O documento descreve as principais características tecnológicas das mountain bikes, incluindo suas muitas marchas, sistemas de câmbio, suspensão dianteira e traseira, e quadros avançados feitos com materiais como alumínio e fibra de carbono.
1. COMO FUNCIONAM AS MOUNTAIN BIKES
Introdução
Se você já participou de uma trilha de bicicletas provavelmente já viu todos os
tipos de modelos. No artigo Como funcionam as bicicletas, você obtém as
informações básicas sobre as bicicletas. Já neste artigo, vamos conhecer as
mountain bikes e a tecnologia que existe por trás delas, como por exemplo:
Novas marchas (algumas b icicletas chegam a 27)
avanços na tecnologia da roda motriz que facilita a mudança de
marchas
alavancas de câmbio automático
suspensão traseira e dianteira
novos designs e materiais
novos freios, inclusive freios a disco hidráulicos
As mountain bikes são muito populares e têm uma
tecnologia muito interessante
Neste artigo, vamos conhecer toda essa moderna tecnologia. Vamos começar
pelas marchas.
Marchas
As mountain bikes têm cada vez mais marchas. Algumas chegam a ter
27relações de engrenagem. As mountain bikes utilizam uma combinação de
três tamanhos de roda motriz na parte dianteira e nove na parte traseira para
criar estas relações de marchas.
2. A idéia de ter todas estas marchas é que o ciclista pedale em um ritmo
constante (cadência), não importando o tipo de inclinação em que a bicicleta
esteja. Você pode entender isto imaginando uma bicicleta que possui apenas
uma marcha. Nela, cada vez que você faz uma volta no pedal, a roda traseira
também faz uma volta (relação de engrenagem 1:1).
Se a roda traseira tem 66 cm de diâmetro, então em uma marcha 1:1, uma
revolução do pedal faz com que a roda percorra 207 cm. Se você pedalar numa
cadência de 50 RPM, a bicicleta pode percorrer 103 metros por minuto. Isso
equivale a 6,2 km/h, que é a velocidade de uma pessoa andando. É uma ótima
velocidade para subir uma ladeira íngreme, mas não é recomendada para
descidas ou pedaladas em um chão plano.
Para andar mais rápido, você precisa de uma engrenagem diferente. Por
exemplo, para descer uma ladeira a 40 km/h em uma cadência de 50 RPM,
você precisa de uma relação de engrenagem de 6:5:1. Uma bicicleta com
muitas marchas dá uma quantidade maior de incrementos entre uma relação
de marcha 1:1 e 6:5:1 para que se consiga pedalar a 50 RPM (ou qualquer
cadência que seja mais confortável pra você), não importando a velocidade da
bicicleta.
O câmbio
O câmbio é um dispositivo que muda as marchas movendo a corrente de uma
roda motriz para a outra. Existem dois câmbios: um na parte traseira e outro
na parte dianteira. A maior relação (aquela em que a bicicleta anda mais
rápido) é produzida quando a corrente está na maior roda motriz, na frente; e
na menor, atrás. A menor relação (é mais fácil para subir ladeiras, mas a
velocidade da bicicleta é muito pequena) é produzida quando a corrente está
na menor roda motriz na frente, e na maior, atrás.
Câmbio traseiro
O câmbio traseiro tem duas funções principais: manter a tensão da corrente e
mudar as marchas.
O câmbio traseiro
3. Ele ajusta a posição para manter a tensão na corrente, não importando a
marcha em que você está. Se a corrente estiver na maior roda motriz dianteira
e traseira, mais corrente é enrolada em volta das rodas motrizes e o câmbio
fica com menos folga para trabalhar. Se a corrente está nas menores rodas
motrizes dianteiras e traseiras, o câmbio pode trabalhar com mais folga.
Como o câmbio lida com a folga na corrente
O câmbio traseiro muda as marchas movendo a parte inferior da corrente de
um lado para o outro. Quando se pedala a bicicleta, a parte superior da
corrente está tensa. A força das pernas pedalando a deixa firme. Esta parte da
corrente é que transmite a força das rodas motrizes dianteiras para as rodas
motrizes traseiras. A parte inferior da corrente fica com uma leve tensão devido
à ação do câmbio traseiro. Como a parte inferior da corrente não está com
muita carga, o câmbio pode mover a corrente para outra roda motriz mesmo
que se esteja pedalando com força.
4. Uma das rodas motrizes traseiras, perceba as
"rampas" na roda motriz que auxiliam na mudança
de marchas
A tecnologia de roda motriz facilitou a mudança de marchas mesmo quando a
carga é pesada. A roda motriz na figura acima é uma das nove rodas motrizes
traseiras. Alguns dentes são mais curtos e mais largos do que outros. Estes
dentes agarram a corrente durante a mudança e a colocam de volta na roda
motriz. A roda motriz também tem "rampas", fendas laterais especiais que
ajudam a puxar a corrente para dentro dela.
Câmbio dianteiro
O câmbio dianteiro move a corrente por entre as três rodas motrizes frontais.
