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Alvo Potter
e o Caçador de Destinos
Por V. G. Cardoso, baseado no universo e personagens de J. K. Rowling
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Porque a magia ainda não terminou, porque ainda há histórias a serem narradas, porque
o gosto pela leitura de Harry Potter ainda aflora a pele e porque uma legião de pessoas
não pode ficar sozinha sem o bruxo que elas mais adoram.
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Dezenove anos se passaram desde a batalha que silenciara o inimigo
número um da comunidade bruxa. Deste período os bruxos
espalhados pelo mundo podem se gabar de uma sociedade de
aparente paz e calmaria.
Uma nova geração de bruxos e bruxas começa a surgir. Aprendendo
feitiços e predições, e em meio a esta está o filho do renomado Harry
Potter. Alvo Potter, junto com sua prima Rosa Weasley e com seu
esquivo melhor amigo, Escórpio Malfoy (isso mesmo Escórpio Malfoy)
devera embarcar em sua primeira aventura contra um conhecido
vilão que tenta com toda sua genialidade e potencial espalhar o caos
e trazer de volta a vida o impiedoso e nefasto Lorde Voldemort.
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Sumário
Um: A Rua dos Encanadores
Dois: A Decisão do Chapéu Seletor
Três: Encontro de Professores
Quatro: O Memorial de Hogwarts
Cinco: McNaught e Silvano
Seis: O Sentimento que Ainda Habita a Sonserina
Sete: O Artesão Esquecido
Oito: O Conto do Bruxo Linguarudo
Nove: Sonserina vs. Lufa-Lufa
Dez: O Segredo de McNaught
Onze: Férias em Hogwarts
Doze: As Investigações de Rosa
Treze: O Amigo das Corujas
Catorze: O Exulto da Cobra
Quinze: Plano Falível
Dezesseis: Segredos Descobertos
Dezessete: A Jogada de Furius e a Vingança de Mylor
Dezoito: O Caçador de Destinos
Dezenove: O Fim da Sociedade da Serpente
Vinte: O Presente do Velho Weasley
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Capítulo Um
A Rua dos Encanadores
muitos quilômetros longe da sede do governo trouxa e do Ministério
da Magia, a mesma névoa que afligia os londrinos que vagavam pelas
ruas semi-escurecidas também comprimia as janelas e cacos de vidros
das habitações abandonadas que se estendiam por toda a Rua dos Encanadores.
Mesmo sendo fim de tarde a escuridão já vagava pelas cidades de todo o país,
inclusive aquela, que mergulhava em um depressivo e sombrio silêncio cortado
apenas pelo som das águas do rio onde peixes e pequenas formas de vida
carregavam quilos de poluição e elementos tóxicos. Todas as habitações ao seu redor
não demonstravam a existência de nenhum morador atual, mesmo que há anos atrás
várias pessoas já houvessem constituído famílias inteiras naquelas paredes.
Na calçada irregular pilhas e pilhas de lixo e caixas de papelão se amontoavam a
cada metro quadrado, onde famílias inteiras de ratos e ratazanas procriavam e se
alimentavam a todo instante. Dentro de outra caixa de papelão uma pequena matilha
esquelética se abrigava inconfortavelmente da chuva.
Vindo do extremo sul da Rua dos Encanadores, sem demonstrar nenhum tipo de
aborrecimento com relação ao mau tempo e ao frio, um jovem homem bem trajado se
desviava das muralhas de lixo. Seu sapato; bem lustrado; parecia saber exatamente
onde pisar, desviando completamente dos “excrementos” deixados pelos animais.
A Rua dos Encanadores não era o primeiro local que Malcolm Baddock desejava
visitar após um longo dia de trabalhos no Departamento de Transportes Mágicos.
Mas ele havia se comprometido com seus “companheiros” a nunca ignorar o
chamado e se encontrar na sede da sociedade que ele se filiou poucos meses antes de
ter sido aprovado no exame de aparatação e de ter ingressado no Ministério. Claro,
não era um local agradável, mas a sede de uma organização secreta não poderia ser
em qualquer lugar próximo ao Caldeirão Furado, deveria ser um local que chamasse
pouca atenção, mesmo estando camuflado por um mísero Feitiço Fidelius.
Quando Baddock passou perto do papelão junto à matilha, os cãezinhos que
moravam ali latiram tentando afugentar a má aura que rodeava o bruxo. Eram
apenas cães, mas que podiam sentir muitos cheiros além dos que um humano sentia
entre eles o cheiro de magia.
– Calem-se! – resmungou Baddock chutando a caixa de papelão e arremessando os
cães alguns centímetros para perto do rio poluído. Ele sacou a varinha e a apontou
para os cães, fazendo com que faíscas azuis brotassem da varinha e ricocheteassem
contra o chão, dispersando os animais de perto do terreno abandonado. – Finalmente
cheguei. Ah cara! Com certeza estou atrasado. O Sr Yaxley não vai gostar nada disso.
“Sem atrasos nas próximas reuniões, ou pode custar caro para você.”
A
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Baddock se adiantou e retirou do bolso do smoking um pedaço úmido e surrado
de pergaminho. Não havia nada escrito nele, mas ele sabia que aquilo servia como
uma chave, que desativaria temporariamente o efeito do Feitiço Fidelius, e que o
possibilitaria de chegar à sede.
Ele fitou o pedaço de pergaminho e pousou a ponta da varinha sobre esse.
“Aparecium” murmurou, fazendo com que pequenas palavras escritas a mão
surgissem meio desbotadas e fora de foco, contudo Baddock conseguia distingui-las
e assim lê-las.
A Sociedade da Serpente. Sede localizada na Rua dos Encanadores, número quinze,
Londres.
O chão começou a tremer, mas não um tremor como de um terremoto colossal,
apenas como se uma banda de música soasse seu mais novo sucesso tendo várias
caixas de som espalhadas pelos cantos, todas no último volume e tendo uma legião
de fãs histéricos cantando e pulando. As caixas de papelão tombavam para os lados e
as pilhas de lixo se desmoronavam, fazendo com que ratos e ratazanas fugissem para
algum lugar seguro e assim, passando por entre os sapatos de Baddock. Esses já não
pisavam mais na calçada irregular e sim em um luxuoso caminho de mármore negro
que se estendia dos pés de Baddock até as escadas de uma casa.
Exatamente, uma casa havia se erguido de debaixo da terra até atingir a altura de
dois... três... quatro andares. A casa não era muito grande em largura, mas era
bastante comprida. Era mais alta que suas vizinhas, as de número catorze e
dezesseis. Duas gárgulas foram esculpidas em cada extremidade da casa. Seus olhos
brilhantes fitavam a Rua dos Encanadores de maneira sombria e colossal. O gramado
estava milimetricamente aparado por igual, tendo cada centímetro de grama
minuciosamente o mesmo tamanho e a mesma distância um do outro. Baddock
engoliu em seco e se aproximou cuidadosamente da porta de latão revestida com
tinta escura e protegida magicamente com todos os feitiços de proteção que um
duende esquisito e cleptomaníaco conseguiram conjurar. Não foi nenhuma surpresa
para Baddock ver um crânio esculpido no centro da porta. Era uma maneira eficaz
de dizer para os vizinhos “Dê o fora!” Não que esses o conseguissem ver, mas
também era um modo de proteger a sede da Sociedade da Serpente.
Baddock se aproximou da entrada e esperou que a sentinela encantada se
pronunciasse, e ela o fez. A cobra encantada que também fora esculpida na porta ao
redor da cabeça do crânio, começou a se remexer e se enroscar envolta da figura de
latão presa na porta.
– Quem pede passsagem? – soou a voz fina e sinistra que Baddock imaginou vir da
cobra sentinela. – Amigo, ou inimigo? Membro, ou intruso?
– Malcolm Baddock.
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– Tem o anel de passsagem? Ssse o tiver, coloque na fechadura correta e pode
passsar.
Malcolm retirou do mesmo bolso que guardava o pergaminho, um anel prateado
do tamanho de um galeão. Ele tinha duas iniciais gravadas “SS”, que representavam
as iniciais da sociedade, mas que para despistar os enxeridos e curiosos, os membros
da Sociedade da Serpente apenas alegavam ser uma homenagem ao famoso Salazar
Slytherin.
Baddock estudou cuidadosamente as fechaduras da porta. Não era apenas uma,
como das portas convencionais, mas sim cinco. Uma engenhosa maneira de retardar
os invasores, inventada pelo mesmo duende cleptomaníaco. Mas para aqueles que já
a conheciam era apenas mais um pretexto para se chegar atrasado. Eram cinco
fechaduras, sendo que apenas quatro estavam totalmente amostras, a quinta estava
escondida dentro da boca do crânio empalhado, não era a coisa mais agradável a se
fazer, mas era o único meio de se entrar na sede. Os outros fariam com que uma
complicada série de maldições e azarações recaíssem sobre a pobre vítima, o que não
era o caso de Baddock.
O bruxo pressionou seu anel prateado contra a fechadura oculta por entre os
dentes brilhantes e prateado do crânio e esperou que as engrenagens e trancas se
abrissem possibilitando sua passagem.
– Ssseja bem vindo, Sssr. Baddock – ecoou o chacoalhar da cobra.
A porta finalmente se abriu revelando um estreito vestíbulo que se ligava a três
corredores. Por muito tempo aquela propriedade permaneceu desocupada e
desmobiliada, mas agora servia para mais que apenas a sede da Sociedade da
Serpente, era à base de operações do grupo e servia também de moradia para aqueles
que não podiam se expor demais na sociedade ou que nasceram em outros países.
Quando Baddock deixou o vestíbulo empoeirado desejoso a chegar o mais rápido
possível a sala de reuniões, ele se deparou com uma sala de estar bastante
movimentada. Alguns bruxos mal vestidos, com trapos envoltos no corpo, com
cheiro de cerveja e pizza, jogavam cartas ao redor de uma mesa de armar. Outro
grupo de bruxos, esses um pouco mais bem vestidos e aparentemente apreciadores
de uma boa higiene, desenhava mapas e rabiscava anotações em rolos de
pergaminhos estendidos por entre a sala mal iluminada.
A maioria daqueles homens eram os novatos da Sociedade da Serpente, homens e
mulheres que acabaram de se alistar para o grupo e que não tinham muita voz
dentro da organização. Baddock sabia o que era estar naquele lado, não era nada
aconchegante ter de dividir o quarto com dois ou mais colegas que podem vir a te
trair no dia seguinte por uma vaga como conselheiro. E Baddock havia se alistado
durante os tempos mais sombrios para as organizações contra os interesses
ministeriais. A Sociedade da Serpente nasceu cinco anos após a Batalha de Hogwarts,
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no ápice da carreira de ministro de Kingsley Shacklebolt, e no mesmo de Harry
Potter como Chefe do Quartel-General dos Aurores. Não era a melhor ora para se
começar um clube secreto revolucionário.
– Noite, Malcolm – disse uma voz tristonha e infeliz às costas de Baddock.
– Como vai, Bruno? – grunhiu Baddock, parando próximo ao arco de dava para as
escadas que interligavam toda a casa. – Com foi sua missão em Liverpool?
– Um fracasso. Nunca acreditei que poderíamos achar alguma coisa no museu dos
Beatles. Um fracasso... Mas por que vocês cismam em me chamar pelo primeiro
nome? Todos na minha família, todos os grandiosos, sempre foram chamados pelo
sobrenome: Avery.
– Talvez por que você não seja um grandioso – retrucou Baddock um tanto
gozador, mas sabendo que aquilo tocaria Bruno Avery.
Bruno era o típico bruxo que desde que nascera fora envolto pela sombra do nome
que carregava: Avery. Bruno é sobrinho do Comensal da Morte que assim como ele
carregava o nome Avery, o pai de bruno Gastão, também era um seguidor do Lorde
das Trevas, mas diferente do meio irmão mais novo, não era tão forte e não servia de
grandes interesses para o Lorde das Trevas. Bruno entrou para Hogwarts no mesmo
ano da queda definitiva do Lorde Voldemort, tendo a escola como um segundo lar,
Bruno tentou se mostrar um garoto malvado e detentor de um nome de assassinos,
mas o máximo que conseguiu foi ser tachado como palhaço bobalhão.
Naquela noite Bruno se mostrava muito magro, o que não era diferente por entre a
maioria dos novatos, seus cabelos longos escorriam por seu rosto sujo e feio. Ele
vestia um bermudão que pertencera a um antigo membro muito mais gordo que
Bruno, o que obrigava a ele dobrar várias vezes as bainha e mesmo assim continuar a
parecer que usava uma calça comprida. Seu abdômen magricela estava oculto por
uma camisa sem mangas bastante suja e surrada. Era assim que a maioria dos
novatos se vestia como mendigos imundos, mas caso conseguissem se promover a
membros honorários poderia melhorar de vida e muito possivelmente sair daquele
chiqueiro. Contudo Baddock gostava de Bruno Avery. Acreditava que ele poderia
ser um bom membro honorário, pois já o conhecia desde Hogwarts, o garotinho
travesso que suspendia os inimigos no ar e mergulhava suas calças em bombas de
bosta, mas que era muito fiel junto a seus companheiros.
– E quanto à reunião? – perguntou Baddock interessado, colocando a mão sobre o
ombro de Bruno e o convidando a um passeio até o quarto andar onde ficava a sala
que Baddock ansiava chegar. – Alguém importante já chegou?
– Apenas o ranzinza do Plochos, o Acrusto Underwood e Serena Tyranicus, se
você pode chamá-los de importante.
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– É o melhor lixo entre o emaranhado de porcarias do Ministério – riu Baddock ao
chegar ao segundo andar que servia como refeitório para os membros da sociedade.
Várias mesas foram espalhadas rentes as paredes que entrevam por entre corredores,
quartos e saletas, tomando todo o andar. – Plochos é nosso informante de dentro do
Gringotes, ele mesmo não faz grande coisa lá, mas pode nos trazer informações
valiosas. Acrusto é membro do Departamento de Regulamentação e Controle das
Criaturas Mágicas, tem a mesma importância que eu dentro da sociedade: trazer o
máximo de informações que julgar importante; impedir que qualquer membro do
Ministério tente nos investigar e liderar missões junto aos novatos. Serena é quem
poderia se rotular como nossa vice-presidente. É a que ocupa o maior cargo
ministerial ao comparar comigo e com Acrusto. Ela está dentro do Departamento de
Mistérios e só perde para o Sr Yaxley que é nosso fundador e líder supremo. Não que
eu goste dele, mas é preciso que alguém tome conta de tudo que gire por baixo, “se é
que você me entende”... Daqui sigo sozinho.
O quarto andar era proibido a qualquer um que não fosse membro definitivo da
Sociedade da Serpente. Somente aqueles que haviam se mostrado dignos para o Sr
Yaxley poderiam andar pelo quarto andar. Que era um local que o Sr Yaxley
mantinha com total zelo e cuidado. Era no quarto andar que ficavam os aposentos
dos membros mais fortes da Sociedade da Serpente, eram os dois maiores quartos da
casa, porém infelizmente os dois estavam ocupados. O Sr Yaxley era dono da
propriedade e um dos dois fiéis do Feitiço Fidelius, e quem ocupava um dos quartos.
O outro era ocupado por Acrusto Underwood, que se negava a morar em outro lugar
já que tinha uma casa com comida e roupa lavada de graça, um avarento por
natureza. Felizmente, não havia muita diferença entre gostos dentro daquela casa na
Rua dos Encanadores, pois a grande maioria dos membros da sociedade um dia
pertenceu a casa Sonserina. Mas não era isso que impedia que as brigas e discussões
tomassem conta do ambiente. Muito pelo contrário elas eram muito costumeiras, já
que todos os membros eram extremamente egoístas e sempre esperavam que no final
das contas fossem eles os favorecidos.
As paredes do quarto andar eram as únicas que possuíam quadros vindos dos
tempos dos antigos moradores. Os demais da casa eram pôsteres vindos junto com
os novatos e se limitavam a habitar o primeiro andar. A maioria dos quadros estava
colocada no corredor que levava a sala de reuniões. Eram retratos pintados a óleo de
homens e mulheres de todas as idades. Alguns velhos outros bem novos – o mais
novo era de um garotinho loiro que brincava de galope em uma vassoura encantada.
Baddock ficava admirando todos aqueles em suas molduras, todos pertencentes à
mesma família, pois em suas identificações desbotadas, todos possuíam o mesmo
sobrenome: Yaxley.
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Malcolm ficou imaginando o que teria acontecido com o verdadeiro Loquácio
Yaxley para ele ter o retrato rasgado. O mesmo acontecia com uma das filhas de
Lisandra Yaxley, que não possuía retrato junto às irmãs.
Era uma experiência nada encantadora, estar ali junto aos retratos de pessoas que
Baddock não conhecia e ficar se perguntando o que elas fizeram para merecer tal
lugar de destaque. Baddock também percebeu que os quadros estavam incompletos,
só iam até a sexta geração da família Yaxley, percebeu que os filhos de Emma Yaxley
e de seu irmão Hélio Yaxley eram representados como duas criançinhas, mesmo
tendo nascido no final do século anterior.
No final do corredor de retratos estava à escura e densa porta de roble que dava
para a sala de reuniões. Baddock sabia que há muitos anos – no tempo em que o Sr
Yaxley morava naquela casa com seus irmãos e seus pais – aquela era a biblioteca
particular da família. Mas que naquela noite estava sendo usada como sala de
reuniões da Sociedade da Serpente e Baddock tremia só de pensar em como seria
recebido pelos outros conselheiros perante seu atraso. Seu coração batia mais forte
conforme sua mão se elevava até alcançar a maçaneta da porta. Ela estava fria, mas
mesmo assim Baddock a girou.
A biblioteca era o local mais bem iluminado de toda a Casa dos Yaxley. Tinha três
abajures em cima da lareira que ficava na parede oposta a da entrada. Havia uma
mesa de madeira de carvalho ao centro da biblioteca onde foram distribuídas seis
cadeiras ao seu redor, cinco estavam ocupadas. Em cada cabeceira estava sentado
um homem, um mais feio que o outro. Ao lado direito do homem mais próximo á
lareira estava uma mulher de cabelos castanhos um tanto desgrenhados e uma
expressão psicopata estampada em sua cara esquelética. No lado esquerdo do
homem estava um duendezinho cinzento e ranzinha, que fitava Baddock com seus
olinhos pretos e gananciosos. Na cadeira ocupada ao lado do homem magricela de
nariz torto e cicatrizes no rosto estava outro homem alto e forte. Este era o menos
elegante da sala. Vestia bermuda e tênis Nike, com uma camisa esportiva, cabeleira
castanho claro e barba escura.
– Está atrasado, Baddock – afirmou o Sr Yaxley do outro lado da sala. – Se me
lembro bem, pedi para que nenhum de vocês se atrasasse em nossas reuniões. Se me
lembro bem, foi a Sociedade da Serpente que lhe ajudou a chegar a onde está.
– Sim, Sr Yaxley. Sei que foi o senhor que me levou até meu cargo no Ministério,
estarei sempre de bom grato. Mas meu fardo, meu trabalho no ministério também
exige meu comprometimento. Infelizmente me atrasei, mas prometo que...
– Relaxe – disse Yaxley erguendo sua mão e silenciando os soluços de Baddock. –
Não vou te matar somente por causa de um atraso. Mas que não se repita.
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– Podemos finalmente começar? – resmungou a mulher ao lado de Yaxley que
Baddock reconheceu como a desprezível Serena Tyranicus. – Tenho outros assuntos
pendentes a tratar depois de nossa reunião.
– Depois que os anos passam e as aventuras diminuem a Sociedade da Serpente
começa a se tornar de segundo plano – debochou Acrusto se remexendo na cabeceira
e inclinando o copo por cima da mesa para poder encarar melhor Serena Tyranicus. –
Estou certo, Ser?
– Cale a boca, Underwood – retrucou Serena por entre os dentes. – Deveria estar
pensando em seus estúpidos animaizinhos em vez de minha pessoa. Já disse que
você não faz meu tipo.
– Humpf – tossiu o duende remexendo-se em sua cadeira. – Acho que essa
discussão amorosa já rendeu o suficiente. Seria um belo momento para os dois
fecharem suas enormes matracas e prestarem atenção no que Yaxley tem a nos dizer.
Afinal foi ele que convocou esta reunião.
– Não me venha dizer o que devo fazer. Seu duende asqueroso! – rugiu Serena
mostrando a varinha para o duende Plochos.
– Eu concordo com nosso amiguinho cinza – disse o homem de barba que Baddock
conhecia como Rúbo Wilfruss.
– Que ótimo – adiantou Yaxley impedindo que Plochos pudesse contra
argumentar.
Dentro do conselho da Sociedade da Serpente eram constantes as discussões e
interrupções já que todos ali se odiavam e imaginavam como tendo o companheiro
ao lado como maior inimigo. Da última vez, Plochos e Baddock estavam discutindo
como dois adolescentes, um ameaçando e xingando a mãe do outro, em quanto
Acrusto e Serena praticamente travavam um duelo a mão armada.
– Como devem saber a duas semanas atrás eu liderei dois novatos em uma missão
de campo – prosseguiu Yaxley impedindo que qualquer conselheiro pudesse
interrompê-lo. – É claro que tinha outras intenções além de apenas estudar o
povoado de Budleigh Bugmoreton com dois de nossos novatos. Em um povoado
trouxa podemos encontrar famílias bruxas, ou algum bruxo em especial
aproveitando suas merecidas férias.
– Quer dizer que foi atrás de mais alguém para nossa organização? – quis saber
Plochos um tanto interessado.
– Encontrou Lúcio Malfoy! – exclamou Serena bastante esperançosa, pois ela
sempre acreditou que Lúcio Malfoy era mais capaz que Yaxley para liderar a
sociedade. – Finalmente encontrou alguém que possa nos guiar para nosso objetivo!
Yaxley fuzilou Serena, com seu antigo olhar assassino, mas que hoje mal assustava
pessoas como Serena Tyranicus que sabia o que o velho bruxo havia feito durante a
Batalha de Hogwarts.
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– Sei que você sempre preferiu que fosse Lúcio Malfoy quem presidisse esta mesa.
Mas igual a mim, Lúcio não acreditou novamente que o Lorde das Trevas fora
derrotado. Eu também não cometerei o mesmo erro em poupar esforços para fazê-lo
ressurgir novamente. Lúcio sumiu no mundo depois que a mulher e o filho o
taxaram de psicótico e deixaram de apoiar suas idéias conquistadoras. Não acredito
que ele esteja vivo. E diferente de você Serena, eu não moverei um dedo para
encontrá-lo.
A reunião prosseguiu. Yaxley continuou contando como conseguiu chegar até o
povoado trouxa e como teve de utilizar sua especialidade, a Maldição Império, para
poder permanecer invisível. Volta e meia um membro do conselho se manifestava,
impedindo do bruxo continuar e geralmente iniciando uma discussão. Mas o que
podia se ver era que Yaxley estava muito mais paciente do que de costume.
–... Como ia dizendo, consegui aprisionar o bruxo em questão – prosseguiu Yaxley
após discutir veementemente com Acrusto sobre os meios que ele usou para chegar
ao tal bruxo. – E ele está aqui mesmo, dentro destas paredes. Aprisionado em uma
prisão a muito já usada por um Comensal da Morte conhecido meu.
– Então – Baddock limpou a garganta e tomou coragem para interromper Yaxley –
o que fez com esse prisioneiro? Onde ele está?
– Que bom que perguntou – disse Yaxley lançando a Baddock um sorriso sem
humor e desnecessário. Ele tirou de dentro da manga sua varinha e a apontou para
um baú que estava atrás de Baddock junto às antigas estantes vazias da biblioteca.
O baú começou a levitar, chegando a uns quinze centímetros do chão. Depois ele
continuou a subir até ser cuidadosamente colocado por Yaxley em cima da mesa de
reuniões. Dava para sentir a ansiedade dentro de cada um dos conselheiros. Todos
estavam bastante inquietos com a idéia de a Sociedade da Serpente ter um
prisioneiro escondido dentro de sua sede. E como uma pessoa normal poderia estar
sendo mantida presa dentro de um baú.
– Quem está ai dentro? – perguntou Rúbo Wilfruss assim que Yaxley quebrou o
feitiço e o baú jazia em cima da mesa.
– Logo sua ansiedade será extinta, Rúbo. Apenas espere para ver...
Com um aceno de varinha, Yaxley arrombou o cadeado do baú fazendo com que
sua tampa chicoteasse o ar e caísse do outro lado. Serena deu um salto para poder
ver quem estava dentro do baú, mas este parecia ser encantado, pois do lado de
dentro existia uma espécie de abismo que conduzia até um chão branco onde um
homem dormia.
– Você se lembra deste, Baddock? – perguntou Yaxley apontando para o baú
encantado com a ponta da varinha.
– Se não me engano – começou Baddock analisando todas as sete trancas e os
compartimentos que existiam ao redor do baú. – Com certeza! Este baú foi usado por
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Bartolomeu Crouch Júnior para aprisionar Olho-Tonto Moody durante meu primeiro
ano em Hogwarts. Mas como o conseguiu? Pensei que Dumbledore o tivesse
mandado para o Armazém Secreto do Ministério da Magia.
– E mandou – afirmou Yaxley admirando o próprio objeto como se só em
mencioná-lo já fosse algo de sumo importância. – Durante meus dias como chefe do
Departamento de Execução das Leis da Magia, consegui que este baú fosse liberado e
que eu o tivesse em meu poder. Nunca se sabe quando teremos de possuir um
prisioneiro secretamente.
– Mas quem é ele! – berrou Serena impacientemente. – Como vou saber que você
não seqüestrou alguém como o secretário de Alfredo Blishwick. Aquele traidor do
Benedito Diggory.
