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OCORREDA
MULHERBRASILEIRA
//AGENDA
Bem-vindas ao Universo M
De onde partimos?
Como vivem as mulheres do Brasil?
E quem são as mulheres Marisa?
Mulheres de atitude, marcas de mudança
3
8
11
50
75
AO
BEM
VINDAS
"De mulher para mulher".
Nunca nosso slogan fez tanto sentido.
São mais de 70 anos em contato com mulheres
de cantos tão diferentes do país. Quantas coisas,
momentos e experiências já passamos até aqui. Nossas
lojas estão presentes em todos os estados brasileiros;
e, hoje, nós da Marisa cruzamos gerações e, mais uma vez,
sentimos que chega o momento de dar um novo passo
na relação com essa atmosfera feminina que nos cerca.
Queremos nos aproximar ainda mais do cotidiano das
mulheres brasileiras, inspirar e evidenciar a potência que
pulsa em cada uma delas.
4
Nasce, do aprendizado de tantos anos e desse encontro de um olhar para o feminino, a nossa nova plataforma
de conteúdo, para trazer informações, desenvolver diálogos e fortalecer o universo construído por e para
cada uma das mulheres que já cruzaram suas histórias com a nossa. Nasce o Universo M: a plataforma de
conteúdo que vai nos ajudar a manter em constante atualização o "de mulher pra mulher, Marisa".
Antes de iniciar o diálogo a partir do Universo M, entendemos que precisamos exercitar a escuta. O momento,
que já era de profundas transformações sociais, econômicas e culturais, soma ainda os impactos da pandemia
de COVID-19, que ameaça os empregos e sobrecarrega as mulheres de forma ainda mais intensa. Dos postos
de trabalho perdidos em 2020, 81% eram ocupados por mulheres, segundo o Cadastro Geral de Empregados
e Desempregados (Caged); no saldo geral do ano, houve 111 mil vagas a menos ocupadas por mulheres e 199
mil vagas a mais ocupadas por homens. Tudo isso dedicando uma média de 10,4 horas a mais do que os
homens às tarefas domésticas, segundo a PNAD Contínua.
5
Por isso, com o desejo de entender um pouco mais como
estão as Mulheres Marisa do nosso Brasil, para assim
iniciar a construção de um editorial que dialogue com
essas distintas vivências, desenvolvemos este estudo
que busca olhar para as realidades nas quais essas
mulheres estão inseridas, levando em consideração
suas diferenças e o que é comum a elas, compreendendo
suas multiplicidades de vivências e visões de mundo.
Falamos no plural pois acreditamos na força que surge
dessa diversidade que converge em conexões únicas,
fortalecendo o poder da escuta e empatia que o ser
mulher possui para assim falarmos mais sobre vocês,
e menos sobre nós. Esse mergulho era essencial para
que o Universo M trouxesse algo que fizesse sentido,
que fizesse sentir.
Esta plataforma precisa ser, antes de qualquer coisa,
o espaço de vocês, mulheres Marisa.
Deste modo, olhamos para como as mulheres estão
vivendo e expressando o ser mulher: quais são suas
faltas, desabafos, vitórias, como estão olhando para
a vida nesse momento, do que sentem falta e para
onde o olhar está expandindo. Nessa jornada,
entendemos que existe um mood, um tom, ou seja,
um atitudinal sobre as nossas mulheres, que seguem
premissas reconhecíveis ao nosso mercado.
Considerando seus comportamentos e motivações,
a fim de que possamos construir nessa trajetória uma
relação verdadeira com essas que são o motivo pela
qual a Marisa segue existindo.
6
O Estudo O Corre da Mulher Brasileira é um apanhado dessas expressões, reúne diferentes fontes de
informação e conta com parceiras e colaboradoras que ajudaram a gente a entender e traçar este início
de caminho. Não é sobre onde iremos chegar, mas sobre como a escuta aberta nos ajudará a seguir nessa
construção com e para as mulheres brasileiras.
O Corre da Mulher Brasileira é feito a partir da collab entre a marca Marisa, sob coordenação da Lemme,
hub de inovação e cultura criativa, junto à agência Quintal e à TATO, braço de pesquisa de tendências
e oportunidades da Mutato. Participam ainda dessas linhas como colaboradoras as novas embaixadoras
da marca: Gabi Oliveira, Josy Ramos, Lia Camargo, Marina Santa Helena e Sarah Fonseca; e, somando aos
insights, estudos e revisão, a consultoria de raça e gênero Alfazema.
7
PARTIMOS
DE
?
Na elaboração deste estudo, combinamos metodologias
variadas com o objetivo de entender o contexto em que
se encontram essas mulheres com as quais queremos
dialogar na plataforma Universo M.
Para isso, coletamos dados relativos aos seus consumos
e atitudes do painel Target Group Index Snapshot de
2021 da Kantar, com uma amostra que conta com mais
de 3.500 respondentes do gênero feminino, com idade
de 25 anos ou mais, pertencentes à classe C. Esses
achados foram combinados com outras 25 fontes
públicas de dados secundários, coletados e analisados
por centros de pesquisa renomados, como Google,
Gênero&Número, TIC Domicílios e IBGE.
9
Também foram combinados a um termômetro das redes (social listening) sobre os temas mais
aquecidos para estas mulheres, em que analisamos menções do último ano em plataformas sociais
como Facebook, Instagram, Twitter, comunidades e fóruns.
Refinamos estas informações para trazer maior abrangência e profundidade à nossa amostra,
considerando a pluralidade da população feminina em âmbito nacional. Assim, trazemos aqui
recortes sociodemográficos e comportamentais que buscam entender quais os pontos de contato
e de distanciamento que perpassam a vida destas mulheres.
10
AS
COMO
BRASIL?
VIVEM
MULHERESDO
12
Em um país de dimensões continentais e com tanta
diversidade de origens, culturas e vivências como
o nosso, conhecer as mulheres do Brasil é um desafio
e tanto, e no entanto, fundamental para que não
caiamos em abstrações que não condizem com as suas
realidades. Assim, lançamos um olhar macro para
a nossa sociedade para entender o modo como essas
mulheres se integram a ela enquanto reafirmamos
a pluralidade do ser mulher.
Ao ouvir e olhar para essas mulheres, buscamos não classificá-las, mas entender a singularidade das vivências
através dos seus pontos de encontro. Somos muito diversas, mas a atmosfera feminina, o fato de ser mulher -
sentir-se e identificar-se como - traz também, naturalmente, muitos pontos em comum. E é nesse ponto do
encontro, e não das polaridades, que percebemos o que nos une, independentemente de diferenças
demográficas, cortes sociais ou comportamentais.
Ser uma mulher nortista ou sulista implica referências culturais e históricas diferentes, porém similares nas
responsabilidades de cuidado, por exemplo. Temos um "como" diferente, mas um "o quê" em comum. O Corre
da Mulher Brasileira reivindica, então, este olhar plural (porém uníssono) das vivências femininas brasileiras,
trazendo assim a conjuntura sob a qual se encontram suas vidas.
13
Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, 2019
Norte
8,47%
Centro
Oeste
7,65%
Sudeste
42,49%
Nordeste
27,24%
Sul
14,14%
População
feminina total
51,8%
POPULAÇÃO FEMININA
DISTRIBUÍDA POR REGIÃO
//POPULAÇÃO
14
Não importa onde as mulheres estejam: seja nas grandes
cidades ou no campo, observamos que elas desenvolvem
um protagonismo local, ou seja, atuam no seu entorno
fortalecendo as redes locais. Seja capitaneando negócios
próprios ou liderando empresas nas grandes cidades, elas
são as maiores empreendedoras e intraempreendedoras
do país.
Segundo dados do Sebrae, em 2018 elas já eram 34% dos
empreendedores no país; em 2020, esse percentual saltou
para 46% - e não para de crescer.
//PROTAGONISMOECONÔMICO
PARAALÉMDASCIDADES
15
Canal de vendas
Estratégias de comunicação para divulgar
produtos e serviços
USO DO DIGITAL EM
EMPREENDIMENTOS FEMININOS
57%
Atendimento ao cliente
51%
Comprar/comunicar com fornecedores
23%
73%
Fonte: Rede Mulher Empreendedora,
"Pesquisa Empreendedoras e seus
Negócios 2020
Apesar disso, os negócios chefiados por mulheres foram os mais afetados pelo início da pandemia. Por outro
lado, foram os que melhor se recuperaram. Isso porque as empreendedoras foram as mais preocupadas
em fazer mudanças estratégicas nos seus negócios, com maior investimento em digitalização em todas as
frentes: para vender online, atender online, recrutar e se comunicar.
16
Incentivar o empreendedorismo feminino é
essencial. Além de contribuir para o crescimento
da economia e para a criação de empregos, o
empreendedorismo feminino transforma
também as relações sociais.
6:43 PM Set 6, 2021
17
meu deus eu tô muito feliz c a minha
loja, sei q só falo isso agr mas é mt
gratificante trabalhar com mulheres
e com o que a gente gosta!! sempre
q puder vou incentivar alguém a fazer
o mesmo apoiem demais o
empreendedorismo feminino!!!
7:06 PM Jul 24, 2021
+30%
2017
ESTABELECIMENTO AGRÍCOLA
CHEFIADOS POR MULHERES
Fonte: As Mulheres no Censo Agropecuário 2017
Para saber mais
https://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2021/07/mulheres-atuam-cada-vez-mais-no-campo-mas-so-a-minoria-esta-no-comando/
Outra curiosidade é que, enquanto a maior parte
da população brasileira encontra-se em áreas
urbanas (76%), não podemos ignorar a retomada
das mulheres no campo e nos estabelecimentos
agrícolas do país. As mulheres das áreas rurais,
mesmo sendo uma minoria, lideram cada vez mais
os estabelecimentos agrícolas. Apesar disso,
encontram também mais dificuldades no acesso
a financiamentos e outras políticas estruturais
de crescimento, como logística e acesso à água,
dependendo da região do país onde produzem.
18
Seja nas cidades ou no campo, as mulheres
são hoje o principal motor da inovação nos
negócios. Na mesma medida em que perdem
espaço no mercado formal de trabalho,
se reinventam e forçam sua inserção na
economia através de negócios próprios,
de novos modelos de trabalho e da melhoria
estrutural de seus projetos empreendedores.
Nesse movimento, elas movem também
a roda da economia, mesmo com menos
incentivo financeiro, estrutural e social
do que os homens.
Fonte: Rede Mulher Empreendedora,
"Pesquisa Empreendedoras e seus Negócios 2020"
INTERESSE POR CONTINUAR EMPREENDENDO
ESTÁ RELACIONADO À IMPORTÂNCIA QUE AS MULHERES
VEEM EM SEUS NEGÓCIOS E À SUA RESILIENCIA
70%
88%
Homens
Mulheres
Diz que tem
mais interesse
em empreender
53%
68%
Homens
Mulheres
Se diz mais
capaz de se
adaptar às
mudanças
54%
65%
Homens
Mulheres
Se diz forte
61%
76%
Homens
Mulheres
Concordam
com a frase:
“meu negócio é
muito importante
para mim, por isso
quero fazer de tudo
para mantê-lo
funcionando”
19
Fonte: https://open.spotify.com/episode/0F1KdEZMhitY1xedRIPC3c?si=g5dBTys1TMa2BYmhxvs7bg&dl_branch=1
20
Flávia Guimarães Leardini
para o podcast Equidade
Precisamos ter mulheres em cargos de liderança para que
nossos direitos sejam reconhecidos e aplicados. Exercer
o mesmo cargo com as mesmas qualificações e as mesmas
oportunidades, não há motivos para diferenciação salarial
entre homens e mulheres.
Ao analisarmos os dados entendemos que é impossível
falar de mulheres sem falar de raça, não somente porque
as mulheres negras representam 28% da população
brasileira, compondo o maior grupo étnico e também
a maior força de trabalho do país, mas porque sua presença
na sociedade ainda é marcada por dados que refletem
desafios estruturais. Regionalmente essas mulheres
possuem referências históricas e construções culturais
singulares, mas estruturalmente o marcador racial provoca
vivências de exclusão estrutural em comum.
//OCORREDASMULHERESNEGRAS
21
A diferença de representatividade
de homens brancos e negros com
mais de 60 anos aumentou de 1,7
para 3,1 pontos entre 1993 e 2007.
A diferença entre as mulheres
brancas e negras passou de 2,1
para 3,7 pontos no mesmo período.
DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO FEMININA POR FAIXA ETÁRIA,
SEGUNDO A RAÇA/COR - BRASIL (2009)
Fonte: Ipea et al. (2011)
14,2% 10,3%
18,1% 15,9%
22,3% 22,4%
8,3% 8,8%
11,3% 12,1%
4,7% 5,7%
11,8% 15,1%
9,3% 9,7%
0% 10% 20% 30%
10%
20%
30%
Branca Negra
60 anos ou mais
45 a 59 anos
30 a 44 anos
25 a 29 anos
18 a 24 anos
15 a 17 anos
7 a 14 anos
Até 6 anos
22
Há um abismo silencioso, porém de grande impacto
cotidiano: a remuneração de duas mulheres negras
juntas, correspondem ao valor médio de uma mulher
não negra. Se não bastasse essa diferença, suas
atuações são quase exclusivas em papéis na base
das empresas. Desta forma, muitas dessas mulheres
acabam por atuar de modo autônomo, frequentemente
sem o mesmo reconhecimento e incentivo de
empreendedorismo que seus pares não negros - apesar
de a população negra movimentar R$ 1,3 trilhões por
ano. As maiores queixas das empreendedoras negras
são a falta de acesso às instituições bancárias e o viés
excludente nas mesas de investidores, mesmo estas
representando 49% das micro e pequenas
empreendedoras do país (fonte: Sebrae, 2019).
R$ 2.379
R$ 3.138
Mulher branca
Homem branco
DIFERENÇAS SALARIAIS
R$ 1.394
R$ 1.762
Mulher negra
Homem negro
Apenas 8%de mulheres negras
24%
ocupam cargos de chefia e/ou liderança.
das empresas no Brasil
sequer possuem tal
grupo étnico em seus
quadros de funcionários.
Fonte: Potência (in)visíveis: a realidade da
mulher negra no mercado de trabalho,
Box 1824 e Indique uma Preta (2020)
Fonte: Triwi (2020)
Fonte: IBGE
23
De acordo com a pesquisa Potências (in)visíveis: a realidade da mulher negra no mercado de trabalho (2020),
realizado pela Box1824 e Indique Uma Preta, é urgente uma atuação ativa para enxergarmos as mulheres
negras para além da condição de vulnerabilidade, mas sim de potencialidade.
Segundo a pesquisa, a cultura negra é o maior centro de influência da atualidade, e emerge dessa influência
o que temos visto de mais inovador em todos os segmentos: da moda à tecnologia, do entretenimento
ao esporte. Mulheres negras transformam a ancestralidade em inovação. "É fundamental dar lugar
às potencialidades da mulher negra no mercado de trabalho, esse é o olhar do futuro que precisamos trilhar".