Ao contrário do câmbio traseiro, o câmbio dianteiro move a parte superior da
corrente, que fica sob tensão quando se pedala. Isso significa que, para mudar
as rodas motrizes frontais, é preciso pedalar mais leve.
O câmbio dianteiro
5. Algumas rodas motrizes frontais também utilizam um design inteligente para
fazer mudanças de marcha quando se está pedalando forte. A roda motriz na
foto abaixo é o centro das três rodas motrizes frontais. Perceba as pequenas
saliências que saem dos lados da roda motriz. Elas puxam a corrente para
dentro da roda. Assim como as rodas motrizes traseiras, esta roda motriz
dianteira tem rampas que ajudam a puxar a corrente para cima.
Uma das rodas motrizes dianteiras. Ela também
tem "rampas" e pequenas saliências que ajudam a
mudar as marchas.
Agora vamos ver como todas essas marchas são usadas.
Usando as marchas
Em uma mountain bike de 27 marchas, cerca de seis das relações de marchas
são tão próximas umas às outras que não seria possível notar a diferença entre
elas. Mas por que toda essa preocupação com as velocidades?
Geralmente, os ciclistas tendem a escolher uma roda motriz compatível com a
inclinação em que eles estão andando. É difícil mudar a roda motriz dianteira, é
muito mais fácil mudar as marchas da traseira. Se os ciclistas estão subindo
uma ladeira, provavelmente vão escolher a menor roda motriz frontal e vão
alternar entre as nove marchas disponíveis na parte traseira. É possível fazer
isso sem deixar de pedalar forte. Ter mais velocidades na roda motriz traseira
pode ser uma vantagem.
Alavanca
O design da alavanca de mudança de marchas reconhece o ponto da
mudança para manter uma cadência constante. Isso significa que na maior
parte do tempo, será necessário fazer pequenos ajustes na marcha para
aumentar ou diminuir sua cadência. As alavancas frontais e traseiras são
equipadas com interruptores que aumentam ou diminuem uma marcha de cada
vez.
6. O interruptor na parte superior muda para a roda
motriz maior e o interruptor na parte inferior muda
para a roda motriz menor
Cada alavanca de câmbio ajusta o cabo que determina a posição do câmbio.
Tanto o câmbio traseiro quanto o dianteiro contêm molas fortes que as forçam
para um lado ou para o outro. A alavanca da marcha empurra estas molas para
mover o câmbio para um lado ou deixa a mola puxar o cabo para movê-lo para
outra direção.
Agora, vamos conhecer o sistema de suspensão da moutain bike.
Suspensão
Muitas bicicletas têm sistemas frontais e traseiros de suspensão. A suspensão
possibilita que as rodas absorvam pequenos solavancos ao mesmo tempo em
que mantém os pneus em contato com o chão para manter o controle. Além
disso, ajuda o ciclista e a bicicleta a absorverem grandes choques quando
aterrisam de um pulo.
7. Uma bicicleta de corrida downhill
Tanto a suspensão frontal quanto a traseira possuem dois elementos
essenciais: uma mola e um damper. Estes componentes também são
conhecidos como absorvedores de choque.
Mola
A mola permite que a suspensão se mova para cima quando a roda sofre um
solavanco e volte para a posição original quando o solavanco é superado.
A mola pode ser uma serpentina de aço, como a maioria das molas que
conhecemos, ou pode ser um cilindro com ar pressurizado. Em qualquer um
dos casos, quanto mais comprimida estiver a mola, mais força é necessária
para comprimi-la, e é exatamente disso que precisamos para uma suspensão
de mountain bike.
Damper
Se a suspensão fosse equipada somente com uma mola, ela iria quicar
diversas vezes depois de um solavanco. Quando a suspensão é comprimida
por um solavanco, o sistema precisa dissipar a energia armazenada na mola. O
damper é um dispositivo que dissipa a energia e controla os ricochetes da
suspensão.
O damper absorvedor de choque de uma mountain bike. Ele bombeia óleo
por meio de pequenos buracos ao mesmo tempo em que o pistão se
move para cima e para baixo.
O tipo mais comum de damper é cheio de óleo. Ele é utilizado em suspensão
de carros e bicicletas. Quando o absorvedor de choque é comprimido, o pistão
força o óleo a passar por um pequeno buraco, chamado orifício. É necessária
energia para forçar o fluido a passar pelo orifício e essa energia é convertida
em calor no óleo. O interessante sobre os dampers é que eles dissipam mais
energia e oferecem mais resistência ao movimento quanto mais rápido se
comprime o absorvedor de choque.
8. Quando o absorvedor de choque se comprime rapidamente, um volume maior
de fluido tem que passar pelo orifício, então, mais pressão é necessária para
forçar o fluido. Isso gera duas coisas: o aumento da flexibilidade da suspensão
(porque a pressão resiste ao movimento do absorvedor de choque) e
dissipação maior de energia.
Desenvolver um bom absorvedor de choque é, em parte, achar um bom
equilíbrio entre a taxa da mola (firmeza) e o damper. Por esse motivo, muitos
absorvedores de choque tem taxas de firmeza e damping ajustáveis. Algumas
molas de ar comprimido podem ser ajustadas aumentando ou diminuindo a
pressão do ar.
