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Rúgbi parte
                                        para a conquista
                                        dos brasileiros
                                        Volta à cena olímpica nos Jogos
                                        do Rio de 2016 atrai investimentos
ESPECIAL                                Modalidade triplica receita e tenta
E S P O RT E                            atrair novos patrocinadores
SUPLEMENTO – SEXTA-FEIRA,               Empresas aderem ao espírito de luta
FIM DE SEMANA, SEGUNDA E TERÇA-FEIRA,
4, 5, 6, 7 E 8 DE MARÇO, 2011           como estratégia de marketing




                                                                              Foto: Sylvia Diez
B2 | BRASIL ECONÔMICO - ESPECIAL ESPORTE | Sexta-feira, fim de semana, segunda e terça-feira, 4, 5, 6, 7 e 8.3.2011



NEGÓCIOS EM JOGO



Rúgbi triplica resultados e entra
em campo para faturar R$ 3,5 mi
Modalidade voltará à cena olímpica nos Jogos do Rio de Janeiro, em 2016; confederação
espera atrair empresas de automóveis, bebidas e telefonia para fortalecer patrocínios em 2011
TEXTO M A U R Í CI O CAPELA



                                                                                                                                                                                 Sylvia Diez

                o paulistano do bairro do




N
                Brás Charles Miller, filho de
                um escocês e de uma brasi-
                leira de origem inglesa, vi-
                rou lenda no país ao trazer
                duas bolas de futebol, uni-
formes e um conjunto de regras debaixo
do braço do Reino Unido. Mas pouca gen-
te sabe que não foram apenas esses ape-
trechos, que deram início à gloriosa histó-
ria do futebol brasileiro, que Miller enfiou
na bagagem, quando retornou ao país em
1894. Em sua mala, também havia espaço
para a clássica bola oval de rúgbi. E, apesar
de não ser um esporte ainda muito popular
no Brasil, já há quem aposte que, em bre-
ve, esse paulistano também será lembrado
por mais esse feito nos trópicos. Até por-
que o rúgbi voltará a ser modalidade olím-
pica justamente nos jogos do Rio de Janei-
ro em 2016, quase um século depois de sua
última participação nas Olimpíadas de
1928 em Amsterdã, na Holanda.
   A julgar pelo crescimento vertiginoso
da arrecadação da Confederação Brasileira
de Rugby (CBRu) a aposta faz sentido. Em
2011, a entidade projeta angariar perto de
R$ 3,5 milhões. Um salto se comparado
aos R$ 990 mil obtidos em 2010 e um abis-
mo em relação aos R$ 90 mil de 2009. E
toda essa montanha de recursos vem dos
patrocínios da fabricante de material es-                                                                                                               Partida de rúgbi no Brasil: em
portivo Topper e do banco Bradesco, além                                                                                                             todo o mundo, o esporte superou
das verbas do Comitê Olímpico Brasileiro                                                                                                                 4 bilhões de telespectadores
(COB), do International Rugby Board
(IRB) — a entidade mundial do esporte —,
e do valor pago de inscrição pelos clubes
do país. As empresas não revelam valores                mos de valores, a cifra também não é nada                                              de cena a Associação Brasileira de Rugby
investidos individualmente.                             modesta. A última Copa do Mundo de rú-                   NO PAÍS                       (ABR), de 1972, para que fosse sucedida
   Mas esse número tem tudo para ser                    gbi, por exemplo, realizada na França em                                               pela CBRu, fundada em 2010.
chutado em direção às nuvens. De acordo                 2007 faturou £ 201,6 milhões (R$ 542 mi-                 115                              Mesmo com tudo em acordo à luz da lei, a
com Duda Magalhães, diretor-geral da                    lhões), mais que o dobro do registrado no                clubes de rúgbi estão no      diretoria que se debruçou sobre as mudan-
agência de marketing e patrocínio Dream                 último mundial de 2003 na Austrália, que                 Brasil, espalhados por oito   ças foi além nessa passagem de siglas. E re-
Factory Sports, que presta consultoria e                somou £ 95,1 milhões (R$ 255 milhões),                   estados, sendo que metade     solveu dar a camisa de titular a um time de
marketing esportivo para a CBRu, há al-                 segundo dados do IRB. A próxima copa                     dessas agremiações está       profissionais para que tocassem o cotidiano
guns pênaltis a ser batidos em direção ao               acontecerá em agosto deste ano na Nova                   localizada em São Paulo.      da confederação e criassem um plano es-
“H” do rúgbi em 2011. “Buscamos au-                     Zelândia. Em ingressos vendidos, o mun-                                                tratégico de dez anos. Mas a grande jogada
mentar a receita da confederação com pa-                dial de rúgbi também não deve nada a nin-                ADEPTOS                       ocorreu quando se estabeleceu padrões de
trocínios e miramos empresas do setor au-               guém. Foram 2,2 milhões de tíquetes na                                                 governança idênticos aos de companhias
tomotivo, de telefonia e de bebidas”, diz o             França, e 1,9 milhão na Austrália.                       3                             com ações nas bolsas de valores.
executivo, cuja agência faturou R$ 9 mi-                    Muito embora as cifras do rúgbi no                   milhões de pessoas               “Temos orçamento, planos e transpa-
lhões em 2010. Com contrato assinado                    Brasil ainda estejam distante dos valores                praticam a modalidade         rência nos números da entidade. Os ges-
desde novembro com a entidade, passível                 no mundo, não há como ignorar a atuação                  no mundo, enquanto            tores têm vínculo empregatício. Nossa
de renovação anual automática, a agência                do melhor jogador em campo no momen-                     no Brasil existem             gestora financeira, por exemplo, presta
não detalha o estágio dessas negociações.               to no país, o crescimento. “Essa previsão                10 mil atletas federados.     contas ao COB e ao Ministério dos Espor-
                                                        de aumento da arrecadação da confede-                                                  tes. E, além disso, contratamos contador
BOLA PARA FRENTE                                        ração em 2011 deverá ocorrer em função                                                 externo, auditoria independente e pos-
Mesmo com o bom cenário de hoje, o Bra-                 do incremento das verbas do COB, do IRB                                                suímos conselho fiscal”, afirma o presi-
sil ainda tem um bom chão para demons-                  e também dos recursos da Secretaria Na-                                                dente da CBRu, cujo mandato vai até 2012.
trar a garra e o espírito de equipe, caracte-           cional de Esportes de Alto Rendimento do                                                  O fato é que o mercado comprou a ideia.
rísticas tão próprias a esse esporte, no                Ministério dos Esportes”, diz Sami Arap,                                               “Além de ser muito profissionais, o pessoal
campo dos negócios. Só para se ter uma                  presidente da CBRu.                                                                    da CBRu tinha planos concretos para o es-
ideia, essa modalidade no mundo é tão                      Mas acessar as verbas do COB e da se-                                               porte”, diz Ricardo Matera, gerente de
popular, que além de ser jogada em mais                 cretaria do Ministério dos Esportes não                                                marketing da Topper, do grupo Alpargatas.
de 120 países, o seu mundial é o terceiro               aconteceu do dia para noite. A CBRu so-                                                “A confederação conduzida por profissio-
evento esportivo em termos de audiência,                mente passou a contar com esse reforço de                                              nais facilita muito na hora de negociar com
com mais de 4 bilhões de espectadores,                  caixa, depois que adaptou a modalidade à                                               as companhias, porque elas enxergam pla-
perdendo somente para a Copa do Mundo                   legislação esportiva e atualizou seus esta-                                            nejamento e governança”, afirma o execu-
de futebol e os Jogos Olímpicos. E, em ter-             tutos. Ou seja, na prática, significou tirar                                           tivo da Dream Factory Sports.
BRASIL ECONÔMICO - ESPECIAL ESPORTE | Sexta-feira, fim de semana, segunda e terça-feira, 4, 5, 6, 7 e 8.3.2011 | B3
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NEGÓCIOS EM JOGO



Praticantes querem anotar um try
Entidade que rege o rúgbi no Brasil pretende popularizar a modalidade por meio de investimento
TEXTO D O U G L A S W ILLI ANS




