1. O documento discute a aplicação dos conceitos de operações de informação (InfOp) para prevenção de corrupção e fraude no setor público. 2. A teoria da complexidade é apresentada como arcabouço conceitual para entender a fraude como um fenômeno complexo. 3. São descritos aspectos de um projeto de pesquisa sobre InfOp aplicadas à prevenção de fraude desenvolvido em parceria entre universidade e órgãos governamentais.
Apoiado nas leis da Física newtoniana descritas por meio de equações diferenciais, os cientistas acreditavam durante muito tempo que a natureza era determinista sabendo que com base nelas, era possível prever todos os fenômenos. Por volta da virada do século XIX para o século XX, os avanços nas ciências naturais e da matemática colocaram sérias dúvidas sobre a validade da visão mecanicista newtoniana. A teoria da relatividade e a mecânica quântica colocaram em xeque a visão de mundo determinista. A mecânica quântica introduziu o princípio da incerteza. A Teoria do Caos ou a Ciência da Complexidade representou um dos grandes avanços na pesquisa científica do século XX terminando com a dicotomia que existia no enfoque determinista tradicional entre determinismo e aleatoriedade.
Este documento resume um seminário sobre Sistemas Complexos realizado em 30 de março de 2017. O seminário discutiu tópicos como a história das Ciências da Complexidade, a diferença entre sistemas complexos e complicados, definições e propriedades de sistemas complexos, bases matemáticas como teoria de grafos e sistemas multiagentes, e aplicações reais de sistemas complexos.
Este documento discute a aplicação de conceitos de Operações de Informação (InfOp) para prevenção à fraude e corrupção no setor público. InfOp descreve a importância da informação nas operações militares e identifica três componentes essenciais: informações e inteligência relevantes, sistemas de informações eficazes e operações de influência. O objetivo é planejar a obtenção de informações por meio de inteligência de fontes abertas para comunicação social e alcance de objetivos. Isso busca o domínio da informação, obt
Operações de Informação para apoiar a prevenção à fraudeEduardo Moresi
O documento discute os princípios da informação, operações de informação e fraude. Ele fornece estatísticas sobre corrupção e economias baseadas em conhecimento. Também descreve avanços em robôs e métodos para análise e coleta de grandes volumes de dados de fontes abertas.
1) O documento discute o ciberespaço como um novo domínio global onde o fluxo de informação pode representar ameaças, como ataques cibernéticos que podem atingir as dimensões física, informacional e cognitiva das pessoas e países.
2) É analisado o conceito de ciberespaço e como as redes digitais tornaram-se dependentes umas das outras, criando vulnerabilidades, ao passo que a informação se tornou uma arma cibernética potencial.
3) Os países precisam se prepar
ANÁLISE INTEGRADA DE FONTES ABERTAS DE INFORMAÇÕESEduardo Moresi
O documento discute o papel das organizações em processar e tomar decisões baseadas em informações. Também aborda tópicos como ciberguerra, segurança cibernética e operações de informação, incluindo inteligência de fontes abertas. O documento fornece um modelo conceitual para entender e controlar informações relevantes.
Inteligência de Fontes Abertas: um estudo sobre o emprego das redes sociais n...Eduardo Moresi
O documento discute o uso da inteligência de fontes abertas e redes sociais para prevenir a corrupção no Brasil. Ele apresenta um arcabouço conceitual para empregar redes sociais na prevenção à corrupção, analisando estudos que mostram como a disseminação de informações e participação da sociedade civil podem contribuir para reduzir desvios de recursos públicos.
O Emprego das Fontes Abertas no Âmbito da Inteligência Policialsarabhmg
O presente trabalho pretende apresentar a importância das fontes abertas na atividade de inteligência policial. Nos últimos anos, houve um avanço considerado nos sistemas de comunicação e tecnologia, o que causou uma mudança de paradigmas na área da inteligência. Todavia, o serviço de inteligência no Brasil não acompanhou esse movimento, mantendo um padrão que não atende mais a todas as demandas. Essa pesquisa demonstra que é imperiosa a reforma nas estruturas das comunidades de inteligência, a fim de investir e desenvolver uma área voltada para o serviço de Open Source Intelligence – OSINT. Trata-se de uma análise sobre os objetivos e as necessidades atuais decorrentes do serviço inteligência policial, a função da OSINT na atividade de inteligência policial, o valor de uma fonte aberta, seus atributos e suas limitações, breve histórico da atividade de inteligência de fontes abertas nos EUA e como as fontes abertas poderiam ajudar na prevenção da corrupção.
Apoiado nas leis da Física newtoniana descritas por meio de equações diferenciais, os cientistas acreditavam durante muito tempo que a natureza era determinista sabendo que com base nelas, era possível prever todos os fenômenos. Por volta da virada do século XIX para o século XX, os avanços nas ciências naturais e da matemática colocaram sérias dúvidas sobre a validade da visão mecanicista newtoniana. A teoria da relatividade e a mecânica quântica colocaram em xeque a visão de mundo determinista. A mecânica quântica introduziu o princípio da incerteza. A Teoria do Caos ou a Ciência da Complexidade representou um dos grandes avanços na pesquisa científica do século XX terminando com a dicotomia que existia no enfoque determinista tradicional entre determinismo e aleatoriedade.
Este documento resume um seminário sobre Sistemas Complexos realizado em 30 de março de 2017. O seminário discutiu tópicos como a história das Ciências da Complexidade, a diferença entre sistemas complexos e complicados, definições e propriedades de sistemas complexos, bases matemáticas como teoria de grafos e sistemas multiagentes, e aplicações reais de sistemas complexos.
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1. A Teoria Geral de Sistemas surgiu nos trabalhos do biólogo alemão Karl Ludwig von Bertalanffy na década de 1950, visando estudar sistemas de forma global e integrar diferentes áreas do conhecimento.
2. Um sistema é definido como um conjunto de elementos interdependentes e interagentes que formam um todo com objetivos comuns. Sistemas podem ser abertos, trocando matéria e energia com o ambiente, ou fechados.
3. Componentes genéricos de um sistema incluem objetivos, entradas,
1) O documento introduz os conceitos de sistemas de informação nas empresas, definindo sistemas como conjuntos de elementos em interação que atuam para alcançar objetivos comuns.
2) Apresenta as características gerais dos sistemas, como interligação, subsistemas, entropia e adaptação ao ambiente.
3) Discutem-se os subsistemas de uma organização - decisão, informação e operações - e como o sistema de informação se relaciona com eles.
O documento discute a teoria de sistemas no contexto de uma disciplina sobre teoria das organizações. Apresenta a história da teoria de sistemas, conceitos como sistema aberto e características das organizações como sistemas abertos, incluindo interdependência das partes, homeostase e morfogênese. Também discute visões de autores sobre sistemas abertos e a concepção de sistemas sócio-técnicos de Trist e Emery.
