá uma conduta tal, que o dom andará de mãos dadas com tudo o que ela faça. O que nós vemos, é que nem todos os que recebem um dom assumem essa responsabilidade ou sãosuficientementematuros. Para nos ajudar a compreender melhor este conceito, os dons do Espírito Santo são como presentes debaixo da árvore de Natal. Não demora muito tempo para colocarmos um presente debaixo da árvore de Natal ou para abrirmos o presente. Estes são actos momentâneos. Certa vez abri um presente de Natal e descobri que recebera um polidor de sapatos eléctrico, mas isso não me tornou numa pessoa diferente do que eu era antes. Não alterou nenhuma parte domeucarácter. Por favor não me interpretem mal, não é o meu propósito depreciar os dons. O meu propósito é unicamente apontar as diferenças entre as várias maneiras através das quais a graça de Deus (o Seu gratuito e imerecido favor) e o Espírito Santo operam, assim como os seus parâmetros. Se pensarmos que o mero exercício de um dom espiritual nos torna pessoas espirituais, devemos lembrar-nos da jumenta de Balaão. Isto far-nos-á regressar de novo à terra. Deus fez 15
  • 16. um burro falar com o profeta porque o profeta não dava ouvidos a Deus. (Veja Números 22:22-40).Alição pode ser sumariada da seguinte forma: Se você fosse um jumento antes de profetizar, sabe o que seria depois disso? Os dons espirituais só por si não mudam a natureza ou o carácter. Deus podeusarumjumentocomoúltimorecurso. Os dons espirituais só por si não mudam a natureza ou o carácter. Deus pode usar um jumento como um último recurso. Novamente digo que isto não deprecia os dons, mas temos decompreenderqueelessãodádivas. OsDons eoFrutodo Espírito Outra forma de olharmos para os dons e carácter é percebermos que os dons espirituais são uma coisa e o fruto do Espírito é outra. Já vimos que existem nove dons do Espírito e Gálatas 5:22-23 revela que também existem nove características do fruto do Espírito: “Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio.” Muitos Cristãos passam, de certa forma, ao lado do que Deus tem reservado para eles, por não fazerem uma distinção básica e lógica entre os dons e o fruto do Espírito. Eu referi anteriormente que os dons são como presentes debaixo da árvore de Natal. Também podemos afirmar que a diferença entre os dons e o fruto é semelhante à diferença entre os ornamentos na árvore de Natal e os frutos de uma árvore frutífera. Colocar um ornamento numa árvore de Natal demora apenas uns breves instantes e o ornamento não faz parte da árvore. Contudo, não podemos colocar uma maçã numa macieira. Ela aparece por um processo de cultivo, 16
  • 17. crescimento e maturação. Você sabe que vai demorar algum tempo para que aquela macieira produza maçãs que valham a pena comer. De forma semelhante, existe um processo envolvido com o crescimento do fruto espiritual. Temdeser cultivadocomtrabalho,paciênciaehabilidade. Seria um absurdo esperarmos que uma macieira ou laranjeira recém plantada desse fruto instantaneamente. O apóstolo Paulo escreveu: “O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a gozar dos frutos.” (2 Timóteo 2:6). Os frutos não aparecem sem trabalho. Penso que este é um facto a que nós muitas vezes damos pouca importância. Falamos do surgimento espontâneo dos frutos sem trabalho. Os frutos conseguem crescer sozinhos, mas nos actuais mercados mundiais você não conseguiria vender nenhum tipo de fruto que fosse simplesmente deixado a crescer por si só.Todos os frutos requerem um cultivo cuidadoso e, por vezes, intensivo que envolve tempo e dedicação. Igualmente, alguém que não cultive o fruto espiritual não o levaráàperfeição. Alguém que não cultive o fruto espiritual não o levará à perfeição. Também devemos compreender que um dom do Espírito não será tão eficaz como deveria, a menos que o fruto do Espírito seja cultivado com ele. E o exercício do dom poderá produzir uma mudança no carácter, apesar de tal nãoacontecerquandose recebeodom. Em 1 Coríntios 13:1-2, Paulo referiu que, mesmo que tenhamos todos os dons do Espírito, se não tivermos amor, de nada nos servem, não têm qualquer valor para a pessoa 17
  • 18. que os tem. As suas declarações são muito interessantes porque os dons ainda poderão ter valor para outras pessoas. Se eu possuir o dom de curas e o exercitar sem amor, não me traz qualquer proveito, mas poderá trazer proveito à pessoa que é curada. Oral Roberts relatou um incidente acerca deste aspecto que eu jamais me esqueci. Uma mulher incomodava-o após uma reunião. Ela excedia os seus limites e corria atrás dele. Ele disse-lhe: “Areunião já acabou. Eu não oro por pessoas em privado.” Ela nunca o deixou e insistiu de tal forma que, eventualmente num rasgo de impaciência, ele estendeu a sua mão,tocou-lhe e ela ficou curada. Apesar do sucedido, ele disse: “Eu não recebi qualquer bênção disto. Não me trouxe qualquer proveito.”Apessoa que exercita o dom não beneficia dele a menosqueoexerciteemamor. A pessoa que exercita o dom não beneficia dele a menos que o exercite em amor. Eu já tive algumas experiências semelhantes. E fiquei surpreendido com os resultados, considerando a forma comomesentia!Mas Deus émaiordoquenós. Algumas pessoas dizem que não necessitam de dons, porque já possuem o fruto espiritual.Aexperiência tem me ensinado a questionar até que ponto estas pessoas realmente terão fruto. Suponha que alguém diz: “Eu tenho amor, não preciso de dons.” Isto é contrário ao que está nas Escrituras, porque a Bíblia diz: “Segui o amor, e procurai com zelo os dons espirituais…” (1 Coríntios 14:1). Uma das evidências de que seguimos ou desejamos o amor é que procuramos os dons espirituais. Na verdade, os dons espirituais são as ferramentas através das quais o amor 18
  • 19. trabalha. Os dons são os meios pelos quais o amor se torna eficiente. Os dons são os meios pelos quais o amor se torna eficiente. O amor sem os dons fica gravemente frustrado e impotente. Estou certo de que o amor nunca levará um crente a recusar os dons de Deus. A minha resposta a tal pessoa seria: “O que vai fazer com todo esse amor? Como vai ajudar a humanidade? Você precisa dos dons para essa tarefa.” Imaginem uma mãe sentada ao lado do seu filho que está doente e lhe diz: “Querido, eu amo-te, mas vou simplesmente ficar aqui sentada. Não vou ver se tens febre, não te vou dar qualquer remédio, não vou chamar o médico ou sequer orar por ti. Mas eu amo-te.” Quanto amor terá estamãe?Elatemamornas palavras,masnãonos actos. Mais uma vez digo, um dos principais meios pelo qual é permitido ao amor actuar é através dos dons do Espírito Santo. Por exemplo, se queremos edificar a igreja pelo nosso amor a ela, então desejaremos o dom que mais edifica a igreja, que é o de profecia. Ou, se amamos os enfermos, desejaremos os dons que nos permitirão ministrar a eles, ou seja, os dons de curas e operações de milagres. O amor bíblico é sempre muito prático. Ele não se baseiaapenasemfrases bonitas,elefazalgumacoisa. O amor bíblico é sempre muito prático. Não devemos ser extremistas. Precisamos tanto dos dons como do amor. Precisamos tanto dos dons como do fruto. Precisamos tanto de dons espirituais como dos dons 19
  • 20. ministeriais. Nenhum destes é um substituto para qualquer umdos outros.Precisamosdetodoseles. Todos os Crentes Têm Dons Espirituais Ao continuarmos a explorar a natureza dos dons espirituais, gostaria de abordar certas perspectivas que as pessoas têm acerca dos dons espirituais, que são confusas e não bíblicas. A primeira é que algumas pessoas acreditam que é errado dizer que os crentes “têm” dons espirituais, porque isso indicaria orgulho. No entanto, uma pessoa não tem nada em que se orgulhar quando recebe um dom. Em primeiro lugar, como já vimos, o dom não torna a pessoa diferente do que era antes de o ter recebido. Em segundo lugar, essa pessoa não tem nada que a torne diferente de todas as outras excepto o dom, e isso não é algo que tenha vindo dela própria, ou que ela tenha obtido por mérito próprio. Uma pessoa pode ter um dom e estar grata por ele semsentirorgulho. A segunda é que algumas pessoas não acreditam que os crentes devam dizer, por exemplo, “Eu tenho o dom de curas.” Elas pensam que se alguém é curado, que é a pessoa curada quem recebeu o dom. Ou se é manifestado o dom de profecia, elas pensam que é o recipiente quem obtém o dom. Esta perspectiva pode ter um efeito muito confuso nas pessoas e quero deixar claro que este ponto de vista não é bíblico. Se Deus dá um dom a si, ou a mim, nós temos a obrigação de confessar que Ele no-lo deu. Eu conheço homens que obviamente têm um dom divino de curar mas que, de forma a evitar controvérsias ou críticas, não o confessam. Eles dizem: “Eu nunca afirmei ter um dom de 20
