1. Ano das Estrelas, 11 de agosto de 2013.
O tempo!
Minhas queridas sementes,
Fechem os olhos e relaxem neste lugar tão bonito com uma brisa beeeem fi-
na acariciando seu rosto. As árvores, estes pinhei-
ros tão grandes, estão orgulhosos e contentes de
lhes oferecer sua clorofila. Os pássaros estão pro-
curando algo para comer e alimentar seus filhotes;
as abelhas estão nas flores coletando néctar para
transformá-lo em mel. As borboletas nas árvores
sabem que o tempo é precioso.
O tempo é um segundo, um suspiro, dura muito pouco e, ao mesmo tempo, é
uma eternidade. Quanta profundidade há nessas palavras quando nos referimos
ao tempo. O que é uma vida? É um detalhe que pode ser intenso, muito grande e
importantíssimo; ou pode ser simplesmente um abrir e fechar de olhos.
Quando se está ao lado da pessoa amada, parece que passa depressa ou que
dura anos e anos. Mas esse tempo é apenas uma ilusão. São os hormônios que
mandam; é uma adrenalina e alegria que nos faz sentir que o tempo não existe.
Quando o amor se vai, não se tem tempo para nada. Ficamos tristes e os dias são
longos enquanto choramos de tristeza, de dor. É nesses dias que você acorda e se
pergunta: por que me abandonou ou por que o tempo foi injusto comigo?
Não, minhas sementes. A vida não lhe dá o que você quer. Quase nunca!
Mas a vida lhe dá aquilo de que você necessita. Existe aí uma diferença importan-
te. Nunca pensamos naquilo de que necessitamos, mas sim no que queremos. Al-
gumas pessoas me disseram: “Gostaria de ter um
Porsche, uma Mercedes, uma Ferrari”. Outras
dizem: “Gostaria de fazer parte de uma elite, gos-
taria de ser um grande Mestre do Ensinamento” -
mas apenas para receber os louros, os aplausos.
“Gostaria de ter muito dinheiro, sou ambicioso e
gostaria de ter uma casa, propriedades. Quisera
ter o mundo aos meus pés.” Há outros que pen-
sam: “Falta-me tempo para conquistar”, ou seja,
2. conseguir que o mundo dependa de mim, que os outros tenham que me pedir favo-
res. “Você pode me ajudar a fazer isso; me faça aquilo”. Essas pessoas não se
dão conta de que o tempo passa e que elas estão a serviço dos outros. Mas ele
não, está a serviço de Deus.
O tempo fica passa bem devagar quando se espera o nascimento de um fi-
lho. Ele fica muuuuiiito lento. Mas vale a pena a espera pela recompensa de ter
um filho nos braços, e aí o tempo passa rápido.
Há filas desempregados procurando emprego. Aí o tempo fica lento: meses,
anos aguardando. E outros tempos em que jogam comida fora, jogam dinheiro fo-
ra em luxos que não aproveitarão.
Vimos, no início, o tempo de um amor. Mi-
nhas amadas estrelas, a felicidade existe, mas dura
apenas um minuto, um instante ou um certo tem-
po... Vocês sabem – já repeti várias vezes – que o
momento de nosso nascimento é o compromisso da
dor, do sacrifício e das obrigações com a vida e
ficamos marcados pelo tempo: o dia, o peso, o mês e o ano. Este é o nosso primei-
ro tempo. Vamos crescendo, como uma árvore e, dependendo do vento, das tor-
mentas, do sol e do frio, ficaremos forte ou fracos.
As árvores são os seres mais fortes que existem na natureza. Podem medir
seis metros ou mais. Quando o vento sopra, elas não se movem, seus braços são
fortes. O bambu – e é essa a frase que eu sempre repito a vocês –, ‘temos que ser
como o bambu’. Ele tem os ramos mais fortes da
natureza. Quando o vento sopra, eles se vergam.
Quando há grandes tornados, o bambu continua
a vergar até o chão, mas não se quebra. Aquela
árvore que sempre foi tão orgulhosa de sua força,
de sua nobreza, muitas vezes arranca as raízes e
cai por terra. Mas o bambu, quando a tempestade
acaba, volta novamente a sua posição, ereto, di-
reito e novamente de braços abertos para recolher
a alegria que acontece ao seu redor.
Há uma frase que diz: “O vento, o tempo coloca cada coisa em seu lugar”. E
é bem assim. Alguns dias, o mar nos mostra dias de grandes tempestades, tsunamis,
ondas. Outros dias, uma calma e uma tranquilidade que faz com que nos enamore-
mos dele. Assim são as criaturas deste planeta: algumas resistem mais, outras me-
3. nos. Lembremo-nos sempre do bambu.
Quando muitas sementes dizem: “Sou feliz porque meu amado – ou minha
amada - me ama, está apaixonado e sente ciúmes de mim; sempre me cerca de aten-
ções”. Cuidado, não se enganem. O ciúme é uma doença muito grave. É uma doen-
ça pior que o câncer, que a AIDS. Os ciúmes não desaparecem nunca. Sempre estão
adormecidos ou despertos dentro de nós. O ciúme é um sentimento de posse e aca-
bam afogando ou matando a pessoa.