Aprendizagem Supervisionada e não SupervisionadaNunes Fernando
Este documento discute aprendizagem supervisionada e não supervisionada em inteligência artificial. Ele define os tipos de aprendizagem, como aprendizagem supervisionada, não supervisionada e por reforço. Também descreve representações de conhecimento como redes semânticas e abordagens declarativas e procedimentais.
O documento discute a abordagem sistêmica na teoria geral da administração, comparando-a com a abordagem clássica e descrevendo os conceitos de sistemas abertos e fechados. Apresenta também a classificação de sistemas e hierarquia proposta por Boulding, além de mencionar as consequências da cibernética na administração, como a automação e o uso da informática.
Administração de sistemas de informação completoTarciso Ferreira
1. O documento apresenta um resumo de 15 aulas sobre sistemas de informação e a administração da empresa digital.
2. As aulas abordam tópicos como conceitos e tipos de sistemas de informação, o papel dos sistemas de informação no ambiente competitivo e como eles estão transformando as organizações.
3. O documento também fornece uma introdução à teoria geral dos sistemas e discute características, parâmetros e estrutura hierárquica dos sistemas.
Interação mútua e interação reativa: uma proposta de estudoAlex Primo
Este documento discute dois tipos de interação humana: interação mútua e interação reativa. A interação mútua envolve uma relação de interdependência onde cada participante afeta e é afetado pelo outro. Já a interação reativa é mais linear, com ênfase na ação e reação. O texto revisa estudos clássicos sobre comunicação interpessoal e propõe que esses dois tipos de interação também se apliquem à comunicação mediada por computador.
1) A Teoria Geral dos Sistemas surgiu com o biólogo alemão Ludwig Von Bertalanffy e propõe uma visão geral e integrada da natureza em oposição à divisão em áreas distintas.
2) Uma organização pode ser vista como um sistema aberto que interage com o ambiente externo, recebendo entrada de matéria, energia e informações e devolvendo saídas ao ambiente.
3) Os sistemas podem ser classificados como físicos ou abstratos, abertos ou fechados, dependendo de
1) A abordagem sistêmica da administração surgiu da necessidade de entender como as organizações funcionam como sistemas complexos. 2) Norbert Wiener foi pioneiro ao desenvolver a cibernética, que estuda os mecanismos de feedback em sistemas vivos e máquinas. 3) A teoria geral de sistemas de Ludwig von Bertalanffy forneceu um modelo para entender propriedades comuns a todos os sistemas, independente de sua área.
O documento discute os conceitos fundamentais da Teoria Geral dos Sistemas, incluindo:
1) A definição de sistema como um conjunto de elementos inter-relacionados que trabalham juntos para atingir um objetivo comum;
2) Sistemas abertos que interagem com o ambiente externo através de entradas e saídas;
3) O princípio de que um sistema é maior do que a soma de suas partes.
Teoria Geral dos Sistemas by Lillian Alvares - UNBFran Maciel
O documento discute os conceitos fundamentais da Teoria Geral dos Sistemas, incluindo:
1) A definição de sistema como um conjunto de elementos inter-relacionados com um objetivo comum;
2) A história da Teoria Geral dos Sistemas, fundada por Bertalanffy para estudar sistemas de forma global;
3) Características-chave de sistemas como limites, interfaces, hierarquia e realimentações.
1. O documento descreve uma metodologia de atendimento jurídico para vítimas de violência desenvolvida pelo CRA VI.
2. A metodologia envolve mapear o sistema por onde as vítimas transitam e identificar elementos-chave, posicionando o CRA VI como um sistema observador.
3. O objetivo é incluir a vítima no sistema observador e reorientar outras instituições a partir da perspectiva da vítima, transformando-a em cidadã ativa.
O capítulo discute sistemas e administração, definindo sistemas como conjuntos de partes interdependentes que formam um todo com objetivo comum. Discutem-se características de sistemas abertos e fechados e a influência mútua entre subsistemas. Também são definidos eficiência como minimização de recursos e eficácia como maximização de objetivos.
1) O documento discute as ameaças cibernéticas e as analisa em quatro níveis: crimes individuais de baixo nível como hacking; criminalidade organizada; extremismo político e ideológico; e ataques cibernéticos patrocinados por Estados.
2) É destacada a crescente dependência da sociedade nas tecnologias da informação, que aumenta a vulnerabilidade a ameaças cibernéticas nos diferentes níveis.
3) Defende-se uma abordagem mais abrangente para analisar a segurança cibern
[1] O documento discute conceitos relacionados ao espaço cibernético como cibernética, ativos de informação e infraestruturas críticas. [2] Apresenta as dimensões física, informacional, social e cognitiva do ambiente da informação e como ataques cibernéticos podem afetar essas dimensões. [3] Discorre sobre os impactos dos incidentes cibernéticos nos negócios e a importância da segurança da informação.
Inteligência Geoespacial: um estudo aplicado à Polícia Civil do Distrito FederalEduardo Moresi
Artigo apresentado na UndécimaConferencia Iberoamericana en Sistemas, Cibernética e Informática: CISCI 2011 – 17 a 20 de Julio de 2012 – Orlando – FL - USA. O artigo recebeu o prêmio de Best Paper do CISCI 2012.
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Estudo sobre Portais Públicos como fontes confiáveis para emprego em Inteligê...Eduardo Moresi
Este documento discute a inteligência de fontes abertas e como portais públicos podem ser fontes confiáveis de informações para esse fim. O governo publica grandes quantidades de dados em portais como o IBGE, ComprasNet e Portal da Transparência, que podem ser usados para diversos fins de inteligência. Projetos em andamento incluem robôs para coletar automaticamente dados desses portais sobre compras, contratos e despesas governamentais.
Proposta de arquitetura para coleta e disponibilização de informações pública...Eduardo Moresi
O documento propõe uma arquitetura para coletar e disponibilizar informações públicas sobre compras governamentais. A arquitetura inclui módulos para extrair dados do portal ComprasNet, estruturar as informações em formato semi-estruturado e fornecer uma interface para usuários. Atualmente, o sistema extrai e processa atas de pregões, com mais de 31 mil já processadas, apesar de ainda haver espaço para melhorias nos algoritmos de extração.
Proposta de arquitetura para coleta e disponibilização de informações pública...Eduardo Moresi
O documento propõe uma arquitetura para coletar e disponibilizar informações públicas sobre compras governamentais feitas pelo Portal Comprasnet. A arquitetura permitiria analisar de forma agregada e inter-relacionada os dados, atualmente disponíveis de forma isolada, para produzir conhecimento útil sobre o tema e automatizar análises. A proposta visa viabilizar a análise exploratória e descritiva dessas informações por especialistas.