  • 21. curas. Deus cura.” É verdade que Deus cura, mas Ele usa instrumentoshumanosparaefectuaressa cura. Vejamos alguns lugares no NovoTestamento que declaram categoricamentequeos crentespossuemdons. A primeira carta aos Coríntios 12:7 diz: “A manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil” (ênfase adicionada). Com a língua Grega, os tempos dos verbos são muitas vezes de vital importância. Neste versículo, o verbo está num tempo presente contínuo. “A um pelo Espírito é com regularidade dada a palavra da sabedoria”, e assim sucessivamente. Uma pessoa que tem estes dons, manifesta-osregularmente. “Temos diferentes dons, segundo a graça que nos é dada” (Romanos12:6,ênfaseadicionada). “Mas cada um tem de Deus o seu próprio dom; um de uma maneira, e outro de outra” (1 Coríntios 7:7, ênfase adicionada). “Têm todos dons de curar? Falam todos em outras línguas? Interpretam-nas todos?” (1 Coríntios 12:30). Este versículo é importante porque inclui um dos dons que as pessoas mais hesitam em dizer que têm. Quando Paulo escreveu “Têm todos dons de curar?”, ele está claramente a dizer que nem todos têm, mas há quem o tenha. Se tal não fosse, esta seria apenas uma insignificante pergunta retórica. Aqui temos uma clara autoridade das Escrituras para que os crentes digam: “Eu tenho dons de curas (ou de interpretação de línguas, ou outro qualquer). Deus deu-mos. Não me torna melhor do que eu era antes, mas devo dizer 21
  • 22. que, no que toca à experiência, eles manifestam-se regularmenteatravésdemim.” “Portanto, procurai com zelo os melhores dons” (1 Coríntios 12:31). Se não pudéssemos ter dons, não haveria nada para procurar. É claro que é a vontade de Deus que nós procuremosterdons. É a vontade de Deus que nós procuremos ter dons. “Não desprezes o dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do presbitério” (1 Timóteo 4:14, ênfase adicionada) e “Por este motivo eu te exorto que despertes o dom de Deus, que há em ti pela imposição das minhas mãos” (2 Timóteo 1:6, ênfase adicionada). Paulo escreveu a Timóteo de tal forma que é absolutamente claro que ele considerava queTimóteo tinha um determinado dom. Se o dom está em si, então você tem- no. “Servi uns aos outros conforme o dom que cada um recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” (1 Pedro 4:10, ênfase adicionada). Pedro usou uma linguagem semelhante à de Paulo. Não podemos ministrar aquilo que não temos. Primeiro há que o receber. Pedro assumiu que todos os Cristãos teriam dons, permitindo-nos ministrar uns aos outros. A verdadeira pobreza é não termos algo com que contribuir. Esta é a trágica condição de provavelmente 90 por cento dos Cristãos que frequentam igrejas e que professam a sua fé em Cristo. Eles não receberam o que Deus lhes disponibilizou e, como tal, não o podem dar. Mas esta não é a vontade de Deus. Nenhum crente no Senhor Jesus Cristo tem necessidade de 22
  • 23. estar sem a sua própria e distinta manifestação do Espírito Santo. “A manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil. Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, distribuindo particularmente a cada um como quer”(1Coríntios12:7,11). Enquanto a todos os crentes são dados dons distintos, isto não limita o Espírito Santo de manifestar qualquer dom através de qualquer pessoa em qualquer tempo que Ele queira, porque todos os dons residem n'Ele. Por exemplo, se estiver numa emergência e alguém estiver a morrer à sua frente, não tem de ficar a olhar para a pessoa e dizer: “Eu não tenho o dom de curar, portanto não há nada que eu possa fazer.” Se está cheio do Espírito Santo, tem todos os dons em potencial n'Ele. Não há nada que impeça o Espírito Santo de manifestar o dom da cura através de si naquele momento. Contudo, as Escrituras não justificam que diga que tem o dom de curas, a menos que ele seja regularmente manifestado na sua vida. Deus pode dar qualquer tipo de manifestação que seja necessária a qualquer pessoa, mas isto não é o mesmo que ter o dom. Não diríamos que o burro de Balaão tinha o dom da profecia. Porquê? Porque aconteceu somente numa ocasião. Portanto, Paulo começou e terminou a sua lista de dons do Espírito lembrando-nos que, como crentes, cada um de nós tem o privilégio ter a sua manifestação específica do Espírito Santo na sua vida. Paulo não sugere que Deus nos condiciona apenas a uma manifestação. Mas se vivermos na nossa herança espiritual, temos o direito de gozar as manifestações do Espírito Santo nas nossas vidas. Qualquer crente que está a viver sem estas manifestações, 23
  • 24. está a viver abaixo do nível da provisão de Deus para a sua vida. Terão Sido os Dons Retirados da Igreja? Algumas pessoas dizem-nos que os dons foram retirados da igreja depois do primeiro século. No entanto Paulo disse que a igreja deve exercitar os dons enquanto espera pelo regresso doSenhorJesus. Sempre dou graças ao meu Deus por vós pela graça de Deus que vos foi dada em Jesus Cristo. Pois em tudo fostes enriquecidos nele, em toda a palavra e em todo o conhecimento, assim como o testemunho de Cristo foi confirmado entre vós; de modo que nenhum dom vos falta, aguardando a revelação de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual vos confirmará também até ao fim, para serdes irrepreensíveis no dia de nosso Senhor Jesus Cristo.(1Coríntios1:4-8,ênfaseadicionada) Quanto mais se aproxima o regresso do Senhor, mais precisamos de manifestar os dons. Não há qualquer Escritura na Bíblia que sugira que os dons sobrenaturais da graça de Deus serão alguma vez retirados da igreja de Jesus Cristo. Quando a igreja, como a noiva, for ao encontro de Jesus, o Noivo, ela será adornada com os dons que Ele lhe enviou. O motivo por que alguns crentes não têm estas manifestações é que eles nunca deram o passo vital do que é natural para o que é sobrenatural.Acredito que o primeiro passo essencial é o baptismo no Espírito Santo, acompanhado pela manifestação miraculosa de falar em 24
  • 25. outras línguas. Uma vez que entrou no reino do sobrenatural, é a vontade de Deus que continue a actuar nesse reino. Os dons espirituais não são algo remoto de uma era passada. Nem tão-pouco estão reservados somente para alguns gigantes espirituais ou pregadores e missionários em terras estrangeiras. O Novo Testamento revela os dons como parte do equipamento espiritual da vida Cristã para crentesdetodosos temposatéqueCristovolte. Os dons fazem parte do equipamento espiritual da vida Cristã até que Cristo volte. O Propósito Final dos Dons Espirituais Vamos fechar este capítulo falando do propósito dos dons, do ponto de vista de Deus. Frequentemente cometemos o erro de vermos os Seus propósitos e provisão somente da perspectiva do que eles farão para nós. Por exemplo, se ouve pessoas falarem sobre o baptismo no Espírito Santo: “sentir-se-á maravilhosamente bem se tiver o baptismo.” Mas não se sentirá maravilhosamente bem todo o tempo. Por vezes poderá sentir-se pior do que alguma vez se sentiu porque poderá tornar-se mais consciente dos problemas, das necessidades e das forças espirituais, algo que anteriormente não se apercebia. Outros poderão dizer: “Ele ajudá-lo-á tremendamente com o seu estudo da Bíblia”, o que é verdade. Ou poderão dizer-lhe: “Terá o poder para testemunhar.” Este também é um maravilhoso resultado do baptismo. Contudo, todas estas razões para se receber o baptismo no Espírito Santo estão direccionadas para o nosso próprio proveito. O grande motivo para termos o 25
  • 26. baptismo no Espírito Santo é o que ele fará para o corpo de Cristo. “Pois todos nós fomos baptizados em um só Espírito” (1 Coríntios 12:13). Porquê? Para nos tornarmos membros eficazes do corpo de Cristo. Isto glorificará Deus. O CatecismodeWestminsterincluiestadeclaração: “Qual é o objectivo final do homem?” É “glorificar a Deus e gozar da Sua presença para sempre.” Poucos de nós compreendemos o facto de que o fim supremo da vida é glorificar a Deus. Alguém me disse: “Se não existes para a glória de Deus, não tens o direito de existir.” Esta é a verdade. Tudo foi criado para o prazer de Deus. Porque são os dons espirituais importantes? Porque trazem glória a Deus. Os dons espirituais são importantes porque trazem glória a Deus. O livro de Efésios contém algumas frases absolutamente fantásticasnoquetocaaisto. “…o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo…nos predestinou para sermos filhos de adopção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito da sua vontade, para louvor e glória da sua graça, a qual nos deu gratuitamente noAmado. …a fim de sermos para louvor da sua glória,nós, os quedeantemãoesperamos emCristo.” (Efésios1:3,5-6,12) Qual é o propósito final de Deus em nos adoptar como Seus filhos? Que nós sejamos para “louvor e glória da sua graça.” Gosto particularmente da maneira como uma 26
  • 27. versão traduz o fim do versículo seis: “…que nos fez graciosamentefavorecidosnoAmado.” Agraça é amontoada sobre nós.Agraça é-nos dada quando não a merecemos, tornando-nos no objecto do especial favor de Deus. Nós somos o objecto do Seu favor mais do que tudo no universo por causa do nosso relacionamento comJesus Cristo. Nós, que somos os menos merecedores, que estamos mais afastados de Deus, fomos aproximados ao máximo.Todas as riquezas do favor de Deus têm sido amontoadas sobre nós para que fôssemos para a glória da Sua graça por toda a eternidade. É aqui que os dons têm um papel a desempenhar. Efésios 3:10,diz:“Efoiassim para que agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principadosepotestadesnas regiõescelestes.” Aigreja de Jesus Cristo é para ser a revelação da sabedoria deDeus paratodoouniverso. A nossa tradução em Português diz “multiforme sabedoria”, mas a palavra Grega é ainda mais forte, significando “sabedoria infinitamente variada”. O nosso exercício dos dons é uma forma significativa de como Deus cumpre o Seu propósito de tornar conhecida a Sua sabedoriainfinitamentevariadapelaigreja. No próximo capítulo, veremos mais sobre esta bonita e vital ligação entre a graça de Deus e os dons que Ele nos concede. 27
  • 28.
