SlideShare uma empresa Scribd logo
ÁREAS
CONTAMINADAS
Por Marcos
Tanaka Riyis

Investigação geoambiental de alta resolução
para áreas contaminadas
Você se sente confortável em tomar decisões baseadas em dados pouco representativos?
Reduza as incertezas na elaboração do diagnóstico ambiental da área

N

essa edição, detalharemos alguns princípios
para que essa investigação tenha a qualidade
adequada. Inicialmente,
é preciso que todos os envolvidos no
gerenciamento (responsável legal, responsável técnico, poder público) estejam cientes que é preciso priorizar as etapas de
investigação, ao invés de concentrar os
recursos na etapa de remediação.
O responsável legal deve entender e
exigir o mesmo de seu responsável técnico que, por sua vez, deve direcionar
seus melhores técnicos, equipamentos, ferramentas e recursos para o diagnóstico
adequado da área de estudo. Havendo esse
“amadurecimento” do mercado, certamente
o órgão ambiental olhará com outros olhos
um trabalho que avance além do que é solicitado pelas leis, normas e procedimentos.
Isso ainda não ocorre devido à concorrência entre as consultorias - estimulada pelos
responsáveis legais - que priorizam o menor
custo na investigação para “ganharem” a
remediação. Porém, se todos os envolvidos derem a ênfase necessária às etapas
de diagnóstico, o principal objetivo será
alcançado: reabilitar a área rapidamente e
reduzir o risco à saúde humana. É fundamental que sejam utilizadas ferramentas de
investigação de alta resolução, ou HRSC
(High Resolution Site Characterization),
que podem ser vistas em detalhe no site da
EPA (Environmental Protection Agency Agência de Proteção Ambiental dos EUA)
[1]. Essas ferramentas são necessárias porque os métodos tradicionais de coleta de
dados (amostragem de solo e instalação de
poços de monitoramento), embora estejam
totalmente dentro das normas, possuem
incertezas, que muitas vezes inviabilizam
uma tomada de decisão adequada [2]. Para
ilustrar podemos citar dois exemplos:
A metodologia Direct Push (DP) com
liner é a modalidade de amostragem de

solo mais utilizada e recomendada no
Brasil [3] e no exterior, e considerada a
mais representativa, tanto na realização de
análises químicas quanto na caracterização
do meio físico (geológico e hidrogeológico). Para essa segunda finalidade, a amostragem DP é extremamente dependente
do profissional que está descrevendo as
amostras em campo. As diferenças de
interpretação tátil-visual levam a diferenças de até três ordens de magnitude [4].
Além disso, frequentemente há variações
em escala de centímetros nas camadas
hidroestratigráficas que não são possíveis
de detectar no liner. Existe uma limitação
da ferramenta: é muito difícil recuperar
amostras de solo na zona saturada, e essa
amostragem abaixo do nível de água é
fundamental para determinar zonas de
fluxo e armazenamento, dimensionar projetos de remediação ou posicionar a seção
filtrante dos poços de monitoramento.
É adequado tomar uma decisão baseada
somente em dados com tantas incertezas?
Um segundo exemplo são os poços de
monitoramento. Imagine um poço adequadamente instalado, sem problemas de projeto ou de execução, que tem, no mínimo,
1m de seção filtrante. Uma amostra de água
coletada (excluindo os erros nessa etapa) é
uma média ponderada da concentração de
todas as camadas hidrogeológicas que estão
nesse 1,60m (1,0m da seção filtrante e 0,60m
de pré-filtro acima do topo do tubo-filtro).
É frequente a variação de condutividade
hidráulica de até 4 ordens de grandeza nesse
fragmento do aquífero [5], o que nos leva a
outra pergunta: a concentração mensurada
pelo laboratório é representativa? É possível
tomar uma decisão baseada nesses dados?
Para minimizar essas incertezas, podem
ser utilizadas as HRSC, que coletam grande
densidade de dados, propiciando a elaboração de um modelo conceitual mais sólido e
uma tomada de decisão mais confortável.
Algumas ferramentas têm como função