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1) A abordagem sistêmica da administração surgiu da necessidade de entender como as organizações funcionam como sistemas complexos. 2) Norbert Wiener foi pioneiro ao desenvolver a cibernética, que estuda os mecanismos de feedback em sistemas vivos e máquinas. 3) A teoria geral de sistemas de Ludwig von Bertalanffy forneceu um modelo para entender propriedades comuns a todos os sistemas, independente de sua área.
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Estudo sobre Portais Públicos como fontes confiáveis para inteligência de Fon...Eduardo Moresi
1) O documento discute portais públicos como fontes confiáveis para inteligência de fontes abertas.
2) Estuda como diversos portais públicos disponibilizam informações à sociedade e podem ser usados para melhorar o controle social e a tomada de decisão.
3) Um exemplo citado é o Portal da Transparência do governo federal brasileiro, gerido pela Controladoria-Geral da União, que visa ampliar a transparência da gestão pública.
Inteligência de Fontes Abertas: um estudo sobre o emprego das redes sociais n...Eduardo Moresi
O documento discute o uso de inteligência de fontes abertas e redes sociais para prevenir a corrupção no Brasil. Ele apresenta conceitos sobre inteligência de fontes abertas e como as redes sociais podem ser usadas para exercer controle social sobre os recursos públicos e difundir boas práticas de gestão. Também descreve o ciclo de inteligência aplicado no contexto das redes sociais para fornecer subsídios à Secretaria de Prevenção da Corrupção.
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O documento discute o uso de inteligência de fontes abertas e redes sociais para combater a corrupção no Brasil. Ele explica como essas ferramentas podem ser usadas de forma preventiva e educativa, permitindo maior controle social sobre recursos públicos. Também descreve o ciclo de inteligência aplicado no contexto das redes sociais para coletar informações relevantes.
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O documento discute inteligência de fontes abertas e como portais públicos podem ser usados como fontes para atividades de inteligência governamental ou empresarial. Ele lista vários portais governamentais brasileiros que fornecem dados abertos sobre economia, compras governamentais, orçamentos e transferências de recursos. O objetivo da inteligência é produzir informações valiosas para tomada de decisões e planejamento.
Um hacker ataca os Estados Unidos invadindo sua infraestrutura de comunicações, transporte e energia, ameaçando causar um grande blecaute. Um policial aposentado é chamado para confrontá-lo. A Casa Branca estabelece um novo comando cibernético para proteger as redes do Pentágono e melhorar as capacidades ofensivas dos EUA na guerra cibernética. O documento discute conceitos e aplicações de operações de informação.
Perspectivas de Pesquisa em Inteligência OrganizacionalEduardo Moresi
Nesse sentido, Inteligência Organizacional (IO) pode ser vista sob dois pontos de vistas mutuamente dependentes: como um processo (dinâmico); como um produto (estático). Como um produto, refere-se à totalidade de informação e conhecimento estruturados, sintetizados e direcionados para um objetivo, que são gerados quando a organização aumenta a sua capacidade de solução de problemas. Como um processo, a IO é interativa, agregadora e uma complexa coordenação das inteligências humana e de máquina dentro de uma organização. Implica que estas inteligências sejam orientadas em direção a processos de fluxo de trabalho.
Perspectivas de Pesquisa em Inteligência Organizacional
Operações de Informação para apoiar a prevenção à fraude
1. 1
Centro Latinoamericano de
Administración para el Desarrollo
CLAD
XV Congreso del CLAD
Área temática
Los derechos ciudadanos, la interoperabilidad y el software en el Gobierno Electrónico
Painel
O uso de tecnologia da informação para promoção da transparência e prevenção da
corrupção
Título do artigo
Operações de Informação para apoiar a prevenção à fraude
Autor
Eduardo Amadeu Dutra Moresi (moresi@ucb.br)
Brasil, 2010
2. 2
1. Introdução
Os Estados Unidos e seus aliados revelaram, em 1991, no Golfo Pérsico, uma forma totalmente
nova de travar a guerra. Através da exploração do conhecimento, a força de coalizão devastou a
formidável máquina militar do Iraque, surpreendeu o mundo, confundiu os críticos de defesa,
surpreendeu a si mesmo e muito possivelmente "os padrões de desempenho das Forças Armadas norte-
americanas em conflitos armados foram alterados".
Após o conflito, o Exército dos EUA publicou o manual de campanha FM 100-6 - Operações de
Informações (Information Operations), doutrina relevante às atuais operações multidimensionais, bem
como para as operações da futura Força XXI. A doutrina das Operações de Informação (InfOp)
descreve a importância das informações e como vencer a guerra da informação hoje e no futuro. O FM
100-6 identifica a informação como um fator essencial do poder de ação nos níveis estratégico,
operacional e tático. Aborda como as tecnologias da era de informação podem multiplicar o talento e o
potencial dos líderes, permitindo derrotar o oponente rapidamente em uma operação conjunta e
combinada.
No âmbito organizacional, público ou privado, poucos estudos foram realizados no sentido de
apropriar conceitos doutrinários de InfOp para emprego em Gestão Estratégica. Portanto, o foco desse
trabalho é aprofundar o entendimento sobre a viabilidade de aplicar os conceitos de InfOp na
prevenção da corrupção e da fraude, como doutrina relevante para ampliar a capacidade de atuação de
órgãos governamentais.
Para alcançar esse propósito, o texto aborda conceitos de teoria da complexidade, incluindo os
seus princípios fundamentais. Em seguida, desenvolve-se o constructo da fraude como um fenômeno
complexo. Apoiado nesse arcabouço conceitual, a informação é contextualizada no âmbito da
inteligência da realidade, para apoiar o entendimento de conceitos doutrinários de operações de
informação. Por fim, são descritos alguns aspectos do Projeto de Pesquisa desenvolvido na
Universidade Católica de Brasília em pareceria com a Controladoria-Geral da União e financiado pelo
Escritório Sobre Drogas e Crime das Nações Unidas.
2. Teoria da Complexidade
Complexidade pode ser definida como aquela propriedade de uma expressão de linguagem que
a torna difícil para formular seu comportamento global, mesmo quando obtida quase a informação
completa sobre seus micro componentes e seus inter-relacionamentos (EDMONDS, 1995, 1999). Essa
definição mostra a dificuldade na formalização da totalidade comparada à formalização de suas partes
fundamentais (do ponto de vista da linguagem). Isso somente é aplicável em casos onde existe no
mínimo a possibilidade de obter a informação quase completa sobre os componentes, separando-se
assim a ignorância da complexidade.
A complexidade é assim a dificuldade em achar uma descrição global do modelo para o
comportamento resultante do modelo objeto. Em geral, identificar sistemas inteiros é problemático.
