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DOCUMENTO FINAL DO I SEMINÁRIO BAIANO DE
PROPOSIÇÕES DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A CAPOEIRA



       Introdução


       O I Seminário Baiano de Proposições de Políticas Públicas para a
Capoeira foi uma iniciativa autônoma e independente de um coletivo de
mestres, contra-mestres, professores, treineis, alunos e pesquisadores da
capoeira do Estado da Bahia com o intuito de discutir e elaborar propostas de
formulação de políticas públicas, como forma de contribuir com as discussões
iniciadas pelo Programa Pró-Capoeira do IPHAN (Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico).
       O referido seminário aconteceu nos dias 11 e 12 de dezembro de 2010
nas dependências do Forte da Capoeira, localizado no Largo de Santo Antônio
além do Carmo, na cidade de Salvador e contou com um número de 112
participantes inscritos, representando 59 grupos de capoeira de diversas
regiões do estado.
       Um número expressivo de mestres tradicionais da capoeira baiana se
fizeram presentes pessoalmente ou através de seus representantes, como:
Mestre Curió, Mestre Boca Rica, Mestre Lua Rasta, Mestre Moraes, Mestre
João Pequeno, Mestre Itapoan, Mestre Camisa Roxa, Mestre Régis entre
muitos outros mestres e contra-mestres de gerações mais novas que muito
contribuíram com os debates e formulações das propostas aprovadas na
Plenária Final.


       Metodologia


       O Seminário iniciou-se com uma mesa de abertura, composta por
integrantes da comissão organizadora e pelos mestres mais antigos presentes
que saudaram os participantes. Em seguida, foi feito um relato sobre o histórico
dos Encontros Pró Capoeira realizados pelo IPHAN como parte do Programa
Nacional de Salvaguarda e Incentivo à Capoeira. Os representantes baianos
que participaram do Encontro de Recife fizeram uma série de questionamentos
à metodologia escolhida para os encontros, e alertaram para a necessidade da
Bahia discutir e apresentar suas propostas de forma mais democrática e
ampliada.
      Em um segundo momento, os participantes foram divididos em 4 Grupos
de Trabalho, coordenados por membros da comissão organizadora do evento e
com a presença de relatores, onde foram discutidas propostas específicas a
cada tema para serem apresentadas posteriormente durante a Plenária Final.
Os Grupos de Trabalho foram assim constituídos:


      GT 1. CAPOEIRA IDENTIDADE E DIVERSIDADE
      Coordenação: Pedro Abib
      Relatoria: Nágila Diacuí


      GT 2. CAPOEIRA E POLÍTICAS DE FOMENTO E SUSTENTABILIDADE
      Coordenação: Paulo Magalhães (Sem Terra)
      Relatoria: Tâmara Azevedo


      GT 3. CAPOEIRA, EDUCAÇÃO, ESPORTE E LAZER
      Coordenação: Eduardo Correia (Contramestre Duda)
      Relatoria: Mestre Careca


      GT 4. CAPOEIRA E REGULAMENTAÇÃO
      Coordenação: Neuber Leite (Mestre Soldado)
      Relatoria: Franciane Figueiredo (Professora Bizonha)


      No dia seguinte às discussões dos GTs foi instalada a Plenária Final do
Seminário, onde as propostas foram apresentadas e submetidas à votação,
cujos resultados apresentamos a seguir:
PROPOSTAS SUBMETIDAS E APROVADAS NA PLENÁRIA FINAL


GT 1 Capoeira, Identidade e Diversidade


1. Garantia da diversidade presente na capoeira no que tange aos aspectos:
   etnia, gênero, classe social, faixa etária, ideologia, religiosidade, etc...bem
   como em relação às suas formas de expressão ou estilo: Capoeira de Rua,
   Angola, Regional e outras.


2. Garantia do reconhecimento do notório saber dos mestres – sobretudo os
   vivos – valorizando e dando visibilidade a esses sujeitos em todos os
   setores da sociedade, como referências de identidade e saber no âmbito da
   capoeira.

3. Reconhecimento da capoeira como portadora de identidade de matriz
   africana, ressaltando a oralidade como elemento de transmissão de saberes
   e preservando suas formas tradicionais de aprendizado, sobretudo no que
   diz respeito à formação do capoeirista, sem que esse processo esteja
   obrigatoriamente atrelado ao ensino formal.


GT 2. Capoeira e políticas de fomento e sustentabilidade


      As propostas que se seguem estão divididas entre aquelas a serem
implementadas a nível estadual e municipal e as propostas a serem
implementadas a nível federal. Primeiramente seguem-se as propostas a nível
estadual e municipal.


1. Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (SEDES) – garantia de
   orçamento no PPA 2011-2014 de subsídio, através de demanda
   espontânea,     dos   grupos   que   realizam   trabalho   social   em   suas
   comunidades;
          1.1 Promover a articulação da capoeira com as comunidades
               quilombolas.
2. Saúde – realização de pesquisa acerca dos benefícios da prática da
   capoeira, além dos principais problemas de saúde apresentados pelos
   antigos capoeiristas;
         2.1 Criação de uma linha de atendimento especial para mestres e
             antigos capoeiristas.
3. Educação – criação de programa especial para o ensino obrigatório da
   capoeira como tema transversal nas escolas estaduais e municipais, com a
   participação de mestres de capoeira, atendendo à lei 10.639/03 e
   11.645/08. Existe um programa piloto em implantação pela Secretaria de
   Educação do Estado da Bahia denominado “Capoeira para todos”.
   Propomos que esse programa seja discutido com a comunidade
   capoeirística e ampliado.
4. Fundo de combate à pobreza – criação de linha de subsídios para
   recuperação e construção das sedes sociais dos grupos de capoeira dentro
   de comunidades com índice de desenvolvimento humano abaixo da média;
5. Turismo – garantia de orçamento para Escritório Internacional de Capoeira
   e Turismo, transformando-o em programa, além de transferência da
   estrutura para o Forte de Santo Antônio além do Carmo;
         5.1. Realização da Feira da Capoeira – Feira de produtos da
         capoeira com objetivo de garantir a auto-sustentabilidade dos grupos
         de capoeira;
6. Cultura – criação de coordenação ou diretoria que possibilite a gestão,
   unificação e gerenciamento das ações governamentais voltadas à capoeira;
         6.1 Garantir dotação orçamentária e atendimento por demanda
             espontânea no Fundo de Cultura do Estado da Bahia, para que
             os grupos possam apresentar seus projetos a qualquer momento,
             sem necessidade de editais;
         6.2 Estimulo à atividade da capoeira nas festas de largo, eventos
             cívicos e carnaval;
         6.3 Melhorias na gestão e na infra-estrutura do Forte de Santo
             Antônio Além do Carmo;
                    6.3.1 Aquisição de toldos e coberturas para área central e
                           baluartes;
                    6.3.2 Funcionamento da loja de produtos da capoeira;
6.3.3 Garantia      de    ampliação        dos    horários      de
                          funcionamento;
                   6.3.4 Aquisição de equipamentos e instrumentos musicais
                          para atendimento das demandas dos grupos de
                          capoeira residentes e não residentes;
                   6.3.5 Contratação de assessorias jurídica e de imprensa,
                          que funcionarão permanentemente no Forte da
                          Capoeira, com vistas a garantir a legalização dos
                          grupos de capoeira, bem como a divulgação de
                          suas atividades a fim de promover a visibilidade da
                          capoeira nos meios de comunicação;
                   6.3.6 Garantir a contratação de contador para auxiliar na
                          prestação    de    contas    de     projetos     e   editais
                          governamentais, além de buscar a isenção de
                          impostos para os grupos de capoeira;
                   6.3.7 Legalização    da    cessão     de    uso       dos   grupos
                          residentes do Forte de Santo Antônio Além do
                          Carmo;
                   6.3.8 Garantia de utilização exclusiva do Forte Santo
                          Antônio para a capoeira e a reformulação e
                          cumprimento do seu Regimento, garantindo que os
                          capoeiristas participem ativamente da gestão do
                          Forte;
                   6.3.9 Garantir, através de convênio com a Prefeitura de
                          Salvador, a criação de linhas de ônibus que
                          possibilitem o acesso ao Forte de Santo Antônio
                          Além do Carmo.