Outra frase que se diz muito: “o amor mata”. Não, o amor não mata nunca.
São as pessoas com seus ciúmes que acabam afogando psicologicamente outra pes-
soa. Os ciúmes e a inveja são os piores inimigos do homem.
Aproveitem um dia em que estiverem em sua horta, jardim ou em algum ca-
minho, para arrancar um capim - uma daquelas ervas daninhas que dizem que in-
vadem os territórios que não são delas. Vocês
vão ver como é difícil fazer isso. Há uma outra
expressão que diz: “sempre morrem as pessoas
boas e ficam as ervas daninhas”; “erva daninha
nunca morre”. Que grande verdade existe nesta
expressão. Nuuuunca se consegue arrancar a
erva daninha. Assim são os ciúmes, as invejas e o
poder. Se tiverem a oportunidade, parem um
pouco para pensar nisso e, se tiverem um jardim, arranquem essas ervas e as esta-
rão arrancando de vocês mesmos.
Uma vez uma semente me perguntou: “Jardinera, fale-nos das coisas da na-
tureza”. A natureza é como nós. Está cheia de detalhes, sempre há uma árvore
amiga para lhe dar sombra, sempre há um rio para lhe dar água para beber; sem-
pre há a chuva para encher rum regato; sempre há um cantinho onde se encontra
a terra que se transformará em barro ou argila e para onde virão os animais para
se curarem se esfregando nela, nessa terra.
Outro detalhe se refere às nossas amigas, as plantas. Todo o mundo vegetal
tem suas defesas, como os cardos. Por exemplo, o cardo mariano – alcachofra
brava - é muito bom, favorece o fígado e também ajuda os tecidos a se desenvolve-
rem, mas é preciso colocar luvas para cortá-lo. Tem tantos espinhos que é impos-
sível colhê-lo com as mãos. Ele se protege de qualquer animal que queira comê-lo.
Existe também a beladona, que tem seus lindos frutos negros, brilhantes,
mas ela avisa: “Cuidado, se os tocarem, morrerão”. Este também é um detalhe.
4. Cada flor e cada árvore têm seus detalhes e sua defesa. Se não houvesse árvores,
os homens não teriam podido viajar, pois os barcos mais importantes que cruza-
ram os mares da terra eram feitos de madeira. Poderiam ter sido feitos com outros
materiais, como junco ou couro, mas foram feitos de madeira. E este é um detalhe
importante.
Vocês sabem por que cada flor nasce de uma cor diferente? Para chamar a
atenção. Dessa forma os pássaros, os beija-flores, as abelhas e outros insetos vêm
coletar seu alimento. Cada cor atrai um tipo de inse-
to, cada perfume atrai uma espécie. Por isso são co-
loridas. Assim também é o amor, é uma maneira de
enganar. As borboletas são sempre atraídas pelo
aroma. Existem árvores chamadas de “pega borbo-
letas”. São azuis, brancas, rosas e as cores mais
chamativas são as que mais atraem insetos.
O ser humano copiou a natureza e usa o mesmo engodo. As mulheres usam
roupas coloridas, saltos, joias, se maquiam. Os homens atualmente se cuidam mui-
to mais, usam gomalina, gel, se depilam para ficarem mais atraentes. E o resulta-
do é o mesmo: é para atrair um ao outro. Isso quer dizer servir nas necessidades,
dar uma mão quando se cai, cobrir quando se tem frio, um olhar, uma flor, uma
frase, um jantar à luz de velas ou uma boa surpre-
sa. Pode ser também um bilhetinho que foi deixa-
do escondido debaixo do travesseiro ou em algum
outro lugar, ou fazer um plano.
Vocês têm uma lista grande para praticar
aquele amor cheio de surpresas, mas não de ciú-
mes.
Repito mais uma vez que a amizade é o verdadeiro amor. Perguntem aos ca-
sais que já vivem juntos há 7, 10, 20 anos e todos eles dirão a mesma coisa: agora
que nosso amor nasceu, mas depois de muitas guerras. Aceitar os fracassos de ca-
da dia é a vitória de amanhã. Não existem fracassados, não existe o fracasso, mas
apenas um equivocar-se para começar de novo e melhor.
Não cruzem os braços e, principalmente, que a culpa nunca, nunca esteja
em vocês. A culpa não existe. É pura invenção dos homens. A culpa não existe.
Falem com seu Anjo-da-Guarda, falem com o Mestre a sós, falem com Sua Mãe
dos Céus. Ela os compreenderá e lhes dará a resposta.
5. Se praticarem todos os dias o amor, sem ciúmes, sem egoísmo, sem sentimen-
tos de posse, serão as pessoas mais felizes do planeta e do Universo.
Hoje vamos agradecer por estarmos sentados aqui na natureza, nesta paz e
serenidade. É um grande luxo.
Perguntei às árvores se querem me emprestar seus braços; às flores se que-
rem me emprestar suas cores e seus perfumes para poder mandar a vocês todos.
Abracem-se, minhas estrelas, e que vocês possam aproveitar o dia e serem felizes e
que o mais importante são vocês mesmos. Não há nada mais importante para a Ser-
vidora, pois vocês são Luz, e Luz é Vida.
Com todo o meu amor!
La Jardinera