principal realizar um diagnóstico muito
detalhado do meio físico (perfil hidroestratigráfico, mapas de condutividade hidráulica,
entre outros), outras priorizam o mapeamento das concentrações de compostos
químicos de interesse. No primeiro grupo,
que fornece um entendimento excelente do
meio físico, mas não fornece informações
sobre as concentrações, estão as ferramentas derivadas do Cone Penetration Test
(CPT) [6] como o piezocone (CPTu), o
piezocone de resistividade (RCPTu), o sensor de condutividade elétrica (EC), o HPT,
o Slug Test Pneumático, entre outros. No
segundo, que mapeiam espacialmente as
concentrações, mas não fornecem informação sobre o meio físico, estão os equipamentos que funcionam pelo método LIF (Laser-Induced Fluorescence), como o UVOST, o
famoso MIP e os cromatógrafos de campo.
Muitos estão disponíveis no Brasil (RCPTu,
UVOST e MIP, pelo menos). Sobre o
custo: é superior ao das ferramentas tradicionais, porém, se for calculado o custo por
dado coletado, as ferramentas de alta resolução se tornam muito mais baratas. Além
disso, qual é o custo de tomar uma decisão
baseada em dados não confiáveis?
Então, para que a investigação tenha
a qualidade necessária, é preciso que ela
seja priorizada dentro do gerenciamento,
que ela vá além do que é obrigatório, que
a coleta de dados seja realizada pelo profissional mais qualificado da consultoria e
que sejam utilizadas as ferramentas adequadas, de preferência de alta resolução.
Só assim as decisões poderão ser tomadas
baseadas em informações confiáveis e o
processo de gerenciamento de uma área
contaminada terá menor duração e menor
custo econômico, social e ambiental.
Referências
As referências estão online no endereço: xxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Marcos Tanaka Riyis é Diretor Técnico da ECD Sondagens Ambientais Ltda, empresa especializada em Investigação Geoambiental de Áreas Contaminadas; Mestre em Engenharia Civil e Ambiental - Área de Geotecnia Ambiental pela FEB/UNESP; Pós-Graduado em Gerenciamento de Áreas Contaminadas
pelo SENAC-SP; Pós-Graduado em Educação Ambiental pelo SENAC-RJ; Engenheiro Ambiental pela UNESP/Sorocaba; autor de diversos trabalhos publicados no Brasil e no Exterior sobre Investigação Geoambiental de Áreas Contaminadas.
Abr a Jun 2013 - www.revistaPE.com.br 21

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a Investigação Geoambiental de Áreas Contaminadas - Reduzindo as Incertezas

Metodologia automatizada para seleção de áreas para disposição de resíduos só...
Metodologia automatizada para seleção de áreas para disposição de resíduos só...Metodologia automatizada para seleção de áreas para disposição de resíduos só...
Metodologia automatizada para seleção de áreas para disposição de resíduos só...
Maria José Brollo
 
Desenvolvimento de um Sistema de Inspeção baseado em Transmissão de Radiação ...
Desenvolvimento de um Sistema de Inspeção baseado em Transmissão de Radiação ...Desenvolvimento de um Sistema de Inspeção baseado em Transmissão de Radiação ...
Desenvolvimento de um Sistema de Inspeção baseado em Transmissão de Radiação ...
Biblioteca IFFluminense campus Macaé
 
Texto tecnicas de remediação
Texto tecnicas de remediaçãoTexto tecnicas de remediação
Texto tecnicas de remediação
Sergio Tullio Cassinni
 
Quimica instrumental
Quimica instrumentalQuimica instrumental
Quimica instrumental
Fernanda de Sousa Fernandes
 
