Um menino chamado Gouveia anuncia que vai voar usando três ventoinhas, uma em cada sapatilha e uma no seu boné. Seus amigos duvidam dele, mas ele pede sua ajuda para encontrar peças. Quando está pronto, Gouveia de fato consegue voar, mas esqueceu de programar as ventoinhas para descer e pede socorro. Seus amigos decidem buscar a águia treinada de Gouveia para salvá-lo. No final, tanto Gouveia quanto seus amigos são vistos voando no cé
1. Voar
-Hoje vou voar a sério! – anunciou um dia o Gouveia, à saída da escola.
Acompanhámo-lo, para ver como era. Pelo caminho ele ia armando o seu mistério. Curiosidade
danada, a nossa! Mas nós ajudávamos a criar fantasia.
-Fabricaste umas asas?
-Frio! Frio! – respondia ele, rindo.
-Vais mas é voar num cabo de vassoura!
-Isso querias tu! – continuava, perdido de riso até às lágrimas.
As perguntas dos amigos continuavam, mas ele ia deixando cada vez mais mistério.
-Chegámos!
-Oquê?! Uma sucata? Não me digas que vais tentar construir um helicóptero com isto?!
-Não – disse ele, mandando uma longa gargalhada – eu vou construir três ventoinhas com tanta
potência que me vão fazer voar. Depois é só colocar uma ventoinha em cada sapatilha e uma no meu
boné! Em breve poderei sentir a sensação de voar, de ser livre como uma águia!
-Tu és maluco! – troçavam-no.
-Se for para me gozarem, podem ir já embora!
-‘Tá bem, desculpa…
-Primeiro, vou precisar que me ajudem a encontrar peças, como por exemplo… E foi dizendo tudo
o que queria que lhe trouxessem até eles ficarem com os ouvidos cheios.
-Bem, agora que já tenho tudo o que preciso podem ir embora, não quero que descubram como
se faz!
-Mas… nós queremos ver-te voar!
-Sim, sim e irão ver, eu chamo-vos assim que estiver terminado.
Foram embora amuados…
-Venham ver! Olhem aqui para cima!
-Uau! Ele está mesmo a voar! Não subas tanto, depois não consegues descer!
-Des-des-descer?! Eu esqueci-me de programar as ventoinhas para me fazerem descer! Socorro!
Ajudem-me!
-Como vamos ajudá-lo? Nem sabemos fazer ventoinhas…
E lembraram-se das suas palavras: «(…) de ser livre como uma águia!»
-Já sei! Vamos a casa buscar a sua águia treinada. Ela levar-nos-á até ele e poderemos puxá-lo!
-Sim! Sim! Viva!
-Rápido, temos de nos despachar!
2. De novo na sucata…
-Não podemos subir todos, vai só tu!
-OK, irei salvá-lo, mas se eu não voltar a minha colecção de «tasos» fica para vocês! – disse ele
numa de brincadeira.
Nunca se soube como, mas a verdade é que nunca mais ninguém os viu, até ao dia de aniversário
do nosso «criador de ventoinhas».
Lá estavam eles, todos no céu, a flutuar e em breve na terra, sentindo as suas próprias sensações,
com os pés bem assentes na Terra, de poderem andar!
FIM