Assim, um sistema pode ser uma coleção de declarações pretendidas para descrevê-lo suficientemente.
O termo complexidade pode ser atribuído a dois processos de interpretação e de descrição,
conforme mostrado na figura 1. O processo de interpretação é a tradução da descrição para o sistema e
o processo descritivo é a tradução do sistema para a descrição. Para falar desses processos, ele usa uma
linguagem básica para representar a descrição, o sistema e o processo entre eles. Isso pode ser visto
como diferentes dificuldades com diferentes interpretações das partes e do comportamento global do
mesmo meta-sistema expresso em uma linguagem mais ampla (LÖGFREN, 1974, 1973).
3. 3
Figura 1 - A complexidade em termos dos processos de descrição e de interpretação.
(Fonte: LÖGFREN, 1973)
Outra possibilidade é definir complexidade por meio da relação entre um sistema e um
observador. O observador tem sempre a conotação de algum sistema vivo (uma pessoa) ou sistema
composto por sistemas vivos (uma organização), não há referências à colocação de algum sistema
artificial na posição de observador. Segundo Klir e Folger (1988), qualquer descrição deve considerar
dois princípios gerais de complexidade de sistemas:
- primeiro princípio geral de complexidade: uma medida de complexidade de um sistema
deve ser proporcional à quantidade de informação necessária para descrever o sistema - por
exemplo número de entidades (variáveis, estados, componentes);
- segundo princípio geral de complexidade: uma medida de complexidade de um sistema
deve ser proporcional à quantidade de informação necessária para resolver qualquer
incerteza associada ao sistema.
A idéia central da ciência em geral é que em um sistema complexo - seja uma simulação de
computador, um ecossistema ou uma organização - os agentes interagem em modos simples mas
frequentes, afetando mutuamente um ao outro, para criar padrões de comportamento elaborados e
inesperados, um fenômeno conhecido como emergência (COWAN, 1994). Então, muito de teoria da
complexidade mantém o foco na natureza de interações entre agentes individuais em um sistema
dinâmico complexo e monitora os seus efeitos. O importante é a resposta do sistema às mudanças
externas.
A lição mais importante da teoria da complexidade é que sistemas complexos dinâmicos geram
ordem criativa e se adaptam a mudanças em seus ambientes, por interações simples entre os seus
agentes, e que pequenas mudanças podem conduzir frequentemente a grandes efeitos. A ordem não é
imposta por planejamento de cima para baixo, ela emerge de baixo para cima.
Sistemas complexos adaptativos são sistemas/fenômenos distintos mas com várias
características em comum. São complexos pois estão muito além da capacidade descritiva da nossa
ciência e são adaptativos pois são capazes de se adaptar a novas condições que lhe são impostas pelo
seu ambiente. As características comuns são as seguintes (SIMON, 1999):
- complexidade versus simplicidade - apesar de ser um sistema globalmente complexo, é um
sistema que apresenta simplicidade local. Todos os sistemas complexos adaptativos são
extremamente complexos, enquanto os componentes de que são constituídos são de uma
extrema simplicidade;
- grande número de componentes que interagem entre si e influenciam uns aos outros. Quando se
fala de grande número refere-se a ordens de grandeza superiores as dezenas de milhares de
componentes, podendo chegar a ordem dos milhões, ou mais;
4. 4
- são imunes aos métodos científicos de análise disponíveis. O método reducionista de análise
não é utilizável para o estudo e previsão desses sistemas. Nesses sistemas, o todo é maior que a
soma das partes, ressaltando o conceito de sinergia;
- sempre há aspectos aleatórios envolvidos, ou seja, não são de forma alguma sistemas
determinísticos ou previsíveis; qualquer tentativa de fazer previsões, em longo prazo não passa
de mera adivinhação;
- ampla diversidade de componentes que se inter-relacionam e que mantém similaridades dentro
da diversidade;
- são capazes de evoluir, se adaptar e aprender de acordo com mudanças nas características de
seu ambiente;
- inexistência de uma coordenação global, absoluta, efetiva e duradoura. Embora vários
mecanismos de coordenação mais fraca possam estar presentes.
Os princípios da Teoria da Complexidade compreendem os seguintes conceitos:
- estrutura de um sistema complexo: todos os sistemas complexos compreendem uma série de
agentes que podem ser passivos (como uma molécula) ou ativos (como uma pessoa). Assume-se
que esses agentes interagem entre si de uma maneira conhecida, mas que as interações totais são
muito complexas para serem mapeadas em uma análise;
- emergência: o todo é maior que a soma das partes, ou seja, sistemas complexos exibem
propriedades que são importantes quando analisadas no contexto geral, mas, isoladamente, não
apresentam nada em especial. Desse modo, o completo conhecimento das propriedades
individuais não é suficiente para se inferir as propriedades do todo;
- estrutura multinível: as propriedades emergentes podem interagir umas com as outras, ou seja, a
interação de pessoas produz um grupo, esses interagem para formarem organizações, que
interagem para formarem sociedades, e assim por diante. Existe um número de níveis aninhados
de detalhes, cada um com propriedades diferentes daqueles níveis enquadrantes, gerando novas
propriedades e necessitando de novas abordagens para a análise e entendimento;
- estado ideal: cada agente tenta fazer o melhor que pode, em busca do estado ideal. A cada ação
um agente se move para um outro estado, evoluindo ao longo do tempo. Outros agentes também
estão tentando fazer a mesma coisa, o cenário torna-se sujeito a constantes mudanças;
- co-evolução: como existem diversos agentes , cada um fazendo as suas escolhas, o estado de
cada um depende da extensão das escolhas feitas pelos outros, o que caracteriza um sistema co-
evolucionário (como um ecossistema);
- espaço de estados: o cenário pode ser considerado como um mapa de todas as opções
disponíveis para um agente, para todas as combinações de circunstâncias, que matematicamente
é chamado de espaço de estados;
- perturbação: a mudança de estado de um agente gera efeitos nos estados de outros agentes.
Esses efeitos denominam-se perturbações;
- não linearidade: não existe proporcionalidade entre causa e efeito, entre "entrada" e "saída" de
um sistema;
- "borda do caos": bem longe do ponto de equilíbrio ocorre um estado especial e transitório que
não é nem de estabilidade ou de instabilidade, onde a ordem e a desordem coexistem,
paradoxalmente, permitindo o surgimento da criatividade;
- sensibilidade às condições iniciais: pequenas mudanças nas condições iniciais podem gerar
grandes variações nas condições finais, fazendo o sistema ficar extremamente volátil;
- realimentação ("feedback"): realimentação alternadamente positiva e negativa conduz o sistema
a um estado de estabilidade. Quando apenas negativa conduz o sistema a estados cada vez mais
equilibrados e quando apenas positiva leva a um estado de desequilíbrio ou a um ponto de
bifurcação;
5. 5
- auto-organização: processo referente ao surgimento espontâneo de ordem na escala macro de
um sistema, como resultante de interações em níveis inferiores.