24
Para saber mais
https://readymag.com/u1818798514/2293759
https://g1.globo.com/economia/concursos-e-emprego/noticia/2020/10/28/24percent-das-empresas-nao-tem-funcionarias-negras-diz-pesquisa-
1-em-4-nao-tem-mulheres-em-cargos-de-chefia.ghtml
6 em cada 10 empreendedores negros são mulheres cis
AS 10 PRINCIPAIS INDÚSTRIAS
DO AFROEMPREENDEDORISMO
Saúde e estética
14,3%
Ecommerce
10,4%
Varejo
10,4%
Agência de
marketing/publicidade
8,4%
Consultorias e treinamentos
8,3%
Educação e ensino
7,3%
Alimentação
7%
Mídia e comunicação
6,7%
Financeiro, jurídico
e serviços relacionados
5,6%
Eventos
5,4%
Fonte: pesquisa Black Money + RD Station, Afroempreendedorismo Brasil:
https://1h4hfe10xz8m3g3xkh2wb9lc-wpengine.netdna-ssl.com/blog/files/2021/06/Pesquisa-Afroempreendedorismo-Brasil.pdf
25
Angela Davis
Filósofa, escritora, professora e ativista estadunidense
Fonte: “Angela Davis "Inequality and the role of resistance”, discurso sobre direitos humanos
na Universidade Estadual San José, em 2015. https://www.youtube.com/watch?v=BzYdF-28Gck 26
Se todas as vidas importassem, nós não precisaríamos proclamar
enfaticamente que a vida dos negros importa.
Todos nós temos que participar para garantir que algo seja feito
para frear os danos racistas que estão acontecendo com nossas
comunidades em todo país. Este é um momento histórico.
Estamos vivendo um contexto de maior escolarização das mulheres
em nosso país, sendo que desde os anos 1990 elas têm melhores
indicadores de conclusão escolar. São elas que compõem a maioria
entre os que completaram o ensino médio e o ensino superior.
A proporção de pessoas de 25 anos ou mais com ensino médio
completo cresceu no país como um todo. Entre os 51,2% dos adultos
que não concluíram essa etapa, os motivos mais citados foram
a necessidade de trabalhar (39,1%) e a falta de interesse (29,2%).
Contudo, entre as mulheres, destacam-se ainda a gravidez (23,8%)
e os afazeres domésticos (11,5%), razões que destacam os efeitos que
o recorte de gênero tem sobre a educação - principalmente porque
ainda delimita a economia do cuidado como responsabilidade feminina.
Fonte: Coordenação de População
e Indicadores Sociais, IBGE (2016)
23,5%
20,7%
Mulheres
Homens
POPULAÇÃO DE 25 ANOS
OU MAIS DE IDADE COM
ENSINO SUPERIOR COMPLETO
(2016)
Branca
10,4%
7%
Mulheres
Homens
Preta
ou parda
//EDUCAÇÃO
27
Apesar das dificuldades, as mulheres autodeclaradas pretas
ou pardas ingressam três vezes mais no nível superior do que as
demais, sendo o maior grupo nas universidades. Mesmo assim,
o grupo tem um índice menor de conclusão. As razões são variadas
e muitas vezes têm origem nas disparidades econômicas, uma vez
que essas mulheres são a maioria das lideranças dos lares.
Frequentemente elas precisam escolher entre o curso superior
e o trabalho, que representa a sobrevivência de suas famílias. Para
além do componente financeiro, fatores como o ambiente
acadêmico hostil à sua permanência também contribuem para
a evasão das mulheres negras.
Apesar da maior qualificação, homens brancos com ensino superior
têm um salário médio 159% maior do que o das mulheres negras
e 44% maior do que o de mulheres brancas.
Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios Contínua, IBGE (2019)
51%
46,3%
Mulheres
Homens
POPULAÇÃO COM
ENSINO SUPERIOR COMPLETO
41,8%
57%
Pretas ou pardas
Brancas
28
Mulheres brancas
Mulheres negras
ESTUDANTES DAS INSTITUIÇÕES
PÚBLICAS DE ENSINO SUPERIOR
25%
Homens brancos
25%
Homens negros
23%
27%
Fonte: Pnad e Pnad Contínua Anual, dados tabulados
por Ana Luiza Matos de Oliveira e Arthur Welle.
Apenas 10,4%
das mulheres negras
concluem o ensino superior.
Enquanto 23,5%
das mulheres brancas
o concluem.
Para saber mais
https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/28285-pnad-educacao-2019-mais-da-metade-das-pessoas-de-25-anos-ou-mais-
nao-completaram-o-ensino-medio
https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2021/08/mulheres-negras-sao-hoje-maior-grupo-nas-universidades-publicas-do-pais.shtml
https://g1.globo.com/economia/concursos-e-emprego/noticia/2020/09/15/na-mesma-profissao-homem-branco-chega-a-ganhar-mais-que-o-dobro-da-mulher-negra-diz-estudo.ghtml
29
Nossa educação hoje é castradora e elimina líderes.
A única possibilidade que temos para a educação é pensar no aluno
pesquisador, capaz de desenvolver soluções para este mundo que
desaba, que está em crise. O desafio da escola é ser um a um.
O futuro da educação é um a um, é a escola respeitar um a um.
Viviane Mosé
Poetisa, filósofa, psicóloga, psicanalista e especialista em elaboração
e implementação de políticas públicas
Fonte: https://oglobo.globo.com/brasil/educacao/nossa-educacao-hoje-castradora-elimina-lideres-diz-
filosofa-9878735#ixzz2ezAe3PCi%20 30
Vistas pela sociedade (e muitas vezes por si mesmas) como
cuidadoras natas, as mulheres ainda assumem, de modo
geral, as tarefas de cuidado da casa e das pessoas. São horas
de trabalho dedicadas a limpar a casa e as roupas, comprar
e fazer a comida, dar banho, prevenir doenças com boa
alimentação e higiene, remediar quando alguém adoece,
educar as crianças e muitas outras atividades mais. São elas
as responsáveis pelo cuidado de sua rede familiar
e comunitária, desde o nascimento do bebê e o crescimento
e desenvolvimento das crianças ao amparo aos idosos
e pessoas dependentes.
Mulheres que trabalham fora
dedicam 73% mais horas a
cuidados / afazeres domésticos
do que homens que trabalham fora.
Fonte: Estatísticas de gênero: Indicadores
Sociais das Mulheres no Brasil, IBGE (2018)
//ECONOMIADOCUIDADO
31
Esta situação não se resume às mulheres que trabalham
exclusivamente nas tarefas do cuidado. Ao contrário,
se estende às mulheres que têm outras ocupações
remuneradas, seja no mercado formal, informal ou
mesmo entre as empreendedoras.
Muitas vezes exercendo esse cuidado em uma jornada dupla
de trabalho, mulheres gastam em média mais de 61 horas
por semana em atividades de cuidado não remuneradas,
o que implica em menos tempo disponível para dedicarem
ao seu desenvolvimento pessoal ou participarem
de questões públicas.
Fonte: Rede Mulher Empreendedora,
"Pesquisa Empreendedoras e seus Negócios 2020"
11%
20%
Homens
Mulheres
Afirmaram ter
aumentado a
dificuldade em
organizar o tempo
e realizar todas
as tarefas
8%
17%
Homens
Mulheres
Afirmaram ter
aumentado a
dificuldade em
conciliar trabalho
e família
32
Das 6,2 milhões
de pessoas que têm
como ocupação o serviço
doméstico remunerado,
5,7 milhões
delas eram mulheres,
das quais 3,9 milhões
eram negras.
Para saber mais
https://lab.thinkolga.com/economia-do-cuidado
https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2019-12/ipea-trabalho-domestico-e-exercido-por-mulheres-mais-velhas
Para além do recorte de gênero,
há também um forte recorte racial quando
consideramos quem exerce o cuidado
em nossa sociedade. A mulher negra,
que historicamente foi escravizada para
ser responsável pela plantação, pelos
trabalhos domésticos, pelos cuidados com
as crianças e pelos trabalhos de cuidados
de saúde em nosso passado colonial,
carrega até hoje parte considerável dessa
economia em suas costas.
33
Antes de ser mãe achava lindo chamar as
mamães de guerreiras, mulher maravilha etc...
Hoje como mãe, ODEIO estes termos. Não sou
guerreira, sou mãe cansada, sobrecarregada,
que ao invés de querer sua opinião que não
pedi, aceito ajuda com faxina da casa ou um PIX
Segundou!
11:56 AM Set 20, 2021
11
34
Djamila Ribeiro
Filósofa, feminista negra, escritora e acadêmica brasileira
Fonte: https://revistatrip.uol.com.br/tpm/a-filosofa-djamila-ribeiro-conta-quem-e-a-mulher-alem-da-ativista
35
O autocuidado é fundamental para a sanidade e efetividade da luta
política. Não se trata de mera banalidade, como muitos afirmam,
no alto da arrogância do militante ISO 9001. Devemos praticar
mais, não sentir culpa por se cuidar, se curtir, se namorar. Estar
bem consigo mesma é a etapa necessária para buscar a liberdade
da outra, para que esta se curta também. E assim vamos, em busca
da liberdade de sermos nós mesmas.
Vemos, contudo, grandes mudanças na sociedade brasileira
no que diz respeito ao modo como se constituem as famílias
e em como a maternidade se dá nestas configurações.
Segundo dados do Censo de 2015 feito pelo IBGE, 42,9% dos
arranjos familiares brasileiros são representados por mãe, pai
e filhos e 16,4% são famílias reconstituídas, ou seja, filhos que
vivem com seu pai ou mãe e madrasta ou padrasto. O segundo
tipo de arranjo mais numeroso em nosso país (19,9% das
famílias) é formado por casais sem filhos por opção. Em 10 anos,
a taxa de fecundidade no Brasil recuou 18,6%, chegando
a 1,74 filhos por mulher em 2014, sendo que 47,6% das mulheres
entre 15 e 44 anos nunca tiveram filhos, e 37% das mulheres
adultas não desejam exercer a maternidade.
37%
das brasileiras
não querem ter filhos.
Fonte: Google Internal Data
//OCORREFAMILIAREAMATERNIDADE
36
Os dados relativos a famílias homoafetivas apresentam uma
subnotificação devido ao preconceito existente em nossa
sociedade. Mas, mesmo considerando somente aquelas
declaradas, já configuram cerca de 58 mil casais, sendo 52 mil
destes na região sudeste.
Pessoas que moram sozinhas representam 14% dos arranjos
familiares, sendo que dentre estes 63% são idosos e 14% são
mulheres. Enquanto pais que vivem com seus filhos sem
companheiras são apenas 3% das famílias, as mulheres aparecem
constituindo uma expressiva porcentagem de famílias formadas
pela figura da mãe solo, representando 26% das configurações
familiares brasileiras. Paralelamente a essa condição, vemos um
número cada vez maior de mulheres assumindo o papel de chefia
da família.
De 2012 à 2019, 9 milhões de mulheres
passaram a exercer a função de chefe de família,
representando
cerca de
45% dos
domicílios
do país.
Em apenas
34%
dessas famílias
há a presença
do cônjuge.
Fonte: PNAD Contínua, IBGE (2019)
37
Uma pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) identificou que metade das mães brasileiras foram
demitidas até dois anos após a licença-maternidade, o que evidencia os desafios que se impõem à vida pessoal
e profissional da mulher para conciliar as duas responsabilidades (profissional e familiar), bem como a falta de apoio
e investimento das empresas nessa atividade não-remunerada que é a criação e cuidado das crianças - e da qual
todos se beneficiarão um dia. Um levantamento realizado pela Catho escancarou ainda mais o problema, ao descobrir
que 28% das mulheres deixaram o emprego após a chegada dos filhos, enquanto o mesmo se dá apenas com 5% dos
homens. Afalta de creches e de uma educação infantil de qualidade são fatores determinantes para esses índices.
Grande parte destas famílias chefiadas por mulheres encontram-se em situações de vulnerabilidade. Ao que se pese
também as desigualdades salariais entre os gêneros, grande parte encontra-se concentrada nas faixas de renda per
capita mais baixas: 53,4% vivem com até 1 salário mínimo por mês, quando entre os homens o percentual é de
46,46%. Quando consideramos ainda o recorte racial, vemos ainda que 63% das casas chefiadas por mulheres negras
estão abaixo da linha da pobreza.
Para saber mais
http://www.pelasfamilias.com.br
http://maesreais.meiacincodez.com.br
38
Não há mãe ‘desnaturada’, posto que o amor materno nada tem de
natural; (…) Não há nisso nenhum ‘instinto materno’ inato e misterioso.
A menina constata que o cuidado das crianças cabe à mãe, é o que lhe
ensinam; relatos ouvidos, livros lidos, toda a sua pequena experiência
o confirma; encorajam-na a encantar-se com essas riquezas futuras,
dão-lhe bonecas para que tais riquezas assumam desde logo um
aspecto tangível. Sua ‘vocação’ é imperiosamente ditada a ela.
Simone de Beauvoir
Escritora, intelectual, filósofa existencialista, ativista política,
feminista e teórica social francesa
Fonte: http://maesreais.meiacincodez.com.br/depois/ 39
De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), em 2025, o Brasil será
o sexto país com o maior número de pessoas na terceira idade, mas políticas
públicas não acompanham o envelhecimento da população. Neste contexto,
a discriminação por idade se torna um desafio global, enquanto narrativas
sociais trazem com frequência o sinônimo de obsolescência para as mulheres.
Por anos, a criatividade, a inovação e a disposição estiveram ligadas ao conceito
de juventude física, pesando muito mais sobre mulheres do que homens.
Felizmente, essa concepção vem cada vez mais sendo associada a um estado
de espírito, uma vez que a expectativa de vida beira os 75 anos. Cada vez mais
comum, o entendimento de que a idade é apenas um número dá às mulheres
a possibilidade de escreverem suas histórias de acordo com suas verdades,
tornando o processo de envelhecimento mais consciente e natural.
//JUVENTUDECOMOESTADODEESPÍRITO
40
Tudo isso está mudando radicalmente a forma como as mulheres vivem e expressam a feminilidade nesta fase
da vida. Esqueça o estereótipo da senhora que vê a vida pela janela na cadeira de balanço: as mulheres
maduras estão hiper-ativas, produzindo, empreendendo e marcando novas posições nos cenários econômico,
social e estético. Do aumento de buscas por assumir os cabelos grisalhos, até a nova onda de influenciadoras
digitais 60+, a indústria vem percebendo que não é inteligente (nem rentável) ignorar essa expressão
feminina, que hoje exige ser vista e considerada. Afinal, estas mulheres não estão em busca de emular uma
juventude idealizada: elas buscam serem percebidas como são e ter reconhecida a beleza própria deste
momento tanto novo, quanto potente.
