Este documento apresenta um mapeamento das condições atuais do ensino de filosofia no Brasil, realizado a pedido da UNESCO em 2003. O texto descreve o contexto legal do ensino de filosofia no ensino médio brasileiro e fornece detalhes sobre a implementação do currículo de filosofia em cada região do país. Além disso, discute programas, métodos e materiais pedagógicos utilizados, bem como a formação de professores de filosofia.
O documento discute os desafios do ensino da sociologia no Brasil. A sociologia foi banida por décadas e sua reintrodução no ensino médio enfrentou resistências. A disciplina ainda luta por reconhecimento devido à falta de tradição, professores qualificados e recursos. Além disso, as ciências sociais ocupam posição periférica na hierarquia de saberes nas escolas.
Educação antirracista e ensino de sociologiaFabson Calixto
Este documento discute os desafios para professores de sociologia implementarem uma educação antirracista de acordo com as leis 10.639/03 e 11.684/08. Essas leis exigem uma mudança epistemológica para reconhecer a diversidade racial brasileira e ensinar a história afro-brasileira. Isso coloca tensões entre os conhecimentos tradicionais e as novas abordagens requeridas.
O documento discute o ensino de história no Brasil durante a ditadura militar de 1964 a 1985. Ele analisa como o regime interferiu no ensino da disciplina através de reformas curriculares que substituíram a história por estudos sociais e introduziram novas disciplinas como Educação Moral e Cívica. O objetivo era adequar o ensino de história aos interesses da ditadura e subordinar a população através de uma visão factual e nacionalista do passado.
REFLEXÕES SOBRE O ENSINO DE HISTÓRIA: DA DITADURA MILITAR AO LIVRO DIDÁTICO D...amiltonp
Este capítulo discute o ensino de história nas décadas de 1970 e 1980 no Brasil, período da ditadura militar. O regime ditatorial controlou ideologicamente a disciplina histórica para legitimar o golpe de 1964 e formar cidadãos obedientes. A disciplina Educação Moral e Cívica foi introduzida para inculcar valores conservadores. A história ensinada enfatizava fatos políticos e valorizava os dirigentes como modelos a serem seguidos, sem estimular o pensamento crítico. Havia uma lacuna entre a hist
História da filosofia no brasil e na américa latinaAlanMedeiros14
Esta unidade apresenta as principais escolas filosóficas presentes no Brasil do período colonial ao final do século XIX, destacando o ecletismo como a primeira corrente filosófica estruturada no país, influenciada pelo pensamento de Victor Cousin, e seus principais representantes no Brasil como Frei Francisco do Mont'Alverne.
O documento descreve a história da reforma do ensino superior no Brasil desde o período colonial até os dias atuais. Inicialmente, apenas os jesuítas ofereciam cursos superiores de filosofia e teologia. Ao longo dos séculos, o ensino superior foi se estruturando gradualmente através de cursos isolados e da criação de instituições formais. Grandes reformas ocorreram nas décadas de 1960 e 1970 durante a ditadura militar, centralizando o controle e privatizando o sistema.
1) O documento analisa a proposta de implantação da Geografia Pátria na Primeira República Brasileira feita por José Veríssimo em seu livro A Educação Nacional.
2) Apresenta breve biografia de José Veríssimo, importante intelectual brasileiro do final do século XIX.
3) Discutirá a repercussão da proposta de Veríssimo nos programas de geografia do Gymnasio Nacional entre 1892-1912.
O documento discute os desafios do ensino da sociologia no Brasil. A sociologia foi banida por décadas e sua reintrodução no ensino médio enfrentou resistências. A disciplina ainda luta por reconhecimento devido à falta de tradição, professores qualificados e recursos. Além disso, as ciências sociais ocupam posição periférica na hierarquia de saberes nas escolas.
Educação antirracista e ensino de sociologiaFabson Calixto
Este documento discute os desafios para professores de sociologia implementarem uma educação antirracista de acordo com as leis 10.639/03 e 11.684/08. Essas leis exigem uma mudança epistemológica para reconhecer a diversidade racial brasileira e ensinar a história afro-brasileira. Isso coloca tensões entre os conhecimentos tradicionais e as novas abordagens requeridas.
O documento discute o ensino de história no Brasil durante a ditadura militar de 1964 a 1985. Ele analisa como o regime interferiu no ensino da disciplina através de reformas curriculares que substituíram a história por estudos sociais e introduziram novas disciplinas como Educação Moral e Cívica. O objetivo era adequar o ensino de história aos interesses da ditadura e subordinar a população através de uma visão factual e nacionalista do passado.
REFLEXÕES SOBRE O ENSINO DE HISTÓRIA: DA DITADURA MILITAR AO LIVRO DIDÁTICO D...amiltonp
Este capítulo discute o ensino de história nas décadas de 1970 e 1980 no Brasil, período da ditadura militar. O regime ditatorial controlou ideologicamente a disciplina histórica para legitimar o golpe de 1964 e formar cidadãos obedientes. A disciplina Educação Moral e Cívica foi introduzida para inculcar valores conservadores. A história ensinada enfatizava fatos políticos e valorizava os dirigentes como modelos a serem seguidos, sem estimular o pensamento crítico. Havia uma lacuna entre a hist
História da filosofia no brasil e na américa latinaAlanMedeiros14
Esta unidade apresenta as principais escolas filosóficas presentes no Brasil do período colonial ao final do século XIX, destacando o ecletismo como a primeira corrente filosófica estruturada no país, influenciada pelo pensamento de Victor Cousin, e seus principais representantes no Brasil como Frei Francisco do Mont'Alverne.
O documento descreve a história da reforma do ensino superior no Brasil desde o período colonial até os dias atuais. Inicialmente, apenas os jesuítas ofereciam cursos superiores de filosofia e teologia. Ao longo dos séculos, o ensino superior foi se estruturando gradualmente através de cursos isolados e da criação de instituições formais. Grandes reformas ocorreram nas décadas de 1960 e 1970 durante a ditadura militar, centralizando o controle e privatizando o sistema.
1) O documento analisa a proposta de implantação da Geografia Pátria na Primeira República Brasileira feita por José Veríssimo em seu livro A Educação Nacional.
2) Apresenta breve biografia de José Veríssimo, importante intelectual brasileiro do final do século XIX.
3) Discutirá a repercussão da proposta de Veríssimo nos programas de geografia do Gymnasio Nacional entre 1892-1912.
Este documento discute a ética e a moral na sociedade. Ele explora a diferença entre moral, que são valores pré-estabelecidos, e ética, que envolve reflexão individual. O documento também discute como os valores moldam nossas ações e como pensar criticamente sobre eles é essencial para a liberdade humana.
O documento resume os principais períodos da filosofia da Idade Moderna, incluindo o Renascimento, Racionalismo e Empirismo, e Iluminismo. Ele detalha as datas, contextos históricos, problemas filosóficos, escolas e grandes filósofos de cada período, como Descartes, Locke, Voltaire e Kant.
A Idade Média dividiu-se em Patrística e Escolástica. A Patrística ocorreu entre os séculos I-VIII d.C. e a Escolástica entre os séculos VIII-XV, quando cristãos eram perseguidos e surgiu o feudalismo. Filósofos como Agostinho, Avicena e Tomás de Aquino tentaram conciliar razão e fé no encontro entre filosofia grega e cristianismo.
La presentación trata sobre los dos ejes problematizadores de la unidad 3 de la asignatura Filosofía de la Educación. El primer eje es el problema de la transmisión del conocimiento y el segundo eje es identificar los conceptos de hombre en la educación, el papel de la socialización y de la naturaleza humana. La presentación fue realizada por dos alumnas de la Universidad Pedagógica Nacional para la asignatura de Filosofía de la Educación.
O documento discute a educação em direitos humanos no Brasil. Após descrever os antecedentes históricos da Declaração Universal dos Direitos Humanos e do Holocausto, enfatiza a importância da educação formal na promoção de uma cultura de direitos humanos que leve os jovens a se tornarem cidadãos ativos e críticos. Também destaca os eixos do Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos para integrar o tema em diferentes níveis educacionais.
Este documento discute os conceitos de realidade e verdade, e como eles se relacionam com a filosofia e outros campos do saber. Apresenta várias perspectivas sobre o que constitui a realidade e a verdade, incluindo a verdade ontológica, lógica, útil, consensual e perspectivista. Argumenta que existem múltiplas verdades sobre uma única realidade e defende uma abordagem transdisciplinar e pluridisciplinar para compreender melhor os fenômenos.