– Não, Serena. Não seqüestrei ninguém ligado ao Ministério – defendeu-se Yaxley.
– Contudo, admito que este homem seja de suma importância para que as atividades
da Sociedade da Serpente possam prosseguir.
– Diga o nome! – exigiu Plochos.
– Já disse que não importa! – urrou Yaxley apontando, ligeiramente, a varinha para
o duende. – Mas, se quiser vê-lo mais de perto e se assegurar de que não é Bento
Diggory, pode ver.
Yaxley apontou a varinha para dentro do baú e disse “Levicorpus”.
O corpo do prisioneiro começou a ser suspenso no ar, e em cerca de cinco minutos
ele chegou até o centro da sala de reuniões. Mesmo tendo Yaxley quebrado e feitiço
de levitação o homem continuou flutuando no ar, prezo em um transe muito
profundo. Sua pele estava sem cor e seus cabelos muito brancos e sem vida. Seus
ossos se mostravam muito fracos dando ao homem uma aparência de cadáver.
– Ele ainda está... vivo? – perguntou Baddock um tanto assustado.
– Está – respondeu Yaxley bastante inocentemente. – E é justamente por isso que
convoquei esta reunião. Assim que encontrei com nosso prisioneiro lancei nele uma
série de complicados feitiços que aprendi com o Lorde das Trevas. São feitiços que
enfraquecem nossos inimigos em quanto nós ficamos cada vez mais fortes.
Infelizmente, para que esses feitiços possam ser lançados o inimigo deve sustentar a
posição de prisioneiro de guerra. Era o que fazíamos com todos aqueles que eram
pegos pelos seqüestradores. Serena deva saber do que estou falando.
A bruxa de esquelética assentiu. Serena fora mantida refém pelos seqüestradores
por um ano, até seus pais pagarem sua fiança que custou cerca de cem galeões.
O prisioneiro continuava suspenso no ar em quanto os conselheiros da Sociedade
da Serpente continuavam a discutir o porquê de Yaxley tê-lo mantido ali e naquelas
condições miseráveis.
– Basta saber que a morte deste homem será de grande importância para que a
Sociedade da Serpente possa continuar a dar seguimento a suas atividades – Yaxley
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se mostrava extremamente ansioso conforma falava. – Não faz mais sentido ficar
convocando mais novatos para nossa organização se ficarmos empacados neste local.
Se tudo correr como planejo, a maioria dos novatos será dispensada e finalmente a
casa de minha família deixará de ser um albergue. – ele olhou para as paredes da
casa com tristeza nos olhos.
– Todos os novatos? – repetiu Baddock pensando no amigo, Bruno Avery. –
Alguns poderiam nos ajudar se fossem promovidos a membros honorários.
– A Sociedade da Serpente terá de se dissolver por algum tempo se quiser
continuar a existir – explicou Yaxley com toda a paciência que lhe existia. – Nós nos
fortificamos mais do que eu imaginava e agora chegou a hora de nos
desvencilharmos daqueles que não nos servirem. Muitos irão se decepcionar, mas
não é hora para isso... Saibam que quando lancei o Feitiço de Balanço neste homem,
já arquitetei para que um de nós o mate.
– Você – pigarreou Plochos sem animação. – Você sempre fica com a diversão.
– Não, Sr de Floumatass – respondeu Yaxley num tom de ofendido. – Com disse
um de nós... que não sou eu, irá matar este homem.
– S-sou eu – murmurou Acrusto do outro lado da mesa. Ele demonstrava um
enorme número de cacoetes, piscando os olhos e apertando os dedos das mãos
freneticamente. – Eu soube o dia todo que faria algo diferente. Sentia-me diferente o
dia todo.
– Acrusto, se está com gases, por favor, vá ao banheiro – zombou Yaxley sem
animação. – Não é você o assassino de que disse. A pessoa que irá matá-lo é muito
mais forte que você.
– Então sou eu – gemeu Serena num tom de desdém.
– Também não, querida.
– Sei que sou eu! – urrou Acrusto sacando a varinha e a apontando para o corpo
inconsciente do prisioneiro. – Sou eu. Tem de ser eu! Posso provar apenas me de a
chance de... Avada...
– Expelliarmus! – berrou Yaxley girando o punho direito e arremessando a varinha
de Acrusto contra uma estante vazia. – Tão teimoso. Avada Kedavra.
Um lampejo verde brotou da varinha de Yaxley clareando todos os cantos da sala
de reuniões até finalmente se chocar com a figura surpresa de Acrusto. Ao se chocar
com o lampejo verde, o corpo do bruxo caiu inerte no chão frio da biblioteca, morto.
– Você... ficou... louco! – berrou Plochos saltando de sua cadeira tentando se
espreitar em direção a porta. – Como pode matar um de nós?! Um conselheiro!
– O conselho está suspenso – após dizer isso Yaxley apontou a varinha para o
duende lançando na criatura cinza um jato de luz alaranjado. – Serena, sinto muito,
mas você não me é mais necessária. Obliviate.
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Os olhos de Serena saíram de orbita, suas sobrancelhas relaxaram e uma expressão
de despreocupação e tranqüilidade tomou sua face. Baddock sabia que a mulher
acabara de ter a mente alterada.
– Rúbo, eu sinto muito, mas sua incompetência finalmente será paga – outro
lampejo verde irrompeu da varinha de Yaxley até atingir o corpo de Rúbo, que caiu
para trás de sua cadeira.
Restavam somente Yaxley e Baddock conscientes na biblioteca da Casa dos Yaxley.
Baddock suava frio, estava esperando ser locauteado pela Maldição da Morte de
Yaxley a qualquer momento, mas o outro bruxo parecia ter finalizado seu trabalho.
– N-não vai m-me matar? – parecia a única frase lógica que poderia sair de
Baddock. Ele tentava não mostrar seu nervosismo, mas era inevitável demonstrar
seu medo.
– Não prestou atenção no que eu disse, prestou? – perguntou Yaxley com uma
naturalidade de dar medo. Como se nada houvesse acontecido minutos antes. –... um
de nós... que não sou eu, irá matar este homem. Se todos os nossos outros conselheiros
não estão em condições de cometer um assassinato, o que você me diz?
– Mas, por quê? – continuou Baddock com medo de fazer com que o companheiro
mudasse de idéia. – Por que agiu tão bruscamente com eles. Talvez se tivesse
apagado a memória de todos como fez com Serena... E por que você não fez com a
Serena, o que fez com os demais?
– Porque Serena tem mais nome no Ministério do que qualquer um de vocês.
Porque a morte de um membro do Departamento de Mistérios alertaria o Ministério
de uma forma muito mais intensa que a morte de um mísero membro do
Departamento de Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas. Afinal é muito
comum que membros deste departamento acabem mortos através de acidentes com
as criaturas que examinam.
– Mas e Plochos? Os duendes ficarão irados se souberem que um membro de seu
clã foi morto por um bruxo.
– Não é a primeira vez que isso acontece – explicou Yaxley com menos paciência. –
Plochos era um duende desprezível e odiado por todos os seus irmãos. Mas isso não é
o caso, pois Plochos não está morto, ainda. Não, em nosso amigo duende lancei um
Feitiço Trava-Língua. Até porque se for necessário, é muito mais comum um acidente
no quarto do St. Mungus do que encontrarem um duende morto.
– Mas e quanto a Rúbo. Ele servia apenas de bode expiatório. Servia apenas para
desvencilhar o ministério do verdadeiro cominho até a Sociedade da Serpente. Ele
fazia com que os inspetores do ministério acreditassem que Sociedade da Serpente é
apenas um nome bonito de uma loja de poções falsas...
– E é exatamente por isso que eu o matei – explicou Yaxley já sem paciência.
Baddock concluiu que o companheiro ponderou o máximo as perguntas dele, e que
16
esta seria a última. – Ninguém vai dar falta dele no mundo da magia. E não vamos
mais precisar de um bode expiatório, por isso que eu estarei dissolvendo todos os
novatos. Agora a Sociedade da Serpente se resume a nós, Malcolm. Se tudo correr
como desejo, nós alcançaremos a glória. Caso contrário, prepare-se para se mudar
para Azkaban.
Baddock engoliu em seco e assentiu. Sabia que não poderia negar o pedido de
alguém que acabara de poupar sua vida. Para Yaxley seria extremamente fácil
apontar sua varinha para Baddock e lançar a Maldição da Morte. Mas Baddock já
sabia que os riscos de acabar em Azkaban eram grandes, ele já os conhecia desde o
momento em que ele se alistou na sociedade.
– Muito bem – disse Yaxley em um tom de alivio, como se já esperasse que
Baddock desistisse. Ele alisou a varinha e a apontou para o prisioneiro que começou
a girar no ar até que seus olhos apagados encontrassem os de Baddock. – Tudo o que
tem que fazer é lançar a Maldição da Morte nele, Malcolm. Sabe qual é, e sabe qual é
o requisito mínimo necessário para poder realizá-lo com êxito. Você tem que querer
matá-lo.
Tremendo, Baddock levou a mão direita ao bolso lateral de sua calça e retirou
delicadamente sua varinha de dentro da calça. O suor escorria friamente por sua
testa, seus olhos iam desde a expressão fria de Yaxley até a face apagada do
prisioneiro.
– Faça, Malcolm – gritou Yaxley levantando-se inquietamente de sua cadeira. –
Sabe o que deve fazer e tem os meios necessários! Então faça! AGORA!
– Avada Kedavra! – berrou Baddock com uma mistura de medo e ódio por sua voz
rouca.
O feixe de luz verde irrompeu velozmente da varinha de Baddock clareando a sala
ainda mais do que quando Yaxley o fez. O corpo morto do prisioneiro rapidamente
quebrou o Feitiço de Levitação lançado por Yaxley. Seu corpo gelado cauí sobre a
mesa que não suportou seu peso somado ao do baú e se estraçalhou sobre o tapete
que existia sobre suas pernas.
– Muito bem, Malcolm – resmungou Yaxley por entre os dentes, admirando os
corpos gelados dos defuntos e as figuras inconscientes de Plochos e Serena. – A
partir de hoje a Sociedade da Serpente se resume a nós. Não irei admitir falhas suas;
jovem. Afinal, espero ter escolhido bem, quando te escolhi no lugar de Serena. E por
favor, chame aquele seu amiguinho, Bruno Avery, para limpar essa sujeira.
Baddock abaixou a cabeça e respondeu amargamente.
– Não vai se decepcionar comigo, Sr Yaxley.
Neste momento, do lado de fora da Casa dos Yaxley sobre a Rua dos Encanadores
e sobre toda a Londres – a chuva caiu.
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Capítulo Dois
A Decisão do Chapéu Seletor
outono chegara de repente naquele ano. O dia primeiro de setembro
amanheceu de uma forma dourada e brilhante, como moedas de
galeões escorrendo pelas mãos. Porém tanto a meteorologia trouxa
quanto o Sistema de Controle e Observação Climática dos Bruxos, já haviam alertado
a possibilidade do aparecimento de nuvens carregadas e de pancadas de chuva.
Contudo nada poderia desanimar o jovem Alvo Potter, que caminhava junto a seus
pais e seus irmãos pelas calçadas da poluída Londres, que era obrigada a suportar a
fumaça lançada pelos canos de descarga dos carros que cruzavam as ruas próximas a
estação de Kings Cross.
Duas grandes gaiolas cores de outro fosco deslizavam pela parte bamba do
carrinho puxado pela pequena família que chegava a estação. Uma delas era marrom
escuro como casco de árvore velha, era a coruja de Tiago Potter, a antiga Nobby, a
qual Tiago tratava com muito zelo. A outra era cinza como fumaça, e um tanto
rechonchuda, possivelmente por culpa dos ratos que ela caçara em quanto passava
as férias de verão n’ A Toca. Esta era a de Alvo, a qual ainda não possuía um nome.
Talvez a única coisa que pudesse desanimar Alvo Potter era a morte precoce de
seu avô Weasley que tivera um simples infarto poucas semanas antes do embarque à
Hogwarts. Alvo ainda estava inconformado com a morte do avô. Pensava como era
possível que tantos bruxos vivessem mais de cem anos – ao exemplo de sua querida
tia-bisavó Muriel que possuía inexplicavelmente cento e vinte e sete anos – e seu avô,
que era um bruxo bom e excepcional, morrera a partir de um simples infarto. Mas
aquilo não assombrava a mente de Alvo naquela manhã de primeiro de setembro,
somente uma coisa rondava sua cabeça, a chegada a Escola de Magia e Bruxaria de
Hogwarts. Contudo com isso outro pensamento começou a atormentar sua mente
inocente, a seleção...
– Não vai demorar muito, e você também irá – disse Harry Potter para sua filha
mais nova, Lílian, que agarrava sua mão em quanto chorava pela plataforma.
– Dois anos – fungou a menina de cabelos ruivos. – Quero ir agora!
Volta e meia os passageiros olhavam curiosos para as corujas da família Potter, o
que divertia Alvo, que já estava acostumado em ser perseguido pelos olhares
daqueles que não tinham conhecimento do mundo bruxo.
Porém o irmão mais velho de Alvo, Tiago, não estava preocupado se os trouxas
olhavam ou não suas corujas. Somente uma coisa o interessava, retomar a discussão
que ele e Alvo haviam encerrado no carro da família. A qual já se estendera por
todas as férias.
– Não quero ir! – chorava Alvo cerrando os punhos e fuzilando Tiago com o olhar. –
Não quero ir para a Sonserina!
O
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– Tiago, dá um tempo! – pediu Gina já familiarizada com as discussões entre os
dois filhos.
– Eu só disse que ele talvez fosse – afirmou Tiago tentando se defender, mas sem
conseguir ocultar seu riso de implicância. – Não vejo problema nisso. Ele talvez vá
para a Sonse...
Sem pensar duas vezes, Gina lançou ao filho mais velho seu famoso olhar severo
de desaprovação. Tiago, por sua vez – já familiarizado com tal olhar – calou-se. A
família Potter já se aproximava da barreira encantada que dividia as estações. Tiago
olhou por cima do ombro para o irmão mais novo e lançou-lhe, ligeiramente, um
sorriso provocante. Ele apanhou o carrinho que a mãe levava e saiu correndo,
atravessando a barreira e separando-se, momentaneamente, do resto da família.
– Vocês vão escrever para mim, não vão? – perguntou Alvo rapidamente aos pais,
aproveitando a momentânea ausência de Tiago.
– Todo dia, se você quiser – respondeu Gina lançando a Alvo seu sorriso
confortante, porém bastante acalorado.
– Todo dia não – replicou rapidamente Alvo, já ciente das intenções da mãe de
mandar uma coruja carregada de cartas por dia. – O Tiago diz que a maioria dos
alunos recebe carta de casa mais ou menos uma vez por mês.
– Escrevemos para Tiago três vezes por semana no ano passado – contestou Gina
ainda com esperanças de persuadir o filho até ele aceitar em receber cartas do Largo
Grimmauld duas vezes por dia.
– E você não acredite em tudo que ele lhe disser sobre Hogwarts – acrescentou
Harry verificando rapidamente o horário no grande relógio da estação. – Ele gosta de
brincar, o seu irmão.
Juntos, eles empurraram o outro carrinho com mais força e assim, ganharam mais
velocidade em direção a barreira encantada. Alvo fez uma careta quando estavam
muito próximos da formação de pedras, mas assim como no ano anterior quando
Alvo foi embarcar Tiago para seu primeiro ano na escola, a colisão não ocorreu. Ele
apenas deslizou sobre a barreira e quando abriu os olhos já estava na plataforma
nove e meia, frente a frente com a locomotiva carmesim que transportava os alunos
até Hogwarts. Estava difícil distinguir os rostos das famílias que se movimentavam
de um lado a outro da plataforma, culpa da densa fumaça clara que saia do Expresso
Hogwarts. Fumaça que já havia engolido Tiago.
– Onde eles estão? – perguntou Alvo, ansioso, apertando os olhos para tentar
distinguir os vultos que avançavam desordenadamente pela plataforma.
– Nós os acharemos – tranqüilizou-o Gina, repousando sua mão direita sobre o
ombro de Alvo.
Infelizmente, o vapor era mais denso do que Alvo imaginava e a cada instante
ficava mais difícil identificar quem passava à sua frente. Ele pensou ter ouvido a voz
19
do padrinho e futuro professor de Herbologia, Neville Longbottom, mas sabia que
esse já estava na escola de Hogwarts. Também pensou ter ouvido a voz de Molly e
Lúcia Weasley, as filhas do tio Percy, discutindo uma com a outra sobre o que seria
mais interessante de se fazer nas férias de Natal. Molly já era aluna de Hogwarts,
cursava seu quinto ano, sendo uma das Weasley que quebraram a tradição da família
e acabara sendo selecionada em outra casa que não a Grifinória. Mas o
aborrecimento da quebra da tradição fora pouco, e se extinguira totalmente quando
Molly fora convidada para se tornar monitora da Corvinal. Lúcia por outro lado
ainda não havia alcançado idade suficiente para ingressar em Hogwarts, assim como
Lílian ele teria de aguardar mais alguns anos quando finalmente realizaria o sonho
de toda a criança bruxa.
– Acho que são eles, Al. – disse Gina, de repente.
Quatro pessoas que estavam paradas próximas ao último vagão emergiram da
densa névoa clara. Seus rostos ficaram um bom tempo escondidos por essa, mas
quando eles chegaram bem próximos de Alvo, seus rostos ganharam forma e Alvo
pode, em fim, reconhecê-los.
– Oi – disse timidamente Alvo, mas extremamente aliviado.
Rosa Weasley já estava vestida com as recém-compradas vestes negras e longas de
Hogwarts. Ela deu a Alvo um grande sorriso.
– Nervosa? – sussurrou Alvo ao pé do ouvido de Rosa em quanto seus pais
conversavam sobre um esquisito Feitiço Supersensorial, muito útil para ser usado
para enganar examinadores trouxas.
– Um pouco – admitiu Rosa com cuidado, temendo que seu pai a ouvisse. – Para
meu pai só existe a Grifinória, embora muitos digam que eu me daria bem na
Corvinal.
– Mas você é brilhante! – exclamou Alvo um pouco impressionado. – Como
poderia não se dar bem na Corvinal, a casa dos geniozinhos iguais a você?
– Para você é fácil falar – bufou Rosa dando de ombros. – Acho que a Corvinal
seria muita pressão. Não é tão fácil como quando se é da Grifinória. Você tem que
saber de tudo! Talvez a Grifinória não fosse de um todo ruim. Afinal, minha mãe foi
da Grifinória e hoje é o que é.
– Eu também não sei para onde quero ir – aceitou Hugo, o irmão mais novo de
Rosa. – Papai sempre diz que seus filhos nasceram para ser da Grifinória, e eu a acho
muito legal, mas... Também me sinto atraído pelas outras casas, exceto a Sonserina!
Eu acho que tenho um pouco de Corvinal em mim, e me agrada muito o jeito de ser
de um lufalufino.
– Tomara que você não tenha problemas – disse Alvo sorrindo.
– Você que o diga, não é maninho – riu Lílian ingenuamente. – Até agora não sabe
se quer ir par a Grifinória ou se para a Sonserina...
20
– Até você, Lílian! – exclamou Alvo completamente surpreso. – Se não bastasse o
Tiago, agora você também vai implicar comigo?!
– Não, maninho. Até por que, se você se tornasse um sonserino, eu também ficaria
em dúvida de para onde quero ir.
Alvo e Lílian sempre foram muito amigos. A menina sempre gostava de imitar o
jeito dos irmãos e suas ações, mas as de Alvo do que as de Tiago, as quais ela
chamava de “coisas de gente bobinha”.
– Bem, para mim, o que for será! – afirmou Hugo sorrindo para os primos.
– Se você não for para a Grifinória, nós o deserdaremos – afirmou o tio Rony ao
ouvir a parte final da frase de Hugo –, mas não estou pressionando ninguém.
– Rony! – gritou a tia Hermione lançando um olhar de fúria e humor ao marido.
Lílian e Hugo riram, mas Alvo e Rosa gelaram. A idéia de serem deserdados pelos
pais poderia persegui-los tanto quanto a falsa história da luta contra um dragão para
serem aceitos em Hogwarts.
– Ele não está falando sério – disseram a tia Hermione e Gina, tentando acalmar
seus respectivos filhos, mas o tio Rony já não estava mais interessado na antiga
discussão. Ele chamara a atenção de Harry com seus olhos, mas sem que soubesse
também chamou a de Alvo. O tio Rony fez um sinal com sua cabeça para um ponto a
alguns metros atrás deles. A fumaça havia se dissipado ligeiramente, agora eles já
podiam distinguir as pessoas mais afastadas.
– Vejam só quem está ali.
Alvo se endireitou e pode ver uma família de três membros a uns cinqüenta
metros à frente deles. Um homem alto de cabelos loiros estava com a mão sobre o
ombro de uma criança, mais ou menos da idade de Alvo, fisicamente parecido com o
primeiro, aparentemente era seu filho. E ao lado dos dois estava uma mulher de
cabelos negros também muito alta. Se Alvo não os conhecesse afirmaria que era uma
família de vampiros, mas ele sabia que se tratava da família de Draco Malfoy.
Família a qual Alvo não via muitas vezes. Foram poucas as ocasiões que ele se
encontrara com os Malfoy, mas tinha uma vaga lembrança de quem era quem.
– Então aquele é o pequeno Escórpio – comentou o tio Rony entre sussurros. – Não
deixe de superá-lo em todos os exames, Rosinha.
– Rony, pelo amor de Deus – bradou a tia Hermione seriamente, mas sem
conseguir esconder sua vontade de rir. – Não tente indispor os dois antes mesmo de
entrarem para a escola!
– Você tem razão, desculpe – mas ainda acrescentou –, mas não fique muito amiga
dele, Rosinha. Vovô Weasley nunca perdoaria se você casasse com um sangue-puro.
– Ei!
Tiago reaparecera. Não estava mais com sua mala ou com sua coruja,
possivelmente já os havia embarcado no trem. Ele bufava tentando tomar ar,
21
aparentemente ele havia corrido um longo caminho e estava louco para contar suas
novidades.
– Teddy está lá atrás – disse ele ainda sem fôlego, apoiando sobre as gordas
nuvens de fumaça que voltaram a tomar a plataforma. – Acabei de ver! E adivinhem
o que ele está fazendo? – mesmo sem fôlego ele estava disposto a contar a todos – Se
agarrando com a Vitória!
Tiago se mostrou um pouco desapontado com a falta de reação dos adultos,
contudo as crianças se mostraram bastante atraídas pela notícia, principalmente
Lílian, que se mostrava radiante com o novo fato.
– O nosso Teddy! Teddy Lupin! Agarrando a nossa Vitória! Nossa prima! E perguntei
a Teddy que é que ele estava fazendo...
– Você interrompeu os dois? – indagou Gina. – Você é igualzinho ao Rony...
–... e ele disse que tinha vindo se despedir dela! E depois me disse para dar o fora.
Ele está agarrando ela! – repetiu.
– Ah, – gemeu Lílian em um tom de fantasia – seria ótimo se os dois se casassem!
Então o Teddy ia realmente fazer parte da nossa família!
– Ele já aparece para jantar quatro vezes por semana – lembrou Harry, imaginando
às vezes em que Ted aparecia no número doze do Largo Grimmauld esperando que
a família o acolhesse para o jantar. – Por que não o convidamos para morar de uma
vez conosco?
– É! – concordou alegremente Tiago, e acrescentou. – Eu não me importo de dividir
o quarto com o Alvo... Teddy poderia ficar com o meu!
– Não – retorquiu Harry firmemente, sem pensar duas vezes, tendo a imagem dos
dois filhos empunhando as varinhas um contra o outro. – Você e Al só dividirão um
quarto quando eu quiser ter a casa demolida.
Alvo girou os olhos. Já imaginava que o pai vetaria a idéia de ter os dois filhos
dividindo o mesmo quarto. Seria algo legal, mas Alvo usaria unhas e dentes para
ficar com a cama de cima do beliche...
– São quase onze horas, é melhor embarcar.
– Não se esqueça de transmitir a Neville o nosso carinho! – recomendou Gina em
quanto abraçava Tiago.
– Mamãe! – chorou ele. – Não posso transmitir carinho a um professor!
– Mas você conhece Neville... – Alvo percebeu que esse pedido também valia para
ele.
– Aqui fora, sim, mas, na escola ele é o Prof Longbottom, não é? Não posso entrar
na aula de Herbologia falando em carinho...
Ele balançou a cabeça para a mãe e chamuscou um carinhoso pontapé em Alvo.
– A gente se vê, Al. Cuidado com os testrálios.
22
– Pensei que eles fossem invisíveis – lacrimejou Alvo. – Você disse que eram
invisíveis!
Tiago rui. Finalmente cedeu aos braços da mãe e permitiu que ela o beijasse,
rapidamente ele abraçou o pai e saltou para dentro do Expresso Hogwarts. Ele
acenou e saiu correndo pelo trem a procura de seu grupo de amigos, sem olhar par
trás.
– Não precisa se preocupar com os testrálios – tranqüilizou Harry virando-se para
Alvo. – São criaturas meigas, não têm nada de apavorante. E de qualquer modo, você
não irá de carruagem, irá de barco.
Alvo sabia que este seria um assunto a ser discutido somente no ano seguinte. Ele
também permitiu que a mãe o beijasse, mas fora menos conservador que Tiago,
gostava de quando recebia carinho dos pais.
– Vejo vocês no Natal – disse ela lutando para conter as lágrimas.
– Tchau, Al – disse Harry deixando que Alvo envolvesse seu corpo com seus
bracinhos magros. – Não esqueça que Hagrid o convidou para tomar chá na próxima
sexta-feira. Não se meta com Pirraça. Não duele com ninguém até aprender como se
faz. E não deixe Tiago enrolar você.
