IV Seminário de Pesquisa em Dança PPGDança - UFBA
Artigo Isaura Tupiniquim
RESUMO
A partir dos conceitos de heterologia, heterogeneidade/homogeneidade e informe do autor Georges Bataille, este artigo busca observar a ocorrência destes na produção contemporânea em dança. Pensados no campo da transgressão esses conceitos colaboram na compreensão das escolhas e suas implicações na produção estética e de conhecimento na dança contemporânea como processo anti-hegemônico. O heterogêneo na dança contemporânea é tratado como aquilo que no processo de homogeneização da produção da arte surge por excrescências, secreções - o informe. A dança contemporânea se dá em grande parte no campo discursivo atravessada por conceitos atualizados ao seu contexto, assumindo a condição conceitual de produzir questões e crítica. Nesse sentido é possível recorrer a tais conceitos como forma subversiva de atuação do corpo, em contraposição a práticas homogeneizantes da dança. Sendo assim, como a dança contemporânea vem tangenciando esses conceitos na sua produção estética – discursiva?
Palavras-chave: dança contemporânea; heterogeneidade; informe
Este documento resume o pensamento da filósofa feminista francesa Elisabeth Badinter, que defende uma perspectiva racionalista e igualitária do feminismo, herdeira do Iluminismo. O documento analisa a polêmica gerada pelo livro de Badinter "Fausse Route" e discute como o feminismo pode dialogar entre a modernidade e a pós-modernidade de forma consistente e eficaz.
1) O documento discute as formações ideológicas na cultura brasileira, especificamente a tensão entre formalismo/estruturalismo e marxismo nas décadas de 1960 e 1970.
2) Nos anos 1970, surgiu uma crise no estruturalismo e marxismo ortodoxo com a ascensão da dialética negativa e do pensamento anti-racionalista.
3) O autor argumenta que literatura e ideologia se tangenciam ao expressar a experiência intersubjetiva, porém de forma diversa, com a literatura disseminando e a ide
O documento discute a representação literária do sujeito subalternizado na poesia e no conto brasileiro do século XX. Aborda inicialmente a posição do sujeito subalternizado na estrutura de poder social brasileira e como isso é refletido na literatura. Também discute os conceitos de subalterno e mímesis, e como esses conceitos são tratados nos Estudos Subalternos e na literatura brasileira.
1. O documento resume o prefácio de um livro de Mikhail Bakhtin sobre estética da criação verbal.
2. Bakhtin critica os formalistas russos por se concentrarem apenas nos aspectos formais das obras literárias em vez de considerar também o conteúdo e a relação com o mundo.
3. Bakhtin inicialmente via a relação entre autor e personagem como o autor tendo uma visão superior e completa sobre a personagem, mas ao analisar Dostoiévski passou a ver essa relação de forma mais igualitária e dialógica
Este documento discute a proposta de escola de Antonio Gramsci e sua possível relação com a escola rural brasileira. Gramsci idealizou uma escola unitária que fornecesse uma educação integral e desinteressada para formar o "homem onilateral". Esta escola valorizava tanto o trabalho intelectual quanto o manual. O documento analisa se há um diálogo possível entre esta concepção de escola e a realidade da escola rural brasileira.
O documento discute a crítica de Mészáros ao chamado "marxismo weberiano" desenvolvido por Lukács em seu livro "História e Consciência de Classe". Mészáros argumenta que Lukács aceitou de forma acrítica elementos da sociologia weberiana que são estranhos ou contrários aos conceitos centrais de Marx, como a exploração do trabalho e a geração do mais-valor. Posteriormente, Mészáros desenvolveu suas próprias críticas contundentes ao caráter mistificador da sociologia weberiana
Este documento resume o pensamento da filósofa feminista francesa Elisabeth Badinter, que defende uma perspectiva racionalista e igualitária do feminismo, herdeira do Iluminismo. O documento analisa a polêmica gerada pelo livro de Badinter "Fausse Route" e discute como o feminismo pode dialogar entre a modernidade e a pós-modernidade de forma consistente e eficaz.
1) O documento discute as formações ideológicas na cultura brasileira, especificamente a tensão entre formalismo/estruturalismo e marxismo nas décadas de 1960 e 1970.
2) Nos anos 1970, surgiu uma crise no estruturalismo e marxismo ortodoxo com a ascensão da dialética negativa e do pensamento anti-racionalista.
3) O autor argumenta que literatura e ideologia se tangenciam ao expressar a experiência intersubjetiva, porém de forma diversa, com a literatura disseminando e a ide
O documento discute a representação literária do sujeito subalternizado na poesia e no conto brasileiro do século XX. Aborda inicialmente a posição do sujeito subalternizado na estrutura de poder social brasileira e como isso é refletido na literatura. Também discute os conceitos de subalterno e mímesis, e como esses conceitos são tratados nos Estudos Subalternos e na literatura brasileira.
1. O documento resume o prefácio de um livro de Mikhail Bakhtin sobre estética da criação verbal.
2. Bakhtin critica os formalistas russos por se concentrarem apenas nos aspectos formais das obras literárias em vez de considerar também o conteúdo e a relação com o mundo.
3. Bakhtin inicialmente via a relação entre autor e personagem como o autor tendo uma visão superior e completa sobre a personagem, mas ao analisar Dostoiévski passou a ver essa relação de forma mais igualitária e dialógica
Este documento discute a proposta de escola de Antonio Gramsci e sua possível relação com a escola rural brasileira. Gramsci idealizou uma escola unitária que fornecesse uma educação integral e desinteressada para formar o "homem onilateral". Esta escola valorizava tanto o trabalho intelectual quanto o manual. O documento analisa se há um diálogo possível entre esta concepção de escola e a realidade da escola rural brasileira.
O documento discute a crítica de Mészáros ao chamado "marxismo weberiano" desenvolvido por Lukács em seu livro "História e Consciência de Classe". Mészáros argumenta que Lukács aceitou de forma acrítica elementos da sociologia weberiana que são estranhos ou contrários aos conceitos centrais de Marx, como a exploração do trabalho e a geração do mais-valor. Posteriormente, Mészáros desenvolveu suas próprias críticas contundentes ao caráter mistificador da sociologia weberiana
Este documento resume o livro "A idéia de cultura" de Terry Eagleton. O autor analisa como o conceito de cultura evoluiu ao longo da história e como é entendido atualmente. Eagleton discute as tensões entre cultura e natureza, e como a cultura está em crise na era pós-moderna devido a fatores como especialização e conflitos culturais globais. Ele argumenta que a cultura precisa manter sua capacidade crítica para sobreviver.
A sociologia da inautenticidade gilson cirialloVicente Silva
1) O documento analisa o livro "A Modernização Seletiva" de Jessé Souza, que critica a "sociologia da inautenticidade" e sua visão do Brasil como não plenamente moderno.
2) Jessé Souza defende que a modernidade ocidental teve trajetórias diversas e contraditórias em diferentes países, portanto o Brasil pode ser visto como uma variante seletiva da modernidade.
3) A análise recorre a autores como Weber, Elias e Habermas para contextualizar a modernização ocidental e apoiar a te
1) O documento discute as noções de gênero, parentesco e identidade no sertão nordestino, especificamente na região do Cariri.
2) Questiona como conceitos como "família patriarcal" e "parentesco" podem ocidentalizar as relações sociais estudadas.
3) Defende que a antropologia deve ir além dos conceitos para captar as múltiplas formas de subjetividade e relações sociais.
O artigo descreve como o pensamento de Proudhon inspirou diversos movimentos sociais ao longo da história, desde a Comuna de Paris até o sindicalismo revolucionário. A visão de Proudhon evitava dualismos falsos e enfatizava o múltiplo e a diferença, inspirando práticas distintas mas relacionadas ao anarquismo.
1) O documento discute as formas sociais de consciência segundo o pensamento de Antonio Gramsci, incluindo senso comum, bom senso, folclore, religião, ideologia e filosofia.
2) Gramsci acreditava que essas formas constituem a "filosofia de uma época" e explicam como a ideologia se torna o terreno para os conflitos sociais.
3) A linguagem é vista como uma forma de consciência que reflete diferenças culturais e carrega concepções de mundo do passado e presente.
1. O texto critica o marxismo clássico por seu caráter eurocêntrico e procura desconstruir a noção do proletariado como sujeito histórico, considerando-a empiricamente inverificável.