O documento descreve a filosofia na Idade Média, marcada pela influência da Igreja Católica. Apresenta Agostinho como um pensador que buscou a razão para justificar suas dúvidas, ao contrário de muitos que defendiam a supremacia da fé sobre a razão. Também diferencia a Patrística, período dos Padres da Igreja, da Escolástica, marcada pelo interesse especulativo e elaboração da filosofia cristã.
O documento discute a relação entre filosofia e ciência. A filosofia não é uma ciência porque não pode ser subsumida ao conceito de ciência. A filosofia é mais originária do que a ciência, pois toda ciência está enraizada na filosofia. Para determinar como a filosofia se relaciona com a ciência, é necessário primeiro explicar o que significa o termo "ciência".
1) As disputas territoriais entre potências europeias levaram à Primeira e Segunda Guerra Mundial, deixando a Europa em ruínas. 2) O Tratado de Versalhes impôs severas penalidades à Alemanha, gerando ressentimento que Hitler explorou para chegar ao poder. 3) A Guerra Fria representou uma disputa ideológica e militar entre Estados Unidos e União Soviética que dividiu o mundo em blocos capitalista e comunista.
O documento descreve a passagem do mito para a razão na Grécia Antiga. Inicialmente, os gregos antigos usavam mitos para explicar fenômenos naturais através de deuses e heróis, mas alguns filósofos pré-socráticos começaram a questionar os mitos e buscar explicações racionais baseadas na natureza, dando origem à filosofia.
O documento discute a diferença entre ética e moral. A ética trata do que é bom e da vida boa, enquanto a moral trata do que é justo e das regras de convivência. A moral envolve noções como justiça e dever, e está relacionada ao exercício dos direitos de cada um dentro dos limites dos direitos dos outros. A ética busca justificar a moral de forma racional e orientar a vida humana.
(1) A filosofia surgiu com o objetivo de fornecer explicações racionais sobre o mundo, ao invés de explicações mitológicas. (2) Ela substituiu narrativas sobre deuses por explicações baseadas nos elementos da natureza. (3) Diferentemente dos mitos, a filosofia busca explicações lógicas, coerentes e livres de contradições.
1) O documento discute a origem da ética e filosofia moral a partir das perguntas de Sócrates aos atenienses.
2) Sócrates questionava o significado de valores como coragem e justiça, mostrando que as pessoas confundiam valores com fatos.
3) Isso levou ao nascimento da ética como reflexão filosófica sobre os valores morais e o caráter humano.
Relacoes etnicorraciais na_escola.livro_2011docRicardo Costa
Este documento discute os desafios teóricos e práticas pedagógicas relacionadas à educação étnico-racial no Brasil após a Lei 10.639/03. Apresenta experiências de instituições como o IFRJ, FAETEC e CAp-UERJ em implementar a lei através de cursos, grupos de pesquisa e projetos pedagógicos. Também reflete sobre questões como a representação da história da África e dos negros no Brasil nos currículos escolares e a importância de se reconhecer a
O documento discute a importância da História da Ciência na formação de professores de ciências. Argumenta-se que o conhecimento histórico dos conceitos científicos permite aos professores ensiná-los de forma contextualizada e coerente, evitando dogmatismos. No entanto, a maioria dos cursos de formação prioriza as disciplinas científicas em detrimento das pedagógicas e históricas. Isso forma professores mais como técnicos do que como educadores reflexivos.
REFORMAS EDUCATIVAS NO BRASIL: uma aproximação histórica Iasmin Marinho
Este documento resume uma pesquisa sobre as principais leis de reforma educacional no Brasil desde o período imperial até 1996. Ele descreve as reformas educacionais propostas durante o Império Brasileiro e a Primeira República, analisando como essas leis refletiam as ideologias educacionais dos seus respectivos períodos históricos. O documento também discute o potencial das fontes legais para o estudo da história da política educacional brasileira.
O documento discute o ensino de filosofia no ensino médio nas escolas públicas do Distrito Federal. Apresenta a história do ensino de filosofia no Brasil e no DF. Também analisa aspectos da formação e prática dos professores de filosofia e perspectivas para o ensino da disciplina. Os autores refletem sobre o encontro entre filosofia e escola e os desafios de pensar a filosofia no contexto escolar.
Este documento discute a educação científica nas escolas brasileiras. Primeiro, descreve a história dos currículos de ciências nas escolas secundárias, incluindo influências dos Estados Unidos e Europa. Segundo, analisa problemas atuais como ensino focado em fatos em vez de processos científicos e desconexão do currículo com a realidade brasileira. Por fim, defende que o ensino científico deve se basear nos princípios metodológicos e estar relacionado à tecnologia e fenômenos sócio-
A cultura escolar como categoria de análise e como campo de investigação na h...Mônica Santos
Nos últimos 30 anos, o conceito de cultura escolar vem subsidiando análises históricas da educação brasileira e assumindo importância como categoria de pesquisa. O artigo revisa definições de cultura escolar de autores como Chervel, Forquin e Julia, e discute como o conceito tem sido aplicado no Brasil para entender dimensões da realidade educacional, como práticas pedagógicas e reformas.
DDIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA O CURSO DEcn EducereSolange Soares
O estudo tem por objetivo analisar documentos oficiais e debates acadêmicos que
antecederam a promulgação da Resolução do Conselho Nacional de Educação (CNE)/
Conselho Pleno (CP) n° 01, de 15 de maio de 2006, que institui as Diretrizes Curriculares
Nacionais (DCNs) para o Curso de Pedagogia no Brasil. A seguinte problemática orientou
este trabalho: A Resolução CNE/CP n° 01/2006 é resultado de elaboração coletiva da
comunidade acadêmica ou de outorgação do poder legislativo brasileiro? O estudo realizado
tem caráter bibliográfico e para compreensão dos debates que antecederam à elaboração da
Resolução CNE/CP n° 01/2006 foi necessária a interlocução com SHIEBE e AGUIAR
(1999); SILVA (2001) que faz considerações sobre as investidas ideológicas que o curso de
Pedagogia enfrentou ao longo da história; LIBÂNEO e PIMENTA (2002); KUENZER e
RODRIGUES (2006) com dados de pesquisa que permitem identificar a categoria
epistemologia da prática na elaboração das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de
Pedagogia, pois realizaram uma crítica referente ao Parecer CNE/CP n° 05/2005 e LIBÂNEO
(2006) que faz uma crítica ao mesmo Parecer. A interlocução com esses autores e a leitura de
documentos oficiais que antecederam a elaboração das DCNs para o Curso de Pedagogia, ou
seja os Pareceres CNE/CP n° 05/2005 e n° 03/2006, proporcionaram uma leitura e análise
crítica da Resolução CNE/CP n° 01/2006 e uma reflexão sobre as políticas públicas encaradas
como lócus de disputa de poder. No caso das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso
de Pedagogia há uma disputa legisladores x academia; outorgação x discussão; os legisladores
articularam o texto de forma a delinear um modelo de educação que atenda aos interesses do
mercado mundial. A academia manifestou-se com o interesse em delinear um curso que
atenda aos interesses da população brasileira. As Diretrizes expressam também a relação
capital x trabalho.
Palavras-chave: Curso de Pedagogia no Brasil; Políticas Públicas; Relação capital x trabalho.
Este documento apresenta uma tese de doutorado que analisa a construção do debate acadêmico da Educação Física brasileira na década de 1980. O autor realiza uma etnografia do pensamento acadêmico da área durante esse período, quando houve uma proliferação de discursos científicos. Ele entrevista os principais autores e atores desse debate para compreender como suas abordagens contribuíram para a formação de uma comunidade científica da Educação Física no Brasil.
Este documento discute a ética e a moral na sociedade. Ele explora a diferença entre moral, que são valores pré-estabelecidos, e ética, que envolve reflexão individual. O documento também discute como os valores moldam nossas ações e como pensar criticamente sobre eles é essencial para a liberdade humana.
O documento resume os principais períodos da filosofia da Idade Moderna, incluindo o Renascimento, Racionalismo e Empirismo, e Iluminismo. Ele detalha as datas, contextos históricos, problemas filosóficos, escolas e grandes filósofos de cada período, como Descartes, Locke, Voltaire e Kant.
A Idade Média dividiu-se em Patrística e Escolástica. A Patrística ocorreu entre os séculos I-VIII d.C. e a Escolástica entre os séculos VIII-XV, quando cristãos eram perseguidos e surgiu o feudalismo. Filósofos como Agostinho, Avicena e Tomás de Aquino tentaram conciliar razão e fé no encontro entre filosofia grega e cristianismo.