  • 29. Capítulo 2 Charisma: Dons de Graça A palavra Grega para “dons” e “dom” em 1 Coríntios 12 é charisma. Os nove dons que lá estão mencionados não são os únicos dons charisma referidos nas Escrituras. Onde quer que uma palavra reapareça nas Escrituras, tal como charisma, é como uma corrente. Ela tende a mostrar-nos passagens que devemos considerar conjuntamente para obtermos uma imagem mais completa do que Deus está a tentar revelar. Tendo uma compreensão dos outros tipos de dons de graça, permite-nos situar os nove dons na sua devida perspectiva. Por exemplo, no último capítulo, vimos a relação entre os dons do Espírito e os dons ministeriais. A palavra charisma deriva do substantivo Grego charis. Charis é normalmente traduzido como graça. Graça pode ser definida como “o não merecido favor de Deus para com os injustos e não merecedores.” Nada em nós apresenta qualquer razão para a oferta de amor, misericórdia e favor deDeus. ÉaSuagraçaqueO levaafazeristo. Vejamos alguns factos importantes acerca da natureza da graça de Deus que também se aplicam à natureza dos Seus dons degraça. 29
  • 30. ANaturezaeFuncionamentodaGraçadeDeus GraçaéGratuita Primeiro que tudo a graça é gratuita, não pode ser ganha. O evangelho é uma manifestação da graça de Deus. É o Seu favor para com os que não o mereceram, para com os que mereciam julgamento e condenação por causa dos seus pecados e rebelião.Apesar de Deus recompensar fielmente os que fazem o bem, isto não é graça. A graça está num nívelcompletamentediferentedarecompensapelasobras. Muitas pessoas religiosas pensam que têm que fazer algo para merecerem a graça de Deus e – ainda pior – muitas delas pensam que fizeram algo para a merecer. Elas estão erradas em ambos os sentidos, nós nunca poderemos fazer algo para merecer a graça de Deus.Acoisa mais difícil para uma pessoa religiosa compreender é que ela não exerce qualquer direito sobre a graça de Deus. Não poderemos agradar mais a Deus do que simplesmente estarmos dispostos a aceitar a Sua graça sem que a tentemos merecer ousermossuficientementebons. Agradar a Deus é aceitar a Sua graça sem que a tentemos merecer ou sermos suficientemente bons. AGraçaéDada atravésda SoberaniadeDeus Segundo, a graça de Deus é a Sua escolha soberana. Ele tem toda a autoridade para fazer com ela o que bem Lhe aprouver. Ele não deve explicações a ninguém ou tem de prestar contas pela operação da Sua graça. O Senhor diz: “Compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia” (Romanos 9:15). 30
  • 31. AGraçaVematravésdeJesus Cristo Terceiro, a graça tem apenas um canal; há somente um caminho pelo qual ela vem até à raça humana: Jesus Cristo. Em João 1:17 nós lemos: “Pois a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meiodeJesus Cristo.” Deus não dá graça a ninguém, seja em que situação ou circunstânciafor,senãopormeiodoSeufilho. A Graça tem apenas um canal pelo qual ela vem até nós: Jesus Cristo. AGraçaVemaoHumilde Quarto, a graça só é oferecida a um tipo de pessoa: ao humilde. Tanto Tiago como Pedro citaram Provérbios 3:34 nas suas epístolas: “Ele escarnece dos escarnecedores; mas dá graça aos humildes” (Tiago 4:6; 1 Pedro 5:5). Mais uma vez digo, se nós orgulhosamente pensamos que merecemos a graça de Deus, não a podemos receber. Devemos recebê-la na base do humilde reconhecimento de quenãoamerecemos. AGraçaVematravésda Fé Só há um meio pelo qual a graça é apropriada – pelo qual pode efectivamente tê-la e experimentá-la na sua vida – e esse meio é a fé. Efésios 2:8 diz: “Pois é pela graça que sois salvos, por meio da fé – e isto não vem de vós, é dom de Deus”. Até a fé é dada por Deus. Não nos podemos gabar de termos fé porque, até que Deus a tivesse dado, você não a tinha. Deus oferece-nos a Sua graça somente através de Jesus Cristo; é oferecida somente ao humilde e é apropriada somentepelafén'Ele. 31
  • 32. AGraçaéAdministrada peloEspíritoSanto Só há um administrador ou dispensador da graça de Deus – o Espírito Santo. Em Hebreus 10:29, Ele é chamado o “Espírito da graça.” O Espírito administra a graça de Deus tal como administra tudo o que recebemos através de Jesus Cristo. Charisma ao longo do Novo Testamento Com este entendimento da natureza da graça, ou charis, estamos numa posição que nos permite ver como a graça se aplica aos dons de graça ou charisma.Adicionando “ma” a “charis” transforma-o de um nome geral e abstracto para um substantivo específico e definido. Charisma é a graça que produz efeito.Assim sendo, um charisma é uma forma, operação ou manifestação específica da graça de Deus. É a graçatornadadisponívelnumaformaparticular. Existem várias passagens no Novo Testamento onde a palavra charisma é usada. Vejamos esses exemplos para termos uma melhor ideia do significado desta palavra e das suas ligações e, assim, podermos aplicá-la aos nove dons espirituais. Charisma emRomanos Quando o apóstolo Paulo estava a escrever aos Cristãos em Roma, a quem ele ainda não havia conhecido pessoalmente, disse: “Desejo ver-vos, para vos comunicar algum dom espiritual [charisma]” (Romanos 1:11). Paulo não especificou qual o dom ou dons que tinha em mente. Contudo, o uso da palavra “espiritual” imediatamente nos dá a conhecer que ele se referia a dons, dos quais o Espírito SantoeraoadministradoratravésdeJesus Cristo. 32
  • 33. No quinto capítulo de Romanos, a palavra charisma aparece duas vezes. Nestes exemplos, ela é traduzida por “dom gratuito”, o que enfatiza especialmente a sua associação com graça. Paulo estava a contrastar o que aconteceu à raça humana através do pecado deAdão com o que é oferecido à raça humana através da justiça de Jesus Cristo. Mas não é assim o dom gratuito [charisma] como a ofensa. Pois se pela ofensa de um morreram muitos, muito mais a graça [charis] de Deus e o dom [dorea] pela graça [charis], que é de um só homem, Jesus Cristo, abundou para commuitos.(Romanos5:15,ênfaseadicionada) Neste versículo, Paulo alinhou directamente a graça e o dom: “a graça de Deus” e “o dom pela graça de… Jesus Cristo.” A palavra Grega para a segunda instância de “dom” neste versículo é dorea, que significa “uma dádiva”. Elatemaconotaçãodealgoqueédadolivremente. Paulo enfatizou que o canal, que é somente através de Jesus Cristo,“abundoupara commuitos.” O dom [dorea] não é como a ofensa de um só que pecou: O juízo veio de uma só ofensa, na verdade, para condenação, mas o dom gratuito [charisma – o dom gratuito de Jesus C r i s t o ] v e i o d e m u i t a s o f e n s a s , p a r a a justificação.”(Romanos5:16,ênfaseadicionada) Apesar da palavra charisma não ser utilizada no versículo 17, nós reconhecemos o dom específico de que Paulo falava. 33
  • 34. Pois se pela ofensa de um só, a morte reinou por esse, muito mais os que recebem a abundância da graça, e o dom [dorea] da justiça, reinarão em vida por um só, Jesus Cristo.(ênfaseadicionada) O dom gratuito a que Paulo referia é a justiça. É tremendamente significativo que o primeiro dom de graça específico mencionado no Novo Testamento seja o dom de justiça. É a primeira manifestação da graça de Deus nas vidas dos que vêm a Ele através de Jesus Cristo. Deus não pode fazer nada por nós até que nos tenha tornado justos. Justiça é um dom de graça, um dom gratuito e imerecido. Ou nós o recebemos como uma dádiva ou simplesmente nãootemos. Deus não pode fazer nada por nós até que nos tenha tornado justos. Justiça é um dom de graça, ou nós o recebemos como uma dádiva ou simplesmente não o temos. A seguir, chegamos a este versículo bastante conhecido: “Pois o salário do pecado é a morte, mas o dom [charisma] gratuito de Deus é a vida eterna, em Cristo Jesus nosso Senhor”(Romanos 6:23). Novamente, Paulo deliberadamente delineou um contraste entre salário e dons de graça – sendo o salário a recompensa devida pelo que temos feito. Se trabalhar cinco dias por semana com um determinado pagamento fixo, no final do mês terá merecido o seu salário. Esta é a sua devida recompensa. Paulo disse, que a recompensa devida pelos pecados que todos nós cometemos é a morte. Se quiser justiça, pode tê- la porque Deus é justo. Mas a alternativa à justiça é a Sua 34
  • 35. graça – não é o que merecemos, não é aquilo no qual somos suficientemente bons, não é o que trabalhámos para ter, mas o gratuito e imerecido dom de Deus, que é a vida eterna emJesus Cristonosso Senhor. Em Romanos 8:10, Paulo estabeleceu a ligação entre vida e justiça. “Mas se Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado [a velha naturezaAdâmica morreu], mas o espírito vive por causa da justiça.” Esta vida vem pelo Espírito Santo porque nós somos reconhecidos como justos. Deus não pode dar vida aos injustos. A vida eterna vem na base da justiça de Cristo imputadaemnós atravésdafén'Ele. A vida eterna vem na base da justiça de Cristo imputada em nós através da fé n'Ele. Um pouco mais à frente, em Romanos 11:29, Paulo diz- nos: “Pois os dons [charisma] e a vocação de Deus são irrevogáveis.” Quando Deus concede um dom, Ele não muda de ideias. Suponhamos que eu dava a uma das minhas filhas adultas um carro novo. Se for realmente uma dádiva, não posso retirá-lo se ela fizer algo que desaprovo. Deoutraformaseriaapenasumempréstimocondicional. Do mesmo modo, quando Deus nos dá dons, incluindo os dons espirituais, Ele não os retira, mesmo que não os usemos de forma apropriada. Nós somos responsáveis e vamos prestar contas pelo uso que lhes damos, mas porque são ofertas, não são revogados. Isto aplica-se tanto aos dons de Deus como ao chamamento de Deus. Tenho conhecido muitas pessoas que receberam o chamamento para serem evangelistas. Em muitos aspectos as suas vidas 35
  • 36. estavam desorganizadas. Elas até podem ter abusado do álcool ou terem agido de forma imoral. Contudo, de cada vez que pregavam, pecadores eram salvos. Poderá questionar: “Como pode gente desta ser usada por Deus?”Aresposta é simples. É porque Deus lhes deu o dom e Ele nunca tira aquilo que dá. Se em qualquer momento o receber e o manter de um dom for condicionado ao nós sermos suficientemente bons, então esse não é um dom de graça. Nós não recebemos um dom ganhando-o, merecendo-o ou sendo suficientemente bons. E guardamo- lo a menos que nós próprios o deixemos deliberadamente – o que pode acontecer. No entanto Deus nunca o retira. Compreender que o charisma é um dom incondicional, é vitalpararecebermoseexercermosdons espirituais. Repare que Paulo juntou à palavra dom a palavra graça. EmRomanos12:6-8,eleescreveu, Temos diferentes dons [charisma, dons de graça], segundo a graça [charis] que nos é dada. Se é profecia, seja ela segundo a medida da fé. Se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar haja dedicação ao ensino; ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exerce misericórdia,comalegria. Paulo mencionou sete tipos específicos de charisma. O primeiro é a profecia. O segundo é o ministério. A palavra Grega para ministério significa “servir”, primeiramente no domínio prático. Ela está relacionada com a palavra de onde deriva o termo diácono. Essencialmente é uma forma de serviço no domínio material da vida.Aseguir ele listou o ensino, a exortação, o repartir e o presidir.Apalavra Grega 36
  • 37. para repartir ou dar refere-se ao partilhar, mas significa partilhar os nossos bens materiais ou as nossas finanças. A palavra Grega para presidir ou liderar é proistemi, que significa “ser colocado acima” ou “na cabeça de”. (Veja também 1 Tessalonicenses 5:12; 1 Timóteo 3:4-5,12; 5:17.) Em 1 Timóteo 3, há um paralelo directo entre um homem que governa a sua família e um homem que governa a igreja. Paulo disse: “É necessário, pois, que o bispo… governe [proistemi] bem a sua própria casa, tendo seus filhos sob disciplina, com todo o respeito (pois se alguém não sabe governar [proistemi] a sua própria casa, como cuidará da igreja de Deus?).” Assim sendo, a autoridade de um pai na sua família é um padrão para a autoridadedeumlídernaigreja. Por último temos o dom do exercício de misericórdia. Eu gosto de sublinhar que, exercer misericórdiaé um charisma específico. Nem todos os dons de charisma são dramáticos. Muitas pessoas procuram somente o sensacional. Há milhões de pessoas no mundo a precisarem que haja alguém lhes faça acreditar ainda em misericórdia. Há muitas pessoas solitárias desejando que alguém que lhes demonstre alguma bondade. Nós recebemos a misericórdia de Deus e temos a obrigação de a mostrar. A igreja primitiva regularmente tomou sobre si a responsabilidade de cuidar dos pobres. A maioria das igrejas modernas têm um comité para tudo, excepto para cuidar dos pobres. Este é um ministério de graça que é sobremaneira negligenciado. Mas estes são todos tipos de charisma destinadosaseremministradosporcrentesnaigreja. Charisma em1e2Coríntios O livro de 1 Coríntios tem provavelmente o maior número 37