Organizações diante de um ambiente complexo devem aprender a conviver com um problema
de memória. Visto que o cérebro humano tem uma capacidade limitada para reter informação
consciente, unidades especiais que possam monitorar um ou mais setores são necessárias
(THOMPSON, 1967). Essas unidades monitoram as atividades de outras e relatam rotineiramente os
padrões de comportamento para decisões críticas acompanhando as mesmas e fornecendo novas
informações para novas decisões.
O exercício da capacidade de enxergar o mundo em processo requer a representação da
realidade de forma tridimensional. A realidade não é simples. Ao contrário, é complexa e tem de ser
vista em toda a sua complexidade, que certamente não se limita ao que foi descrito. O modelo de
representação tridimensional tem o propósito de facilitar a visão da complexidade do contexto, mas
jamais de simplificá-la. As três dimensões - atividade, infra-estrutura e referência - devem ser
consideradas independente e concorrentemente.
Na dimensão da atividade são consideradas as funções da organização, suas atividades
relevantes e o relacionamento dessas ao longo do tempo com o objetivo de concretizar o alcance dos
valores requeridos pela realidade. A dimensão de infra-estrutura representa o comportamento dos
recursos, sejam quais forem, humanos, financeiros, e de capital, conforme requerido pelos valores a
serem adicionados. A dimensão da referência ou da axiomática representa o conjunto de regras que
exprime os valores que governam uma realidade, sendo responsável pela organização das atividades de
produção e dos métodos de trabalho, de modo a maximizar a qualidade e produtividade dos processos
organizacionais.
Quando se colocam os três eixos a concorrer paralelamente, requer-se, como realimentação para
a autocorreção, a referência ao contexto considerado. E é nos efeitos colaterais captados que a
organização haverá de corrigir sua pontaria. É preciso, pois, não controlar a realidade para estar a ela
integrado, porque é somente no seu descontrole que a capacidade entra em ação, colocando, assim, sob
controle o risco da imobilidade. Se os eixos se integram de forma concorrente, em diálogo com a
realidade, incorporando os efeitos colaterais à unidade do sujeito, não existe a hipótese de ser
necessário o exercício introspectivo, longe da realidade, para que o sujeito esteja em sintonia com ela a
cada momento.
Assim, na visão de mundo em processo, na exercitação paralela e concorrente dos três eixos,
não se podem introduzir coisas fixas – essa estrutura, essa tecnologia, essa atividade, essa axiomática –
hierarquizando-as segundo critérios arbitrariamente escolhidos. Nesse sentido, um problema deve ser
visto nas suas três dimensões; cada dimensão pode assumir o lugar da ênfase, o "lado" do problema em
questão, dependendo do contexto; cada dimensão tem por sua vez três dimensões; e assim ao infinito.
Como não podemos lidar com todas elas, destacamos, para fins de estudo do problema, um conjunto
que seja relevante para seu esclarecimento.
3. Fraude – um fenômeno complexo
Num sentido amplo, uma fraude é um esquema criado para obter ganhos pessoais, apesar de ter,
juridicamente, outros significados legais mais específicos,que não são o foco da presente abordagem.
Uma fraude é qualquer crime ou ato ilegal para lucro daquele que se utiliza de algum logro ou ilusão
praticada na vítima como seu método principal. Em Direito Penal, fraude é o crime ou ofensa de
deliberadamente enganar outros com o propósito de prejudicá-los, usualmente para obter propriedade
ou serviços dele ou dela injustamente (WIKIPEDIA, 2010) .
As fraudes podem ser cometidas através de muitos métodos, incluindo fraude de
correspondência, por meios de Tecnologia de Informações, fraude por telefone e fraude por internet.
Atos que podem ser caracterizados como fraude criminal incluem:
6. 6
- propaganda enganosa;
- roubo de identidade;
- falsificação de documentos ou assinaturas;
- apropriação de propriedade de outros sob custódia através da violação de confiança;
- fraude da saúde, vendendo produtos inócuos, como remédios falsos;
- criação de empresas falsas;
- insolvência de instituições bancárias e de seguro.
Segundo o Portal Monitor das Fraudes (2010a), para realizar qualquer tipo de fraude, os
golpistas se aproveitam de alguns artifícios operacionais:
- engenharia social;
- falsificação de documentos em geral;
- roubo ou criação de "identidades" (pessoas e empresas);
- "marketing" ativo;
- simulação de situações e fatos;
- representação "teatral" de apoio;
- técnicas neuro-lingüísticas e de persuasão;
- técnicas de sedução;
- disfarce, mentira e sonegação de informações;
- ações legais de "contenção" ou "terrorismo";
- ameaças e medo;
- uso extensivo da internet para criar "referências".
Um tema conexo a fraude é a corrupção, cuja palavra deriva do latim “corruptos”, que significa
“quebrando peças”, apodrecendo, destruindo, degradando, corrompendo. Portanto, corrupção baseia-se
no ato de corromper com a ética de algo, degradar a sociedade, violar com os direitos e deveres de
todos. No sentido político, a palavra “corrupção” se refere ao uso ilegal do dinheiro, ou seja, tomar
posse de uma remuneração que não é sua, dominar, utilizar o dinheiro para o benefício próprio do
governante e/ou administrador.
A corrupção ocorre não só através de crimes subsidiários como, por exemplo, os crimes de
suborno (para o acesso ilegal ao dinheiro cobrado na forma de impostos, taxas e tributos) e do
nepotismo (colocação de parentes e amigos aos cargos importantes na administração pública). O ato de
um político se beneficiar de fundos públicos de uma maneira outra que a não prescrita em lei – isto é,
através de seus salários - também é corrupção.
Existem 7 tipos de crimes de corrupção que são: o suborno (propina), nepotismo (político),
extorção (abuso), tráfico de influência, utilização de informação governamental privilegiada para fins
pessoais ou de pessoas amigas ou parentes, compra e venda de sentenças judiciárias, recebimento de
presentes ou de serviços de alto valor por autoridades.
Levitt (apud MONITOR DAS FRAUDES, 2010b) explora o conceito de assimetria das
informações que é pertinente ao contexto das fraudes e da corrupção. A assimetria das informações é a
situação na qual uma parte (normalmente um "especialista") detém informações relevantes que a outra
parte não tem, e usa estas informações em sua vantagem. Em alguns casos, é o resultado da simples
sonegação de informações relevantes por parte do "especialista".