2. Defende que, sem grupos predestinados a liderar a mudança sociohistórica, a emancipação dos oprimidos deve articular as lutas dos trabalhadores com as de outros grupos dominados.
3. Discute quatro abordagens ao marxismo - propagação, enterramento, apropri
1) A dialética é definida como a ideia de oposição e contradição entre princípios e fenômenos.
2) Heráclito acreditava que tudo está em constante mudança e transformação devido às contradições internas.
3) Para Sócrates e Platão, a dialética se referia ao modo de diálogo que buscava identificar contradições nos raciocínios para alcançar o conhecimento verdadeiro.
1. O documento discute as ideias e práticas dos anarquistas, descrevendo-os como aqueles que buscam a superação da desigualdade social preservando as diferenças entre as pessoas e evitando a uniformidade, construindo relações voluntárias entre associações.
2. Os anarquistas criam "heterotopias" ou lugares alternativos dentro da sociedade atual para experimentar modos de vida livres de autoridade, onde lazer e trabalho, arte e objetos, sexo e educação não são separados.
3. Ao longo da
A teoria da Historia e o romance historico em LukacsCarlo Romani
O documento discute a teoria da história após a Revolução de 1848. A revolução levou a uma reorientação dos objetivos burgueses de democracia revolucionária para um liberalismo de compromisso. Isso levou a uma revisão das concepções de progresso histórico, com ênfase na evolução linear em vez do conflito dialético. Muitos historiadores e escritores adotaram visões a-históricas, negando a transformação social. Isso influenciou os romances históricos da época, como Salammbô de
Margareth rago o anarquismo e a históriamoratonoise
Este documento discute as semelhanças e diferenças entre o pensamento de Michel Foucault e a tradição anarquista, particularmente o trabalho da anarquista italiana Luce Fabbri. Ambos enfatizam a importância de diagnosticar os problemas do presente e encontrar novas saídas, e criticam o poder em suas manifestações. No entanto, eles divergem na questão do sujeito e no anti-humanismo presente em Foucault.
Este documento resume o livro "A Teoria do Romance" de Georg Lukács. O livro é considerado um clássico do estudo do gênero romance e aplica conceitos da filosofia de Hegel à estética. Embora Lukács tenha posteriormente se distanciado da obra devido à sua adesão ao marxismo, o livro permaneceu uma referência fundamental para reflexões estéticas, inclusive as de inspiração marxista.
Este artigo discute os conceitos de símbolo, alegoria e barroco a partir da perspectiva de Walter Benjamin. Analisa como o modo de ser barroco se assemelha ao modo de ser do indivíduo moderno. Discute como Benjamin diferencia símbolo e alegoria e como a alegoria é capaz de representar adequadamente a realidade histórica.
1) O documento discute as relações entre anarquismo e marxismo, analisando como o pensamento de Marx e Engels evoluiu ao longo do tempo e como foi distorcido por sucessores.
2) Aponta que o anarquismo construtivo e coletivista se aproxima mais do marxismo original do que outras vertentes anarquistas.
3) Discute como anarquistas e marxistas influenciaram-se mutuamente no passado, com Bakunin traduzindo O Capital e Proudhon influenciando o jovem Marx
1) O documento discute a teoria da "semicultura" proposta por Theodor W. Adorno, na qual a formação cultural se converte em uma semiformação socializada devido à alienação do espírito.
2) Adorno argumenta que a cultura tem um duplo caráter: remete à sociedade e intermedia entre esta e a semiformação. A cultura se tornou um valor em si mesmo dissociado da realização das coisas humanas.
3) A formação cultural se emancipou com a burguesia, mas sua relação com a prática apresentou-se como de
O documento discute as ideias de Marx e Engels sobre o sindicalismo, particularmente o sindicalismo docente. Apresenta os princípios da dialética de Marx, como totalidade, movimento e contradição. Argumenta que os sindicatos, ao unirem os trabalhadores, podem desempenhar um papel importante na luta contra o capitalismo e na construção de uma sociedade socialista.
1) O documento discute as interpretações do pensamento de Nietzsche pelo anarquismo, notando que inicialmente foi visto como individualista, mas que anarquistas e operários também se reconheceram nele.
2) Havia diferenças entre o anarquismo teórico e militante que dificultaram compreender Nietzsche, mas havia afinidades entre ambos em desconstruir distinções modernas.
3) Após as guerras mundiais, só no século XX a leitura filosófica de Nietzsche permitiu ent
Democracia Racial E Multiculturalismo. A Ambivalente Singularidade Cultural B...janioguga
Este documento discute a obra de Gilberto Freyre e sua análise da formação social brasileira. Apresenta a crítica de Anthony Marx à teoria da "democracia racial" de Freyre e argumenta que Freyre via a sociedade brasileira como estruturalmente sadomasoquista devido à ausência do Estado e instituições, o que levou ao domínio pessoal. A dialética entre os princípios despótico e inclusivo do patriarcalismo brasileiro explica a singularidade cultural do país.
Este documento discute a formação intelectual de Euclides da Cunha e como ele transformou uma linguagem científica em motivação literária em seu livro "Os Sertões". Analisa como ele se utilizou das correntes do Romantismo e do Naturalismo para abordar temas como nação, ciência e literatura, ao invés de ser limitado por essas correntes do seu tempo.
Teorias dos Estados Anarquista e Marxista - Felipe CorrêaBlackBlocRJ
Este documento discute as teorias do Estado anarquista e marxista, comparando as visões de Marx, Engels e Bakunin. Os anarquistas do século XX criticaram o bolchevismo e a social-democracia por não abandonarem o Estado. Bakunin via o Estado como uma ferramenta de dominação de classe e acreditava que ele criaria sua própria classe dominante, a burocracia. Isso fundamentou as críticas anarquistas ao socialismo estatal do século XX.
Um Parresiasta no Socialismo Libertário - Edson PassettiBlackBlocRJ
Maurício Tragtenberg é descrito como um "parresiasta", ou seja, alguém que fala a verdade sem medo das consequências. Ele criticou abertamente o Estado e os princípios de necessidade do Estado. Ele também promoveu uma visão de socialismo libertário que combinava os aspectos econômicos do marxismo com os ideais anarquistas de liberdade individual.
Vikash Kumar Singh is seeking a position that allows him to enhance his skills and contribute to a company. He has a B.Tech in Electrical and Electronics Engineering from Bharath University with 85% marks. He has over 6 years of experience as a Senior Electrical Engineer in cement plant operations and maintenance. Currently, he works for Samrat Cement Company Pvt. Ltd. in Nepal and has the skills and experience to work on electrical systems like switchyards, transformers, motor control centers, and more. He is hardworking, a quick learner, and open to new challenges.
Este documento presenta un resumen de la transmisión del calor. Explica que el calor es la energía que se transfiere de un cuerpo a otro a través de la interacción térmica. La transmisión de calor ocurre cuando un objeto con alta temperatura transfiere energía a un objeto con menor temperatura. También describe la ley cero de la termodinámica, la cual establece que dos cuerpos en equilibrio térmico con un tercer cuerpo estarán también en equilibrio térmico si poseen la misma temperatura.
Este documento resume o livro "A idéia de cultura" de Terry Eagleton. O autor analisa como o conceito de cultura evoluiu ao longo da história e como é entendido atualmente. Eagleton discute as tensões entre cultura e natureza, e como a cultura está em crise na era pós-moderna devido a fatores como especialização e conflitos culturais globais. Ele argumenta que a cultura precisa manter sua capacidade crítica para sobreviver.
A sociologia da inautenticidade gilson cirialloVicente Silva
1) O documento analisa o livro "A Modernização Seletiva" de Jessé Souza, que critica a "sociologia da inautenticidade" e sua visão do Brasil como não plenamente moderno.
2) Jessé Souza defende que a modernidade ocidental teve trajetórias diversas e contraditórias em diferentes países, portanto o Brasil pode ser visto como uma variante seletiva da modernidade.
3) A análise recorre a autores como Weber, Elias e Habermas para contextualizar a modernização ocidental e apoiar a te
1) O documento discute as noções de gênero, parentesco e identidade no sertão nordestino, especificamente na região do Cariri.
2) Questiona como conceitos como "família patriarcal" e "parentesco" podem ocidentalizar as relações sociais estudadas.
3) Defende que a antropologia deve ir além dos conceitos para captar as múltiplas formas de subjetividade e relações sociais.