Vamos ver como o damper é incorporado em uma suspensão de mountain
bike.
Suspensão dianteira
O tipo mais comum de suspensão dianteira é o garfo de suspensão. Ele
funciona como a suspensão dianteira em uma motocicleta.
Um garfo de suspensão de mountain bike
A parte inferior do garfo que segura a roda se encaixa nos tubos que conectam
o garfo ao quadro. Dentro de cada tubo do garfo existe um absorvedor parecido
com o que vimos no diagrama anterior. Quando o garfo se move para cima (a
bicicleta passa por um solavanco), a mola se comprime e o pistão força o fluido
através do orifício.
Suspensão traseira
Existem muitos designs diferentes para as suspensões traseiras. A maioria
deles utiliza um absorvedor de choque similar ao do diagrama, só que com
uma mola maior. Em muitos casos, o design do quadro e das articulações é o
que diferencia uma bicicleta da outra.
9. Algumas mountain bikes têm uma configuração de
suspensão traseira com uma geometria similar a um
quadro de bicicleta convencional
As suspensões traseiras geralmente precisam de molas maiores porque a
geometria dá à roda uma vantagem mecânica sobre a mola. A roda traseira
precisa se mover em 7,62 cm para que a mola e o absorvedor se comprima em
2,54 cm. Isso significa que a força no absorvedor é três vezes maior que a
força no pneu. Na parte dianteira, existem dois absorvedores de choque, e a
força em cada absorvedor é metade da força que empurra o pneu.
Algumas bicicletas têm a suspensão traseira
parecida com a de uma motocicleta
O desenvolvimento da suspensão anda de mãos dadas com o
desenvolvimento dos quadros.
Quadros
10. As suspensões dianteiras e traseiras permitiram que as mountain bikes fossem
usadas e muito bem exploradas em corridas de alta velocidade em montanhas
e vales.
O constante abuso dos sistemas de suspensão traseira mudou a concepção
dos quadros das mountain bikes. Os quadros construídos somente com tubos
de metal e alumínio foram substituídos por estruturas mais complexas.
Um quadro de bicicleta de tubo soldado
O tubo arredondado não é o formato de design mais eficiente nos quadros de
bicicletas. Ele é resistente nas direções verticais e horizontais, mas a força
maior tende a vir da direção vertical. As vigas retangulares utilizadas na
construção de uma casa podem suportar muito peso vertical sem que sejam
muito dobradas, mas se isso acontecer, elas não suportam peso algum.
Se o quadro for feito utilizando formas retangulares, mais altas do que largas,
pode-se ganhar resistência na direção vertical, sacrificando a resistência
horizontal (que não é necessária).
Criar estas formas requer tecnologia avançada. Algumas destas peças são
feitas através de uma técnica chamada "hydroforming". Neste processo, as
lâminas ou tubos de metal são colocados dentro de formas, parecidas com
moldes, e pressurizados com água. A pressão da água molda o formato do
metal. Esta técnica permite a criação de formatos bastante complexos.
Algumas bicicletas são feitas de fibra de carbono. Este é um material feito em
mantas sobre formas de espuma. As mantas de fibra de carbono são
colocadas sobre formas de espuma fixadas com pasta epóxi. O resultado é
uma estrutura muito leve e resistente que pode ter quase qualquer formato.
Esse quadro de estrutura não-circular torna possível alguns designs de
suspensão traseira. Um exemplo é a suspensão parecida com a das
motocicletas que não têm tubos verticais ligados ao quadro.
11. A seção principal do quadro desta bicicleta de
corrida downhill é formada por duas peças de
alumínio soldadas
Uma suspensão como a da figura acima dificilmente deixa espaço disponível
para os freios convencionais. Esta é uma das razões pela qual as bicicletas
usam freios a disco, como veremos na próxima seção.
Freios
Os freios das mountain bikes se desenvolveram muito nos últimos anos. O
design mais comum é uma variação dos freios cantilever, encontrados na
maioria das bicicletas.
Um freio de mountain bike comum
Um cabo que sai da alavanca do guidão puxa ao mesmo tempo as duas
alavancas do freio, pressionando as pastilhas de freio contra a parte externa da
roda.
12. Algumas bicicletas, especialmente aquelas com sistemas de suspensão, usam
freios a disco. Eles funcionam como os freios a disco em um carro.
Um freio a disco na roda traseira de uma mountain
bike
A alavanca de freio usa fluido hidráulico para transmitir a força da sua mão
para o freio. Um pequeno pistão, depois de pressionado, aplica pressão ao
fluido na linha. Nas rodas, um pistão maior aperta as pastilhas contra o disco.
Como esse pistão é maior, a força é multiplicada nas rodas.
A alavanca contém um pequeno dispositivo que funciona como o cilindro
mestre do freio do seu carro. Ele assegura uma quantidade suficiente de fluido
no reservatório para ativar os freios, mesmo se as pastilhas estiverem gastas
ou se o fluido expandir ou contrair, devido à temperatura.
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