41
Olhando para a construção de identidade de gênero
e a forma de se relacionar, também percebemos um
atravessador muito relevante no perfil das mulheres do
Brasil, haja vista que estamos falando sobre o modo como
estas se colocam no mundo, encontram afeto e barreiras
quanto a sua aceitação na sociedade. Os dados a respeito
da população LGBTQIA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans,
Queer, Intersexuais, Assexuais e outros) sofrem de uma
séria subnotificação: estima-se que apenas 52% destas
pessoas assumam publicamente a orientação sexual ou
identidade de gênero, enquanto parte muito grande desta
permanece invisibilizada e no chamado "armário" por conta
da intolerância que permeia a sociedade brasileira.
//IDENTIDADEEAFETOLGBTQIA+
42
Ademais, nenhuma pesquisa oficial, como
o Censo do IBGE, pergunta sobre estas
questões para os entrevistados. A estimativa
é de haja 18 milhões de brasileiros LGBT –
sem considerar assexuais e interssexuais -,
segundo a Associação Brasileira de Gays,
Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais
(ABGLT). Entre esta população, aquelas que
declaram possuírem identidades femininas
(mulheres cisgênero, mulheres trans
e travestis) são menos da metade da
população; entre elas, a maior parte declara
ter uma orientação bissexual e, em seguida,
homossexual, ou seja, lésbica.
QUAL SUA IDENTIDADE DE GÊNERO?
Homem Cis
Mulher Cis
Pessoa não binária
Não sei
Homem trans
Mulher trans
Travesti
Outra
44,32%
43,73%
6,02%
2,28%
2,15%
1,16%
0,22%
0,12%
Fonte: Associação Nacional de Travestis
e Transexuais (ANTRA, 2020)
35 anos
EXPECTATIVA DA POPULAÇÃO
TRANS NO BRASIL
43
EM RELAÇÃO À SUA ORIENTAÇÃO SEXUAL,
VOCÊ SE CONSIDERA:
Homossexual
Bissexual
Pansexual
Assexual
Heterossexual
Outras
65,47%
26,75%
4,38%
1,84%
1,08%
0,49%
Homossexual
53,86%
39,55%
4,62%
1,98%
34,11%
56,38%
6,75%
2,76%
Bissexual
Id. feminina
Id. masculina
Outras
Id. não binária
Id. feminina
Id. masculina
Outras
Id. não binária
44
Para essa população, os direitos garantidos pela união civil (como definição do regime de bens, direito
à herança, guarda de filhos e plano de assistência médica), são uma conquista recente que não chegou
pela via legislativa. Apenas em 2011, o Supremo Tribunal Federal aprovou o reconhecimento legal da
união estável homoafetiva, garantindo a essa população os mesmos direitos e deveres que a legislação
brasileira já estabelecia para os casais heterossexuais e permitindo a realização do casamento civil entre
eles. Com muitos cartórios do país se recusando, ainda assim, a celebrar o casamento entre duas
pessoas do mesmo gênero, o Conselho Nacional de Justiça em 2013 passou a proibir que autoridades
competentes se recusem a celebrar o casamento civil homoafetivo ou converter a união estável
homoafetiva em casamento.
45
A partir daí, vemos um número cada vez
maior de casais homoafetivos buscando
o reconhecimento oficial da sua união,
tanto para garantia de direitos, como para
trazer visibilidade política da sua existência.
Em 2018, ano em que houve uma guinada
expressiva de uniões civis entre pessoas
do mesmo gênero, o casamento entre
mulheres foi o que mais contribuiu para
este crescimento, com um aumento de
64,2% em comparação aos 58,3% entre
casais compostos por homens.
SÉRIE HISTÓRICA DE CASAMENTOS HOMOAFETIVOS
A partir da resolução 175/2013 do Conselho Nacional de Justiça
2013
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
2014 2015 2016 2017 2018
Homem/homem Mulher/mulher
Fonte: Estatísticas do Registro Civil 2018
Para saber mais
https://www.brasildefatope.com.br/2021/02/24/sem-dados-do-censo-populacao-lgbti-do-brasil-continuara-desconhecida-por-mais-10-an
https://www.todxs.org/biblioteca/?material=pesquisa-nacional-por-amostra-da-populacao-lgbti-identidade-e-perfil-sociodemografico
https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/26192-casamentos-homoafetivos-crescem-61-7-em-
ano-de-queda-no-total-de-unioes
46
A sociedade julga o relacionamento de uma pessoa trans com um homem
cisgênero heterossexual como algo depravado, algo que seja desumano. Não seria
um relacionamento civilizado, aceito pelas instituições da família e religiosa. Não
seria alguém decente para apresentar a família, a amigos. Não seria alguém digna
de aceitabilidade. É considerado por consenso entre grupos feministas e LGBTI
brasileiros, a existência de uma sociedade doentia e intrinsecamente voltada para
a agressão física, moral, e psicológica às mulheres trans. A aculturação do
machismo e do patriarcado que se perpetua durante décadas no Brasil faz
a sociedade não amar as pessoas trans.
Mariana Franco
Discente de Serviço Social na UFSC, pesquisadora de Saúde Pública na
Universidade Nacional de Brasília (UNB), Conselheira Nacional no Ministério
de Direitos Humanos e Colunista do Catarinas
Fonte: http://maesreais.meiacincodez.com.br/depois/ 47
Este glossário traz alguns dos termos mais comuns, para você
começar a entender mais sobre as muitas identidades de gênero.
Mas, como gênero é uma construção social, nenhum glossário
pode dar conta de todas as possibilidades de expressar e sentir.
Para você se aprofundar no tema e conhecer outras identidades,
sugerimos que você acompanhe e consulte as publicações de
coletivos de estudos de gênero, como a biblioteca do Todxs
(https://www.todxs.org/biblioteca) e os estudos da
Gênero&Número (https://www.generonumero.media/).
//GLOSSÁRIO
48
Heterossexual: Pessoa que sente amor, afeto e/ou atração
sexual apenas pelo gênero oposto com que se identifica.
Homossexual: Pessoa que sente amor, afeto e/ou atração
sexual apenas pelo mesmo gênero com que se identifica.
Lésbica: Mulher que sente amor, afeto e/ ou atração sexual
por outras mulheres (cis e trans). Algumas pessoas não
binárias também se entendem como lésbicas por se
identificarem, em algum grau ou parcialmente, com a
identidade “mulher” e se relacionarem com mulheres.
Bissexual: Pessoa que sente amor, afeto e/ ou atração sexual
por pessoas do mesmo gênero ou de gêneros diferentes.
Orientação sexual
Cisgênero (cis): Pessoa que se identifica com o gênero que
lhe foi atribuído no nascimento.
Transgênero (trans): Pessoa que não se identifica com o
gênero que lhe foi atribuído no nascimento.
Mulher trans: Mulher que foi designada como homem
no nascimento. São pessoas que demandam reconhecimento
social e legal para o gênero feminino.
Homem trans: Homem que foi designado como mulher
no nascimento. São pessoas que demandam reconhecimento
social e legal para o gênero masculino.
Travesti: Mulher que foi designada pelo gênero masculino
ao nascer, mas se reconhece numa identidade feminina.
O termo “travesti” foi ressignificado positivamente, passando
a ser visto como uma identidade sociopolítica por ativistas
da América do Sul.
Pessoa não binária: Pessoa que não se define meramente
como homem ou mulher, ou não segue as normas tradicionais
de ser homem ou mulher.
Identidade de gênero
49
E
?
AS MULHERES
QUEMSÃO
Quem nunca foi uma mulher Marisa? Quem nunca passou
pela Marisa nesses últimos 70 anos? Adoraríamos dizer
que as mulheres Marisa poderiam ser todas as mulheres,
todas aquelas que um dia passaram por nós, que possuem
alguma relação, história ou contato com a marca. Ao
mesmo tempo, isso jamais daria conta da complexidade
do "ser mulher Marisa".
Considerando tantas realidades, tantas gerações
e questões que atravessam e configuram cotidianamente
a vida das mulheres brasileiras, o olhar deste estudo
voltou-se para o comportamento, ou seja, como as
próprias mulheres estão colocando no mundo suas
expressões e o modo como conduzem suas vidas.
51
Assim, percebemos linguagens, nuances, culturas e desafios para que seja possível, a partir das
narrativas, collabs e ações que surjam no Universo M, estabelecer um diálogo mais próximo e
direto com as mulheres brasileiras.
Assim, percebemos linguagens, nuances, culturas e desafios para que seja possível, a partir das
narrativas, collabs e ações que surjam no Universo M, estabelecer um diálogo mais próximo e direto com
as mulheres brasileiras.
Entendemos que estamos falando de uma multiplicidade de perfis e comportamentos, que têm tanto
aspectos em comum quanto particularidades. Assim, identificamos duas grandes linhas de pensar, sentir
e agir que saltam ao todo estudado, e que perpassam cada mulher de maneiras diferentes.
Longe de definir e rotular quem são as mulheres Marisa, essas visões de mundo nos mostram 2 polos
entre os quais as muitas mulheres brasileiras transitam. Mais do que extremos, podemos entender estas
visões de mundo como um mood, como formas de pensamento, ou até como um conjunto de crenças
culturais que, no fundo, nos servem como orientação para que possamos entender seus desejos, anseios
e necessidades. Sem olhar para um polo ou outro com algum juízo de valor, o ponto de encontro é o que
fortalece a relação da Marisa com as mulheres.
52
São as mulheres que se sentem, se percebem como esforçadas
e batalhadoras. Abraçam muitas responsabilidades e desempenham
múltiplos papéis, para que a vida siga nos trilhos. Chegam a usar
esses adjetivos na forma como se expressam nas redes sociais, nos
memes que compartilham e nos textos que recomendam. A realidade
desta mulher pode envolver jornadas duplas e triplas que podem
sobrecarregá-la, mas seu comprometimento consigo mesma e com
os seus é o que mais importa para ela. A família e o lar têm muito
valor na vida dessas mulheres, que preservam costumes e tradições
e mantêm tudo sob seu controle. Compreendem o papel que
desempenham na sua comunidade e o fazem com dedicação,
buscando serem aceitas como são.
GUERREIRA,
EU?
53
Eu tenho muito orgulho de quem sou:
sou guerreira, sou forte, sou abençoada.
Sou feliz, sou mulher
10:55 PM Jan 1, 2021
A mulher que é mãe e pai ao mesmo
tempo, que mesmo sozinha não fugiu
da responsabilidade e sempre colocou
a felicidade do seu filho em primeiro
lugar, merece ser exaltada todos os
dias! Essa é a verdadeira mulher
Maravilha meus parabéms pra todas
vocês guerreiras.
1:06 PM Aug 28, 2021
Eu to cansada de lutar tanto pelo que
foi tirado de mim. Eu não sou uma
mulher guerreira, eu to cansada. Mas
se eu desabar, eu puxo outras pessoas
que dependem de mim e não posso
fazer isso. Todos os dias quando pego
o trem eu tenho o mesmo pensamento
E se...
1:06 PM Aug 28, 2021
54
Buscando só melhoria, pra que minha
filha tenha orgulho da mulher que me
tornei por mim e por ela!
11:25 AM Jul 6, 2021
55
Não estamos falando da "Amélia sem a menor
vaidade", esqueça esse conceito. O esforço dessa
mulher não é só pela família ou pelo trabalho:
é por ela mesma também. Não dá pra abrir mão
do autocuidado, da unha bem feita ou do
relaxamento se tem alguma brecha para encaixar
na rotina. Essas mulheres se orgulham da força
que têm e do papel que escolheram representar,
mas isso não significa que elas não questionem
seus universos. Elas são o pilar de sustentação
de muitas frentes e, por isso, têm um padrão
de exigência alto consigo mesmas, sendo
agentes da melhora e evolução do universo de
que fazem parte.
Guerreira, Eu?
Minha casa é meu
porto seguro
Luto pelo
que quero
Autocuidado
é necessário
e importante
Quero ser
aceita
como sou
Minha família
é tudo pra mim
Costumes
devem ser
preservados
Dou conta de
tudo o que
for necessário
Elas se veem como educadas, informadas,
independentes, batalhadoras e empreendedoras.
Essas mulheres não se deixam definir por estereótipos,
questionam o status quo, conquistam novos espaços,
fazem e acontecem construindo seu futuro com as
próprias mãos. Buscam romper com as expectativas
tradicionais e limites que foram impostos a ela, e por
isso estão sempre batendo de frente e sendo
resistência. De caráter inovador, estão a par das
questões contemporâneas que transformam
a sociedade e não abrem mão do que as move adiante.
NÃO SOU
OBRIGADA
56
sou mãe solteira sim, mas sou
trabalhadora, sou empreendedora,
tenho meu carro, conquistei minha
moto, tenho minha casa própria tenho
meu segundo grau, tenho mais sede de
conquista, e todas elas me mostram
que eu sempre posso ter mais, e eu
quero mais!! +1
3:34 PM Jul 4, 2021
Lugar de mulher é onde ela quiser
11:16 AM Nov 8, 2020
Pouco me importa se o mundo inteiro não
acredita no meu sonho. Pouco me importa se
alguém duvida da minha capacidade de
realização. Eu sei o que eu quero. Não sei,
talvez, como conquistar, mas... isso eu
descubro no caminho. E eu, olha, não paro de
caminhar até chegar lá!
11:41 AM Sep 29, 2020
57
58
De um modo geral, a visão de mundo da Não Sou
Obrigada questiona e desafia o status quo. O papel
que a sociedade tradicionalmente lhe atribui não é
necessariamente o que ela quer exercer. Justamente
por isso, ela procura ampliar seu conhecimento e suas
referências com informações de fora da sua bolha,
pois só assim poderá conhecer e escolher a realidade
que lhe parece mais adequada.
Essa mulher valoriza os saberes acadêmicos,
o conhecimento estruturado, a diversidade e a
experimentação. Entende que vale a pena enfrentar
o desconhecido e correr riscos para alcançar algo
maior. Expressa sua visão de mundo através da sua
aparência e de suas relações. Consome conteúdo
de múltiplas fontes e está sempre se perguntando
"o que mais o mundo tem a me oferecer". E não tem
medo de ir buscar, o que quer que seja.
Não Sou
Obrigada
Sou independente
e quero
empreender
Informação
e educação
são a chave
pro futuro
Busco o topo na
minha carreria
Estar bonita é tão
importante quanto
estar saudável
física e mentalmente
Não precisa
de rótulos
Vou lá
e faço
Adoro uma
novidade
Correspondendo ou não a uma adesão às instituições e aos
códigos religiosos tradicionais, a fé e a espiritualidade fazem
parte da visão de mundo das nossas mulheres Marisa.
Enquanto grande parte das Guerreira, Eu? se identificam
como Evangélicas ou Católicas, notamos uma porcentagem
relevante de mulheres que se declaram sem religião entre
o perfil Não Sou Obrigada. Isso tem relação com sua abertura
às perspectivas de mundo menos tradicionais, o que pode fazer
com que se vejam menos representadas nas instituições
religiosas tradicionais. Este fato não representa, no entanto,
uma ausência de credo. Observamos uma relação mais fluida
com a espiritualidade resultando em 52%, quanto no primeiro
grupo esta visão fluida é de 36%.