O artigo descreve como o pensamento de Proudhon inspirou diversos movimentos sociais ao longo da história, desde a Comuna de Paris até o sindicalismo revolucionário. A visão de Proudhon evitava dualismos falsos e enfatizava o múltiplo e a diferença, inspirando práticas distintas mas relacionadas ao anarquismo.
1) O documento discute as formas sociais de consciência segundo o pensamento de Antonio Gramsci, incluindo senso comum, bom senso, folclore, religião, ideologia e filosofia.
2) Gramsci acreditava que essas formas constituem a "filosofia de uma época" e explicam como a ideologia se torna o terreno para os conflitos sociais.
3) A linguagem é vista como uma forma de consciência que reflete diferenças culturais e carrega concepções de mundo do passado e presente.
1. O texto critica o marxismo clássico por seu caráter eurocêntrico e procura desconstruir a noção do proletariado como sujeito histórico, considerando-a empiricamente inverificável.
2. Defende que, sem grupos predestinados a liderar a mudança sociohistórica, a emancipação dos oprimidos deve articular as lutas dos trabalhadores com as de outros grupos dominados.
3. Discute quatro abordagens ao marxismo - propagação, enterramento, apropri
1) A dialética é definida como a ideia de oposição e contradição entre princípios e fenômenos.
2) Heráclito acreditava que tudo está em constante mudança e transformação devido às contradições internas.
3) Para Sócrates e Platão, a dialética se referia ao modo de diálogo que buscava identificar contradições nos raciocínios para alcançar o conhecimento verdadeiro.
1. O documento discute as ideias e práticas dos anarquistas, descrevendo-os como aqueles que buscam a superação da desigualdade social preservando as diferenças entre as pessoas e evitando a uniformidade, construindo relações voluntárias entre associações.
2. Os anarquistas criam "heterotopias" ou lugares alternativos dentro da sociedade atual para experimentar modos de vida livres de autoridade, onde lazer e trabalho, arte e objetos, sexo e educação não são separados.
3. Ao longo da
A teoria da Historia e o romance historico em LukacsCarlo Romani
O documento discute a teoria da história após a Revolução de 1848. A revolução levou a uma reorientação dos objetivos burgueses de democracia revolucionária para um liberalismo de compromisso. Isso levou a uma revisão das concepções de progresso histórico, com ênfase na evolução linear em vez do conflito dialético. Muitos historiadores e escritores adotaram visões a-históricas, negando a transformação social. Isso influenciou os romances históricos da época, como Salammbô de
Margareth rago o anarquismo e a históriamoratonoise
Este documento discute as semelhanças e diferenças entre o pensamento de Michel Foucault e a tradição anarquista, particularmente o trabalho da anarquista italiana Luce Fabbri. Ambos enfatizam a importância de diagnosticar os problemas do presente e encontrar novas saídas, e criticam o poder em suas manifestações. No entanto, eles divergem na questão do sujeito e no anti-humanismo presente em Foucault.
Este documento resume o livro "A Teoria do Romance" de Georg Lukács. O livro é considerado um clássico do estudo do gênero romance e aplica conceitos da filosofia de Hegel à estética. Embora Lukács tenha posteriormente se distanciado da obra devido à sua adesão ao marxismo, o livro permaneceu uma referência fundamental para reflexões estéticas, inclusive as de inspiração marxista.
Este artigo discute os conceitos de símbolo, alegoria e barroco a partir da perspectiva de Walter Benjamin. Analisa como o modo de ser barroco se assemelha ao modo de ser do indivíduo moderno. Discute como Benjamin diferencia símbolo e alegoria e como a alegoria é capaz de representar adequadamente a realidade histórica.
1) O documento discute as relações entre anarquismo e marxismo, analisando como o pensamento de Marx e Engels evoluiu ao longo do tempo e como foi distorcido por sucessores.
2) Aponta que o anarquismo construtivo e coletivista se aproxima mais do marxismo original do que outras vertentes anarquistas.
3) Discute como anarquistas e marxistas influenciaram-se mutuamente no passado, com Bakunin traduzindo O Capital e Proudhon influenciando o jovem Marx
1) O documento discute a teoria da "semicultura" proposta por Theodor W. Adorno, na qual a formação cultural se converte em uma semiformação socializada devido à alienação do espírito.
2) Adorno argumenta que a cultura tem um duplo caráter: remete à sociedade e intermedia entre esta e a semiformação. A cultura se tornou um valor em si mesmo dissociado da realização das coisas humanas.
3) A formação cultural se emancipou com a burguesia, mas sua relação com a prática apresentou-se como de
O documento discute as ideias de Marx e Engels sobre o sindicalismo, particularmente o sindicalismo docente. Apresenta os princípios da dialética de Marx, como totalidade, movimento e contradição. Argumenta que os sindicatos, ao unirem os trabalhadores, podem desempenhar um papel importante na luta contra o capitalismo e na construção de uma sociedade socialista.
1) O documento discute as interpretações do pensamento de Nietzsche pelo anarquismo, notando que inicialmente foi visto como individualista, mas que anarquistas e operários também se reconheceram nele.
2) Havia diferenças entre o anarquismo teórico e militante que dificultaram compreender Nietzsche, mas havia afinidades entre ambos em desconstruir distinções modernas.
3) Após as guerras mundiais, só no século XX a leitura filosófica de Nietzsche permitiu ent
Democracia Racial E Multiculturalismo. A Ambivalente Singularidade Cultural B...janioguga
Este documento discute a obra de Gilberto Freyre e sua análise da formação social brasileira. Apresenta a crítica de Anthony Marx à teoria da "democracia racial" de Freyre e argumenta que Freyre via a sociedade brasileira como estruturalmente sadomasoquista devido à ausência do Estado e instituições, o que levou ao domínio pessoal. A dialética entre os princípios despótico e inclusivo do patriarcalismo brasileiro explica a singularidade cultural do país.
Este documento discute a formação intelectual de Euclides da Cunha e como ele transformou uma linguagem científica em motivação literária em seu livro "Os Sertões". Analisa como ele se utilizou das correntes do Romantismo e do Naturalismo para abordar temas como nação, ciência e literatura, ao invés de ser limitado por essas correntes do seu tempo.
Teorias dos Estados Anarquista e Marxista - Felipe CorrêaBlackBlocRJ
Este documento discute as teorias do Estado anarquista e marxista, comparando as visões de Marx, Engels e Bakunin. Os anarquistas do século XX criticaram o bolchevismo e a social-democracia por não abandonarem o Estado. Bakunin via o Estado como uma ferramenta de dominação de classe e acreditava que ele criaria sua própria classe dominante, a burocracia. Isso fundamentou as críticas anarquistas ao socialismo estatal do século XX.
Um Parresiasta no Socialismo Libertário - Edson PassettiBlackBlocRJ
Maurício Tragtenberg é descrito como um "parresiasta", ou seja, alguém que fala a verdade sem medo das consequências. Ele criticou abertamente o Estado e os princípios de necessidade do Estado. Ele também promoveu uma visão de socialismo libertário que combinava os aspectos econômicos do marxismo com os ideais anarquistas de liberdade individual.
Vikash Kumar Singh is seeking a position that allows him to enhance his skills and contribute to a company. He has a B.Tech in Electrical and Electronics Engineering from Bharath University with 85% marks. He has over 6 years of experience as a Senior Electrical Engineer in cement plant operations and maintenance. Currently, he works for Samrat Cement Company Pvt. Ltd. in Nepal and has the skills and experience to work on electrical systems like switchyards, transformers, motor control centers, and more. He is hardworking, a quick learner, and open to new challenges.
Este documento presenta un resumen de la transmisión del calor. Explica que el calor es la energía que se transfiere de un cuerpo a otro a través de la interacción térmica. La transmisión de calor ocurre cuando un objeto con alta temperatura transfiere energía a un objeto con menor temperatura. También describe la ley cero de la termodinámica, la cual establece que dos cuerpos en equilibrio térmico con un tercer cuerpo estarán también en equilibrio térmico si poseen la misma temperatura.
This document is the syllabus for an online Introduction to Statistics I course taking place over the summer semester of 2014. It outlines the weekly schedule, assignments, quizzes and exams. The course is taught by Charles McLauchlin and covers topics like data collection, measures of center and variation, probability, probability distributions like binomial and normal, sampling, estimation, and hypothesis testing. Students will complete weekly homework assignments through MyStatLab and have 4 quizzes and a midterm and final exam to assess their understanding of the statistical concepts covered during the 11 week course.