Todavia, a assimetria das informações pode ser usada para gerar pressão na parte menos
informada, normalmente através do uso de várias formas de "medo". Na base de boa parte das fraudes
existe uma situação de assimetria de informações onde o golpista detém informações relevantes que a
vítima não tem, e se aproveita desta posição de superioridade para aplicar o golpe.
Portanto, o que se vê e o que se percebe com o mais especializado dos sentidos individuais já é
uma construção, uma elaboração subjetiva do mundo visto, um ato de criação, uma investida sobre a
realidade externa–interna, com o propósito de dela retirar o que convém a cada pessoa em um dado
momento, no contexto em que ela se encontra.
7. 7
A técnica para se aprender a enxergar melhor apóia-se em três pressupostos. O primeiro é a
inexistência de qualquer visão preconcebida, seja do que for. Eliminam-se preconceitos, pré-
julgamentos e opiniões prévias, que são excludentes e impedem a visão da complexidade do problema.
Outro pressuposto é a humildade de reconhecer que nenhuma visão é completa, por mais que se tenha
tentado abranger todos os pontos de vista sobre o problema. Isso permite enriquecer o entendimento a
qualquer instante, com a inclusão de novas visões. O terceiro pressuposto exige assumir-se que a
grande virtude é o reconhecimento da imperfeição, pois traz consigo a necessidade de superá-la. Tal
superação conduzirá ao reconhecimento de uma nova imperfeição, que terá de ser vencida e levará a
outra imperfeição. Não há razão para considerar resolvidos todos os problemas. Estão em processo,
pois a solução cria um novo problema.
Nesse contexto, pode-se afirmar que fraude e corrupção são fenômenos complexos,
considerando que o mundo privado e subjetivo de cada um é constituído da inteligência da realidade
que lhe chega do exterior, na forma de informações recolhidas pelos sentidos, que as percebem na
diferença. Mais que isso: a visão de mundo de cada pessoa é feita da inteligência de diferenças, de
comportamentos, de acontecimentos que se reconstroem em cada um, como um efeito da interpretação
que se faz das diferenças que a compreensão acredita ter captado na diferença dos outros fazendo a
mesma coisa. A relação entre aqueles que fraudam e aqueles que coíbem tais práticas está em equilíbrio
dinâmico.
À medida que se avançam as técnicas de combate à corrupção e à fraude, os fraudadores e
corruptos desenvolvem novos golpes. A perturbação da ordem vigente faz com que os atores busquem
condições ideais de atuação, gerando um novo equilíbrio dinâmico.
Portanto, possibilitar construir um modelo de representação da realidade que incorpore variáveis
incertas e desconhecidas, incerteza e equivocidade, como fatos eventuais e toda a escalada de efeitos
colaterais exponenciais, que daí decorrem, é a questão fundamental. A idéia de complexidade é a única
que torna possível tratar fenômenos com fraude e corrupção. A complexidade rompe as divisórias que
as ciências estabeleceram entre si para descrever a realidade. Rompe, porque a realidade não está
organizada como as ciências gostariam que estivesse e insistem em afirmar que está. A identificação do
contexto é o problema crucial. Somente o contexto e sua referência permitem entender a história que
resultou da co-evolução dos dos relacionamentos entre os diversos atores envolvidos no problema.
Insiste-se em que nada pode ser fixo em relação ao contexto, se o que se busca é tratar esse fenômeno
complexo.
4. Operações de Informação
A chegada da sociedade eletrônica de informação modificou drasticamente a delimitação de
tempo e espaço da informação. A importância do instrumental da tecnologia da informação forneceu a
infra-estrutura para modificações, sem retorno, das relações da informação com seus usuários. As
transformações associadas à interatividade e à interconectividade no relacionamento dos receptores
com a informação, mostram como tempo e espaço modificam as relações com o receptor (BARRETO,
2010):
- interatividade ou inter-atuação multitemporal representa a possibilidade de acesso em tempo real, o
que representa o tempo de acesso no entorno de zero, pelo usuário à diferentes fontes de informação;
possibilita o acesso em múltiplas formas de interação entre o usuário e a própria estrutura da
informação contida neste espaço. A interatividade modifica o fluxo: usuário - tempo - informação.
Reposiciona os acervos de informação, o acesso à informação e a sua distribuição;
- inteconectividade reposiciona a relação usuário - espaço - informação; opera uma mudança estrutural
no fluxo de informação que se torna multiorientado. O usuário passa a ser o seu próprio mediador na
escolha de informação, o determinador de suas necessidades. Passa a ser o julgador da relevância da
8. 8
informação que procura e do estoque que o contêm em tempo real, tempo igual a zero, como se
estivesse colocado virtualmente dentro do sistema de armazenamento e recuperação da informação.
Nesse sentido, a era da Internet, da globalização e do trabalho centrado em rede, impõe à
atividade humana a tendência de se inserir mais em espaços do que em locais físicos, onde a
informação e o conhecimento se difundem e se dispersam num determinado espaço, ainda que
associado a pessoas, processos e tecnologias.
Assim, as mudanças tecnológicas que tiveram lugar nas últimas décadas deram um lugar de
destaque à utilização da informação no nosso dia a dia, visando alcançar diversos objetivos
organizacionais. A informação passou a ser um elemento fundamental vida das organizações sendo
fundamental refletir sobre a sua importância, quanto aos diversos aspectos e setores que influencia.
Para compreender melhor toda essa mudança, pode-se reduzir essa nova realidade a três
mundos: o mundo subjetivo dos sistemas cerebrais, o mundo objetivo dos sistemas materiais e o mundo
dos sistemas simbólicos cibernéticos e informatizados. A realidade subjetiva dos conteúdos de
informação, da sua geração e assimilação, a realidade objetiva dos seus equipamentos e seus
instrumentos, e a realidade do ciberespaço, de tempo zero, da existência pela não presença, da realidade
virtual. A figura 2 apresenta uma ilustração da intersecção desses três mundos e o Quadro 1 as
respectivas descrições.
No relacionamento com uma estrutura de suporte da informação, um receptor realiza reflexões e
interações, que lhe permitem evocar conceitos relacionados explicitamente com a informação recebida
(BARRETO, 2005). O receptor mostra aspectos de um pensamento que é seduzido por condições quase
ocultas, silenciosas, de um meditar próprio de sua privacidade ambientada no:
- contexto da informação;
- contexto particular do sujeito, no tempo e no espaço de interação com a informação;
- estoque de informação do sujeito;
- competência simbólica do receptor em relação ao sub-código lingüístico na qual a informação se
insere;
- contexto físico e cultural do sujeito que interpreta a informação.
Figura 2 – Os três mundos da informação (BARRETO, 2010).
9. 9
Quadro 1 – Descrição dos espaços dos três mundos da informação (BARRETO, 2010).