//FÉ,ESPIRITUALIDADEEAUTOCUIDADO Evangélica
Afro-Brasileira
Católica
Tem fé, mas sem religião
Sem religião
Outras
28%
3%
27%
15%
21%
6%
GUERREIRA, EU?
Evangélica
Afro-Brasileira
Católica
Tem fé, mas sem religião
Sem religião
Outras
15%
3%
23%
22%
30%
7%
NÃO SOU OBRIGADA
59
Fonte: Target Group Index Brasil - Português BR TG 2021 R1 Covid (Ago20-Mar21) v1.0 - Individuos]
A espiritualidade, independente de religião, é algo que acompanha as mulheres há séculos. Saberes
ancestrais, conexão e integração com a natureza, leitura sobre um jeito de viver em que corpo e mente
se conectam são parte da atmosfera feminina.
Olhar para esse dado, mesmo nos dias atuais, é interessante. Essa espiritualidade feminina se expressa
culturalmente ao longo dos séculos na moda, nos símbolos, nos comportamentos, nos rituais (casamentos,
batizados, bodas, velórios...), no jeito de criar, educar, na forma de liderar. Não à toa, termos como
"autocuidado" e "autoconhecimento" crescem entre as buscas no Google nos últimos 5 anos, mostrando
o desejo de manter corpo, mente e espírito em equilíbrio.
60
Eu me considero uma pessoa espiritualista
Quero atingir o topo mais alto em minha carreira
Algum dia, eu gostaria de começar meu próprio negócio
Nos dias de hoje é importante fazer várias tarefas de uma vez
Não abro mão do conforto
É importante seguir aprendendo coisas novas no decorrer da vida
Eu me interesso em conhecer outras culturas
88%
77%
73%
75%
67%
84%
99%
NÃO SOU OBRIGADA
Eu me considero uma pessoa espiritualista
Minha fé é realmente importante para mim
As pessoas devem me aceitar da maneira que sou
Algum dia, eu gostaria de começar meu negócio próprio
Eu só penso em trabalho
É importante respeitar as tradições e costumes
Não abro mão do conforto
70%
93%
92%
72%
24%
87%
81%
GUERREIRA, EU?
Fonte: Target Group Index Brasil - Português BR TG 2021 R1 Covid (Ago20-Mar21) v1.0 - Individuos] 61
Apesar dos padrões de beleza estabelecidos ainda
exercerem uma grande influência entre as mulheres
brasileiras, muitas passaram a buscar um
relacionamento mais feliz e pleno com seus corpos,
cabelos e rostos. Assim como a barriga negativa
cedeu espaço para o body positivity, abrindo mais
espaço para que as mulheres se amem como são,
vemos outros movimentos de reafirmação identitária
em plena ascensão. A busca por transição capilar, por
exemplo, continua em alta constante há quase
10 anos. Cuidar de suas características particulares,
muitas antes vistas como defeitos, passou a ser feito
com menos julgamentos e mais carinho.
//BELEZA,SAÚDEEBEM-ESTAR
PROCURA POR BODY POSITIVITY NA BUSCA E NOS TWEETS
Jan
2013
Jan
2014
Jan
2015
Jan
2016
Jan
2017
Jan
2018
Jan
2019
pesquisas body positivity tweets #bodypositivity
Fonte: Google Internal Data
BUSCAS POR TRANSIÇÃO CAPILAR NOS ÚLTIMOS 5 ANOS
Fonte: Google Internal Data
Ago
2015
Jul
2020
62
Embora não aceitem ser medidas pelo padrão hegemônico de beleza, tanto as Guerreira, Eu? quanto as Não
Sou Obrigada têm seu próprio padrão de exigência para com elas mesmas. Enquanto, em meios mais
privilegiados, predomina uma ideia de beleza muito restrita, associada a um corpo excessivamente magro,
para essas mulheres esse é um ponto de menor relevância. O cuidado com o cabelo e as unhas é algo que
faz a nossa Guerreira, Eu? confortável com sua feminilidade, e ainda representa uma ilha de autocuidado
em suas rotinas intensas. Já para quem está no mood da Não Sou Obrigada, a maquiagem e os cabelos são
formas de marcar sua identidade e sua opinião, atuando como instrumentos de autoafirmação.
63
Receitinhas naturais e caseiras fazem parte dos
produtos que constam em sua prateleira junto
com aqueles outros que ela já conhece e ama.
E como em time que está ganhando não se mexe,
experimentar produtos novos e mais caros só
acontece depois de uma bela avaliação para saber
se vale mesmo a pena. Os cuidados precisam
ser práticos para se encaixarem na sua rotina
super corrida, mas as unhas estão sempre feitas
e o cabelo arrumado, pois sabem da importância
de olharem para si mesmas e não querem causar
preocupações em suas famílias.
Guerreira, Eu?
Eu amo o fato de não precisar gastar dinheiro
pra me arrumar porque eu mesma faço meu
cabelo, eu mesma faço unha, eu mesma faço
minha maquiagem e sei limpar minha
sobrancelha kkkkkk
1:43 PM Set 29, 2021
A gente tem menos dinheiro sim, mas isso
não significa que não gostamos de nos cuidar.
Nós merecemos nos amar.
6:27 PM Jul 4, 2021
//BELEZA,SAÚDEEBEM-ESTAR
64
Roupas, maquiagens e corte de cabelo são
posicionamentos a respeito da sua identidade.
Adoram uma novidade, e adoram experimentar
e investir em novos produtos para incluir em sua
rotina - que não pode deixar de fora exercícios
e autocuidado. A beleza também tem um forte
gatilho emocional, sendo que a saúde mental
é um assunto de muito importância para elas.
Afinal, saúde e beleza andam juntas.
Não Sou Obrigada
Todo mundo falando que tô mais bonita nesse
ano do que jamais fui. Eu não mudei de
aparência. Oq mudou foi minha felicidade,
saúde mental e aceitação do meu corpo. Com
certeza sou mais bonita do que jamais fui e
muito mais feliz também
6:27 PM Jul 4, 2021
//BELEZA,SAÚDEEBEM-ESTAR
65
Como no movimento nacional de maior escolarização das mulheres,
os desafios que a pandemia de COVID-19 impôs impulsionaram
as mulheres a procurar cada vez mais por autodesenvolvimento
e mentoria. Elas comprovam nos dados o quanto são ávidas por
crescimento: são a maior parte do público de sites e aplicativos
de cursos livres, sabem que conhecimento é poder e o desejo por
aprimoramento impulsiona estas mulheres. Mas, seja em formações
tradicionais ou não, entendem que as experiências e referências que
as cercam as fazem especialistas da sua própria realidade. Seja
a Guerreira, Eu?, que busca desempenhar seu papel da melhor forma
possível, ou a Não Sou Obrigada, que busca quebrar com o status quo,
elas possuem o desejo comum de performar muito bem nos espaços
que escolhem como seus.
//INFORMAÇÃOECONHECIMENTO
66
Sempre frefiro empresas que se comprometem a combater
desigualdades sociais, que apoiam projetos sociais e culturais
As empresas deveriam ajudar os consumidores a ser
responsáveis com o meio ambiente
Eu aceito as pessoas como elas são, não importa sua orientação sexual
Me sinto animada para realizar novos projetos de vida
Mais importante que o diploma é a qualidade do que se aprende
Procuro estar sempre atualizada profissionalmente
83%
78%
92%
93%
81%
90%
NÃO SOU OBRIGADA
Eu me preocupo muito com o problema da violência e criminalidade
Os homens e as mulheres deveriam compartilhar igualmente
das responsabilidades da casa
Deve-se permitir que as crianças se expressem de uma maneira livre
Eu me preocupo com a poluição e congestionamento
causados pelos automóveis
Mais importante que o diploma é a qualidade do que se aprende
Reciclar é um dever de todos
93%
95%
79%
80%
90%
94%
GUERREIRA, EU?
Fonte: Target Group Index Brasil - Português BR TG 2021 R1 Covid (Ago20-Mar21) v1.0 - Individuos]
67
Orientada pelo local, muito do conhecimento
que adquire é compartilhado pela sua rede
de apoio comunitária e familiar, carregando
saberes tradicionais e tecnologias humanas
passadas de geração em geração, que estão
fortemente integrados a sua vivência cotidiana.
Livros de autoajuda, palestras e tutoriais
no youtube são seus parceiros nesse processo
contínuo de aprendizagem.
Guerreira, Eu?
Hoje eu consertei uma parada aqui em casa e
percebi que aprendi com minha mãe a cuidar
da minha casa nos mínimos detalhes. E quero
aprender tudo....
3:56 PM Jun 3, 2021
//INFORMAÇÃOECONHECIMENTO
68
De perfil mais cosmopolita, busca saberes para
além da sua bolha e vislumbra outras realidades
a partir de uma perspectiva global. Busca
a informação onde ela está, mesmo que para isso
tenha que acessar outras redes, canais, lugares
e pessoas. Formações acadêmicas são grandes
conquistas as quais ela almeja dar continuidade,
e se dedica à alcançar novas posições em sua
carreira. Podcasts, documentários, trilhas de
formação e pós-graduação estão sempre no
horizonte dessas mulheres.
Não Sou Obrigada
Eu gosto de estudar. Gosto de aprender o
novo, de dominar outras técnicas. Sempre me
disseram que esse lugar nunca foi pra mim,
mas quem decide sou eu, e esse ano vou fazer
meu curso de animação, de construção de
personagens, eu sei onde quero chegar.
2:25 AM Sep 1, 2021
//INFORMAÇÃOECONHECIMENTO
69
O modo como consomem informações também difere entre os nossos
perfis. Enquanto a mulher Guerreira, Eu? costuma focar em uma tela
por vez, assistindo novelas e programas da televisão aberta, vendo
filmes como programa a dois ou com a família e usando a internet com
moderação, a mulher Não Sou Obrigada é uma usuária constante
do celular como uma segunda tela que a conecta simultaneamente
enquanto assiste à TV, tanto aberta como por assinatura. Também
assina canais de streaming e lê revistas, buscando estar sempre bem
informada. Em comum, ambas se interessam em seu cotidiano
por culinária e gastronomia, educação e beleza, consumindo muitos
desses assuntos também através de reality shows ou de conteúdo
produzidos por criadores nas mais diversas plataformas, redes
e formatos - dos mais comuns aos mais novos.
//CONTEÚDOEINTERESSES
70
Fonte: Target Group Index Brasil - Português BR TG 2021 R1 Covid (Ago20-Mar21) v1.0 - Individuos
Noticiários nacionais
Receitas / culinária / gastronomia
Educação / capacitação
Noticiários internacionais
Beleza / estética
69%
64%
58%
54%
54%
Estudos acadêmicos / tecnologia
53%
NÃO SOU OBRIGADA
Receitas / culinária / gastronomia
Beleza / estética
Educação / capacitação
Noticiários nacionais
Celebridades / gente / sociedade
39%
29%
22%
21%
20%
GUERREIRA, EU?
71
TEMAS DE INTERESSE
Família
Saúde e bem estar
Culinária
Casa e decoração
Espiritualidade / autoajuda
Novelas
Reality shows
Sua casa é seu mundo. O que se vê nas narrativas
ficcionais ou reais através das telas se torna
assunto de conversas e referência de como atuar
na sua própria realidade. Adora um perfil com dicas
de maternidade, de cuidados com a casa, com a
família e consigo mesma, e de como dedicar-se ao
trabalho sem deixar de ser quem se é.
Guerreira, Eu?
//CONTEÚDOEINTERESSES
72
Cidadã do mundo, hiperconectada e multitelas.
Ao acordar, já pega o celular pra checar as
mensagens e redes sociais. Expande seus
horizontes através de programas de
entrevistas, documentários e participando
de rodas de conversas, debates e fóruns. Para
ela, uma mulher com voz é uma mulher forte.
Acompanha as tendências, os acontecimentos
do mundo e seja lá em qual plataforma tiver
a informação, ela está lá.
Não Sou Obrigada
//CONTEÚDOEINTERESSES
TEMAS DE INTERESSE
Saúde e bem estar (físico e mental)
Beleza e autocuidado
Educação financeira
Carreira e empreendedorismo
Empoderamento
Reality shows
73
Compreender o corre das mulheres, em todas suas nuances e diferenças, com mais profundidade
é essencial para comunicar de forma efetiva. Convidá-las para a roda de conversa pode garantir saídas
criativas que realmente façam sentido para elas.
A diversidade é um fator fundamental para gerar identificação. Trazer para a mesa questões ainda pouco
debatidas, como a relação com seus corpos, uma moda mais inclusiva (que respeite e abrace diferentes
comportamentos culturais) e o etarismo, contribui para a desconstrução de paradigmas erguidos por anos.
Representatividade é importante, desde que também traga todas as nuances sobre as vidas das mulheres.
Inclusão é urgente.
Aproximar o discurso da prática talvez seja um dos próximos passos mais importantes no contexto atual.
Evidenciar a potência das mulheres e partir para a prática, tornando-se agente de mudança do status quo
ao lado das suas lutas, desafios e aspirações.
//3PROPOSTASPARANAVEGAR
74
1
2
3
DE
DE
MUDANÇA
MULHERES
ATITUDE,
MARCAS
Olhar para as mulheres brasileiras considerando de
onde vieram, como vivem e o que conquistaram é olhar
para trajetórias marcadas por obstáculos e desafios que
as atingem de uma maneira única por serem mulheres,
e ainda assim, mostram todos os dias seu valor como
indivíduos e parte da sociedade.
Tanto a Guerreira, Eu? quanto a Não Sou Obrigada
carregam consigo o fato de que são mulheres de
atitude, empreendedoras da vida real e agentes
de mudança no seu entorno. Algumas são mais
conservadoras, outras mais progressistas, mas todas
sabem o que querem, que lugar querem ocupar no
mundo e como seguir em movimento para chegar lá.
O corre faz parte da vida ambas e estão exaustas, a rede
de apoio é fundamental. Submissa é um termo que não
se encaixa em suas vivências.
76
Ambas, cada uma à sua maneira, são donas de suas escolhas, têm sua própria voz e exigem serem ouvidas,
aceitas e respeitadas dentro daquilo que acreditam.
Seguem buscando, dia após dia, serem a melhor versão de si mesmas, seja por uma motivação de realização
individual, seja por um desejo de legado às suas famílias e comunidades, não se acomodando nos papéis
e realidades que lhes foram impostos e carregando consigo a determinação para alcançar seus objetivos
e fazer por contra própria suas histórias. Independente do perfil, elas sabem que suas realizações não se
encerram em si. São mulheres que, mais que ter sua luta romantizada, merecem reconhecimento,
dignidade e direitos para viverem uma vida plena e realizada.
Uma das maiores qualidades do ser humano é sua capacidade de aceitar suas contradições enquanto busca
a evolução. As mulheres do Brasil nos mostram diariamente como ser nossa melhor versão, reconhecendo
qualidades e defeitos e se amando da maneira que são, em toda sua profundidade, vulnerabilidade
e potência. E nós, agentes de transformação do mercado, podemos e devemos nos conectar com suas
histórias a partir de um lugar consciente.