Functional Analysis of the Molluscum Contagiosum Virus MC160 Death Effector D...Sarah Weber
This document is a thesis submitted by Sarah Weber in partial fulfillment of the requirements for a Master of Science degree in Biology from Seton Hall University. The thesis investigates the functional analysis of the RxDL motif in the MC160 death effector domain-containing protein encoded by the Molluscum contagiosum virus. The thesis provides background on MCV and the MC159 and MC160 proteins. It describes experiments conducted to generate mutants of the RxDL motif in MC160 and assess their ability to inhibit TBK1- and MAVS-induced activation of interferon-beta. The results showed that surprisingly, the RxDL motif mutants of MC160 retained the ability to inhibit IFN-β activation.
The study tested whether growing Escherichia coli (E. coli) with other bacterial strains, Staphylococcus epidermidis or Streptococcus salivarius, would cause the E. coli to develop antibiotic resistance faster than growing E. coli alone. Over multiple generations, the study found no significant difference in the development of antibiotic resistance between the pure and mixed bacterial cultures. While all cultures showed decreasing effectiveness of the antibiotics over time, mixing bacterial strains did not accelerate the mutation rate leading to antibiotic resistance in E. coli.
This document provides an overview of healthcare reform reporting requirements for 2015, known as 6056 reporting. It discusses the key forms involved - Form 1094-C (the employer cover sheet) and Form 1095-C (the individual employee statement). Examples are also provided to demonstrate how to complete the forms for different types of employees. The document aims to help employers understand and comply with the new reporting rules.
The document summarizes a study that investigated whether culturing E. coli with Streptococcus salivarius or Staphylococcus epidermidis increased the rate of antibiotic resistance in E. coli compared to culturing E. coli alone. Over multiple generations, resistance to penicillin, streptomycin, and erythromycin increased for both the mixed cultures and E. coli alone. However, statistical analysis showed no significant difference in the rate of increased resistance between the mixed cultures and E. coli alone, contradicting the initial hypothesis.
The document lists various residential and commercial properties and projects located in Lebanon, Egypt, and Syria. It includes details on renovations completed for residential apartments and office buildings, as well as designs for residential villas, office buildings, a mall center, and municipal palace. Project details like location and total area are provided.
The document provides an analysis of the multimodal features used in movie trailers to impact audiences. It examines the use of written text, spoken language, moving images, sound effects, and music in the trailers for Selma, Central Intelligence, and Suicide Squad. The analysis finds that these features are used to convey information to audiences, set the tone and genre, create anticipation, and appeal to a wide target audience to increase ticket sales.
This document provides details on the design of a real estate application that utilizes SMAC (social, mobile, analytics, and cloud) technologies. It begins with an introduction to the problem and objectives of optimizing real estate search and filtering using a user's online activities. It then describes the feasibility study, including economic, technical, and behavioral considerations. The remainder of the document provides details on the system analysis, design, and technologies used, including Salesforce, Visualforce, Apex, and various UML diagrams.
The film trailer introduces the family who live happily in the forest away from society. When the mother dies, the children must venture into the real world for the first time to attend her funeral. They struggle to adjust and don't fit in, learning difficult lessons. The father faces challenges as others question his parenting. The trailer shows the family's journey as they experience new things and deal with their loss while maintaining their close bond.
This trailer summarizes the plot of a new film about a teenage girl named Mia dealing with family issues at home. It shows Mia arguing with her friends, joining a gang who drink and do drugs, and impulsively chasing after them into the path of an oncoming car. The trailer builds tension through its shots of Mia's troubled home life and risky decisions with the gang, culminating in the car accident at the end. It promotes the film's exploration of a girl losing her way but ultimately finding new hope.
This document discusses various locations that were used for shooting scenes in a film trailer. It describes five different locations: 1) a residential area with a bench used for a scene where characters meet up and argue; 2) under a train bridge where the gang hangs out, described as run down and isolated; 3) the outskirts of town with a bench where a character joins the gang; 4) a road with some traffic where a character receives a phone call; and 5) grass and bush areas on the side of the road suggesting an abandoned area where characters cross to leave one character behind. Each location was chosen to suit different aspects and scenes in the film trailer.
III Seminário de Pesquisa em Dança - PPGDança - UFBA. Artigo Isaura Tupiniqui...Isaura Tupiniquim
O documento discute a dança na contemporaneidade e como certas obras de arte na década de 1950-1970 desafiaram padrões sociais e estéticos através da transgressão. Também analisa como artistas como Artaud, Nijinsky e Hijikata usaram suas próprias performances e corpos para questionar fronteiras entre vida e arte. Finalmente, reflete sobre como esses conceitos de transgressão ainda ecoam na produção artística atual, principalmente na dança.
Este documento discute as representações de gênero nas letras do pagode baiano, focando nos estereótipos de "piriguete" e "putão". Analisa como essas representações reforçam a dominação masculina e a desigualdade de gênero por meio da linguagem. Também examina como esses termos carregam significados culturais que naturalizam papéis de gênero assimétricos e perpetuam preconceitos.
1) O texto discute a relação entre inconsciente e ideologia segundo Althusser e Pêcheux, que os concebem como "estruturas do desconhecimento" que produzem efeitos, não como realidades fenomenológicas.
2) Althusser aponta que a ideologia não está relacionada à consciência e ambos descentraram o sujeito, aproximando-se do inconsciente freudiano.
3) Pêcheux desenvolveu um dispositivo de leitura materialista para intervir politicamente a partir da teoria, tom
O documento discute as visões de Franz Boas, Clifford Geertz e Claude Lévi-Strauss sobre cultura e alteridade. Boas rejeitou as teses evolucionistas e fundou o relativismo cultural, enquanto Geertz viu a cultura como um conjunto de significados simbólicos. Lévi-Strauss defendeu a existência de leis universais, vendo a cultura como um sistema estrutural de parentesco e trocas.
A imagem. Essa companheira inseparável de nossos corpos. Devido a ela é que nos sentimos como que perseguidos por todas as horas do dia. Manifestadora dos enigmáticos desejos, medos e movimentos deste sentir-se vivo. Contudo, independente de tão grande polêmica envolvida na imagem corporal, a abordagem deste trabalho concentra-se na grande área da Antropologia Cultural, tendo em vista sua relevância no processo etnográfico que aqui será levantado e inserido na discussão da Educação Física ou Educação Motora para a contemporaneidade.
1) O documento discute a visão pós-moderna de Michel Maffesoli que critica a racionalidade moderna e defende uma abordagem mais pluralista e dinâmica da sociedade.
2) Maffesoli acredita que a modernidade tentou impor uma visão homogênea e racional do indivíduo que não reflete a complexidade e contradições da realidade.
3) Em seu livro "A Parte do Diabo", Maffesoli argumenta que a pós-modernidade representa o retorno do recalcado pela modernidade, simbolizado
Este documento discute a aplicação da antropologia cultural à literatura comparada. Argumenta que conceitos da antropologia como sincretismo, adaptação e reinterpretação também se aplicam aos fenômenos literários. Defende que para entender influências literárias entre culturas é necessário considerar os "meios internos" como estruturas sociais e papéis de cada sociedade.
Comentários contextuais acerca do texto “cultura y culturas desde la colonial...ajr_tyler
O documento resume a obra do antropólogo peruano Rodrigo Montoya Rojas e sua proposta de "socialismo mágico". Segundo a antropóloga Selma Baptista, Rojas busca sintetizar a questão étnica e política no Peru, combinando elementos de esquerda e questões étnicas inspirados por José Mariátegui. Rojas vê a "utopia andina" como resposta ao fragmentador "localismo", propondo uma identidade andina unificada que mantenha a diversidade cultural.
O documento discute três visões da alteridade: 1) o outro como fonte de todo mal, culpando o outro pelos problemas sociais; 2) o outro como representante de uma cultura totalizante e estática; 3) a tolerância como mecanismo que mascara desigualdades e leva à indiferença. Defende-se que é preciso superar essas visões, reconhecendo a diversidade cultural de forma dinâmica e sem fixar identidades.
O documento discute as abordagens teóricas da literatura no Brasil nas décadas de 1960 e 1970. Inicialmente, havia uma tensão entre o estruturalismo e o marxismo, que enfatizavam respectivamente a análise formal dos textos e sua relação com a sociedade. Posteriormente, surgiram novas correntes como a Escola de Frankfurt e o pós-estruturalismo, que questionaram essas abordagens positivistas em favor da singularidade e da crítica social.
