O custo da cesta básica no Recife aumentou 4,49% em outubro de 2012, chegando a R$ 250,28. O preço do arroz subiu 13,88% e do tomate 12,77%, enquanto o açúcar caiu 4,91%. Para comprar os itens da cesta básica, um trabalhador precisaria trabalhar 88 horas e 31 minutos, ganhando apenas um salário mínimo.

1. Nota à imprensa
Recife, 05 de novembro de 2012.
DIVULGAÇÃO DA CESTA BÁSICA
2012
OUTUBRO 2012
CONTEXTO REGIONAL
O custo da Cesta Básica do Recife apresentou declínio de 4,49% no mês em análise, o que
representou um aumento de R$ 10,75.
Em outubro, 9 das 17 capitais brasileiras onde o DIEESE realiza mensalmente a Pesquisa
Nacional da Cesta Básica registraram aumento no custo médio do conjunto de bens essenciais. Os
destaques foram Recife (4,49%), Manaus (3,61%), Fortaleza (2,54%), Natal (2,45%), Salvador
(2,43%) e Belém (2,36%). As maiores reduções ocorreram em Florianópolis (9,04%), Brasília
(3,66%) e Vitória (2,29%).
Em 2012, todas as capitais apresentaram alta em seus valores médios. As maiores elevações
foram observadas em Fortaleza (18,54%), Manaus (16,59%), Natal (16,4%) e Recife (15,88%). Em
cinco capitais o aumento nos 10 meses de 2012 ficou abaixo de 10%, sendo a menor elevação
registrada em Goiania (1,79%).
Nos últimos 12 meses, o custo para aquisição dos produtos básicos também aumentou em
todas as capitais. As variações mais expressivas foram registradas em Natal (23,25%) e Recife
(21,39%). Apenas em Salvador (8,72%) e Fortaleza (7,56%) a variação acumulada neste período foi
inferior a 10%.
O valor da cesta em agosto atingiu R$ 250,28 comprometendo 43,74% do salário mínimo
líquido somente com despesas de alimentação. A média nacional deste mesmo indicador foi de
46,95%.
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2. Tabel a I - Cus t o e V ariaç ão da Ces t a B ás i c a
Out ubro de 2012
V al or da V ariaç ão P orc ent agem Tem po V ariaç ão V ari aç ão
Capit al c es t a m ens al s alári o m íni m o t rabalho no ano anual
l íquido
São Paulo 311,55 0,80 54,44 110h12m 12,36 16,70
Porto Alegre 305,72 -1,84 53,43 108h08m 10,42 10,23
Manaus 298,22 3,61 52,11 105h29m 16,59 18,54
Rio de Janeiro 295,39 -0,60 51,62 104h29m 12,36 17,23
Vitória 293,83 -2,29 51,35 103h56m 6,70 16,61
Belo Horizonte 290,61 -1,69 50,78 102h47m 10,08 15,23
Curitiba 282,97 0,91 49,45 100h05m 13,81 15,04
Florianópolis 282,80 -9,04 49,42 100h02m 7,76 8,36
Brasília 271,55 -3,66 47,45 96h03m 9,55 11,70
Belém 268,58 2,36 46,93 95h00m 10,19 12,92
Fortaleza 255,11 2,54 44,58 90h14m 18,54 28,40
Goiânia 251,12 0,40 43,88 88h49m 1,79 7,56
Recife 250,28 4,49 43,74 88h31m 15,88 21,39
Natal 247,18 2,45 43,2 87h26m 16,40 23,25
João Pessoa 232,97 -0,11 40,71 82h24m 14,08 19,39
Salvador 223,00 2,43 38,97 78h52m 6,79 8,72
Aracaju 206,03 -0,85 36 72h52m 13,07 12,78
Média 46,95 95h01m
Salário Mínimo Necessário: 2.617,33
Salário Mínimo: 622
Salário Mínimo Líquido: 572,24
Pesquisa Nac ional da Cesta Basic a
Fonte: Dieese.
COMPORTAMENTO DOS PREÇOS:
Em outubro, apenas dois dos doze produtos pesquisados registraram redução em seu custo
médio: o açúcar (4,91%) e o feijão (0,39%). Os outros dez itens apresentaram aumento, com
destaque para o arroz (13,88%) e o tomate (12,77%). A carne, ítem com maior peso relativo no custo
da cesta – 27% – aumentou 5,39%.
A redução no preço do feijão decorre da comercialização da terceira safra da região centro-
oeste, no entanto, a redução global das últimas safras devido à seca e à redução na área plantada
mantém os preços do produtos em patamares elevados.
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3. O declínio no preço do açúcar se deve às condições do mercado internacional, com o
aumento dos estoques globais – em virtude do aumento da produção na Ásia, Índia e Europa –
recuperação dos patamares de produção/colheita da região centro sul e início da safra nordesteina.
Apesar de apresentar-se em plena safra, tanto o tomate quanto a banana apresentaram
elevações em seus preços médios decorrentes dos efeitos da seca nas regiões produtoras que
abastecem Recife.
O preço médio do arroz aumentou nas dezessete capitais pesquisadas. Tal comportamento
se deveu à quebra da safra 2011/12, decorrente da seca registrada no Rio Grande do Sul, maior
produtor nacional, associada à redução da àrea plantada (13,9%), ao atraso no preparo da área para
plantio da próxima safra e, ainda, ao aumento nas exportações do produto para Uruguai
(http://www.ceasape.org.br/verArtigo.php?id=155)
Em termos anuais, observou-se elevação no custo médio de 11 dos 12 produtos
termos
pesquisados. Apenas o preço médio do açúcar recuou no período em análise (3,18%). Os maiores
aumentos foram registrados para o tomate (53,18%), a farinha (39,83%), arroz (36,53%), o feijão
(36,17%), a banana (35,40%).
CESTA X JORNADA DE TRABALHO X SALÁRIO MÍNIMO NECESSÁRIO
CESTA BÁSICA
O trabalhador do Recife, que recebe um salário mínimo líquido (descontado a contribuição
previdenciária), gastou R$ 250,28 com despesas de alimentação, comprometendo 43,74% da sua
renda, restando 56,30% para serem gastos com os demais itens previstos no Art. 7o. Inciso IV da
Constituição (moradia, educação, transporte, saúde, etc).
Em outubro de 2011, a cesta custava R$ 206,17, R$ 44,11 a menos que o registrado no
mesmo mês de 2012, e comprometia 41,12% do salário mínimo líquido com este tipo de despesa.
O montante gasto na compra da Cesta Básica para uma família composta por dois adultos e
duas crianças (que consomem o equivalente a um adulto) foi de R$ 750,84 cerca de 1,21 salários
mínimos vigentes em outubro de 2012.
JORNADA DE TRABALHO
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4. A jornada de trabalho exigida em outubro/12 para comprar os produtos que compõem a cesta
básica foi de 88h31m contra 84h43m em setembro/12, 4 horas e 28 minutos a menos. Em relação a
outubro de 2011, o tempo de trabalho necessário para a aquisição da cesta básica no Recife era de
83h13m, cinco horas e dezoito minutos a menos que o registrado no mês em análise.
SALÁRIO MÍNIMO NECESSÁRIO
Com base no custo apurado em São Paulo e levando em consideração o preceito
constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para a manutenção de um
trabalhador e a família dele, suprindo gastos com alimentação, moradia, educação, vestuário, saúde,
transportes, higiene, lazer e previdência social, o DIEESE estima mensalmente o valor do salário
mínimo necessário. Em outubro, o menor valor pago a um trabalhador deveria ser de R$ 2.617,33,
ou seja, 4,21 vezes o piso vigente de R$ 622,00. Em setembro, o salário mínimo necessário era
bastante semelhante ao atual, equivalendo a R$ 2.616,41 (4,21 vezes o salário base). Em outubro
de 2011, o salário mínimo necessário era de R$ 2.329,94, ou 4,28 vezes o valor mínimo em vigor na
época, R$ 545,00. .
Tabela II – Quant o s e t rabalha para c omer em Rec if e
Variaç ão mens al em Out ubro de 2012
Gas t o Mens al (R$) Variaç ão (% ) Tempo de Trabalho P reç o Médio (R$)
P rodut os Quant .
out / 11 s et / 12 out / 12 Mens al Anual s et / 12 out / 12 out / 11 s et / 12 out / 12
Tot al da Ces t a 206, 17 239, 53 250, 28 4, 49 21, 39 84h43m 88h31m - - -
Carne 4,5 kg 63,09 65,07 68,58 5,39 8,70 23h01m 24h15m 14,02 14,46 15,24
Leite 6l 13,92 15,36 15,48 0,78 11,21 5h26m 5h29m 2,32 2,56 2,58
Feijão 4,5 kg 16,92 23,13 23,04 -0,39 36,17 8h11m 8h09m 3,76 5,14 5,12
Arroz 3,6 kg 7,09 8,50 9,68 13,88 36,53 3h00m 3h25m 1,97 2,36 2,69
Farinha 3 kg 7,23 9,93 10,11 1,81 39,83 3h31m 3h35m 2,41 3,31 3,37
Tomate 12 kg 20,76 28,20 31,80 12,77 53,18 9h58m 11h15m 1,73 2,35 2,65
Pão 6 kg 34,50 39,90 40,20 0,75 16,52 14h07m 14h13m 5,75 6,65 6,70
Café 300 g 3,40 4,02 4,13 2,74 21,47 1h25m 1h28m 11,32 13,40 13,78
Banana 7,5 dz 15,68 20,03 21,23 5,99 35,40 7h05m 7h31m 2,09 2,67 2,83
Açúcar 3 kg 6,60 6,72 6,39 -4,91 -3,18 2h23m 2h16m 2,20 2,24 2,13
Óleo 900 ml 3,22 3,83 3,99 4,18 23,91 1h21m 1h25m 3,22 3,83 3,99
Manteiga 750 g 13,76 14,84 15,65 5,46 13,74 5h15m 5h32m 18,34 19,78 20,86
Tempo que o trabalhador que ganha Salário Mínimo necessita para comprar a Ração Essencial Mínimo.
(Decreto Lei no. 399 de 30.04.38).Salário Mínimo em outubro de 2012: R$ 622,00
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5. NOTAS METODOLÓGICAS
Desde o mês de janeiro/09 o DIEESE vem gradativamente procedendo a atualização metodológica
da Pesquisa Nacional da Cesta Básica (vide Nota Técnica). No mês de março, todas as 17 capitais
passaram a divulgar a pesquisa já com a atualização do cadastro dos locais de coleta, ponderação
dos produtos por tipo e equipamento pesquisado, tipos, marcas e unidades dos produtos
atualizados, além de um calendário revisto.
Para o Recife, as principais alterações ocorreram no reordenamento dos locais de compra, na
medida em que foram eliminadas as cotações em outros municípios da região metropolitana, e
ampliado o número de estabelecimentos na capital. Este reordenamento permitiu a inclusão de
novos bairros na pesquisa, como é o caso de Vasco da Gama, Mustardinha e Ibura.
Atualmente são pesquisados 32 supermercados (entre estabelecimentos de grande, médio e
pequeno porte), 24 feiras e mercados públicos de segunda a sexta-feira, 30 padarias e 22
açougues, num total de 108 estabelecimentos.
Quanto aos produtos, à exceção do leite, que teve o tipo longa vida incluso na cotação, da carne que
incluiu a cotação de três tipos de corte: chã de dentro, chã de fora e patinho, e da manteiga que
incluiu a cotação do produto em tablete e pote, os demais ítens não tiveram alteração no tipo
pesquisado. No entanto, a partir do mês de março, todos os produtos pesquisados passaram a ter no
mínimo três cotações de marcas diferentes.
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