54
77
Entendemos que é preciso que as marcas entrem na conversa, assimilando os pontos
de convergência do ser mulher, mas também os pontos importantes que as fazem únicas
e plurais. É só aí, nesse entendimento, que podemos criar uma música uníssona e potente.
Ao construir as editorias do Universo M, buscamos evidenciar quais são as pautas que
interessam a estas mulheres, não somente por afinidade, mas também por necessidades.
Além de conversas, essas pautas também podem ajudar as marcas que atuam junto
à atmosfera feminina a criarem relacionamentos reais que partem não somente do afeto,
mas também do que as afeta. Evidenciando potências que são subestimadas, queremos
ser mais do que uma fonte de conteúdo: queremos ser uma plataforma de onde decolam
mudanças, ideias, inspirações e, por que não, rede de apoio.
E é para ecoar a este legado e suas canções de celebração e luta que estamos aqui,
construindo #BemJuntas o universo de mulheres, o Universo M. Fique à vontade para
entrar e fazer parte dessa transformação.
Com carinho, e de mulher pra mulher,
Marisa
55
54
78
MARISA LEMME QUINTAL TATO
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Como vivem as mulheres brasileiras hoje

  • 2. //AGENDA Bem-vindas ao Universo M De onde partimos? Como vivem as mulheres do Brasil? E quem são as mulheres Marisa? Mulheres de atitude, marcas de mudança 3 8 11 50 75
  • 4. "De mulher para mulher". Nunca nosso slogan fez tanto sentido. São mais de 70 anos em contato com mulheres de cantos tão diferentes do país. Quantas coisas, momentos e experiências já passamos até aqui. Nossas lojas estão presentes em todos os estados brasileiros; e, hoje, nós da Marisa cruzamos gerações e, mais uma vez, sentimos que chega o momento de dar um novo passo na relação com essa atmosfera feminina que nos cerca. Queremos nos aproximar ainda mais do cotidiano das mulheres brasileiras, inspirar e evidenciar a potência que pulsa em cada uma delas. 4
  • 5. Nasce, do aprendizado de tantos anos e desse encontro de um olhar para o feminino, a nossa nova plataforma de conteúdo, para trazer informações, desenvolver diálogos e fortalecer o universo construído por e para cada uma das mulheres que já cruzaram suas histórias com a nossa. Nasce o Universo M: a plataforma de conteúdo que vai nos ajudar a manter em constante atualização o "de mulher pra mulher, Marisa". Antes de iniciar o diálogo a partir do Universo M, entendemos que precisamos exercitar a escuta. O momento, que já era de profundas transformações sociais, econômicas e culturais, soma ainda os impactos da pandemia de COVID-19, que ameaça os empregos e sobrecarrega as mulheres de forma ainda mais intensa. Dos postos de trabalho perdidos em 2020, 81% eram ocupados por mulheres, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged); no saldo geral do ano, houve 111 mil vagas a menos ocupadas por mulheres e 199 mil vagas a mais ocupadas por homens. Tudo isso dedicando uma média de 10,4 horas a mais do que os homens às tarefas domésticas, segundo a PNAD Contínua. 5
  • 6. Por isso, com o desejo de entender um pouco mais como estão as Mulheres Marisa do nosso Brasil, para assim iniciar a construção de um editorial que dialogue com essas distintas vivências, desenvolvemos este estudo que busca olhar para as realidades nas quais essas mulheres estão inseridas, levando em consideração suas diferenças e o que é comum a elas, compreendendo suas multiplicidades de vivências e visões de mundo. Falamos no plural pois acreditamos na força que surge dessa diversidade que converge em conexões únicas, fortalecendo o poder da escuta e empatia que o ser mulher possui para assim falarmos mais sobre vocês, e menos sobre nós. Esse mergulho era essencial para que o Universo M trouxesse algo que fizesse sentido, que fizesse sentir. Esta plataforma precisa ser, antes de qualquer coisa, o espaço de vocês, mulheres Marisa. Deste modo, olhamos para como as mulheres estão vivendo e expressando o ser mulher: quais são suas faltas, desabafos, vitórias, como estão olhando para a vida nesse momento, do que sentem falta e para onde o olhar está expandindo. Nessa jornada, entendemos que existe um mood, um tom, ou seja, um atitudinal sobre as nossas mulheres, que seguem premissas reconhecíveis ao nosso mercado. Considerando seus comportamentos e motivações, a fim de que possamos construir nessa trajetória uma relação verdadeira com essas que são o motivo pela qual a Marisa segue existindo. 6
  • 7. O Estudo O Corre da Mulher Brasileira é um apanhado dessas expressões, reúne diferentes fontes de informação e conta com parceiras e colaboradoras que ajudaram a gente a entender e traçar este início de caminho. Não é sobre onde iremos chegar, mas sobre como a escuta aberta nos ajudará a seguir nessa construção com e para as mulheres brasileiras. O Corre da Mulher Brasileira é feito a partir da collab entre a marca Marisa, sob coordenação da Lemme, hub de inovação e cultura criativa, junto à agência Quintal e à TATO, braço de pesquisa de tendências e oportunidades da Mutato. Participam ainda dessas linhas como colaboradoras as novas embaixadoras da marca: Gabi Oliveira, Josy Ramos, Lia Camargo, Marina Santa Helena e Sarah Fonseca; e, somando aos insights, estudos e revisão, a consultoria de raça e gênero Alfazema. 7
  • 9. Na elaboração deste estudo, combinamos metodologias variadas com o objetivo de entender o contexto em que se encontram essas mulheres com as quais queremos dialogar na plataforma Universo M. Para isso, coletamos dados relativos aos seus consumos e atitudes do painel Target Group Index Snapshot de 2021 da Kantar, com uma amostra que conta com mais de 3.500 respondentes do gênero feminino, com idade de 25 anos ou mais, pertencentes à classe C. Esses achados foram combinados com outras 25 fontes públicas de dados secundários, coletados e analisados por centros de pesquisa renomados, como Google, Gênero&Número, TIC Domicílios e IBGE. 9
  • 10. Também foram combinados a um termômetro das redes (social listening) sobre os temas mais aquecidos para estas mulheres, em que analisamos menções do último ano em plataformas sociais como Facebook, Instagram, Twitter, comunidades e fóruns. Refinamos estas informações para trazer maior abrangência e profundidade à nossa amostra, considerando a pluralidade da população feminina em âmbito nacional. Assim, trazemos aqui recortes sociodemográficos e comportamentais que buscam entender quais os pontos de contato e de distanciamento que perpassam a vida destas mulheres. 10
  • 12. 12 Em um país de dimensões continentais e com tanta diversidade de origens, culturas e vivências como o nosso, conhecer as mulheres do Brasil é um desafio e tanto, e no entanto, fundamental para que não caiamos em abstrações que não condizem com as suas realidades. Assim, lançamos um olhar macro para a nossa sociedade para entender o modo como essas mulheres se integram a ela enquanto reafirmamos a pluralidade do ser mulher.
  • 13. Ao ouvir e olhar para essas mulheres, buscamos não classificá-las, mas entender a singularidade das vivências através dos seus pontos de encontro. Somos muito diversas, mas a atmosfera feminina, o fato de ser mulher - sentir-se e identificar-se como - traz também, naturalmente, muitos pontos em comum. E é nesse ponto do encontro, e não das polaridades, que percebemos o que nos une, independentemente de diferenças demográficas, cortes sociais ou comportamentais. Ser uma mulher nortista ou sulista implica referências culturais e históricas diferentes, porém similares nas responsabilidades de cuidado, por exemplo. Temos um "como" diferente, mas um "o quê" em comum. O Corre da Mulher Brasileira reivindica, então, este olhar plural (porém uníssono) das vivências femininas brasileiras, trazendo assim a conjuntura sob a qual se encontram suas vidas. 13
  • 14. Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, 2019 Norte 8,47% Centro Oeste 7,65% Sudeste 42,49% Nordeste 27,24% Sul 14,14% População feminina total 51,8% POPULAÇÃO FEMININA DISTRIBUÍDA POR REGIÃO //POPULAÇÃO 14
  • 15. Não importa onde as mulheres estejam: seja nas grandes cidades ou no campo, observamos que elas desenvolvem um protagonismo local, ou seja, atuam no seu entorno fortalecendo as redes locais. Seja capitaneando negócios próprios ou liderando empresas nas grandes cidades, elas são as maiores empreendedoras e intraempreendedoras do país. Segundo dados do Sebrae, em 2018 elas já eram 34% dos empreendedores no país; em 2020, esse percentual saltou para 46% - e não para de crescer. //PROTAGONISMOECONÔMICO PARAALÉMDASCIDADES 15 Canal de vendas Estratégias de comunicação para divulgar produtos e serviços USO DO DIGITAL EM EMPREENDIMENTOS FEMININOS 57% Atendimento ao cliente 51% Comprar/comunicar com fornecedores 23% 73% Fonte: Rede Mulher Empreendedora, "Pesquisa Empreendedoras e seus Negócios 2020
  • 16. Apesar disso, os negócios chefiados por mulheres foram os mais afetados pelo início da pandemia. Por outro lado, foram os que melhor se recuperaram. Isso porque as empreendedoras foram as mais preocupadas em fazer mudanças estratégicas nos seus negócios, com maior investimento em digitalização em todas as frentes: para vender online, atender online, recrutar e se comunicar. 16
  • 17. Incentivar o empreendedorismo feminino é essencial. Além de contribuir para o crescimento da economia e para a criação de empregos, o empreendedorismo feminino transforma também as relações sociais. 6:43 PM Set 6, 2021 17 meu deus eu tô muito feliz c a minha loja, sei q só falo isso agr mas é mt gratificante trabalhar com mulheres e com o que a gente gosta!! sempre q puder vou incentivar alguém a fazer o mesmo apoiem demais o empreendedorismo feminino!!! 7:06 PM Jul 24, 2021
  • 18. +30% 2017 ESTABELECIMENTO AGRÍCOLA CHEFIADOS POR MULHERES Fonte: As Mulheres no Censo Agropecuário 2017 Para saber mais https://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2021/07/mulheres-atuam-cada-vez-mais-no-campo-mas-so-a-minoria-esta-no-comando/ Outra curiosidade é que, enquanto a maior parte da população brasileira encontra-se em áreas urbanas (76%), não podemos ignorar a retomada das mulheres no campo e nos estabelecimentos agrícolas do país. As mulheres das áreas rurais, mesmo sendo uma minoria, lideram cada vez mais os estabelecimentos agrícolas. Apesar disso, encontram também mais dificuldades no acesso a financiamentos e outras políticas estruturais de crescimento, como logística e acesso à água, dependendo da região do país onde produzem. 18
  • 19. Seja nas cidades ou no campo, as mulheres são hoje o principal motor da inovação nos negócios. Na mesma medida em que perdem espaço no mercado formal de trabalho, se reinventam e forçam sua inserção na economia através de negócios próprios, de novos modelos de trabalho e da melhoria estrutural de seus projetos empreendedores. Nesse movimento, elas movem também a roda da economia, mesmo com menos incentivo financeiro, estrutural e social do que os homens. Fonte: Rede Mulher Empreendedora, "Pesquisa Empreendedoras e seus Negócios 2020" INTERESSE POR CONTINUAR EMPREENDENDO ESTÁ RELACIONADO À IMPORTÂNCIA QUE AS MULHERES VEEM EM SEUS NEGÓCIOS E À SUA RESILIENCIA 70% 88% Homens Mulheres Diz que tem mais interesse em empreender 53% 68% Homens Mulheres Se diz mais capaz de se adaptar às mudanças 54% 65% Homens Mulheres Se diz forte 61% 76% Homens Mulheres Concordam com a frase: “meu negócio é muito importante para mim, por isso quero fazer de tudo para mantê-lo funcionando” 19
  • 20. Fonte: https://open.spotify.com/episode/0F1KdEZMhitY1xedRIPC3c?si=g5dBTys1TMa2BYmhxvs7bg&dl_branch=1 20 Flávia Guimarães Leardini para o podcast Equidade Precisamos ter mulheres em cargos de liderança para que nossos direitos sejam reconhecidos e aplicados. Exercer o mesmo cargo com as mesmas qualificações e as mesmas oportunidades, não há motivos para diferenciação salarial entre homens e mulheres.
  • 21. Ao analisarmos os dados entendemos que é impossível falar de mulheres sem falar de raça, não somente porque as mulheres negras representam 28% da população brasileira, compondo o maior grupo étnico e também a maior força de trabalho do país, mas porque sua presença na sociedade ainda é marcada por dados que refletem desafios estruturais. Regionalmente essas mulheres possuem referências históricas e construções culturais singulares, mas estruturalmente o marcador racial provoca vivências de exclusão estrutural em comum. //OCORREDASMULHERESNEGRAS 21
  • 22. A diferença de representatividade de homens brancos e negros com mais de 60 anos aumentou de 1,7 para 3,1 pontos entre 1993 e 2007. A diferença entre as mulheres brancas e negras passou de 2,1 para 3,7 pontos no mesmo período. DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO FEMININA POR FAIXA ETÁRIA, SEGUNDO A RAÇA/COR - BRASIL (2009) Fonte: Ipea et al. (2011) 14,2% 10,3% 18,1% 15,9% 22,3% 22,4% 8,3% 8,8% 11,3% 12,1% 4,7% 5,7% 11,8% 15,1% 9,3% 9,7% 0% 10% 20% 30% 10% 20% 30% Branca Negra 60 anos ou mais 45 a 59 anos 30 a 44 anos 25 a 29 anos 18 a 24 anos 15 a 17 anos 7 a 14 anos Até 6 anos 22
  • 23. Há um abismo silencioso, porém de grande impacto cotidiano: a remuneração de duas mulheres negras juntas, correspondem ao valor médio de uma mulher não negra. Se não bastasse essa diferença, suas atuações são quase exclusivas em papéis na base das empresas. Desta forma, muitas dessas mulheres acabam por atuar de modo autônomo, frequentemente sem o mesmo reconhecimento e incentivo de empreendedorismo que seus pares não negros - apesar de a população negra movimentar R$ 1,3 trilhões por ano. As maiores queixas das empreendedoras negras são a falta de acesso às instituições bancárias e o viés excludente nas mesas de investidores, mesmo estas representando 49% das micro e pequenas empreendedoras do país (fonte: Sebrae, 2019). R$ 2.379 R$ 3.138 Mulher branca Homem branco DIFERENÇAS SALARIAIS R$ 1.394 R$ 1.762 Mulher negra Homem negro Apenas 8%de mulheres negras 24% ocupam cargos de chefia e/ou liderança. das empresas no Brasil sequer possuem tal grupo étnico em seus quadros de funcionários. Fonte: Potência (in)visíveis: a realidade da mulher negra no mercado de trabalho, Box 1824 e Indique uma Preta (2020) Fonte: Triwi (2020) Fonte: IBGE 23
  • 24. De acordo com a pesquisa Potências (in)visíveis: a realidade da mulher negra no mercado de trabalho (2020), realizado pela Box1824 e Indique Uma Preta, é urgente uma atuação ativa para enxergarmos as mulheres negras para além da condição de vulnerabilidade, mas sim de potencialidade. Segundo a pesquisa, a cultura negra é o maior centro de influência da atualidade, e emerge dessa influência o que temos visto de mais inovador em todos os segmentos: da moda à tecnologia, do entretenimento ao esporte. Mulheres negras transformam a ancestralidade em inovação. "É fundamental dar lugar às potencialidades da mulher negra no mercado de trabalho, esse é o olhar do futuro que precisamos trilhar". 24 Para saber mais https://readymag.com/u1818798514/2293759 https://g1.globo.com/economia/concursos-e-emprego/noticia/2020/10/28/24percent-das-empresas-nao-tem-funcionarias-negras-diz-pesquisa- 1-em-4-nao-tem-mulheres-em-cargos-de-chefia.ghtml
  • 25. 6 em cada 10 empreendedores negros são mulheres cis AS 10 PRINCIPAIS INDÚSTRIAS DO AFROEMPREENDEDORISMO Saúde e estética 14,3% Ecommerce 10,4% Varejo 10,4% Agência de marketing/publicidade 8,4% Consultorias e treinamentos 8,3% Educação e ensino 7,3% Alimentação 7% Mídia e comunicação 6,7% Financeiro, jurídico e serviços relacionados 5,6% Eventos 5,4% Fonte: pesquisa Black Money + RD Station, Afroempreendedorismo Brasil: https://1h4hfe10xz8m3g3xkh2wb9lc-wpengine.netdna-ssl.com/blog/files/2021/06/Pesquisa-Afroempreendedorismo-Brasil.pdf 25
  • 26. Angela Davis Filósofa, escritora, professora e ativista estadunidense Fonte: “Angela Davis "Inequality and the role of resistance”, discurso sobre direitos humanos na Universidade Estadual San José, em 2015. https://www.youtube.com/watch?v=BzYdF-28Gck 26 Se todas as vidas importassem, nós não precisaríamos proclamar enfaticamente que a vida dos negros importa. Todos nós temos que participar para garantir que algo seja feito para frear os danos racistas que estão acontecendo com nossas comunidades em todo país. Este é um momento histórico.