Pinho, L. C. Por uma existência artística - ética e estética em Nietzsche e F...LuizCelso1966
A reflexão ética em Nietzsche possui diversos objetivos: a dissecação psicológica das contradições da moralidade de rebanho (Humano, demasiado humano); a fidelidade ao que cada um tem de singular (A gaia ciência); o antagonismo entre “senhores” e “escravos” (Genealogia da
moral); a afirmação incondicional do eterno retorno (Assim falou Zaratustra); o imperativo de autossuperação trágica (Ecce homo). A problematização foucaultiana da conduta individual, por sua vez, abrange a cultura greco-romana no intuito de formular as bases do que seria uma “vida
bela”. Essa postura tem por objetivo circunscrever todo um conjunto de “tecnologias de si” que permitam a nvenção de modalidades inovadoras de governo de si e dos outros na modernidade. Apesar da especificidade do
projeto filosófico de cada um, os dois autores possuem, como denominador comum, o imperativo de promover uma existência artística.
O documento discute a cultura hip-hop no Brasil e como ela representa novas formas de identidade e pertencimento cultural. O hip-hop surgiu nos Estados Unidos e se espalhou pelo mundo, sendo adotado por jovens de periferias urbanas como uma expressão das experiências compartilhadas de discriminação e segregação. O hip-hop também desafia a dicotomia entre arte e política, representando vozes marginalizadas.
O documento discute três concepções de cultura: 1) cultura-valor, referente a habilidades culturais; 2) cultura-alma coletiva, relacionada à identidade de grupos; 3) cultura-mercadoria, ligada a bens de consumo.
Entre praticas e_representacoes_os_folhetins_nos_anos_sessentaSilvana Oliveira
Este documento apresenta um resumo de uma dissertação de mestrado sobre as representações sociais na década de 1960 através dos folhetins publicados pela revista Capricho no Brasil. O objetivo é analisar como esses folhetins refletiam a mentalidade feminina da época e as formas de leitura e cultura popular, sem colocá-los de modo simplista como "cultura de massa".
O documento discute a inter-relação entre psicanálise e filosofia à luz de uma interpretação da modernidade como um projeto de encobrimento da finitude humana. A psicanálise e a filosofia podem se encontrar nessa tensão em relação à razão, uma vez que ambas se movem entre os parâmetros da angústia e do saber. A tensão entre esses saberes ilustra como eles reconhecem seu enraizamento na finitude humana apesar dos esforços de racionalização.
O documento discute a inter-relação entre psicanálise e filosofia à luz de uma interpretação da modernidade como um projeto de encobrimento da finitude humana. A psicanálise e a filosofia podem se encontrar nessa tensão em relação à razão, uma vez que ambas se movem entre os parâmetros da angústia e do saber. A tensão entre esses saberes é ilustrada pela questão da angústia, que revela o abismo no qual o saber se abisma.
Este documento analisa a representação do escritor como intelectual em dois romances: A correspondência de Fradique Mendes de Eça de Queiróz e Nação Crioula de José Eduardo Agualusa. Ambos usam o personagem Fradique Mendes para construir projetos intelectuais diferentes para o escritor. No primeiro, Fradique endossa o discurso imperialista português da época. No segundo, escrito quase 100 anos depois, Fradique é reescrito para deslocar o ethos do escritor e produzir um novo modelo de su
1) O documento discute diferentes abordagens antropológicas como estruturalismo, antropologia cultural e comunicação.
2) Ele explora os conceitos-chave de Lévi-Strauss sobre estruturas que preexistem às culturas e sobre invariantes culturais.
3) O documento também discute a rejeição do estruturalismo a abordagens históricas e empiristas e sua ênfase na compreensão das estruturas subjacentes às culturas.
Este documento discute a representação da mulher e da violência contra a mulher nas canções populares brasileiras entre 1930-1945. Analisa como as letras de música frequentemente retratavam as mulheres de forma estereotipada e machista, justificando a violência doméstica e a inferioridade feminina. Também explora como a cultura do "malandro" influenciou essas representações, normalizando a agressão contra as parceiras.
1) O documento discute o livro "Um corpo estranho: ensaios sobre sexualidade e teoria queer" de Guacira Lopes Louro.
2) O livro aplica a teoria queer para questionar categorias como identidade de gênero e sexualidade que são vistas como construções sociais.
3) Ao invés de normalizar corpos "estranhos", o livro defende que a educação deve enfatizar a produção das diferenças e a instabilidade das identidades.
Semelhante a Artigo Isaura Tupiniquim - "Desvios heterogêneos entre dança e o conceito de informe". (20)
Artigo Isaura Tupiniquim - "Desvios heterogêneos entre dança e o conceito de informe".
1. DESVIOS HETEROGÊNEOS ENTRE DANÇA E O CONCEITO DE INFORME
Isaura Tupiniquim PPGDança – UFBA
Orientadora: Fabiana Britto
RESUMO
A partir dos conceitos de heterologia, heterogeneidade/homogeneidade e
informe do autor Georges Bataille, este artigo busca observar a ocorrência
destes na produção contemporânea em dança. Pensados no campo da
transgressão esses conceitos colaboram na compreensão das escolhas e suas
implicações na produção estética e de conhecimento na dança contemporânea
como processo anti-hegemônico. O heterogêneo na dança contemporânea é
tratado como aquilo que no processo de homogeneização da produção da arte
surge por excrescências, secreções - o informe. A dança contemporânea se dá
em grande parte no campo discursivo atravessada por conceitos atualizados ao
seu contexto, assumindo a condição conceitual de produzir questões e crítica.
Nesse sentido é possível recorrer a tais conceitos como forma subversiva de
atuação do corpo, em contraposição a práticas homogeneizantes da dança.
Sendo assim, como a dança contemporânea vem tangenciando esses
conceitos na sua produção estética – discursiva?
Palavras-chave: dança contemporânea; heterogeneidade; informe
Abstract
Based on concepts of heterology, heterogeneity / homogeneity and inform by
the author Georges Bataille, this article seeks their occurrence in contemporary
dance production. Thought in the field of transgression, these concepts
collaborate in understanding the choices and its implications on aesthetic and
knowledge produced in contemporary dance, as an anti-hegemonic process.
Heterogeneous in contemporary dance is treated as something that in the
homogenizing process of art production emerges by excrescences, secretions –
the inform. Contemporary dance takes place largely on the discursive field
crossed by concepts updated by contexts, assuming the condition to produce
conceptual and critical issues. In this sense it is possible to use these concepts
as a subversive form of the body’s acting, opposed to homogenizing practices
of dance. Therefore, how has contemporary dance been approaching those
concepts in its aesthetic-discursive production?
Keywords: contemporary dance; heterogeneity; inform
2. DESVIOS HETEROGÊNEOS ENTRE DANÇA E O CONCEITO DE INFORME
Isaura Suélen Tupiniquim Cruz
1
– UFBA
“Ora, uma profanação em um mundo que não reconhece mais
sentido positivo no sagrado, não é mais ou menos isso que se
poderia chamar de transgressão?”
Foucault
Em “A estrutura psicológica do fascismo”2
, o autor Georges Bataille afirma que
a base da homogeneidade social é a produção. O autor propõe distintas
camadas para compreensão da heterogeneidade, desde sua existência nas
práticas soberanas e homogeneizantes do social, as quais rechaça a miséria,
que por sua vez é sagrada, impura e intocável. Á exemplo, da existência
heterogênea do amo distinta da heterogeneidade do escravo que parte de uma
relação sádica com o soberano, assim, a abjeção própria do seu semelhante já
não é mais parte dele, senão a possibilidade de se diferenciar e por vezes de
subjuga-lo a fim de se aproximar da condição soberana.
A heterogeneidade seria por tanto, o encontro da oposição extrema das
formas, “entre formas elevadas e imperativas (superiores) e formas miseráveis
(inferiores)”. (BATAILLE, pg.152). A produção estética e intelectual de Bataille
fora voltada para o tensionamento das formas homogeneizantes, a
heterogeneidade aparece assim como contingencia necessária à produção do
desconforto de tudo que as instituições, a filosofia e a própria arte mistificara de
imagens e ideias apolíneas e formalistas. Para tanto o autor recorrerá
constantemente ao que ele chama de “formas baixas”, atuando no
contrassenso das formas lineares, mas agindo com ela para naturalização da
sombra como necessária a luminosidade, suas gradações e seu contrário.