  • 38. de ocorrências da palavra charisma, apesar de Romanos estar muito próximo. Primeiro, Paulo disse à igreja de Corinto: “De modo que nenhum dom [charisma] vos falta, aguardando a revelação de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Coríntios1:7). Paulo disse a esta igreja, que tinha alguns problemas morais sérios, “Estou muito contente por não vos faltar nenhum dom. Todo o charisma é manifestado entre vós.” Pense nos muitos problemas desta igreja em Corinto. Por exemplo, havia uma imoralidade exposta – um homem havia tomado a mulher do pai. Contudo, através das palavras de Paulo, podemos ver que os crentes, apesar de tudo, tinham todos os dons de graça. Porquê? Novamente, eles não os tinham por os merecerem. Tenho reparado que as pessoas que não são religiosas frequentemente têm muito mais fé para tomarem posse dos dons de graça porque nunca se preocupam em tentar merecê-los; elas sabem que não são capazes de o fazer. Contrastando com pessoas boas e religiosas muitas vezes se apercebem do quão difícil é receber dons de graça porque elas ainda pensam, algures no fundo das suas mentes, “tenho que fazer algumacoisapara mereceristo.” O ministério de Paulo aos Coríntios lembra-nos que receber um dom não muda, necessariamente, o carácter de uma pessoa. Deus quer mudar o nosso carácter para que nos tornemos como o Seu Filho Jesus Cristo, mas este não é o fundamento sobre o qual recebemos os dons. Nós não recebemosdons porquesomos bons;recebemo-lospelafé. Nós não recebemos dons porque somos bons; recebemo-los pela fé. 38
  • 39. Em1Coríntios7:7-8,Pauloescreveu: Contudo, gostaria que todos os homens fossem como eu mesmo. Mas cada um tem de Deus o seu próprio dom; um de uma maneira, e outro de outra. Digo, porém, aos solteiros e às viúvas, que lhes é bom se permanecerem comoeu. Aque dom ou manifestação específica da graça de Deus se referia Paulo? Ao celibato, a capacidade de viver solteiro. O que ele disse foi: “Eu gostava que todos tivessem este dom para que pudessem servir ao Senhor a tempo integral, mas reconheço que nem toda a gente o tem.” Cada pessoa tem o seu ou a sua manifestação específica da graça de Deus que lhes permite fazer o que Deus lhes chamou para fazer. Cada pessoa tem o seu ou a sua manifestação específica da graça de Deus que lhes permite fazer o que Deus lhes chamou para fazer. Não é bom que uma pessoa que não tenha este dom tente viver como se o tivesse. Mas quero que reparem que Paulo afirmouqueesteeraumdomdegraça. Em 1 Coríntios 12:4, Paulo escreveu: “Há diversidade de dons [charisma], mas o Espírito é o mesmo.” Como notámos anteriormente, existem muitos dons diferentes, mas é o Espírito Santo que dispensa todos eles. Então Paulo enumera nove dons de graça específicos, que são o foco destelivro. A um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência; a outro, pelo 39
  • 40. mesmo Espírito, fé; a outro, pelo mesmo Espírito, dons de curar; a outro, a operação de milagres; a outro, profecia; a outro, discernimento de espíritos; a outro, variedade de línguas,eaoutro,interpretaçãodelínguas.(v.8-10) Um pouco depois, Paulo disse: “Portanto, procurai com zelo os melhores dons [charisma]” (v. 31). As pessoas não podem desejar dons se não souberem o que são dons. Paulo assumiu que os Cristãos se tornariam familiarizados com o que são os dons de Deus, com o que lhes está disponível. Repare que quando ele diz para procurarmos com zelo os melhores dons, ele não estava a encorajar ao orgulho. Os dons de graça são dados apenas aos humildes. O desejo de receberdons espirituais,só porsi, nãoéerrado. Para compreendermos o que Paulo quis dizer por “melhores dons”, precisamos ir até ao versículo vinte e oito, onde ele diz: “A uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro lugar mestres, depois operadores de milagres, depois dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas.” Paulo especificou oito funções ou ministérios dentro da igreja: apóstolos, profetas, mestres ou professores, milagres, dons de curas, socorros, governos ou administração e variedades de línguas. No resumo do seu ensino, Paulo disse para desejarmos o melhor. Então, quaissãoos melhoresdons? Duvido que Paulo tenha organizado estes dons numa ordem de mérito. Não creio que se possa fazer uma lista absoluta e afirmar que essa é a ordem da sua importância. Os melhores dons são aqueles que melhor cumprem a função para a qual foram dados.Assim sendo, qualquer que 40
  • 41. seja o dom que satisfaça a vossa situação ou circunstância numdadomomento,esse éomelhordom. Um tipo completamente diferente de charisma é mencionado na seguinte passagem. Paulo referia-se a uma determinada experiência no seu próprio ministério missionário. Mas já em nós mesmos tínhamos a sentença de morte, para que não confiássemos em nós, mas em Deus, que ressuscita os mortos, o qual nos livrou e em quem esperamos que ainda nos livrará de tão grande morte, ajudando-nos também vós com orações por nós, para que por muitas pessoas sejam dadas graças a nosso respeito, pelo dom [charisma] que nos foi concedido por meio de muitos. (2 Coríntios1:9-11) Paulo referia-se à libertação milagrosa de perigos extremos e ele chamou-lhe um dom; era uma manifestação da graça de Deus. Possivelmente Paulo estava a falar do ocorrido em Listra quando ele foi apedrejado e arrastado para fora da cidade pelos seus inimigos e deixado como morto, mas acabou por se levantar e afastou-se daquele lugar como se nada tivesse acontecido. (Ver Actos 14:8-20.) Essa intervenção sobrenatural de Deus foi um dom de graça e veio em resposta às orações de muitos. É importante compreendermos que uma súbita, dramática e sobrenatural intervenção divina, contrariamente a tudo o que poderíamos esperar, é um dom dado pela graça de Deus para fazer face às necessidades de uma situação em concreto. O contexto do comentário de Paulo parece indicar que a 41
  • 42. intervenção milagrosa normalmente vem em resposta às orações de um grupo, em vez de ser uma manifestação na vida de um indivíduo em particular. Como Paulo escreveu, “ajudando-nos também vós com orações por nós, para que por muitas pessoas sejam dadas graças a nosso respeito, pelo dom que nos foi concedido por meio de muitos” (2 Coríntios1:11). Outro exemplo óbvio de intervenção divina e milagrosa em resposta às orações de um grupo, foi quando Pedro foi libertado da prisão na noite anterior ao dia da sua execução, tal como está registado em Actos 12. Claramente, esta intervenção de Deus tem que estar incluída na mesma categoria dos dons porque ela não foi merecida. Foi a soberana graça de Deus que, num momento crítico, desceu sobre Pedro, poupando-lhe a vida. Se considerarmos os dons de graça sob esta perspectiva, sob esta luz, muitos de nós poderão ser capazes de olhar para trás nas suas vidas e ver uma intervenção milagrosa, sobrenatural, em resposta aoraçõesequeperfazos requisitosdeumcharisma. Charisma em1e2Timóteo Em 1 Timóteo 4:14, Paulo dirigiu algumas palavras de aconselhamento a Timóteo, a quem havia anteriormente chamado o seu “filho na fé” (1 Timóteo 1:2): “Não desprezes o dom [Charisma] que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do presbitério.” Em 2 Timóteo 1:6 é feita uma exortação semelhante: “Por este motivo eu te exorto que despertes o dom [Charisma] de Deus, que há em ti pela imposição das minhas mãos.” Aparentemente, Timóteo era responsável por permitir que a timidez o impedisse de exercer o dom que Deus lhe tinha dado. Paulo achou, pois, necessário 42
  • 43. exortá-lo em cada uma das epístolas, dizendo-lhe “Não deixes esse dom adormecer; não fiques contente apenas com o ministrar, como se não tivesses este dom em particular. Sacode-o; usa-o. Ele foi-te dado por Deus para a Sua glória e para cumprir os Seus propósitos, e tu és responsávelpeloquefazescomele.”Do mesmomodo, nós somos responsáveis pelo que fazemos com os dons de graçadeDeus nas nossas vidas. Nós somos responsáveis pelo que fazemos com os dons de graça de Deus nas nossas vidas. Charisma em1Pedro Aúltima instância de charisma no Novo Testamento é em 1 Pedro 4:10: “Servi uns aos outros conforme o dom [charisma] que cada um recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus.” Pedro não esperava que algum Cristão tivesse falta de dons de graça. Ele indicou que todos os crentes receberiam dons, e, com base no que recebessem,elesseriamcapazesdeministraraoutros. Se os Cristãos vão ministrar, eles primeiro têm de receber. Parece que grandes secções da igreja contemporânea não têm nada para dar. O pastor pode pregar e exortá-los para fazerem isto ou aquilo, mas se não têm nada com o qual fazer, como poderão fazê-lo? Um dos problemas básicos daigrejaCristãdehoje,équeestamosoperandononatural. Um dos problemas básicos da igreja Cristã de hoje, é que estamos operando no natural. Confiamos na educação, na nossa formação pessoal, no ambiente social, etc., em vez de confiarmos na graça e 43
  • 44. poder de Deus. Se permitirmos que Deus nos dê dons de graça – que não temos de merecer ou nos habilitarmos através da educação, experiências, ou aulas no seminário – estaremos numa posição em que poderemos ministrar a outros. A Variedade e Abundância da Graça de Deus Existe um total de vinte e seis tipos de charisma ou dons de graça mencionados no Novo Testamento, sem contar com os que se repetem. Vimos alguns deles. Muitos são referidos directamente nas Escrituras, enquanto outros são inferidos. 1. Justiça(Romanos5:15-17) 2. Vidaeterna(Romanos6:23) 3. Profecia(Romanos12:6;1Coríntios12:10) 4. Ministério[servir](Romanos12:7) 5. Ensino(Romanos12:7) 6. Exortação(Romanos12:8) 7. Repartir(Romanos12:8) 8. Presidir(Romanos12:8) 9. Exercermisericórdia(Romanos12:8) 10. Celibato(ver1Coríntios7:7) 11. Palavradesabedoria(1Coríntios12:8) 12. Palavradeciência/conhecimento(1Coríntios12:8) 13. Fé(1Coríntios12:9) 14. Dons decuras(1Coríntios12:9) 15. Operaçõesdemilagres(1Coríntios12:10) 16. Discernimentosdeespíritos(1Coríntios12:10) 17. Variedadedelínguas(1Coríntios12:10) 18. Interpretaçãodelínguas(1Coríntios12:10) 19. Apóstolo(1Coríntios12:28) 44
  • 45. 20. Profeta(1Coríntios12:28) 21. Mestre(1Coríntios12:28) 22. Socorros (1Coríntios12:28) 23. Governos [administradores](1Coríntios12:28) 24. Evangelistas(Efésios4:11) 25. Pastores(Efésios4:11) 26. Intervençãomilagrosa(2Coríntios1:11) Através deste livro, ao analisarmos mais profundamente os nove dons espirituais, a palavra que quero que tenham sempre em mente é graça – as riquezas da graça de Deus, a abundância da graça de Deus, a variedade da graça de Deus. Neste capítulo entrei em alguns detalhes sobre a frequência do uso de charisma no Novo Testamento de forma a sensibilizar o leitor e fazê-lo acreditar que Deus tem uma abundância para si também. Deus nunca fez dois flocos de neve ou duas impressões digitais iguais. Igualmente, não existem dois Cristãos idênticos porque Deus tem graça, dons, variedade e abundância suficiente para todos nós. Se está a viver limitado de graça, não é Deus queoestáalimitar–estáalimitar-seasipróprio! Se está a viver limitado de graça, não é Deus que o está a limitar – está a limitar-se a si próprio! Abra o seu coração e a sua vida para receber os Seus abundantesdons degraça. 45
  • 46.