Identificador Mundos da Informação Exemplos
A Espaço da Realidade Subjetiva espaço das construções teóricas, dos conteúdos,
dos processos de geração , interpretação e
apropriação da informação.
B Espaço Realidade dos Objetos espaço dos artefatos dos sistemas, dos
computadores e das comunicações.
C Espaço Realidade do Ciberespaço espaço dos símbolos cibernéticos, da interação
ente os indivíduos e as máquinas.
1 Espaço de Interseção das
realidades subjetivas e dos
objetos
espaço das tecnologias de informação e
comunicação, dos estoques de conteúdos e das
redes.
2 Espaço de interseção das
realidades subjetivas e do
ciberespaço
espaço das construções dos agentes inteligentes
para interação do homem com a máquina - os
softwares.
3 Espaço de interseção das
realidades dos objetos e do
ciberespaço
espaço dos processos das comunicações e das
redes interativas.
N Espaço de interseção das
realidades subjetivas, dos objetos
e do ciberespaço
espaço das atividades de interatividade da
interconectividade, ,da inteligência artificial , da
realidade virtual e dos novos desenvolvimentos.
Após essa breve contextualização conceitual, torna-se fundamental caracterizar o significado
das Operações de Informação (InfOp) aplicadas à prevenção à fraude e corrupção. A doutrina de InfOp
envolve o desenvolvimento de ações planejadas e executadas para afetar as informações e os sistemas
de informação adversários e para defender os próprios sistemas de informação. Por conseguinte, uma
estratégia de InfOp coerente, integrada com as operações militares, é essencial para lidar com cenários
adversos e assimétricos.
No âmbito militar, InfOp é uma ação institucional dos Estados Unidos para desenvolver um
conjunto de abordagens doutrinárias para as suas forças militares e diplomáticas visando a utilização e
a operacionalização do poder da informação. O alvo das InfOp é o tomador de decisão adversário e,
portanto, o esforço principal será em coagir essa pessoa a realizar ou não uma determinada ação. A
figura 3 apresenta um diagrama clássico de operações de informação.
As InfOp são vistas não apenas como um meio de melhorar ou complementar um ataque físico,
mas como um meio de substituir a destruição física pela eletrônica (ALLEN, 2007). Por exemplo, para
empresas que operam com transações on-line, a interrupção do serviço ou a adulteração de conteúdo de
seu portal web certamente trará conseqüências materiais e perdas financeiras. Todavia, o maior impacto
é simbólico e o principal efeito é a humilhação.
O que tem sido aprendido desde o ataque terrorista de 9/11/2001 é que as InfOp representam
uma nova semântica da guerra e da paz, da riqueza e da democracia. A informação, como Alvin e Heidi
Toffler (1990) têm sugerido, é um substituto para a violência (dissuasão e resolução de conflitos), para
a riqueza (criação de riqueza que estabiliza populações), e para a relação capital, trabalho, tempo e
espaço.
10. 10
Figura 3 – Digrama Clássico de Operações de Informação (KOTT, 2007).
Alguns aspectos doutrinários, publicados nos manuais militares do Exército dos Estados Unidos
da América FM 100-6 (US ARMY, 1996) e FM 3-13 (US ARMY, 2003), merecem aprofundamento:
- a doutrina estabelece uma estrutura que permite às forças amigas controlar as informações disponíveis
e relevantes (essenciais); proteger sua habilidade de avaliar, processar, integrar, decidir e agir, com
relação àquela informação; e atacar a habilidade de seu adversário em potencial de avaliar, processar,
integrar, decidir e agir, também em relação à mesma informação;
- o conceito de InfOp integra três componentes fundamentais: informações e inteligência relevantes;
sistemas de informações eficazes; e uma combinação de guerra de C2 com operações de assuntos civis
(Ass Civ) e comunicação social/relações públicas (Com Soc/RP), procurando obter o domínio da
informação para o comandante;
- as InfOp podem tornar mais capazes e proteger os sistemas de informações; sincronizar a aplicação da
força; conectar sistemas hierárquicos e não hierárquicos; integrar sensores e decisores; e degradar,
interromper ou explorar as ações adversárias, agindo sobre seus processos decisórios;
- o FM 100-6 (US ARMY, 1996), substituído pelo FM 3-13 (US ARMY, 2003), delineia e define o
ambiente de informação global como "todos os indivíduos, organizações ou sistemas, em sua maioria
fora do controle militar ou das Autoridades Governamentais, que coletam, processam e disseminam
informação para públicos nacionais e internacionais";
- o ambiente de informação organizacional, como um ambiente dentro do ambiente de informação
global, consiste de sistemas de informações e organizações — amigas e inimigas, militares e não
militares — que apóiam, permitem ou influenciam significativamente uma operação militar específica.
Adversários procurarão ganhar vantagem no ambiente de informação global, empregando os sistemas e
organizações dos seus espaços de atuação. Além disso, a mídia, grupos de estudos, instituições
acadêmicas, organizações não governamentais (ONGs), agências internacionais e individuais, com
acesso à Internet, são todos jogadores expressivos no ambiente de informação global;
- domínio da informação é definido como "o grau de superioridade das informações que permite ao seu
detentor empregar os seus sistemas de informações e seus meios para alcançar uma vantagem
operacional num conflito, ou controlar uma situação em operações de não guerra, negando, ao mesmo
tempo, esses meios ao adversário.
Basicamente, existem três tipos de InfOp:
11. 11
- as Operações de Informação Defensivas procuram assegurar o acesso permanente e a utilização
efetiva da informação e dos sistemas de informação de forma a atingir objetivos planejados
previamente;
– as Operações de Informação Ofensivas procuram influenciar a informação e os sistemas de
informação adversários visando criar obstáculos na consecução de seus objetivos ou em resposta a uma
ameaça específica;
- as Operações de Influência são definidas como operações que visam afetar a percepção e o
comportamento de tomadores de decisão, grupos de pessoas ou população em geral.
Nesse contexto a Universidade Católica de Brasília (UCB) em parceria com a Controladoria-
Geral da União (CGU) delineou um projeto de pesquisa denominado “Operações de Informação para
apoiar a prevenção à fraude”. Os recursos de financiamento do projeto são oriundos da Carta Acordo
2009/11/001 firmada entre a UCB e o Escritório Sobre Drogas e Crime (UNODC/Nações Unidas), no
âmbito do Projeto de Realização do IV Fórum de Combate à Corrupção e Implementação de Ações
Específicas de Combate à Corrupção – AD/BRA/05/S07.
O projeto tem o objetivo geral de propor um arcabouço doutrinário para emprego das Operações
de Informação e de Inteligência de Fontes Abertas para apoiar a gestão estratégica da Secretaria de
Prevenção à Corrupção e Informações Estratégicas (SPCI) da CGU.