  • 27. Estamos vivendo um contexto de maior escolarização das mulheres em nosso país, sendo que desde os anos 1990 elas têm melhores indicadores de conclusão escolar. São elas que compõem a maioria entre os que completaram o ensino médio e o ensino superior. A proporção de pessoas de 25 anos ou mais com ensino médio completo cresceu no país como um todo. Entre os 51,2% dos adultos que não concluíram essa etapa, os motivos mais citados foram a necessidade de trabalhar (39,1%) e a falta de interesse (29,2%). Contudo, entre as mulheres, destacam-se ainda a gravidez (23,8%) e os afazeres domésticos (11,5%), razões que destacam os efeitos que o recorte de gênero tem sobre a educação - principalmente porque ainda delimita a economia do cuidado como responsabilidade feminina. Fonte: Coordenação de População e Indicadores Sociais, IBGE (2016) 23,5% 20,7% Mulheres Homens POPULAÇÃO DE 25 ANOS OU MAIS DE IDADE COM ENSINO SUPERIOR COMPLETO (2016) Branca 10,4% 7% Mulheres Homens Preta ou parda //EDUCAÇÃO 27
  • 28. Apesar das dificuldades, as mulheres autodeclaradas pretas ou pardas ingressam três vezes mais no nível superior do que as demais, sendo o maior grupo nas universidades. Mesmo assim, o grupo tem um índice menor de conclusão. As razões são variadas e muitas vezes têm origem nas disparidades econômicas, uma vez que essas mulheres são a maioria das lideranças dos lares. Frequentemente elas precisam escolher entre o curso superior e o trabalho, que representa a sobrevivência de suas famílias. Para além do componente financeiro, fatores como o ambiente acadêmico hostil à sua permanência também contribuem para a evasão das mulheres negras. Apesar da maior qualificação, homens brancos com ensino superior têm um salário médio 159% maior do que o das mulheres negras e 44% maior do que o de mulheres brancas. Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, IBGE (2019) 51% 46,3% Mulheres Homens POPULAÇÃO COM ENSINO SUPERIOR COMPLETO 41,8% 57% Pretas ou pardas Brancas 28
  • 29. Mulheres brancas Mulheres negras ESTUDANTES DAS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS DE ENSINO SUPERIOR 25% Homens brancos 25% Homens negros 23% 27% Fonte: Pnad e Pnad Contínua Anual, dados tabulados por Ana Luiza Matos de Oliveira e Arthur Welle. Apenas 10,4% das mulheres negras concluem o ensino superior. Enquanto 23,5% das mulheres brancas o concluem. Para saber mais https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/28285-pnad-educacao-2019-mais-da-metade-das-pessoas-de-25-anos-ou-mais- nao-completaram-o-ensino-medio https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2021/08/mulheres-negras-sao-hoje-maior-grupo-nas-universidades-publicas-do-pais.shtml https://g1.globo.com/economia/concursos-e-emprego/noticia/2020/09/15/na-mesma-profissao-homem-branco-chega-a-ganhar-mais-que-o-dobro-da-mulher-negra-diz-estudo.ghtml 29
  • 30. Nossa educação hoje é castradora e elimina líderes. A única possibilidade que temos para a educação é pensar no aluno pesquisador, capaz de desenvolver soluções para este mundo que desaba, que está em crise. O desafio da escola é ser um a um. O futuro da educação é um a um, é a escola respeitar um a um. Viviane Mosé Poetisa, filósofa, psicóloga, psicanalista e especialista em elaboração e implementação de políticas públicas Fonte: https://oglobo.globo.com/brasil/educacao/nossa-educacao-hoje-castradora-elimina-lideres-diz- filosofa-9878735#ixzz2ezAe3PCi%20 30
  • 31. Vistas pela sociedade (e muitas vezes por si mesmas) como cuidadoras natas, as mulheres ainda assumem, de modo geral, as tarefas de cuidado da casa e das pessoas. São horas de trabalho dedicadas a limpar a casa e as roupas, comprar e fazer a comida, dar banho, prevenir doenças com boa alimentação e higiene, remediar quando alguém adoece, educar as crianças e muitas outras atividades mais. São elas as responsáveis pelo cuidado de sua rede familiar e comunitária, desde o nascimento do bebê e o crescimento e desenvolvimento das crianças ao amparo aos idosos e pessoas dependentes. Mulheres que trabalham fora dedicam 73% mais horas a cuidados / afazeres domésticos do que homens que trabalham fora. Fonte: Estatísticas de gênero: Indicadores Sociais das Mulheres no Brasil, IBGE (2018) //ECONOMIADOCUIDADO 31
  • 32. Esta situação não se resume às mulheres que trabalham exclusivamente nas tarefas do cuidado. Ao contrário, se estende às mulheres que têm outras ocupações remuneradas, seja no mercado formal, informal ou mesmo entre as empreendedoras. Muitas vezes exercendo esse cuidado em uma jornada dupla de trabalho, mulheres gastam em média mais de 61 horas por semana em atividades de cuidado não remuneradas, o que implica em menos tempo disponível para dedicarem ao seu desenvolvimento pessoal ou participarem de questões públicas. Fonte: Rede Mulher Empreendedora, "Pesquisa Empreendedoras e seus Negócios 2020" 11% 20% Homens Mulheres Afirmaram ter aumentado a dificuldade em organizar o tempo e realizar todas as tarefas 8% 17% Homens Mulheres Afirmaram ter aumentado a dificuldade em conciliar trabalho e família 32
  • 33. Das 6,2 milhões de pessoas que têm como ocupação o serviço doméstico remunerado, 5,7 milhões delas eram mulheres, das quais 3,9 milhões eram negras. Para saber mais https://lab.thinkolga.com/economia-do-cuidado https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2019-12/ipea-trabalho-domestico-e-exercido-por-mulheres-mais-velhas Para além do recorte de gênero, há também um forte recorte racial quando consideramos quem exerce o cuidado em nossa sociedade. A mulher negra, que historicamente foi escravizada para ser responsável pela plantação, pelos trabalhos domésticos, pelos cuidados com as crianças e pelos trabalhos de cuidados de saúde em nosso passado colonial, carrega até hoje parte considerável dessa economia em suas costas. 33
  • 34. Antes de ser mãe achava lindo chamar as mamães de guerreiras, mulher maravilha etc... Hoje como mãe, ODEIO estes termos. Não sou guerreira, sou mãe cansada, sobrecarregada, que ao invés de querer sua opinião que não pedi, aceito ajuda com faxina da casa ou um PIX Segundou! 11:56 AM Set 20, 2021 11 34
  • 35. Djamila Ribeiro Filósofa, feminista negra, escritora e acadêmica brasileira Fonte: https://revistatrip.uol.com.br/tpm/a-filosofa-djamila-ribeiro-conta-quem-e-a-mulher-alem-da-ativista 35 O autocuidado é fundamental para a sanidade e efetividade da luta política. Não se trata de mera banalidade, como muitos afirmam, no alto da arrogância do militante ISO 9001. Devemos praticar mais, não sentir culpa por se cuidar, se curtir, se namorar. Estar bem consigo mesma é a etapa necessária para buscar a liberdade da outra, para que esta se curta também. E assim vamos, em busca da liberdade de sermos nós mesmas.
  • 36. Vemos, contudo, grandes mudanças na sociedade brasileira no que diz respeito ao modo como se constituem as famílias e em como a maternidade se dá nestas configurações. Segundo dados do Censo de 2015 feito pelo IBGE, 42,9% dos arranjos familiares brasileiros são representados por mãe, pai e filhos e 16,4% são famílias reconstituídas, ou seja, filhos que vivem com seu pai ou mãe e madrasta ou padrasto. O segundo tipo de arranjo mais numeroso em nosso país (19,9% das famílias) é formado por casais sem filhos por opção. Em 10 anos, a taxa de fecundidade no Brasil recuou 18,6%, chegando a 1,74 filhos por mulher em 2014, sendo que 47,6% das mulheres entre 15 e 44 anos nunca tiveram filhos, e 37% das mulheres adultas não desejam exercer a maternidade. 37% das brasileiras não querem ter filhos. Fonte: Google Internal Data //OCORREFAMILIAREAMATERNIDADE 36
  • 37. Os dados relativos a famílias homoafetivas apresentam uma subnotificação devido ao preconceito existente em nossa sociedade. Mas, mesmo considerando somente aquelas declaradas, já configuram cerca de 58 mil casais, sendo 52 mil destes na região sudeste. Pessoas que moram sozinhas representam 14% dos arranjos familiares, sendo que dentre estes 63% são idosos e 14% são mulheres. Enquanto pais que vivem com seus filhos sem companheiras são apenas 3% das famílias, as mulheres aparecem constituindo uma expressiva porcentagem de famílias formadas pela figura da mãe solo, representando 26% das configurações familiares brasileiras. Paralelamente a essa condição, vemos um número cada vez maior de mulheres assumindo o papel de chefia da família. De 2012 à 2019, 9 milhões de mulheres passaram a exercer a função de chefe de família, representando cerca de 45% dos domicílios do país. Em apenas 34% dessas famílias há a presença do cônjuge. Fonte: PNAD Contínua, IBGE (2019) 37
  • 38. Uma pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) identificou que metade das mães brasileiras foram demitidas até dois anos após a licença-maternidade, o que evidencia os desafios que se impõem à vida pessoal e profissional da mulher para conciliar as duas responsabilidades (profissional e familiar), bem como a falta de apoio e investimento das empresas nessa atividade não-remunerada que é a criação e cuidado das crianças - e da qual todos se beneficiarão um dia. Um levantamento realizado pela Catho escancarou ainda mais o problema, ao descobrir que 28% das mulheres deixaram o emprego após a chegada dos filhos, enquanto o mesmo se dá apenas com 5% dos homens. Afalta de creches e de uma educação infantil de qualidade são fatores determinantes para esses índices. Grande parte destas famílias chefiadas por mulheres encontram-se em situações de vulnerabilidade. Ao que se pese também as desigualdades salariais entre os gêneros, grande parte encontra-se concentrada nas faixas de renda per capita mais baixas: 53,4% vivem com até 1 salário mínimo por mês, quando entre os homens o percentual é de 46,46%. Quando consideramos ainda o recorte racial, vemos ainda que 63% das casas chefiadas por mulheres negras estão abaixo da linha da pobreza. Para saber mais http://www.pelasfamilias.com.br http://maesreais.meiacincodez.com.br 38
  • 39. Não há mãe ‘desnaturada’, posto que o amor materno nada tem de natural; (…) Não há nisso nenhum ‘instinto materno’ inato e misterioso. A menina constata que o cuidado das crianças cabe à mãe, é o que lhe ensinam; relatos ouvidos, livros lidos, toda a sua pequena experiência o confirma; encorajam-na a encantar-se com essas riquezas futuras, dão-lhe bonecas para que tais riquezas assumam desde logo um aspecto tangível. Sua ‘vocação’ é imperiosamente ditada a ela. Simone de Beauvoir Escritora, intelectual, filósofa existencialista, ativista política, feminista e teórica social francesa Fonte: http://maesreais.meiacincodez.com.br/depois/ 39
  • 40. De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), em 2025, o Brasil será o sexto país com o maior número de pessoas na terceira idade, mas políticas públicas não acompanham o envelhecimento da população. Neste contexto, a discriminação por idade se torna um desafio global, enquanto narrativas sociais trazem com frequência o sinônimo de obsolescência para as mulheres. Por anos, a criatividade, a inovação e a disposição estiveram ligadas ao conceito de juventude física, pesando muito mais sobre mulheres do que homens. Felizmente, essa concepção vem cada vez mais sendo associada a um estado de espírito, uma vez que a expectativa de vida beira os 75 anos. Cada vez mais comum, o entendimento de que a idade é apenas um número dá às mulheres a possibilidade de escreverem suas histórias de acordo com suas verdades, tornando o processo de envelhecimento mais consciente e natural. //JUVENTUDECOMOESTADODEESPÍRITO 40
  • 41. Tudo isso está mudando radicalmente a forma como as mulheres vivem e expressam a feminilidade nesta fase da vida. Esqueça o estereótipo da senhora que vê a vida pela janela na cadeira de balanço: as mulheres maduras estão hiper-ativas, produzindo, empreendendo e marcando novas posições nos cenários econômico, social e estético. Do aumento de buscas por assumir os cabelos grisalhos, até a nova onda de influenciadoras digitais 60+, a indústria vem percebendo que não é inteligente (nem rentável) ignorar essa expressão feminina, que hoje exige ser vista e considerada. Afinal, estas mulheres não estão em busca de emular uma juventude idealizada: elas buscam serem percebidas como são e ter reconhecida a beleza própria deste momento tanto novo, quanto potente. 41
  • 42. Olhando para a construção de identidade de gênero e a forma de se relacionar, também percebemos um atravessador muito relevante no perfil das mulheres do Brasil, haja vista que estamos falando sobre o modo como estas se colocam no mundo, encontram afeto e barreiras quanto a sua aceitação na sociedade. Os dados a respeito da população LGBTQIA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans, Queer, Intersexuais, Assexuais e outros) sofrem de uma séria subnotificação: estima-se que apenas 52% destas pessoas assumam publicamente a orientação sexual ou identidade de gênero, enquanto parte muito grande desta permanece invisibilizada e no chamado "armário" por conta da intolerância que permeia a sociedade brasileira. //IDENTIDADEEAFETOLGBTQIA+ 42
  • 43. Ademais, nenhuma pesquisa oficial, como o Censo do IBGE, pergunta sobre estas questões para os entrevistados. A estimativa é de haja 18 milhões de brasileiros LGBT – sem considerar assexuais e interssexuais -, segundo a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT). Entre esta população, aquelas que declaram possuírem identidades femininas (mulheres cisgênero, mulheres trans e travestis) são menos da metade da população; entre elas, a maior parte declara ter uma orientação bissexual e, em seguida, homossexual, ou seja, lésbica. QUAL SUA IDENTIDADE DE GÊNERO? Homem Cis Mulher Cis Pessoa não binária Não sei Homem trans Mulher trans Travesti Outra 44,32% 43,73% 6,02% 2,28% 2,15% 1,16% 0,22% 0,12% Fonte: Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA, 2020) 35 anos EXPECTATIVA DA POPULAÇÃO TRANS NO BRASIL 43