92375890
9237589092375890
92375890
USING PIRATE
 
M0dul0 1 s0l0 s
M0dul0 1   s0l0 sM0dul0 1   s0l0 s
M0dul0 1 s0l0 s
USING PIRATE
 
Estudo 3 r nps amb freq nps ras 01 11 seg
Estudo 3 r nps amb freq nps ras 01 11 segEstudo 3 r nps amb freq nps ras 01 11 seg
Estudo 3 r nps amb freq nps ras 01 11 seg
Josyanne Eng Produção e Segurança
 
A Química em "Pacotinhos"
A Química em "Pacotinhos"A Química em "Pacotinhos"
A Química em "Pacotinhos"
Luiz Fernando Mendes Nunes
 
Caracterizacao fisica-e-classificacao-dos-solos
Caracterizacao fisica-e-classificacao-dos-solosCaracterizacao fisica-e-classificacao-dos-solos
Caracterizacao fisica-e-classificacao-dos-solos
Samuel Nolasco
 
Apostila solos
Apostila solosApostila solos
Apostila solos
Safra Brasileira
 
Dimensionamento de aterros sanitários em valas
Dimensionamento de aterros sanitários em valasDimensionamento de aterros sanitários em valas
Dimensionamento de aterros sanitários em valas
Jupira Silva
 
Aia 03 (2)
Aia 03 (2)Aia 03 (2)
Aia 03 (2)
Pamella Campos
 
Aplica o de defensivos agr colas
Aplica  o de defensivos agr colasAplica  o de defensivos agr colas
Aplica o de defensivos agr colas
Elizangela Silva
 
01.análise de amostras reais e tratamento de dados 2
01.análise de amostras reais e tratamento de dados 201.análise de amostras reais e tratamento de dados 2
01.análise de amostras reais e tratamento de dados 2
Diego Lima
 
Aterro Sanitário.PDF
Aterro Sanitário.PDFAterro Sanitário.PDF
Aterro Sanitário.PDF
rodrigo428042
 
Cartilha areas contaminadas
Cartilha areas contaminadasCartilha areas contaminadas
Cartilha areas contaminadas
Maria Adelaide Vasconcelos
 
Apresentação wlca 2013
Apresentação wlca 2013Apresentação wlca 2013
Apresentação wlca 2013
carloslazza
 
Sistemas periciais
Sistemas periciaisSistemas periciais
Sistemas periciais
Maria José Rodrigues
 
Aspectos teóricos do data mining e aplicação das redes neurais
Aspectos teóricos do data mining e aplicação das redes neuraisAspectos teóricos do data mining e aplicação das redes neurais
Aspectos teóricos do data mining e aplicação das redes neurais
Natalia Fernandes
 
Aplicação de defensivos agrícolas
Aplicação de defensivos agrícolasAplicação de defensivos agrícolas
Aplicação de defensivos agrícolas
Marcos Ferreira
 

Semelhante a Investigação Geoambiental de Áreas Contaminadas - Reduzindo as Incertezas (20)

Metodologia automatizada para seleção de áreas para disposição de resíduos só...
Metodologia automatizada para seleção de áreas para disposição de resíduos só...Metodologia automatizada para seleção de áreas para disposição de resíduos só...
Metodologia automatizada para seleção de áreas para disposição de resíduos só...
 
Desenvolvimento de um Sistema de Inspeção baseado em Transmissão de Radiação ...
Desenvolvimento de um Sistema de Inspeção baseado em Transmissão de Radiação ...Desenvolvimento de um Sistema de Inspeção baseado em Transmissão de Radiação ...
Desenvolvimento de um Sistema de Inspeção baseado em Transmissão de Radiação ...
 