Da negação à reconciliação do sujeito civilizado em consonância com a
imposição dos seus fluídos, daquilo que é abjeto - fétido antes mesmo de sê-lo
por livre percepção e compreensão, mas por uma incursão valorativa do mal
associado ao sujo e disforme. O heterogêneo passa por limiares complexos da
relação de poder. O fascismo ou as figuras soberanas de Hitler e Mussoline
1
Isaura Tupiniquim é artista, graduada em licenciatura em dança e mestranda em dança pela
Universidade Federal da Bahia onde atualmente é professora substituta. e-mail
isauratupiniquim@gmail.com
2
Um dos textos da revista Documentos, criada e produzida pelo autor Georges Bataille - 1929.
3. são vistas por ele como figuras heterogêneas por opor-se a democracia e por
instaurar a base da autoridade como princípio incondicional acima de qualquer
juízo utilitário. Com isso, a noção de heterologia3
proposta pelo autor, coloca a
relação do sujeito com o mundo como situação limite.
Dir-se-ia que os “elementos baixos” da gnose correspondem a
uma salutar contestação do servilismo e dos constrangimentos
inerentes à linguagem. Estes elementos ainda perduram na
metafísica, esclarece Bataille, embora de um modo “reduzido”
e “emasculado”. Eles continuam a desempenhar o papel de
destruição e de negação nos sistemas do saber, ainda que
limitados a um papel construtivo, submetidos ao espírito (de
algum modo em elevação). Razão porque Bataille se interessa
pela gnose como “subversão bizarra” do pensamento,
sobretudo do discurso filosófico linear e homogêneo. (FONTES
FILHO, pg. 40).
Por meio desse viés sádico e do encontro extremo da heterogeneidade entre
semelhantes, se produz, o desejo utópico soberano, da forma pura e
homogeneizante de um estado, segundo Bataille. Com isso o autor também tira
do heterogêneo a ideia de uma coisa boa ou benéfica simplesmente, além de
fazer uma provocação. Ou seja, o sadismo de um estado de exceção como o
Nazismo é por consequência heterólógico4
, por produzir a eliminação do
diferente, a exclusão do outro que lhe é estranho, por meio da crueldade, para
consolidação do estado homogêneo. Criação autoritária capaz de manipular e
massacrar o heterogêneo no encontro com ele e sendo ele seu semelhante.
Ainda que essa concentração em uma só pessoa intervenha
como um elemento que distingue a formação fascista no
âmbito heterogêneo: pelo fato de que a efervescência afetiva
desemboca na unidade, constitui uma instancia dirigida,
enquanto autoridade, contra os homens; essa instancia é
existência para si antes de ser útil e existência para si distinta
da uma sublevação informe cujo sentido para si significa “para
os homens sublevados”. Essa monarquia, a ausência de
democracia, de fraternidade em exercício do poder – formas
3
Qualidade ou condição de heterólogo. Heterólogo: Diz-se de partes do corpo ou do organismo
semelhantes na aparência, mas compostas de elementos diferentes pela origem ou pela
estrutura. Diz-se de tudo o que apresenta diferenças na origem ou na estrutura de seus
elementos de formação. Retirado do dicionário Houaiss – Editora Objetiva LTDA.
4
Diz-se de termo ou de locução cujo significado não coincide com seus atributos linguísticos
(como, p.ex., o vocábulo oxítono, que não é acentuado na última sílaba, ou monossílabo, que
não possui somente uma sílaba). Retirado do Dicionário Houaiss. O termo está empregado
aqui no sentido de certa incongruência e incoerência entre os discursos e as práticas.
4. que não existem unicamente na Itália ou Alemanha indica que
deve haver resignado forçosamente as necessidades naturais
e imediatas dos homens em beneficio de um princípio
transcendente que não pode ser objeto de nenhuma explicação
exata.5
(BATAILLE, pg. 150)
Assim, a implicação entre o homogêneo e o heterogêneo é entendida aqui
como tensões que configuram a experiência humana e também religiosa, o
jogo de contrários, a oposição extremada nos leva crer então que o
homogêneo não passa de uma utopia soberana que jogara contra si mesma
nos desvios cruéis da sua autoridade à sua condição heterogênea. Então, se o
heterogêneo é uma condição "natural" e não uma derivação da relação elimina-
se desse jogo os valores de oposição entre bem e mal, que dão formas
elevadas ou miseráveis as coisas.
O heterólógico não seria o bom ou o ruim, mas aquilo que no processo de
homogeneização do humano e da produção da arte, surge por excrescências,
secreções, insólito, não esperado, ainda não mapeado, que foge aos padrões
de utilidade. No texto Muros: da cidade capsulada ao surto heterológico,
Drummond6
, apresenta essas características em relação à cidade. Depois das
manifestações de junho de 2013 em quase todo o país, na cidade de Salvador
se tornou ainda mais recorrente as pichações com frases anticapitalistas ou de
oposição às políticas de vida contemporâneas. Essas excrecências que
desviam o olhar e “sujam” a cidade, são entendidas pelo autor como literatura.
Tornada arte, a ação e escritura do piche provocam fissuras necessárias às
relações de controle e anestesiamento das práticas sociais e da própria arte na
sua forma erudita.
Segundo Bataille o homogêneo é o desejo produzido enquanto prática
soberana que por sua vez é heterogênea por não se abster as leis. Com isso é
possível pensar que uma política constituída de moral se formula sempre para
negar o que difere e/ou tensiona as formas desviantes de um pensamento
hegemônico. Assim como, o problema da imigração em diversos países é do
5 Georges Bataille La Conjuración Sagrada: Ensaios 1929-1939, selecíon, traducíon y prólogo
de Silvio Mattoni. Tradução do espanhol para o português, minha tradução.
6
Washington DRUMMOND, doutor em Urbanismo pela Universidade Federal da Bahia (UFBA),
professor da Universidade do Estado da Bahia (UNEB). O texto citado encontra-se publicado
no site http://muros.art.br/
5. encontro com o outro como ameaça ou, a “heterogeneidade baixa das
guerras”, que para Bataille é a combinação perfeita dessa lógica soberana.
Essa estratégia de negação ao que escapa a uma forma pré-estabelecida, que
definiria aquilo como dança ou outra coisa, tem uma longa trajetória no tempo
histórico. E nas suas modificações e adaptações, algumas mais radicais outras
menos todas ocupam um papel fundamental na construção daquilo que hoje
entendemos por dança enquanto arte.7
Nesse processo, entre a preservação
de padrões dos balés ou de padrões das danças modernas, temos as
variações transgressoras que provocam os deslocamentos dessa linguagem na
arte.
Não estando, como esteve o balé, comprometida com um
conjunto de passos conjugados segundo um padrão estável de
dinâmica associativa; nem sendo, como foi a dança moderna,
um campo de referenciação metafórica, a dança
contemporânea expressa uma lógica relacional não hierárquica
entre corpos e mundo. Diferentemente dos outros modos de
configuração coreográfica, cuja variação de gênero estilístico,
por mais “pessoal” que seja, ocorre sempre sob o
constrangimento de parâmetros programáticos; a dança
contemporânea se organiza à semelhança de uma operação
metalinguística, na medida em que transfere a cada ato
compositivo os papéis de gerador das suas próprias regras de
estruturação. (BRITTO, 2008, p. 15)
Nesse processo a dança contemporânea além de não possuir uma definição
fechada, também não possui uma técnica específica para todos os corpos, ou
mesmo, um único modelo estético, mas tem um caráter discursivo intenso,
conceitual e que produz perguntas e crítica, para observar essa análise, basta
acessar blogs ou sites de processos de criação em dança contemporânea,
participar de alguns deles, ou mesmo, ver algumas danças8
. Nesse sentido
discursivo, onde parece ficar mais intenso o campo da política, é possível
7
Remeto ao artigo Por uma dramaturgia que não seja uma liturgia da dança de Helena Katz,
publicado na revista sala preta do ppg em artes cênicas eca–usp. “Depois de se separar das
festas, o balé sai da corte e vai para os teatros da cidade”... retoma a introdução da pantomima
dos balés de Noverre para discutir a noção de dramaturgia e para isso faz uma trajetória
simplificada mais muito esclarecedora sobre o processo de transição do balé enquanto uma
organização restrita a uma classe homogênea, suas adaptações para atender um publico
heterogêneo, e como ela começa a criar status de arte ao se aproximar das belas artes (sob a
noção de imitação da natureza).
8
Um dos trabalhos que pode servir de exemplo para essa análise é a obra “médelei - eu sou
brasileiro (etc) e não existo nunca” de concepção e direção de Cristian Duarte. Mais
informações em: http://www.cristianduarte.net/projects/medelei/
6. observar a recorrência de conceitos como o heterogêneo, da diferença e
singularidade como forma subversiva de atuação contra uma tradicional prática
hegemônica da dança, fortemente representada pelo balé.
“A produção contemporânea não é de negação, como foi a produção moderna de
vanguarda”. (CANTON, 2009;36)
Entretanto o discurso contemporâneo da diversidade e a escolha de trabalhar
com não dançarinos, ou ter uma diversidade de corpos numa dança como
estratégia compositiva anti-hegemônica, se esbarra nas lógicas de absorção do
estado, os editais, entre outras instituições e mecanismos homogeneizantes,
além de serem replicadas enquanto lógica compositiva. O discurso que envolve
as práticas da dança contemporânea, que antes poderia ser visto como
estratégia de oposição ao estado, à academia, ou qualquer coisa que revelasse
controle sobre as práticas e formas de vida, é ao mesmo tempo transformado
em peça utilitária de mercado. Nesse sentido seria possível pensar que essa
heterogeneidade como potencia discursiva tem se tornado uma prática
soberana da dança contemporânea na atualidade?
Se pensarmos que essa perspectiva vem acompanhada do indicador da
oposição como resistência discursiva sem performatividade, ou seja, uma
reprodução superficial do discurso da heterogeneidade, e que, dela se promove
uma difusão, absorção e estabilidade de parâmetros e meios de ação da dança
contemporânea, todo esse discurso de heterogeneidade dela poderá sim se
tornar homogeneizante. E no caso da dança contemporânea uma
homogeneidade calcada no discurso de que há um pensamento
performatizado. É evidente que isso é um aspecto que reforça a ideia de
implicação entre corpo e contexto, das trocas com o ambiente de dança
contemporânea, contudo essa ocorrência parece limitar as estratégias
subversivas do próprio ambiente.
Mas, se ainda sim as práticas subversivas da dança interpelam as lógicas
homogeneizantes por uma “inoperosidade”9
, essa contingência poderia tornar-
9 O conceito de inoperosidade aqui se refere ao texto do professor doutor Fernando Ferraz
UFBA - A potência do não fazer, que por sua vez menciona o Bartleby, o escrivão de Heman
Melville (1853) que insiste em negar as ordens do patrão repetindo sempre mesma a frase
7. se, por uma característica heterológica, alguma improdutividade produtiva?
Pensando essa “inoperosidade” como estratégia subversiva das formas de
produtividade inerentes às políticas de editais sim, essa inoperosidade surtiria
efeito transgressor, mas com graves conseqüências, risco inerente às
transgressões. Tais consequências seria, nesse caso, a possível perda dos
recursos governamentais obtidos com grande esforço pela área.
Dessa conjuntura paradoxal que é a vida, algumas propostas de dança
contemporânea apresentam características transgressoras e heterológicas, que
tensionam realidades e formas de ver o mundo, já estabilizadas. Trata-se
também de propostas performativas e coerentes com o contexto atual das
relações do corpo no mundo, que por sua vez, alarga-se a existência não
menos fundamental para a difusão da dança como área de conhecimento, e
criação de novos mitos, que por sua vez, legitimam e se beneficiam dos
agenciamentos econômicos e de circulação que seu discurso e prática,
produzem. Ou seja, tornando-se soberano o discurso heterogêneo e
agregador, que antes atuava como margem e oposição de uma condição
tradicionalista do pensamento em dança, esses discursos podem assumir uma
utilidade, legitimidade e logo, uma arbitrariedade homogeneizante.
Essas reflexões, felizmente nos faz ver como não há uma única verdade onde
nunca deixamos de ser paradoxais e contextuais. A performatividade aparece
aqui como conceito que opera onde não pode haver representação, onde o
discurso já é em si a ação, como as palavras de sentença de um juíz. E na
dança, segundo Setenta, essa relação se afirma na maneira como o sujeito/
artista cria coerência entre o seu fazer e o seu dizer, isso revela novamente o
afastamento de recursos representacionais para criação em dança... “a
Performatividade promove a co-relação indissociável entre o que se faz e o que
se diz – dizer o que faz, fazendo o que diz.” [SETENTA, pg. 84]
Pensando como o Bataille, o homogêneo é aquilo que possui uma unidade e
equivalência de substâncias, e o heterogêneo é exatamente o que destoa
dessa equivalência, assim, como a dança transita nesses conceitos?
“preferiria não” desafiando as lógicas da razão.
8. Quando apresenta uma diversidade de corpos antes inadmissíveis para essa
atuação, valorizando muitas vezes corpos que não tenham na sua trajetória
uma prática específica de dança, mas vindos de universos distintos e até
mesmo bem distantes do meio da arte, corpos sem vícios tradicionais da
técnica de dança? Ou mesmo, quando esta dança se distancia dela mesma
como linguagem refém de movimentos e virtuose, para produzir um corpo
“precário”, de baixo tônus, desprendido da sua ação espetacular? Na constante
crítica e tentativa de explosão da própria linguagem da dança? Como se
configura essa necessidade de desestabilização do corpo e da linguagem para
um dado contexto, pensando nas emergências de uma atualidade?
Em busca de uma heterologia dançada ou a impossibilidade do informe
na dança
Um dicionário começaria a partir do momento em que já não dá
o sentido das palavras, mas os seus usos. Assim, "informe"
não é somente um adjetivo com determinado sentido, mas
também um termo que serve para desqualificar, exigindo
geralmente que cada coisa tenha sua forma. O que designa
carece de direito próprio em qualquer sentido e se deixa
comprimir em todas as partes como uma aranha ou uma
minhoca. Seria necessário, efetivamente, para que os
acadêmicos estejam satisfeitos - que o universo ganhe forma.
A filosofia inteira não tem outro objeto: trata-se de por uma
roupagem ao que existe, uma roupagem matemática.
Entretanto, afirmar que o universo não se assemelha a nada e
que é somente informe significa que o universo é algo como
uma aranha ou um cuspe10
. (BATAILLE, 2003, pg.55)
A relação entre o conceito de heterológico e informe, se manifesta naquilo que
não possui uma forma a priori. Para Bataille, o heterológico e o informe sempre
tencionam os interditos homogeneizantes e das formas previamente
instauradas e estabilizadas, por ser assim, não é de fácil reconhecimento e por
consequência produziria repulsa. Nesse sentido, a dança contemporânea já
seria heterológica pelo fato de ser, de certa maneira, uma margem dos circuitos
de massa.
No caso da dança interessa pensar como o corpo e somente ele é capaz de
produzir sua condição heterológica e informe, nesse caso, inicialmente
pensadas a partir de formas abjetas e excrescentes, e/ou na relação com
10
Minha tradução.
9. substancias externas como objetos e/ou espacialidades alternativas, que
permitam a criação de qualidades de movimento, a fim de distorcer a figura
humana numa configuração estética em dança. Para acessar essas ideias a
partir de algumas propostas que tangenciam esse viés, recorro às imagens
produzidas em MONO trabalho de instalação do artista brasileiro Marcelo
Evelin11
2008.
Nessa instalação, existem três ambientes distintos entre laterais e fundo, cada
um com um uma figura humana masculina em constante ação em torno de
padrões particularizados. Ao fundo, o próprio Marcelo, nu, manipula uma série
de bonecas de brinquedo também nuas, do lado esquerdo está outro homem,
Cipó Alvarenga, de aspecto apolíneo, repete uma série de ações de resistência
contra a gravidade compondo formas lineares sob uma luz negra que realça a
brancura da sua pele, formando um jogo de luz e sombra. Do lado direito Jacob
Alves está deitado numa placa de metal contendo banha/óleo, e sob uma luz
quente, que aquece essa chapa, o dançarino executa repetidas e exaustivas
vezes a ação de se levantar, e sem sucesso escorrega.
Essa ultima imagem de MONO, em composição com as outras ou mesmo
isolada, produz uma aparência repugnante e incômodo imediato. Os fatores
que evidenciam essa qualidade parecem óbvios, contudo, produz modificações
significativas na dramaturgia e percepção da instalação no sentido heterológico
da sua aparição, seja, por sua ação incompleta, “infeliz”, por sua condição de
precariedade que produz o extremo do esforço de permanência em
combinação com o efeito visual gerado pela relação corpo banha de aspecto
visguento, instaurando odor no espaço; e o jogo entre movimento e luz que
aquecem o corpo do interprete e também do espectador.
11 Marcelo Evelin é bailarino, coreógrafo e diretor. Natural de Teresina e por muito tempo
coordenador do núcleo do Dirceu – Piauí, tornou-se um dos principais artistas da dança
nacional e internacional.
10. Numa sociedade regulada por uma necessidade de haver desfechos, onde
existe de imediato o desejo pela compreensão e resolução de situações, as
imagens12
que detonam o oposto dessa perspectiva, ao que aparenta, ainda
podem ser potentes enquanto informação heterológica. O trabalho, ao produzir
o incômodo pela experiência do incômodo, desestabiliza e reconfigura uma
série de expectativas - estruturas cognitivas às quais o público está adaptado:
Sejam elas, das produções simbólicas de massa, da repetição de informações
que recorrem á composições de narrativa linear, ou o êxtase subjetivo do
romantismo e das tragédias nas telenovelas e jornais.
Assim, quando configurações artísticas se propõem a construção de imagens
que fogem dessa estrutura movida basicamente por sentimentos
reconhecíveis, como felicidade, tristeza, etc, (ou mesmo, das imagens de
atrocidades, muito recorrentes à contemporaneidade televisiva), para provocar
sensações e/ou reflexões que supostamente e ainda não foram acessadas
pelos corpos do espectador, surge na percepção o efeito de incompreensão,
em princípio pautado pelo sentido da negação e reprovação. Ou seja, a dança
que transgride esses sentidos será provavelmente censurada por um público
que não reconhece aquela informação e não vê ali nenhuma empatia e
principalmente nenhuma beleza.
No espetáculo Encarnado13
de Lia Rodrigues14
, o excesso de katchup compõe
as cenas em que o corpo é decorado e depois ensacado completamente nesta
12
A noção de imagem empregada em grande parte do texto, quando se trata de dança, se
refere à imagem como aspecto do corpo proposto por Adriana Bittencourt no seu livro
“Imagens como acontecimentos: dispositivos do corpo dispositivos da dança” 2012.
13
Encarnado 2005. Ver: http://www.liarodrigues.com/page2/page3/page32/page32.html
14
Lia Rodrigues Coreógrafa , bailarina, criou e dirigiu o Festival Panorama da Dança durante
13 anos. Retirado do seu site: http://www.liarodrigues.com/page1/page1.html.
11. substância que metaforiza o sangue, e provoca certo desconforto no público
que se agita, nauseado, com o cheiro forte do alimento que impregna todo
teatro. Assim como, no espetáculo de dança Pororoca15
, também de Lia, onde
a fusão entre os corpos, entre ações agitadas, arremessam objetos para cima
produzindo uma catarse que transfiguram a imagem do corpo como humano
normatizado, em todo o espetáculo essa relação de “ruídos, calmaria, choque e
conflito”, impõe uma condição política e primitiva dos corpos. Esses dois
trabalhos parecem mobilizar tanto o campo sensorial como questões de cunho
político e, em sua maioria, conduz o espectador para o encontro com sua
própria condição carnal, heterológica, e de certo modo, sádica e hipócrita.
- Uma dança que constrange os sentidos e a percepção, que ao aproximar-se
do heterológico deixa atuar sua capacidade de produzir o informe como
repugnância.
Será que a produção de “formas primitivas” ainda é a condição de aproximação
com o heterológico e o informe na dança, ou precisamos atentar para toda
contingência que compõe aquela configuração, suas imagens, seu processo de
criação, as ideias implicadas, e sua forma de absorção no mercado? Sua
popularidade restrita ao próprio ambiente faz dela margem entendendo o
heterológico como algo que é constantemente excluído dos sistemas
homogeneizantes, ou acompanha o sistema por criar seu próprio ambiente de
consumo, específico e eficiente? Isso inibe sua qualidade ou potência
heterológica e política?
Considerações sobre o Informe na arte
O informe para Rosalind Krauss (1997) ocorre na arte como eliminação da
representação. Ela afirma que o feitichismo heterológico se apresenta na
segunda guerra mundial em forma de ataque a figuração e as formas concretas
na produção estética das artes visuais. Segundo a autora os restos produzidos
nas cidades e tudo que se configurasse como abjeto e renegado era para
Bataille uma forma de negar o materialismo básico da filosofia. As “formas
baixas”, abstratas e em decomposição apontam para a seguinte frase do
15
Pororoca 2009. Ver: http://www.liarodrigues.com/page2/page3/page57/page57.html
12. Bataille no artigo de Krauss: “La heterologia es la ciencia de lo que es
completamente otro” (KRAUSS, 1997). O completamente outro nesse sentido é
inapreensível e resistente a uma lógica formalista.
Entre as décadas de 60/70 esses aspectos serão continuados, como a noção
do acaso, de antiarte, negação do objeto e das narrativas lineares, do cotidiano
ou “reação ao drama, e ao expressionismo” (CANTON, 2009, p. 19), além dos
aspectos baixos como excrementos, vísceras, os restos, tudo que é expurgado
do corpo e do sistema social, apresentava-se de diferentes formas nas
múltiplas linguagens artísticas, performance, cinema etc. Assim, a transgressão
pode ser observada, nesse momento, em que as informações produzidas
possuem uma intenção efervescente no seu discurso para desestabilizar os
moldes das artes. Com proporções conflitantes as obras artísticas de
vanguarda dessa geração em grande parte foram antes de objetos estéticos,
produção política.
“Uma das características das décadas de 1960 e 1970 é a politização da arte nos
próprios termos da arte, e não como subordinação da práxis artística à prática
política”. (FERREIRA e COTRIM, 2009, p.24)
A autora Greiner encaminha a discussão sobre o informe e a abjeção na arte
por suas fronteiras com o real, ou melhor, da crise sobre a insistência do real.
Para isso, cita no seu livro “Corpo em Crise”, produções cinematográficas da
década de 1950/60 em que as experiências de novos diretores partiam da ação
de devassar o corpo, dilacerar e carnalizar o corpo através de rituais de
possessão, sacrifício animal, tortura etc. Uma forma de elevar a sexualidade
reprimida e tensionar estratégias civilizatórias.
Isso quer dizer que podemos pensar a possibilidade do informe na dança
contemporânea por sua capacidade heteróclita de jogar com as sobras e os
excessos daquilo que faz do corpo social e da dança uma ocorrência que
promove o encontro fatal entre corpo biológico e político além de explodir a
própria linguagem naquilo que tensiona os mecanismos de controle das
práticas e da economia por uma homogeneização discursiva.
13. BIBLIOGRAFIA
BATAILLE, G. La Conjuración Sagrada – Ensayos 1929-1939, Buenos Aires,
Adriana Hidalgo S.A, 2003.
BITTENCOURT, Adriana. Imagens como acontecimentos: dispositivos do
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BRITTO, Fabiana. Temporalidade na dança: parâmetros para uma história
contemporânea. Belo Horizonte, FID, 2008.
CANTON, Katia. Narrativas Enviesadas. – São Paulo: Martins Fontes, 2009.
DRUMMOND, W. Muros: da cidade capsulada ao surto heterológico.
Comunicação realizada no Seminário Muros: territórios compartilhados, 2013.
FERREIRA, Glória e COTRIM, Cecília (orgs.). Escritos de Artistas: Anos 60/70.
– Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2009.
FONTES FILHO, Osvaldo. Georges Bataille: Notas impertinentes sobre
demências e monstruosidades na forma clássica. São Paulo, Hypnos, 2005.
GREINER, Chistine. O corpo em crise: novas pistas e o curto-circuito das
representações, São Paulo: Annablume, 2010.
SETENTA, Jussara. O fazer-dizer do corpo: Dança e Performatividade.
Salvador: EDUFBA, 2008.
KRAUSS, Rosalind. Informe. Revista Spanish Theory, 1997. Disponível em:
http://www.fen-om.com/spanishtheory/theory120.pdf