La presentación trata sobre los dos ejes problematizadores de la unidad 3 de la asignatura Filosofía de la Educación. El primer eje es el problema de la transmisión del conocimiento y el segundo eje es identificar los conceptos de hombre en la educación, el papel de la socialización y de la naturaleza humana. La presentación fue realizada por dos alumnas de la Universidad Pedagógica Nacional para la asignatura de Filosofía de la Educación.
O documento discute a educação em direitos humanos no Brasil. Após descrever os antecedentes históricos da Declaração Universal dos Direitos Humanos e do Holocausto, enfatiza a importância da educação formal na promoção de uma cultura de direitos humanos que leve os jovens a se tornarem cidadãos ativos e críticos. Também destaca os eixos do Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos para integrar o tema em diferentes níveis educacionais.
Este documento discute os conceitos de realidade e verdade, e como eles se relacionam com a filosofia e outros campos do saber. Apresenta várias perspectivas sobre o que constitui a realidade e a verdade, incluindo a verdade ontológica, lógica, útil, consensual e perspectivista. Argumenta que existem múltiplas verdades sobre uma única realidade e defende uma abordagem transdisciplinar e pluridisciplinar para compreender melhor os fenômenos.
O documento descreve a filosofia na Idade Média, marcada pela influência da Igreja Católica. Apresenta Agostinho como um pensador que buscou a razão para justificar suas dúvidas, ao contrário de muitos que defendiam a supremacia da fé sobre a razão. Também diferencia a Patrística, período dos Padres da Igreja, da Escolástica, marcada pelo interesse especulativo e elaboração da filosofia cristã.
O documento discute a relação entre filosofia e ciência. A filosofia não é uma ciência porque não pode ser subsumida ao conceito de ciência. A filosofia é mais originária do que a ciência, pois toda ciência está enraizada na filosofia. Para determinar como a filosofia se relaciona com a ciência, é necessário primeiro explicar o que significa o termo "ciência".
1) As disputas territoriais entre potências europeias levaram à Primeira e Segunda Guerra Mundial, deixando a Europa em ruínas. 2) O Tratado de Versalhes impôs severas penalidades à Alemanha, gerando ressentimento que Hitler explorou para chegar ao poder. 3) A Guerra Fria representou uma disputa ideológica e militar entre Estados Unidos e União Soviética que dividiu o mundo em blocos capitalista e comunista.
O documento descreve a passagem do mito para a razão na Grécia Antiga. Inicialmente, os gregos antigos usavam mitos para explicar fenômenos naturais através de deuses e heróis, mas alguns filósofos pré-socráticos começaram a questionar os mitos e buscar explicações racionais baseadas na natureza, dando origem à filosofia.
O documento discute a diferença entre ética e moral. A ética trata do que é bom e da vida boa, enquanto a moral trata do que é justo e das regras de convivência. A moral envolve noções como justiça e dever, e está relacionada ao exercício dos direitos de cada um dentro dos limites dos direitos dos outros. A ética busca justificar a moral de forma racional e orientar a vida humana.
(1) A filosofia surgiu com o objetivo de fornecer explicações racionais sobre o mundo, ao invés de explicações mitológicas. (2) Ela substituiu narrativas sobre deuses por explicações baseadas nos elementos da natureza. (3) Diferentemente dos mitos, a filosofia busca explicações lógicas, coerentes e livres de contradições.
1) O documento discute a origem da ética e filosofia moral a partir das perguntas de Sócrates aos atenienses.
2) Sócrates questionava o significado de valores como coragem e justiça, mostrando que as pessoas confundiam valores com fatos.
3) Isso levou ao nascimento da ética como reflexão filosófica sobre os valores morais e o caráter humano.
Relacoes etnicorraciais na_escola.livro_2011docRicardo Costa
Este documento discute os desafios teóricos e práticas pedagógicas relacionadas à educação étnico-racial no Brasil após a Lei 10.639/03. Apresenta experiências de instituições como o IFRJ, FAETEC e CAp-UERJ em implementar a lei através de cursos, grupos de pesquisa e projetos pedagógicos. Também reflete sobre questões como a representação da história da África e dos negros no Brasil nos currículos escolares e a importância de se reconhecer a
O documento discute a importância da História da Ciência na formação de professores de ciências. Argumenta-se que o conhecimento histórico dos conceitos científicos permite aos professores ensiná-los de forma contextualizada e coerente, evitando dogmatismos. No entanto, a maioria dos cursos de formação prioriza as disciplinas científicas em detrimento das pedagógicas e históricas. Isso forma professores mais como técnicos do que como educadores reflexivos.
REFORMAS EDUCATIVAS NO BRASIL: uma aproximação histórica Iasmin Marinho
Este documento resume uma pesquisa sobre as principais leis de reforma educacional no Brasil desde o período imperial até 1996. Ele descreve as reformas educacionais propostas durante o Império Brasileiro e a Primeira República, analisando como essas leis refletiam as ideologias educacionais dos seus respectivos períodos históricos. O documento também discute o potencial das fontes legais para o estudo da história da política educacional brasileira.
O documento discute o ensino de filosofia no ensino médio nas escolas públicas do Distrito Federal. Apresenta a história do ensino de filosofia no Brasil e no DF. Também analisa aspectos da formação e prática dos professores de filosofia e perspectivas para o ensino da disciplina. Os autores refletem sobre o encontro entre filosofia e escola e os desafios de pensar a filosofia no contexto escolar.
Este documento discute a educação científica nas escolas brasileiras. Primeiro, descreve a história dos currículos de ciências nas escolas secundárias, incluindo influências dos Estados Unidos e Europa. Segundo, analisa problemas atuais como ensino focado em fatos em vez de processos científicos e desconexão do currículo com a realidade brasileira. Por fim, defende que o ensino científico deve se basear nos princípios metodológicos e estar relacionado à tecnologia e fenômenos sócio-
A cultura escolar como categoria de análise e como campo de investigação na h...Mônica Santos
Nos últimos 30 anos, o conceito de cultura escolar vem subsidiando análises históricas da educação brasileira e assumindo importância como categoria de pesquisa. O artigo revisa definições de cultura escolar de autores como Chervel, Forquin e Julia, e discute como o conceito tem sido aplicado no Brasil para entender dimensões da realidade educacional, como práticas pedagógicas e reformas.
DDIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA O CURSO DEcn EducereSolange Soares
O estudo tem por objetivo analisar documentos oficiais e debates acadêmicos que
antecederam a promulgação da Resolução do Conselho Nacional de Educação (CNE)/
Conselho Pleno (CP) n° 01, de 15 de maio de 2006, que institui as Diretrizes Curriculares
Nacionais (DCNs) para o Curso de Pedagogia no Brasil. A seguinte problemática orientou
este trabalho: A Resolução CNE/CP n° 01/2006 é resultado de elaboração coletiva da
comunidade acadêmica ou de outorgação do poder legislativo brasileiro? O estudo realizado
tem caráter bibliográfico e para compreensão dos debates que antecederam à elaboração da
Resolução CNE/CP n° 01/2006 foi necessária a interlocução com SHIEBE e AGUIAR
(1999); SILVA (2001) que faz considerações sobre as investidas ideológicas que o curso de
Pedagogia enfrentou ao longo da história; LIBÂNEO e PIMENTA (2002); KUENZER e
RODRIGUES (2006) com dados de pesquisa que permitem identificar a categoria
epistemologia da prática na elaboração das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de
Pedagogia, pois realizaram uma crítica referente ao Parecer CNE/CP n° 05/2005 e LIBÂNEO
(2006) que faz uma crítica ao mesmo Parecer. A interlocução com esses autores e a leitura de
documentos oficiais que antecederam a elaboração das DCNs para o Curso de Pedagogia, ou
seja os Pareceres CNE/CP n° 05/2005 e n° 03/2006, proporcionaram uma leitura e análise
crítica da Resolução CNE/CP n° 01/2006 e uma reflexão sobre as políticas públicas encaradas
como lócus de disputa de poder. No caso das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso
de Pedagogia há uma disputa legisladores x academia; outorgação x discussão; os legisladores
articularam o texto de forma a delinear um modelo de educação que atenda aos interesses do
mercado mundial. A academia manifestou-se com o interesse em delinear um curso que
atenda aos interesses da população brasileira. As Diretrizes expressam também a relação
capital x trabalho.
Palavras-chave: Curso de Pedagogia no Brasil; Políticas Públicas; Relação capital x trabalho.
Este documento apresenta uma tese de doutorado que analisa a construção do debate acadêmico da Educação Física brasileira na década de 1980. O autor realiza uma etnografia do pensamento acadêmico da área durante esse período, quando houve uma proliferação de discursos científicos. Ele entrevista os principais autores e atores desse debate para compreender como suas abordagens contribuíram para a formação de uma comunidade científica da Educação Física no Brasil.
A necessidade da ic para alunos de inst particularesgisa_legal
O documento discute a importância da iniciação científica para estudantes de instituições de ensino superior privadas no Brasil. Argumenta-se que a pesquisa é essencial para proporcionar aos alunos um acesso crítico ao conhecimento, em linha com a indissociabilidade constitucional entre ensino, pesquisa e extensão. A proliferação de instituições privadas sem investimento em pesquisa pode levar à formação de profissionais menos qualificados.
Este documento apresenta reflexões sobre a Didática das Ciências com base na análise de diferentes autores. Discute três tópicos principais: 1) a formação inicial de professores, destacando a necessidade de reformulações com base em pesquisas da área; 2) a relação entre pesquisa e docência, enfatizando a importância da interação entre essas esferas; 3) uma perspectiva sobre a Didática das Ciências, onde há convergências sobre seu objeto de estudo, mas também divergências sobre como abordá-lo.
Este capítulo discute a importância dos saberes disciplinares em ciências para a formação de professores. A pesquisa acompanhou atividades de formação continuada de professores e observou que: 1) discussões sobre atividades práticas permitiram que professores mobilizassem diferentes tipos de saberes; 2) professores apresentavam domínio insuficiente de conteúdos científicos, principalmente para realização de atividades práticas; 3) o domínio insuficiente de conteúdos influencia a capacidade dos professores de planejarem atividades
1. O documento descreve uma dissertação de mestrado sobre como a Reforma Universitária de 1968 foi retratada na Revista MEC. A autora analisou o contexto político e educacional da ditadura militar brasileira e as tentativas de transformar o ensino superior através da revista.
2. A autora coletou dados da Revista MEC entre 1968-1970 para entender como a reforma foi apresentada em um meio de comunicação governamental. Ela também entrevistou professores e alunos da época para obter perspectivas sobre o perí
1. O documento descreve uma dissertação de mestrado sobre como a Reforma Universitária de 1968 foi retratada na Revista MEC. A autora analisou o contexto político e educacional da ditadura militar brasileira e como a reforma foi apresentada na revista.
2. A autora coletou dados da Revista MEC entre 1968-1970 para entender como a reforma foi divulgada por um meio de comunicação governamental. Foram fotografados 47 exemplares da revista para constituir o corpus documental.
3. A dissertação tem como objet
Estrutura E Funcionamento Da Educação Volume 1 2 3 e 4Albérico Henrique
Este documento fornece um plano de disciplina para o curso "Estrutura e Funcionamento da Educação". O plano inclui quatro módulos que abordam a história da educação no Brasil, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, os profissionais da educação e os recursos financeiros, e as diretrizes curriculares nacionais. O objetivo é familiarizar os estudantes com a estrutura e legislação educacional brasileira.
1) O documento descreve a origem e desenvolvimento da pesquisa educacional no Brasil desde os anos 1930, destacando a transição da pesquisa em institutos governamentais para a universidades a partir dos anos 1970 com a criação de programas de pós-graduação.
2) A pesquisa em ensino de ciências emergiu na década de 1960 influenciada por movimentos de renovação no ensino de ciências no exterior, e iniciativas como o IBECC e a FUNBEC contribuíram para a formação de grupos de pesquisa nessa área.
FORMAÇÃO DE PROFESSORES: Uma análise acerca dos aspectos políticos e curricul...christianceapcursos
Este artigo propõe uma breve reflexão acerca dos aspectos políticos e curriculares sobre a formação docente no Brasil. Intencionou-se apresentar um paralelo acerca dos dois âmbitos de maneira a verificar como o docente está sendo preparado para o exercício de sua profissão. Acredita-se que há uma disparidade quanto à formação entre os diferentes espaços de aprendizagem, porém será verificado até que ponto essas contribuem e/ou atrapalham o fazer docente e seu posicionamento. Teve-se embasamento bibliográfico em autores da área e legislação nacional considerada, bem como a busca por ementas de instituições privadas e públicas para oferecer um estudo comparativo melhor subsidiar o parâmetro educacional contemporâneo. Entende-se que por meio desse estudo possibilitou-se uma reflexão acerca das políticas e do currículo que embasam essa formação.
Este documento resume uma pesquisa sobre a memória da educação em ciências no Brasil, com foco na pesquisa em ensino de física. Entrevistas foram realizadas com pesquisadores considerados importantes para a constituição da área. Documentos de décadas anteriores também foram analisados para contextualizar fatores que contribuíram para o desenvolvimento da pesquisa em ensino de ciências no país. Os resultados indicam a pluralidade da área e diversidade de fatores que influenciaram sua formação ao longo do tempo.
1) O documento analisa o projeto "História da Ciência e Divulgação Científica" desenvolvido com alunos do ensino médio para ensinar ciências de forma interdisciplinar.
2) O autor relata algumas atividades do projeto que podem ser usadas por professores de diferentes disciplinas e compartilha a experiência no curso de formação de professores.
3) O documento discute os desafios no ensino de ciências, como a falta de contextualização histórica e interdisciplinaridade, e a importância de abordagens como a história da ci
1. Altair A. Fávero, Filipe Ceppas, Pedro E. Gontijo, Sílvio Gallo & Walter O. Kohan
O ENSINO DA FILOSOFIA NO BRASIL:
UM MAPA DAS CONDIÇÕES ATUAIS*
ALTAIR ALBERTO FÁVERO**
FILIPE CEPPAS
PEDRO ERGNALDO GONTIJO
SÍLVIO GALLO
WALTER OMAR KOHAN
RESUMO: O presente texto é resultado de uma pesquisa desenvol-vida
no Brasil em 2003, por solicitação da UNESCO, visando a mapear
as condições do ensino de filosofia no país em seus diversos níveis,
com especial ênfase na educação média. Não se constitui, portanto,
num esforço analítico, mas oferece uma descrição, a mais detalhada
possível, das distintas condições do ensino de filosofia nas diversas re-giões
brasileiras naquele momento.
Palavras-chave: Filosofia. Ensino de filosofia. Parâmetros Curriculares
Nacionais. Ensino médio.
* Este texto foi produzido a partir das respostas a um questionário da UNESCO sobre ensino de filo-sofia.
Os autores responderam regionalmente, sob coordenação-geral de Walter Kohan. Os au-tores
agradecem a colaboração das seguintes pessoas que forneceram dados valiosos para o rela-tório:
Conceição Gislane Nóbrega Lima de Salles (doutoranda em Educação, Universidade Fe-deral
de Pernambuco, Recife); Eliza Bartolozzi (subsecretária de Educação do Espírito Santo);
Elsa Marisa Muguruza Dal Lago (mestranda em Física da Universidade Federal da Bahia e
Professora da Faculdade Batista Brasileira, Salvador, BA); Geraldo Bauduíno Horn (professor
da Universidade Federal de Paraná); Helder Buenos Aires de Carvalho (professor da Univer-sidade
Federal do Piauí); Josué Cândido da Silva (professor da Universidade Estadual de San-ta
Cruz, Ilhéus, BA); Najla Velloso Sampaio Barbosa (ex-coordenadora de Ensino Fundamen-tal
do Ministério de Educação); e Walter Matias Lima (professor da Universidade Federal de
Alagoas).
** As instituições e e-mails dos respectivos autores são: Universidade de Passo Fundo (UPF)
(favero@upf.tche.br); Universidade do Estado do Rio de Janeiro (EURJ) (filcepps@terra.com.br);
Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (SEE-DF) (pedroegontijo@uol.com.br); Uni-versidade
Estadual de Campinas (UNICAMP) (gallo@unicamp.br); Universidade do Estado do Rio
de Janeiro (EURJ) (walterk@uerj.br)
Cad. Cedes, Campinas, vol. 24, n. 64, p. 257-284, set./dez. 2004 257
Disponível em <http://www.cedes.unicamp.br>
2. O ensino da filosofia no Brasil: um mapa das condições atuais
THE TEACHING OF PHILOSOPHY IN BRAZIL:
A MAP OF THE CONTEMPORARY SITUATION
ABSTRACT: This article results from a research developed in Brazil
in the year 2003, in accordance with the request of UNESCO, aiming
at outlining the conditions of philosophy teaching in this country,
in their variegated levels, with special emphasis in high school.
Therefore, the article does not constitute an analytical effort but of-fers
a description in the most detailed way of the diverse conditions
of the teaching of philosophy in different Brazilian regions in this
moment
Key words: Philosophy. Teaching philosophy. National Curricular
Parameters. High school.
ste texto foi escrito a partir de uma coleta de dados norteada por
um questionário da UNESCSO, destinado a mapear o ensino de filo-sofia
em cada país, em especial, na educação média, além de avaliar
o impacto que o programa “Olimpíadas de Filosofia”, patrocinado por
aquele órgão, exerce sobre esse ensino. Embora no Brasil ainda não realize-mos
as “Olimpíadas”, o levantamento destes dados, apesar de trabalhoso e
em muitos momentos dificultado por problemas estruturais e de registro,
deu-nos condições de, pela primeira vez nas últimas décadas, produzir um
mapa, o mais completo possível, sobre o ensino da filosofia no ensino mé-dio
no Brasil.
Isso é o que nos anima a trazê-lo a público, na forma de artigo. Que
o leitor não espere encontrar aqui análises aprofundadas sobre a questão;
longe disso, nossa intenção é a de apresentar os dados coletados – certa-mente
parciais e incompletos – da forma mais clara possível, fazendo ape-nas
alguns ensaios crítico-analíticos.
O texto que segue está organizado em três partes. A primeira trata
das disciplinas de filosofia nos espaços curriculares do ensino médio anali-sando,
para tanto, o contexto legal e as mudanças introduzidas pela Lei n.
9.394/96, bem como a trajetória da discussão em torno do projeto de lei
complementar que previa a substituição do artigo 36 da LDB; em seguida
apresenta um mapa detalhado do funcionamento dos cursos de filosofia
em cada região do Brasil; a filosofia nos demais níveis de ensino (funda-mental
e superior); e, por fim, um balanço da atual configuração do ensi-no
de filosofia no ensino médio. A segunda parte trata dos programas, mé-
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3. Altair A. Fávero, Filipe Ceppas, Pedro E. Gontijo, Sílvio Gallo & Walter O. Kohan
todos e materiais de apoio utilizados no ensino de filosofia no ensino mé-dio.
A terceira parte passa em revista a formação dos professores de filoso-fia
e o exercício profissional.
Depois das referências bibliográficas, como Apêndice ao artigo,
apresentamos uma lista das diversas associações regionais que estão volta-das
para o apoio ao ensino da filosofia, nos mais diversos aspectos.
I. As disciplinas de filosofia nos espaços curriculares do ensino médio
1. Contexto legal e mudanças recentes
Como sabemos, o artigo 36 da Lei de Diretrizes e Bases da Educa-ção
Nacional (Lei n. 9.394/96),1 determina que, ao final do ensino mé-dio,
todo estudante deverá “dominar os conhecimentos de filosofia e de
sociologia necessários ao exercício da cidadania”. Este foi um avanço signi-ficativo
para a presença da filosofia nesse nível de ensino, uma vez que em
1961 (com a Lei n. 4.024/61), a filosofia deixa de ser obrigatória e, a par-tir
de 1971 (com a Lei n. 5.692/71), época do regime militar, ela pratica-mente
desaparece das escolas.
Com as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio
(Resolução CEB/CNE n. 3/98), aprovadas pelo Conselho Nacional de
Educação em 1998, e os PCNEM (de 1999), os responsáveis oficiais pela
política educacional do período – ministro, membros da Secretaria de
Educação Média e Tecnológica (SEMTEC) e pareceristas do Conselho Na-cional
de Educação (CNE) – procuraram caracterizar os conhecimentos
filosóficos a serem trabalhados nas escolas como temas transversais. Em-bora
os documentos não excluam o ensino disciplinar, a presença trans-versal
nos currículos garantiria, em tese, o cumprimento da LDB quanto
à necessidade de domínio de conhecimentos de filosofia, sem a necessi-dade
de uma disciplina específica.
Dentre os argumentos mais utilizados para defender o ensino trans-versal
da filosofia, em oposição a um ensino disciplinar, três são recorren-tes.
O primeiro diz respeito à precariedade da formação de professores de
filosofia para o ensino médio em âmbito nacional. Embora existam cursos
de licenciatura em filosofia na grande maioria dos estados, ainda há, de
fato, muito o que aprimorar na busca de uma formação qualificada dos pro-fessores,
mesmo nos estados com melhores índices econômicos e educacio-
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4. O ensino da filosofia no Brasil: um mapa das condições atuais
nais. Permanece, entretanto, a controvérsia em torno da pertinência da
adoção do ensino disciplinar. Quem a defende considera que a medida
pode ser indutora de processos de melhoria da formação docente; quem a
critica, enfatiza a suposta irresponsabilidade que significaria, de imediato,
colocar em sala de aula um grande número de professores aparentemente
despreparados para a função. Outro argumento, fortemente vinculado ao
primeiro, diz respeito aos problemas que a obrigatoriedade da disciplina
em nível nacional poderia trazer aos estados e seus sistemas de ensino, em
especial em termos de investimentos. Por fim, há os que se posicionam
contrariamente à inserção da disciplina por criticarem o modelo discipli-nar
de escola. Estes defendem que a inserção de mais uma disciplina esco-lar
é uma medida infeliz, particularmente no caso da filosofia. A partir des-se
ponto de vista, se a filosofia deve ser um exercício de pensamento crítico,
ou lúdico, ou que vise à autonomia etc., transformá-la em “matéria esco-lar”
seria sujeitá-la aos rituais e tratamentos pedagógicos que os estudantes
costumam identificar, precisamente, como o oposto da crítica, do prazer,
da autonomia etc.
Por cerca de três anos tramitou na Câmara e no Senado Federal um
projeto de lei complementar que substituía o citado artigo 36 da LDB, ins-tituindo
a obrigatoriedade das disciplinas Filosofia e Sociologia nos currí-culos
do ensino médio. Após aprovação nestas duas instâncias do Poder
Legislativo Federal, o projeto foi vetado em outubro de 2001 pelo então
presidente Fernando Henrique Cardoso. Os argumentos que sustentaram
o veto foram basicamente dois, já mencionados: a) a inclusão das discipli-nas
de Filosofia e Sociologia implicaria incremento orçamentário impossí-vel
de ser arcado pelos estados e municípios; b) não haveria suficientes pro-fessores
formados para fazer frente às novas exigências da obrigatoriedade
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da disciplina.
Diante destas razões, tem-se argumentado que ambas são falaciosas:
a) a inclusão das novas disciplinas não implica necessariamente aumento
orçamentário, uma vez que o que está em jogo é um remanejamento da
carga horária curricular e não seu aumento; b) existe um número signifi-cativo
de pessoas já formadas e a presença disciplinar da filosofia na grade
curricular tenderia a aumentar o interesse das pessoas e das instituições por
uma formação adequada.
Além disso, um dos argumentos mais importantes do movimento
em favor da inserção da filosofia como disciplina no currículo é a suposi-
5. Altair A. Fávero, Filipe Ceppas, Pedro E. Gontijo, Sílvio Gallo & Walter O. Kohan
ção de que somente o ensino disciplinar garantiria uma introdução ver-dadeiramente
consistente e sistemática dos jovens no âmbito da reflexão
filosófica; ainda mais se levadas em conta as próprias objeções daqueles
que defendem um ensino transversal, a saber: a precariedade da forma-ção
dos professores e as limitações financeiras dos estados. Em uma esco-la
ainda fortemente disciplinar, relegar a filosofia à transversalidade ten-deria
não apenas a diluir a especificidade da filosofia em meio aos estudos
“que realmente contam no currículo” como também aprofundar a situa-ção
de precariedade que se imputa aos professores de filosofia no país, na
medida em que poderia servir para reforçar a dispensa de contratação,
por parte dos estados, de profissionais especializados para a função.
Baseados nesses argumentos, os que defendem a presença discipli-nar
da filosofia continuam batalhando. Em 24 de junho de 2003, teve
lugar uma audiência pública sobre a volta da filosofia e da sociologia ao
currículo do ensino médio, realizada pela Comissão de Educação, Cultura
e Desporto da Câmara dos Deputados, com a presença de Sr. Antônio
Ibañez Ruiz (secretário de Educação Média e Tecnológica do Ministério
da Educação – SEMTEC); Sr. Antônio Prado (presidente da Federação Naci-onal
dos Sociólogos); e Sr. Igor Bruno de Freitas Pereira (presidente da
União Brasileira dos Estudantes Secundaristas – UBES). Tramita, ainda, no
Congresso Nacional, um projeto de lei com as mesmas características do
anteriormente vetado, com apoio do atual Ministério da Educação. Confi-ram-
se alguns dos argumentos apresentados na justificativa do citado pro-jeto
de lei, atualmente tramitando na Câmara dos Deputados, que faz re-ferência
à Declaração de Paris pela Filosofia (Brasil, 2003, p. 2-3):
A inclusão da Filosofia e da Sociologia no currículo do Ensino Médio é
uma medida necessária para a consolidação dos objetivos e finalidades da
educação básica. Tal medida fundamenta-se no entendimento de que a
Filosofia e a Sociologia possuem estatutos próprios e, enquanto discipli-nas,
são análogas a qualquer outra, com saberes, corpo teórico, lógicas in-ternas,
técnicas e terminologias específicos. Delas, os alunos têm muito
que aprender e assimilar. A defesa da inclusão da Filosofia e da Sociolo-gia
no currículo não é recente. E, da mesma forma que se evidencia o es-cândalo
teórico e político da sua retirada do núcleo comum do currícu-lo
(recorde-se a Lei n. 5.692, de agosto de l971, que tenta, de forma ile-gítima,
substituir a Filosofia e a Sociologia introduzindo, respectivamen-te,
as disciplinas de Educação Moral e Cívica e Organização Social e Po-lítica
do Brasil), também se percebe a correlação de seu ensino com o
avanço do processo democrático, tornando-se imperativo restaurar um
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6. O ensino da filosofia no Brasil: um mapa das condições atuais
pensamento crítico em educação. Compreende-se que seja assim, pois não
há propriamente ofício filosófico (nem sociológico, mutatis mutandis) sem
sujeitos democráticos e não há como atuar no campo político e cultural, con-solidar
a democracia, quando se perde o direito de pensar, a capacidade de
discernimento, o uso autônomo da razão. Quem pensa opõe resistência.
Mais à frente:
A presença da Filosofia e da Sociologia no currículo poderá contribuir para
a ressignificação da experiência do aluno, tanto de seu posicionamento e
intervenção no meio social, enquanto futuro construtor do processo his-tórico,
como de leitura e constituição de um olhar mais consistente sobre
a realidade. Esses planos se entrelaçam e voltam-se ao sujeito da aprendi-zagem,
podendo ampliar sua visão de mundo, enriquecer sua existência,
renovar seus projetos, tecer sua sociabilidade, fazer sentir sua liberdade.
Em resumo, a presença disciplinar da filosofia no ensino médio fica,
na prática, a critério de cada estado da Federação. Em vários estados houve
mudanças recentes. A partir de 1979, com a progressiva redemocratização
do país, vários estados passaram a adotar a filosofia como disciplina no en-sino
médio da rede pública, por meio de leis estaduais ou recomendações
das secretarias estaduais de educação. Com a nova legislação de finais dos
anos de 1990, alguns estados passaram a adotar os PCNEM como orientação
para o ensino nas escolas. Em alguns casos, há indícios de uma defesa da
transversalidade; noutros, pode-se identificar, ao contrário, o início de um
processo em direção à adoção da filosofia como disciplina.
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2. Um mapa algo mais detalhado
A duração dos cursos de filosofia é, na maioria dos estados, de um
ano ao longo do ensino médio. Há a indicação de duas unidades da Fe-deração
(Distrito Federal e Mato Grosso do Sul) que mantêm a filosofia
como disciplina nos três anos do ensino médio com carga horária de duas
horas semanais. Em alguns estados (como Espírito Santo, Mato Grosso,
Paraíba e Pará), há indicativos de uma progressiva expansão do ensino
para duas ou três séries. Não há informações precisas sobre o tipo de tra-balho
realizado com base na proposta de transversalidade dos PCN, seja
no ensino fundamental, seja no médio, e, portanto, não é possível deter-minar
sua duração. Pode-se discriminar do seguinte modo a duração dos
cursos de filosofia no ensino médio:
7. Altair A. Fávero, Filipe Ceppas, Pedro E. Gontijo, Sílvio Gallo & Walter O. Kohan
• Unidades da Federação que adotam a disciplina, em toda a
rede pública, com ao menos duas horas semanais durante mais
de um ano/série: 2 (Distrito Federal e Mato Grosso do Sul).
• Estados que adotam a disciplina, em toda a rede pública, com ao
menos duas horas semanais durante um ano/série: 13 (Acre,
Alagoas, Amazonas, Bahia, Goiás, Maranhão, Pará, Piauí, Rio
de Janeiro, Roraima, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins).
• Estados que adotam a disciplina de modo opcional na rede pú-blica,
com ao menos duas horas semanais: 7 (Espírito Santo,
Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio
Grande do Sul e Minas Gerais). Nesses estados, a carga ho-rária
varia muito. Em Pernambuco, por exemplo, algumas
escolas que oferecem a disciplina o fazem, geralmente, no
primeiro ano, com duas horas semanais, ao passo que ou-tras
oferecem a disciplina também no 2º ano.
Embora não seja possível descrever a situação de todos os esta-dos,
vale indicar casos significativos, acompanhando as tendências re-gionais:
Centro-Oeste
No Distrito Federal, por resolução da Secretaria de Educação, a
filosofia é oferecida como disciplina nas três séries do ensino médio, des-de
2000, com duas horas semanais. Existem cerca de 80 escolas públi-cas
com ensino médio e aproximadamente 100 mil alunos. Na rede pri-vada,
não são todas as escolas que oferecem filosofia.
Em Goiás, o ensino de filosofia é obrigatório em duas séries do
ensino médio.
Em Mato Grosso, a filosofia é componente curricular juntamente
com a sociologia desde 1998, porém não há uma determinação quanto
a sua presença em um ou mais anos do ensino médio, nem quanto à
carga horária semanal da disciplina. As escolas devem seguir os Parâ-metros
Curriculares Nacionais. Geralmente segue-se uma abordagem
histórica.
Em Mato Grosso do Sul, o ensino de filosofia atualmente ocorre
em duas aulas semanais nos três anos do ensino médio, juntamente com o
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8. O ensino da filosofia no Brasil: um mapa das condições atuais
ensino de sociologia em uma disciplina denominada Ciências Sociais. A
divisão de conteúdos está de acordo com o período histórico (Antiguidade
Clássica, Idade Média, Idade Moderna, Contemporânea).
Nordeste
Na Bahia, apesar de o ensino de filosofia ser opcional, a maioria das
escolas oferece a disciplina no 1º ano, com uma aula por semana. De 1996
a 1999, a filosofia era ensinada em duas aulas por semana. Com a reforma
de 1999, que diminuiu o número de aulas diárias de cinco para quatro no
período noturno, a filosofia passou a ser oferecida com uma aula por sema-na.
Em muitas escolas, o mesmo aconteceu também no período diurno.
No Piauí, em 1999, a disciplina foi inserida no ensino médio, por
orientação do Conselho Estadual de Educação (SEED/PI). A partir de 2000,
a disciplina passou a constar como disciplina obrigatória na matriz curricular
do ensino médio das escolas públicas estaduais, na 1ª série, com duas aulas
por semana. Em Teresina, desde 1986 muitas escolas particulares também
oferecem a disciplina Filosofia. Em pesquisa realizada no ano de 2000, o
Núcleo de Estudos sobre o Ensino de Filosofia (NEFI), de Teresina, constatou
um universo aproximado de 30 a 40 escolas particulares que adotam a disci-plina,
num universo total de 250 escolas particulares (Carvalho & Cabral,
2003). Um projeto de lei do vereador Anselmo Dias foi aprovado por una-nimidade
na Câmara Municipal de Teresina, estabelecendo a obrigatoriedade
do ensino de filosofia no nível fundamental. O projeto foi vetado, em 1999,
pelo prefeito, que alegou implicações de ordem econômica.
Em Alagoas, a filosofia foi introduzida como disciplina obrigatória
em duas séries do ensino médio, mas aguarda regulamentação de carga ho-rária
e conteúdo programático. Nos estados do Maranhão, Sergipe e
Tocantins, a disciplina é oferecida em ao menos um ano do ensino médio,
sendo que, no Tocantins, ela é oferecida em conjunto com sociologia, em
uma única disciplina. Nos estados da Paraíba, Pernambuco e Rio Grande
do Norte, a disciplina é opcional.
Norte
No Acre, a disciplina Filosofia é oferecida no ensino médio, e perfaz
120 horas ao ano. No Amazonas, a filosofia faz parte, desde a década de
1980, do núcleo de disciplinas diversificadas e é oferecida no 3º ano, per-
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9. Altair A. Fávero, Filipe Ceppas, Pedro E. Gontijo, Sílvio Gallo & Walter O. Kohan
fazendo um total de 80 horas por ano. No estado do Pará, a disciplina é
oferecida em toda a rede pública na 1ª série do ensino médio. Em Roraima,
a disciplina também faz parte do núcleo de disciplinas diversificadas, e é
oferecida no 2º ano do ensino médio, perfazendo 40 horas/ano.
Sudeste
Em Minas Gerais, a Constituição Estadual de 1989, em seu artigo
195, determina o ensino de filosofia e de sociologia no ensino médio, mas
o artigo não foi regulamentado e tem permitido interpretações diversas por
parte do Conselho Estadual de Educação (CEE). Entre 1989 e 1995, a fi-losofia
foi ensinada em toda a rede pública, em uma das séries, com carga
horária variável de escola para escola. Após a aprovação da LDB, em 1996,
as escolas vêm reduzindo a carga horária dessa disciplina e muitas a retira-ram
do currículo. A não-regulamentação do artigo 195 da Constituição
Estadual tem permitido às escolas públicas e particulares de ensino médio
não oferecerem a disciplina, adotando projetos, temas transversais ou tra-balho
interdisciplinar. Na região de Uberlândia, a maioria das escolas de
ensino médio, tanto públicas quanto privadas, conta com a disciplina de
Filosofia durante pelo menos um ano, posto que há dez anos a Universida-de
Federal de Uberlândia incluiu a prova de filosofia em seus exames vesti-bulares,
para ingresso nos cursos daquela instituição.
No Rio de Janeiro, a Câmara de Ensino de 2º Grau aprovou, em
31 de janeiro de 1980, o Parecer n. 49/80 que incluía a filosofia na rede
pública e privada do estado. Na rede pública, segundo resolução estadual
de 2000 (Resolução SEE n. 2.284/2000), a filosofia ocuparia duas horas
semanais no 1º ano e uma hora semanal no 2º ano dos cursos diurnos; e
duas horas semanais nos 1º e 2º anos dos cursos noturnos. Mas, de fato, a
disciplina ocupa somente duas horas semanais no 1º ano em todos os tur-nos
e a situação dos professores é precária, como em várias partes do país,
sendo vários deles formados em outras habilitações que não filosofia, des-locados
para ministrar a disciplina via “gratificação por lotação prioritária”
(GLP). Já o Colégio Pedro II,2 que atende a cerca de 15 mil estudantes da
cidade do Rio de Janeiro (nos níveis fundamental e médio), oferece a dis-ciplina
com duas horas semanais nas 1º e 2º séries do ensino médio, além
de disciplinas filosóficas eletivas.
No Estado de São Paulo, a filosofia foi ensinada entre 1985 e 1996
como disciplina opcional: a direção da escola deveria optar por duas discipli-
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10. O ensino da filosofia no Brasil: um mapa das condições atuais
nas, entre filosofia, psicologia e sociologia. Após 1997, com a LDB, a
obrigatoriedade desta opção caiu, posto que a Secretaria Estadual de Educa-ção
compreende que o trabalho interdisciplinar e/ou transversal dá conta das
prerrogativas da LDB. À semelhança do quadro no nível federal, um projeto
de lei aprovado na Assembléia Legislativa que tornava filosofia e sociologia
obrigatórias foi vetado pelo governador do estado em 2002. Hoje, muitas
escolas públicas e privadas oferecem a disciplina Filosofia no ensino médio,
com diferentes cargas horárias, predominando aquelas que oferecem a disci-plina
com duas horas-aula, em uma das séries desse nível de ensino. Tam-bém
na educação fundamental há diversas escolas que oferecem filosofia, aqui
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com predomínio das particulares.
Sul
No Rio Grande do Sul e no Paraná, a disciplina é opcional. No
Paraná, há um projeto de lei que determina a obrigatoriedade da filosofia
e da sociologia no ensino médio, de autoria do deputado Ângelo Vanhoni,
em tramitação na Assembléia Legislativa. Várias escolas particulares de en-sino
fundamental oferecem a disciplina Filosofia nesse estado. No Rio
Grande do Sul, o deputado Giovani Cherini possui um projeto de lei para
tornar a disciplina obrigatória, mas este ainda não foi submetido a uma
votação na Assembléia Legislativa estadual.
O Estado de Santa Catarina colocou a filosofia como disciplina obri-gatória
em ao menos um ano do ensino médio, por meio da aprovação,
pela Assembléia Legislativa estadual, de um projeto de lei proposto pelo
deputado Pedro Uczai.
3. A filosofia nos demais níveis de ensino
Como complemento necessário à situação da filosofia no nível mé-dio,
vale indicar algumas características bem gerais da inserção da filosofia
nos demais níveis de ensino.
Ensinos infantil e fundamental
Desde 1985, com a chegada ao Brasil do programa de “Filosofia
para Crianças”, criado por Mathew Lipman,3 algumas escolas – em sua
11. Altair A. Fávero, Filipe Ceppas, Pedro E. Gontijo, Sílvio Gallo & Walter O. Kohan
maioria particulares – adotam a filosofia como disciplina em seus currícu-los
do ensino fundamental. No ensino infantil há experiências sistemáticas
com a filosofia pelo menos desde 1995. Recentemente, alguns poucos mu-nicípios,
particularmente na Bahia (Ilhéus, Una, Itabuna) e no Mato Gros-so
(Cuiabá), estabelecem a obrigatoriedade do ensino de filosofia na rede
pública no nível fundamental. Há também universidades e escolas que de-senvolvem
pesquisas e metodologias próprias para o ensino de filosofia nos
níveis infantil e fundamental.4
De modo geral, no ensino fundamental há registros de escolas pri-vadas
trabalhando com filosofia em quase todos os estados e das públicas
em alguns deles (Distrito Federal, Rio de Janeiro, Mato Grosso, São Pau-lo,
Bahia). Por exemplo, em Itabuna, quarta maior cidade da Bahia, há
filosofia no ensino fundamental, de 5ª à 8ª série, em todas as escolas do
município.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental
(PCNEF), publicados em 1998, prevêem a adoção de temas transversais nes-se
nível de ensino, notadamente nas áreas de ética e cidadania. Também os
Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM), de 1999,
prevêem que conteúdos de filosofia devam ser trabalhados na forma de te-mas
transversais, embora, nestes, a filosofia apareça como uma disciplina
da área de “Ciências Humanas e Suas Tecnologias”. Estas disposições espe-cificam
o que já a LDB havia determinado (Seção IV, artigo 36, parágrafo
1º): que os estudantes, ao final do ensino médio, demonstrem “dominar
os conhecimentos de filosofia e de sociologia necessários ao exercício da ci-dadania”.
Por vezes, as noções de transversalidade e interdisciplinaridade são
tratadas como sinônimas, embora se possa ter transversalidade sem que haja
interdisciplinaridade, em algum sentido mais interessante que a mera coe-xistência
de conteúdos de áreas diferentes ou afins. Todavia, os PCNEM tam-bém
apresentam propostas de ensino interdisciplinar para as áreas comuns.
No caso da filosofia, a área engloba, ainda, história, geografia, sociologia,
antropologia e política. Ainda não há dados concretos para avaliar a efe-tivação
ou não de programas adotados a partir da promulgação da LDB e
da edição dos PCN, muito menos seu alcance até o momento. Inspiradas
ou não na legislação, existem algumas experiências em escolas isoladas que
envolvem a interdisciplinaridade, sobretudo no nível da educação funda-mental,
principalmente com os temas transversais de ética e cidadania.
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12. O ensino da filosofia no Brasil: um mapa das condições atuais
Nível superior
No nível superior, distribuídos por todas as unidades da Federação,
existem ao menos 56 cursos de filosofia nas universidades, públicas e parti-culares,
incluindo bacharelado e licenciatura.5 Por meio de disciplinas como
“Introdução à Filosofia”, “Lógica” ou mesmo “Metodologia Científica” (esta
última freqüentemente a cargo dos departamentos de filosofia), a filosofia é
matéria comum do “ciclo básico” da maioria das universidades, isto é, com-põe
disciplinas que são oferecidas a todos os cursos universitários. Há, ainda,
em muitos departamentos de educação, a disciplina “Filosofia da Educação”
(e/ou outras similares) para todos os estudantes dos diversos cursos de licen-ciatura.
6 Nos Institutos Superiores de Formação para o Magistério, encon-tramos
a presença regular da disciplina “Filosofia da Educação” e a presença
eventual de outras disciplinas como “Introdução à Filosofia” ou “Lógica”.