Texto tecnicas de remediação
Texto tecnicas de remediaçãoTexto tecnicas de remediação
Texto tecnicas de remediação
 
Quimica instrumental
Quimica instrumentalQuimica instrumental
Quimica instrumental
 
92375890
9237589092375890
92375890
 
M0dul0 1 s0l0 s
M0dul0 1   s0l0 sM0dul0 1   s0l0 s
M0dul0 1 s0l0 s
 
Estudo 3 r nps amb freq nps ras 01 11 seg
Estudo 3 r nps amb freq nps ras 01 11 segEstudo 3 r nps amb freq nps ras 01 11 seg
Estudo 3 r nps amb freq nps ras 01 11 seg
 
A Química em "Pacotinhos"
A Química em "Pacotinhos"A Química em "Pacotinhos"
A Química em "Pacotinhos"
 
Caracterizacao fisica-e-classificacao-dos-solos
Caracterizacao fisica-e-classificacao-dos-solosCaracterizacao fisica-e-classificacao-dos-solos
Caracterizacao fisica-e-classificacao-dos-solos
 
Apostila solos
Apostila solosApostila solos
Apostila solos
 
Dimensionamento de aterros sanitários em valas
Dimensionamento de aterros sanitários em valasDimensionamento de aterros sanitários em valas
Dimensionamento de aterros sanitários em valas
 
Aia 03 (2)
Aia 03 (2)Aia 03 (2)
Aia 03 (2)
 
Aplica o de defensivos agr colas
Aplica  o de defensivos agr colasAplica  o de defensivos agr colas
Aplica o de defensivos agr colas
 
01.análise de amostras reais e tratamento de dados 2
01.análise de amostras reais e tratamento de dados 201.análise de amostras reais e tratamento de dados 2
01.análise de amostras reais e tratamento de dados 2
 
Aterro Sanitário.PDF
Aterro Sanitário.PDFAterro Sanitário.PDF
Aterro Sanitário.PDF
 
Cartilha areas contaminadas
Cartilha areas contaminadasCartilha areas contaminadas
Cartilha areas contaminadas
 
Apresentação wlca 2013
Apresentação wlca 2013Apresentação wlca 2013
Apresentação wlca 2013
 
Sistemas periciais
Sistemas periciaisSistemas periciais
Sistemas periciais
 
Aspectos teóricos do data mining e aplicação das redes neurais
Aspectos teóricos do data mining e aplicação das redes neuraisAspectos teóricos do data mining e aplicação das redes neurais
Aspectos teóricos do data mining e aplicação das redes neurais
 
Aplicação de defensivos agrícolas
Aplicação de defensivos agrícolasAplicação de defensivos agrícolas
Aplicação de defensivos agrícolas
 

Último

Fernão Lopes. pptx
Fernão Lopes.                       pptxFernão Lopes.                       pptx
Fernão Lopes. pptx
TomasSousa7
 
Atividades de Inglês e Espanhol para Imprimir - Alfabetinho
Atividades de Inglês e Espanhol para Imprimir - AlfabetinhoAtividades de Inglês e Espanhol para Imprimir - Alfabetinho
Atividades de Inglês e Espanhol para Imprimir - Alfabetinho
MateusTavares54
 
O que é um Ménage a Trois Contemporâneo .pdf
O que é um Ménage a Trois Contemporâneo .pdfO que é um Ménage a Trois Contemporâneo .pdf
O que é um Ménage a Trois Contemporâneo .pdf
Pastor Robson Colaço
 
Livro: Pedagogia do Oprimido - Paulo Freire
Livro: Pedagogia do Oprimido - Paulo FreireLivro: Pedagogia do Oprimido - Paulo Freire
Livro: Pedagogia do Oprimido - Paulo Freire
WelberMerlinCardoso
 
A SOCIOLOGIA E O TRABALHO: ANÁLISES E VIVÊNCIAS
A SOCIOLOGIA E O TRABALHO: ANÁLISES E VIVÊNCIASA SOCIOLOGIA E O TRABALHO: ANÁLISES E VIVÊNCIAS
A SOCIOLOGIA E O TRABALHO: ANÁLISES E VIVÊNCIAS
HisrelBlog
 
7133lllllllllllllllllllllllllllll67.pptx
7133lllllllllllllllllllllllllllll67.pptx7133lllllllllllllllllllllllllllll67.pptx
7133lllllllllllllllllllllllllllll67.pptx
LEANDROSPANHOL1
 