As propostas que se seguem são referentes ao nível federal:


7. Garantir a transformação do Forte de Santo Antônio Além do Carmo no
   Centro Nacional de Referência da Capoeira, com recursos do Ministério da
   Cultura;
8. Que as comissões julgadoras de editais públicos sobre capoeira, possam
   garantir a participação de mestres, reconhecidos pela comunidade da
   capoeira, em pelo menos 50%.
9. Garantia de oferecimento aos capoeiristas, de cursos públicos e gratuitos
   na área de elaboração de projetos para capacitação e participação em
   editais públicos.


GT 3. Capoeira, Educação, Esporte e Lazer


1. Garantia da presença da capoeira no ensino fundamental, médio e superior
   como conhecimento a ser tratado de forma interdisciplinar, com o objetivo
   de garantir os princípios de identidade, diversidade, inclusive dentro dos
   parâmetros das leis 10.639 e 11.645/08, não somente atrelado ao currículo
   da disciplina de educação física. Essa ação deve evidenciar os códigos e a
   memória desse saber popular, garantindo a presença do mestre/capoeirista
   na escola com atividade remunerada.
2. Possibilitar aos mestres da cultura popular reconhecidos pela comunidade -
   particularmente os capoeiristas - um maior acesso e garantia de
   permanência, sem obrigatoriedade, nos cursos de graduação, pós-
   graduação e extensão, de forma complementar ao sistema de quotas
   existente e com incentivo específico.
3. Propor alterações nas leis 10.639/03 e 11.645/08, bem como no Estatuto da
   Igualdade Racial, no sentido de garantir e salvaguardar a capoeira, em
   especial sua inserção na escola;
4. Elaborar um programa de qualificação para o capoeirista que contemple a
   formação que contenha noções de sociologia, antropologia, filosofia,
   pedagogia, e primeiros socorros, dentre outros, especialmente para os que
   atuam nas escolas, sendo ministrado predominantemente por capoeiristas e
   outros profissionais qualificados, relacionados inclusive, com o saber
   popular, desde que não se constitua como obrigatoriedade para o ingresso
   da capoeira na escola;
5. Garantir que a orientação dos mestres e professores de capoeira que atuam
   nas escolas seja feita por seus respectivos mestres e escolas de capoeira,
   sem a necessidade de criação de nenhum órgão ou conselho fiscalizador;
6. Reconhecer a capoeira em sua diversidade como oriunda da cultura
   popular, negando toda e qualquer tentativa de formalizá-la e universalizá-la
   exclusivamente como esporte olímpico.
7. Sobre o Programa Capoeira Educação para a Paz
         7.1 Garantir o aumento de carga horária total do curso;
         7.2 Garantir a execução do curso à noite;
         7.3 Garantir o aumento da carga horária da disciplina “Elaboração de
             projetos”;
         7.4 Garantir o aumento da carga horária da disciplina “Legalização de
             entidades sociais”;
         7.5 Garantir que o curso seja estendido ao interior do estado;
         7.6 Garantir que o curso possa ser ministrado para pessoas com
             escolaridade abaixo do segundo grau


GT 4. Capoeira e Regulamentação


1. Manutenção    da tradição       da capoeira, garantindo    a orientação e
   acompanhamento de sua ação formativa e educativa através da figura do
   mestre, respeitando as características de ancestralidade e dentro da lógica
   que orienta essa manifestação, com autonomia e sem a obrigatoriedade do
   ensino acadêmico para o desempenho dessa função.
2. Desaprovar qualquer tipo de regulamentação da profissão de capoeira sem
   exaustiva, ampla e legítima discussão sobre o assunto com a comunidade
   da capoeira. Democratizar todos os documentos e Projetos de Leis que
   fazem menção a regulamentação.
3. Somos favoráveis à organização do trabalhador da capoeira e não da
   regulamentação do profissional. Precisamos garantir ao mestre uma
   remuneração permanente (com valores coerentes) de incentivo a cultura
   popular, sem detrimento da aposentadoria como um direito trabalhista a ser
   conquistado pelo trabalhador da capoeira. Destacamos a importância do
   mestre atuando na comunidade, pois são os mantenedores dessa cultura.
      Considerações Finais
As propostas deliberadas pelo I Seminário Baiano de Proposições de
Políticas Públicas para a Capoeira foram resultado de uma ampla discussão
que contou com a participação de um número expressivo de lideranças da
capoeira baiana e que, por essa razão, devem se constituir a referência para as
discussões posteriores sobre políticas públicas para a capoeira a serem
encaminhadas pelos níveis municipal, estadual e federal de governo, bem
como para a bancada de parlamentares baianos que deve ser orientada por
este documento para defender esse patrimônio da cultura brasileira.