Os objetivos específicos são:
- identificar as principais referências doutrinárias aderentes ao projeto;
- identificar, caracterizar e qualificar as fontes abertas no ciclo de inteligência;
- analisar a aplicação de conceitos doutrinários de operações de informação na prevenção à fraude e à
corrupção;
- estudar as alternativas tecnológicas para análise de grandes volumes de dados;
- propor uma solução tecnológica aderente às demandas da CGU;
- propor as bases doutrinárias para a aplicação de Inteligência de Fontes Abertas para a CGU;
- propor as bases doutrinárias para a aplicação de Operações de Informação possibilite a gestão
estratégica da informação na CGU.
Para alcançar esses objetivos, foram definidos o ambiente global de informação e a arquitetura
do projeto, que estão apresentados, respectivamente, nas figuras 4 e 5. O ambiente de informação visa
definir as necessidades doutrinárias, as principais fontes de informação e os grandes temas que
orientarão o levantamento de necessidades de inteligência. A arquitetura do projeto divide-se em Três
camadas:
- infra-estrutura de Tecnologia da Informação – visa desenvolver plataforma tecnológica que permita o
processamento de grandes volumes de informação de forma distribuída;
- produção de informação – estudar soluções de software para aplicação na análise de grandes volumes
de dados (quantitativos e qualitativos) empregando técnicas de mineração de dados e de textos, coleta e
processamento automático de informação e recuperação de informação não estruturada;
- operações de informação – desenvolvimento de doutrina apropriando conceito de Inteligência,
Contra-Inteligência e Guerra de Informação para aplicação no contexto da prevenção à fraude e
corrupção.
5. Conclusão
O propósito desse trabalho é apresentar uma nova abordagem de emprego da doutrina de
Operações de Informação. Essa doutrina tem origem no domínio militar e foi desenvolvida pelo
Exército dos Estados Unidos da América, desde o conflito do Golfo de 1991. O arcabouço doutrinário
apresenta outro ambiente de embates – o informacional, onde a superioridade da informação pode ser
decisiva em operações militares.
12. 12
Figura 4 – Ambiente informacional do projeto.
Figura 5 – Arquitetura do Projeto.
O trabalho contextualizou a fraude e a corrupção como fenômenos complexos, ou seja, mostrou
que o seu entendimento passa necessariamente pelo entendimento de conceitos e princípios da teoria da
13. 13
complexidade. Assim, a assimetria do emprego da informação passa a não ser mais exclusividade das
operações militares, podendo ser apropriada no domínio das organizações civis. Enxergar a realidade
das fontes de informação como atores que realizam operações de informação ofensivas, defensivas e de
influência permite interpretar suas mensagens de forma subliminar.
Agradecimento
Esse trabalho é financiado pelo Escritório Sobre Drogas e Crime (UNODC/Nações Unidas),
sendo executado na Universidade Católica de Brasília (UCB) em parceria com a Controladoria-Geral
da União (CGU).
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Resumo: O conceito de Operações de Informação (OpInfo), no contexto militar, descreve a
importância da informação e como ganhar a guerra de informação nas operações militares agora e no
século XXI. Identifica a informação como uma condicionante essencial do poder militar nos âmbitos
estratégico, operacional e tático. O conceito integra três componentes fundamentais: informações e
inteligência relevantes; sistemas de informações eficazes; e uma combinação de operações de
influência e baseadas em efeito no processo decisório adversário. O objetivo é planejar a obtenção de
informação relevante, por meio do uso de inteligência de fontes abertas, para emprego na atividade de
comunicação social visando alcance de objetivos previamente definidos. O objetivo é alcançar o
domínio da informação, que é definido como o grau de superioridade das informações que permite ao
seu detentor empregar os seus sistemas de informações e seus meios para alcançar uma vantagem em
um conflito, ou controlar uma situação, negando, ao mesmo tempo, esses meios ao adversário. No
âmbito empresarial, público e privado, poucos estudos foram realizados no sentido de apropriar
conceitos doutrinários de Operações de Informação para emprego em Gestão Estratégica. Este é o foco
do projeto de pesquisa, financiado pela UNODC e em parceria com a CGU, que estuda a aplicação de
conceitos de OpInfo para a prevenção à fraude.
Eduardo Amadeu Dutra Moresi: Concluiu o Curso de Intendência da Academia Militar das Agulhas
Negras (AMAN) em 1981. Graduou-se em Engenharia Eletrônica pelo Instituto Militar de Engenharia
no período de 1987 a 1989, ingressando no Quadro de Engenheiros Militares do Exército. De Janeiro a
Julho de 1990 trabalhou em projetos de desenvolvimento de material de comunicações militares na
Fábrica de Material de Comunicações e Eletrônica da IMBEL. No período de Julho de 1990 a Março
de 1995 desempenhou a função de Adjunto da Seção Técnica da Diretoria de Material de
Comunicações e de Eletrônica, onde acompanhou contratos de aquisição de equipamentos e sistemas
de comunicações militares e de guerra eletrônica. Em 1994 concluiu o Mestrado em Engenharia
Elétrica pela Universidade de Brasília, com foco em classificação automática de imagens de satélites
empregando redes neurais. No período de Abril de 1995 a Novembro de 2002, desempenhou a função
de Adjunto da Seção de Comunicações, Informática e Guerra Eletrônica da Subchefia de Informação
do Estado-Maior do Exército, onde atuou em projetos estratégicos Comunicações Militares, Guerra
Eletrônica, Inteligência Militar e Sensoriamento Remoto. No período de Janeiro a Abril de 2001 foi
Assistente do Secretário de Tecnologia da Informação (STI), onde realizou um levantamento da
situação da STI e propôs recomendações para o desenvolvimento do Sistema de Informática do
Exército. Em 2001, concluiu o Doutorado em Ciência da Informação pela Universidade de Brasília,
com foco em Teoria da Complexidade e Inteligência Organizacional. Em 31 de março de 2003 passou
para a Reserva Remunerada do Exército Brasileiro no posto de Tenente Coronel. Atualmente, é
professor com dedicação exclusiva à Universidade Católica de Brasília, onde desempenha a função de
Diretor dos Cursos de Ciência da Computação e de Sistemas de Informação, além de atuar como
docente do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gestão do Conhecimento e da Tecnologia da
Informação da UCB, onde orienta dissertações nos seguintes temas: gestão do conhecimento,
inteligência organizacional e inteligência competitiva.
Cargo atual: Diretor dos Cursos de Ciência da Computação e Sistemas de Informação da Universidade
Católica de Brasília.
Endereço: QS 07 – Lote 01 – EPCT – Sala D-004 – CEP 71966-700 – Brasília – DF – Brasil.
Telefone: (061) 3356-9025
e-mail: moresi@ucb.br