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Do sentimento que não sabia
Todas as vezes que ela via, não passava sem observar, o olhar que ela fazia e o sorriso que lá
brilhava. Daí pensava o porquê do medo que me afligia só de pensar no que não fazia. Mas ainda assim,
doía.
Os sorrisos perdidos saltavam por fora dos lábios rosa, marcava a tristeza ou a sabedoria que não
permitia; ali correr e lutar pelo coração que me afligia. Mas o que não fazia, o meu coração doía, como um
caroço que nascia que deforma o que batia como a batida do taco na bacia.
Perguntava o que era o que sentia. Mas tinha medo do que esperava. Não a teria, mas a queria, o
amor que era desmembrado por não ser corajoso e fragmentado.
Já era um homem, como aqueles de filmes, mas não daqueles vendáveis. Daqueles que poucos
entendiam que tinham no modo de pensar uma sutileza e uma escuridão para ver o que ali não estava.
Mas quem seres tu? Ó jovem para poder falar de ti sem o saber o que os outros pensam ser. Falava
aquela senhoria que nada sabia o que sentia, mas sabia o que sabia.
Ela nem me conhecia, pensava. Nem um oi eu tentava, por vergonha escancarada. Mas agia de
forma egoísta. Não doía, porque não a tinha. Mas doía, por que a queria.
Daquela forma acinzentada de ser, as paredes mostravam o que alguns não conseguiam ver.
Quadros, aqueles, que permeavam no espaço do assoalho. Do sentimento que não sabia que daí rompia.
Pareço aqui criar um daqueles romances de cordel, mas aqui não colocarei um terceiro
personagem que talvez ela saiba o que sentia, e assim a magia perdida seria.
Daí pensava: o que perdia se nada o fazia. Naquela noite sombria, fria e desodelada a incerteza me
corrompia. Se nada perdia, o que temia? Onde nada via! Mas sentia que podia e sabia que nada mais teria,
o que faria, romper o caroço que doía? Queria, a experiência me faria ser alguém que não sabia.
O oi escapou-me, subiu como um burburinho no peito sem fôlego e força. Mesmo assim não sabia
o que os outros de mim pensariam. Com o medo de murmurar, dos lábios dela rompiam o que sempre
esperava, daquele sorriso que lá fazia.
17/07/2014
Rodrigo Ferreira

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  • 1. Do sentimento que não sabia Todas as vezes que ela via, não passava sem observar, o olhar que ela fazia e o sorriso que lá brilhava. Daí pensava o porquê do medo que me afligia só de pensar no que não fazia. Mas ainda assim, doía. Os sorrisos perdidos saltavam por fora dos lábios rosa, marcava a tristeza ou a sabedoria que não permitia; ali correr e lutar pelo coração que me afligia. Mas o que não fazia, o meu coração doía, como um caroço que nascia que deforma o que batia como a batida do taco na bacia. Perguntava o que era o que sentia. Mas tinha medo do que esperava. Não a teria, mas a queria, o amor que era desmembrado por não ser corajoso e fragmentado. Já era um homem, como aqueles de filmes, mas não daqueles vendáveis. Daqueles que poucos entendiam que tinham no modo de pensar uma sutileza e uma escuridão para ver o que ali não estava. Mas quem seres tu? Ó jovem para poder falar de ti sem o saber o que os outros pensam ser. Falava aquela senhoria que nada sabia o que sentia, mas sabia o que sabia. Ela nem me conhecia, pensava. Nem um oi eu tentava, por vergonha escancarada. Mas agia de forma egoísta. Não doía, porque não a tinha. Mas doía, por que a queria. Daquela forma acinzentada de ser, as paredes mostravam o que alguns não conseguiam ver. Quadros, aqueles, que permeavam no espaço do assoalho. Do sentimento que não sabia que daí rompia. Pareço aqui criar um daqueles romances de cordel, mas aqui não colocarei um terceiro personagem que talvez ela saiba o que sentia, e assim a magia perdida seria. Daí pensava: o que perdia se nada o fazia. Naquela noite sombria, fria e desodelada a incerteza me corrompia. Se nada perdia, o que temia? Onde nada via! Mas sentia que podia e sabia que nada mais teria, o que faria, romper o caroço que doía? Queria, a experiência me faria ser alguém que não sabia. O oi escapou-me, subiu como um burburinho no peito sem fôlego e força. Mesmo assim não sabia o que os outros de mim pensariam. Com o medo de murmurar, dos lábios dela rompiam o que sempre esperava, daquele sorriso que lá fazia. 17/07/2014 Rodrigo Ferreira