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A Torre de Babel, segundo a narrativa bíblica no Gênesis, foi uma torre construída por um povo com o objetivo que o cume chegasse ao céu, para tornarem o nome do homem célebre.

Os versos de 1 a 9 do capítulo 11 do livro contam da história de um grupo de pessoas, que antes do surgimentos das diversas línguas, foram morar no oriente, na planície de Sinear, uma
terminologia usada na Bíblia Hebraica para se referir provavalmente à região da mesopotânia. A passagem explica o método construtivo dos babilônicos, com tijolos e betume, ao invés da
técnica palestina de construir com pedra e cal.[1][2] A estrutura é normalmente associada a um zigurate, antigos templos babilônicos, muito embora o texto não faça qualquer associação
religiosa à torre.[1]

Iavé, o deus hebraico, então, desce "para ver a cidade e a torre, que os filhos dos homens edificavam" e vendo o que faziam, decidiu confundir-lhes as línguas para impedir que prossigam
com sua empreitada, dizendo "Vinde, desçamos e confundamos ali a sua linguagem, para que não entendam a linguagem um do outro."

Nesta passagem, a descrição antropomórfica de Iavé fica evidente quando ele "desce" e "vê" e mostra-se temeroso com o desenvolvimento do povo.[1] O texto também apresenta alguns jogos
de palavras "Babel", que significa confusão em hebraico e também com o uso de uma palavra que significa "lugar" e "nome" ao mesmo tempo no verso "façamo-nos um nome".[1] As formas
plurais empregadas por Iavé "Vinde, desçamos e confundamos ali a sua linguagem, para que não entendam a linguagem um do outro." mais aparecem no relato javista. [1][3]

Apesar do contexto babilônico da história, não se conhecem relatos paralelos na mitologia babilônica. [1] Há, no entanto, uma história parecida à da Torre de Babel na Mitologia
suméria chamada Enmerkar e o Senhor de Aratta, na qual Enmerkar de Uruk constrói um massivo zigurate em Eridu e os dois deuses rivais, Enki e Enlil acabam por confundir as línguas de
toda a humanidade como efeito colateral da sua discussão.[4]

Altura e largura

A altura da torre é matéria de especulação, mas visto que a torre pode ser simbolicamente considerada uma precursora do desejo do homem de construir edifícios altos pela História, a sua
altura é um aspecto significativo do seu mythos. A Torre histórica encomendada por Nabucodonosor a cerca de 560 a.C. na forma de um zigurate de oito níveis é vista pelos historiadores
como tendo cerca de 2089 metros de altura e 100 de largura.

A Torre de Babel Bíblica contudo, teria sido construída 2000 anos antes. A narrativa no livro do Génesis não menciona a altura da torre, e por isso não tem sido um grande tema de debate
entre fundamentalistas Cristãos. Há, porém, pelo menos duas fontes extra-canônicas que mencionam a altura da torre.

O Livro dos Jubileus menciona a altura da torre como sendo de 5433 cúbitos e 2 palmos (2484 metros de altura). Isto seria aproximadamente quatro vezes mais alto do que asestruturas mais
altas do mundo de hoje e em toda a história humana. Tal afirmação seria considerada mítica para a maioria dos estudiosos, visto que construtores em tais tempos antigos seriam
considerados incapazes de construir uma estrutura de quase 2,5 quilómetros de altura.

A outra fonte extra-canônica é encontrada no Terceiro Apocalipse de Baruch; menciona que a 'torre da discórdia' alcançava uma altura de 463 cúbitos (212 metros de altura). Isto seria mais
alto do que qualquer outra estrutura construída no mundo antigo, como a Pirâmide de Quéops em Gizé, Egito e mais alta do que qualquer estrutura construída na história humana até à
construção da Torre Eiffel em 1889. Uma torre de tal altura no mundo antigo teria sido tão incrível ao ponto de merecer a sua reputação e menção na Bíblia e outros textos históricos.