  • 47. Capítulo 3 A Manifestação do Espírito Uma vez que existem vinte e seis instâncias distintas da palavra charisma nas Escrituras, a questão que naturalmente surge é “Porque são mencionados nove dons em 1 Coríntios 12, isolados numa categoria especial?” Usando termos científicos, podemos pensar no charisma como um “género” (uma categoria) e estes nove dons como uma “espécie” dentro desse género. Isto leva-nos a uma segunda questão, “Qual é a característica que diferencia estesdons?” A resposta pode ser encontrada no versículo que apresenta a lista: “Amanifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil” (1 Coríntios 12:7), ou seja, para o usufruto comum, para o bem de todos. É óbvio que estes dons são paraumpropósitoútil,práticoelucrativo. Alguém disse: “Os dons do Espírito Santo não são brinquedos,sãoferramentas.” “Os dons do Espírito Santo não são brinquedos, são ferramentas.” No entanto, eu acredito que a palavra-chave que distingue estes nove dons de todos os outros dons de graça é 47
  • 48. “manifestação”. Manifestação refere-se a uma revelação abertaaossentidos,talcomoos olhosououvidos. O corpo físico do crente em Jesus Cristo, é um templo no qual a pessoa do Espírito Santo habita. O apóstolo Paulo disse: “Ou não sabeis que o nosso corpo é santuário do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus?” (1 Coríntios 6:19). Contudo, o Espírito Santo dentro desse templo é invisível; a Sua presença não pode ser percebida por nenhum dos cinco sentidos. Estas nove manifestações distintas do Espírito são, pois, evidência do Espírito invisível habitando no crente. São formas nas quais o Espírito Santo invisível se torna manifesto nesse crente. Cada um destes dons é perceptível pelos sentidos, de uma formaoudeoutra. Jesus ensinou a Nicodemos acerca do Espírito Santo, comparando-O com o vento: “O vento sopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim é todo aquele que é nascido do Espírito.” (João 3:8). Nenhum de nós alguma vez viu o vento; a sua natureza é ser invisível. Contudo sabemos quando o vento sopra porque vemos as coisas que o vento faz: arranca folhas das árvores, as árvores dobram-se numa determinada direcção, as nuvens deslizam sobre os céus, o pó rodopia nas ruas, etc. Estas são manifestações do vento. Similarmente, ninguém vê o Espírito Santo habitando no crente, mas as coisas que o Espírito Santo faz de dentro desse crente são manifestações da Sua presença. Elas são uma revelação distinta de que Ele está lá e opera de formas específicas. Alguns crentes tem a ideia de que o Espírito Santo é tão sagrado, tão invisível e tão espiritual, que nós nunca nos 48
  • 49. podemos aproximar d'Ele ou senti-Lo ou experimentá-Lo. Isto não é correcto. É importante compreendermos que as Escrituras falam de manifestações do Espírito Santo. O Espírito Santo tem feito muitas coisas que foram perceptíveis às pessoas. Gostaria de ilustrar este facto com duaspassagensdoNovoTestamento. Actos 2 descreve os eventos no dia de Pentecostes, quando o Espírito Santo desceu do céu para fazer a Sua morada nos membros da recentemente formada igreja de Jesus Cristo na terra. Naquele dia houve manifestações claras do EspíritoSanto. Cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente veio do céu um som, como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam assentados. E viram línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. Todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia quefalassem.(Actos 2:1-4) Os crentes ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas – línguas novas que não tinham aprendido. Foram estas manifestações do Espírito que levaram a grande multidão a ouvir o sermão que Pedro subsequentemente pregaria (ver versículos 14-40) e que levou três mil pessoas à fé em Jesus Cristo (ver versículo 41). Se não tivesse havido as manifestações ninguém, além dos discípulos teria reconhecido que o Espírito Santo tinha vindo. O Espírito Santo é conhecido através das Suas manifestações. 49
  • 50. Quando Pedro estava prestes a atingir o auge da sua mensagem – após ter pregado sobre Jesus, o curso do Seu ministério, a Sua morte, ressurreição e ascensão ao céu – eledisse: “Deus ressuscitou a este Jesus, do que todos nós somos testemunhas. De sorte que, exaltado pela destra de Deus, e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes e ouvis.” (Actos 2:32- 33,ênfaseadicionada) As pessoas não viram ou ouviram o próprio Espírito Santo, mas elas viram e ouviram o que Ele fez nos crentes e através deles, em quem tinha vindo morar. É interessante notarmos a palavra “isto” [pronome demonstrativo] no versículo trinta e três: “isto que agora vedes e ouvis.” Esta palavraéusadaváriasvezesemActos 2.Primeirolemos: Correndo aquela voz, ajuntou-se uma multidão, e estava confusa, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua. E todos pasmavam e se maravilhavam, perguntando uns aos outros: Não são galileus todos esses homens que estão falando? Então, como é que os ouvimos, cada um, na sua própria língua nativa? (vs. 6-8, ênfase adicionada) Foi o som que atraiu a multidão. O som é uma manifestação; pode ser reconhecido pelo sentido da audição. O versículo é específico em relação ao que espantou a multidão. Eles ouviram estes pescadores Galileus a falar em línguas que reconheciam, mas sabiam que os Galileus não conheciam, línguas que nunca tinham aprendido por compreensão natural ou educação. Este é o pontoemquestão. 50
  • 51. Continuando, lemos “Todos se maravilhavam e estavam perplexos, perguntando uns aos outros: Que quer dizer isto?” (v. 12, ênfase adicionada). A que se refere “isto”? Refere-se aos discípulos falando em línguas que não conheciam. Algumas pessoas responderam dizendo: “Estãocheiosdevinho.”(ververso13). Pedrolevantou-seepô-losemordem: Homens judeus, e todos os que habitais em Jerusalém, seja-vos isto notório; escutai as minhas palavras. Estes homens não estão embriagados, como vós pensais, sendo a terceira hora do dia [Ninguém se embebeda às nove horas damanhã]. Mas istoéoquefoiditopeloprofetaJoel… (Actos2:14-16,ênfaseadicionada) “Isto” refere-se à mesma coisa, o falar em outras línguas. O que disse Pedro acerca deste falar em outras línguas? “Isto é o que foi dito pelo profeta Joel: Nos últimos dias, diz Deus, do meu Espírito derramarei sobre toda a carne.” (versículos 16-17). Ele falava do prometido derramamento do Espírito Santo, previsto através do profeta. Pedro voltou a usar a palavra “isto” no final da sua declaração: “De sorte que, [Jesus] exaltado pela destra de Deus, e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes e ouvis.” (v. 33, ênfase adicionada). Este incidente do primeiro derramamento do Espírito Santo mostra que quando Ele vem habitar no crente, produzirá manifestações nesse crente que podem ser vistas e ouvidas, que são perceptíveis aos sentidos. Na realidade, isto é a evidência da Sua vinda. Repare no que Paulo disse 51
  • 52. acercadasuaprópriapregaçãoeministérioem1Coríntios: Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria. Pois nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado. E eu estive convosco em fraqueza, e em temor, e em grande tremor. A minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus. (1Coríntios2:1-5) Muitas pessoas imaginam que Paulo foi um grande pregador, mas esta ideia é contrariada pelas Escrituras. Ele disse: “A minha palavra e a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana.” Em 2 Coríntios 10:10, ele citou os seus inimigos ao dizerem que a sua presença pessoal é fraca e a palavra desprezível. Eu penso que Pedro foi um pregador tremendo, mas Paulo não era de todo uma “personalidade de púlpito”. Ele não era um orador tremendo, então como produziuos seus resultados? Não foi pela educação que ele recebeu aos pés do altamente respeitado professor Judeu, Gamaliel. (Veja Actos 5:34; 22:3). Paulo disse: “Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria. Pois nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado.” (1 Coríntios 2:1-2). Não foi uma ousadia invulgar. Ele disse aos Coríntios: “E eu estive convosco em fraqueza, e em temor, e em grande tremor.” (v.3). EmActos 52
  • 53. 18:1-11, nós lemos que a vida de Paulo correu perigo quando ele esteve em Corinto, e ele teve medo. Mas o Senhor falou-lhe numa visão e disse-lhe: “Não temas, mas fala, e não te cales. Pois eu sou contigo, e ninguém lançará mão de ti para te fazer mal, porque tenho muito povo nessa cidade.”(vs. 9-10). Então como produziu Paulo os seus resultados? A sua pregação foi “em demonstração do Espírito e de poder” (1 Coríntios 2:4). A palavra “demonstração” corresponde com exactidão à palavra manifestação que temos estado a observar. O segredo do ministério de Paulo não foi oratória, educação ou até mesmo coragem, mas a manifestação do poder sobrenatural de Deus – a demonstraçãodaacçãodoEspíritoSantonasuavida. Igualmente, os crentes devem demonstrar o poder do Espírito Santo através dos dons sobrenaturais que Paulo enumerou no capítulo doze de 1 Coríntios. Paulo disse que o propósito para esta demonstração ou manifestação é “para que a vossa fé não se apoiasse na sabedoria dos homens, mas nopoderdeDeus.”(1Coríntios2:5). A fé de cada verdadeiro Cristão não se deve basear em argumentos intelectuais ou filosóficos, ou em formações ou cursos de seminário, embora eles possam ser úteis, mas numaexperiênciapessoaldopoderdeDeus. A fé de cada verdadeiro Cristão deve basear-se numa experiência pessoal do poder de Deus. Quando fui missionário em África, chegou a um ponto em que passei por uma espécie de crise em ministrar a estudantes Africanos a quem eu estava a preparar para 53