UFCD_10949_Lojas e-commerce no-code_índice.pdf
UFCD_10949_Lojas e-commerce no-code_índice.pdfUFCD_10949_Lojas e-commerce no-code_índice.pdf
UFCD_10949_Lojas e-commerce no-code_índice.pdf
Manuais Formação
 
000. Para rezar o terço - Junho - mês do Sagrado Coração de Jesús.pdf
000. Para rezar o terço - Junho - mês do Sagrado Coração de Jesús.pdf000. Para rezar o terço - Junho - mês do Sagrado Coração de Jesús.pdf
000. Para rezar o terço - Junho - mês do Sagrado Coração de Jesús.pdf
YeniferGarcia36
 
Slides Lição 11, CPAD, A Realidade Bíblica do Inferno, 2Tr24.pptx
Slides Lição 11, CPAD, A Realidade Bíblica do Inferno, 2Tr24.pptxSlides Lição 11, CPAD, A Realidade Bíblica do Inferno, 2Tr24.pptx
Slides Lição 11, CPAD, A Realidade Bíblica do Inferno, 2Tr24.pptx
LuizHenriquedeAlmeid6
 
UFCD_3546_Prevenção e primeiros socorros_geriatria.pdf
UFCD_3546_Prevenção e primeiros socorros_geriatria.pdfUFCD_3546_Prevenção e primeiros socorros_geriatria.pdf
UFCD_3546_Prevenção e primeiros socorros_geriatria.pdf
Manuais Formação
 
As sequências didáticas: práticas educativas
As sequências didáticas: práticas educativasAs sequências didáticas: práticas educativas
As sequências didáticas: práticas educativas
rloureiro1
 
Potenciação e Radiciação de Números Racionais
Potenciação e Radiciação de Números RacionaisPotenciação e Radiciação de Números Racionais
Potenciação e Radiciação de Números Racionais
wagnermorais28
 
Famílias Que Contribuíram Para O Crescimento Do Assaré
Famílias Que Contribuíram Para O Crescimento Do AssaréFamílias Que Contribuíram Para O Crescimento Do Assaré
Famílias Que Contribuíram Para O Crescimento Do Assaré
profesfrancleite
 
Rimas, Luís Vaz de Camões. pptx
Rimas, Luís Vaz de Camões.          pptxRimas, Luís Vaz de Camões.          pptx
Rimas, Luís Vaz de Camões. pptx
TomasSousa7
 
GÊNERO TEXTUAL - POEMA.pptx
GÊNERO      TEXTUAL     -     POEMA.pptxGÊNERO      TEXTUAL     -     POEMA.pptx
GÊNERO TEXTUAL - POEMA.pptx
Marlene Cunhada
 
Cartinhas de solidariedade e esperança.pptx
Cartinhas de solidariedade e esperança.pptxCartinhas de solidariedade e esperança.pptx
Cartinhas de solidariedade e esperança.pptx
Zenir Carmen Bez Trombeta
 
UFCD_10145_Enquadramento do setor farmacêutico_indice.pdf
UFCD_10145_Enquadramento do setor farmacêutico_indice.pdfUFCD_10145_Enquadramento do setor farmacêutico_indice.pdf
UFCD_10145_Enquadramento do setor farmacêutico_indice.pdf
Manuais Formação
 
Treinamento NR 38 - CORPO PRINCIPAL da NORMA.pptx
Treinamento NR 38 - CORPO PRINCIPAL da NORMA.pptxTreinamento NR 38 - CORPO PRINCIPAL da NORMA.pptx
Treinamento NR 38 - CORPO PRINCIPAL da NORMA.pptx
MarcosPaulo777883
 
Leis de Mendel - as ervilhas e a maneira simples de entender.ppt
Leis de Mendel - as ervilhas e a maneira simples de entender.pptLeis de Mendel - as ervilhas e a maneira simples de entender.ppt
Leis de Mendel - as ervilhas e a maneira simples de entender.ppt
PatriciaZanoli
 
