Gestores de cinemas de rua de Pernambuco se reuniram para discutir estratégias de sustentabilidade e criação de um circuito independente. Eles também debateram a necessidade de financiamento para atualização tecnológica e preservação de importantes salas históricas, como Cine São José e Cine Rio Branco. O grupo pediu apoio do governo para linhas de financiamento específicas e preservação desses espaços culturais.

1. Recife, 12 de novembro de 2015
Na tarde de hoje, no Cinema da Fundação (Derby), realizou-se o primeiro encontro de gestores
de cinemas de rua do estado, oficializando assim o movimento #CineRuaPE com a intenção de
discutir estratégias de continuidade, sustentabilidade, uso e propor a criação de um circuito
independente de salas de rua atualmente em atividade. Trata-se de uma iniciativa pioneira,
que aponta para a concretização de um primeiro circuito independente de salas de rua a ser
estabelecido no Brasil.
Nesta reunião discutimos, entre outros pontos ligados ao registro e preservação, a necessidade
urgente da busca de informações sobre possíveis linhas de financiamento e estabelecimento de
estratégias coletivas para atualização tecnológica dessas salas de cinema, tendo em vista a
radical mudança nos padrões de produção e exibição audiovisuais ocorridos mundialmente nos
últimos anos.
Para tanto, gostaríamos de sugerir à Secretaria de Cultura / Fundarpe a criação de uma linha
específica de apoio aos cinemas de rua, que contemple as diversas atividades relacionadas a
estes espaços de exibição. Sabemos que tais atividades poderiam ser inseridas no rol de projetos
a serem submetidos ao Funcultura independente e até mesmo em categorias já existentes do
edital do audiovisual. No entanto, entendemos ser este um assunto de extrema urgência e
importância para a sobrevivência imediata, e por conseguinte, de toda uma cultura cinéfila que
remonta aos últimos 100 anos.
Nesse contexto, é de interesse público que haja maior atenção institucional para os seguintes
cinemas de rua: Cine São José (Afogados da Ingazeira (1942), Cine Rio Branco (Arcoverde, 1917),
Cine Polytheama (Goiana, 1914), Cinema Apolo, Teatro do Parque (Recife, 1915), Cine Teatro
Guarany (Triunfo, 1922), Cinema Eldorado (Garanhuns), Cine Royal (São Lourenço da Mata). A
esta lista, gostaríamos também de incluir os cinemas Art Palácio (Recife, 1940) e Moderno
(Recife, 1913), e várias salas de cinema no interior, que podem retornar ao seu uso original por
manter suas principais características arquitetônicas intactas.
Cada uma dessas salas conta com necessidades específicas como tombamento, restauração,
modernização tecnológica e manutenção. Trata-se de um fabuloso conjunto de equipamentos
históricos já existentes no estado, que, pela sua indiscutível importância, merecem ser tratados
como patrimônio arquitetônico e cultural pernambucanos a serem requalificados para
acompanhar as rápidas mudanças tecnológicas ocorridas no audiovisual neste século.
No momento em que vivenciamos no estado uma fase de intensa pujança criativa e produtiva,
com reconhecimento nacional e internacional, sentimos falta, no entanto de uma política de
exibição permanente, que contemple diferentes públicos e regiões para além dos festivais,
buscando um maior equilíbrio entre exibição e produção, esta última, tradicionalmente mais
valorizada em editais e políticas públicas.
Aproveitamos este momento para anunciar a solicitação, a ser submetida a outras entidades
brasileiras, para que a Unesco considere a inclusão da exibição cinematográfica e de seus
equipamentos como Patrimônio Audiovisual conforme a experiência cinematográfica
institucionalizada no século 20 através das salas de cinemas.
Assinam:
André Dib, Kate Saraiva e João Luiz Veira - Movimento Cine Rua PE
Marcus Mello - Cine Capitólio / RS
Geraldo Pinho - Cinema São Luiz / Recife
Alberico Pacheco e Gustavo Azevedo - Cinema Rio Branco / Arcoverde
Marcos Antonio Silva, Francisco Carlos Gomes, Aristides Albuquerque - Cinema São José /
Afogados da Ingazeira
Flaviana Bruna Tavares, William Tenorio e Geraldo Berardinelli - produtores culturais /
Afogados da Ingazeira
Marcio Batista - Cinema Apolo / Recife