  • 54. serem professores. Eles diziam sim a tudo o que eu lhes dizia, mas eu nunca sabia o quanto eles realmente criam; o problema foi demasiada condescendência. Um dia, levantei-me em frente aos meus alunos numa assembleia e disse: “Quero agradecer-vos por serem tão cooperantes e obedientes e dispostos a fazer tudo o que nós pedimos. Eu sei qual é o motivo. A vossa educação depende de nós e vocês querem ter educação; é o vosso deus.” Então disse: “Nas mentes de muitos de vós ainda permanece um grande ponto de interrogação.” Quando eu disse isto, eles começaram a olhar para mim. “A interrogação nas vossas mentes é esta: Será a Bíblia um livro paraAfricanos, que se pode ler e confiar, ou é apenas um livro de homens brancos que alguém trouxe de um outro país e que, na verdade, não diz respeito aos Africanos? Muitos dos vossos anciãos Africanos dizem-vos que é apenas um livro de brancos e que é melhor não perderem tempo a tentar obedecê-lo ou a segui-lo.” Quando eu disse isso, houve um silêncio generalizado porque disse exactamente o que eles estavam a pensar. Acrescentei: “Quero dizer-vos mais uma coisa. Eu não posso responder a essa questão por vocês.” Esta afirmação surpreendeu-os porque, eles pensavam que os missionários podiam responder a todas as perguntas. “Só há uma forma de descobrirem a resposta a essa pergunta e isso é, se tiverem uma experiência pessoal com o poder sobrenatural de Deus na vossa vida. Quando tiverem essa experiência, saberão que não veio da Grã-Bretanha, nem da América; elaveiodeDeus.” Não discuti com eles; dispensei a assembleia, retirei-me e orei nesta base: “Senhor, Tu disseste que aquilo que o 54
  • 55. homem semear, assim ceifará. Tenho semeado a Palavra de Deus nestes jovens e Tu disseste que, se semearmos para o Espírito, ceifaremos do Espírito a vida eterna. Vou confiar naTuaPalavra.”(Ver2Coríntios9:6;Gálatas6:7-8). À medida que o tempo passava, continuei a pregar a Palavra aos estudantes e orava. Não fiz rigorosamente nada para os coagir a qualquer tipo de condescendência à fé Cristã. Cerca de seis meses mais tarde houve uma intervenção soberana de Deus naquela universidade. Foi extraordinário. Durante as férias a meio do ano, a maioria dos estudantes ia a casa para um fim-de-semana comprido. Mas havia cerca de seis ou oito alunos cujas casas ficavam tão longe que eles não eram capazes de ir e voltar a tempo, por isso ficaram na universidade. A minha esposa e eu pensámos que devíamos fazer alguma coisa por aqueles jovens solitários, por isso convidámo-los a virem a nossa casa para tomarem uma chávena de chá, o que era pouco convencionalnaquelapartedeÁfrica. Eles não estavam acostumados a um estilo de vida e socialização Europeia ouAmericana – sentar em cadeiras e ter uma conversa; eles nunca tinham experimentado isso. Assim, sentámo-nos todos pouco á vontade, servimos-lhes chá e todos eles colocaram cerca de cinco colheres cheias de açúcar em cada chávena, porque não costumavam tê-lo. Então eu pensei: “O que vamos fazer com eles agora?” Disse que talvez fosse bom termos uma palavra de oração. Eles obedientemente ajoelharam-se para orar e, quando começámos, algo aconteceu. Foi como o rugir de um trovão.Algo entrou naquele quarto e atingiu-nos. Cada um daqueles alunos começou a orar em voz alta simultaneamente. Eles estavam a orar numa língua que eu 55
  • 56. não conhecia, mas não penso que fossem outras línguas; creio que eram as suas línguas tribais. Apesar de estarmos numa missão Pentecostal, os outros missionários mais tarde queixaram-se que fazíamos muito barulho! Mas foi um acto divino, não tive nada a ver com isso. Nunca teria conseguidofazê-lo:Deus interveio! Aquele evento deu início a algo que durou aproximadamente quatro anos. Tivemos uma movimentação soberana e sobrenatural do Espírito Santo naquela universidade. Cerca de três meses depois eu estava a falar novamente ao mesmo grupo de estudantes e li-lhes Actos 2:17, parte do qual lemos previamente: “Nos últimos dias, diz Deus, do meu Espírito derramarei sobre toda a carne. Os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos jovens terão visões, e os vossos velhos sonharão sonhos.” Li este versículo muito cuidadosa e lentamente, certificando-me que eles entendiam o seu significado. Então disse: “Desafio-vos a todos para testemunhar que todas as afirmações feitas neste versículo já vos aconteceram. Não foi a alguém noutro país, noutra universidade ou noutra igreja: foi a vocês, experimentaram-nas! Os vossos olhos viram-no e os vossos ouvidos ouviram-no. Este é o testemunho de Deus para convosco, de que vivemos nos últimos dias. Agora, não vos estou a pedir que acreditem em algo que um homem branco disse ou algo que está num livro de um homem branco. Vocês têm evidências experimentais, em primeira-mão,dequeistoéverdade.” Isto fez por eles o que nenhuma série de sermões, argumentos, evidências teológicas ou aprendizagem 56
  • 57. seminarista jamais podia fazer. Mudou radicalmente as suas atitudes e comportamentos, e transformou aquela universidade num lugar onde valia a pena viver. Não foi um esforço para os levar à oração. Na verdade, tivemos de os fazer parar de orar porque não iam para a cama! Eles oravam toda a noite nos seus dormitórios. Esta foi uma intervenção de Deus e veio através da manifestação do Espírito Santo. Quando eles realmente descobriram que isto era verdadeiro por sua própria experiência, não tivemos de continuar a prepará-los, a estimulá-los ou a empurrá-los. Era isto que o apóstolo Paulo estava a falar. Não é suficiente ter uma doutrina, uma teologia, uma educação, argumentoseraciocíniosãos. A verdadeira fé não se deve basear na sabedoria dos homens,masnopoderdeDeus. Nestes últimos dias, com o poder da iniquidade sustentado em cada mão, e com todos os tipos de ataques contra a fé em Deus e em Jesus Cristo e contra a Sua verdadeira igreja, ninguém resistirá, a menos que tenha uma experiência pessoal com o poder sobrenatural de Deus na sua vida. Isto não é um luxo – é uma necessidade. O apóstolo Paulo tratou-o dessa forma: “Aminha palavra, e a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus.” (1 Coríntios2:4-5). 57
  • 58.
  • 59. Parte 2 Dons de Revelação
  • 60.
  • 61. Capítulo 4 Uma Palavra de Sabedoria Iniciando agora um estudo mais profundo dos dons individuais do Espírito com os dons de revelação, começandocomapalavradesabedoria. Comparando Sabedoria com Conhecimento Vale a pena compararmos as semelhanças e diferenças entre a palavra de sabedoria e palavra de conhecimento. Primeiro, a sabedoria e a conhecimento não podem ser separadas em duas categorias completamente distintas, porque elas estão intimamente relacionadas. De facto, ao examinarmos os nove dons do Espírito, não estamos a tentar delinear fronteiras entre eles. Eles são como as cores do arco-íris: violeta, azul-violeta, azul, verde, amarelo, laranja e vermelho. É fácil distinguirmos as diferentes cores num arco-íris, mas não há um único ponto onde possamos dizer, por exemplo, que termina o violeta e começa o azul-violeta, ou onde este acaba e começa o azul. Elasfundem-seumasnas outras. O mesmo é verdade para os dons espirituais e outros assuntos espirituais que estamos a discutir. É perfeitamente legítimo falarmos separadamente acerca de sabedoria e conhecimento, mas também existem pontos de encontro; 61
  • 62. nem sempre é possível dizermos onde a sabedoria termina e o conhecimento começa. Por vezes poderemos pensar: “O que é a palavra de sabedoria ou a palavra de conhecimento?”Muito frequentemente,onde uma existe,a outratambémestápresente. Contudo, geralmente, a diferença entre sabedoria e conhecimento é esta: o conhecimento fornece-nos factos e a sabedoria mostra-nos o que fazer com esses factos. Se tiver toda a sabedoria do mundo, mas não tiver factos, então não poderá fazer uma aplicação directa. Por outro lado, mesmo que saiba todos os factos, a menos que tenha sabedoria, o mais provável é que faça coisas erradas com eles. Esta verdade está resumida numa declaração do Rei Salomão: “A língua dos sábios adorna o conhecimento, mas a boca dos tolos derrama a estultícia.” (Provérbios 15:2). Uma pessoa sábia usa bem o conhecimento. Muitas pessoas têm conhecimento, mas não o usam correctamente. Consigo pensar em uma ou duas pessoas que sabem muitas coisas, mas parece que as dizem sempre nos momentos errados. Normalmente, elas estão a tentar impressionar os outros com o quanto sabem, mas o seu “timing” e a forma de apresentação são desapropriados. Elas têm conhecimento, mas não têm a sabedoria para aplicá-lo. ASabedoriadeDeus versus aSabedoriadoMundo Também devemos reconhecer que uma palavra de sabedoria espiritual não é igual à sabedoria do mundo. Quando eu era um filósofo profissional, pensava que 62
  • 63. estava a proceder em sabedoria, no entanto esta “sabedoria” era intensivamente confusa. Quanto mais confundia as pessoas, mais inteligente elas pensavam que eu era – e, provavelmente, mais inteligente eu também me achava. Se quiser confusão vá para filosofia porque é lá que aencontrará. No entanto, quando recebi o Senhor Jesus Cristo e dediquei a minha vida a ensinar e a pregar a Palavra de Deus, descobri que a sabedoria de Deus é muito diferente daquilo a que estava acostumado.ASua sabedoria é muito prática e objectiva. Não é remota; é muito terra-a-terra e está exposta em termos simples. Na verdade, é muito fascinante estudar os ensinamentos de Jesus no que a isto diz respeito. Na Bíblia King James Version, em todos os ensinos registados de Jesus, somente uma vez encontramos uma palavra com mais de quatro sílabas. Essa palavra é regeneração. Grande parte do Seu ensino é em palavras de uma, duas ou três sílabas, em que Ele fala de lâmpadas, óleo, luz, ovelhas, peixe, vida, morte, amor, ódio. É notável, e quase todos os historiadores concordarão, que jamais alguém falou como este Homem Jesus. A sua sabedoriaeracompletamentediferente. A Bíblia diz que Salomão foi o homem mais sábio que alguma vez existiu e ele resumiu a natureza da sabedoria em Eclesiastes 10:10: “Se estiver embotado o ferro, e não se afiar o corte, então se deve pôr mais força, mas a habilidade (sabedoria) trará sucesso” “(é excelente para dirigir)” [Almeida Revista e Corrigida 1995]. A sabedoria ou habilidade é excelente para dirigir e trará sucesso. A sabedoria é pois directiva, enquanto o conhecimento é informativa. 63
  • 64. Este versículo faz-me sempre lembrar quando, em criança vivia com os meus pais no sudoeste da Índia e tentei cortar uma árvore. De vez em quando brotava em mim um entusiasmo repentino e perguntava ao meu pai se havia alguma coisa que pudesse fazer para limpar o jardim. Um dia ele disse: “Há uma árvore ali em baixo na margem do pequenoribeiroquetemdesercortada.” Então fui, peguei no machado e comecei a arremessá-lo contra a árvore. Após ter gasto trinta minutos de energia, a árvore permanecia em pé, imponente. Tudo o que eu consegui, foi ficar muito transpirado e com bolhas de água em ambas as mãos. Foi então que o jardineiro apareceu e olhou para mim com uma espécie de sorriso de comiseração. Pegou no machado e afiou-o. Então ele deu uma olhadela à árvore, mirou o ponto de corte, deu umas quatro machadadas e a árvore veio abaixo. Tenho me lembrado sempre desta experiência porque cometi dois erros. Primeiro, tinha usado um machado que não estava afiado. Segundo, não tinha acertado na árvore no sítio certo. O jardineiro, por sua vez, usou o conhecimento e a sabedoriaquehaviaadquiridoparacortaraárvore. Quando me tornei pregador, apercebi-me que, não raras vezes, era culpado da mesma coisa no meu ministério. Por vezes os pregadores usam machados não afiados. Outras vezes, mesmo quando têm um machado afiado, não atingem a árvore no local certo. Recordo-me de uma ocasião em que preguei numa igreja da Assembleia de Deus nos Estados Unidos e tive uma semana de reuniões bem sucedidas. Fui convidado para pregar numa igreja Pentecostal no Canadá e envergonho-me ao admitir que pensei que a mesma série de mensagens serviria. 64
  • 65. Basicamente, repeti toda a série, com algumas mudanças. Não houve quaisquer resultados. Nada. No último dia descobri que alguns anos antes houvera uma tremenda fenda naquela igreja. Tinha havido uma disputa sobre um determinado assunto e as pessoas que se sentavam no lado direito da igreja nunca mais falaram com as que se sentavam no lado esquerdo – quer estivessem na igreja, quer não. Não falavam umas com as outras mesmo que se cruzassemna rua. O profetaEliaspodiaterdescidodo céue pregado naquela igreja, mas nada aconteceria até que se tivessemreconciliadouns comos outros. Se tivesse esperado por Deus e tivesse sido guiado pela sabedoria do Espírito Santo, tenho a certeza de que Ele me teriadado a mensagemcorrecta.Mas tudo o que fiz foi ficar ali e arremessar durante uma semana com um machado por afiar, nunca cortando a árvore, mas ficando com muitas bolhasnasmãos.Aprendidaformamaisdura. Devemo-nos lembrar de afiar o machado e deixar Deus mostrar-nos para onde devemos direccionar os golpes. Muitas vezes, quando sou guiado pelo Espírito Santo, digo uma coisa e depois penso: “Por que disse aquilo?” Mas, seguramente, a árvore foi cortada. Algumas pessoas têm vindo ter comigo depois, quase que indignadas ou perturbadas, perguntando: “Lembra-se de ter dito isto?” Respondo: “Não, não me lembro de o ter dito; nem tencionava dizê-lo.” Eles replicam: “Bom, foi isso que me tocou.” O Espírito Santo havia-mo dado como uma palavra desabedoria. 65
  • 66. A Palavra de Sabedoria versus Sabedoria do Dia-a-Dia Junto com isto, também devemos perceber que a palavra de sabedoria não é igual à sabedoria diária que Deus nos providencia. Há uma promessa muito valiosa em Tiago 1:5: “Ora, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e não censura, e ser- lhe-á dada.” Se tem falta de sabedoria na sua vida diária para desempenhar tarefas e assumir responsabilidades legítimas, pode pedir e assegurar-se de que vai receber. A Bíblia não diz nada de bom acerca da tolice. Deus não quer que sejamos tolos e também não quer que sejamos enganados. Se tiver dificuldade no seu trabalho, ou se estiver a passar por uma situação na sua vida em que a sua própria sabedoria não é suficiente, tem autorização para dirigir-se a Deus e pedir-Lhe uma sabedoria prática, do dia-a-dia. Ajudá-lo-á a desempenhar o seu trabalho ou a lidar com uma situação de uma forma melhor do que sem ela. Esta sabedoria normalmente não vem sob a forma de uma palavra de sabedoria. Ela vem como uma gradual iluminação da sua mente, através da qual compreende o quedevefazer. A Palavra de Sabedoria Definida Então o que é o dom da palavra de sabedoria? É uma pequena parte da sabedoria total de Deus concedida directa e sobrenaturalmente pelo Espírito Santo. “A um pelo Espíritoédadaapalavradasabedoria”(1Coríntios12:8). 66
  • 67. Deus tem toda a sabedoria. Mas, felizmente para si e para mim, Ele não no-la dá toda de uma vez porque ela nos submergiria completamente. Este dom é dado por meios sobrenaturais porque os resultados não estariam disponíveis por meios naturais. É concedida pelo Espírito Santo numa maneira que, de outra forma, nos seria impossívelobter. Manifestações da Palavra de Sabedoria nas Escrituras Vamos rever alguns exemplos específicos do Novo Testamento onde este dom de sabedoria operou, começando com o ministério de Jesus e indo até aos exemplos da igreja primitiva. Vamos ver como o dom foi usado e que tipos de resultados produziu. Em Jesus encontramos os cinco dons ministeriais perfeitamente demonstrados. Ele foi o apóstolo perfeito, profeta, evangelista, pastor e professor. Ao operar nestes ministérios, os vários dons sobrenaturais do Espírito Santo foram também demonstrados na sua perfeição através d'Ele. PalavrasdeSabedoriaacercadePeixeseHomens O primeiroexemplovemdeLucas: Quando [Jesus] acabou de falar, disse a Simão: Faze-te ao mar alto, e lançai as vossas redes para pescar. Respondeu- lhe Simão: Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos, mas sobre tua palavra lançarei as redes. Fazendo assim, colheram uma grande quantidade de 67
  • 68. peixes, e rompia-se-lhes a rede. Fizeram sinal aos companheiros que estavam no outro barco, para que fossem ajudá-los. Foram, e encheram ambos os barcos, de maneira tal que quase iam a pique. Vendo isto Simão Pedro, prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: Senhor, afasta-te de mim; sou homem pecador. Pois o espanto se apoderara dele, e de todos os que com ele estavam, por causa da pesca que haviam feito, e de igual modo, também de Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram companheiros de Simão. Disse Jesus a Simão: Não temas; deagora emdianteserás pescadordehomens. (Lucas5:4-10) Este incidente é, obviamente, sobrenatural. Primeiro, Jesus, que fora ensinado para ser carpinteiro, foi capaz de dizer a um pescador experiente onde baixar as suas redes para apanhar peixe. Pedro vivia da pesca, o que, só por si, é prova de que ele era bom naquilo que fazia. Ele tinha pescado toda a noite num determinado local do Lago de Genesaré, mas sem apanhar nada. Jesus tinha vindo de manhã cedo e pregado às multidões à beira da praia. No fim da Sua mensagem, Ele disse: “Simão, faz-te ao mar e lança as tuas redes.” Pedro respondeu: “Senhor, esta não é a melhor hora para pescar.Além disso, nós já pescámos aqui e não havia peixe.” Mas reparem no que ele disse a seguir: “Mas sobreatuapalavralançareias redes.” Jesus deu-lhe uma palavra de sabedoria divina e directiva em relação ao local onde pescar. Quando ele seguiu essa palavra, apanhou tanto peixe que as redes romperam-se; mesmo com a ajuda dos seus companheiros, Tiago e João, que também tinham um barco, não conseguiram pôr o peixe todo nas embarcações, que quase se afundaram com opeso. 68
  • 69. Esta experiência causou em Pedro uma profunda convicção espiritual. Ele prostrou-se aos pés de Jesus e disse: “Senhor, afasta-te de mim; sou homem pecador.” (Lucas 5:8). A convicção é um dos resultados do exercício de uma palavra de sabedoria verdadeira e sobrenatural. Tenho visto os dons da palavra de sabedoria e palavra de conhecimento ocasionarem convicção semelhante. A súbita compreensão de que Deus sabe tudo, de que nada lhe é oculto, pode quebrar, de uma forma extraordinária, o coraçãoteimosoeorgulhosodeumpecador. Esta palavra de sabedoria não só teve uma aplicação natural – o apanhar peixe - mas também uma teve aplicação espiritual. Imediatamente após a declaração de Pedro, Jesus disse-lhe: “Não temas; de agora em diante serás pescador de homens.” (v. 10). Se eles, como pescadores, precisavam que Jesus lhes desse sabedoria directiva para apanharem peixe, muito mais precisariam dessa sabedoria directiva, vinda d'Ele, quando começassem a pregar para “pescar” almas. Por conseguinte, neste incidente vemos uma importante ilustração de uma palavra de sabedoria. Pedro recebeu direcções importantes sobre como e onde pescar, com uma aplicação mais ampla de como e onde Pedro,TiagoeJoãopregariamoevangelho. Foi esta demonstração da sabedoria sobrenatural de Jesus que fez com que estes homens ficassem dispostos a deixar tudo e segui-Lo. “E, levando os barcos para a terra, deixaram tudo, e o seguiram.” (v. 11). Eles devem ter sentido que, se este Homem tinha as respostas em tão alto nívelnoreinofísico,erasegurosegui-Lo. 69
  • 70. APalavradeSabedoriaacercadeTransporte A próxima ilustração é de Mateus 21:1-7. A Escritura diz que quando Jesus e os Seus discípulos chegaram ao cume do Monte das Oliveiras, perto de Jerusalém, “enviou Jesus dois discípulos, dizendo-lhes: Ide à aldeia aí em frente, e logo encontrareis uma jumenta presa, e com ela um jumentinho. Desprendei-a e trazei-mos. Se alguém vos disser alguma coisa, dizei-lhe que o Senhor necessita deles, e imediatamente os enviará. Ora, tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta: Dizei à filha de Sião: Olha, o teu Rei aí te vem, manso, e montado em jumento, num jumentinho, filho de animal de carga. Os discípulos foram e fizeram como Jesus lhes ordenara. Trouxeram a jumenta e o jumentinho, e sobre eles puseram as suas vestes e Jesus assentou-se sobreelas.” Isto foi o começo da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, que nós celebramos no Domingo de Ramos. É importante percebermos que isto foi feito em cumprimento da profecia do Antigo Testamento que é citada nesta passagem (ver Zacarias 9:9). Ao longo das Escrituras, e pelo Espírito de Deus, Jesus sabia o programa de Deus para aquele dia. Ele sabia que haveria uma jumenta e um jumentinho para ele montar. Então, pela revelação do Espírito Santo, sabia onde eles poderiam ser encontrados, paraassimpoderdireccionaros Seus discípulos. A maioria das pessoas não permitiria que lhes levassem a jumenta e jumentinho somente por lhes dizerem: “O Senhor necessita deles.” No entanto, isto era sabedoria divinaedirectiva. 70