Testes + soluções_Mensagens12 )11111.pdf
Testes + soluções_Mensagens12 )11111.pdfTestes + soluções_Mensagens12 )11111.pdf
Testes + soluções_Mensagens12 )11111.pdf
lveiga112
 

Último (20)

Fernão Lopes. pptx
Fernão Lopes.                       pptxFernão Lopes.                       pptx
Fernão Lopes. pptx
 
Atividades de Inglês e Espanhol para Imprimir - Alfabetinho
Atividades de Inglês e Espanhol para Imprimir - AlfabetinhoAtividades de Inglês e Espanhol para Imprimir - Alfabetinho
Atividades de Inglês e Espanhol para Imprimir - Alfabetinho
 
O que é um Ménage a Trois Contemporâneo .pdf
O que é um Ménage a Trois Contemporâneo .pdfO que é um Ménage a Trois Contemporâneo .pdf
O que é um Ménage a Trois Contemporâneo .pdf
 
Livro: Pedagogia do Oprimido - Paulo Freire
Livro: Pedagogia do Oprimido - Paulo FreireLivro: Pedagogia do Oprimido - Paulo Freire
Livro: Pedagogia do Oprimido - Paulo Freire
 
A SOCIOLOGIA E O TRABALHO: ANÁLISES E VIVÊNCIAS
A SOCIOLOGIA E O TRABALHO: ANÁLISES E VIVÊNCIASA SOCIOLOGIA E O TRABALHO: ANÁLISES E VIVÊNCIAS
A SOCIOLOGIA E O TRABALHO: ANÁLISES E VIVÊNCIAS
 
7133lllllllllllllllllllllllllllll67.pptx
7133lllllllllllllllllllllllllllll67.pptx7133lllllllllllllllllllllllllllll67.pptx
7133lllllllllllllllllllllllllllll67.pptx
 
UFCD_10949_Lojas e-commerce no-code_índice.pdf
UFCD_10949_Lojas e-commerce no-code_índice.pdfUFCD_10949_Lojas e-commerce no-code_índice.pdf
UFCD_10949_Lojas e-commerce no-code_índice.pdf
 
000. Para rezar o terço - Junho - mês do Sagrado Coração de Jesús.pdf
000. Para rezar o terço - Junho - mês do Sagrado Coração de Jesús.pdf000. Para rezar o terço - Junho - mês do Sagrado Coração de Jesús.pdf
000. Para rezar o terço - Junho - mês do Sagrado Coração de Jesús.pdf
 
Slides Lição 11, CPAD, A Realidade Bíblica do Inferno, 2Tr24.pptx
Slides Lição 11, CPAD, A Realidade Bíblica do Inferno, 2Tr24.pptxSlides Lição 11, CPAD, A Realidade Bíblica do Inferno, 2Tr24.pptx
Slides Lição 11, CPAD, A Realidade Bíblica do Inferno, 2Tr24.pptx
 
UFCD_3546_Prevenção e primeiros socorros_geriatria.pdf
UFCD_3546_Prevenção e primeiros socorros_geriatria.pdfUFCD_3546_Prevenção e primeiros socorros_geriatria.pdf
UFCD_3546_Prevenção e primeiros socorros_geriatria.pdf
 
As sequências didáticas: práticas educativas
As sequências didáticas: práticas educativasAs sequências didáticas: práticas educativas
As sequências didáticas: práticas educativas
 
Potenciação e Radiciação de Números Racionais
Potenciação e Radiciação de Números RacionaisPotenciação e Radiciação de Números Racionais
Potenciação e Radiciação de Números Racionais
 
Famílias Que Contribuíram Para O Crescimento Do Assaré
Famílias Que Contribuíram Para O Crescimento Do AssaréFamílias Que Contribuíram Para O Crescimento Do Assaré
Famílias Que Contribuíram Para O Crescimento Do Assaré
 
Rimas, Luís Vaz de Camões. pptx
Rimas, Luís Vaz de Camões.          pptxRimas, Luís Vaz de Camões.          pptx
Rimas, Luís Vaz de Camões. pptx
 