  • 44. EM RELAÇÃO À SUA ORIENTAÇÃO SEXUAL, VOCÊ SE CONSIDERA: Homossexual Bissexual Pansexual Assexual Heterossexual Outras 65,47% 26,75% 4,38% 1,84% 1,08% 0,49% Homossexual 53,86% 39,55% 4,62% 1,98% 34,11% 56,38% 6,75% 2,76% Bissexual Id. feminina Id. masculina Outras Id. não binária Id. feminina Id. masculina Outras Id. não binária 44
  • 45. Para essa população, os direitos garantidos pela união civil (como definição do regime de bens, direito à herança, guarda de filhos e plano de assistência médica), são uma conquista recente que não chegou pela via legislativa. Apenas em 2011, o Supremo Tribunal Federal aprovou o reconhecimento legal da união estável homoafetiva, garantindo a essa população os mesmos direitos e deveres que a legislação brasileira já estabelecia para os casais heterossexuais e permitindo a realização do casamento civil entre eles. Com muitos cartórios do país se recusando, ainda assim, a celebrar o casamento entre duas pessoas do mesmo gênero, o Conselho Nacional de Justiça em 2013 passou a proibir que autoridades competentes se recusem a celebrar o casamento civil homoafetivo ou converter a união estável homoafetiva em casamento. 45
  • 46. A partir daí, vemos um número cada vez maior de casais homoafetivos buscando o reconhecimento oficial da sua união, tanto para garantia de direitos, como para trazer visibilidade política da sua existência. Em 2018, ano em que houve uma guinada expressiva de uniões civis entre pessoas do mesmo gênero, o casamento entre mulheres foi o que mais contribuiu para este crescimento, com um aumento de 64,2% em comparação aos 58,3% entre casais compostos por homens. SÉRIE HISTÓRICA DE CASAMENTOS HOMOAFETIVOS A partir da resolução 175/2013 do Conselho Nacional de Justiça 2013 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 2014 2015 2016 2017 2018 Homem/homem Mulher/mulher Fonte: Estatísticas do Registro Civil 2018 Para saber mais https://www.brasildefatope.com.br/2021/02/24/sem-dados-do-censo-populacao-lgbti-do-brasil-continuara-desconhecida-por-mais-10-an https://www.todxs.org/biblioteca/?material=pesquisa-nacional-por-amostra-da-populacao-lgbti-identidade-e-perfil-sociodemografico https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/26192-casamentos-homoafetivos-crescem-61-7-em- ano-de-queda-no-total-de-unioes 46
  • 47. A sociedade julga o relacionamento de uma pessoa trans com um homem cisgênero heterossexual como algo depravado, algo que seja desumano. Não seria um relacionamento civilizado, aceito pelas instituições da família e religiosa. Não seria alguém decente para apresentar a família, a amigos. Não seria alguém digna de aceitabilidade. É considerado por consenso entre grupos feministas e LGBTI brasileiros, a existência de uma sociedade doentia e intrinsecamente voltada para a agressão física, moral, e psicológica às mulheres trans. A aculturação do machismo e do patriarcado que se perpetua durante décadas no Brasil faz a sociedade não amar as pessoas trans. Mariana Franco Discente de Serviço Social na UFSC, pesquisadora de Saúde Pública na Universidade Nacional de Brasília (UNB), Conselheira Nacional no Ministério de Direitos Humanos e Colunista do Catarinas Fonte: http://maesreais.meiacincodez.com.br/depois/ 47
  • 48. Este glossário traz alguns dos termos mais comuns, para você começar a entender mais sobre as muitas identidades de gênero. Mas, como gênero é uma construção social, nenhum glossário pode dar conta de todas as possibilidades de expressar e sentir. Para você se aprofundar no tema e conhecer outras identidades, sugerimos que você acompanhe e consulte as publicações de coletivos de estudos de gênero, como a biblioteca do Todxs (https://www.todxs.org/biblioteca) e os estudos da Gênero&Número (https://www.generonumero.media/). //GLOSSÁRIO 48
  • 49. Heterossexual: Pessoa que sente amor, afeto e/ou atração sexual apenas pelo gênero oposto com que se identifica. Homossexual: Pessoa que sente amor, afeto e/ou atração sexual apenas pelo mesmo gênero com que se identifica. Lésbica: Mulher que sente amor, afeto e/ ou atração sexual por outras mulheres (cis e trans). Algumas pessoas não binárias também se entendem como lésbicas por se identificarem, em algum grau ou parcialmente, com a identidade “mulher” e se relacionarem com mulheres. Bissexual: Pessoa que sente amor, afeto e/ ou atração sexual por pessoas do mesmo gênero ou de gêneros diferentes. Orientação sexual Cisgênero (cis): Pessoa que se identifica com o gênero que lhe foi atribuído no nascimento. Transgênero (trans): Pessoa que não se identifica com o gênero que lhe foi atribuído no nascimento. Mulher trans: Mulher que foi designada como homem no nascimento. São pessoas que demandam reconhecimento social e legal para o gênero feminino. Homem trans: Homem que foi designado como mulher no nascimento. São pessoas que demandam reconhecimento social e legal para o gênero masculino. Travesti: Mulher que foi designada pelo gênero masculino ao nascer, mas se reconhece numa identidade feminina. O termo “travesti” foi ressignificado positivamente, passando a ser visto como uma identidade sociopolítica por ativistas da América do Sul. Pessoa não binária: Pessoa que não se define meramente como homem ou mulher, ou não segue as normas tradicionais de ser homem ou mulher. Identidade de gênero 49
  • 51. Quem nunca foi uma mulher Marisa? Quem nunca passou pela Marisa nesses últimos 70 anos? Adoraríamos dizer que as mulheres Marisa poderiam ser todas as mulheres, todas aquelas que um dia passaram por nós, que possuem alguma relação, história ou contato com a marca. Ao mesmo tempo, isso jamais daria conta da complexidade do "ser mulher Marisa". Considerando tantas realidades, tantas gerações e questões que atravessam e configuram cotidianamente a vida das mulheres brasileiras, o olhar deste estudo voltou-se para o comportamento, ou seja, como as próprias mulheres estão colocando no mundo suas expressões e o modo como conduzem suas vidas. 51
  • 52. Assim, percebemos linguagens, nuances, culturas e desafios para que seja possível, a partir das narrativas, collabs e ações que surjam no Universo M, estabelecer um diálogo mais próximo e direto com as mulheres brasileiras. Assim, percebemos linguagens, nuances, culturas e desafios para que seja possível, a partir das narrativas, collabs e ações que surjam no Universo M, estabelecer um diálogo mais próximo e direto com as mulheres brasileiras. Entendemos que estamos falando de uma multiplicidade de perfis e comportamentos, que têm tanto aspectos em comum quanto particularidades. Assim, identificamos duas grandes linhas de pensar, sentir e agir que saltam ao todo estudado, e que perpassam cada mulher de maneiras diferentes. Longe de definir e rotular quem são as mulheres Marisa, essas visões de mundo nos mostram 2 polos entre os quais as muitas mulheres brasileiras transitam. Mais do que extremos, podemos entender estas visões de mundo como um mood, como formas de pensamento, ou até como um conjunto de crenças culturais que, no fundo, nos servem como orientação para que possamos entender seus desejos, anseios e necessidades. Sem olhar para um polo ou outro com algum juízo de valor, o ponto de encontro é o que fortalece a relação da Marisa com as mulheres. 52
  • 53. São as mulheres que se sentem, se percebem como esforçadas e batalhadoras. Abraçam muitas responsabilidades e desempenham múltiplos papéis, para que a vida siga nos trilhos. Chegam a usar esses adjetivos na forma como se expressam nas redes sociais, nos memes que compartilham e nos textos que recomendam. A realidade desta mulher pode envolver jornadas duplas e triplas que podem sobrecarregá-la, mas seu comprometimento consigo mesma e com os seus é o que mais importa para ela. A família e o lar têm muito valor na vida dessas mulheres, que preservam costumes e tradições e mantêm tudo sob seu controle. Compreendem o papel que desempenham na sua comunidade e o fazem com dedicação, buscando serem aceitas como são. GUERREIRA, EU? 53
  • 54. Eu tenho muito orgulho de quem sou: sou guerreira, sou forte, sou abençoada. Sou feliz, sou mulher 10:55 PM Jan 1, 2021 A mulher que é mãe e pai ao mesmo tempo, que mesmo sozinha não fugiu da responsabilidade e sempre colocou a felicidade do seu filho em primeiro lugar, merece ser exaltada todos os dias! Essa é a verdadeira mulher Maravilha meus parabéms pra todas vocês guerreiras. 1:06 PM Aug 28, 2021 Eu to cansada de lutar tanto pelo que foi tirado de mim. Eu não sou uma mulher guerreira, eu to cansada. Mas se eu desabar, eu puxo outras pessoas que dependem de mim e não posso fazer isso. Todos os dias quando pego o trem eu tenho o mesmo pensamento E se... 1:06 PM Aug 28, 2021 54 Buscando só melhoria, pra que minha filha tenha orgulho da mulher que me tornei por mim e por ela! 11:25 AM Jul 6, 2021
  • 55. 55 Não estamos falando da "Amélia sem a menor vaidade", esqueça esse conceito. O esforço dessa mulher não é só pela família ou pelo trabalho: é por ela mesma também. Não dá pra abrir mão do autocuidado, da unha bem feita ou do relaxamento se tem alguma brecha para encaixar na rotina. Essas mulheres se orgulham da força que têm e do papel que escolheram representar, mas isso não significa que elas não questionem seus universos. Elas são o pilar de sustentação de muitas frentes e, por isso, têm um padrão de exigência alto consigo mesmas, sendo agentes da melhora e evolução do universo de que fazem parte. Guerreira, Eu? Minha casa é meu porto seguro Luto pelo que quero Autocuidado é necessário e importante Quero ser aceita como sou Minha família é tudo pra mim Costumes devem ser preservados Dou conta de tudo o que for necessário
  • 56. Elas se veem como educadas, informadas, independentes, batalhadoras e empreendedoras. Essas mulheres não se deixam definir por estereótipos, questionam o status quo, conquistam novos espaços, fazem e acontecem construindo seu futuro com as próprias mãos. Buscam romper com as expectativas tradicionais e limites que foram impostos a ela, e por isso estão sempre batendo de frente e sendo resistência. De caráter inovador, estão a par das questões contemporâneas que transformam a sociedade e não abrem mão do que as move adiante. NÃO SOU OBRIGADA 56
  • 57. sou mãe solteira sim, mas sou trabalhadora, sou empreendedora, tenho meu carro, conquistei minha moto, tenho minha casa própria tenho meu segundo grau, tenho mais sede de conquista, e todas elas me mostram que eu sempre posso ter mais, e eu quero mais!! +1 3:34 PM Jul 4, 2021 Lugar de mulher é onde ela quiser 11:16 AM Nov 8, 2020 Pouco me importa se o mundo inteiro não acredita no meu sonho. Pouco me importa se alguém duvida da minha capacidade de realização. Eu sei o que eu quero. Não sei, talvez, como conquistar, mas... isso eu descubro no caminho. E eu, olha, não paro de caminhar até chegar lá! 11:41 AM Sep 29, 2020 57
  • 58. 58 De um modo geral, a visão de mundo da Não Sou Obrigada questiona e desafia o status quo. O papel que a sociedade tradicionalmente lhe atribui não é necessariamente o que ela quer exercer. Justamente por isso, ela procura ampliar seu conhecimento e suas referências com informações de fora da sua bolha, pois só assim poderá conhecer e escolher a realidade que lhe parece mais adequada. Essa mulher valoriza os saberes acadêmicos, o conhecimento estruturado, a diversidade e a experimentação. Entende que vale a pena enfrentar o desconhecido e correr riscos para alcançar algo maior. Expressa sua visão de mundo através da sua aparência e de suas relações. Consome conteúdo de múltiplas fontes e está sempre se perguntando "o que mais o mundo tem a me oferecer". E não tem medo de ir buscar, o que quer que seja. Não Sou Obrigada Sou independente e quero empreender Informação e educação são a chave pro futuro Busco o topo na minha carreria Estar bonita é tão importante quanto estar saudável física e mentalmente Não precisa de rótulos Vou lá e faço Adoro uma novidade
  • 59. Correspondendo ou não a uma adesão às instituições e aos códigos religiosos tradicionais, a fé e a espiritualidade fazem parte da visão de mundo das nossas mulheres Marisa. Enquanto grande parte das Guerreira, Eu? se identificam como Evangélicas ou Católicas, notamos uma porcentagem relevante de mulheres que se declaram sem religião entre o perfil Não Sou Obrigada. Isso tem relação com sua abertura às perspectivas de mundo menos tradicionais, o que pode fazer com que se vejam menos representadas nas instituições religiosas tradicionais. Este fato não representa, no entanto, uma ausência de credo. Observamos uma relação mais fluida com a espiritualidade resultando em 52%, quanto no primeiro grupo esta visão fluida é de 36%. //FÉ,ESPIRITUALIDADEEAUTOCUIDADO Evangélica Afro-Brasileira Católica Tem fé, mas sem religião Sem religião Outras 28% 3% 27% 15% 21% 6% GUERREIRA, EU? Evangélica Afro-Brasileira Católica Tem fé, mas sem religião Sem religião Outras 15% 3% 23% 22% 30% 7% NÃO SOU OBRIGADA 59 Fonte: Target Group Index Brasil - Português BR TG 2021 R1 Covid (Ago20-Mar21) v1.0 - Individuos]
  • 60. A espiritualidade, independente de religião, é algo que acompanha as mulheres há séculos. Saberes ancestrais, conexão e integração com a natureza, leitura sobre um jeito de viver em que corpo e mente se conectam são parte da atmosfera feminina. Olhar para esse dado, mesmo nos dias atuais, é interessante. Essa espiritualidade feminina se expressa culturalmente ao longo dos séculos na moda, nos símbolos, nos comportamentos, nos rituais (casamentos, batizados, bodas, velórios...), no jeito de criar, educar, na forma de liderar. Não à toa, termos como "autocuidado" e "autoconhecimento" crescem entre as buscas no Google nos últimos 5 anos, mostrando o desejo de manter corpo, mente e espírito em equilíbrio. 60