  • 71. Uma PalavradeSabedoriasobreMinistério No próximo exemplo, um problema muito urgente e prático foi resolvido com uma palavra de sabedoria. Actos 6 relata uma disputa que ameaçou dividir a igreja primitiva entre Judeus Cristãos que falavam Aramaico ou Hebraico (os “Hebreus”) e Judeus Cristãos que falavam Grego (os “Helenistas”): Naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve murmuração dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas eram desprezadas na distribuição diária de alimentos. Então os doze, convocando os discípulos, disseram: Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas. Escolhei, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio. Mas nós perseveraremos na oração e noministériodapalavra.(Actos6:1-4) A primeira prioridade em termos espirituais é a oração e o ministério da Palavra de Deus, para o qual os doze apóstolos foram chamados. Os assuntos práticos são importantes, mas são secundários, e não é a vontade de Deus que aqueles que são chamados para o ministério da Palavra e oração tenham de se preocupar em supervisionar ministérios práticos.Assim sendo, o Espírito Santo deu aos apóstolos uma palavra de sabedoria. Eles deviam permanecer no seu ministério primário e os outros crentes deveriam nomear sete homens da congregação a quem os apóstolos pudessem elegerparainspeccionara distribuição dedons decaridade. 71
  • 72. Actos 6:5 dá-nos a resposta das pessoas a esta palavra de sabedoria: “Este parecer contentou a toda a multidão.” Este é outro resultado da palavra de sabedoria. As pessoas de Deus imediatamente dizem: “Isso mesmo! Isso resolve o problema; é exactamente o que devemos fazer.” Palavras de sabedoria resolvem disputas, problemas, incertezas e trazemunanimidade. A igreja escolheu sete homens para supervisionar a distribuição às viúvas. “De sorte que crescia a Palavra de Deus, e em Jerusalém se multiplicava rapidamente o número dos discípulos, e grande parte dos sacerdotes obedecia à fé.” (v.7). Isto não teria acontecido se eles não tivessem resolvido o problema prático, porque teria havido uma contínua divisão, frustração e inveja – e a movimentação do Espírito de Deus teria sido retardada. Podemos ver que, apesar deste ter sido um problema prático, também tinha importantes ramificações espirituais, que foram satisfeitas com uma palavra de sabedoria. Palavras de Sabedoria acerca de uma Estrada e um Carro Em Actos 8 temos um exemplo do ministério do apóstolo Filipe, que mais tarde seria chamado “Filipe o evangelista”. Este exemplo no reino espiritual é paralelo ao incidente no reino físico no qual Jesus disse aos discípulos ondepescar. O anjo do Senhor disse a Filipe: Levanta-te, e vai para a região do sul, ao caminho que desce de Jerusalém para Gaza, que está deserta. Levantou-se, e foi. No caminho viu 72
  • 73. um etíope, eunuco e alto funcionário de Candace, rainha dos etíopes, o qual era superintendente de todos os seus tesouros, e tinha ido a Jerusalém para adorar. Regressava, e assentado no seu carro, lia o profeta Isaías. Disse o Espírito a Filipe: Chega-te, e ajunta-te a esse carro. Correndo Filipe, ouviu que lia o profeta Isaías, e perguntou:Entendestuoquelês?”(Actos8:26-30) Nos antecedentes desta história, Filipe estava no meio de uma extraordinária acção de Deus na cidade de Samaria. Multidões tinham-se convertido e muitos milagres, maravilhas e sinais haviam acontecido. Subitamente um anjo veio com uma mensagem: “Vai pela estrada que segue de Jerusalém até Gaza.” Esta troço de estrada era deserto. Não havia qualquer congregação e, aparentemente, ninguém a quem pregar no deserto. Qual era o propósito em lá ir? Contudo Filipe não questionou e obedeceu. Ao caminhar nesta estrada, deparou-se com um eunuco num carro. Este eunuco era um alto funcionário governamental da Etiópia e um devoto Judeu convertido. Ele tinha viajado para Jerusalém para adorar e lia em alta voz o livro de Isaías aoregressaraoseu paísnatal. O Espírito Santo disse a Filipe para se aproximar do carro. Filipe estava a receber instruções divinas. Com esta direcção, Deus colocou-o a pouca distância da pessoa que Ele queria alcançar. Todo aquele cenário fora preparado por Deus e o homem apenas desejava saber a resposta ao que estava a ler no capítulo cinquenta e três de Isaías, a grande profecia acerca da expiação de Jesus Cristo. E Filipepôde-lheexplicarocaminhoparaasalvação. Esta história de Filipe faz-me lembrar um incidente que 73
  • 74. aconteceu com uma mulher que eu conheço bem. Ela estava sentada no aeroporto de Atlanta quando viu um jovem rapaz que provavelmente caracterizaríamos de hippie. Ele usava roupa em tons de roxo. Ela sentiu um grande impulso para lhe dizer o que Filipe disse ao eunuco: “Entendestuoquelês?” Ele não estava a ler nada naquele momento, mas a pergunta dela deu origem a uma conversa. Era de Nova Inglaterra e os seus pais eram pessoas ricas e respeitáveis, mas ele encontrava-se desesperado para descobrir o verdadeiro sentido da vida, algo que não fosse imitação ou superficial. Fugiu de casa, juntou-se a um grupo de hippies e passou pelas várias experiências que eles geralmente passam. Ele decidiu que não estava a ir a lado nenhum e deixou-os para ir viver na natureza durante algum tempo, praticamente sem nada, a não ser o que era mesmo essencial à vida. Não levou nada para ler, excepto o Novo Testamento. Enquanto o lia, apesar de desejar sinceramente encontrar a verdade, ele não era capaz de entender o sentido daquilo. No entanto, ler o Novo Testamento causou um enorme impacto nele e levou-o a decidir que estava na hora de voltar para casa e se reconciliar com os seus pais. A única roupa limpa que possuía era aquela. E lá estava ele, no aeroporto de Atlanta, na sua vestimenta roxa, à espera de apanhar o avião de volta a Nova Inglaterra e ainda à procuradosignificadodavida. Porque a mulher lhe havia perguntado se ele compreendia o que estava a ler, ele eventualmente abriu o seu coração e começou a contar-lhe tudo sobre a sua luta para compreender o Novo testamento. Ela foi capaz de lhe explicar em poucas palavras o plano da salvação. Foi tal e 74
  • 75. 75 qual o incidente no livro de Actos. O resultado da palavra de sabedoria foi o mesmo – o jovem abriu o seu coração. De entre todas aquelas pessoas no aeroporto de Atlanta, havia uma que precisava de ser abordada naquele momento. Ninguém, no reino natural, seria capaz de identificar essa pessoa. Mas através desta palavra de sabedoria directiva, a mulherfoilevadaafalarcomapessoacerta. Uma Palavra de Sabedoria sobre Pessoas que Deus QuisSalvar Em Actos 10, temos um outro exemplo que mostra o quanto este dom de sabedoria é usado para direccionar os servos do Senhor, em relação a quando e onde irem nos seus ministérios. Um centurião Romano chamado Cornélio, que viveu na cidade de Cesaréia e era um devoto crente em Deus, tinha recebido a visita de um anjo que lhe disse para enviar homens a Jope até Simão Pedro. Enquanto os homens seguiam o seu caminho, “subiu Pedro ao terraço para orar, quase à hora sexta. Tendo fome, quis comer e, enquanto preparavam a comida, sobreveio-lhe um arrebatamento de sentidos. Ele viu o céu aberto e um vaso que descia, como um grande lençol atado pelas quatro pontas, e vindo para a terra. No lençol havia de todos os animais quadrúpedes e répteis da terra, e aves do céu. Foi-lhe dirigida uma voz: Levanta-te Pedro, mata e come. Mas Pedro disse: De modo nenhum Senhor! Nunca comi coisa alguma comum e imunda. Segunda vez lhe disse a voz: Não faças tu como ao que Deus purificou. Isto aconteceu três vezes. Então o vaso tornou a recolher-se no céu.(Actos10:9-16) Pedro estava a ser dirigido por Deus contra a sua própria
  • 76. vontade, inclinação, passado e ensino para ir a casa de um Gentio e levar-lhe a mensagem do evangelho.Após chegar a casa de Cornélio, ele disse: “Vós bem sabeis que não é lícito a um judeu ajuntar-se, ou chegar-se a estrangeiros. Mas Deus mostrou-me que a nenhum homem chame comum ouimundo.”(v.28). Este discernimento espiritual e o facto de Pedro ter concordado em ir com os mensageiros de Cornélio, foram o resultado da direcção que ele recebeu de Deus. Enquanto Pedro falava com Cornélio, com a sua família e amigos, o Espírito Santo caiu sobre eles e falaram em línguas e louvaram ao Senhor. O resultado foi uma nova e tremenda adesão à igreja de Jesus Cristo. Mas a sabedoria que lhe abriu o caminho foi dada através de uma palavra sobrenatural de Deus, na forma da visão que Pedro recebeu duranteaoração. Uma PalavradeSabedoriasobreLeiversus Graça Em Actos 15, toda a igreja em Jerusalém juntou-se para debater um problema crítico – o que deveria ser requerido dos Gentios convertidos que começavam a aglomerar-se naigreja? Então alguns que tinham descido da Judéia ensinavam os irmãos: Se não vos circuncidardes, conforme o rito de Moisés, não podeis ser salvos. Tendo tido Paulo e Barnabé não pequena discussão e contenda com eles, resolveu-se que Paulo, Barnabé e alguns dentre eles subissem a Jerusalém, aos apóstolos e aos anciãos, por causa desta questão. Quando chegaram a Jerusalém, foram recebidos pela igreja, pelos apóstolos e pelos anciãos, e lhes 76
  • 77. anunciaram quão grandes coisas Deus tinha feito com eles. Alguns, porém, da seita dos fariseus, que tinham crido, levantaram-se, dizendo que era necessário circuncidá-los, e mandar-lhes que guardassem a lei de Moisés. Congregaram-se os apóstolos e os anciãos para considerar este assunto. E, havendo grande discussão…(Actos15:1-2,4-7) Paulo e Barnabé tinham estado na sua primeira jornada missionária e tinham visto resultados maravilhosos entre os Gentios. Deus tinha trabalhado com eles de forma sobrenatural e tinham acontecido muitos milagres, curas e conversões. No entanto, ao voltarem para Jerusalém com este relatório, alguns dos Judeus que eram crentes em Jesus Cristo, mas Fariseus por tradição, disseram: “Se estes Gentios querem tornar-se Cristãos, então têm de vir sob a lei de Moisés e ser circuncidados.”Adecisão de como eles deveriam tratar os Gentios convertidos, que estavam a chegar à igreja, envolveu questões fundamentais da naturezadasalvaçãoatravésdeJesus Cristo. Primeiro ouviram Pedro, que lhes lembrou o que aconteceu quando Deus o guiou sobrenaturalmente até a casa de Cornélio: Deus, que conhece os corações, deu testemunho a favor deles, concedendo-lhes o Espírito Santo, assim como também a nós. E não fez diferença alguma entre eles e nós, purificandoos seus coraçõespelafé.(Actos15:8-9) A seguir lemos: “Então toda a multidão se calou, e escutava a Barnabé e a Paulo, que contavam quão grandes sinais e prodígios Deus havia feito por meio deles entre os 77