GÊNERO TEXTUAL - POEMA.pptx
GÊNERO      TEXTUAL     -     POEMA.pptxGÊNERO      TEXTUAL     -     POEMA.pptx
GÊNERO TEXTUAL - POEMA.pptx
 
Cartinhas de solidariedade e esperança.pptx
Cartinhas de solidariedade e esperança.pptxCartinhas de solidariedade e esperança.pptx
Cartinhas de solidariedade e esperança.pptx
 
UFCD_10145_Enquadramento do setor farmacêutico_indice.pdf
UFCD_10145_Enquadramento do setor farmacêutico_indice.pdfUFCD_10145_Enquadramento do setor farmacêutico_indice.pdf
UFCD_10145_Enquadramento do setor farmacêutico_indice.pdf
 
Treinamento NR 38 - CORPO PRINCIPAL da NORMA.pptx
Treinamento NR 38 - CORPO PRINCIPAL da NORMA.pptxTreinamento NR 38 - CORPO PRINCIPAL da NORMA.pptx
Treinamento NR 38 - CORPO PRINCIPAL da NORMA.pptx
 
Leis de Mendel - as ervilhas e a maneira simples de entender.ppt
Leis de Mendel - as ervilhas e a maneira simples de entender.pptLeis de Mendel - as ervilhas e a maneira simples de entender.ppt
Leis de Mendel - as ervilhas e a maneira simples de entender.ppt
 
Testes + soluções_Mensagens12 )11111.pdf
Testes + soluções_Mensagens12 )11111.pdfTestes + soluções_Mensagens12 )11111.pdf
Testes + soluções_Mensagens12 )11111.pdf
 