– E se eu for para Sonserina? – insistiu alvo, esperando ouvir uma resposta do pai
que realmente o confortasse. Seu sussurro foi apenas para Harry e este percebeu que
somente aquele momento realmente mostrava todo o real medo e a insegurança de
Alvo.
Harry se agachou e ficou na mesma altura que Alvo – o rosto de Harry ficou
ligeiramente abaixo do filho – ambos os olhos verdes herdados de Lílian Evans
estavam fixos um no outro, nada mais importava.
– Alvo Severo – murmurou Harry, de modo que somente Gina pudesse ouvir além
de Alvo. Gina que por sua vez fingia acenar para a sobrinha, mas na verdade estava
bem atenta a tudo o que Harry dizia. –, nós lhe demos o nome de dois diretores de
Hogwarts. Um deles era da Sonserina, e provavelmente foi o homem mais corajoso
que já conheci.
– Mas me diga...
–... então, a Sonserina terá ganhado um excelente estudante, não é mesmo? Não faz
diferença para nós, Al. Mas, se fizer para você, poderá escolher a Grifinória em vez
da Sonserina. O Chapéu Seletor leva em consideração a sua escolha.
– Sério?
– Levou comigo – admitiu finalmente Harry. Pela primeira vez ele havia contado
seu segredo para algum filho.
Alvo ficara perplexo em saber que o pai havia escolhido não ir para a Sonserina.
Sempre imaginava Harry Potter como a personificação do grifinório perfeito, mas
agora que sabia que o pai poderia ter acabado sendo selecionado para a casa da
23
serpente... O choque de Alvo fora tanto que ele percebera que seu pai também notara
que sua face tomou uma expressão de assombro. Era uma revelação talvez
inimaginável, mas que agora Alvo sabia que ocorrera.
Agora, no entanto, Alvo não tinha muito tempo para refletir sobre a verdade
revelada sobre o passado de Harry. Já estava na hora do trem partir e ele permanecia
na plataforma. Alvo pulou no vagão em quanto, outros pais ainda beijavam seus
filhos já embarcados ou davam recomendações de última hora. Às costas de Alvo,
Gina fechou a porta do compartimento sem nenhuma dificuldade. Porém, para
surpresa ou espanto de Alvo, um grande número de estudantes se aglomeravam ou
se penduravam nas janelas. A maioria dos rostos não estava voltada para seus
parentes e familiares e sim para um bruxo que embarcava seus filhos na locomotiva
vermelha. Harry.
– Por que eles estão todos nos encarando? – perguntou Alvo assim que ele se juntou
a Rosa que se esticava para olhar seus colegas de Hogwarts.
– Não se preocupe – articulou o tio Rony. – É comigo. Sou excepcionalmente
famoso.
Alvo e Rosa riram, assim como Hugo e Lílian na plataforma.
As rodas do Expresso Hogwarts começavam a se mover, obrigando a Alvo
acompanhar o pai apenas com seus olhos verdes, já que esse, assim como o resto de
seus parentes e toda a Londres, se distanciava cada vez mais dele. Alvo percebeu que
Harry continuava a acenar, mesmo quando o vagão de Alvo já estava distante dele.
Essa foi à última visão de Alvo antes de o trem dar sua primeira curva e varrer todo
o país da visão do garoto.
– Vamos, Al – disse Rosa puxando Alvo pela manga da camisa. – Vamos procurar
uma cabine.
Alvo assentiu. Mas estava bastante complicado de se encontrar uma cabine vazia.
Todas elas estavam apinhadas de estudantes falantes e risonhos, ansiosos para
conversar com seus amigos, contar sobre as férias... Inclusive a cabine de Tiago
estava lotada. Ele e mais cinco amigos riam e conversavam animadamente, e Alvo
agradeceu, timidamente, pelo irmão não tê-lo visto, pois fatalmente ele iria
aproveitar a ausência dos pais para atormentar Alvo novamente.
Alvo e Rosa passaram por uma cabine, aparentemente vazia, somente um garoto
de cabelos loiros a ocupava. Porém, Alvo tomou coragem e se manteve de boca
fechada, não alertou Rosa de que acabaram de passar por uma cabine vazia, afinal
ele havia percebido que o garoto que a ocupava era o mesmo que chamara a atenção
do tio Rony na plataforma. Quem a ocupava era Escórpio Malfoy.
– É – disse Rosa desanimada abrindo a porta de uma cabine no segundo vagão. –
Acho que só sobrou esta...
24
Ela indicou com a cabeça para a cabine que acabara de abrir. Aparentemente era a
única vazia em todo o Expresso Hogwarts. Nos últimos anos, a quantidade de alunos
em Hogwarts quase que dobrara. Segundo a tia Hermione, que ainda mantinha
algumas relações profissionais com a escola – geralmente averiguando as condições
de Hogwarts perante a lei – ela afirmava que a razão pela qual o número de alunos
se multiplicara era qual a quantidade de filhos que os antigos alunos de Hogwarts
tiveram fora maior que a estimada pelos diretores e professores. Além do mais,
ainda existia a lenda de que os mecânicos da escola, que cuidavam da manutenção
do Expresso Hogwarts, gostariam de acoplar mais dois vagões na locomotiva.
– Seria muito legal se Vitória e Teddy contraíssem um relacionamento mais sério –
disse Rosa alguns minutos depois que eles se estabeleceram na cabine. – Nós
conhecemos o jeito luxuoso e arrogante de Vitória e acho que Teddy seria muito bom
para ela. Talvez ele a fizesse desgrudar do espelho.
– O único problema é que a tia Fleur considera o Teddy um vagabundo –
acrescentou Alvo meio desanimado. – Mas isso não é verdade. Disseram-me que
desde que ele foi contratado pelo tio Jorge para trabalhar na filial da loja em
Hogsmeade, ele tem trabalhado como um condenado! E ele ainda está à procura de
testes para os times de Quadribol da Inglaterra. Já imaginou o Teddy jogando no
Puddlemere United?!
– Me agradaria mais se ele defendesse os Chudley Cannons – contestou Rosa. Ela e
Hugo herdaram a paixão pelos Chudley, mesmo Rosa detestando Quadribol, mas
segundo ela “os Chudley Cannons são mais do que Quadribol”.
As horas iam passando e a viagem até Hogwarts ia se tornando cada vez mais
entediante. Não que fosse ruim ou que não tivesse nada para fazer, muito pelo
contrário, mas para Alvo era massacrante ter de esperar pela seleção, ainda mais
depois da revelação de seu pai na plataforma.
A idéia de Harry ter pedido ao Chapéu Seletor para não ir para a Sonserina,
atormentava a Alvo mais do que todas as piadas e provocações feitas por Tiago ao
longo do verão. Será que Harry teria sido colocado na Sonserina se não o tivesse pedido?
Era a pergunta que martelava a mente de Alvo a cada minuto que se passava. Sua
mente trabalhava arduamente a procura de uma resposta convincente. Alvo concluiu
que nunca pensaria novamente como estava fazendo naqueles longos momentos,
nem mesmos durante os exames finais da escola.
– Você está bem, Al? – perguntou Rosa poucos momentos antes do grupo de
amigos de Tiago entrarem na cabine para darem suas boas vindas.
– Achamos que vocês estavam muito solitários então resolvemos fazer uma
visitinha – contou Tiago sentando-se ao lado de Alvo e cruzando as pernas na
poltrona oposta. – Não se preocupem, pedimos para Horácio tomar conta de nossa
cabine, vocês sabem, Hogwarts está ficando muito cheia.
25
Junto a Tiago estavam: Sabrina Hildegard uma sextanista da grifinória – ela tinha
longos cabelos ruivos como o dos Weasley, e sempre carregava uma pluma sobre
seus cabelos ondulados – ao lado de Sabrina estava Ralf Dolohov, secundarista da
Sonserina, ele e Tiago haviam ingressado em Hogwarts no ano anterior. Inicialmente
Alvo havia imaginado que Tiago só havia criado laços de amizade com Ralf por
causa de seu tamanho – Ralf seria um bom guarda costas – mas depois de um tempo,
Alvo percebeu que Ralf não era o típico sonserino, e sim aquele que seguiu a
linhagem sanguínea de sua família. E ao lado direito de Ralf estava Eduardo Jones,
do terceiro ano. Jones, como o chamavam, era um dos membros do clube
extracurricular de Tiago que vestia as vestes da Lufa-Lufa. Jones tinha cabelos loiros
e ondulados, além de um sorriso atraente que deu arrepios em Rosa.
– Como está nossa futura colega grifinória? – perguntou Tiago se voltando para
Rosa, mas sem conseguir não completar. – E nosso sonserinozinho?
Alvo corou. Queria xingar Tiago de todos os nomes que aprendera com Monstro
em quanto o elfo se castigava, queria também reclamar de sua escolha com relação à
Sonserina, mas a presença de Ralf naquele momento impediu que Alvo pudesse o
fazer.
– Pare, Tiago – advertiu Ralf, abaixando os pés do amigo e sentando-se ao lado de
Rosa, podendo encarar Alvo frente a frente. – Não se intimide com tudo o que seu
irmão te diz, Alvo. Não vou lhe dizer que a Sonserina é a casa mais amável do
mundo, mas ela sabe tratar bem seus membros. O único problema é se você for filho
de trouxas. – acrescentou.
– Veja o Ralf, por exemplo – disse Sabrina Hildegard juntando-se aos
companheiros. – Primeiro eles tentam encontrar algum bruxo que carregue seu
sobrenome. Como Ralf tinha dois sobrenomes, a situação ficou mais complicada, mas
se eles concluírem que você é filho de trouxas... – ela passou a mão sobre o pescoço
como se esse estivesse sendo ameaçado por lâminas bem afiadas.
– Espere! – protestou Tiago saltando da poltrona e encarando seus companheiros.
– Vocês estão encorajando Alvo a se juntar aos sonserinos? – ele fez uma pausa,
limpou a garganta e acrescentou. – N-não que eu me importe. Mas é que...
– Nós já entendemos – interrompeu Eduardo Jones lançando uma piscadela para
Sabrina. Eduardo diferente dos demais continuava em pé, encostado na porta da
cabine que permanecera aberta.
– É... bem... – gaguejou Tiago dirigindo-se para fora da cabine. – Só queríamos dar-
lhes as boas vindas à Hogwarts. Então, já podemos ir?
– Se quiser que vá – disse Ralf passando os braços por trás da cabeça e recostando-
os na parede às suas costas. – Não vou a lugar algum. Aqui está divertido.
– Concordo – disse Sabrina.
26
– Bem, eu não vou deixar Horácio sozinho – afirmou Tiago dando as costas para os
quatro. – Jones, você me segue?
Eduardo não respondeu, apenas seguiu Tiago de volta a suas cabines de origem.
– Ele está morrendo de medo que Alvo não vá para a Grifinória – concluiu Rosa
retirando de sua mochila um exemplar de Hogwarts, uma história.
O restante da viagem a bordo do Expresso Hogwarts parecera passar tão rápido
como se fosse um sonho. Ao meio dia a velha bruxa do carrinho de doces passara
pela cabine onde estavam Alvo, Rosa, Ralf e Sabrina. Os quatro não pouparam
esforços para gastar as moedas douradas e prateadas que seus pais haviam lhe dado.
Em questão de minutos a cabine dos quatro estava apinhada de doces e balas.
Durante algumas horas o céu ficava coberto por escuras nuvens de chuva, que volta
e meia despejavam suas águas sobre a lataria vermelha do trem. Felizmente,
conforme o dia chegava ao fim e o crepúsculo começava a perder lugar para a
escuridão total, a pesada chuva que acompanhava o trem desde o início das
montanhas começava a se transformar em uma leva garoa, que mal molhava as
folhas das árvores das montanhas escuras.
– Próxima parada, estação final de Hogsmeade. – ecoou a voz do maquinista através
das paredes encantadas do trem.
– É melhor nos apressarmos – disse Alvo já vestido com as vestes da escola.
– Eu recomendo que vocês saiam logo – aconselhou Ralf abrindo a porta da cabine
e dando passagem para Sabrina. Eles voltariam até a cabine de Tiago, onde estavam
seus pertences. – Aquilo ali vai ficar lotado rapidinho.
Mesmo que Alvo quisesse seguir o conselho de Ralf, não pode. Rosa tivera alguma
dificuldade em guardar todos os livros que havia tirado da mochila para ler durante
a viagem.
– Pode ir na frente, Al – dizia Rosa espremendo seu exemplar de Voando com
Vampiros junto a uma antiga edição da Transfiguração, hoje.
– Não tem problema. Eu esperei onze anos para chegar a Hogwarts. Mais alguns
minutos não farão diferença.
Com muito esforço, Rosa e Alvo conseguiram guardar todos os livros da menina
dentro da mochila.
Quando Alvo colocou seus pés sobre o concreto úmido e gelado da plataforma de
Hogsmeade sentiu como se sua vida acabasse de mudar. Como se ele não carregasse
mais o peso do nome Potter, como se as pessoas fossem parar de apontar para ele e
gritar “O filho de Harry Potter”. Ele sentia que a partir daquele momento quando
apontassem para ele iriam gritar “Veja é Alvo Potter”. Alvo se sentia forte, grandioso,
como se pela primeira vez na vida ele pudesse controlar sozinho o caminho que suas
pernas fossem traçar. Contudo, quando ele finalmente tomou consciência de que
27
deveria se juntar ao grupo de primeiranistas que já se aglomeravam junto ao lampião
que o guarda caça de Hogwarts carregava, uma voz bem familiar soou pelos ouvidos
de Alvo.
– Estou de esperando na sala comunal com duas cervejas amanteigadas – disse
Tiago já fora do term. A mochila sobre um ombro e seus olhos fixos em Alvo, de um
modo que este nunca vira antes – Isso é claro se você não se juntar a Sonserina.
Tiago esperava que Alvo pulasse em cima dele e começasse a socar sua cara, mas
ele apenas sorriu para o irmão e ajeitou a mochila sobre os ombros.
– Não me importo – retrucou Alvo inocentemente.
– Como? – perguntou Tiago mais chocado do que nunca. – Quer dizer que eu
perdi metade do meu tempo de férias zombando de você para agora você dizer que
não se importa!
– Sim. Depois do que o pai disse na plataforma eu não me importo em ser
selecionado para a Sonserina ou para a Grifinória.
– E o que o pai te falou que fez com que você mudasse tão rapidamente de idéia? –
Tiago estava imaginando que Harry havia dito ao filho o mesmo que a ele no ano
anterior. Que não era mais mágico ser da Grifinória do que da Lufa-Lufa ou da
Corvinal, ou até mesmo da própria Sonserina.
– Disse que o Chapéu Seletor leva em consideração a sua escolha, e que ele me
mandaria para a Grifinória caso fosse meu desejo e que o chapéu não me obrigaria a
ser um sonserino se eu não quisesse. – Alvo esforçou-se para não contar a Tiago
sobre a parte em que seu pai havia dito que escolhera a Grifinória. Alvo sabia que
Harry possuía um bom motivo para não querer contar a Tiago sobre seu segredo, e
que não seria ele, Alvo, que o revelaria para Tiago.
– Te vejo no Salão Principal, Al – disse Tiago quase que em um sussurro,
endireitando a mochila sobre seus ombros e dando as costas para o irmão mais novo.
– Pode contar com isso – afirmou Alvo sorrindo para as costas do irmão. – Ah,
Tiago!
O irmão mais velho de Alvo deteve-se por um instante.
– Não era para você estar usando os óculos que a mamãe mandou?
– Não enche – disse Tiago por cima do ombro.
Alvo teve de correr para não se perder do grupo de primeiranistas. Hagrid, o
gigante e guarda caça da escola, já havia contornado a plataforma de Hogsmeade e já
explicava aos novos alunos como deveriam utilizar os barcos da escola.
–... Então, nada de mais de quatro alunos por barco – alertava o gigante para os
primeiranistas. – Não quero que nenhum de vocês vá nadar com a Lula Gigante. Ela
está brava há alguns dias, não sabemos por quê. Mas vamos controlá-la não precisam
se preocupar.
28
– Como se eu fosse – murmurou um garoto dentuço de cabelos negros próximo à
Alvo.
O jovem Potter já sabia como chegaria à escola de magia. Os barcos deslizariam
pelas águas negras do Lago Negro até a outra extremidade da escola, onde por fim
os alunos novos caminhariam até os portões do Salão Principal onde aguardariam
até o início da cerimônia de seleção. Alvo escolheu um barco que estava ocupado por
alguém que ele conhecia: no caso, seu primo Luís Weasley que diferente dele não
estava nem um pouco preocupado com a cerimônia de seleção.
– E ai, Al! – bradou Luís assim que Alvo se sentou na borda do barco de madeira. –
Sempre soube que ao vivo era bem mais atraente que através de fotos.
Luís indicou com a cabeça a estrutura medieval do castelo de Hogwarts. Alvo se
maravilhou com a arquitetura da escola, com o modo como o castelo escalava a
montanha que o sustentava, de forma majestosa e segura. As janelinhas refletiam as
luzes internas de Hogwarts que por sua vez eram refletidas pelas águas do Lago
Negro que balançavam conforme o vento gélido ordenava.
– Se estão todos prontos... – gritou Hagrid já sentado em seu barco magicamente
fortificado – VAMOS!
Ao soar da voz de Hagrid os barcos encantados da escola começaram a deslizar
pelas águas do lago que cercava a escola. Quando Alvo finalmente baixou os olhos
do castelo para os alunos que o acompanhavam na travessia se deparou com duas
garotas bem diferentes uma da outra. À frente de Alvo estava uma menina bastante
bonita de pele escura e cabelos negros, chamada Emília Jenkins. Ao lado de Emília
estava outra garota, porém esta tinha pele pálida, braceletes prateados, sapatos estilo
punk e um cordão que Alvo imaginava vir da mesma coleção que o amuleto mágico
que ficava envolto ao pescoço de Luna Lovegood.
Mas outra coisa incandescente chamou mais a atenção de Alvo de que os milhares
de janelinhas do castelo de Hogwarts. Alguns metros além da beira do Lago Negro,
além da orla próxima a Floresta Proibida, uma criaturazinha luminosa brilhava no
galho de uma árvore. Não parecia ser uma criatura muito diferente de um morcego,
tinha as mesmas características, porém era bem maior que um comum. Além do mais
a criaturazinha estava brilhando junto à árvore.
Mas tudo isso foi apenas por um breve momento. Rapidamente a criatura prateada
desapareceu. Como se sua presença fosse detectada e isso lhe custasse à vida.
Quando Alvo concluiu que não avistaria mais nenhuma criatura luminosa, baixou
seus olhos sobre as águas dançantes do lago por alguns segundo, mas tão rápido
quanto a primeira outra criatura incandescente surgiu na orla da Floresta Negra.
Assim como a outra, esta criatura possuía uma cor prateada e florescente. Sua luz
refletia nas árvores ao seu redor. Ela era bem maior que a anterior, do tamanho de
um veado, mas Alvo concluiu que não era um, pois não havia galhada como o
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patrono de seu pai. A criatura continuava brilhando junto às árvores da Floresta
Negra, contudo, algo a mais chamou a atenção de Alvo. A criatura não estava
admirando a beleza do castelo de Hogwarts assim como os primeiranistas e o
morcego incandescente. Essa, por sua vez, mirava em um aluno em especial da
mesma forma que os estudantes e os pais na plataforma encaravam Harry. A criatura
iluminada estava observando Alvo.
– Cuidado com as cabeças! – alertou Hagrid quando os barcos atingiram a outra
extremidade.
Por um instante Alvo desviou seu olhar da criatura luminosa para poder
desembarcar do barco. Pisar na terra molhada pertencente aos terrenos da Hogwarts
era algo que Alvo aguardava há muito tempo, e que agora era a mais pura realidade.
Contudo quando ele voltou seu olhar para a orla próxima a floresta a procura da
criatura, deparou-se apenas com as árvores gigantescas que cercavam os terrenos da
escola.
– Todos os alunos, por favor, sigam-me! – berrava Hagrid guiando os
primeiranistas por uma espécie de túnel subterrâneo feito de pedras. A cabeça do
gigante batia no teto de pedras a todo o tempo, mas em momento algum Hagrid se
mostrava irritado com tal fato.
Ele parou de repente tateando o teto com o cabo de seu guarda-chuva cor de rosa.
Como se estivesse procurando uma passagem secreta, Hagrid encostou o cabo
enferrujado em todas as pedras em um raio de um metro. Finalmente o gigante
encontrou a passagem desejada. Quando encostou o cabo do guarda-chuva da pedra
desejada, essa começou a se mover e a formar uma íngreme escada de pedra e limo
que dava para o pátio de entrada da escola.
– Subam e esperem até o professor Longbottom tomar frente ao grupo – ordenou
Hagrid abrindo caminho entre os estudantes para liberar a passagem. – Ele irá levá-
los até o Salão Principal para a hora mais esperada da noite.
Como ele era um dos últimos da fila, demorou um pouco até que Alvo pudesse
chegar mais perto da escada. Porém ele queria fazer algo antes de subir as escadas.
– Oi, Hagrid! – exclamou Alvo se aproximando da figura corpulenta do guarda
caça.
– Alvo! Há quanto tempos nós não nos víamos! – Hagrid parecia um bebê chorão.
Enxugando timidamente as lágrimas que brotavam dos seus olhos ele encarou Alvo.
– Não te vejo desde março passado, e veja como você cresceu!
Mesmo estando mais alto que há um ano atrás, Alvo sabia que para Hagrid ele
sempre pareceria um menininho de dez anos.
– Eu também estava com saudades de você, Hagrid – disse Alvo pouco antes de
ser envolto pelos braços gordos de Hagrid. – O... o que aconteceu para você ficar tão
sumido?
30
– Você sabe que a Profª McGonagall deixou seu cargo, como diretora, este ano.
Então, quando se é um professor um tanto desastrado e que cuida de criaturas do
mundo da magia... Bem, tem que mostrar uma boa primeira impressão para o novo
diretor – ele estudou Alvo com seus olhos miúdos, tentando ler as emoções de Alvo
através de sua face. – Rápido, Alvo! – gritou o gigante batendo com os braços no teto
do túnel. – Suba logo, rápido se não você perde a passagem!
Sem pensar duas vezes Alvo pulou o mais alto que pode, esticando as pernas ao
máximo para atingir o topo das escadas o mais rápido possível. Ele pulou umas três
ou quatro vezes até finalmente repousar sobre o gramado fofo e úmido do pátio de
entrada.
Alvo estava encantado em estar dentro do castelo de Hogwarts. A única vez que
estivera dentro do castelo fora quando seu pai levara a família para dar um passeio
pelo estabelecimento, para conhecer alguma parte da escola antes dos onze anos de
idade. Muita coisa parecia diferente de quatro anos antes quando Alvo esteve ali. O
Pátio de Entrada parecia ter sido restaurado, tendo as estátuas ao redor da fonte do
pátio, mais belas e suntuosas. As ervas que cresciam entre os azulejos haviam sido
podadas e a única coisa velha que se encontrava no pátio era a figura carrancuda e
desanimada do Sr Filch.
Alvo só reconheceu o zelador da escola, pois esse se enquadrava em todas as
características que seus parentes haviam lhe concedido. Um homem velho, de
aparência fria e rabugenta. Cabelos sujos quebradiços, pele enrugada e sua gata que
sempre estava juto dele, Madame Nor-r-ra. Filch aninhava a gata como se fosse um
bebê, tomando cuidado para não machucar o animal, ele se mostrava pouco
interessado em olhar para os alunos novos.
Poucos minutos depois dos primeiranistas terem se reunido em frente às grandes
portas de carvalho que davam para o hall de entrada, um homem da mesma idade
que o pai de Alvo, face rosada e um sorriso um tanto abobalhado, as abriu com um
estalo e veio receber os alunos novos.
– Bem vindo, alunos – disse a figura simpática do Prof Longbottom. Esse não
precisou de nenhuma característica para ser reconhecido por Alvo, pois ele conhecia
bem o rosto bobo do padrinho. Neville vestia vestes surradas e marrons, um chapéu
cônico remendado em sua aba e botas de escalada, como se estivesse pronto para
afundar os dois pés na terra molhada.
Os múrmuros cessaram no instante em que o professor de Herbologia começou a
falar. A atenção era geral em quanto o silêncio era cortado apenas pela voz suave do
professor.
– Bem, o banquete de início de ano será realizado em alguns instantes, mas antes
de vocês se sentarem em uma de nossas mesas, será realizada a cerimônia de seleção.
A cerimônia de seleção, como muitos já devem saber, consiste basicamente em
31
selecionar vocês em uma de nossas quatro casas: Grifinória, Lufa-Lufa, Corvinal e
Sonserina. A Seleção é muito importante, pois enquanto vocês estiverem em
Hogwarts suas casas serão como suas famílias. Seus colegas serão seus amigos, e
seus parentes. Contudo, nem tudo são flores aqui em Hogwarts. Aqui, como em todo
estabelecimento, existem regras, se quebrarem alguma regra da escola sua casa
perderá pontos. Porém, se vocês obtiverem algum triunfo na escola digno de um
prêmio, sua casa ganhará pontos. No final do ano, a casa que tiver mais pontos
ganhará a Taça das Casas.
– Então nós não teremos de enfrentar um trasgo para sermos aceitos na escola! –
gritou um garoto no meio do grupo.
– Não, o senhor pode ficar relaxado. Ninguém terá de enfrentar nada para ser
aceito pela escola – riu o Prof Longbottom. – Vocês já foram aceitos, não tem mais
volta. Vocês terão de suportar Hogwarts e Hogwarts terá de suportar vocês. Mas, eh,
fiquem tranqüilos, nós faremos tudo para que vocês possam chamar este castelo de
lar.
O Prof Longbottom deu as costas para os primeiranistas e, os guiou pelo interior
do castelo até chegarem próximos às grandes portas de carvalho que davam para o
Salão Principal. As luzes vindas dos candelabros e tochas ao redor da entrada para o
salão refletiam-se nas bordas e nos desenhos esculpidos nas portas. Eram imagens
bonitas e únicas que mudavam de hora em hora.
– Se estiverem preparados... Sigam-me – com um aceno de mão o Prof Longbottom
abriu as portas que davam para o Salão Principal.
Os zumbidos e vozes antes contidos pelas portas de carvalho se espalharam por
toda a escola no momento em que o professor Longbottom abriu as portas. A
luminosidade do Salão Principal era infinitas vezes maiores que a dos corredores que
Alvo acabara de passar. Ele concluiu que o Salão Principal era muitas vezes maior
que a antiga casa da Rua dos Alfeneiros que um dia acolheu Harry Potter e que hoje,
já reformada, acolhia a família do primo de Harry, Dudley Dursley.
O Prof Longbottom levou o grupo de calouros até um tablado que separava a mesa
dos professores das outras quatro grandes mesas das casas da escola. Eram muitas
coisas para se ver em pouco tempo. Rapidamente, Alvo levantou a cabeça para poder
admirar o teto encantado do Salão Principal, que mostrava um céu estrelado e uma
lua pronta para minguar. Depois Alvo observou as quatro mesas de Hogwarts,
apinhadas de estudantes ansiosos para o início da seleção. Por um momento, Alvo
sentiu que era observado por alguém e não era para menos. Tiago Potter estava junto
a seus amigos grifinórios falando e rindo, mas seus olhos estavam fixos na figura
magricela do irmão. Por um instante Alvo se sentiu encabulado, mas logo sua
atenção foi desviada pela voz do professor Longbottom.
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– Antes do início da cerimônia de seleção – dizia o professor em quanto as
conversas cessavam e os murmúrios morriam – a diretora Servilia Crouch quer dizer
algumas palavras. Diretora...
Longbottom fez uma tímida reverência para a diretora que apenas lançou-lhe um
simpático sorriso antes de se erguer de sua nobre cadeira de diretora. Servilia Crouch
era uma mulher que aparentava ter seus cinqüenta anos de idade, mas Alvo sabia
que ela possuía mais, pois graças às poções e atributos genéticos dos bruxos é
possível você aparentar muito menos de sua idade natural. A diretora Crouch
possuía algumas rugas em sua face – nem tantas como sua antecessora, a Profª
McGonagall que se sentava ao seu lado – Servilia possuía cabelos negros envoltos em
um forte coque, com ligeiras mechas calvas que ela tentava arduamente esconder.
– Boa noite, a todos vocês, principalmente aos alunos novos que estão se juntando
a nós aqui em Hogwarts pela primeira vez. A vocês primeiranistas, o meu: “boas
vindas”. E aos antigos, sejam bem vindos de volta. Bem, como muitos de vocês já
devem saber através do Profeta Diário e das demais revistas bruxas, este será, assim
como o de alguns de vocês, o meu primeiro ano aqui em Hogwarts. É com muita
honra que substituo a Profª Minerva McGonagall como diretora de Hogwarts.
Minerva – como pode ver – não nos deixou por completo, pois ela concordou em
continuar educando-os na didática de Transfiguração e me auxiliando como vice-
diretora.
“Bem, como diretora da escola é meu dever informar aos primeiranistas, e
relembrar aos alunos antigos, que é estritamente proibido a ida de alunos aos
arredores da Floresta Proibida sem a autorização e o acompanhamento de um
professor ou responsável. Afinal como o próprio nome já diz, a floresta é proibida.
Também devo informar-lhes que é proibido o uso de feitiços nos corredores durante
os intervalos das aulas. E, o nosso zelador o Sr Filch, me pediu para lembrar-lhes que
qualquer artefato que tenha ligações com a loja de brincadeiras Gemialidades
Weasley, que possa fornecer qualquer tipo de transtorno ou rebuliço dentro da
escola é proibido e corre um sério risco de ser confiscado pelos professores e
funcionários.”
“Antes de iniciarmos a seleção, gostaria de apresentá-los aos novos professores de
Hogwarts. Por favor, professores novos, levantem-se.”
Cinco professores levantaram-se de suas cadeiras. Alvo havia prestado atenção
somente em dois, que desde o momento que ele entrou no Salão Principal, estavam
envoltos em uma complicada discussão que Alvo nem se quer poderia imaginar qual
era.
– Da esquerda para a direita – começou a diretora Crouch apresentando os
professores. – Alunos deixem-me apresentá-los ao seu novo professore de Defesa
contra as Artes das Trevas, professor Mylor Otacílio Silvano. Ao seu lado, está o
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professor da nova didática de Artes dos Trouxas, professor Epibalsa McNaught.
Depois estão seus novos professores da arte de mancia, professor R. J. H. King, para
Tecnomancia e o professor Herberto Margolyes como professor de Geomancia. E por
último, mas não menos importante, nós teremos a presença da professora Julieta
Knowles Revalvier, como professora de Literatura Mágica.
“Por último, gostaria que minha colega, professora McGonagall dissesse algumas
palavras para vocês. Não gostaria que Minerva passasse a noite toda calada.”
A diretora Crouch se silenciou por debaixo de fortes aplausos dos estudantes, em
seguida a professora McGonagall começou seu discurso agora não mais como
diretora da escola.
– Uma boa noite a todos – disse a Profª McGonagall para todos os presentes. –
Serei rápida e breve, pois tenho certeza de que todos estão ansiosos com a seleção.
Gostaria apenas de lembrar-lhes que não sou mais sua diretora, mas que inda posso
colocá-los em detenção e tirar pontos de suas casas. Obrigada.
Assim como a diretora, McGonagall se silenciou por baixo de aplausos dos
estudantes, contudo estes foram menos animadores que os da diretora.
Alvo percebera que Servilia e McGonagall tinham bastante em comum. Sendo
duas senhoras muito gentis, porém severas com quem se deve. Alvo não gostaria de
encontrar as duas irritadas, sendo ele o motivo de tal irritação.
Pouco depois dos discursos de Crouch e McGonagall, a nova monitora da
Corvinal, sua prima Molly, levara até o topo do tablado à frente dos primeiranistas,
um banco de quatro pernas e um chapéu cônico velho. Alvo sabia exatamente o que
ia acontecer em seguida. O Chapéu Seletor iria cantar uma música – em geral
relacionada à amizade e a dificuldade em selecionar os alunos – e depois a seleção se
iniciaria, com o Prof Longbottom chamando os primeiranistas e repousando o velho
chapéu cônico sobre suas cabeças.
Porém após os discursos da diretora e da professora de Transfiguração, Alvo
desligou-se completamente da cerimônia de seleção. Seus pensamentos flutuavam
desordenadamente. Ele não sabia o que fazer e qual caminho seguir. Queria usar
tudo àquilo que o pai havia dito na plataforma, mas e se ele escolhesse o caminho
errado. E se ele escolhesse a Grifinória e no final das contas essa fosse a errada.
Não! Pensou Alvo com todas as forças. A Grifinória não podia ser o caminho
errado, era a casa que seu pai freqüentara que sua mãe freqüentara, seus avós, tios e
tias... Mas muitos dos novos Weasley não haviam seguido o caminho grifinório.
Vitória e Dominique eram da Lufa-Lufa e Luís estava determinado a seguir a mesma.
Molly era da Corvinal e Rosa fatalmente seria enviada para a mesma, e se Alvo
acabasse se saindo melhor em outra casa?
– Luís Weasley – chamou o Prof Longbottom trazendo Alvo de volta a si.
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O Chapéu Seletor demorou um pouco para decidir em que casa por o primo de
Alvo, e nesse meio tempo, ele percebeu quais outras crianças já haviam sido
selecionadas.
Um garotinho risonho de cabelos castanhos, chamado Cameron Creevey havia
sido selecionado para a Grifinória. Emília Jenkins, a garota que havia cruzado o Lago
Negro junto a Alvo havia sido enviada para a Corvinal assim como Irene Mcmillan.
– LUFA-LUFA! – rugiu o Chapéu Seletor para alívio de Luís que já estava
começando a tremer por debaixo da aba do chapéu.
– Eugênio Finnigan.
– Grifinória! – a mesa de Tiago explodiu em vivas, assim como havia feito antes
com Cameron Creevey.
– Ísis Cresswell.
– Corvinal! – anunciou o chapéu, e logo em seguida Ísis saiu correndo em direção à
mesa do lado esquerdo a Alvo. Que ainda vibrava com a seleção da menina.
– Valerie Rosier.
– Sonserina!
– Isaac Prewett.
Aquele nome fez com que Alvo prestasse realmente atenção na seleção. Prewett,
Alvo já ouvira aquele nome antes, mas de onde vinha? Uma parte adormecida de seu
cérebro começara a trabalhar arduamente a procura de algo que se encaixasse com o
nome.
– O relógio? – murmurou Alvo lembrando-se do velho relógio de seu pai que antes
pertencera ao irmão mais velho da vovó Weasley. Mas Isaac não poderia ser seu
parente, pois o tio-avô de Alvo, Fábio, havia sido morto durante a Primeira Guerra
Bruxa, assim como seu irmão.
– Sonserina! – gritou o chapéu liberando o garoto de cabelos ruivos.
– Lívio Black.
Ouvir aquele nome foi quase que tomar uma descarga elétrica. Alvo sabia bastante
sobre a família Black, sendo que ele morava na antiga casa da linhagem. Mas Alvo
tinha certeza de que após a morte precoce do padrinho do seu pai, Sirius Black, o
nome havia sido extinto, pois ele era o último a carregar o nome Black, e como Sirius
não havia procriado, era óbvio que a família Black havia sido extinta pelo lado
masculino, mas... Ele estava ali, o garoto chamado Lívio carregava o nome Black e
não podia ser apenas coincidência.
– Corvinal! – anunciou o chapéu.
Depois de Lívio, Lana Longbottom foi chamada para ser selecionada.
Cuidadosamente o professor de Herbologia repousou o Chapéu Seletor sobre os
cabelos da filha sem antes desejar-la sorte. Alvo conhecia Lana, geralmente via a
35
garota brincando nas escadarias do Caldeirão Furado na companhia de seus irmãos
mais novos.
– Grifinória! – anunciou o chapéu para alívio de Lana, e de seu pai também.
Antônio Zabini se tornou um sonserino, porém Alberto Stebbins foi escolhido para
se juntar à mesa da Lufa-Lufa, a do lado direito à Alvo.
Perseu Flint também foi selecionado para a Sonserina, assim como seu irmão
gêmeo Teseu. Já Henry Thomas foi selecionado para a Grifinória do modo como
desejava.
– Escórpio Malfoy – chamou o Prof Longbottom, despertando qualquer um que
não estivesse interessado na seleção.
Escórpio parecia mais pálido do que quando Alvo o vira na plataforma e dentro do
Expresso Hogwarts. Assim como Alvo, Escórpio herdara um nome muito famoso
dentre os bruxos e assim como Potter, todos os membros da família de Escórpio
vieram da mesma casa há séculos. Alvo não conseguia imaginar o porquê do
nervosismo de Escórpio, pois assim como seu pai, sua mãe e todos os antigos
membros da família Malfoy, ele seria selecionado para a Sonserina...
– Grifinória! – bradou o Chapéu Seletor.
Não houve aplausos por parte dos membros da Grifinória. Alvo não sabia se eles
estavam surpresos demais pela decisão final do chapéu ou se estavam com muita
raiva e nojo de terem de conviver com um membro da família Malfoy, que por
gerações humilhou e perseguiu os membros da Grifinória.
Escórpio também não se mostrava diferente. Ele continuara sentado no banco de
madeira de quatro pés mesmo depois de ter sido selecionado. O choque de não ter
sido colocado na Sonserina o consumia de dentro para fora, impossibilitando seu
cérebro de pensar ou de comandar qualquer um de seus músculos. Escórpio só saiu
da cadeira quando o Prof Longbottom chamou o nome de Morgana Hallterman.
– Alvo Potter.
Novamente o salão permaneceu em total silêncio. Assim como Escórpio, Alvo
chamou bastante atenção entre alunos e professores.
– Longbottom disse: Potter?
– É sim! É o filho de Harry Potter!
– Shh! Cale a boca! Agora será selecionado outro filho de Harry Potter.
Todos os comentários não eram para Alvo, e sim para O Filho de Harry Potter.
Aquilo foi consumindo Alvo por dentro, ser o filho de Harry Potter não era apenas o
que ele queria, ele queria que as pessoas começassem a reconhecê-lo por seu nome e
não por ser filho de um dos maiores bruxos dos tempos atuais.
A última coisa que Alvo conseguiu ver antes do Prof Longbottom deixar o chapéu
recair sobre seus olhos, foi um salão cheio de alunos espichando os pescoços para
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tentar ver o rumo da seleção de Alvo. Olhos arregalados sem ao menos piscar, e
vários grifinórios já cantando vitória.
– Potter, Alvo. Sim. Admito que eu anseie em poder observar esta mente – disse o
Chapéu Seletor em um sussurrou, mas que podia ser ouvido, pois o salão estava em
total silêncio. – Você é o quinto Potter que vem sob meu tecido, e o quarto a se
submeter a meu julgamento. Quase cinqüenta anos se passaram, três gerações de
Potter e vocês são sempre difíceis de classificar.
Eu não tenho que ser igual ao meu pai. Pensou Alvo ingenuamente sem se lembrar
que o chapéu estava sobre sua cabeça. Ser um grifinório não é meu dever. “... poderá
escolher a Grifinória em vez da Sonserina.” As palavras de Harry ecoavam nos ouvidos
de Alvo, como se o pai estivesse o seu lado as repetindo.
– Sentimentos denunciadores, Potter – disse o chapéu. – Você seria grandioso em
qualquer uma das quatro casas, mas será? Talvez... Lufa-Lufa?
Não! Tudo, tudo menos a Lufa-Lufa! Pensou Alvo com todas as forças que ainda lhe
restavam. Eu posso ser grandioso em qualquer uma das casas, mas eu serei grandioso de
outro jeito: do meu jeito.
– Hmm. Interessante, Potter. Se assim deseja... – o Chapéu Seletor fez uma pausa
proposital, como se quisesse matar alguém do coração. – Sonserina!
A mesa na extremidade direita à Alvo explodiu em festa. Era como uma
compensação mais que satisfatória para os sonserinos, um Malfoy por um Potter.
Um nome mais famoso e de mais expressão. Por outro lado, a mesa da Grifinória
parecia se preparar para um funeral. Suas caras nunca demonstraram maior
desapontamento e sensação de perda do que naquele momento.
Contudo, dentro de Alvo, uma mistura de sensações e emoções invadia seu corpo.
Sua mente e seu coração pareciam estar em constante conflito. Ele não sabia se sorria
ou se chorava. Se ele deveria corria para fora da escola ou se aceitava as boas vindas
da Sonserina. Somente uma opção lhe ocorreu quando o Prof Longbottom retirou o
Chapéu Seletor de seus cabelos escuros.
– É tão ruim ser da Sonserina? – perguntou Alvo para Neville que se mostrava tão
surpreso quanto o restante da escola.
Neville encarou Alvo com seus olhos simpáticos e amistosos. Quase nada passava
pela mente de Neville, nenhuma resposta que pudesse agradar completamente Alvo.
Então, como um leve sopro, Longbottom deixou seus olhos recaírem sobre o afilhado
assustado e enfim respondeu:
– Não.
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Capítulo Três
Encontro de Professores
esde os tempos de Armando Dippet como diretor de Hogwarts havia
uma comemoração particular entre os diretores das casas da escola.
Com o fim do mandato do Prof Dippet e a posse de Alvo
Dumbledore, a reunião se estendeu para além dos diretores de casas. Além destes,
outros professores convidados pelo diretor poderiam compartilhar dos comes e
bebes; distribuídos na festa particular. Porém durante o ano em que Severo Snape foi
diretor nenhuma festa ou reunião fora marcada. Os tempos de guerra e desconfiança
entre os professores impediram que qualquer comemoração fosse organizada.
Contudo naquele ano, durante o novo regime estudantil de Servilia Crouch a
comemoração de início de ano foi mantida. Além dela e dos diretores de casas foram
também convidados, o Prof Longbottom, o Prof Silvano, Prof Finch-Fletchley e a
Profª Gertrudes Knossos de Runas Antigas. As reuniões geralmente aconteciam no
escritório do diretor, mas devido ao número de convidados, achou-se mais agradável
que a reunião dos professores acontecesse na Sala Precisa no sétimo andar. Onde os
professores poderiam ter mais conforto e privacidade, sem correr nenhum risco de
serem surpreendidos por um aluno perdido.
Para poder entrar na Sala Precisa a diretora Crouch e os demais professores
deveria pensar em como precisavam de um lugar para poder conversar com os
outros colegas, sem se preocupar com os alunos e onde poderiam comer e beber sem
culpa. Servilia não teve dificuldade para achar a Sala Precisa. Em seus tempos de
estudante ela utilizara a Sala Precisa várias vezes. Quando ela queria esconder sua
Cleansweep Cinco das outras garotas para que essas não a gozassem pelo fato de
Servilia treinar para o Quadribol e quando a atual diretora usava a sala para praticar
feitiços com seu grupo de amigos sonserinos.
Quando a diretora chegou à Sala Precisa deparou-se com largas mesas repletas de
comidas e bebidas, principalmente vinhos e cidras. Servilia agradeceu por não ter se
fartado de comida durante o Banquete de Início de Ano. As paredes da Sala Precisa
estavam cobertas por tapeçarias com as cores das casas da escola e com os emblemas
respectivos de cada uma. Algumas mesas e cadeiras de prata foram espalhadas pela
sala, além de uma antiga vitrola encantada que repousava sobre uma bancada e
soava as melodias da antiga banda bruxa Caldeirão Explosivo, liderada pela cantora
Selena Bichwitck.
A cada dez minutos um professor chegava a Sala Precisa. Para não levantar
suspeitas entre os alunos, os professores combinaram de não chegarem todos juntos.
Neville contou que a mesma tática era usada por ele e por seus colegas durante os
tempos de reunião da Armada de Dumbledore.
D
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Primeiro chegou a Profª McGonagall na companhia do Prof Flitwick. Em seguida
Horácio Slughorn adentrou na Sala Precisa em uma animada conversa com a Profª
Knossos. Poucos minutos depois o professor Finch-Fletchley de Estudos dos Trouxas
chegou sozinho à Sala Precisa. E dez minutos depois o Prof Longbottom e a Profª
Vector chegaram para a comemoração. A Profª Vector de Aritmancia havia sido
selecionada como diretora da casa Lufa-Lufa depois que a professora Sprout se
aposentou. Por último chegou Mylor Silvano, o único professor novato que fora
convidado para a reunião dos professores. Foi idéia de Neville chamar o novo
professor já que ele e Mylor tinham uma antiga amizade, formada durante seus
tempos como membros do Quartel-General dos Aurores.
Cada professor se juntou perto de uma mesa de comida para discutir e conversar
sobre as novas dos tempos de férias e sobre demais assuntos que geralmente
variavam entre Quadribol, política e feitiços.
– Divino este banquete, Servilia! – suspirou o Prof Flitwick servindo-se de mais
uma porção de salgadinhos. – Onde os encomendou? Não como algo tão... prazeroso e
novo há algum tempo.
– Encomendei de uma nova loja gourmet que inaugurou no Beco Diagonal. É bom
saber que foi aprovado – a diretora Crouch sabia que teria de encomendar os comes
e bebes, afinal, segundo as famosas Leis de Gamp, comida é uma das cindo exceções
sobre a Transfiguração Elementar.
– A quanto não nos vemos, Mylor? – perguntou o Prof Longbottom de outro
extremo da Sala Precisa.
– Há uns cinco anos – respondeu o Prof Silvano. – A última vez que te vi foi
quando nós pedimos demissão do quartel general dos Aurores. Daí você veio para
Hogwarts e eu comecei minha viagem ao redor do mundo.
– E quanto à seleção deste ano, hein? – começou o Prof Finch-Fletchley chamando
a atenção de todos os presentes – Acredito que este ano o Chapéu Seletor
surpreendeu a todos. E não estou me referindo a sua canção habitual.
– De fato! – exclamou o Prof Slughorn levantando os braços e os abanando como se
estivesse torcendo loucamente – Hoje fui presenteado com algo que nunca pude
imaginar que aconteceria! Um Potter, em minha casa! E justamente o parente de
minha querida Lílian Evans! Alvo Potter, na Sonserina!
– É verdade, Horácio. Tenho que admitir que fiquei bastante surpreso quando o
chapéu decretou que Potter seria um sonserino. – aceitou o Prof Flitwick ajeitando
seus óculos dourados, colocando-os bem ao centro de sua carinha redonda –
Contudo é verdade que fiquei decepcionado com o veredicto do chapéu com relação
a um dos primos de Alvo Potter. É verdade, esperava que Rosa Weasley se juntasse a
minha casa este ano, afinal, ela é filha de Hermione Granger!
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– Mas em compensação é filha de Rony Weasley, também. – completou a Prof
McGonagall de maneira irônica.
– Sim. Creio que o sangue grifinório de Rony contou mais que a inteligência de
Hermione. – disse Neville servindo-se de cidra sabor uva.
– Mas, – começou a Profª Vector sentando-se na mesa mais próxima aos
professores e servindo-se de um pedaço de pernil – acredito que todos os papais que
lecionam aqui em Hogwarts não poderão ficar chateados. Afinal, sua filha mais
velha, Neville, seguiu seus passos e juntou-se a Grifinória. O mesmo fez seu filho,
Inácio, professor Finch-Fletchley, porém seguindo o caminho da Lufa-Lufa.
– Sim. Mas admito que fiquei surpreendido quando Neville anunciou os nomes
Black e Prewett. – disse Justino para os demais – Não sabia que estas famílias ainda
possuíam descendentes homens que possuíssem seu nome. Já era de meu
conhecimento que os Blacks ainda possuíam descendentes vivos, porém com outros
nomes como Malfoy, Potter e Crouch. Assim como os Prewett tem relações com os
Weasley, mas carregar o nome original?
– Isso se dá à ligação de Lívio e Isaac com parentes abortados. – explicou Flitwick –
Lívio é bisneto de Mário Black, neto do Prof Fineus Black, porém como Mário era um
aborto não teve sua árvore genealógica divulgada junto ao restante da família. Isaac,
por sua vez, tem parentesco com um tal de Geraldo Prewett. Geraldo era filho de
Inácio e Lucretia Prewett, tendo relações familiares tanto com a família Weasley
quanto com a Black, respectivamente. Geraldo teve uma vida bem melhor que a de
Mário, e aparentemente, se profissionalizou como contador trouxa. Ambos os
parentes abortos dos garotos tiveram filhos, porém somente a mais nova de Geraldo
foi aceita em Hogwarts. Deve se lembrar da jovem Mafalda Prewett, Minerva. Ela foi
aceita em Hogwarts a uns vinte e tantos anos.
– É verdade, Filio. – confirmou McGonagall bastante interessada nas histórias que
ela não conhecia – Mafalda era uma aluna brilhante, um tanto inconveniente e
respondona, mas e que explica as relações de Isaac com a Sonserina.
– PELAS BARBAS DE MERLIM! – berrou o Prof Slughorn derrubando seu vinho
dos elfos no chão e levando as mãos à cabeça – Como pude me esquecer de Mafalda!
Lecionei para ela a partir de seu terceiro ano, ela era realmente brilhante, sempre com
as respostas na ponta da língua. Era tão inteligente quanto a Srtª Granger...
– Filio, – murmurou Servilia Crouch para o professor de Feitiços – os Lestrange
também tem relações com a família Black, correto?
– Sim. – respondeu Flitwick firmemente – Rodolfo Lestrange se casou com Belatriz
Black, filha de Cygnus e Druella Black. Mas por que a pergunta, Servilia? Ah, sim, o
jovem de nome Agamenon. Creio que ele se juntou a Grifinória.
– Termos um Lestrange na Grifinória já é bastante surpreendente, mas – Servilia
fez uma pausa em quanto tomava um gole de seu vinho – o que mais me surpreende
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é termos um Lestrange de volta a Hogwarts! Com isso é possível? O garoto não é filho
de Rodolfo, é?
– Não. – respondeu rapidamente Mylor Silvano, já consciente de que Neville
também já sabia a resposta – Ele é filho de Rabastan Lestrange. Recapturado há
alguns anos.
– Mas como Rabastan ou seu filho, voltaram à Inglaterra bem debaixo do nariz do
ministério? – Servilia continuava perplexa – Como, depois de tudo que Rabastan e
seu irmão fizeram, como ele pode voltar?
– O Ministério pode ser lento e injusto, mas não é burro. – afirmou Neville – Eu e
Mylor sabemos um pouco mais sobre este caso. Os Lestrange voltaram à Inglaterra
há dez anos, em nosso tempo ainda como aurores, o escândalo fora tamanho que até
o ministro Shacklebolt teve de se envolver.
“Pouco antes do término da Batalha de Hogwarts, Rabastan Lestrange deu-se por
vencido e concluiu que aquela era uma guerra que os seguidores de Voldemort não
ganhariam. Pouco antes de Harry se entregar a Voldemort e de este supostamente o
assassinar. Rabastan disse a seu irmão que não voltaria à Hogwarts, que ele fugiria
para a França e que estava disposto a levar Rodolfo e Belatriz com ele. Porém,
Rodolfo era orgulhoso, e sua esposa não menos. Ele disse a Rabastan que em
momento algum abandonaria o Lorde das Trevas. Já Rabastan não estava disposto a
voltar para Azkaban por uma terceira vez. Rodolfo, por sua vez renegou Rabastan, e
o excluiu da família Lestrange, pois afirmava que ele, Rabastan, havia abandonado
seu irmão e seus ideais. Bem, sabemos o que aconteceu com Rodolfo e Belatriz. Um
apodrece em Azkaban em quanto a outra repousa no sono profundo.”
“Quando percebeu que já estava velho e com medo de levar o nome para o túmulo
com ele, Rabastan decidiu se casar e procriar com alguma bruxa de sangue-puro.
Três anos após o casamento com a bruxa francesa Charlotte Asset, Rabastan teve um
filho.”
– Daí veio Agamenon. – concluiu Justino.
– Sim. Mas desmentindo o julgamento final de Rodolfo Lestrange, Rabastan não
havia abandonado seus ideais. Sua esposa Charlotte queria que Agamenon estudasse
em Beauxbatons, mas Rabastan era tão orgulhoso quanto o irmão e a cunhada. Ele
não queria que um Lestrange fosse tratado como qualquer um em Beauxbatons.
Então Rabastan mandou uma carta ao ministro pedindo que Charlotte e Agamenon
pudessem voltar à Inglaterra e desfrutar de toda a fortuna e bens que Rabastan
herdou de seus pais. Mas, em troca, Rabastan se submeteria ao julgamento perante a
Suprema Corte dos Bruxos e aceitaria qualquer que fosse sua decisão final.
“Obviamente, Rabastan foi condenado à prisão perpétua em Azkaban, e morreu
um ano após ser condenado.”
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Alvo Potter e o Caçador de Destinos

  • 1. Alvo Potter e o Caçador de Destinos Por V. G. Cardoso, baseado no universo e personagens de J. K. Rowling
  • 2. 2 Porque a magia ainda não terminou, porque ainda há histórias a serem narradas, porque o gosto pela leitura de Harry Potter ainda aflora a pele e porque uma legião de pessoas não pode ficar sozinha sem o bruxo que elas mais adoram.
  • 3. 3 Dezenove anos se passaram desde a batalha que silenciara o inimigo número um da comunidade bruxa. Deste período os bruxos espalhados pelo mundo podem se gabar de uma sociedade de aparente paz e calmaria. Uma nova geração de bruxos e bruxas começa a surgir. Aprendendo feitiços e predições, e em meio a esta está o filho do renomado Harry Potter. Alvo Potter, junto com sua prima Rosa Weasley e com seu esquivo melhor amigo, Escórpio Malfoy (isso mesmo Escórpio Malfoy) devera embarcar em sua primeira aventura contra um conhecido vilão que tenta com toda sua genialidade e potencial espalhar o caos e trazer de volta a vida o impiedoso e nefasto Lorde Voldemort.
  • 4. 4 Sumário Um: A Rua dos Encanadores Dois: A Decisão do Chapéu Seletor Três: Encontro de Professores Quatro: O Memorial de Hogwarts Cinco: McNaught e Silvano Seis: O Sentimento que Ainda Habita a Sonserina Sete: O Artesão Esquecido Oito: O Conto do Bruxo Linguarudo Nove: Sonserina vs. Lufa-Lufa Dez: O Segredo de McNaught Onze: Férias em Hogwarts Doze: As Investigações de Rosa Treze: O Amigo das Corujas Catorze: O Exulto da Cobra Quinze: Plano Falível Dezesseis: Segredos Descobertos Dezessete: A Jogada de Furius e a Vingança de Mylor Dezoito: O Caçador de Destinos Dezenove: O Fim da Sociedade da Serpente Vinte: O Presente do Velho Weasley
  • 5. 5 Capítulo Um A Rua dos Encanadores muitos quilômetros longe da sede do governo trouxa e do Ministério da Magia, a mesma névoa que afligia os londrinos que vagavam pelas ruas semi-escurecidas também comprimia as janelas e cacos de vidros das habitações abandonadas que se estendiam por toda a Rua dos Encanadores. Mesmo sendo fim de tarde a escuridão já vagava pelas cidades de todo o país, inclusive aquela, que mergulhava em um depressivo e sombrio silêncio cortado apenas pelo som das águas do rio onde peixes e pequenas formas de vida carregavam quilos de poluição e elementos tóxicos. Todas as habitações ao seu redor não demonstravam a existência de nenhum morador atual, mesmo que há anos atrás várias pessoas já houvessem constituído famílias inteiras naquelas paredes. Na calçada irregular pilhas e pilhas de lixo e caixas de papelão se amontoavam a cada metro quadrado, onde famílias inteiras de ratos e ratazanas procriavam e se alimentavam a todo instante. Dentro de outra caixa de papelão uma pequena matilha esquelética se abrigava inconfortavelmente da chuva. Vindo do extremo sul da Rua dos Encanadores, sem demonstrar nenhum tipo de aborrecimento com relação ao mau tempo e ao frio, um jovem homem bem trajado se desviava das muralhas de lixo. Seu sapato; bem lustrado; parecia saber exatamente onde pisar, desviando completamente dos “excrementos” deixados pelos animais. A Rua dos Encanadores não era o primeiro local que Malcolm Baddock desejava visitar após um longo dia de trabalhos no Departamento de Transportes Mágicos. Mas ele havia se comprometido com seus “companheiros” a nunca ignorar o chamado e se encontrar na sede da sociedade que ele se filiou poucos meses antes de ter sido aprovado no exame de aparatação e de ter ingressado no Ministério. Claro, não era um local agradável, mas a sede de uma organização secreta não poderia ser em qualquer lugar próximo ao Caldeirão Furado, deveria ser um local que chamasse pouca atenção, mesmo estando camuflado por um mísero Feitiço Fidelius. Quando Baddock passou perto do papelão junto à matilha, os cãezinhos que moravam ali latiram tentando afugentar a má aura que rodeava o bruxo. Eram apenas cães, mas que podiam sentir muitos cheiros além dos que um humano sentia entre eles o cheiro de magia. – Calem-se! – resmungou Baddock chutando a caixa de papelão e arremessando os cães alguns centímetros para perto do rio poluído. Ele sacou a varinha e a apontou para os cães, fazendo com que faíscas azuis brotassem da varinha e ricocheteassem contra o chão, dispersando os animais de perto do terreno abandonado. – Finalmente cheguei. Ah cara! Com certeza estou atrasado. O Sr Yaxley não vai gostar nada disso. “Sem atrasos nas próximas reuniões, ou pode custar caro para você.” A
  • 6. 6 Baddock se adiantou e retirou do bolso do smoking um pedaço úmido e surrado de pergaminho. Não havia nada escrito nele, mas ele sabia que aquilo servia como uma chave, que desativaria temporariamente o efeito do Feitiço Fidelius, e que o possibilitaria de chegar à sede. Ele fitou o pedaço de pergaminho e pousou a ponta da varinha sobre esse. “Aparecium” murmurou, fazendo com que pequenas palavras escritas a mão surgissem meio desbotadas e fora de foco, contudo Baddock conseguia distingui-las e assim lê-las. A Sociedade da Serpente. Sede localizada na Rua dos Encanadores, número quinze, Londres. O chão começou a tremer, mas não um tremor como de um terremoto colossal, apenas como se uma banda de música soasse seu mais novo sucesso tendo várias caixas de som espalhadas pelos cantos, todas no último volume e tendo uma legião de fãs histéricos cantando e pulando. As caixas de papelão tombavam para os lados e as pilhas de lixo se desmoronavam, fazendo com que ratos e ratazanas fugissem para algum lugar seguro e assim, passando por entre os sapatos de Baddock. Esses já não pisavam mais na calçada irregular e sim em um luxuoso caminho de mármore negro que se estendia dos pés de Baddock até as escadas de uma casa. Exatamente, uma casa havia se erguido de debaixo da terra até atingir a altura de dois... três... quatro andares. A casa não era muito grande em largura, mas era bastante comprida. Era mais alta que suas vizinhas, as de número catorze e dezesseis. Duas gárgulas foram esculpidas em cada extremidade da casa. Seus olhos brilhantes fitavam a Rua dos Encanadores de maneira sombria e colossal. O gramado estava milimetricamente aparado por igual, tendo cada centímetro de grama minuciosamente o mesmo tamanho e a mesma distância um do outro. Baddock engoliu em seco e se aproximou cuidadosamente da porta de latão revestida com tinta escura e protegida magicamente com todos os feitiços de proteção que um duende esquisito e cleptomaníaco conseguiram conjurar. Não foi nenhuma surpresa para Baddock ver um crânio esculpido no centro da porta. Era uma maneira eficaz de dizer para os vizinhos “Dê o fora!” Não que esses o conseguissem ver, mas também era um modo de proteger a sede da Sociedade da Serpente. Baddock se aproximou da entrada e esperou que a sentinela encantada se pronunciasse, e ela o fez. A cobra encantada que também fora esculpida na porta ao redor da cabeça do crânio, começou a se remexer e se enroscar envolta da figura de latão presa na porta. – Quem pede passsagem? – soou a voz fina e sinistra que Baddock imaginou vir da cobra sentinela. – Amigo, ou inimigo? Membro, ou intruso? – Malcolm Baddock.
  • 7. 7 – Tem o anel de passsagem? Ssse o tiver, coloque na fechadura correta e pode passsar. Malcolm retirou do mesmo bolso que guardava o pergaminho, um anel prateado do tamanho de um galeão. Ele tinha duas iniciais gravadas “SS”, que representavam as iniciais da sociedade, mas que para despistar os enxeridos e curiosos, os membros da Sociedade da Serpente apenas alegavam ser uma homenagem ao famoso Salazar Slytherin. Baddock estudou cuidadosamente as fechaduras da porta. Não era apenas uma, como das portas convencionais, mas sim cinco. Uma engenhosa maneira de retardar os invasores, inventada pelo mesmo duende cleptomaníaco. Mas para aqueles que já a conheciam era apenas mais um pretexto para se chegar atrasado. Eram cinco fechaduras, sendo que apenas quatro estavam totalmente amostras, a quinta estava escondida dentro da boca do crânio empalhado, não era a coisa mais agradável a se fazer, mas era o único meio de se entrar na sede. Os outros fariam com que uma complicada série de maldições e azarações recaíssem sobre a pobre vítima, o que não era o caso de Baddock. O bruxo pressionou seu anel prateado contra a fechadura oculta por entre os dentes brilhantes e prateado do crânio e esperou que as engrenagens e trancas se abrissem possibilitando sua passagem. – Ssseja bem vindo, Sssr. Baddock – ecoou o chacoalhar da cobra. A porta finalmente se abriu revelando um estreito vestíbulo que se ligava a três corredores. Por muito tempo aquela propriedade permaneceu desocupada e desmobiliada, mas agora servia para mais que apenas a sede da Sociedade da Serpente, era à base de operações do grupo e servia também de moradia para aqueles que não podiam se expor demais na sociedade ou que nasceram em outros países. Quando Baddock deixou o vestíbulo empoeirado desejoso a chegar o mais rápido possível a sala de reuniões, ele se deparou com uma sala de estar bastante movimentada. Alguns bruxos mal vestidos, com trapos envoltos no corpo, com cheiro de cerveja e pizza, jogavam cartas ao redor de uma mesa de armar. Outro grupo de bruxos, esses um pouco mais bem vestidos e aparentemente apreciadores de uma boa higiene, desenhava mapas e rabiscava anotações em rolos de pergaminhos estendidos por entre a sala mal iluminada. A maioria daqueles homens eram os novatos da Sociedade da Serpente, homens e mulheres que acabaram de se alistar para o grupo e que não tinham muita voz dentro da organização. Baddock sabia o que era estar naquele lado, não era nada aconchegante ter de dividir o quarto com dois ou mais colegas que podem vir a te trair no dia seguinte por uma vaga como conselheiro. E Baddock havia se alistado durante os tempos mais sombrios para as organizações contra os interesses ministeriais. A Sociedade da Serpente nasceu cinco anos após a Batalha de Hogwarts,
  • 8. 8 no ápice da carreira de ministro de Kingsley Shacklebolt, e no mesmo de Harry Potter como Chefe do Quartel-General dos Aurores. Não era a melhor ora para se começar um clube secreto revolucionário. – Noite, Malcolm – disse uma voz tristonha e infeliz às costas de Baddock. – Como vai, Bruno? – grunhiu Baddock, parando próximo ao arco de dava para as escadas que interligavam toda a casa. – Com foi sua missão em Liverpool? – Um fracasso. Nunca acreditei que poderíamos achar alguma coisa no museu dos Beatles. Um fracasso... Mas por que vocês cismam em me chamar pelo primeiro nome? Todos na minha família, todos os grandiosos, sempre foram chamados pelo sobrenome: Avery. – Talvez por que você não seja um grandioso – retrucou Baddock um tanto gozador, mas sabendo que aquilo tocaria Bruno Avery. Bruno era o típico bruxo que desde que nascera fora envolto pela sombra do nome que carregava: Avery. Bruno é sobrinho do Comensal da Morte que assim como ele carregava o nome Avery, o pai de bruno Gastão, também era um seguidor do Lorde das Trevas, mas diferente do meio irmão mais novo, não era tão forte e não servia de grandes interesses para o Lorde das Trevas. Bruno entrou para Hogwarts no mesmo ano da queda definitiva do Lorde Voldemort, tendo a escola como um segundo lar, Bruno tentou se mostrar um garoto malvado e detentor de um nome de assassinos, mas o máximo que conseguiu foi ser tachado como palhaço bobalhão. Naquela noite Bruno se mostrava muito magro, o que não era diferente por entre a maioria dos novatos, seus cabelos longos escorriam por seu rosto sujo e feio. Ele vestia um bermudão que pertencera a um antigo membro muito mais gordo que Bruno, o que obrigava a ele dobrar várias vezes as bainha e mesmo assim continuar a parecer que usava uma calça comprida. Seu abdômen magricela estava oculto por uma camisa sem mangas bastante suja e surrada. Era assim que a maioria dos novatos se vestia como mendigos imundos, mas caso conseguissem se promover a membros honorários poderia melhorar de vida e muito possivelmente sair daquele chiqueiro. Contudo Baddock gostava de Bruno Avery. Acreditava que ele poderia ser um bom membro honorário, pois já o conhecia desde Hogwarts, o garotinho travesso que suspendia os inimigos no ar e mergulhava suas calças em bombas de bosta, mas que era muito fiel junto a seus companheiros. – E quanto à reunião? – perguntou Baddock interessado, colocando a mão sobre o ombro de Bruno e o convidando a um passeio até o quarto andar onde ficava a sala que Baddock ansiava chegar. – Alguém importante já chegou? – Apenas o ranzinza do Plochos, o Acrusto Underwood e Serena Tyranicus, se você pode chamá-los de importante.
  • 9. 9 – É o melhor lixo entre o emaranhado de porcarias do Ministério – riu Baddock ao chegar ao segundo andar que servia como refeitório para os membros da sociedade. Várias mesas foram espalhadas rentes as paredes que entrevam por entre corredores, quartos e saletas, tomando todo o andar. – Plochos é nosso informante de dentro do Gringotes, ele mesmo não faz grande coisa lá, mas pode nos trazer informações valiosas. Acrusto é membro do Departamento de Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas, tem a mesma importância que eu dentro da sociedade: trazer o máximo de informações que julgar importante; impedir que qualquer membro do Ministério tente nos investigar e liderar missões junto aos novatos. Serena é quem poderia se rotular como nossa vice-presidente. É a que ocupa o maior cargo ministerial ao comparar comigo e com Acrusto. Ela está dentro do Departamento de Mistérios e só perde para o Sr Yaxley que é nosso fundador e líder supremo. Não que eu goste dele, mas é preciso que alguém tome conta de tudo que gire por baixo, “se é que você me entende”... Daqui sigo sozinho. O quarto andar era proibido a qualquer um que não fosse membro definitivo da Sociedade da Serpente. Somente aqueles que haviam se mostrado dignos para o Sr Yaxley poderiam andar pelo quarto andar. Que era um local que o Sr Yaxley mantinha com total zelo e cuidado. Era no quarto andar que ficavam os aposentos dos membros mais fortes da Sociedade da Serpente, eram os dois maiores quartos da casa, porém infelizmente os dois estavam ocupados. O Sr Yaxley era dono da propriedade e um dos dois fiéis do Feitiço Fidelius, e quem ocupava um dos quartos. O outro era ocupado por Acrusto Underwood, que se negava a morar em outro lugar já que tinha uma casa com comida e roupa lavada de graça, um avarento por natureza. Felizmente, não havia muita diferença entre gostos dentro daquela casa na Rua dos Encanadores, pois a grande maioria dos membros da sociedade um dia pertenceu a casa Sonserina. Mas não era isso que impedia que as brigas e discussões tomassem conta do ambiente. Muito pelo contrário elas eram muito costumeiras, já que todos os membros eram extremamente egoístas e sempre esperavam que no final das contas fossem eles os favorecidos. As paredes do quarto andar eram as únicas que possuíam quadros vindos dos tempos dos antigos moradores. Os demais da casa eram pôsteres vindos junto com os novatos e se limitavam a habitar o primeiro andar. A maioria dos quadros estava colocada no corredor que levava a sala de reuniões. Eram retratos pintados a óleo de homens e mulheres de todas as idades. Alguns velhos outros bem novos – o mais novo era de um garotinho loiro que brincava de galope em uma vassoura encantada. Baddock ficava admirando todos aqueles em suas molduras, todos pertencentes à mesma família, pois em suas identificações desbotadas, todos possuíam o mesmo sobrenome: Yaxley.
  • 10. 10 Malcolm ficou imaginando o que teria acontecido com o verdadeiro Loquácio Yaxley para ele ter o retrato rasgado. O mesmo acontecia com uma das filhas de Lisandra Yaxley, que não possuía retrato junto às irmãs. Era uma experiência nada encantadora, estar ali junto aos retratos de pessoas que Baddock não conhecia e ficar se perguntando o que elas fizeram para merecer tal lugar de destaque. Baddock também percebeu que os quadros estavam incompletos, só iam até a sexta geração da família Yaxley, percebeu que os filhos de Emma Yaxley e de seu irmão Hélio Yaxley eram representados como duas criançinhas, mesmo tendo nascido no final do século anterior. No final do corredor de retratos estava à escura e densa porta de roble que dava para a sala de reuniões. Baddock sabia que há muitos anos – no tempo em que o Sr Yaxley morava naquela casa com seus irmãos e seus pais – aquela era a biblioteca particular da família. Mas que naquela noite estava sendo usada como sala de reuniões da Sociedade da Serpente e Baddock tremia só de pensar em como seria recebido pelos outros conselheiros perante seu atraso. Seu coração batia mais forte conforme sua mão se elevava até alcançar a maçaneta da porta. Ela estava fria, mas mesmo assim Baddock a girou. A biblioteca era o local mais bem iluminado de toda a Casa dos Yaxley. Tinha três abajures em cima da lareira que ficava na parede oposta a da entrada. Havia uma mesa de madeira de carvalho ao centro da biblioteca onde foram distribuídas seis cadeiras ao seu redor, cinco estavam ocupadas. Em cada cabeceira estava sentado um homem, um mais feio que o outro. Ao lado direito do homem mais próximo á lareira estava uma mulher de cabelos castanhos um tanto desgrenhados e uma expressão psicopata estampada em sua cara esquelética. No lado esquerdo do homem estava um duendezinho cinzento e ranzinha, que fitava Baddock com seus olinhos pretos e gananciosos. Na cadeira ocupada ao lado do homem magricela de nariz torto e cicatrizes no rosto estava outro homem alto e forte. Este era o menos elegante da sala. Vestia bermuda e tênis Nike, com uma camisa esportiva, cabeleira castanho claro e barba escura. – Está atrasado, Baddock – afirmou o Sr Yaxley do outro lado da sala. – Se me lembro bem, pedi para que nenhum de vocês se atrasasse em nossas reuniões. Se me lembro bem, foi a Sociedade da Serpente que lhe ajudou a chegar a onde está. – Sim, Sr Yaxley. Sei que foi o senhor que me levou até meu cargo no Ministério, estarei sempre de bom grato. Mas meu fardo, meu trabalho no ministério também exige meu comprometimento. Infelizmente me atrasei, mas prometo que... – Relaxe – disse Yaxley erguendo sua mão e silenciando os soluços de Baddock. – Não vou te matar somente por causa de um atraso. Mas que não se repita.
  • 11. 11 – Podemos finalmente começar? – resmungou a mulher ao lado de Yaxley que Baddock reconheceu como a desprezível Serena Tyranicus. – Tenho outros assuntos pendentes a tratar depois de nossa reunião. – Depois que os anos passam e as aventuras diminuem a Sociedade da Serpente começa a se tornar de segundo plano – debochou Acrusto se remexendo na cabeceira e inclinando o copo por cima da mesa para poder encarar melhor Serena Tyranicus. – Estou certo, Ser? – Cale a boca, Underwood – retrucou Serena por entre os dentes. – Deveria estar pensando em seus estúpidos animaizinhos em vez de minha pessoa. Já disse que você não faz meu tipo. – Humpf – tossiu o duende remexendo-se em sua cadeira. – Acho que essa discussão amorosa já rendeu o suficiente. Seria um belo momento para os dois fecharem suas enormes matracas e prestarem atenção no que Yaxley tem a nos dizer. Afinal foi ele que convocou esta reunião. – Não me venha dizer o que devo fazer. Seu duende asqueroso! – rugiu Serena mostrando a varinha para o duende Plochos. – Eu concordo com nosso amiguinho cinza – disse o homem de barba que Baddock conhecia como Rúbo Wilfruss. – Que ótimo – adiantou Yaxley impedindo que Plochos pudesse contra argumentar. Dentro do conselho da Sociedade da Serpente eram constantes as discussões e interrupções já que todos ali se odiavam e imaginavam como tendo o companheiro ao lado como maior inimigo. Da última vez, Plochos e Baddock estavam discutindo como dois adolescentes, um ameaçando e xingando a mãe do outro, em quanto Acrusto e Serena praticamente travavam um duelo a mão armada. – Como devem saber a duas semanas atrás eu liderei dois novatos em uma missão de campo – prosseguiu Yaxley impedindo que qualquer conselheiro pudesse interrompê-lo. – É claro que tinha outras intenções além de apenas estudar o povoado de Budleigh Bugmoreton com dois de nossos novatos. Em um povoado trouxa podemos encontrar famílias bruxas, ou algum bruxo em especial aproveitando suas merecidas férias. – Quer dizer que foi atrás de mais alguém para nossa organização? – quis saber Plochos um tanto interessado. – Encontrou Lúcio Malfoy! – exclamou Serena bastante esperançosa, pois ela sempre acreditou que Lúcio Malfoy era mais capaz que Yaxley para liderar a sociedade. – Finalmente encontrou alguém que possa nos guiar para nosso objetivo! Yaxley fuzilou Serena, com seu antigo olhar assassino, mas que hoje mal assustava pessoas como Serena Tyranicus que sabia o que o velho bruxo havia feito durante a Batalha de Hogwarts.
  • 12. 12 – Sei que você sempre preferiu que fosse Lúcio Malfoy quem presidisse esta mesa. Mas igual a mim, Lúcio não acreditou novamente que o Lorde das Trevas fora derrotado. Eu também não cometerei o mesmo erro em poupar esforços para fazê-lo ressurgir novamente. Lúcio sumiu no mundo depois que a mulher e o filho o taxaram de psicótico e deixaram de apoiar suas idéias conquistadoras. Não acredito que ele esteja vivo. E diferente de você Serena, eu não moverei um dedo para encontrá-lo. A reunião prosseguiu. Yaxley continuou contando como conseguiu chegar até o povoado trouxa e como teve de utilizar sua especialidade, a Maldição Império, para poder permanecer invisível. Volta e meia um membro do conselho se manifestava, impedindo do bruxo continuar e geralmente iniciando uma discussão. Mas o que podia se ver era que Yaxley estava muito mais paciente do que de costume. –... Como ia dizendo, consegui aprisionar o bruxo em questão – prosseguiu Yaxley após discutir veementemente com Acrusto sobre os meios que ele usou para chegar ao tal bruxo. – E ele está aqui mesmo, dentro destas paredes. Aprisionado em uma prisão a muito já usada por um Comensal da Morte conhecido meu. – Então – Baddock limpou a garganta e tomou coragem para interromper Yaxley – o que fez com esse prisioneiro? Onde ele está? – Que bom que perguntou – disse Yaxley lançando a Baddock um sorriso sem humor e desnecessário. Ele tirou de dentro da manga sua varinha e a apontou para um baú que estava atrás de Baddock junto às antigas estantes vazias da biblioteca. O baú começou a levitar, chegando a uns quinze centímetros do chão. Depois ele continuou a subir até ser cuidadosamente colocado por Yaxley em cima da mesa de reuniões. Dava para sentir a ansiedade dentro de cada um dos conselheiros. Todos estavam bastante inquietos com a idéia de a Sociedade da Serpente ter um prisioneiro escondido dentro de sua sede. E como uma pessoa normal poderia estar sendo mantida presa dentro de um baú. – Quem está ai dentro? – perguntou Rúbo Wilfruss assim que Yaxley quebrou o feitiço e o baú jazia em cima da mesa. – Logo sua ansiedade será extinta, Rúbo. Apenas espere para ver... Com um aceno de varinha, Yaxley arrombou o cadeado do baú fazendo com que sua tampa chicoteasse o ar e caísse do outro lado. Serena deu um salto para poder ver quem estava dentro do baú, mas este parecia ser encantado, pois do lado de dentro existia uma espécie de abismo que conduzia até um chão branco onde um homem dormia. – Você se lembra deste, Baddock? – perguntou Yaxley apontando para o baú encantado com a ponta da varinha. – Se não me engano – começou Baddock analisando todas as sete trancas e os compartimentos que existiam ao redor do baú. – Com certeza! Este baú foi usado por
  • 13. 13 Bartolomeu Crouch Júnior para aprisionar Olho-Tonto Moody durante meu primeiro ano em Hogwarts. Mas como o conseguiu? Pensei que Dumbledore o tivesse mandado para o Armazém Secreto do Ministério da Magia. – E mandou – afirmou Yaxley admirando o próprio objeto como se só em mencioná-lo já fosse algo de sumo importância. – Durante meus dias como chefe do Departamento de Execução das Leis da Magia, consegui que este baú fosse liberado e que eu o tivesse em meu poder. Nunca se sabe quando teremos de possuir um prisioneiro secretamente. – Mas quem é ele! – berrou Serena impacientemente. – Como vou saber que você não seqüestrou alguém como o secretário de Alfredo Blishwick. Aquele traidor do Benedito Diggory. – Não, Serena. Não seqüestrei ninguém ligado ao Ministério – defendeu-se Yaxley. – Contudo, admito que este homem seja de suma importância para que as atividades da Sociedade da Serpente possam prosseguir. – Diga o nome! – exigiu Plochos. – Já disse que não importa! – urrou Yaxley apontando, ligeiramente, a varinha para o duende. – Mas, se quiser vê-lo mais de perto e se assegurar de que não é Bento Diggory, pode ver. Yaxley apontou a varinha para dentro do baú e disse “Levicorpus”. O corpo do prisioneiro começou a ser suspenso no ar, e em cerca de cinco minutos ele chegou até o centro da sala de reuniões. Mesmo tendo Yaxley quebrado e feitiço de levitação o homem continuou flutuando no ar, prezo em um transe muito profundo. Sua pele estava sem cor e seus cabelos muito brancos e sem vida. Seus ossos se mostravam muito fracos dando ao homem uma aparência de cadáver. – Ele ainda está... vivo? – perguntou Baddock um tanto assustado. – Está – respondeu Yaxley bastante inocentemente. – E é justamente por isso que convoquei esta reunião. Assim que encontrei com nosso prisioneiro lancei nele uma série de complicados feitiços que aprendi com o Lorde das Trevas. São feitiços que enfraquecem nossos inimigos em quanto nós ficamos cada vez mais fortes. Infelizmente, para que esses feitiços possam ser lançados o inimigo deve sustentar a posição de prisioneiro de guerra. Era o que fazíamos com todos aqueles que eram pegos pelos seqüestradores. Serena deva saber do que estou falando. A bruxa de esquelética assentiu. Serena fora mantida refém pelos seqüestradores por um ano, até seus pais pagarem sua fiança que custou cerca de cem galeões. O prisioneiro continuava suspenso no ar em quanto os conselheiros da Sociedade da Serpente continuavam a discutir o porquê de Yaxley tê-lo mantido ali e naquelas condições miseráveis. – Basta saber que a morte deste homem será de grande importância para que a Sociedade da Serpente possa continuar a dar seguimento a suas atividades – Yaxley
  • 14. 14 se mostrava extremamente ansioso conforma falava. – Não faz mais sentido ficar convocando mais novatos para nossa organização se ficarmos empacados neste local. Se tudo correr como planejo, a maioria dos novatos será dispensada e finalmente a casa de minha família deixará de ser um albergue. – ele olhou para as paredes da casa com tristeza nos olhos. – Todos os novatos? – repetiu Baddock pensando no amigo, Bruno Avery. – Alguns poderiam nos ajudar se fossem promovidos a membros honorários. – A Sociedade da Serpente terá de se dissolver por algum tempo se quiser continuar a existir – explicou Yaxley com toda a paciência que lhe existia. – Nós nos fortificamos mais do que eu imaginava e agora chegou a hora de nos desvencilharmos daqueles que não nos servirem. Muitos irão se decepcionar, mas não é hora para isso... Saibam que quando lancei o Feitiço de Balanço neste homem, já arquitetei para que um de nós o mate. – Você – pigarreou Plochos sem animação. – Você sempre fica com a diversão. – Não, Sr de Floumatass – respondeu Yaxley num tom de ofendido. – Com disse um de nós... que não sou eu, irá matar este homem. – S-sou eu – murmurou Acrusto do outro lado da mesa. Ele demonstrava um enorme número de cacoetes, piscando os olhos e apertando os dedos das mãos freneticamente. – Eu soube o dia todo que faria algo diferente. Sentia-me diferente o dia todo. – Acrusto, se está com gases, por favor, vá ao banheiro – zombou Yaxley sem animação. – Não é você o assassino de que disse. A pessoa que irá matá-lo é muito mais forte que você. – Então sou eu – gemeu Serena num tom de desdém. – Também não, querida. – Sei que sou eu! – urrou Acrusto sacando a varinha e a apontando para o corpo inconsciente do prisioneiro. – Sou eu. Tem de ser eu! Posso provar apenas me de a chance de... Avada... – Expelliarmus! – berrou Yaxley girando o punho direito e arremessando a varinha de Acrusto contra uma estante vazia. – Tão teimoso. Avada Kedavra. Um lampejo verde brotou da varinha de Yaxley clareando todos os cantos da sala de reuniões até finalmente se chocar com a figura surpresa de Acrusto. Ao se chocar com o lampejo verde, o corpo do bruxo caiu inerte no chão frio da biblioteca, morto. – Você... ficou... louco! – berrou Plochos saltando de sua cadeira tentando se espreitar em direção a porta. – Como pode matar um de nós?! Um conselheiro! – O conselho está suspenso – após dizer isso Yaxley apontou a varinha para o duende lançando na criatura cinza um jato de luz alaranjado. – Serena, sinto muito, mas você não me é mais necessária. Obliviate.
  • 15. 15 Os olhos de Serena saíram de orbita, suas sobrancelhas relaxaram e uma expressão de despreocupação e tranqüilidade tomou sua face. Baddock sabia que a mulher acabara de ter a mente alterada. – Rúbo, eu sinto muito, mas sua incompetência finalmente será paga – outro lampejo verde irrompeu da varinha de Yaxley até atingir o corpo de Rúbo, que caiu para trás de sua cadeira. Restavam somente Yaxley e Baddock conscientes na biblioteca da Casa dos Yaxley. Baddock suava frio, estava esperando ser locauteado pela Maldição da Morte de Yaxley a qualquer momento, mas o outro bruxo parecia ter finalizado seu trabalho. – N-não vai m-me matar? – parecia a única frase lógica que poderia sair de Baddock. Ele tentava não mostrar seu nervosismo, mas era inevitável demonstrar seu medo. – Não prestou atenção no que eu disse, prestou? – perguntou Yaxley com uma naturalidade de dar medo. Como se nada houvesse acontecido minutos antes. –... um de nós... que não sou eu, irá matar este homem. Se todos os nossos outros conselheiros não estão em condições de cometer um assassinato, o que você me diz? – Mas, por quê? – continuou Baddock com medo de fazer com que o companheiro mudasse de idéia. – Por que agiu tão bruscamente com eles. Talvez se tivesse apagado a memória de todos como fez com Serena... E por que você não fez com a Serena, o que fez com os demais? – Porque Serena tem mais nome no Ministério do que qualquer um de vocês. Porque a morte de um membro do Departamento de Mistérios alertaria o Ministério de uma forma muito mais intensa que a morte de um mísero membro do Departamento de Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas. Afinal é muito comum que membros deste departamento acabem mortos através de acidentes com as criaturas que examinam. – Mas e Plochos? Os duendes ficarão irados se souberem que um membro de seu clã foi morto por um bruxo. – Não é a primeira vez que isso acontece – explicou Yaxley com menos paciência. – Plochos era um duende desprezível e odiado por todos os seus irmãos. Mas isso não é o caso, pois Plochos não está morto, ainda. Não, em nosso amigo duende lancei um Feitiço Trava-Língua. Até porque se for necessário, é muito mais comum um acidente no quarto do St. Mungus do que encontrarem um duende morto. – Mas e quanto a Rúbo. Ele servia apenas de bode expiatório. Servia apenas para desvencilhar o ministério do verdadeiro cominho até a Sociedade da Serpente. Ele fazia com que os inspetores do ministério acreditassem que Sociedade da Serpente é apenas um nome bonito de uma loja de poções falsas... – E é exatamente por isso que eu o matei – explicou Yaxley já sem paciência. Baddock concluiu que o companheiro ponderou o máximo as perguntas dele, e que
  • 16. 16 esta seria a última. – Ninguém vai dar falta dele no mundo da magia. E não vamos mais precisar de um bode expiatório, por isso que eu estarei dissolvendo todos os novatos. Agora a Sociedade da Serpente se resume a nós, Malcolm. Se tudo correr como desejo, nós alcançaremos a glória. Caso contrário, prepare-se para se mudar para Azkaban. Baddock engoliu em seco e assentiu. Sabia que não poderia negar o pedido de alguém que acabara de poupar sua vida. Para Yaxley seria extremamente fácil apontar sua varinha para Baddock e lançar a Maldição da Morte. Mas Baddock já sabia que os riscos de acabar em Azkaban eram grandes, ele já os conhecia desde o momento em que ele se alistou na sociedade. – Muito bem – disse Yaxley em um tom de alivio, como se já esperasse que Baddock desistisse. Ele alisou a varinha e a apontou para o prisioneiro que começou a girar no ar até que seus olhos apagados encontrassem os de Baddock. – Tudo o que tem que fazer é lançar a Maldição da Morte nele, Malcolm. Sabe qual é, e sabe qual é o requisito mínimo necessário para poder realizá-lo com êxito. Você tem que querer matá-lo. Tremendo, Baddock levou a mão direita ao bolso lateral de sua calça e retirou delicadamente sua varinha de dentro da calça. O suor escorria friamente por sua testa, seus olhos iam desde a expressão fria de Yaxley até a face apagada do prisioneiro. – Faça, Malcolm – gritou Yaxley levantando-se inquietamente de sua cadeira. – Sabe o que deve fazer e tem os meios necessários! Então faça! AGORA! – Avada Kedavra! – berrou Baddock com uma mistura de medo e ódio por sua voz rouca. O feixe de luz verde irrompeu velozmente da varinha de Baddock clareando a sala ainda mais do que quando Yaxley o fez. O corpo morto do prisioneiro rapidamente quebrou o Feitiço de Levitação lançado por Yaxley. Seu corpo gelado cauí sobre a mesa que não suportou seu peso somado ao do baú e se estraçalhou sobre o tapete que existia sobre suas pernas. – Muito bem, Malcolm – resmungou Yaxley por entre os dentes, admirando os corpos gelados dos defuntos e as figuras inconscientes de Plochos e Serena. – A partir de hoje a Sociedade da Serpente se resume a nós. Não irei admitir falhas suas; jovem. Afinal, espero ter escolhido bem, quando te escolhi no lugar de Serena. E por favor, chame aquele seu amiguinho, Bruno Avery, para limpar essa sujeira. Baddock abaixou a cabeça e respondeu amargamente. – Não vai se decepcionar comigo, Sr Yaxley. Neste momento, do lado de fora da Casa dos Yaxley sobre a Rua dos Encanadores e sobre toda a Londres – a chuva caiu.
  • 17. 17 Capítulo Dois A Decisão do Chapéu Seletor outono chegara de repente naquele ano. O dia primeiro de setembro amanheceu de uma forma dourada e brilhante, como moedas de galeões escorrendo pelas mãos. Porém tanto a meteorologia trouxa quanto o Sistema de Controle e Observação Climática dos Bruxos, já haviam alertado a possibilidade do aparecimento de nuvens carregadas e de pancadas de chuva. Contudo nada poderia desanimar o jovem Alvo Potter, que caminhava junto a seus pais e seus irmãos pelas calçadas da poluída Londres, que era obrigada a suportar a fumaça lançada pelos canos de descarga dos carros que cruzavam as ruas próximas a estação de Kings Cross. Duas grandes gaiolas cores de outro fosco deslizavam pela parte bamba do carrinho puxado pela pequena família que chegava a estação. Uma delas era marrom escuro como casco de árvore velha, era a coruja de Tiago Potter, a antiga Nobby, a qual Tiago tratava com muito zelo. A outra era cinza como fumaça, e um tanto rechonchuda, possivelmente por culpa dos ratos que ela caçara em quanto passava as férias de verão n’ A Toca. Esta era a de Alvo, a qual ainda não possuía um nome. Talvez a única coisa que pudesse desanimar Alvo Potter era a morte precoce de seu avô Weasley que tivera um simples infarto poucas semanas antes do embarque à Hogwarts. Alvo ainda estava inconformado com a morte do avô. Pensava como era possível que tantos bruxos vivessem mais de cem anos – ao exemplo de sua querida tia-bisavó Muriel que possuía inexplicavelmente cento e vinte e sete anos – e seu avô, que era um bruxo bom e excepcional, morrera a partir de um simples infarto. Mas aquilo não assombrava a mente de Alvo naquela manhã de primeiro de setembro, somente uma coisa rondava sua cabeça, a chegada a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Contudo com isso outro pensamento começou a atormentar sua mente inocente, a seleção... – Não vai demorar muito, e você também irá – disse Harry Potter para sua filha mais nova, Lílian, que agarrava sua mão em quanto chorava pela plataforma. – Dois anos – fungou a menina de cabelos ruivos. – Quero ir agora! Volta e meia os passageiros olhavam curiosos para as corujas da família Potter, o que divertia Alvo, que já estava acostumado em ser perseguido pelos olhares daqueles que não tinham conhecimento do mundo bruxo. Porém o irmão mais velho de Alvo, Tiago, não estava preocupado se os trouxas olhavam ou não suas corujas. Somente uma coisa o interessava, retomar a discussão que ele e Alvo haviam encerrado no carro da família. A qual já se estendera por todas as férias. – Não quero ir! – chorava Alvo cerrando os punhos e fuzilando Tiago com o olhar. – Não quero ir para a Sonserina! O
  • 18. 18 – Tiago, dá um tempo! – pediu Gina já familiarizada com as discussões entre os dois filhos. – Eu só disse que ele talvez fosse – afirmou Tiago tentando se defender, mas sem conseguir ocultar seu riso de implicância. – Não vejo problema nisso. Ele talvez vá para a Sonse... Sem pensar duas vezes, Gina lançou ao filho mais velho seu famoso olhar severo de desaprovação. Tiago, por sua vez – já familiarizado com tal olhar – calou-se. A família Potter já se aproximava da barreira encantada que dividia as estações. Tiago olhou por cima do ombro para o irmão mais novo e lançou-lhe, ligeiramente, um sorriso provocante. Ele apanhou o carrinho que a mãe levava e saiu correndo, atravessando a barreira e separando-se, momentaneamente, do resto da família. – Vocês vão escrever para mim, não vão? – perguntou Alvo rapidamente aos pais, aproveitando a momentânea ausência de Tiago. – Todo dia, se você quiser – respondeu Gina lançando a Alvo seu sorriso confortante, porém bastante acalorado. – Todo dia não – replicou rapidamente Alvo, já ciente das intenções da mãe de mandar uma coruja carregada de cartas por dia. – O Tiago diz que a maioria dos alunos recebe carta de casa mais ou menos uma vez por mês. – Escrevemos para Tiago três vezes por semana no ano passado – contestou Gina ainda com esperanças de persuadir o filho até ele aceitar em receber cartas do Largo Grimmauld duas vezes por dia. – E você não acredite em tudo que ele lhe disser sobre Hogwarts – acrescentou Harry verificando rapidamente o horário no grande relógio da estação. – Ele gosta de brincar, o seu irmão. Juntos, eles empurraram o outro carrinho com mais força e assim, ganharam mais velocidade em direção a barreira encantada. Alvo fez uma careta quando estavam muito próximos da formação de pedras, mas assim como no ano anterior quando Alvo foi embarcar Tiago para seu primeiro ano na escola, a colisão não ocorreu. Ele apenas deslizou sobre a barreira e quando abriu os olhos já estava na plataforma nove e meia, frente a frente com a locomotiva carmesim que transportava os alunos até Hogwarts. Estava difícil distinguir os rostos das famílias que se movimentavam de um lado a outro da plataforma, culpa da densa fumaça clara que saia do Expresso Hogwarts. Fumaça que já havia engolido Tiago. – Onde eles estão? – perguntou Alvo, ansioso, apertando os olhos para tentar distinguir os vultos que avançavam desordenadamente pela plataforma. – Nós os acharemos – tranqüilizou-o Gina, repousando sua mão direita sobre o ombro de Alvo. Infelizmente, o vapor era mais denso do que Alvo imaginava e a cada instante ficava mais difícil identificar quem passava à sua frente. Ele pensou ter ouvido a voz
  • 19. 19 do padrinho e futuro professor de Herbologia, Neville Longbottom, mas sabia que esse já estava na escola de Hogwarts. Também pensou ter ouvido a voz de Molly e Lúcia Weasley, as filhas do tio Percy, discutindo uma com a outra sobre o que seria mais interessante de se fazer nas férias de Natal. Molly já era aluna de Hogwarts, cursava seu quinto ano, sendo uma das Weasley que quebraram a tradição da família e acabara sendo selecionada em outra casa que não a Grifinória. Mas o aborrecimento da quebra da tradição fora pouco, e se extinguira totalmente quando Molly fora convidada para se tornar monitora da Corvinal. Lúcia por outro lado ainda não havia alcançado idade suficiente para ingressar em Hogwarts, assim como Lílian ele teria de aguardar mais alguns anos quando finalmente realizaria o sonho de toda a criança bruxa. – Acho que são eles, Al. – disse Gina, de repente. Quatro pessoas que estavam paradas próximas ao último vagão emergiram da densa névoa clara. Seus rostos ficaram um bom tempo escondidos por essa, mas quando eles chegaram bem próximos de Alvo, seus rostos ganharam forma e Alvo pode, em fim, reconhecê-los. – Oi – disse timidamente Alvo, mas extremamente aliviado. Rosa Weasley já estava vestida com as recém-compradas vestes negras e longas de Hogwarts. Ela deu a Alvo um grande sorriso. – Nervosa? – sussurrou Alvo ao pé do ouvido de Rosa em quanto seus pais conversavam sobre um esquisito Feitiço Supersensorial, muito útil para ser usado para enganar examinadores trouxas. – Um pouco – admitiu Rosa com cuidado, temendo que seu pai a ouvisse. – Para meu pai só existe a Grifinória, embora muitos digam que eu me daria bem na Corvinal. – Mas você é brilhante! – exclamou Alvo um pouco impressionado. – Como poderia não se dar bem na Corvinal, a casa dos geniozinhos iguais a você? – Para você é fácil falar – bufou Rosa dando de ombros. – Acho que a Corvinal seria muita pressão. Não é tão fácil como quando se é da Grifinória. Você tem que saber de tudo! Talvez a Grifinória não fosse de um todo ruim. Afinal, minha mãe foi da Grifinória e hoje é o que é. – Eu também não sei para onde quero ir – aceitou Hugo, o irmão mais novo de Rosa. – Papai sempre diz que seus filhos nasceram para ser da Grifinória, e eu a acho muito legal, mas... Também me sinto atraído pelas outras casas, exceto a Sonserina! Eu acho que tenho um pouco de Corvinal em mim, e me agrada muito o jeito de ser de um lufalufino. – Tomara que você não tenha problemas – disse Alvo sorrindo. – Você que o diga, não é maninho – riu Lílian ingenuamente. – Até agora não sabe se quer ir par a Grifinória ou se para a Sonserina...
  • 20. 20 – Até você, Lílian! – exclamou Alvo completamente surpreso. – Se não bastasse o Tiago, agora você também vai implicar comigo?! – Não, maninho. Até por que, se você se tornasse um sonserino, eu também ficaria em dúvida de para onde quero ir. Alvo e Lílian sempre foram muito amigos. A menina sempre gostava de imitar o jeito dos irmãos e suas ações, mas as de Alvo do que as de Tiago, as quais ela chamava de “coisas de gente bobinha”. – Bem, para mim, o que for será! – afirmou Hugo sorrindo para os primos. – Se você não for para a Grifinória, nós o deserdaremos – afirmou o tio Rony ao ouvir a parte final da frase de Hugo –, mas não estou pressionando ninguém. – Rony! – gritou a tia Hermione lançando um olhar de fúria e humor ao marido. Lílian e Hugo riram, mas Alvo e Rosa gelaram. A idéia de serem deserdados pelos pais poderia persegui-los tanto quanto a falsa história da luta contra um dragão para serem aceitos em Hogwarts. – Ele não está falando sério – disseram a tia Hermione e Gina, tentando acalmar seus respectivos filhos, mas o tio Rony já não estava mais interessado na antiga discussão. Ele chamara a atenção de Harry com seus olhos, mas sem que soubesse também chamou a de Alvo. O tio Rony fez um sinal com sua cabeça para um ponto a alguns metros atrás deles. A fumaça havia se dissipado ligeiramente, agora eles já podiam distinguir as pessoas mais afastadas. – Vejam só quem está ali. Alvo se endireitou e pode ver uma família de três membros a uns cinqüenta metros à frente deles. Um homem alto de cabelos loiros estava com a mão sobre o ombro de uma criança, mais ou menos da idade de Alvo, fisicamente parecido com o primeiro, aparentemente era seu filho. E ao lado dos dois estava uma mulher de cabelos negros também muito alta. Se Alvo não os conhecesse afirmaria que era uma família de vampiros, mas ele sabia que se tratava da família de Draco Malfoy. Família a qual Alvo não via muitas vezes. Foram poucas as ocasiões que ele se encontrara com os Malfoy, mas tinha uma vaga lembrança de quem era quem. – Então aquele é o pequeno Escórpio – comentou o tio Rony entre sussurros. – Não deixe de superá-lo em todos os exames, Rosinha. – Rony, pelo amor de Deus – bradou a tia Hermione seriamente, mas sem conseguir esconder sua vontade de rir. – Não tente indispor os dois antes mesmo de entrarem para a escola! – Você tem razão, desculpe – mas ainda acrescentou –, mas não fique muito amiga dele, Rosinha. Vovô Weasley nunca perdoaria se você casasse com um sangue-puro. – Ei! Tiago reaparecera. Não estava mais com sua mala ou com sua coruja, possivelmente já os havia embarcado no trem. Ele bufava tentando tomar ar,
  • 21. 21 aparentemente ele havia corrido um longo caminho e estava louco para contar suas novidades. – Teddy está lá atrás – disse ele ainda sem fôlego, apoiando sobre as gordas nuvens de fumaça que voltaram a tomar a plataforma. – Acabei de ver! E adivinhem o que ele está fazendo? – mesmo sem fôlego ele estava disposto a contar a todos – Se agarrando com a Vitória! Tiago se mostrou um pouco desapontado com a falta de reação dos adultos, contudo as crianças se mostraram bastante atraídas pela notícia, principalmente Lílian, que se mostrava radiante com o novo fato. – O nosso Teddy! Teddy Lupin! Agarrando a nossa Vitória! Nossa prima! E perguntei a Teddy que é que ele estava fazendo... – Você interrompeu os dois? – indagou Gina. – Você é igualzinho ao Rony... –... e ele disse que tinha vindo se despedir dela! E depois me disse para dar o fora. Ele está agarrando ela! – repetiu. – Ah, – gemeu Lílian em um tom de fantasia – seria ótimo se os dois se casassem! Então o Teddy ia realmente fazer parte da nossa família! – Ele já aparece para jantar quatro vezes por semana – lembrou Harry, imaginando às vezes em que Ted aparecia no número doze do Largo Grimmauld esperando que a família o acolhesse para o jantar. – Por que não o convidamos para morar de uma vez conosco? – É! – concordou alegremente Tiago, e acrescentou. – Eu não me importo de dividir o quarto com o Alvo... Teddy poderia ficar com o meu! – Não – retorquiu Harry firmemente, sem pensar duas vezes, tendo a imagem dos dois filhos empunhando as varinhas um contra o outro. – Você e Al só dividirão um quarto quando eu quiser ter a casa demolida. Alvo girou os olhos. Já imaginava que o pai vetaria a idéia de ter os dois filhos dividindo o mesmo quarto. Seria algo legal, mas Alvo usaria unhas e dentes para ficar com a cama de cima do beliche... – São quase onze horas, é melhor embarcar. – Não se esqueça de transmitir a Neville o nosso carinho! – recomendou Gina em quanto abraçava Tiago. – Mamãe! – chorou ele. – Não posso transmitir carinho a um professor! – Mas você conhece Neville... – Alvo percebeu que esse pedido também valia para ele. – Aqui fora, sim, mas, na escola ele é o Prof Longbottom, não é? Não posso entrar na aula de Herbologia falando em carinho... Ele balançou a cabeça para a mãe e chamuscou um carinhoso pontapé em Alvo. – A gente se vê, Al. Cuidado com os testrálios.
  • 22. 22 – Pensei que eles fossem invisíveis – lacrimejou Alvo. – Você disse que eram invisíveis! Tiago rui. Finalmente cedeu aos braços da mãe e permitiu que ela o beijasse, rapidamente ele abraçou o pai e saltou para dentro do Expresso Hogwarts. Ele acenou e saiu correndo pelo trem a procura de seu grupo de amigos, sem olhar par trás. – Não precisa se preocupar com os testrálios – tranqüilizou Harry virando-se para Alvo. – São criaturas meigas, não têm nada de apavorante. E de qualquer modo, você não irá de carruagem, irá de barco. Alvo sabia que este seria um assunto a ser discutido somente no ano seguinte. Ele também permitiu que a mãe o beijasse, mas fora menos conservador que Tiago, gostava de quando recebia carinho dos pais. – Vejo vocês no Natal – disse ela lutando para conter as lágrimas. – Tchau, Al – disse Harry deixando que Alvo envolvesse seu corpo com seus bracinhos magros. – Não esqueça que Hagrid o convidou para tomar chá na próxima sexta-feira. Não se meta com Pirraça. Não duele com ninguém até aprender como se faz. E não deixe Tiago enrolar você. – E se eu for para Sonserina? – insistiu alvo, esperando ouvir uma resposta do pai que realmente o confortasse. Seu sussurro foi apenas para Harry e este percebeu que somente aquele momento realmente mostrava todo o real medo e a insegurança de Alvo. Harry se agachou e ficou na mesma altura que Alvo – o rosto de Harry ficou ligeiramente abaixo do filho – ambos os olhos verdes herdados de Lílian Evans estavam fixos um no outro, nada mais importava. – Alvo Severo – murmurou Harry, de modo que somente Gina pudesse ouvir além de Alvo. Gina que por sua vez fingia acenar para a sobrinha, mas na verdade estava bem atenta a tudo o que Harry dizia. –, nós lhe demos o nome de dois diretores de Hogwarts. Um deles era da Sonserina, e provavelmente foi o homem mais corajoso que já conheci. – Mas me diga... –... então, a Sonserina terá ganhado um excelente estudante, não é mesmo? Não faz diferença para nós, Al. Mas, se fizer para você, poderá escolher a Grifinória em vez da Sonserina. O Chapéu Seletor leva em consideração a sua escolha. – Sério? – Levou comigo – admitiu finalmente Harry. Pela primeira vez ele havia contado seu segredo para algum filho. Alvo ficara perplexo em saber que o pai havia escolhido não ir para a Sonserina. Sempre imaginava Harry Potter como a personificação do grifinório perfeito, mas agora que sabia que o pai poderia ter acabado sendo selecionado para a casa da
  • 23. 23 serpente... O choque de Alvo fora tanto que ele percebera que seu pai também notara que sua face tomou uma expressão de assombro. Era uma revelação talvez inimaginável, mas que agora Alvo sabia que ocorrera. Agora, no entanto, Alvo não tinha muito tempo para refletir sobre a verdade revelada sobre o passado de Harry. Já estava na hora do trem partir e ele permanecia na plataforma. Alvo pulou no vagão em quanto, outros pais ainda beijavam seus filhos já embarcados ou davam recomendações de última hora. Às costas de Alvo, Gina fechou a porta do compartimento sem nenhuma dificuldade. Porém, para surpresa ou espanto de Alvo, um grande número de estudantes se aglomeravam ou se penduravam nas janelas. A maioria dos rostos não estava voltada para seus parentes e familiares e sim para um bruxo que embarcava seus filhos na locomotiva vermelha. Harry. – Por que eles estão todos nos encarando? – perguntou Alvo assim que ele se juntou a Rosa que se esticava para olhar seus colegas de Hogwarts. – Não se preocupe – articulou o tio Rony. – É comigo. Sou excepcionalmente famoso. Alvo e Rosa riram, assim como Hugo e Lílian na plataforma. As rodas do Expresso Hogwarts começavam a se mover, obrigando a Alvo acompanhar o pai apenas com seus olhos verdes, já que esse, assim como o resto de seus parentes e toda a Londres, se distanciava cada vez mais dele. Alvo percebeu que Harry continuava a acenar, mesmo quando o vagão de Alvo já estava distante dele. Essa foi à última visão de Alvo antes de o trem dar sua primeira curva e varrer todo o país da visão do garoto. – Vamos, Al – disse Rosa puxando Alvo pela manga da camisa. – Vamos procurar uma cabine. Alvo assentiu. Mas estava bastante complicado de se encontrar uma cabine vazia. Todas elas estavam apinhadas de estudantes falantes e risonhos, ansiosos para conversar com seus amigos, contar sobre as férias... Inclusive a cabine de Tiago estava lotada. Ele e mais cinco amigos riam e conversavam animadamente, e Alvo agradeceu, timidamente, pelo irmão não tê-lo visto, pois fatalmente ele iria aproveitar a ausência dos pais para atormentar Alvo novamente. Alvo e Rosa passaram por uma cabine, aparentemente vazia, somente um garoto de cabelos loiros a ocupava. Porém, Alvo tomou coragem e se manteve de boca fechada, não alertou Rosa de que acabaram de passar por uma cabine vazia, afinal ele havia percebido que o garoto que a ocupava era o mesmo que chamara a atenção do tio Rony na plataforma. Quem a ocupava era Escórpio Malfoy. – É – disse Rosa desanimada abrindo a porta de uma cabine no segundo vagão. – Acho que só sobrou esta...
  • 24. 24 Ela indicou com a cabeça para a cabine que acabara de abrir. Aparentemente era a única vazia em todo o Expresso Hogwarts. Nos últimos anos, a quantidade de alunos em Hogwarts quase que dobrara. Segundo a tia Hermione, que ainda mantinha algumas relações profissionais com a escola – geralmente averiguando as condições de Hogwarts perante a lei – ela afirmava que a razão pela qual o número de alunos se multiplicara era qual a quantidade de filhos que os antigos alunos de Hogwarts tiveram fora maior que a estimada pelos diretores e professores. Além do mais, ainda existia a lenda de que os mecânicos da escola, que cuidavam da manutenção do Expresso Hogwarts, gostariam de acoplar mais dois vagões na locomotiva. – Seria muito legal se Vitória e Teddy contraíssem um relacionamento mais sério – disse Rosa alguns minutos depois que eles se estabeleceram na cabine. – Nós conhecemos o jeito luxuoso e arrogante de Vitória e acho que Teddy seria muito bom para ela. Talvez ele a fizesse desgrudar do espelho. – O único problema é que a tia Fleur considera o Teddy um vagabundo – acrescentou Alvo meio desanimado. – Mas isso não é verdade. Disseram-me que desde que ele foi contratado pelo tio Jorge para trabalhar na filial da loja em Hogsmeade, ele tem trabalhado como um condenado! E ele ainda está à procura de testes para os times de Quadribol da Inglaterra. Já imaginou o Teddy jogando no Puddlemere United?! – Me agradaria mais se ele defendesse os Chudley Cannons – contestou Rosa. Ela e Hugo herdaram a paixão pelos Chudley, mesmo Rosa detestando Quadribol, mas segundo ela “os Chudley Cannons são mais do que Quadribol”. As horas iam passando e a viagem até Hogwarts ia se tornando cada vez mais entediante. Não que fosse ruim ou que não tivesse nada para fazer, muito pelo contrário, mas para Alvo era massacrante ter de esperar pela seleção, ainda mais depois da revelação de seu pai na plataforma. A idéia de Harry ter pedido ao Chapéu Seletor para não ir para a Sonserina, atormentava a Alvo mais do que todas as piadas e provocações feitas por Tiago ao longo do verão. Será que Harry teria sido colocado na Sonserina se não o tivesse pedido? Era a pergunta que martelava a mente de Alvo a cada minuto que se passava. Sua mente trabalhava arduamente a procura de uma resposta convincente. Alvo concluiu que nunca pensaria novamente como estava fazendo naqueles longos momentos, nem mesmos durante os exames finais da escola. – Você está bem, Al? – perguntou Rosa poucos momentos antes do grupo de amigos de Tiago entrarem na cabine para darem suas boas vindas. – Achamos que vocês estavam muito solitários então resolvemos fazer uma visitinha – contou Tiago sentando-se ao lado de Alvo e cruzando as pernas na poltrona oposta. – Não se preocupem, pedimos para Horácio tomar conta de nossa cabine, vocês sabem, Hogwarts está ficando muito cheia.
  • 25. 25 Junto a Tiago estavam: Sabrina Hildegard uma sextanista da grifinória – ela tinha longos cabelos ruivos como o dos Weasley, e sempre carregava uma pluma sobre seus cabelos ondulados – ao lado de Sabrina estava Ralf Dolohov, secundarista da Sonserina, ele e Tiago haviam ingressado em Hogwarts no ano anterior. Inicialmente Alvo havia imaginado que Tiago só havia criado laços de amizade com Ralf por causa de seu tamanho – Ralf seria um bom guarda costas – mas depois de um tempo, Alvo percebeu que Ralf não era o típico sonserino, e sim aquele que seguiu a linhagem sanguínea de sua família. E ao lado direito de Ralf estava Eduardo Jones, do terceiro ano. Jones, como o chamavam, era um dos membros do clube extracurricular de Tiago que vestia as vestes da Lufa-Lufa. Jones tinha cabelos loiros e ondulados, além de um sorriso atraente que deu arrepios em Rosa. – Como está nossa futura colega grifinória? – perguntou Tiago se voltando para Rosa, mas sem conseguir não completar. – E nosso sonserinozinho? Alvo corou. Queria xingar Tiago de todos os nomes que aprendera com Monstro em quanto o elfo se castigava, queria também reclamar de sua escolha com relação à Sonserina, mas a presença de Ralf naquele momento impediu que Alvo pudesse o fazer. – Pare, Tiago – advertiu Ralf, abaixando os pés do amigo e sentando-se ao lado de Rosa, podendo encarar Alvo frente a frente. – Não se intimide com tudo o que seu irmão te diz, Alvo. Não vou lhe dizer que a Sonserina é a casa mais amável do mundo, mas ela sabe tratar bem seus membros. O único problema é se você for filho de trouxas. – acrescentou. – Veja o Ralf, por exemplo – disse Sabrina Hildegard juntando-se aos companheiros. – Primeiro eles tentam encontrar algum bruxo que carregue seu sobrenome. Como Ralf tinha dois sobrenomes, a situação ficou mais complicada, mas se eles concluírem que você é filho de trouxas... – ela passou a mão sobre o pescoço como se esse estivesse sendo ameaçado por lâminas bem afiadas. – Espere! – protestou Tiago saltando da poltrona e encarando seus companheiros. – Vocês estão encorajando Alvo a se juntar aos sonserinos? – ele fez uma pausa, limpou a garganta e acrescentou. – N-não que eu me importe. Mas é que... – Nós já entendemos – interrompeu Eduardo Jones lançando uma piscadela para Sabrina. Eduardo diferente dos demais continuava em pé, encostado na porta da cabine que permanecera aberta. – É... bem... – gaguejou Tiago dirigindo-se para fora da cabine. – Só queríamos dar- lhes as boas vindas à Hogwarts. Então, já podemos ir? – Se quiser que vá – disse Ralf passando os braços por trás da cabeça e recostando- os na parede às suas costas. – Não vou a lugar algum. Aqui está divertido. – Concordo – disse Sabrina.
  • 26. 26 – Bem, eu não vou deixar Horácio sozinho – afirmou Tiago dando as costas para os quatro. – Jones, você me segue? Eduardo não respondeu, apenas seguiu Tiago de volta a suas cabines de origem. – Ele está morrendo de medo que Alvo não vá para a Grifinória – concluiu Rosa retirando de sua mochila um exemplar de Hogwarts, uma história. O restante da viagem a bordo do Expresso Hogwarts parecera passar tão rápido como se fosse um sonho. Ao meio dia a velha bruxa do carrinho de doces passara pela cabine onde estavam Alvo, Rosa, Ralf e Sabrina. Os quatro não pouparam esforços para gastar as moedas douradas e prateadas que seus pais haviam lhe dado. Em questão de minutos a cabine dos quatro estava apinhada de doces e balas. Durante algumas horas o céu ficava coberto por escuras nuvens de chuva, que volta e meia despejavam suas águas sobre a lataria vermelha do trem. Felizmente, conforme o dia chegava ao fim e o crepúsculo começava a perder lugar para a escuridão total, a pesada chuva que acompanhava o trem desde o início das montanhas começava a se transformar em uma leva garoa, que mal molhava as folhas das árvores das montanhas escuras. – Próxima parada, estação final de Hogsmeade. – ecoou a voz do maquinista através das paredes encantadas do trem. – É melhor nos apressarmos – disse Alvo já vestido com as vestes da escola. – Eu recomendo que vocês saiam logo – aconselhou Ralf abrindo a porta da cabine e dando passagem para Sabrina. Eles voltariam até a cabine de Tiago, onde estavam seus pertences. – Aquilo ali vai ficar lotado rapidinho. Mesmo que Alvo quisesse seguir o conselho de Ralf, não pode. Rosa tivera alguma dificuldade em guardar todos os livros que havia tirado da mochila para ler durante a viagem. – Pode ir na frente, Al – dizia Rosa espremendo seu exemplar de Voando com Vampiros junto a uma antiga edição da Transfiguração, hoje. – Não tem problema. Eu esperei onze anos para chegar a Hogwarts. Mais alguns minutos não farão diferença. Com muito esforço, Rosa e Alvo conseguiram guardar todos os livros da menina dentro da mochila. Quando Alvo colocou seus pés sobre o concreto úmido e gelado da plataforma de Hogsmeade sentiu como se sua vida acabasse de mudar. Como se ele não carregasse mais o peso do nome Potter, como se as pessoas fossem parar de apontar para ele e gritar “O filho de Harry Potter”. Ele sentia que a partir daquele momento quando apontassem para ele iriam gritar “Veja é Alvo Potter”. Alvo se sentia forte, grandioso, como se pela primeira vez na vida ele pudesse controlar sozinho o caminho que suas pernas fossem traçar. Contudo, quando ele finalmente tomou consciência de que
  • 27. 27 deveria se juntar ao grupo de primeiranistas que já se aglomeravam junto ao lampião que o guarda caça de Hogwarts carregava, uma voz bem familiar soou pelos ouvidos de Alvo. – Estou de esperando na sala comunal com duas cervejas amanteigadas – disse Tiago já fora do term. A mochila sobre um ombro e seus olhos fixos em Alvo, de um modo que este nunca vira antes – Isso é claro se você não se juntar a Sonserina. Tiago esperava que Alvo pulasse em cima dele e começasse a socar sua cara, mas ele apenas sorriu para o irmão e ajeitou a mochila sobre os ombros. – Não me importo – retrucou Alvo inocentemente. – Como? – perguntou Tiago mais chocado do que nunca. – Quer dizer que eu perdi metade do meu tempo de férias zombando de você para agora você dizer que não se importa! – Sim. Depois do que o pai disse na plataforma eu não me importo em ser selecionado para a Sonserina ou para a Grifinória. – E o que o pai te falou que fez com que você mudasse tão rapidamente de idéia? – Tiago estava imaginando que Harry havia dito ao filho o mesmo que a ele no ano anterior. Que não era mais mágico ser da Grifinória do que da Lufa-Lufa ou da Corvinal, ou até mesmo da própria Sonserina. – Disse que o Chapéu Seletor leva em consideração a sua escolha, e que ele me mandaria para a Grifinória caso fosse meu desejo e que o chapéu não me obrigaria a ser um sonserino se eu não quisesse. – Alvo esforçou-se para não contar a Tiago sobre a parte em que seu pai havia dito que escolhera a Grifinória. Alvo sabia que Harry possuía um bom motivo para não querer contar a Tiago sobre seu segredo, e que não seria ele, Alvo, que o revelaria para Tiago. – Te vejo no Salão Principal, Al – disse Tiago quase que em um sussurro, endireitando a mochila sobre seus ombros e dando as costas para o irmão mais novo. – Pode contar com isso – afirmou Alvo sorrindo para as costas do irmão. – Ah, Tiago! O irmão mais velho de Alvo deteve-se por um instante. – Não era para você estar usando os óculos que a mamãe mandou? – Não enche – disse Tiago por cima do ombro. Alvo teve de correr para não se perder do grupo de primeiranistas. Hagrid, o gigante e guarda caça da escola, já havia contornado a plataforma de Hogsmeade e já explicava aos novos alunos como deveriam utilizar os barcos da escola. –... Então, nada de mais de quatro alunos por barco – alertava o gigante para os primeiranistas. – Não quero que nenhum de vocês vá nadar com a Lula Gigante. Ela está brava há alguns dias, não sabemos por quê. Mas vamos controlá-la não precisam se preocupar.
  • 28. 28 – Como se eu fosse – murmurou um garoto dentuço de cabelos negros próximo à Alvo. O jovem Potter já sabia como chegaria à escola de magia. Os barcos deslizariam pelas águas negras do Lago Negro até a outra extremidade da escola, onde por fim os alunos novos caminhariam até os portões do Salão Principal onde aguardariam até o início da cerimônia de seleção. Alvo escolheu um barco que estava ocupado por alguém que ele conhecia: no caso, seu primo Luís Weasley que diferente dele não estava nem um pouco preocupado com a cerimônia de seleção. – E ai, Al! – bradou Luís assim que Alvo se sentou na borda do barco de madeira. – Sempre soube que ao vivo era bem mais atraente que através de fotos. Luís indicou com a cabeça a estrutura medieval do castelo de Hogwarts. Alvo se maravilhou com a arquitetura da escola, com o modo como o castelo escalava a montanha que o sustentava, de forma majestosa e segura. As janelinhas refletiam as luzes internas de Hogwarts que por sua vez eram refletidas pelas águas do Lago Negro que balançavam conforme o vento gélido ordenava. – Se estão todos prontos... – gritou Hagrid já sentado em seu barco magicamente fortificado – VAMOS! Ao soar da voz de Hagrid os barcos encantados da escola começaram a deslizar pelas águas do lago que cercava a escola. Quando Alvo finalmente baixou os olhos do castelo para os alunos que o acompanhavam na travessia se deparou com duas garotas bem diferentes uma da outra. À frente de Alvo estava uma menina bastante bonita de pele escura e cabelos negros, chamada Emília Jenkins. Ao lado de Emília estava outra garota, porém esta tinha pele pálida, braceletes prateados, sapatos estilo punk e um cordão que Alvo imaginava vir da mesma coleção que o amuleto mágico que ficava envolto ao pescoço de Luna Lovegood. Mas outra coisa incandescente chamou mais a atenção de Alvo de que os milhares de janelinhas do castelo de Hogwarts. Alguns metros além da beira do Lago Negro, além da orla próxima a Floresta Proibida, uma criaturazinha luminosa brilhava no galho de uma árvore. Não parecia ser uma criatura muito diferente de um morcego, tinha as mesmas características, porém era bem maior que um comum. Além do mais a criaturazinha estava brilhando junto à árvore. Mas tudo isso foi apenas por um breve momento. Rapidamente a criatura prateada desapareceu. Como se sua presença fosse detectada e isso lhe custasse à vida. Quando Alvo concluiu que não avistaria mais nenhuma criatura luminosa, baixou seus olhos sobre as águas dançantes do lago por alguns segundo, mas tão rápido quanto a primeira outra criatura incandescente surgiu na orla da Floresta Negra. Assim como a outra, esta criatura possuía uma cor prateada e florescente. Sua luz refletia nas árvores ao seu redor. Ela era bem maior que a anterior, do tamanho de um veado, mas Alvo concluiu que não era um, pois não havia galhada como o
  • 29. 29 patrono de seu pai. A criatura continuava brilhando junto às árvores da Floresta Negra, contudo, algo a mais chamou a atenção de Alvo. A criatura não estava admirando a beleza do castelo de Hogwarts assim como os primeiranistas e o morcego incandescente. Essa, por sua vez, mirava em um aluno em especial da mesma forma que os estudantes e os pais na plataforma encaravam Harry. A criatura iluminada estava observando Alvo. – Cuidado com as cabeças! – alertou Hagrid quando os barcos atingiram a outra extremidade. Por um instante Alvo desviou seu olhar da criatura luminosa para poder desembarcar do barco. Pisar na terra molhada pertencente aos terrenos da Hogwarts era algo que Alvo aguardava há muito tempo, e que agora era a mais pura realidade. Contudo quando ele voltou seu olhar para a orla próxima a floresta a procura da criatura, deparou-se apenas com as árvores gigantescas que cercavam os terrenos da escola. – Todos os alunos, por favor, sigam-me! – berrava Hagrid guiando os primeiranistas por uma espécie de túnel subterrâneo feito de pedras. A cabeça do gigante batia no teto de pedras a todo o tempo, mas em momento algum Hagrid se mostrava irritado com tal fato. Ele parou de repente tateando o teto com o cabo de seu guarda-chuva cor de rosa. Como se estivesse procurando uma passagem secreta, Hagrid encostou o cabo enferrujado em todas as pedras em um raio de um metro. Finalmente o gigante encontrou a passagem desejada. Quando encostou o cabo do guarda-chuva da pedra desejada, essa começou a se mover e a formar uma íngreme escada de pedra e limo que dava para o pátio de entrada da escola. – Subam e esperem até o professor Longbottom tomar frente ao grupo – ordenou Hagrid abrindo caminho entre os estudantes para liberar a passagem. – Ele irá levá- los até o Salão Principal para a hora mais esperada da noite. Como ele era um dos últimos da fila, demorou um pouco até que Alvo pudesse chegar mais perto da escada. Porém ele queria fazer algo antes de subir as escadas. – Oi, Hagrid! – exclamou Alvo se aproximando da figura corpulenta do guarda caça. – Alvo! Há quanto tempos nós não nos víamos! – Hagrid parecia um bebê chorão. Enxugando timidamente as lágrimas que brotavam dos seus olhos ele encarou Alvo. – Não te vejo desde março passado, e veja como você cresceu! Mesmo estando mais alto que há um ano atrás, Alvo sabia que para Hagrid ele sempre pareceria um menininho de dez anos. – Eu também estava com saudades de você, Hagrid – disse Alvo pouco antes de ser envolto pelos braços gordos de Hagrid. – O... o que aconteceu para você ficar tão sumido?
  • 30. 30 – Você sabe que a Profª McGonagall deixou seu cargo, como diretora, este ano. Então, quando se é um professor um tanto desastrado e que cuida de criaturas do mundo da magia... Bem, tem que mostrar uma boa primeira impressão para o novo diretor – ele estudou Alvo com seus olhos miúdos, tentando ler as emoções de Alvo através de sua face. – Rápido, Alvo! – gritou o gigante batendo com os braços no teto do túnel. – Suba logo, rápido se não você perde a passagem! Sem pensar duas vezes Alvo pulou o mais alto que pode, esticando as pernas ao máximo para atingir o topo das escadas o mais rápido possível. Ele pulou umas três ou quatro vezes até finalmente repousar sobre o gramado fofo e úmido do pátio de entrada. Alvo estava encantado em estar dentro do castelo de Hogwarts. A única vez que estivera dentro do castelo fora quando seu pai levara a família para dar um passeio pelo estabelecimento, para conhecer alguma parte da escola antes dos onze anos de idade. Muita coisa parecia diferente de quatro anos antes quando Alvo esteve ali. O Pátio de Entrada parecia ter sido restaurado, tendo as estátuas ao redor da fonte do pátio, mais belas e suntuosas. As ervas que cresciam entre os azulejos haviam sido podadas e a única coisa velha que se encontrava no pátio era a figura carrancuda e desanimada do Sr Filch. Alvo só reconheceu o zelador da escola, pois esse se enquadrava em todas as características que seus parentes haviam lhe concedido. Um homem velho, de aparência fria e rabugenta. Cabelos sujos quebradiços, pele enrugada e sua gata que sempre estava juto dele, Madame Nor-r-ra. Filch aninhava a gata como se fosse um bebê, tomando cuidado para não machucar o animal, ele se mostrava pouco interessado em olhar para os alunos novos. Poucos minutos depois dos primeiranistas terem se reunido em frente às grandes portas de carvalho que davam para o hall de entrada, um homem da mesma idade que o pai de Alvo, face rosada e um sorriso um tanto abobalhado, as abriu com um estalo e veio receber os alunos novos. – Bem vindo, alunos – disse a figura simpática do Prof Longbottom. Esse não precisou de nenhuma característica para ser reconhecido por Alvo, pois ele conhecia bem o rosto bobo do padrinho. Neville vestia vestes surradas e marrons, um chapéu cônico remendado em sua aba e botas de escalada, como se estivesse pronto para afundar os dois pés na terra molhada. Os múrmuros cessaram no instante em que o professor de Herbologia começou a falar. A atenção era geral em quanto o silêncio era cortado apenas pela voz suave do professor. – Bem, o banquete de início de ano será realizado em alguns instantes, mas antes de vocês se sentarem em uma de nossas mesas, será realizada a cerimônia de seleção. A cerimônia de seleção, como muitos já devem saber, consiste basicamente em
  • 31. 31 selecionar vocês em uma de nossas quatro casas: Grifinória, Lufa-Lufa, Corvinal e Sonserina. A Seleção é muito importante, pois enquanto vocês estiverem em Hogwarts suas casas serão como suas famílias. Seus colegas serão seus amigos, e seus parentes. Contudo, nem tudo são flores aqui em Hogwarts. Aqui, como em todo estabelecimento, existem regras, se quebrarem alguma regra da escola sua casa perderá pontos. Porém, se vocês obtiverem algum triunfo na escola digno de um prêmio, sua casa ganhará pontos. No final do ano, a casa que tiver mais pontos ganhará a Taça das Casas. – Então nós não teremos de enfrentar um trasgo para sermos aceitos na escola! – gritou um garoto no meio do grupo. – Não, o senhor pode ficar relaxado. Ninguém terá de enfrentar nada para ser aceito pela escola – riu o Prof Longbottom. – Vocês já foram aceitos, não tem mais volta. Vocês terão de suportar Hogwarts e Hogwarts terá de suportar vocês. Mas, eh, fiquem tranqüilos, nós faremos tudo para que vocês possam chamar este castelo de lar. O Prof Longbottom deu as costas para os primeiranistas e, os guiou pelo interior do castelo até chegarem próximos às grandes portas de carvalho que davam para o Salão Principal. As luzes vindas dos candelabros e tochas ao redor da entrada para o salão refletiam-se nas bordas e nos desenhos esculpidos nas portas. Eram imagens bonitas e únicas que mudavam de hora em hora. – Se estiverem preparados... Sigam-me – com um aceno de mão o Prof Longbottom abriu as portas que davam para o Salão Principal. Os zumbidos e vozes antes contidos pelas portas de carvalho se espalharam por toda a escola no momento em que o professor Longbottom abriu as portas. A luminosidade do Salão Principal era infinitas vezes maiores que a dos corredores que Alvo acabara de passar. Ele concluiu que o Salão Principal era muitas vezes maior que a antiga casa da Rua dos Alfeneiros que um dia acolheu Harry Potter e que hoje, já reformada, acolhia a família do primo de Harry, Dudley Dursley. O Prof Longbottom levou o grupo de calouros até um tablado que separava a mesa dos professores das outras quatro grandes mesas das casas da escola. Eram muitas coisas para se ver em pouco tempo. Rapidamente, Alvo levantou a cabeça para poder admirar o teto encantado do Salão Principal, que mostrava um céu estrelado e uma lua pronta para minguar. Depois Alvo observou as quatro mesas de Hogwarts, apinhadas de estudantes ansiosos para o início da seleção. Por um momento, Alvo sentiu que era observado por alguém e não era para menos. Tiago Potter estava junto a seus amigos grifinórios falando e rindo, mas seus olhos estavam fixos na figura magricela do irmão. Por um instante Alvo se sentiu encabulado, mas logo sua atenção foi desviada pela voz do professor Longbottom.
  • 32. 32 – Antes do início da cerimônia de seleção – dizia o professor em quanto as conversas cessavam e os murmúrios morriam – a diretora Servilia Crouch quer dizer algumas palavras. Diretora... Longbottom fez uma tímida reverência para a diretora que apenas lançou-lhe um simpático sorriso antes de se erguer de sua nobre cadeira de diretora. Servilia Crouch era uma mulher que aparentava ter seus cinqüenta anos de idade, mas Alvo sabia que ela possuía mais, pois graças às poções e atributos genéticos dos bruxos é possível você aparentar muito menos de sua idade natural. A diretora Crouch possuía algumas rugas em sua face – nem tantas como sua antecessora, a Profª McGonagall que se sentava ao seu lado – Servilia possuía cabelos negros envoltos em um forte coque, com ligeiras mechas calvas que ela tentava arduamente esconder. – Boa noite, a todos vocês, principalmente aos alunos novos que estão se juntando a nós aqui em Hogwarts pela primeira vez. A vocês primeiranistas, o meu: “boas vindas”. E aos antigos, sejam bem vindos de volta. Bem, como muitos de vocês já devem saber através do Profeta Diário e das demais revistas bruxas, este será, assim como o de alguns de vocês, o meu primeiro ano aqui em Hogwarts. É com muita honra que substituo a Profª Minerva McGonagall como diretora de Hogwarts. Minerva – como pode ver – não nos deixou por completo, pois ela concordou em continuar educando-os na didática de Transfiguração e me auxiliando como vice- diretora. “Bem, como diretora da escola é meu dever informar aos primeiranistas, e relembrar aos alunos antigos, que é estritamente proibido a ida de alunos aos arredores da Floresta Proibida sem a autorização e o acompanhamento de um professor ou responsável. Afinal como o próprio nome já diz, a floresta é proibida. Também devo informar-lhes que é proibido o uso de feitiços nos corredores durante os intervalos das aulas. E, o nosso zelador o Sr Filch, me pediu para lembrar-lhes que qualquer artefato que tenha ligações com a loja de brincadeiras Gemialidades Weasley, que possa fornecer qualquer tipo de transtorno ou rebuliço dentro da escola é proibido e corre um sério risco de ser confiscado pelos professores e funcionários.” “Antes de iniciarmos a seleção, gostaria de apresentá-los aos novos professores de Hogwarts. Por favor, professores novos, levantem-se.” Cinco professores levantaram-se de suas cadeiras. Alvo havia prestado atenção somente em dois, que desde o momento que ele entrou no Salão Principal, estavam envoltos em uma complicada discussão que Alvo nem se quer poderia imaginar qual era. – Da esquerda para a direita – começou a diretora Crouch apresentando os professores. – Alunos deixem-me apresentá-los ao seu novo professore de Defesa contra as Artes das Trevas, professor Mylor Otacílio Silvano. Ao seu lado, está o
  • 33. 33 professor da nova didática de Artes dos Trouxas, professor Epibalsa McNaught. Depois estão seus novos professores da arte de mancia, professor R. J. H. King, para Tecnomancia e o professor Herberto Margolyes como professor de Geomancia. E por último, mas não menos importante, nós teremos a presença da professora Julieta Knowles Revalvier, como professora de Literatura Mágica. “Por último, gostaria que minha colega, professora McGonagall dissesse algumas palavras para vocês. Não gostaria que Minerva passasse a noite toda calada.” A diretora Crouch se silenciou por debaixo de fortes aplausos dos estudantes, em seguida a professora McGonagall começou seu discurso agora não mais como diretora da escola. – Uma boa noite a todos – disse a Profª McGonagall para todos os presentes. – Serei rápida e breve, pois tenho certeza de que todos estão ansiosos com a seleção. Gostaria apenas de lembrar-lhes que não sou mais sua diretora, mas que inda posso colocá-los em detenção e tirar pontos de suas casas. Obrigada. Assim como a diretora, McGonagall se silenciou por baixo de aplausos dos estudantes, contudo estes foram menos animadores que os da diretora. Alvo percebera que Servilia e McGonagall tinham bastante em comum. Sendo duas senhoras muito gentis, porém severas com quem se deve. Alvo não gostaria de encontrar as duas irritadas, sendo ele o motivo de tal irritação. Pouco depois dos discursos de Crouch e McGonagall, a nova monitora da Corvinal, sua prima Molly, levara até o topo do tablado à frente dos primeiranistas, um banco de quatro pernas e um chapéu cônico velho. Alvo sabia exatamente o que ia acontecer em seguida. O Chapéu Seletor iria cantar uma música – em geral relacionada à amizade e a dificuldade em selecionar os alunos – e depois a seleção se iniciaria, com o Prof Longbottom chamando os primeiranistas e repousando o velho chapéu cônico sobre suas cabeças. Porém após os discursos da diretora e da professora de Transfiguração, Alvo desligou-se completamente da cerimônia de seleção. Seus pensamentos flutuavam desordenadamente. Ele não sabia o que fazer e qual caminho seguir. Queria usar tudo àquilo que o pai havia dito na plataforma, mas e se ele escolhesse o caminho errado. E se ele escolhesse a Grifinória e no final das contas essa fosse a errada. Não! Pensou Alvo com todas as forças. A Grifinória não podia ser o caminho errado, era a casa que seu pai freqüentara que sua mãe freqüentara, seus avós, tios e tias... Mas muitos dos novos Weasley não haviam seguido o caminho grifinório. Vitória e Dominique eram da Lufa-Lufa e Luís estava determinado a seguir a mesma. Molly era da Corvinal e Rosa fatalmente seria enviada para a mesma, e se Alvo acabasse se saindo melhor em outra casa? – Luís Weasley – chamou o Prof Longbottom trazendo Alvo de volta a si.
  • 34. 34 O Chapéu Seletor demorou um pouco para decidir em que casa por o primo de Alvo, e nesse meio tempo, ele percebeu quais outras crianças já haviam sido selecionadas. Um garotinho risonho de cabelos castanhos, chamado Cameron Creevey havia sido selecionado para a Grifinória. Emília Jenkins, a garota que havia cruzado o Lago Negro junto a Alvo havia sido enviada para a Corvinal assim como Irene Mcmillan. – LUFA-LUFA! – rugiu o Chapéu Seletor para alívio de Luís que já estava começando a tremer por debaixo da aba do chapéu. – Eugênio Finnigan. – Grifinória! – a mesa de Tiago explodiu em vivas, assim como havia feito antes com Cameron Creevey. – Ísis Cresswell. – Corvinal! – anunciou o chapéu, e logo em seguida Ísis saiu correndo em direção à mesa do lado esquerdo a Alvo. Que ainda vibrava com a seleção da menina. – Valerie Rosier. – Sonserina! – Isaac Prewett. Aquele nome fez com que Alvo prestasse realmente atenção na seleção. Prewett, Alvo já ouvira aquele nome antes, mas de onde vinha? Uma parte adormecida de seu cérebro começara a trabalhar arduamente a procura de algo que se encaixasse com o nome. – O relógio? – murmurou Alvo lembrando-se do velho relógio de seu pai que antes pertencera ao irmão mais velho da vovó Weasley. Mas Isaac não poderia ser seu parente, pois o tio-avô de Alvo, Fábio, havia sido morto durante a Primeira Guerra Bruxa, assim como seu irmão. – Sonserina! – gritou o chapéu liberando o garoto de cabelos ruivos. – Lívio Black. Ouvir aquele nome foi quase que tomar uma descarga elétrica. Alvo sabia bastante sobre a família Black, sendo que ele morava na antiga casa da linhagem. Mas Alvo tinha certeza de que após a morte precoce do padrinho do seu pai, Sirius Black, o nome havia sido extinto, pois ele era o último a carregar o nome Black, e como Sirius não havia procriado, era óbvio que a família Black havia sido extinta pelo lado masculino, mas... Ele estava ali, o garoto chamado Lívio carregava o nome Black e não podia ser apenas coincidência. – Corvinal! – anunciou o chapéu. Depois de Lívio, Lana Longbottom foi chamada para ser selecionada. Cuidadosamente o professor de Herbologia repousou o Chapéu Seletor sobre os cabelos da filha sem antes desejar-la sorte. Alvo conhecia Lana, geralmente via a
  • 35. 35 garota brincando nas escadarias do Caldeirão Furado na companhia de seus irmãos mais novos. – Grifinória! – anunciou o chapéu para alívio de Lana, e de seu pai também. Antônio Zabini se tornou um sonserino, porém Alberto Stebbins foi escolhido para se juntar à mesa da Lufa-Lufa, a do lado direito à Alvo. Perseu Flint também foi selecionado para a Sonserina, assim como seu irmão gêmeo Teseu. Já Henry Thomas foi selecionado para a Grifinória do modo como desejava. – Escórpio Malfoy – chamou o Prof Longbottom, despertando qualquer um que não estivesse interessado na seleção. Escórpio parecia mais pálido do que quando Alvo o vira na plataforma e dentro do Expresso Hogwarts. Assim como Alvo, Escórpio herdara um nome muito famoso dentre os bruxos e assim como Potter, todos os membros da família de Escórpio vieram da mesma casa há séculos. Alvo não conseguia imaginar o porquê do nervosismo de Escórpio, pois assim como seu pai, sua mãe e todos os antigos membros da família Malfoy, ele seria selecionado para a Sonserina... – Grifinória! – bradou o Chapéu Seletor. Não houve aplausos por parte dos membros da Grifinória. Alvo não sabia se eles estavam surpresos demais pela decisão final do chapéu ou se estavam com muita raiva e nojo de terem de conviver com um membro da família Malfoy, que por gerações humilhou e perseguiu os membros da Grifinória. Escórpio também não se mostrava diferente. Ele continuara sentado no banco de madeira de quatro pés mesmo depois de ter sido selecionado. O choque de não ter sido colocado na Sonserina o consumia de dentro para fora, impossibilitando seu cérebro de pensar ou de comandar qualquer um de seus músculos. Escórpio só saiu da cadeira quando o Prof Longbottom chamou o nome de Morgana Hallterman. – Alvo Potter. Novamente o salão permaneceu em total silêncio. Assim como Escórpio, Alvo chamou bastante atenção entre alunos e professores. – Longbottom disse: Potter? – É sim! É o filho de Harry Potter! – Shh! Cale a boca! Agora será selecionado outro filho de Harry Potter. Todos os comentários não eram para Alvo, e sim para O Filho de Harry Potter. Aquilo foi consumindo Alvo por dentro, ser o filho de Harry Potter não era apenas o que ele queria, ele queria que as pessoas começassem a reconhecê-lo por seu nome e não por ser filho de um dos maiores bruxos dos tempos atuais. A última coisa que Alvo conseguiu ver antes do Prof Longbottom deixar o chapéu recair sobre seus olhos, foi um salão cheio de alunos espichando os pescoços para
  • 36. 36 tentar ver o rumo da seleção de Alvo. Olhos arregalados sem ao menos piscar, e vários grifinórios já cantando vitória. – Potter, Alvo. Sim. Admito que eu anseie em poder observar esta mente – disse o Chapéu Seletor em um sussurrou, mas que podia ser ouvido, pois o salão estava em total silêncio. – Você é o quinto Potter que vem sob meu tecido, e o quarto a se submeter a meu julgamento. Quase cinqüenta anos se passaram, três gerações de Potter e vocês são sempre difíceis de classificar. Eu não tenho que ser igual ao meu pai. Pensou Alvo ingenuamente sem se lembrar que o chapéu estava sobre sua cabeça. Ser um grifinório não é meu dever. “... poderá escolher a Grifinória em vez da Sonserina.” As palavras de Harry ecoavam nos ouvidos de Alvo, como se o pai estivesse o seu lado as repetindo. – Sentimentos denunciadores, Potter – disse o chapéu. – Você seria grandioso em qualquer uma das quatro casas, mas será? Talvez... Lufa-Lufa? Não! Tudo, tudo menos a Lufa-Lufa! Pensou Alvo com todas as forças que ainda lhe restavam. Eu posso ser grandioso em qualquer uma das casas, mas eu serei grandioso de outro jeito: do meu jeito. – Hmm. Interessante, Potter. Se assim deseja... – o Chapéu Seletor fez uma pausa proposital, como se quisesse matar alguém do coração. – Sonserina! A mesa na extremidade direita à Alvo explodiu em festa. Era como uma compensação mais que satisfatória para os sonserinos, um Malfoy por um Potter. Um nome mais famoso e de mais expressão. Por outro lado, a mesa da Grifinória parecia se preparar para um funeral. Suas caras nunca demonstraram maior desapontamento e sensação de perda do que naquele momento. Contudo, dentro de Alvo, uma mistura de sensações e emoções invadia seu corpo. Sua mente e seu coração pareciam estar em constante conflito. Ele não sabia se sorria ou se chorava. Se ele deveria corria para fora da escola ou se aceitava as boas vindas da Sonserina. Somente uma opção lhe ocorreu quando o Prof Longbottom retirou o Chapéu Seletor de seus cabelos escuros. – É tão ruim ser da Sonserina? – perguntou Alvo para Neville que se mostrava tão surpreso quanto o restante da escola. Neville encarou Alvo com seus olhos simpáticos e amistosos. Quase nada passava pela mente de Neville, nenhuma resposta que pudesse agradar completamente Alvo. Então, como um leve sopro, Longbottom deixou seus olhos recaírem sobre o afilhado assustado e enfim respondeu: – Não.
  • 37. 37 Capítulo Três Encontro de Professores esde os tempos de Armando Dippet como diretor de Hogwarts havia uma comemoração particular entre os diretores das casas da escola. Com o fim do mandato do Prof Dippet e a posse de Alvo Dumbledore, a reunião se estendeu para além dos diretores de casas. Além destes, outros professores convidados pelo diretor poderiam compartilhar dos comes e bebes; distribuídos na festa particular. Porém durante o ano em que Severo Snape foi diretor nenhuma festa ou reunião fora marcada. Os tempos de guerra e desconfiança entre os professores impediram que qualquer comemoração fosse organizada. Contudo naquele ano, durante o novo regime estudantil de Servilia Crouch a comemoração de início de ano foi mantida. Além dela e dos diretores de casas foram também convidados, o Prof Longbottom, o Prof Silvano, Prof Finch-Fletchley e a Profª Gertrudes Knossos de Runas Antigas. As reuniões geralmente aconteciam no escritório do diretor, mas devido ao número de convidados, achou-se mais agradável que a reunião dos professores acontecesse na Sala Precisa no sétimo andar. Onde os professores poderiam ter mais conforto e privacidade, sem correr nenhum risco de serem surpreendidos por um aluno perdido. Para poder entrar na Sala Precisa a diretora Crouch e os demais professores deveria pensar em como precisavam de um lugar para poder conversar com os outros colegas, sem se preocupar com os alunos e onde poderiam comer e beber sem culpa. Servilia não teve dificuldade para achar a Sala Precisa. Em seus tempos de estudante ela utilizara a Sala Precisa várias vezes. Quando ela queria esconder sua Cleansweep Cinco das outras garotas para que essas não a gozassem pelo fato de Servilia treinar para o Quadribol e quando a atual diretora usava a sala para praticar feitiços com seu grupo de amigos sonserinos. Quando a diretora chegou à Sala Precisa deparou-se com largas mesas repletas de comidas e bebidas, principalmente vinhos e cidras. Servilia agradeceu por não ter se fartado de comida durante o Banquete de Início de Ano. As paredes da Sala Precisa estavam cobertas por tapeçarias com as cores das casas da escola e com os emblemas respectivos de cada uma. Algumas mesas e cadeiras de prata foram espalhadas pela sala, além de uma antiga vitrola encantada que repousava sobre uma bancada e soava as melodias da antiga banda bruxa Caldeirão Explosivo, liderada pela cantora Selena Bichwitck. A cada dez minutos um professor chegava a Sala Precisa. Para não levantar suspeitas entre os alunos, os professores combinaram de não chegarem todos juntos. Neville contou que a mesma tática era usada por ele e por seus colegas durante os tempos de reunião da Armada de Dumbledore. D
  • 38. 38 Primeiro chegou a Profª McGonagall na companhia do Prof Flitwick. Em seguida Horácio Slughorn adentrou na Sala Precisa em uma animada conversa com a Profª Knossos. Poucos minutos depois o professor Finch-Fletchley de Estudos dos Trouxas chegou sozinho à Sala Precisa. E dez minutos depois o Prof Longbottom e a Profª Vector chegaram para a comemoração. A Profª Vector de Aritmancia havia sido selecionada como diretora da casa Lufa-Lufa depois que a professora Sprout se aposentou. Por último chegou Mylor Silvano, o único professor novato que fora convidado para a reunião dos professores. Foi idéia de Neville chamar o novo professor já que ele e Mylor tinham uma antiga amizade, formada durante seus tempos como membros do Quartel-General dos Aurores. Cada professor se juntou perto de uma mesa de comida para discutir e conversar sobre as novas dos tempos de férias e sobre demais assuntos que geralmente variavam entre Quadribol, política e feitiços. – Divino este banquete, Servilia! – suspirou o Prof Flitwick servindo-se de mais uma porção de salgadinhos. – Onde os encomendou? Não como algo tão... prazeroso e novo há algum tempo. – Encomendei de uma nova loja gourmet que inaugurou no Beco Diagonal. É bom saber que foi aprovado – a diretora Crouch sabia que teria de encomendar os comes e bebes, afinal, segundo as famosas Leis de Gamp, comida é uma das cindo exceções sobre a Transfiguração Elementar. – A quanto não nos vemos, Mylor? – perguntou o Prof Longbottom de outro extremo da Sala Precisa. – Há uns cinco anos – respondeu o Prof Silvano. – A última vez que te vi foi quando nós pedimos demissão do quartel general dos Aurores. Daí você veio para Hogwarts e eu comecei minha viagem ao redor do mundo. – E quanto à seleção deste ano, hein? – começou o Prof Finch-Fletchley chamando a atenção de todos os presentes – Acredito que este ano o Chapéu Seletor surpreendeu a todos. E não estou me referindo a sua canção habitual. – De fato! – exclamou o Prof Slughorn levantando os braços e os abanando como se estivesse torcendo loucamente – Hoje fui presenteado com algo que nunca pude imaginar que aconteceria! Um Potter, em minha casa! E justamente o parente de minha querida Lílian Evans! Alvo Potter, na Sonserina! – É verdade, Horácio. Tenho que admitir que fiquei bastante surpreso quando o chapéu decretou que Potter seria um sonserino. – aceitou o Prof Flitwick ajeitando seus óculos dourados, colocando-os bem ao centro de sua carinha redonda – Contudo é verdade que fiquei decepcionado com o veredicto do chapéu com relação a um dos primos de Alvo Potter. É verdade, esperava que Rosa Weasley se juntasse a minha casa este ano, afinal, ela é filha de Hermione Granger!
  • 39. 39 – Mas em compensação é filha de Rony Weasley, também. – completou a Prof McGonagall de maneira irônica. – Sim. Creio que o sangue grifinório de Rony contou mais que a inteligência de Hermione. – disse Neville servindo-se de cidra sabor uva. – Mas, – começou a Profª Vector sentando-se na mesa mais próxima aos professores e servindo-se de um pedaço de pernil – acredito que todos os papais que lecionam aqui em Hogwarts não poderão ficar chateados. Afinal, sua filha mais velha, Neville, seguiu seus passos e juntou-se a Grifinória. O mesmo fez seu filho, Inácio, professor Finch-Fletchley, porém seguindo o caminho da Lufa-Lufa. – Sim. Mas admito que fiquei surpreendido quando Neville anunciou os nomes Black e Prewett. – disse Justino para os demais – Não sabia que estas famílias ainda possuíam descendentes homens que possuíssem seu nome. Já era de meu conhecimento que os Blacks ainda possuíam descendentes vivos, porém com outros nomes como Malfoy, Potter e Crouch. Assim como os Prewett tem relações com os Weasley, mas carregar o nome original? – Isso se dá à ligação de Lívio e Isaac com parentes abortados. – explicou Flitwick – Lívio é bisneto de Mário Black, neto do Prof Fineus Black, porém como Mário era um aborto não teve sua árvore genealógica divulgada junto ao restante da família. Isaac, por sua vez, tem parentesco com um tal de Geraldo Prewett. Geraldo era filho de Inácio e Lucretia Prewett, tendo relações familiares tanto com a família Weasley quanto com a Black, respectivamente. Geraldo teve uma vida bem melhor que a de Mário, e aparentemente, se profissionalizou como contador trouxa. Ambos os parentes abortos dos garotos tiveram filhos, porém somente a mais nova de Geraldo foi aceita em Hogwarts. Deve se lembrar da jovem Mafalda Prewett, Minerva. Ela foi aceita em Hogwarts a uns vinte e tantos anos. – É verdade, Filio. – confirmou McGonagall bastante interessada nas histórias que ela não conhecia – Mafalda era uma aluna brilhante, um tanto inconveniente e respondona, mas e que explica as relações de Isaac com a Sonserina. – PELAS BARBAS DE MERLIM! – berrou o Prof Slughorn derrubando seu vinho dos elfos no chão e levando as mãos à cabeça – Como pude me esquecer de Mafalda! Lecionei para ela a partir de seu terceiro ano, ela era realmente brilhante, sempre com as respostas na ponta da língua. Era tão inteligente quanto a Srtª Granger... – Filio, – murmurou Servilia Crouch para o professor de Feitiços – os Lestrange também tem relações com a família Black, correto? – Sim. – respondeu Flitwick firmemente – Rodolfo Lestrange se casou com Belatriz Black, filha de Cygnus e Druella Black. Mas por que a pergunta, Servilia? Ah, sim, o jovem de nome Agamenon. Creio que ele se juntou a Grifinória. – Termos um Lestrange na Grifinória já é bastante surpreendente, mas – Servilia fez uma pausa em quanto tomava um gole de seu vinho – o que mais me surpreende
  • 40. 40 é termos um Lestrange de volta a Hogwarts! Com isso é possível? O garoto não é filho de Rodolfo, é? – Não. – respondeu rapidamente Mylor Silvano, já consciente de que Neville também já sabia a resposta – Ele é filho de Rabastan Lestrange. Recapturado há alguns anos. – Mas como Rabastan ou seu filho, voltaram à Inglaterra bem debaixo do nariz do ministério? – Servilia continuava perplexa – Como, depois de tudo que Rabastan e seu irmão fizeram, como ele pode voltar? – O Ministério pode ser lento e injusto, mas não é burro. – afirmou Neville – Eu e Mylor sabemos um pouco mais sobre este caso. Os Lestrange voltaram à Inglaterra há dez anos, em nosso tempo ainda como aurores, o escândalo fora tamanho que até o ministro Shacklebolt teve de se envolver. “Pouco antes do término da Batalha de Hogwarts, Rabastan Lestrange deu-se por vencido e concluiu que aquela era uma guerra que os seguidores de Voldemort não ganhariam. Pouco antes de Harry se entregar a Voldemort e de este supostamente o assassinar. Rabastan disse a seu irmão que não voltaria à Hogwarts, que ele fugiria para a França e que estava disposto a levar Rodolfo e Belatriz com ele. Porém, Rodolfo era orgulhoso, e sua esposa não menos. Ele disse a Rabastan que em momento algum abandonaria o Lorde das Trevas. Já Rabastan não estava disposto a voltar para Azkaban por uma terceira vez. Rodolfo, por sua vez renegou Rabastan, e o excluiu da família Lestrange, pois afirmava que ele, Rabastan, havia abandonado seu irmão e seus ideais. Bem, sabemos o que aconteceu com Rodolfo e Belatriz. Um apodrece em Azkaban em quanto a outra repousa no sono profundo.” “Quando percebeu que já estava velho e com medo de levar o nome para o túmulo com ele, Rabastan decidiu se casar e procriar com alguma bruxa de sangue-puro. Três anos após o casamento com a bruxa francesa Charlotte Asset, Rabastan teve um filho.” – Daí veio Agamenon. – concluiu Justino. – Sim. Mas desmentindo o julgamento final de Rodolfo Lestrange, Rabastan não havia abandonado seus ideais. Sua esposa Charlotte queria que Agamenon estudasse em Beauxbatons, mas Rabastan era tão orgulhoso quanto o irmão e a cunhada. Ele não queria que um Lestrange fosse tratado como qualquer um em Beauxbatons. Então Rabastan mandou uma carta ao ministro pedindo que Charlotte e Agamenon pudessem voltar à Inglaterra e desfrutar de toda a fortuna e bens que Rabastan herdou de seus pais. Mas, em troca, Rabastan se submeteria ao julgamento perante a Suprema Corte dos Bruxos e aceitaria qualquer que fosse sua decisão final. “Obviamente, Rabastan foi condenado à prisão perpétua em Azkaban, e morreu um ano após ser condenado.”