      Salvador, dezembro de 2010.


      Coletivo de Mestres, Contra-Mestres, Professores, Treinéis, Alunos e
Pesquisadores da Capoeira da Bahia


      Academia de Capoeira Bahia Ginga
      ADESCA
      Afro Bahia
      Angoleiros do Mar
      Angoleiros do Sertão
      Arco 3 Capoeira
      Associação de Capoeira Angola Navio Negreiro
      Associação Berimbau Viola
      Associação Brasileira de Capoeira Angola
      Associação Cultural Eu Sou Angoleiro
      Associação Cultural Lua Branca
      Associação de Capoeira Angola Mucumbo
      Associação de Capoeira Beira Mar
      Associação de Capoeira Regional da Bahia
      Associação Lei Áurea
      Associação Quilombo Capoeira
      Associação Senzala
      Associação Tribo Juda
      Bahia Arte
      Bahia Ginga
Camugerê Capoeira
Capoarte
Capoeira Calabar
Capoeira Stella Mares
Centro Cultural Ganga Zumba
Centro Esportivo de Capoeira Angola Mestre João Pequeno de Pastinha
Chapéu de Couro
Cia João de Barro
Corpo e Movimento
CTE Capoeiragem
Escola de Capoeira Angola Irmãos Gêmeos do Mestre Curió
FECABA
Filhos da Senzala
Associação Cultural de Capoeira Gangara
GCAP
G.C.A.S.T
Gilney França
Ginga e Malícia
Guerreiros de São Jorge
Grupo Bahia Arte
Grupo Banto de Capoeira Angola
Grupo de Capoeira Brasil
Grupo de Capoeira Maré
Grupo Iuna Capoeira
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Nação Capoeira
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MOÇÃO POLÍTICA | PEDRO RIBEIRO
 