                                                        Para a Confederação



L
              ine-out para o Brasil. O                                                        posição ao esporte. Além disso, passamos        incentivar o nascimento de novos talen-
              hooker brasileiro arremessa.              Brasileira de Rugby,                  ao planejamento do Comitê Olímpico Bra-         tos para defender a seleção brasileira no
              A bola oval está no ar. No gra-           a internet teve um                    sileiro (COB). Agora, recebemos incentivo       futuro. O planejamento da confederação
              mado, o maul está formado.                                                      da Lei Agnelo-Piva. Poderemos participar        prevê a formação de jogadores vindos de
              Os segundas linhas da nossa
                                                        importante papel                      de torneios internacionais, o rúgbi entrou      classes mais populares — até hoje, os
              seleção travam uma disputa                na disseminação                       no programa dos Jogos Pan-Americanos.           principais jogadores do país surgiram em
ferrenha com os forwards da Argentina,                  do esporte                            A partir desse ano até 2016, teremos uma        grupos com maior poder aquisitivo.
mas a posse é do half-scrum do time ver-                                                      série internacional. Tudo isso ajuda a po-         “Hoje em dia, a mídia, sobretudo a inter-
de-amarelo. Ele inicia uma jogada com a                                                       pularização do esporte”, disse Arap.            net, ajudou a fazer o esporte explodir. Atual-
linha ofensiva. Os backs rivais apelam                                                                                                        mente temos a prática em classes mais ca-
para uma sequência de tackles. Em vão: a                                                      “PRIORIDADE ESTRATÉGICA”                        rentes, graças a vários projetos na periferia.
velocidade dos passes orquestrada pelo                                                        Disseminar o rúgbi no Brasil também é uma       Vemos o rúgbi ser praticado pelas classes C,
centro brasileiro envolve os argentinos. A                                                    missão promovida pela International             D e E. O rúgbi não é caro, mas a espinha dor-
ala está aberta para o ponta do Brasil deci-                                                  Rugby Board (IRB), entidade máxima do es-       sal dele depende primordialmente da in-
dir. Ele recebe a ovalada e dispara. A ar-                                                    porte no planeta. De acordo com a CBRu, há      fraestrutura dos clubes existentes no país. A
rancada termina em mergulho no in-                                                            o interesse da IRB em popularizar a prática     nossa meta é desenvolver um modelo como
-goal. Não tem jeito. É try da seleção!                                                       no país. Tanto que a federação aponta o Bra-    temos no Bandeirantes, no Rio Branco (am-
   Você pode não ter entendido absoluta-                                                      sil como “prioridade estratégica de desen-      bos da cidade de São Paulo) e em outros cen-
mente nada do que leu há pouco. É sinal de                                                    volvimento”. Para Sami Arap, o foco da IRB      tros onde o esporte é levado a sério e é bem-
que o rúgbi ainda tem muito a crescer no                                                      reflete o respeito que a confederação adqui-    -estruturado. Defendemos que haja uma
Brasil. A intenção da Confederação Brasileira                                                 riu com o planejamento em longo prazo.          parceria entre Confederação, Federação Es-
de Rugby (CBRu) é fazer com que, em cinco                                                     “Poucas confederações no Brasil têm o nível     tadual e clubes para a gestão desse modelo.”
anos, opúblico comeceasefamiliarizarcom                                                       da nossa. Traçamos um plano até 2020 – e           Potencializar os resultados das seleções
termos como tries, scrums e tantos outros                                                     ele vem sendo executado. Temos um país de       brasileiras e garimpar novos talentos é a
que dominam uma partida da modalidade.                                                        200 milhões de habitantes, com um poten-        fórmula projetada pela CBRu para colocar
Segundo o presidente da CBRu, Sami Arap,                                                      cial natural graças ao porte físico do brasi-   o rúgbi na boca do povo. Se daqui a dez
essa perspectiva existe graças à exposição                                                    leiro. A IRB avalia o Brasil como o próximo     anos a população discutir a formação de
que os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Ja-                                                 grande centro do rúgbi”, diz o dirigente.       um scrum, lamentar o erro de uma con-
neiro, proporcionará ao esporte.                                                                  Além de receber o apoio de COB e IRB        versão, vibrar com um tackle e se emocio-
   “Sem dúvida a reintrodução do rúgbi                                                        para o desenvolvimento do rúgbi de alto         nar por um try anotado nos últimos se-
nas Olimpíadas de 2016 trouxe muita ex-                                                       rendimento, um outro objetivo da CBRu é         gundos, o programa terá obtido êxito.
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no coração dos brasileiros
nas equipes de alto rendimento e na revelação de novos talentos




  O BE-A-BÁ DO RÚGBI

  ● Conversão — Efetuado um try,            ● Free-kick — Infrações médias                  ● Linha/Back — Os jogadores mais rápidos          Para todas
  a equipe que pontuou recebe               cobradas de duas maneiras:                      em campo. Em oposição aos forwards,
  a chance de fazer uma conversão,
  que consiste em chutar a bola,
                                            para a lateral, com posse de bola
                                            do time adversário; ou a saída
                                                                                            poderiam ser considerados como o ataque.
                                                                                            No rugby union, eles são em sete.
                                                                                                                                              as idades
  via drop-kick ou apoiada ao solo,         para o ataque, a mais comum.                                                                      Existem formas modificadas do rúgbi
  por cima do H, bonificando o acerto                                                       ● Penal — Infrações graves como                   que foram desenvolvidas para permitir
  com mais 2 pontos no placar.              ● “H” — É a trave do rúgbi. Possui              impedimento, tackle alto, forward pass            que qualquer pessoa, de qualquer idade,
                                            formato de H, com as traves laterais            proposital, agressão. Pode ser cobrado            possa praticar a modalidade. Há diversas
  ● Drop-kick — Tipo de chute no qual       sendo bem altas.                                de três maneiras: chute para a lateral do         variações de rúgbi, como o tag, o touch,
  a bola deve sair das mãos do jogador,                                                     campo, line-out a favor da equipe não             o tip, o flag e o beach rugby. No tag,
  quicar no chão e, na sequência, ser       ● In-goal — Linha de meta, fica                 infratora e chute direto para o H. Se             por exemplo, os atletas utilizam tiras
  chutada. Com esse chute inicia-se         atrás das linhas de fundo do campo.             acertado, vale três 3 pontos.                     de pano penduradas na cintura em um
  a partida, faz-se conversões e, no meio   Área onde acontecem os tries.                                                                     cinto. Remover um desses tags constitui
  do jogo, se o drop passar pelo H,                                                         ● Penal-try — Um penal proposital                 um tackle, e o portador tem que passar
  bonifica-se com 3 pontos a equipe.        ● Knock-on — Outra falta técnica                perto do in-goal pode render                      a bola. O principal atrativo destas versões
                                            no rúgbi. Acontece quando                       um penal-try — cinco pontos                       de rúgbi é a ausência de contato. Isso
  ● Forward — Os jogadores mais             o jogador não consegue segurar                  para o time não infrator.                         permite que sejam praticados por pessoas
  pesados do time, a linha de defesa.       a bola de maneira que, a partir dele,                                                             de todas as idades, ambos os sexos
  Esses jogadores fazem o scrum e           ou batendo nele, ela vá para                    ● PushOver try — É quando o scrum                 e com qualquer nível de preparo físico
  geralmente estão em quase todos rucks     frente, para o lado do adversário               atacante carrega o scrum adversário               em diversos tipos de superfícies. D.W.
  e mauls. No rugby union, eles são oito.   do campo. Também penalizado                     para o seu próprio in-goal, uma vez
                                            com um scrum.                                   dentro do in-goal, o oitavo ou o half,
  ● Forward pass — Do inglês “passe                                                         somente toca a bola e o try é deferido.
  para frente”. Consiste em uma falta       ● Line-out — É a cobrança de lateral
  técnica e acontece quando o jogador       no rúgbi, onde posicionam-se                    ● Try — É a pontuação máxima do
  passa a bola para um companheiro à        os dois times em linha perpendicular            esporte, consiste em carregar a bola até
  sua frente. Penalizado com um scrum       à lateral, na marca onde a bola saiu,           a área do in-goal e apoiá-la no chão.
  contra o time que cometeu a infração.     e disputam a bola, geralmente no ar.            Essa investida vale cinco pontos.




                                                                                                                                                                                                      Infografia: Alex Silva
B6 | BRASIL ECONÔMICO - ESPECIAL ESPORTE | Sexta-feira, fim de semana, segunda e terça-feira, 4, 5, 6, 7 e 8.3.2011



NEGÓCIOS EM JOGO

                                                                                                                                                                          Divulgação




Marketing adere
aos valores de
garra do esporte
Bradesco usa “espírito de equipe” para motivar
time de gerentes e Topper calça chuteiras para
levar esporte ao quarto lugar em vendas da marca
TEXTO M A UR Í CI O CAP ELA




                 rúgbi faz parte daquele sele-          Argentina e do Brasil, em 2008, a Topper




O
                 to grupo de esportes que ig-           assumiu o posto de marca esportiva glo-
                 nora a genética. Peso, altura          bal do grupo. Um movimento que já foi
                 acabam ficando pelo cami-              feito com a Havaianas pela sua própria
                 nho na hora de montar um               controladora, a Alpargatas.
                 time da modalidade, porque                A Topper calçou as chuteiras da CBRu
sempre haverá uma posição em campo à                    pela primeira vez em 2010. E o executivo
espera de um baixinho ou de um jogador                  não esconde que o primeiro contrato fir-
mais forte. Pois é justamente nessa mistu-              mado em janeiro do ano passado, e com
ra de física e técnica que o esporte sela seus          previsão de término no primeiro mês de
valores, como solidariedade, espírito de                2011, tinha também por objetivo ver as jo-
equipe, lealdade, criando ambiente favo-                gadas da modalidade no Brasil. Mas, pelo
rável à crença de que no rúgbi ninguém                  jeito, a companhia se convenceu rapida-
vence um jogo sozinho. Ou seja, disciplina              mente que sua tacada poderia ser certeira
tática e planejamento são fundamentais                  e já no decorrer de 2010 acertou um novo
na hora de bater o adversário.                          vínculo com a CBRu, que vai até 2013.
   Portanto, qualquer semelhança com o
mundo dos negócios está longe de ser                    FOMENTO
coincidência. Tanto é assim que a Confe-                Já o ingresso do Bradesco no rúgbi, segun-
deração Brasileira de Rugby (CBRu), e                   do o diretor de marketing, faz parte de um
seus dois principais patrocinadores, a fa-              projeto maior da instituição financeira, o
bricante de material esportivo Topper,                  de fomentar um legado esportivo para o
do grupo Alpargatas, e o banco Bradesco                 Brasil após a realização das Olimpíadas em
sabem muito bem porque resolveram                       2016. “Temos uma preocupação com a
calçar as chuteiras com cravos apropria-                formação de atletas, com as novas moda-
dos ao piso desse esporte. Afinal, todos                lidades e com um legado de infraestrutura
têm seu planejamento.                                   após os jogos”, conta Nasser.
   Jorge Nasser, diretor de marketing do                   Além do rúgbi, o Bradesco está alocan-
Bradesco, conta, por exemplo, que a ins-                do recursos em outras cinco confedera-
tituição financeira já andou usando os                  ções — natação, vela, remo, basquete e ju-
valores do rúgbi como fonte de inspira-                 dô. Faz sentido, afinal o banco, em parce-
ção e motivação nas reuniões com o cor-                 ria com a Bradesco Seguros, adquiriu a
po de gerentes de agências. “O espírito                 primeira cota comercializada para os Jo-
de equipe, o fato de o esporte se basear na             gos Olímpicos de 2016 no Rio. “O rúgbi se
apropriação do campo do outro time são                  encaixa nessa nossa estratégia de legado
semelhantes às situações diárias de com-                no esporte. É uma modalidade pouco co-                                                               Ricardo Matera, da
petição dos negócios e servem como in-                  nhecida no país e agora retorna à Olimpía-                                                             Topper: contrato
centivo”, exemplifica. O Bradesco, que                  da”, afirma Nasser. Além disso, destaca o                                                           com a Confederação
não revela valores investidos, patrocina a              executivo do Bradesco, “o rúgbi não era                                                              de Rugby até 2013
modalidade desde 2010, que se cristaliza                incentivado no Brasil e sem o apoio da ini-
na camisa da seleção brasileira e também                ciativa privada dificilmente teria uma
no site da confederação.                                grande participação na competição”.
                                                                                                                 Para os                nio Dream Factory Sports, que presta con-
META AMBICIOSA                                          ENTUSIASMO                                               patrocinadores,        sultoria e marketing esportivo para a
Quem também esconde o jogo e não reve-                  O entusiasmo desses patrocinadores está                  a presença da          CBRu, o potencial do esporte é um de seus
la valores de patrocínio é a Topper, que                em linha com o planejamento da CBRu.                                            grandes trunfos. “O rúgbi no Brasil é uma
além do recurso financeiro investido na                 Segundo Sami Arap, presidente da confe-
                                                                                                                 iniciativa privada     folha em branco em termos de patrocínio,
confederação, fornece o material esporti-               deração, a meta é que o Brasil se torne a se-            no fomento do          já que nenhuma empresa de telefonia ou
vo. E, apesar de atualmente o rúgbi ter um              gunda nação em rúgbi na América do Sul                   esporte pode           de bebidas colocou sua marca nesse es-
papel discreto na geração de receita da                 até 2015, e fica atrás apenas da Argentina,              aumentar sua           porte por aqui”, afirma Magalhães. E isso
empresa, há metas ambiciosas para a mo-                 verdadeira potência na modalidade. Hoje,                 participação no país   abre uma possibilidade de atrelar a ima-
dalidade no médio prazo. “Em 2016, a                    o país é a quarta força no continente sul-                                      gem da empresa a um esporte de grande
ideia é que o rúgbi ocupe o quarto lugar em             -americano, atrás, respectivamente, de                                          potencial e que tem tradição no Brasil,
vendas, atrás das linhas de futebol, casual             Argentina, Uruguai e Chile. E tem mais.                                         apesar de ser pouco difundido.
e running, que hoje ocupam o primeiro,                  “Queremos ter um bom desempenho nas                                                Sim, porque o rúgbi, além de ter chega-
segundo e terceiro postos em faturamen-                 eliminatórias de 2017 e chegar à Copa do                                        do pelas mãos de Charles Miller ao Brasil, o
to”, diz Ricardo Matera, gerente de                     Mundo em 2019”, diz Arap. O Brasil nunca                                        mesmo que trouxe o futebol, já teve seus
marketing da Topper.                                    participou de um mundial, sendo elimi-                                          dias de glórias. Por exemplo, quando ficou
   Segundo o executivo, “atualmente, o                  nado nas fases qualificatórias.                                                 com o vice-campeonato sul-americano
rúgbi tem papel de reforçar institucio-                    Para viabilizar esses objetivos, é preciso                                   masculino em 1964. Para o presidente da
nalmente a marca no segmento esporti-                   recurso financeiro e planejamento. É por                                        CBRu, não há modismo nessa fase de cres-
vo”. Nada mal. Até porque, depois que                   isso que para Duda Magalhães, diretor-                                          cimento, uma vez que o esporte sempre
houve a integração entre a Alpargatas da                -geral da agência de marketing e patrocí-                                       esteve por aqui, desde 1894.
BRASIL ECONÔMICO - ESPECIAL ESPORTE | Sexta-feira, fim de semana, segunda e terça-feira, 4, 5, 6, 7 e 8.3.2011 | B7




                                                                                                                                                                                   Sylvia Diez




                                                                                                                                                       Seleção feminina: garotas se
                                                                                                                                                           preparam para Rio 2016




Meninas trazem esperança de medalha
Seleção feminina de rúgbi entra na disputa por um lugar no pódio no Pan de Guadalajara
TEXTO D O UG L A S W I L L I ANS



                pós se consagrar em Bento        afirmou o presidente da CBRu, Sami Arap.                                                   “Ainda iremos traçar o planejamento,




A
                Gonçalves (RS) como hep-            Porém, o próprio dirigente constatou           TOQUE FEMININO                        mas a ideia é participar de campeonatos
                tacampeã sul-americana           que o momento é de apoiar o trabalho das                                                fora da América do Sul”, contou o treina-
                de rúgbi sevens (com sete        meninas por novos horizontes. “O Brasil           6                                     dor da seleção brasileira feminina, João
                atletas), a seleção brasileira   está num nível superior na América do Sul         campeonatos sul-americanos            Nogueira. Como o trabalho das meninas
                feminina desponta com            no sevens, mas as meninas atingiram um            foram vencidos pela                   está consolidado no continente sul-ame-
mais possibilidade de conquistas interna-        teto. Com esse limite, ou a seleção atua na       equipe feminina brasileira.           ricano na categoria sevens, a CBRu pre-
cionais relevantes que a masculina. Tanto        Europa ou faz turnês anuais para os Esta-         No último mundial, em 2009,           tende intensificar a transição delas para o
que a chance de obter medalhas nos Jogos         dos Unidos e Canadá”, diz.                        ficaram em décimo lugar.              rugby union (com 15 atletas).
Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, não           Desde o ano passado, essa medida tem                                                    Quem vê a situação do rúgbi feminino
é vista como algo distante pela Confedera-       sido tomada pela CBRu. Em 2010, a sele-                                                 no Brasil com otimismo é Mariana Rama-
ção Brasileira de Rugby (CBRu).                  ção feminina disputou um torneio em                                                     lho. Aos 23 anos, a polivalente jogadora
   “Comparativamente, as mulheres te-            Dubai, nos Emirados Árabes, contra equi-                                                do SPAC, de São Paulo, acredita no po-
riam mais possibilidade de medalha nos           pes de vários continentes, além do Mun-                                                 tencial da seleção. “A seleção feminina
Jogos Olímpicos que os homens. Mas que-          dial Universitário, em Portugal. Como                                                   ainda tem muito a surpreender. Estamos
remos, antes de qualquer coisa, que nos-         preparação para os Jogos Pan-America-                                                   nos preparando com dedicação e temos
sas seleções representem o Brasil de forma       nos de Guadalajara, em outubro, as meni-                                                todo o apoio para crescer. Estou muito
brilhante no Rio-2016. Essa é a meta”,           nas deverão realizar novas turnês.                                                      otimista com nosso futuro”, diz.
B8 | BRASIL ECONÔMICO - ESPECIAL ESPORTE | Sexta-feira, fim de semana, segunda e terça-feira, 4, 5, 6, 7 e 8.3.2011



NEGÓCIOS EM JOGO                                                                                                                                 ARTIGO

                                                                                                                                                                                      Divulgação



Daniel Gregg, protagonista
histórico do rúgbi brasileiro
Ponta de 30 anos foi autor do try que pôs fim à invencibilidade
de mais de 74 anos da Argentina em solo sul-americano
TEXTO D O U G L A S W I L LI ANS




                aniel Gregg foi autor daquele                                                 res ficaram muito mais confiantes para




D
                que pode ser considerado o                                                    Guadalajara. Tudo passou a ser possível”.          Sami Arap
                                                                                                                                                 Presidente da Confederação Brasileira de Rugby
                try mais importante da his-                                                       A própria classificação para o Pan foi algo
                tória do rúgbi brasileiro. Gra-                                               a ser comemorado. O Brasil ficou em tercei-
                ças a esse fluminense de 30                                                   ro no Sul-Americano, o que assegurou a
                anos, o Brasil pôde comemo-
rar sua primeira vitória sobre a Argentina
                                                                                              vaga nos Jogos. “Depois do Sul-Americano,
                                                                                              recebemos o apoio do COB para o Pan de
                                                                                                                                                 Planejamento,
em um torneio oficial. Foi um 7 a 0 digno de
louros. A seleção brasileira derrubou os tra-
                                                                                              Guadalajara. Isso será fundamental. Antes
                                                                                              não recebíamos nada. O apoio era pequeno,
                                                                                                                                                 responsabilidade
dicionais Pumas — alcunha dada ao time
alviceleste – em um único lance. Graças ao
                                                                                              não havia investimento. A gente se esforça-
                                                                                              va bastante. Mas agora, com esse incentivo,        e paciência
golpe certeiro de Gregg, os argentinos per-             “Depois de                            as coisas vão ficar mais fáceis.”
deram uma invencibilidade que existia                   vencermos a
desde 1936 na América do Sul.                           Argentina, todos                      INTERCÂMBIO                                        Rúgbi vive sua
   O ponta foi um dos expoentes da seleção              os jogadores                           De acordo com o ponta, o apoio do COB             melhor fase no país
brasileira na disputa do Campeonato Sul-                                                      possibilitará à seleção uma viagem para a
-Americano de Sevens, que aconteceu no
                                                        ficaram muito                         Europa em junho. “Esse intercâmbio por
início deste mês em Bento Gonçalves (RS).               mais confiantes                       outros países é muito bom. No fim de 2010 e
O try histórico está vivo na memória de                 para Guadalajara”                     início de 2011, fizemos um tour por Argenti-                       rúgbi brasileiro atravessa o




                                                                                                                                                 O
Gregg. Na TV ele não conseguiu ver o lance
              ,                                                      DANIEL GREGG,            na, Uruguai e Chile e isso rendeu resultados                      melhor momento de toda a
– apenas por imagens salvas no site Youtu-                           jogador da Seleção       no Sul-Americano”, lembrou.                                       sua história, tanto dentro,
be. Mesmo assim, as lembranças do try e da                            Brasileira de Rúgbi        O pensamento de Gregg é compartilhado                          quanto fora de campo. Nos-
partida histórica permanecem com deta-                                                        pelo técnico da seleção, Maurício Coelho,                         sas seleções estão evoluindo
lhes no pensamento do atleta.                                                                 que acredita que as viagens darão mais ex-                        tecnicamente, assimilando
   “Agora é mais fácil de falar sobre o jogo.                                                 periência a seus atletas. “Quanto mais jo-         o sistema do jogo e conquistando resulta-
No momento, era complicado demais.                                                            garmos contra seleções mais fortes, mais           dos condizentes com a grandeza do espor-
Aquele foi o único try da partida. A bola saiu                                                iremos evoluir. Aos poucos o time vai              te no país. No rúgbi sevens, a equipe femi-
de um scrum fixo. O Lucas lançou para mim.                                                    aprendendo e, quem sabe, um dia chegare-           nina segue invicta no continente e já soma
Passei pela marcação e fiz o try”, descreveu                                                  mos à elite do rúgbi mundial.”                     sete títulos sul-americanos. Já a seleção
Gregg. Na sequência, Lucas realizou a con-                                                       Essa é a intenção da Confederação Brasi-        masculina fez o que parecia ser impossí-
versão, colocando o 7 a 0 no placar. “A van-                                                  leira de Rugby (CBRu). Para o presidente Sa-       vel: venceu a Argentina, que não perdia
tagem foi obtida ainda no primeiro tempo.                                                     mi Arap, a cobrança por resultados no mas-         uma partida na região desde 1936. Além
Depois, conseguimos manter a posse de                                                         culino não devem existir nos próximos              disso, os homens garantiram vaga para os
bola e asseguramos a vitória”.                                                                anos. Eles só devem começar a aparecer em          Jogos Pan-Americanos em Guadalajara,
   No entendimento do herói brasileiro, o                                                     longo prazo, mais precisamente a partir de         no próximo mês de outubro.
triunfo sobre os argentinos foi um divisor de                                                 2015. “A curto prazo, não estipulamos me-             Nossa seleção masculina de 15 está em
águas para o rúgbi do país. Tanto que a pre-                                                  tas por resultados. Em 2015 queremos estar         fase de preparação para o Sul-America-
tensão da seleção para os Jogos Pan-Ameri-                                                    consolidados como a segunda potência de            no da modalidade, em maio, na Argenti-
canos de Guadalajara, no México, em outu-                                                     Sevens nas Américas, atrás apenas da Ar-           na. Estamos oferecendo a melhor estru-
bro deste ano, não era das maiores. “Depois                                                   gentina, e pretendemos estar na Copa do            tura possível, dentro das nossas condi-
de vencermos a Argentina, todos os jogado-                                                    Mundo de Union em 2019”, diz o dirigente.          ções, para nossos atletas e comissões
                                                                                                                                                 técnicas, adulta e juvenil. Mas ainda há
                                                                                                                                   Sylvia Diez   muito para construir. Temos um plano
                                                                                                                                                 de longo prazo 2010-2020 e estamos
   Lance que gerou                                                                                                                               apenas iniciando o trabalho. Planeja-
   o try histórico                                                                                                                               mento, responsabilidade e paciência são
   marcado por                                                                                                                                   elementos-chave para o sucesso.
   Daniel Gregg                                                                                                                                     Atualmente, as Federações Estaduais
                                                                                                                                                 organizam dez torneios, além do Cam-
                                                                                                                                                 peonato Brasileiro de 15 (Super 10) orga-
                                                                                                                                                 nizado pela CBRu que conta com dez
                                                                                                                                                 equipes de cinco estados diferentes. O
                                                                                                                                                 Circuito Brasileiro de Sevens tem etapas
                                                                                                                                                 em vários lugares do país, sempre com
                                                                                                                                                 grandes jogos e boa quantidade de parti-
                                                                                                                                                 cipantes. A etapa paulistana teve a pre-
                                                                                                                                                 sença de 700 atletas e 52 times.
                                                                                                                                                    Temos 10 mil praticantes federados e
                                                                                                                                                 torneios voltados para as categorias de
                                                                                                                                                 base. Os valores do esporte aliados às me-
                                                                                                                                                 lhores práticas de governança da admi-
                                                                                                                                                 nistração da entidade motivaram impor-
                                                                                                                                                 tantes instituições a associar suas valiosas
                                                                                                                                                 marcas ao rúgbi: Topper, Bradesco e Cul-
                                                                                                                                                 tura Inglesa têm grande importância nesta
                                                                                                                                                 fase de transição do rúgbi nacional.
                                                                                                                                                    O rúgbi é o segundo esporte mais prati-
                                                                                                                                                 cado no mundo (em termos de atletas fe-
                                                                                                                                                 derados), está presente em 120 países e sua
                                                                                                                                                 Copa do Mundo é o terceiro evento espor-
                                                                                                                                                 tivo com maior audiência no planeta.

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Caderno de rúgbi no jornal Brasil Econômico

  • 1. Rúgbi parte para a conquista dos brasileiros Volta à cena olímpica nos Jogos do Rio de 2016 atrai investimentos ESPECIAL Modalidade triplica receita e tenta E S P O RT E atrair novos patrocinadores SUPLEMENTO – SEXTA-FEIRA, Empresas aderem ao espírito de luta FIM DE SEMANA, SEGUNDA E TERÇA-FEIRA, 4, 5, 6, 7 E 8 DE MARÇO, 2011 como estratégia de marketing Foto: Sylvia Diez
  • 2. B2 | BRASIL ECONÔMICO - ESPECIAL ESPORTE | Sexta-feira, fim de semana, segunda e terça-feira, 4, 5, 6, 7 e 8.3.2011 NEGÓCIOS EM JOGO Rúgbi triplica resultados e entra em campo para faturar R$ 3,5 mi Modalidade voltará à cena olímpica nos Jogos do Rio de Janeiro, em 2016; confederação espera atrair empresas de automóveis, bebidas e telefonia para fortalecer patrocínios em 2011 TEXTO M A U R Í CI O CAPELA Sylvia Diez o paulistano do bairro do N Brás Charles Miller, filho de um escocês e de uma brasi- leira de origem inglesa, vi- rou lenda no país ao trazer duas bolas de futebol, uni- formes e um conjunto de regras debaixo do braço do Reino Unido. Mas pouca gen- te sabe que não foram apenas esses ape- trechos, que deram início à gloriosa histó- ria do futebol brasileiro, que Miller enfiou na bagagem, quando retornou ao país em 1894. Em sua mala, também havia espaço para a clássica bola oval de rúgbi. E, apesar de não ser um esporte ainda muito popular no Brasil, já há quem aposte que, em bre- ve, esse paulistano também será lembrado por mais esse feito nos trópicos. Até por- que o rúgbi voltará a ser modalidade olím- pica justamente nos jogos do Rio de Janei- ro em 2016, quase um século depois de sua última participação nas Olimpíadas de 1928 em Amsterdã, na Holanda. A julgar pelo crescimento vertiginoso da arrecadação da Confederação Brasileira de Rugby (CBRu) a aposta faz sentido. Em 2011, a entidade projeta angariar perto de R$ 3,5 milhões. Um salto se comparado aos R$ 990 mil obtidos em 2010 e um abis- mo em relação aos R$ 90 mil de 2009. E toda essa montanha de recursos vem dos patrocínios da fabricante de material es- Partida de rúgbi no Brasil: em portivo Topper e do banco Bradesco, além todo o mundo, o esporte superou das verbas do Comitê Olímpico Brasileiro 4 bilhões de telespectadores (COB), do International Rugby Board (IRB) — a entidade mundial do esporte —, e do valor pago de inscrição pelos clubes do país. As empresas não revelam valores mos de valores, a cifra também não é nada de cena a Associação Brasileira de Rugby investidos individualmente. modesta. A última Copa do Mundo de rú- NO PAÍS (ABR), de 1972, para que fosse sucedida Mas esse número tem tudo para ser gbi, por exemplo, realizada na França em pela CBRu, fundada em 2010. chutado em direção às nuvens. De acordo 2007 faturou £ 201,6 milhões (R$ 542 mi- 115 Mesmo com tudo em acordo à luz da lei, a com Duda Magalhães, diretor-geral da lhões), mais que o dobro do registrado no clubes de rúgbi estão no diretoria que se debruçou sobre as mudan- agência de marketing e patrocínio Dream último mundial de 2003 na Austrália, que Brasil, espalhados por oito ças foi além nessa passagem de siglas. E re- Factory Sports, que presta consultoria e somou £ 95,1 milhões (R$ 255 milhões), estados, sendo que metade solveu dar a camisa de titular a um time de marketing esportivo para a CBRu, há al- segundo dados do IRB. A próxima copa dessas agremiações está profissionais para que tocassem o cotidiano guns pênaltis a ser batidos em direção ao acontecerá em agosto deste ano na Nova localizada em São Paulo. da confederação e criassem um plano es- “H” do rúgbi em 2011. “Buscamos au- Zelândia. Em ingressos vendidos, o mun- tratégico de dez anos. Mas a grande jogada mentar a receita da confederação com pa- dial de rúgbi também não deve nada a nin- ADEPTOS ocorreu quando se estabeleceu padrões de trocínios e miramos empresas do setor au- guém. Foram 2,2 milhões de tíquetes na governança idênticos aos de companhias tomotivo, de telefonia e de bebidas”, diz o França, e 1,9 milhão na Austrália. 3 com ações nas bolsas de valores. executivo, cuja agência faturou R$ 9 mi- Muito embora as cifras do rúgbi no milhões de pessoas “Temos orçamento, planos e transpa- lhões em 2010. Com contrato assinado Brasil ainda estejam distante dos valores praticam a modalidade rência nos números da entidade. Os ges- desde novembro com a entidade, passível no mundo, não há como ignorar a atuação no mundo, enquanto tores têm vínculo empregatício. Nossa de renovação anual automática, a agência do melhor jogador em campo no momen- no Brasil existem gestora financeira, por exemplo, presta não detalha o estágio dessas negociações. to no país, o crescimento. “Essa previsão 10 mil atletas federados. contas ao COB e ao Ministério dos Espor- de aumento da arrecadação da confede- tes. E, além disso, contratamos contador BOLA PARA FRENTE ração em 2011 deverá ocorrer em função externo, auditoria independente e pos- Mesmo com o bom cenário de hoje, o Bra- do incremento das verbas do COB, do IRB suímos conselho fiscal”, afirma o presi- sil ainda tem um bom chão para demons- e também dos recursos da Secretaria Na- dente da CBRu, cujo mandato vai até 2012. trar a garra e o espírito de equipe, caracte- cional de Esportes de Alto Rendimento do O fato é que o mercado comprou a ideia. rísticas tão próprias a esse esporte, no Ministério dos Esportes”, diz Sami Arap, “Além de ser muito profissionais, o pessoal campo dos negócios. Só para se ter uma presidente da CBRu. da CBRu tinha planos concretos para o es- ideia, essa modalidade no mundo é tão Mas acessar as verbas do COB e da se- porte”, diz Ricardo Matera, gerente de popular, que além de ser jogada em mais cretaria do Ministério dos Esportes não marketing da Topper, do grupo Alpargatas. de 120 países, o seu mundial é o terceiro aconteceu do dia para noite. A CBRu so- “A confederação conduzida por profissio- evento esportivo em termos de audiência, mente passou a contar com esse reforço de nais facilita muito na hora de negociar com com mais de 4 bilhões de espectadores, caixa, depois que adaptou a modalidade à as companhias, porque elas enxergam pla- perdendo somente para a Copa do Mundo legislação esportiva e atualizou seus esta- nejamento e governança”, afirma o execu- de futebol e os Jogos Olímpicos. E, em ter- tutos. Ou seja, na prática, significou tirar tivo da Dream Factory Sports.
  • 3. BRASIL ECONÔMICO - ESPECIAL ESPORTE | Sexta-feira, fim de semana, segunda e terça-feira, 4, 5, 6, 7 e 8.3.2011 | B3
  • 4. B4 | BRASIL ECONÔMICO - ESPECIAL ESPORTE | Sexta-feira, fim de semana, segunda e terça-feira, 4, 5, 6, 7 e 8.3.2011 NEGÓCIOS EM JOGO Praticantes querem anotar um try Entidade que rege o rúgbi no Brasil pretende popularizar a modalidade por meio de investimento TEXTO D O U G L A S W ILLI ANS Para a Confederação L ine-out para o Brasil. O posição ao esporte. Além disso, passamos incentivar o nascimento de novos talen- hooker brasileiro arremessa. Brasileira de Rugby, ao planejamento do Comitê Olímpico Bra- tos para defender a seleção brasileira no A bola oval está no ar. No gra- a internet teve um sileiro (COB). Agora, recebemos incentivo futuro. O planejamento da confederação mado, o maul está formado. da Lei Agnelo-Piva. Poderemos participar prevê a formação de jogadores vindos de Os segundas linhas da nossa importante papel de torneios internacionais, o rúgbi entrou classes mais populares — até hoje, os seleção travam uma disputa na disseminação no programa dos Jogos Pan-Americanos. principais jogadores do país surgiram em ferrenha com os forwards da Argentina, do esporte A partir desse ano até 2016, teremos uma grupos com maior poder aquisitivo. mas a posse é do half-scrum do time ver- série internacional. Tudo isso ajuda a po- “Hoje em dia, a mídia, sobretudo a inter- de-amarelo. Ele inicia uma jogada com a pularização do esporte”, disse Arap. net, ajudou a fazer o esporte explodir. Atual- linha ofensiva. Os backs rivais apelam mente temos a prática em classes mais ca- para uma sequência de tackles. Em vão: a “PRIORIDADE ESTRATÉGICA” rentes, graças a vários projetos na periferia. velocidade dos passes orquestrada pelo Disseminar o rúgbi no Brasil também é uma Vemos o rúgbi ser praticado pelas classes C, centro brasileiro envolve os argentinos. A missão promovida pela International D e E. O rúgbi não é caro, mas a espinha dor- ala está aberta para o ponta do Brasil deci- Rugby Board (IRB), entidade máxima do es- sal dele depende primordialmente da in- dir. Ele recebe a ovalada e dispara. A ar- porte no planeta. De acordo com a CBRu, há fraestrutura dos clubes existentes no país. A rancada termina em mergulho no in- o interesse da IRB em popularizar a prática nossa meta é desenvolver um modelo como -goal. Não tem jeito. É try da seleção! no país. Tanto que a federação aponta o Bra- temos no Bandeirantes, no Rio Branco (am- Você pode não ter entendido absoluta- sil como “prioridade estratégica de desen- bos da cidade de São Paulo) e em outros cen- mente nada do que leu há pouco. É sinal de volvimento”. Para Sami Arap, o foco da IRB tros onde o esporte é levado a sério e é bem- que o rúgbi ainda tem muito a crescer no reflete o respeito que a confederação adqui- -estruturado. Defendemos que haja uma Brasil. A intenção da Confederação Brasileira riu com o planejamento em longo prazo. parceria entre Confederação, Federação Es- de Rugby (CBRu) é fazer com que, em cinco “Poucas confederações no Brasil têm o nível tadual e clubes para a gestão desse modelo.” anos, opúblico comeceasefamiliarizarcom da nossa. Traçamos um plano até 2020 – e Potencializar os resultados das seleções termos como tries, scrums e tantos outros ele vem sendo executado. Temos um país de brasileiras e garimpar novos talentos é a que dominam uma partida da modalidade. 200 milhões de habitantes, com um poten- fórmula projetada pela CBRu para colocar Segundo o presidente da CBRu, Sami Arap, cial natural graças ao porte físico do brasi- o rúgbi na boca do povo. Se daqui a dez essa perspectiva existe graças à exposição leiro. A IRB avalia o Brasil como o próximo anos a população discutir a formação de que os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Ja- grande centro do rúgbi”, diz o dirigente. um scrum, lamentar o erro de uma con- neiro, proporcionará ao esporte. Além de receber o apoio de COB e IRB versão, vibrar com um tackle e se emocio- “Sem dúvida a reintrodução do rúgbi para o desenvolvimento do rúgbi de alto nar por um try anotado nos últimos se- nas Olimpíadas de 2016 trouxe muita ex- rendimento, um outro objetivo da CBRu é gundos, o programa terá obtido êxito.
  • 5. BRASIL ECONÔMICO - ESPECIAL ESPORTE | Sexta-feira, fim de semana, segunda e terça-feira, 4, 5, 6, 7 e 8.3.2011 | B5 no coração dos brasileiros nas equipes de alto rendimento e na revelação de novos talentos O BE-A-BÁ DO RÚGBI ● Conversão — Efetuado um try, ● Free-kick — Infrações médias ● Linha/Back — Os jogadores mais rápidos Para todas a equipe que pontuou recebe cobradas de duas maneiras: em campo. Em oposição aos forwards, a chance de fazer uma conversão, que consiste em chutar a bola, para a lateral, com posse de bola do time adversário; ou a saída poderiam ser considerados como o ataque. No rugby union, eles são em sete. as idades via drop-kick ou apoiada ao solo, para o ataque, a mais comum. Existem formas modificadas do rúgbi por cima do H, bonificando o acerto ● Penal — Infrações graves como que foram desenvolvidas para permitir com mais 2 pontos no placar. ● “H” — É a trave do rúgbi. Possui impedimento, tackle alto, forward pass que qualquer pessoa, de qualquer idade, formato de H, com as traves laterais proposital, agressão. Pode ser cobrado possa praticar a modalidade. Há diversas ● Drop-kick — Tipo de chute no qual sendo bem altas. de três maneiras: chute para a lateral do variações de rúgbi, como o tag, o touch, a bola deve sair das mãos do jogador, campo, line-out a favor da equipe não o tip, o flag e o beach rugby. No tag, quicar no chão e, na sequência, ser ● In-goal — Linha de meta, fica infratora e chute direto para o H. Se por exemplo, os atletas utilizam tiras chutada. Com esse chute inicia-se atrás das linhas de fundo do campo. acertado, vale três 3 pontos. de pano penduradas na cintura em um a partida, faz-se conversões e, no meio Área onde acontecem os tries. cinto. Remover um desses tags constitui do jogo, se o drop passar pelo H, ● Penal-try — Um penal proposital um tackle, e o portador tem que passar bonifica-se com 3 pontos a equipe. ● Knock-on — Outra falta técnica perto do in-goal pode render a bola. O principal atrativo destas versões no rúgbi. Acontece quando um penal-try — cinco pontos de rúgbi é a ausência de contato. Isso ● Forward — Os jogadores mais o jogador não consegue segurar para o time não infrator. permite que sejam praticados por pessoas pesados do time, a linha de defesa. a bola de maneira que, a partir dele, de todas as idades, ambos os sexos Esses jogadores fazem o scrum e ou batendo nele, ela vá para ● PushOver try — É quando o scrum e com qualquer nível de preparo físico geralmente estão em quase todos rucks frente, para o lado do adversário atacante carrega o scrum adversário em diversos tipos de superfícies. D.W. e mauls. No rugby union, eles são oito. do campo. Também penalizado para o seu próprio in-goal, uma vez com um scrum. dentro do in-goal, o oitavo ou o half, ● Forward pass — Do inglês “passe somente toca a bola e o try é deferido. para frente”. Consiste em uma falta ● Line-out — É a cobrança de lateral técnica e acontece quando o jogador no rúgbi, onde posicionam-se ● Try — É a pontuação máxima do passa a bola para um companheiro à os dois times em linha perpendicular esporte, consiste em carregar a bola até sua frente. Penalizado com um scrum à lateral, na marca onde a bola saiu, a área do in-goal e apoiá-la no chão. contra o time que cometeu a infração. e disputam a bola, geralmente no ar. Essa investida vale cinco pontos. Infografia: Alex Silva
  • 6. B6 | BRASIL ECONÔMICO - ESPECIAL ESPORTE | Sexta-feira, fim de semana, segunda e terça-feira, 4, 5, 6, 7 e 8.3.2011 NEGÓCIOS EM JOGO Divulgação Marketing adere aos valores de garra do esporte Bradesco usa “espírito de equipe” para motivar time de gerentes e Topper calça chuteiras para levar esporte ao quarto lugar em vendas da marca TEXTO M A UR Í CI O CAP ELA rúgbi faz parte daquele sele- Argentina e do Brasil, em 2008, a Topper O to grupo de esportes que ig- assumiu o posto de marca esportiva glo- nora a genética. Peso, altura bal do grupo. Um movimento que já foi acabam ficando pelo cami- feito com a Havaianas pela sua própria nho na hora de montar um controladora, a Alpargatas. time da modalidade, porque A Topper calçou as chuteiras da CBRu sempre haverá uma posição em campo à pela primeira vez em 2010. E o executivo espera de um baixinho ou de um jogador não esconde que o primeiro contrato fir- mais forte. Pois é justamente nessa mistu- mado em janeiro do ano passado, e com ra de física e técnica que o esporte sela seus previsão de término no primeiro mês de valores, como solidariedade, espírito de 2011, tinha também por objetivo ver as jo- equipe, lealdade, criando ambiente favo- gadas da modalidade no Brasil. Mas, pelo rável à crença de que no rúgbi ninguém jeito, a companhia se convenceu rapida- vence um jogo sozinho. Ou seja, disciplina mente que sua tacada poderia ser certeira tática e planejamento são fundamentais e já no decorrer de 2010 acertou um novo na hora de bater o adversário. vínculo com a CBRu, que vai até 2013. Portanto, qualquer semelhança com o mundo dos negócios está longe de ser FOMENTO coincidência. Tanto é assim que a Confe- Já o ingresso do Bradesco no rúgbi, segun- deração Brasileira de Rugby (CBRu), e do o diretor de marketing, faz parte de um seus dois principais patrocinadores, a fa- projeto maior da instituição financeira, o bricante de material esportivo Topper, de fomentar um legado esportivo para o do grupo Alpargatas, e o banco Bradesco Brasil após a realização das Olimpíadas em sabem muito bem porque resolveram 2016. “Temos uma preocupação com a calçar as chuteiras com cravos apropria- formação de atletas, com as novas moda- dos ao piso desse esporte. Afinal, todos lidades e com um legado de infraestrutura têm seu planejamento. após os jogos”, conta Nasser. Jorge Nasser, diretor de marketing do Além do rúgbi, o Bradesco está alocan- Bradesco, conta, por exemplo, que a ins- do recursos em outras cinco confedera- tituição financeira já andou usando os ções — natação, vela, remo, basquete e ju- valores do rúgbi como fonte de inspira- dô. Faz sentido, afinal o banco, em parce- ção e motivação nas reuniões com o cor- ria com a Bradesco Seguros, adquiriu a po de gerentes de agências. “O espírito primeira cota comercializada para os Jo- de equipe, o fato de o esporte se basear na gos Olímpicos de 2016 no Rio. “O rúgbi se apropriação do campo do outro time são encaixa nessa nossa estratégia de legado semelhantes às situações diárias de com- no esporte. É uma modalidade pouco co- Ricardo Matera, da petição dos negócios e servem como in- nhecida no país e agora retorna à Olimpía- Topper: contrato centivo”, exemplifica. O Bradesco, que da”, afirma Nasser. Além disso, destaca o com a Confederação não revela valores investidos, patrocina a executivo do Bradesco, “o rúgbi não era de Rugby até 2013 modalidade desde 2010, que se cristaliza incentivado no Brasil e sem o apoio da ini- na camisa da seleção brasileira e também ciativa privada dificilmente teria uma no site da confederação. grande participação na competição”. Para os nio Dream Factory Sports, que presta con- META AMBICIOSA ENTUSIASMO patrocinadores, sultoria e marketing esportivo para a Quem também esconde o jogo e não reve- O entusiasmo desses patrocinadores está a presença da CBRu, o potencial do esporte é um de seus la valores de patrocínio é a Topper, que em linha com o planejamento da CBRu. grandes trunfos. “O rúgbi no Brasil é uma além do recurso financeiro investido na Segundo Sami Arap, presidente da confe- iniciativa privada folha em branco em termos de patrocínio, confederação, fornece o material esporti- deração, a meta é que o Brasil se torne a se- no fomento do já que nenhuma empresa de telefonia ou vo. E, apesar de atualmente o rúgbi ter um gunda nação em rúgbi na América do Sul esporte pode de bebidas colocou sua marca nesse es- papel discreto na geração de receita da até 2015, e fica atrás apenas da Argentina, aumentar sua porte por aqui”, afirma Magalhães. E isso empresa, há metas ambiciosas para a mo- verdadeira potência na modalidade. Hoje, participação no país abre uma possibilidade de atrelar a ima- dalidade no médio prazo. “Em 2016, a o país é a quarta força no continente sul- gem da empresa a um esporte de grande ideia é que o rúgbi ocupe o quarto lugar em -americano, atrás, respectivamente, de potencial e que tem tradição no Brasil, vendas, atrás das linhas de futebol, casual Argentina, Uruguai e Chile. E tem mais. apesar de ser pouco difundido. e running, que hoje ocupam o primeiro, “Queremos ter um bom desempenho nas Sim, porque o rúgbi, além de ter chega- segundo e terceiro postos em faturamen- eliminatórias de 2017 e chegar à Copa do do pelas mãos de Charles Miller ao Brasil, o to”, diz Ricardo Matera, gerente de Mundo em 2019”, diz Arap. O Brasil nunca mesmo que trouxe o futebol, já teve seus marketing da Topper. participou de um mundial, sendo elimi- dias de glórias. Por exemplo, quando ficou Segundo o executivo, “atualmente, o nado nas fases qualificatórias. com o vice-campeonato sul-americano rúgbi tem papel de reforçar institucio- Para viabilizar esses objetivos, é preciso masculino em 1964. Para o presidente da nalmente a marca no segmento esporti- recurso financeiro e planejamento. É por CBRu, não há modismo nessa fase de cres- vo”. Nada mal. Até porque, depois que isso que para Duda Magalhães, diretor- cimento, uma vez que o esporte sempre houve a integração entre a Alpargatas da -geral da agência de marketing e patrocí- esteve por aqui, desde 1894.
  • 7. BRASIL ECONÔMICO - ESPECIAL ESPORTE | Sexta-feira, fim de semana, segunda e terça-feira, 4, 5, 6, 7 e 8.3.2011 | B7 Sylvia Diez Seleção feminina: garotas se preparam para Rio 2016 Meninas trazem esperança de medalha Seleção feminina de rúgbi entra na disputa por um lugar no pódio no Pan de Guadalajara TEXTO D O UG L A S W I L L I ANS pós se consagrar em Bento afirmou o presidente da CBRu, Sami Arap. “Ainda iremos traçar o planejamento, A Gonçalves (RS) como hep- Porém, o próprio dirigente constatou TOQUE FEMININO mas a ideia é participar de campeonatos tacampeã sul-americana que o momento é de apoiar o trabalho das fora da América do Sul”, contou o treina- de rúgbi sevens (com sete meninas por novos horizontes. “O Brasil 6 dor da seleção brasileira feminina, João atletas), a seleção brasileira está num nível superior na América do Sul campeonatos sul-americanos Nogueira. Como o trabalho das meninas feminina desponta com no sevens, mas as meninas atingiram um foram vencidos pela está consolidado no continente sul-ame- mais possibilidade de conquistas interna- teto. Com esse limite, ou a seleção atua na equipe feminina brasileira. ricano na categoria sevens, a CBRu pre- cionais relevantes que a masculina. Tanto Europa ou faz turnês anuais para os Esta- No último mundial, em 2009, tende intensificar a transição delas para o que a chance de obter medalhas nos Jogos dos Unidos e Canadá”, diz. ficaram em décimo lugar. rugby union (com 15 atletas). Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, não Desde o ano passado, essa medida tem Quem vê a situação do rúgbi feminino é vista como algo distante pela Confedera- sido tomada pela CBRu. Em 2010, a sele- no Brasil com otimismo é Mariana Rama- ção Brasileira de Rugby (CBRu). ção feminina disputou um torneio em lho. Aos 23 anos, a polivalente jogadora “Comparativamente, as mulheres te- Dubai, nos Emirados Árabes, contra equi- do SPAC, de São Paulo, acredita no po- riam mais possibilidade de medalha nos pes de vários continentes, além do Mun- tencial da seleção. “A seleção feminina Jogos Olímpicos que os homens. Mas que- dial Universitário, em Portugal. Como ainda tem muito a surpreender. Estamos remos, antes de qualquer coisa, que nos- preparação para os Jogos Pan-America- nos preparando com dedicação e temos sas seleções representem o Brasil de forma nos de Guadalajara, em outubro, as meni- todo o apoio para crescer. Estou muito brilhante no Rio-2016. Essa é a meta”, nas deverão realizar novas turnês. otimista com nosso futuro”, diz.
  • 8. B8 | BRASIL ECONÔMICO - ESPECIAL ESPORTE | Sexta-feira, fim de semana, segunda e terça-feira, 4, 5, 6, 7 e 8.3.2011 NEGÓCIOS EM JOGO ARTIGO Divulgação Daniel Gregg, protagonista histórico do rúgbi brasileiro Ponta de 30 anos foi autor do try que pôs fim à invencibilidade de mais de 74 anos da Argentina em solo sul-americano TEXTO D O U G L A S W I L LI ANS aniel Gregg foi autor daquele res ficaram muito mais confiantes para D que pode ser considerado o Guadalajara. Tudo passou a ser possível”. Sami Arap Presidente da Confederação Brasileira de Rugby try mais importante da his- A própria classificação para o Pan foi algo tória do rúgbi brasileiro. Gra- a ser comemorado. O Brasil ficou em tercei- ças a esse fluminense de 30 ro no Sul-Americano, o que assegurou a anos, o Brasil pôde comemo- rar sua primeira vitória sobre a Argentina vaga nos Jogos. “Depois do Sul-Americano, recebemos o apoio do COB para o Pan de Planejamento, em um torneio oficial. Foi um 7 a 0 digno de louros. A seleção brasileira derrubou os tra- Guadalajara. Isso será fundamental. Antes não recebíamos nada. O apoio era pequeno, responsabilidade dicionais Pumas — alcunha dada ao time alviceleste – em um único lance. Graças ao não havia investimento. A gente se esforça- va bastante. Mas agora, com esse incentivo, e paciência golpe certeiro de Gregg, os argentinos per- “Depois de as coisas vão ficar mais fáceis.” deram uma invencibilidade que existia vencermos a desde 1936 na América do Sul. Argentina, todos INTERCÂMBIO Rúgbi vive sua O ponta foi um dos expoentes da seleção os jogadores De acordo com o ponta, o apoio do COB melhor fase no país brasileira na disputa do Campeonato Sul- possibilitará à seleção uma viagem para a -Americano de Sevens, que aconteceu no ficaram muito Europa em junho. “Esse intercâmbio por início deste mês em Bento Gonçalves (RS). mais confiantes outros países é muito bom. No fim de 2010 e O try histórico está vivo na memória de para Guadalajara” início de 2011, fizemos um tour por Argenti- rúgbi brasileiro atravessa o O Gregg. Na TV ele não conseguiu ver o lance , DANIEL GREGG, na, Uruguai e Chile e isso rendeu resultados melhor momento de toda a – apenas por imagens salvas no site Youtu- jogador da Seleção no Sul-Americano”, lembrou. sua história, tanto dentro, be. Mesmo assim, as lembranças do try e da Brasileira de Rúgbi O pensamento de Gregg é compartilhado quanto fora de campo. Nos- partida histórica permanecem com deta- pelo técnico da seleção, Maurício Coelho, sas seleções estão evoluindo lhes no pensamento do atleta. que acredita que as viagens darão mais ex- tecnicamente, assimilando “Agora é mais fácil de falar sobre o jogo. periência a seus atletas. “Quanto mais jo- o sistema do jogo e conquistando resulta- No momento, era complicado demais. garmos contra seleções mais fortes, mais dos condizentes com a grandeza do espor- Aquele foi o único try da partida. A bola saiu iremos evoluir. Aos poucos o time vai te no país. No rúgbi sevens, a equipe femi- de um scrum fixo. O Lucas lançou para mim. aprendendo e, quem sabe, um dia chegare- nina segue invicta no continente e já soma Passei pela marcação e fiz o try”, descreveu mos à elite do rúgbi mundial.” sete títulos sul-americanos. Já a seleção Gregg. Na sequência, Lucas realizou a con- Essa é a intenção da Confederação Brasi- masculina fez o que parecia ser impossí- versão, colocando o 7 a 0 no placar. “A van- leira de Rugby (CBRu). Para o presidente Sa- vel: venceu a Argentina, que não perdia tagem foi obtida ainda no primeiro tempo. mi Arap, a cobrança por resultados no mas- uma partida na região desde 1936. Além Depois, conseguimos manter a posse de culino não devem existir nos próximos disso, os homens garantiram vaga para os bola e asseguramos a vitória”. anos. Eles só devem começar a aparecer em Jogos Pan-Americanos em Guadalajara, No entendimento do herói brasileiro, o longo prazo, mais precisamente a partir de no próximo mês de outubro. triunfo sobre os argentinos foi um divisor de 2015. “A curto prazo, não estipulamos me- Nossa seleção masculina de 15 está em águas para o rúgbi do país. Tanto que a pre- tas por resultados. Em 2015 queremos estar fase de preparação para o Sul-America- tensão da seleção para os Jogos Pan-Ameri- consolidados como a segunda potência de no da modalidade, em maio, na Argenti- canos de Guadalajara, no México, em outu- Sevens nas Américas, atrás apenas da Ar- na. Estamos oferecendo a melhor estru- bro deste ano, não era das maiores. “Depois gentina, e pretendemos estar na Copa do tura possível, dentro das nossas condi- de vencermos a Argentina, todos os jogado- Mundo de Union em 2019”, diz o dirigente. ções, para nossos atletas e comissões técnicas, adulta e juvenil. Mas ainda há Sylvia Diez muito para construir. Temos um plano de longo prazo 2010-2020 e estamos Lance que gerou apenas iniciando o trabalho. Planeja- o try histórico mento, responsabilidade e paciência são marcado por elementos-chave para o sucesso. Daniel Gregg Atualmente, as Federações Estaduais organizam dez torneios, além do Cam- peonato Brasileiro de 15 (Super 10) orga- nizado pela CBRu que conta com dez equipes de cinco estados diferentes. O Circuito Brasileiro de Sevens tem etapas em vários lugares do país, sempre com grandes jogos e boa quantidade de parti- cipantes. A etapa paulistana teve a pre- sença de 700 atletas e 52 times. Temos 10 mil praticantes federados e torneios voltados para as categorias de base. Os valores do esporte aliados às me- lhores práticas de governança da admi- nistração da entidade motivaram impor- tantes instituições a associar suas valiosas marcas ao rúgbi: Topper, Bradesco e Cul- tura Inglesa têm grande importância nesta fase de transição do rúgbi nacional. O rúgbi é o segundo esporte mais prati- cado no mundo (em termos de atletas fe- derados), está presente em 120 países e sua Copa do Mundo é o terceiro evento espor- tivo com maior audiência no planeta.