Investigação Geoambiental de Áreas Contaminadas - Reduzindo as Incertezas

  • 1. ÁREAS CONTAMINADAS Por Marcos Tanaka Riyis Investigação geoambiental de alta resolução para áreas contaminadas Você se sente confortável em tomar decisões baseadas em dados pouco representativos? Reduza as incertezas na elaboração do diagnóstico ambiental da área N essa edição, detalharemos alguns princípios para que essa investigação tenha a qualidade adequada. Inicialmente, é preciso que todos os envolvidos no gerenciamento (responsável legal, responsável técnico, poder público) estejam cientes que é preciso priorizar as etapas de investigação, ao invés de concentrar os recursos na etapa de remediação. O responsável legal deve entender e exigir o mesmo de seu responsável técnico que, por sua vez, deve direcionar seus melhores técnicos, equipamentos, ferramentas e recursos para o diagnóstico adequado da área de estudo. Havendo esse “amadurecimento” do mercado, certamente o órgão ambiental olhará com outros olhos um trabalho que avance além do que é solicitado pelas leis, normas e procedimentos. Isso ainda não ocorre devido à concorrência entre as consultorias - estimulada pelos responsáveis legais - que priorizam o menor custo na investigação para “ganharem” a remediação. Porém, se todos os envolvidos derem a ênfase necessária às etapas de diagnóstico, o principal objetivo será alcançado: reabilitar a área rapidamente e reduzir o risco à saúde humana. É fundamental que sejam utilizadas ferramentas de investigação de alta resolução, ou HRSC (High Resolution Site Characterization), que podem ser vistas em detalhe no site da EPA (Environmental Protection Agency Agência de Proteção Ambiental dos EUA) [1]. Essas ferramentas são necessárias porque os métodos tradicionais de coleta de dados (amostragem de solo e instalação de poços de monitoramento), embora estejam totalmente dentro das normas, possuem incertezas, que muitas vezes inviabilizam uma tomada de decisão adequada [2]. Para ilustrar podemos citar dois exemplos: A metodologia Direct Push (DP) com liner é a modalidade de amostragem de solo mais utilizada e recomendada no Brasil [3] e no exterior, e considerada a mais representativa, tanto na realização de análises químicas quanto na caracterização do meio físico (geológico e hidrogeológico). Para essa segunda finalidade, a amostragem DP é extremamente dependente do profissional que está descrevendo as amostras em campo. As diferenças de interpretação tátil-visual levam a diferenças de até três ordens de magnitude [4]. Além disso, frequentemente há variações em escala de centímetros nas camadas hidroestratigráficas que não são possíveis de detectar no liner. Existe uma limitação da ferramenta: é muito difícil recuperar amostras de solo na zona saturada, e essa amostragem abaixo do nível de água é fundamental para determinar zonas de fluxo e armazenamento, dimensionar projetos de remediação ou posicionar a seção filtrante dos poços de monitoramento. É adequado tomar uma decisão baseada somente em dados com tantas incertezas? Um segundo exemplo são os poços de monitoramento. Imagine um poço adequadamente instalado, sem problemas de projeto ou de execução, que tem, no mínimo, 1m de seção filtrante. Uma amostra de água coletada (excluindo os erros nessa etapa) é uma média ponderada da concentração de todas as camadas hidrogeológicas que estão nesse 1,60m (1,0m da seção filtrante e 0,60m de pré-filtro acima do topo do tubo-filtro). É frequente a variação de condutividade hidráulica de até 4 ordens de grandeza nesse fragmento do aquífero [5], o que nos leva a outra pergunta: a concentração mensurada pelo laboratório é representativa? É possível tomar uma decisão baseada nesses dados? Para minimizar essas incertezas, podem ser utilizadas as HRSC, que coletam grande densidade de dados, propiciando a elaboração de um modelo conceitual mais sólido e uma tomada de decisão mais confortável. Algumas ferramentas têm como função principal realizar um diagnóstico muito detalhado do meio físico (perfil hidroestratigráfico, mapas de condutividade hidráulica, entre outros), outras priorizam o mapeamento das concentrações de compostos químicos de interesse. No primeiro grupo, que fornece um entendimento excelente do meio físico, mas não fornece informações sobre as concentrações, estão as ferramentas derivadas do Cone Penetration Test (CPT) [6] como o piezocone (CPTu), o piezocone de resistividade (RCPTu), o sensor de condutividade elétrica (EC), o HPT, o Slug Test Pneumático, entre outros. No segundo, que mapeiam espacialmente as concentrações, mas não fornecem informação sobre o meio físico, estão os equipamentos que funcionam pelo método LIF (Laser-Induced Fluorescence), como o UVOST, o famoso MIP e os cromatógrafos de campo. Muitos estão disponíveis no Brasil (RCPTu, UVOST e MIP, pelo menos). Sobre o custo: é superior ao das ferramentas tradicionais, porém, se for calculado o custo por dado coletado, as ferramentas de alta resolução se tornam muito mais baratas. Além disso, qual é o custo de tomar uma decisão baseada em dados não confiáveis? Então, para que a investigação tenha a qualidade necessária, é preciso que ela seja priorizada dentro do gerenciamento, que ela vá além do que é obrigatório, que a coleta de dados seja realizada pelo profissional mais qualificado da consultoria e que sejam utilizadas as ferramentas adequadas, de preferência de alta resolução. Só assim as decisões poderão ser tomadas baseadas em informações confiáveis e o processo de gerenciamento de uma área contaminada terá menor duração e menor custo econômico, social e ambiental. Referências As referências estão online no endereço: xxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Marcos Tanaka Riyis é Diretor Técnico da ECD Sondagens Ambientais Ltda, empresa especializada em Investigação Geoambiental de Áreas Contaminadas; Mestre em Engenharia Civil e Ambiental - Área de Geotecnia Ambiental pela FEB/UNESP; Pós-Graduado em Gerenciamento de Áreas Contaminadas pelo SENAC-SP; Pós-Graduado em Educação Ambiental pelo SENAC-RJ; Engenheiro Ambiental pela UNESP/Sorocaba; autor de diversos trabalhos publicados no Brasil e no Exterior sobre Investigação Geoambiental de Áreas Contaminadas. Abr a Jun 2013 - www.revistaPE.com.br 21