Documento capoeira finalizado

  • 1. DOCUMENTO FINAL DO I SEMINÁRIO BAIANO DE PROPOSIÇÕES DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A CAPOEIRA Introdução O I Seminário Baiano de Proposições de Políticas Públicas para a Capoeira foi uma iniciativa autônoma e independente de um coletivo de mestres, contra-mestres, professores, treineis, alunos e pesquisadores da capoeira do Estado da Bahia com o intuito de discutir e elaborar propostas de formulação de políticas públicas, como forma de contribuir com as discussões iniciadas pelo Programa Pró-Capoeira do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico). O referido seminário aconteceu nos dias 11 e 12 de dezembro de 2010 nas dependências do Forte da Capoeira, localizado no Largo de Santo Antônio além do Carmo, na cidade de Salvador e contou com um número de 112 participantes inscritos, representando 59 grupos de capoeira de diversas regiões do estado. Um número expressivo de mestres tradicionais da capoeira baiana se fizeram presentes pessoalmente ou através de seus representantes, como: Mestre Curió, Mestre Boca Rica, Mestre Lua Rasta, Mestre Moraes, Mestre João Pequeno, Mestre Itapoan, Mestre Camisa Roxa, Mestre Régis entre muitos outros mestres e contra-mestres de gerações mais novas que muito contribuíram com os debates e formulações das propostas aprovadas na Plenária Final. Metodologia O Seminário iniciou-se com uma mesa de abertura, composta por integrantes da comissão organizadora e pelos mestres mais antigos presentes que saudaram os participantes. Em seguida, foi feito um relato sobre o histórico dos Encontros Pró Capoeira realizados pelo IPHAN como parte do Programa Nacional de Salvaguarda e Incentivo à Capoeira. Os representantes baianos
  • 2. que participaram do Encontro de Recife fizeram uma série de questionamentos à metodologia escolhida para os encontros, e alertaram para a necessidade da Bahia discutir e apresentar suas propostas de forma mais democrática e ampliada. Em um segundo momento, os participantes foram divididos em 4 Grupos de Trabalho, coordenados por membros da comissão organizadora do evento e com a presença de relatores, onde foram discutidas propostas específicas a cada tema para serem apresentadas posteriormente durante a Plenária Final. Os Grupos de Trabalho foram assim constituídos: GT 1. CAPOEIRA IDENTIDADE E DIVERSIDADE Coordenação: Pedro Abib Relatoria: Nágila Diacuí GT 2. CAPOEIRA E POLÍTICAS DE FOMENTO E SUSTENTABILIDADE Coordenação: Paulo Magalhães (Sem Terra) Relatoria: Tâmara Azevedo GT 3. CAPOEIRA, EDUCAÇÃO, ESPORTE E LAZER Coordenação: Eduardo Correia (Contramestre Duda) Relatoria: Mestre Careca GT 4. CAPOEIRA E REGULAMENTAÇÃO Coordenação: Neuber Leite (Mestre Soldado) Relatoria: Franciane Figueiredo (Professora Bizonha) No dia seguinte às discussões dos GTs foi instalada a Plenária Final do Seminário, onde as propostas foram apresentadas e submetidas à votação, cujos resultados apresentamos a seguir:
  • 3. PROPOSTAS SUBMETIDAS E APROVADAS NA PLENÁRIA FINAL GT 1 Capoeira, Identidade e Diversidade 1. Garantia da diversidade presente na capoeira no que tange aos aspectos: etnia, gênero, classe social, faixa etária, ideologia, religiosidade, etc...bem como em relação às suas formas de expressão ou estilo: Capoeira de Rua, Angola, Regional e outras. 2. Garantia do reconhecimento do notório saber dos mestres – sobretudo os vivos – valorizando e dando visibilidade a esses sujeitos em todos os setores da sociedade, como referências de identidade e saber no âmbito da capoeira. 3. Reconhecimento da capoeira como portadora de identidade de matriz africana, ressaltando a oralidade como elemento de transmissão de saberes e preservando suas formas tradicionais de aprendizado, sobretudo no que diz respeito à formação do capoeirista, sem que esse processo esteja obrigatoriamente atrelado ao ensino formal. GT 2. Capoeira e políticas de fomento e sustentabilidade As propostas que se seguem estão divididas entre aquelas a serem implementadas a nível estadual e municipal e as propostas a serem implementadas a nível federal. Primeiramente seguem-se as propostas a nível estadual e municipal. 1. Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (SEDES) – garantia de orçamento no PPA 2011-2014 de subsídio, através de demanda espontânea, dos grupos que realizam trabalho social em suas comunidades; 1.1 Promover a articulação da capoeira com as comunidades quilombolas.
  • 4. 2. Saúde – realização de pesquisa acerca dos benefícios da prática da capoeira, além dos principais problemas de saúde apresentados pelos antigos capoeiristas; 2.1 Criação de uma linha de atendimento especial para mestres e antigos capoeiristas. 3. Educação – criação de programa especial para o ensino obrigatório da capoeira como tema transversal nas escolas estaduais e municipais, com a participação de mestres de capoeira, atendendo à lei 10.639/03 e 11.645/08. Existe um programa piloto em implantação pela Secretaria de Educação do Estado da Bahia denominado “Capoeira para todos”. Propomos que esse programa seja discutido com a comunidade capoeirística e ampliado. 4. Fundo de combate à pobreza – criação de linha de subsídios para recuperação e construção das sedes sociais dos grupos de capoeira dentro de comunidades com índice de desenvolvimento humano abaixo da média; 5. Turismo – garantia de orçamento para Escritório Internacional de Capoeira e Turismo, transformando-o em programa, além de transferência da estrutura para o Forte de Santo Antônio além do Carmo; 5.1. Realização da Feira da Capoeira – Feira de produtos da capoeira com objetivo de garantir a auto-sustentabilidade dos grupos de capoeira; 6. Cultura – criação de coordenação ou diretoria que possibilite a gestão, unificação e gerenciamento das ações governamentais voltadas à capoeira; 6.1 Garantir dotação orçamentária e atendimento por demanda espontânea no Fundo de Cultura do Estado da Bahia, para que os grupos possam apresentar seus projetos a qualquer momento, sem necessidade de editais; 6.2 Estimulo à atividade da capoeira nas festas de largo, eventos cívicos e carnaval; 6.3 Melhorias na gestão e na infra-estrutura do Forte de Santo Antônio Além do Carmo; 6.3.1 Aquisição de toldos e coberturas para área central e baluartes; 6.3.2 Funcionamento da loja de produtos da capoeira;
  • 5. 6.3.3 Garantia de ampliação dos horários de funcionamento; 6.3.4 Aquisição de equipamentos e instrumentos musicais para atendimento das demandas dos grupos de capoeira residentes e não residentes; 6.3.5 Contratação de assessorias jurídica e de imprensa, que funcionarão permanentemente no Forte da Capoeira, com vistas a garantir a legalização dos grupos de capoeira, bem como a divulgação de suas atividades a fim de promover a visibilidade da capoeira nos meios de comunicação; 6.3.6 Garantir a contratação de contador para auxiliar na prestação de contas de projetos e editais governamentais, além de buscar a isenção de impostos para os grupos de capoeira; 6.3.7 Legalização da cessão de uso dos grupos residentes do Forte de Santo Antônio Além do Carmo; 6.3.8 Garantia de utilização exclusiva do Forte Santo Antônio para a capoeira e a reformulação e cumprimento do seu Regimento, garantindo que os capoeiristas participem ativamente da gestão do Forte; 6.3.9 Garantir, através de convênio com a Prefeitura de Salvador, a criação de linhas de ônibus que possibilitem o acesso ao Forte de Santo Antônio Além do Carmo. As propostas que se seguem são referentes ao nível federal: 7. Garantir a transformação do Forte de Santo Antônio Além do Carmo no Centro Nacional de Referência da Capoeira, com recursos do Ministério da Cultura;
  • 6. 8. Que as comissões julgadoras de editais públicos sobre capoeira, possam garantir a participação de mestres, reconhecidos pela comunidade da capoeira, em pelo menos 50%. 9. Garantia de oferecimento aos capoeiristas, de cursos públicos e gratuitos na área de elaboração de projetos para capacitação e participação em editais públicos. GT 3. Capoeira, Educação, Esporte e Lazer 1. Garantia da presença da capoeira no ensino fundamental, médio e superior como conhecimento a ser tratado de forma interdisciplinar, com o objetivo de garantir os princípios de identidade, diversidade, inclusive dentro dos parâmetros das leis 10.639 e 11.645/08, não somente atrelado ao currículo da disciplina de educação física. Essa ação deve evidenciar os códigos e a memória desse saber popular, garantindo a presença do mestre/capoeirista na escola com atividade remunerada. 2. Possibilitar aos mestres da cultura popular reconhecidos pela comunidade - particularmente os capoeiristas - um maior acesso e garantia de permanência, sem obrigatoriedade, nos cursos de graduação, pós- graduação e extensão, de forma complementar ao sistema de quotas existente e com incentivo específico. 3. Propor alterações nas leis 10.639/03 e 11.645/08, bem como no Estatuto da Igualdade Racial, no sentido de garantir e salvaguardar a capoeira, em especial sua inserção na escola; 4. Elaborar um programa de qualificação para o capoeirista que contemple a formação que contenha noções de sociologia, antropologia, filosofia, pedagogia, e primeiros socorros, dentre outros, especialmente para os que atuam nas escolas, sendo ministrado predominantemente por capoeiristas e outros profissionais qualificados, relacionados inclusive, com o saber popular, desde que não se constitua como obrigatoriedade para o ingresso da capoeira na escola; 5. Garantir que a orientação dos mestres e professores de capoeira que atuam nas escolas seja feita por seus respectivos mestres e escolas de capoeira, sem a necessidade de criação de nenhum órgão ou conselho fiscalizador;
  • 7. 6. Reconhecer a capoeira em sua diversidade como oriunda da cultura popular, negando toda e qualquer tentativa de formalizá-la e universalizá-la exclusivamente como esporte olímpico. 7. Sobre o Programa Capoeira Educação para a Paz 7.1 Garantir o aumento de carga horária total do curso; 7.2 Garantir a execução do curso à noite; 7.3 Garantir o aumento da carga horária da disciplina “Elaboração de projetos”; 7.4 Garantir o aumento da carga horária da disciplina “Legalização de entidades sociais”; 7.5 Garantir que o curso seja estendido ao interior do estado; 7.6 Garantir que o curso possa ser ministrado para pessoas com escolaridade abaixo do segundo grau GT 4. Capoeira e Regulamentação 1. Manutenção da tradição da capoeira, garantindo a orientação e acompanhamento de sua ação formativa e educativa através da figura do mestre, respeitando as características de ancestralidade e dentro da lógica que orienta essa manifestação, com autonomia e sem a obrigatoriedade do ensino acadêmico para o desempenho dessa função. 2. Desaprovar qualquer tipo de regulamentação da profissão de capoeira sem exaustiva, ampla e legítima discussão sobre o assunto com a comunidade da capoeira. Democratizar todos os documentos e Projetos de Leis que fazem menção a regulamentação. 3. Somos favoráveis à organização do trabalhador da capoeira e não da regulamentação do profissional. Precisamos garantir ao mestre uma remuneração permanente (com valores coerentes) de incentivo a cultura popular, sem detrimento da aposentadoria como um direito trabalhista a ser conquistado pelo trabalhador da capoeira. Destacamos a importância do mestre atuando na comunidade, pois são os mantenedores dessa cultura. Considerações Finais
  • 8. As propostas deliberadas pelo I Seminário Baiano de Proposições de Políticas Públicas para a Capoeira foram resultado de uma ampla discussão que contou com a participação de um número expressivo de lideranças da capoeira baiana e que, por essa razão, devem se constituir a referência para as discussões posteriores sobre políticas públicas para a capoeira a serem encaminhadas pelos níveis municipal, estadual e federal de governo, bem como para a bancada de parlamentares baianos que deve ser orientada por este documento para defender esse patrimônio da cultura brasileira. Salvador, dezembro de 2010. Coletivo de Mestres, Contra-Mestres, Professores, Treinéis, Alunos e Pesquisadores da Capoeira da Bahia Academia de Capoeira Bahia Ginga ADESCA Afro Bahia Angoleiros do Mar Angoleiros do Sertão Arco 3 Capoeira Associação de Capoeira Angola Navio Negreiro Associação Berimbau Viola Associação Brasileira de Capoeira Angola Associação Cultural Eu Sou Angoleiro Associação Cultural Lua Branca Associação de Capoeira Angola Mucumbo Associação de Capoeira Beira Mar Associação de Capoeira Regional da Bahia Associação Lei Áurea Associação Quilombo Capoeira Associação Senzala Associação Tribo Juda Bahia Arte Bahia Ginga
  • 9. Camugerê Capoeira Capoarte Capoeira Calabar Capoeira Stella Mares Centro Cultural Ganga Zumba Centro Esportivo de Capoeira Angola Mestre João Pequeno de Pastinha Chapéu de Couro Cia João de Barro Corpo e Movimento CTE Capoeiragem Escola de Capoeira Angola Irmãos Gêmeos do Mestre Curió FECABA Filhos da Senzala Associação Cultural de Capoeira Gangara GCAP G.C.A.S.T Gilney França Ginga e Malícia Guerreiros de São Jorge Grupo Bahia Arte Grupo Banto de Capoeira Angola Grupo de Capoeira Brasil Grupo de Capoeira Maré Grupo Iuna Capoeira Grupo Jalará Liberdade de Negro Mangangá Nação Capoeira Naeico Capoeira Nzinga Omo Ayê Palmares União Projeto Capoeiragem UFBA Raizes do Palmares
  • 10. Semente Boca Rica Semente do Jogo de Angola UNICAR Mestre Camisa Roxa Mestre Regi