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A Torre de Babel segundo a Bíblia

  • 1. A Torre de Babel, segundo a narrativa bíblica no Gênesis, foi uma torre construída por um povo com o objetivo que o cume chegasse ao céu, para tornarem o nome do homem célebre. Os versos de 1 a 9 do capítulo 11 do livro contam da história de um grupo de pessoas, que antes do surgimentos das diversas línguas, foram morar no oriente, na planície de Sinear, uma terminologia usada na Bíblia Hebraica para se referir provavalmente à região da mesopotânia. A passagem explica o método construtivo dos babilônicos, com tijolos e betume, ao invés da técnica palestina de construir com pedra e cal.[1][2] A estrutura é normalmente associada a um zigurate, antigos templos babilônicos, muito embora o texto não faça qualquer associação religiosa à torre.[1] Iavé, o deus hebraico, então, desce "para ver a cidade e a torre, que os filhos dos homens edificavam" e vendo o que faziam, decidiu confundir-lhes as línguas para impedir que prossigam com sua empreitada, dizendo "Vinde, desçamos e confundamos ali a sua linguagem, para que não entendam a linguagem um do outro." Nesta passagem, a descrição antropomórfica de Iavé fica evidente quando ele "desce" e "vê" e mostra-se temeroso com o desenvolvimento do povo.[1] O texto também apresenta alguns jogos de palavras "Babel", que significa confusão em hebraico e também com o uso de uma palavra que significa "lugar" e "nome" ao mesmo tempo no verso "façamo-nos um nome".[1] As formas plurais empregadas por Iavé "Vinde, desçamos e confundamos ali a sua linguagem, para que não entendam a linguagem um do outro." mais aparecem no relato javista. [1][3] Apesar do contexto babilônico da história, não se conhecem relatos paralelos na mitologia babilônica. [1] Há, no entanto, uma história parecida à da Torre de Babel na Mitologia suméria chamada Enmerkar e o Senhor de Aratta, na qual Enmerkar de Uruk constrói um massivo zigurate em Eridu e os dois deuses rivais, Enki e Enlil acabam por confundir as línguas de toda a humanidade como efeito colateral da sua discussão.[4] Altura e largura A altura da torre é matéria de especulação, mas visto que a torre pode ser simbolicamente considerada uma precursora do desejo do homem de construir edifícios altos pela História, a sua altura é um aspecto significativo do seu mythos. A Torre histórica encomendada por Nabucodonosor a cerca de 560 a.C. na forma de um zigurate de oito níveis é vista pelos historiadores como tendo cerca de 2089 metros de altura e 100 de largura. A Torre de Babel Bíblica contudo, teria sido construída 2000 anos antes. A narrativa no livro do Génesis não menciona a altura da torre, e por isso não tem sido um grande tema de debate entre fundamentalistas Cristãos. Há, porém, pelo menos duas fontes extra-canônicas que mencionam a altura da torre. O Livro dos Jubileus menciona a altura da torre como sendo de 5433 cúbitos e 2 palmos (2484 metros de altura). Isto seria aproximadamente quatro vezes mais alto do que asestruturas mais altas do mundo de hoje e em toda a história humana. Tal afirmação seria considerada mítica para a maioria dos estudiosos, visto que construtores em tais tempos antigos seriam considerados incapazes de construir uma estrutura de quase 2,5 quilómetros de altura. A outra fonte extra-canônica é encontrada no Terceiro Apocalipse de Baruch; menciona que a 'torre da discórdia' alcançava uma altura de 463 cúbitos (212 metros de altura). Isto seria mais alto do que qualquer outra estrutura construída no mundo antigo, como a Pirâmide de Quéops em Gizé, Egito e mais alta do que qualquer estrutura construída na história humana até à construção da Torre Eiffel em 1889. Uma torre de tal altura no mundo antigo teria sido tão incrível ao ponto de merecer a sua reputação e menção na Bíblia e outros textos históricos.