  • 61. Eu me considero uma pessoa espiritualista Quero atingir o topo mais alto em minha carreira Algum dia, eu gostaria de começar meu próprio negócio Nos dias de hoje é importante fazer várias tarefas de uma vez Não abro mão do conforto É importante seguir aprendendo coisas novas no decorrer da vida Eu me interesso em conhecer outras culturas 88% 77% 73% 75% 67% 84% 99% NÃO SOU OBRIGADA Eu me considero uma pessoa espiritualista Minha fé é realmente importante para mim As pessoas devem me aceitar da maneira que sou Algum dia, eu gostaria de começar meu negócio próprio Eu só penso em trabalho É importante respeitar as tradições e costumes Não abro mão do conforto 70% 93% 92% 72% 24% 87% 81% GUERREIRA, EU? Fonte: Target Group Index Brasil - Português BR TG 2021 R1 Covid (Ago20-Mar21) v1.0 - Individuos] 61
  • 62. Apesar dos padrões de beleza estabelecidos ainda exercerem uma grande influência entre as mulheres brasileiras, muitas passaram a buscar um relacionamento mais feliz e pleno com seus corpos, cabelos e rostos. Assim como a barriga negativa cedeu espaço para o body positivity, abrindo mais espaço para que as mulheres se amem como são, vemos outros movimentos de reafirmação identitária em plena ascensão. A busca por transição capilar, por exemplo, continua em alta constante há quase 10 anos. Cuidar de suas características particulares, muitas antes vistas como defeitos, passou a ser feito com menos julgamentos e mais carinho. //BELEZA,SAÚDEEBEM-ESTAR PROCURA POR BODY POSITIVITY NA BUSCA E NOS TWEETS Jan 2013 Jan 2014 Jan 2015 Jan 2016 Jan 2017 Jan 2018 Jan 2019 pesquisas body positivity tweets #bodypositivity Fonte: Google Internal Data BUSCAS POR TRANSIÇÃO CAPILAR NOS ÚLTIMOS 5 ANOS Fonte: Google Internal Data Ago 2015 Jul 2020 62
  • 63. Embora não aceitem ser medidas pelo padrão hegemônico de beleza, tanto as Guerreira, Eu? quanto as Não Sou Obrigada têm seu próprio padrão de exigência para com elas mesmas. Enquanto, em meios mais privilegiados, predomina uma ideia de beleza muito restrita, associada a um corpo excessivamente magro, para essas mulheres esse é um ponto de menor relevância. O cuidado com o cabelo e as unhas é algo que faz a nossa Guerreira, Eu? confortável com sua feminilidade, e ainda representa uma ilha de autocuidado em suas rotinas intensas. Já para quem está no mood da Não Sou Obrigada, a maquiagem e os cabelos são formas de marcar sua identidade e sua opinião, atuando como instrumentos de autoafirmação. 63
  • 64. Receitinhas naturais e caseiras fazem parte dos produtos que constam em sua prateleira junto com aqueles outros que ela já conhece e ama. E como em time que está ganhando não se mexe, experimentar produtos novos e mais caros só acontece depois de uma bela avaliação para saber se vale mesmo a pena. Os cuidados precisam ser práticos para se encaixarem na sua rotina super corrida, mas as unhas estão sempre feitas e o cabelo arrumado, pois sabem da importância de olharem para si mesmas e não querem causar preocupações em suas famílias. Guerreira, Eu? Eu amo o fato de não precisar gastar dinheiro pra me arrumar porque eu mesma faço meu cabelo, eu mesma faço unha, eu mesma faço minha maquiagem e sei limpar minha sobrancelha kkkkkk 1:43 PM Set 29, 2021 A gente tem menos dinheiro sim, mas isso não significa que não gostamos de nos cuidar. Nós merecemos nos amar. 6:27 PM Jul 4, 2021 //BELEZA,SAÚDEEBEM-ESTAR 64
  • 65. Roupas, maquiagens e corte de cabelo são posicionamentos a respeito da sua identidade. Adoram uma novidade, e adoram experimentar e investir em novos produtos para incluir em sua rotina - que não pode deixar de fora exercícios e autocuidado. A beleza também tem um forte gatilho emocional, sendo que a saúde mental é um assunto de muito importância para elas. Afinal, saúde e beleza andam juntas. Não Sou Obrigada Todo mundo falando que tô mais bonita nesse ano do que jamais fui. Eu não mudei de aparência. Oq mudou foi minha felicidade, saúde mental e aceitação do meu corpo. Com certeza sou mais bonita do que jamais fui e muito mais feliz também 6:27 PM Jul 4, 2021 //BELEZA,SAÚDEEBEM-ESTAR 65
  • 66. Como no movimento nacional de maior escolarização das mulheres, os desafios que a pandemia de COVID-19 impôs impulsionaram as mulheres a procurar cada vez mais por autodesenvolvimento e mentoria. Elas comprovam nos dados o quanto são ávidas por crescimento: são a maior parte do público de sites e aplicativos de cursos livres, sabem que conhecimento é poder e o desejo por aprimoramento impulsiona estas mulheres. Mas, seja em formações tradicionais ou não, entendem que as experiências e referências que as cercam as fazem especialistas da sua própria realidade. Seja a Guerreira, Eu?, que busca desempenhar seu papel da melhor forma possível, ou a Não Sou Obrigada, que busca quebrar com o status quo, elas possuem o desejo comum de performar muito bem nos espaços que escolhem como seus. //INFORMAÇÃOECONHECIMENTO 66
  • 67. Sempre frefiro empresas que se comprometem a combater desigualdades sociais, que apoiam projetos sociais e culturais As empresas deveriam ajudar os consumidores a ser responsáveis com o meio ambiente Eu aceito as pessoas como elas são, não importa sua orientação sexual Me sinto animada para realizar novos projetos de vida Mais importante que o diploma é a qualidade do que se aprende Procuro estar sempre atualizada profissionalmente 83% 78% 92% 93% 81% 90% NÃO SOU OBRIGADA Eu me preocupo muito com o problema da violência e criminalidade Os homens e as mulheres deveriam compartilhar igualmente das responsabilidades da casa Deve-se permitir que as crianças se expressem de uma maneira livre Eu me preocupo com a poluição e congestionamento causados pelos automóveis Mais importante que o diploma é a qualidade do que se aprende Reciclar é um dever de todos 93% 95% 79% 80% 90% 94% GUERREIRA, EU? Fonte: Target Group Index Brasil - Português BR TG 2021 R1 Covid (Ago20-Mar21) v1.0 - Individuos] 67
  • 68. Orientada pelo local, muito do conhecimento que adquire é compartilhado pela sua rede de apoio comunitária e familiar, carregando saberes tradicionais e tecnologias humanas passadas de geração em geração, que estão fortemente integrados a sua vivência cotidiana. Livros de autoajuda, palestras e tutoriais no youtube são seus parceiros nesse processo contínuo de aprendizagem. Guerreira, Eu? Hoje eu consertei uma parada aqui em casa e percebi que aprendi com minha mãe a cuidar da minha casa nos mínimos detalhes. E quero aprender tudo.... 3:56 PM Jun 3, 2021 //INFORMAÇÃOECONHECIMENTO 68
  • 69. De perfil mais cosmopolita, busca saberes para além da sua bolha e vislumbra outras realidades a partir de uma perspectiva global. Busca a informação onde ela está, mesmo que para isso tenha que acessar outras redes, canais, lugares e pessoas. Formações acadêmicas são grandes conquistas as quais ela almeja dar continuidade, e se dedica à alcançar novas posições em sua carreira. Podcasts, documentários, trilhas de formação e pós-graduação estão sempre no horizonte dessas mulheres. Não Sou Obrigada Eu gosto de estudar. Gosto de aprender o novo, de dominar outras técnicas. Sempre me disseram que esse lugar nunca foi pra mim, mas quem decide sou eu, e esse ano vou fazer meu curso de animação, de construção de personagens, eu sei onde quero chegar. 2:25 AM Sep 1, 2021 //INFORMAÇÃOECONHECIMENTO 69
  • 70. O modo como consomem informações também difere entre os nossos perfis. Enquanto a mulher Guerreira, Eu? costuma focar em uma tela por vez, assistindo novelas e programas da televisão aberta, vendo filmes como programa a dois ou com a família e usando a internet com moderação, a mulher Não Sou Obrigada é uma usuária constante do celular como uma segunda tela que a conecta simultaneamente enquanto assiste à TV, tanto aberta como por assinatura. Também assina canais de streaming e lê revistas, buscando estar sempre bem informada. Em comum, ambas se interessam em seu cotidiano por culinária e gastronomia, educação e beleza, consumindo muitos desses assuntos também através de reality shows ou de conteúdo produzidos por criadores nas mais diversas plataformas, redes e formatos - dos mais comuns aos mais novos. //CONTEÚDOEINTERESSES 70
  • 71. Fonte: Target Group Index Brasil - Português BR TG 2021 R1 Covid (Ago20-Mar21) v1.0 - Individuos Noticiários nacionais Receitas / culinária / gastronomia Educação / capacitação Noticiários internacionais Beleza / estética 69% 64% 58% 54% 54% Estudos acadêmicos / tecnologia 53% NÃO SOU OBRIGADA Receitas / culinária / gastronomia Beleza / estética Educação / capacitação Noticiários nacionais Celebridades / gente / sociedade 39% 29% 22% 21% 20% GUERREIRA, EU? 71
  • 72. TEMAS DE INTERESSE Família Saúde e bem estar Culinária Casa e decoração Espiritualidade / autoajuda Novelas Reality shows Sua casa é seu mundo. O que se vê nas narrativas ficcionais ou reais através das telas se torna assunto de conversas e referência de como atuar na sua própria realidade. Adora um perfil com dicas de maternidade, de cuidados com a casa, com a família e consigo mesma, e de como dedicar-se ao trabalho sem deixar de ser quem se é. Guerreira, Eu? //CONTEÚDOEINTERESSES 72
  • 73. Cidadã do mundo, hiperconectada e multitelas. Ao acordar, já pega o celular pra checar as mensagens e redes sociais. Expande seus horizontes através de programas de entrevistas, documentários e participando de rodas de conversas, debates e fóruns. Para ela, uma mulher com voz é uma mulher forte. Acompanha as tendências, os acontecimentos do mundo e seja lá em qual plataforma tiver a informação, ela está lá. Não Sou Obrigada //CONTEÚDOEINTERESSES TEMAS DE INTERESSE Saúde e bem estar (físico e mental) Beleza e autocuidado Educação financeira Carreira e empreendedorismo Empoderamento Reality shows 73
  • 74. Compreender o corre das mulheres, em todas suas nuances e diferenças, com mais profundidade é essencial para comunicar de forma efetiva. Convidá-las para a roda de conversa pode garantir saídas criativas que realmente façam sentido para elas. A diversidade é um fator fundamental para gerar identificação. Trazer para a mesa questões ainda pouco debatidas, como a relação com seus corpos, uma moda mais inclusiva (que respeite e abrace diferentes comportamentos culturais) e o etarismo, contribui para a desconstrução de paradigmas erguidos por anos. Representatividade é importante, desde que também traga todas as nuances sobre as vidas das mulheres. Inclusão é urgente. Aproximar o discurso da prática talvez seja um dos próximos passos mais importantes no contexto atual. Evidenciar a potência das mulheres e partir para a prática, tornando-se agente de mudança do status quo ao lado das suas lutas, desafios e aspirações. //3PROPOSTASPARANAVEGAR 74 1 2 3
  • 76. Olhar para as mulheres brasileiras considerando de onde vieram, como vivem e o que conquistaram é olhar para trajetórias marcadas por obstáculos e desafios que as atingem de uma maneira única por serem mulheres, e ainda assim, mostram todos os dias seu valor como indivíduos e parte da sociedade. Tanto a Guerreira, Eu? quanto a Não Sou Obrigada carregam consigo o fato de que são mulheres de atitude, empreendedoras da vida real e agentes de mudança no seu entorno. Algumas são mais conservadoras, outras mais progressistas, mas todas sabem o que querem, que lugar querem ocupar no mundo e como seguir em movimento para chegar lá. O corre faz parte da vida ambas e estão exaustas, a rede de apoio é fundamental. Submissa é um termo que não se encaixa em suas vivências. 76
  • 77. Ambas, cada uma à sua maneira, são donas de suas escolhas, têm sua própria voz e exigem serem ouvidas, aceitas e respeitadas dentro daquilo que acreditam. Seguem buscando, dia após dia, serem a melhor versão de si mesmas, seja por uma motivação de realização individual, seja por um desejo de legado às suas famílias e comunidades, não se acomodando nos papéis e realidades que lhes foram impostos e carregando consigo a determinação para alcançar seus objetivos e fazer por contra própria suas histórias. Independente do perfil, elas sabem que suas realizações não se encerram em si. São mulheres que, mais que ter sua luta romantizada, merecem reconhecimento, dignidade e direitos para viverem uma vida plena e realizada. Uma das maiores qualidades do ser humano é sua capacidade de aceitar suas contradições enquanto busca a evolução. As mulheres do Brasil nos mostram diariamente como ser nossa melhor versão, reconhecendo qualidades e defeitos e se amando da maneira que são, em toda sua profundidade, vulnerabilidade e potência. E nós, agentes de transformação do mercado, podemos e devemos nos conectar com suas histórias a partir de um lugar consciente. 54 77
  • 78. Entendemos que é preciso que as marcas entrem na conversa, assimilando os pontos de convergência do ser mulher, mas também os pontos importantes que as fazem únicas e plurais. É só aí, nesse entendimento, que podemos criar uma música uníssona e potente. Ao construir as editorias do Universo M, buscamos evidenciar quais são as pautas que interessam a estas mulheres, não somente por afinidade, mas também por necessidades. Além de conversas, essas pautas também podem ajudar as marcas que atuam junto à atmosfera feminina a criarem relacionamentos reais que partem não somente do afeto, mas também do que as afeta. Evidenciando potências que são subestimadas, queremos ser mais do que uma fonte de conteúdo: queremos ser uma plataforma de onde decolam mudanças, ideias, inspirações e, por que não, rede de apoio. E é para ecoar a este legado e suas canções de celebração e luta que estamos aqui, construindo #BemJuntas o universo de mulheres, o Universo M. Fique à vontade para entrar e fazer parte dessa transformação. Com carinho, e de mulher pra mulher, Marisa 55 54 78
  • 79. MARISA LEMME QUINTAL TATO Responsáveis: