O poema descreve as lembranças e sentimentos do autor sobre um amor passado. Ele guarda cartas e bilhetes da pessoa amada, e ainda tem saudades dos momentos que passaram juntos, dos passeios e das roupas que ela usava. O autor expressa a vontade de vê-la novamente para declarar seu amor, mesmo que em silêncio.
1. À Vista de Ti Nunca te vi, melhor que seja assim. Teus cabelos seriam trinados ao vento? Poderia eu dizer “treinados”, eles seriam — porque aí corre o vento da tardinha — sempre me dizes do vento. Hoje os cabelos curtos, despojados das madeixas de outrora já não balançam ao vento... antes emolduram em tons de prata, um semblante que espelha tantas venturas e desventuras... e apenas o coração responde ao trinado treinado da brisa acariciante ...
2. Guardo teus papéis eu guardo. Perco-os, justo que me percam. Guardo tuas cartas todas ... até mesmo os pequenos bilhetes improvisados nos guardanapos, onde deixei indeléveis marcas de baton com tuas impressões digitais...
3. Um cartãozinho..., teu, a te encontrar, azul..., azul seria a saia de sair? Azul...quantas vezes me fizeste ver o mundo azul? Não só azul...mas também rosa, cinza, negro... O tailleur azul ainda está intacto, pois vesti azul e te esperei em rosa, num dia cinza em que trajavas negro , muito embora, por fora, o descompromissado jeans azul, juvenil e inocente com o qual me mantinhas cativa ...
4. Ou, haverias de preferir uma roupinha amarela e os olhos vagos de nenhuma palavra? Uma roupa de mulher...um vestido de seda e qual não foi a tua surpresa ao descobrir que para além dele não havia nada... e com que frenesi meu corpo pediu que desnudasses este nada para além do vestido. Meus olhos não eram vagos...estavam fixos em ti... e o silêncio que se fez estava inundado de beijos.... eu te beijava com os olhos...
5. O que poderei dizer quando te encontrar?..., se nestes tempos modernos, teria lugar para um silêncio? Falarias? Diria novamente que te amo e mesmo que não o dissesse, cada gesto meu saberia dizê-lo cabalmente... De que nos diríamos? Eu do meu amor e tu, dos teus amores... Melhor que teus cabelos fiquem ao vento.
6. Melhor que balancem ao vento qual folhas desprendidas do galho,balançando ao relento que me impuseste, por omissão ou pressentimento de que também estarias cativo do mesmo amor e arrebatamento ... Ah, vento doce, da noite, como me perfumas o hálito desta noite cedo. Ah, brisa doce, com perfume de dama da noite, carregas de nostalgia o coração daquele que preferiu levar de mim apenas o sopro... quando teve nas mãos a vida e a alma. Soares Feitosa / Fátima Irene Música : Andre Gagnon - Pour ma Soeur en Allée Montagem : [email_address] www.pranos.com.br