Em nível de pós-graduação, existem programas consolidados de
mestrado e doutorado em filosofia, a maioria concentrada nas regiões Sul e
Sudeste. Há também programas de especialização em diversas universida-des
do país, alguns deles específicos sobre o ensino de filosofia.7
4. Notas para um balanço deste espaço
Concluindo este tópico, queremos apresentar um balanço geral, ava-liando
os pontos positivos e os inconvenientes da atual configuração do ensi-no
da filosofia no ensino médio brasileiro. Infelizmente, em razão da ausên-cia
de dados confiáveis sobre a situação na maioria dos estados, é quase
impossível determinar com segurança as vantagens e desvantagens nas dife-rentes
configurações institucionais e curriculares do ensino de filosofia. En-tretanto,
professores do ensino médio e pesquisadores de todo o país vêm se
organizando e participando de eventos comuns, o que já constitui um gran-de
avanço em um país de dimensões continentais como o Brasil. Muitos de-les,
em meio aos obstáculos e às críticas, trazem relatos e análises por vezes
otimistas do alcance do ensino de filosofia em suas localidades. No caso dos
estados que não adotam a disciplina como parte do currículo, a indicação de
trabalho com temas filosóficos por meio de temas transversais não parece ter
gerado, até o presente momento, qualquer resultado significativo.
Os inconvenientes da atual organização institucional são muitos e gra-ves,
sobretudo no ensino médio dos estados que não possuem a disciplina
em seus currículos. Com a filosofia ausente do currículo, dificilmente o esta-
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13. Altair A. Fávero, Filipe Ceppas, Pedro E. Gontijo, Sílvio Gallo & Walter O. Kohan
do ou o município abrem concurso para contratar um professor dessa área.
Assim, o trabalho com temas filosóficos, como a ética, por exemplo, acaba
ficando como prerrogativa de professores de outras áreas e disciplinas, na
maioria das vezes despreparados para trabalhar com filosofia. O resultado é
que não se efetiva, na prática, um ensino filosófico. No contexto da presença
da filosofia no currículo, a situação também é crítica. São raríssimos os con-cursos
para a contratação de professores de filosofia, o que revela a desvalori-zação,
na prática, do ensino de filosofia diante das outras disciplinas, a des-peito
da legislação. Dentre aqueles que estão no sistema, existe um enorme
contingente de professores de filosofia sem formação em filosofia. A remune-ração
dos professores da rede pública já é, de modo geral, notadamente bai-xa,
incompatível com a responsabilidade e o esforço exigidos pela profissão.
A pequena carga horária da filosofia, via de regra, apenas dois tempos por
semana, prejudica ainda mais o professor. Por fim, a filosofia no ensino mé-dio
sofre, por tabela, a pressão exercida pelo exame de acesso ao ensino supe-rior,
o vestibular, que coloca um peso muito grande nas matérias “tradicio-nais”,
constrangendo os interesses e a atenção das escolas, dos professores e
estudantes e, muitas vezes, transformando a filosofia numa disciplina orna-mental.
No caso do ensino fundamental, a multiplicação das tentativas de
inserção da filosofia como espaço de reflexão acessível, também, às crianças
e, principalmente, a abertura para a diversidade dessas iniciativas parecem
contar, em si mesmas, como fato positivo. No ensino superior, há a conso-lidação
de programas e linhas de pesquisa, acompanhada de uma crescen-te
profissionalização. Aspectos positivos desse processo são: o maior
pluralismo e a superação de configurações conceituais por demais esquemá-ticas
ou doutrinárias; crescimento significativo da produção filosófica naci-onal
de qualidade, assim como de traduções; e uma possível maior abertu-ra
da filosofia para a interlocução com âmbitos da sociedade e da cultura
antes ignorados ou desvalorizados, como a própria dimensão do ensino de
filosofia na educação básica, que, em grande medida, permanece em se-gundo
plano.
II. Programas, métodos e materiais de apoio utilizados no ensino da
filosofia em nível médio
Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio
(PCNEM) não são programas oficiais obrigatórios, mas sugestões de orga-
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14. O ensino da filosofia no Brasil: um mapa das condições atuais
nização curricular visando a atender certas prerrogativas legais. No caso da
filosofia, seus conteúdos estão previstos nos chamados “temas transversais”,
que devem atravessar os conteúdos das disciplinas e áreas curriculares. No
caso do ensino fundamental, o tema transversal de ética está previsto para
os 3º e 4º ciclos (5ª e 6ª séries e 7ª e 8ª séries). No caso do ensino médio,
também se prevê a inclusão da ética como tema transversal.
Os PCNEM prevêem a filosofia como disciplina, no contexto da gran-de
área Ciências Humanas e suas Tecnologias, e o texto elaborado pelos
autores responsáveis pela área de filosofia é reputado como de boa qualida-de.
Como se trata de uma proposta baseada no conceito de competências
(do debate, da argumentação, da leitura e da escrita etc.), o texto não
elenca conteúdos e objetivos específicos a serem trabalhados. Como ilus-tração,
reproduzimos, a seguir, as “competências e habilidades a serem de-senvolvidas
em filosofia”, segundo os PCNEM:
Representação e comunicação: ler textos filosóficos de modo significativo;
ler, de modo filosófico, textos de diferentes estruturas e registros; elabo-rar
por escrito o que foi apropriado de modo reflexivo; debater, toman-do
uma posição, defendendo-a argumentativamente e mudando de po-sição
em face de argumentos mais consistentes.
Investigação e compreensão: articular conhecimentos filosóficos e diferen-tes
conteúdos e modos discursivos nas Ciências Naturais e Humanas, nas
Artes e em outras produções culturais.
Contextualização sociocultural: contextualizar conhecimentos filosóficos,
tanto no plano de sua origem específica quanto em outros planos: o pes-soal-
biográfico; o entorno sociopolítico, histórico e cultural; o horizonte
da sociedade científico-tecnológica. (Brasil, 1999, p. 125)
Não é possível determinar com precisão os domínios ou campos
mais trabalhados no ensino de filosofia no nível médio, dada a inexistência
de um programa oficialmente definido e de pesquisas, em nível nacional, a
esse respeito. A partir de nosso levantamento, podemos dizer que os temas
mais presentes nos programas preparados pelos professores são: cultura ge-ral;
filosofia antiga (em especial, o surgimento da filosofia); ética; história
da filosofia; teoria do conhecimento; e política. Das discussões em nível
nacional e dos trabalhos apresentados em encontros ou publicados, pode-se
inferir que a filosofia no ensino médio se resume, na maioria dos casos, a
debates em torno de temas atuais, com o auxílio de referências filosóficas,
o que ajuda a especificar o que se está entendendo por “cultura geral”.8
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15. Altair A. Fávero, Filipe Ceppas, Pedro E. Gontijo, Sílvio Gallo & Walter O. Kohan
A partir de depoimentos de professores de vários estados, pode-se
dizer que os filósofos mais comumente trabalhados pelos professores em
seus programas de ensino são: Sócrates, Platão, Aristóteles, Descartes,
Sartre, Kant e Marx. No ensino fundamental e no ensino médio, em ge-ral,
não se faz referência a filósofos brasileiros ou mesmo latino-america-nos.
No ensino superior, tampouco essa área é muito explorada. Já houve
centros de estudos de filosofia brasileira no Espírito Santo, em Londrina,
no Paraná e no Rio de Janeiro, mas que se encontram hoje desativados.
Alguns cursos superiores de filosofia incluem disciplinas de Filosofia no
Brasil e/ou Filosofia Latino-americana; nesses casos, predominam Vicente
Ferreira da Silva, João Cruz Costa, Sylvio Romero, Miguel Reale e a linha
de “filosofia da libertação”, a partir dos trabalhos de Enrique Dussel. Mas,
apesar deste trabalho desenvolvido nas academias, na educação básica os
professores restringem-se aos filósofos europeus.
Quanto à estruturação dos conteúdos, os programas de filosofia para
o ensino médio, em geral, são articulados segundo quatro grandes modelos:
1) Por temas: nesse caso, predominam temáticas como conhecimen-to,
verdade, valores, cultura, ideologia, alienação, sexualidade,
condição humana, finitude, liberdade, poder, política, justiça,
arte, meios de comunicação.
2) Por domínios ou campos filosóficos: aqui aparecem prioritariamente
os campos já citados anteriormente, como cultura geral, filosofia
antiga, ética, história da filosofia, teoria do conhecimento e polí-tica.
3) Por problemas: nesse caso, os conteúdos são articulados em torno
de problemas filosóficos, entre os quais o problema do ser, do
conhecer, do agir, da ciência etc.
4) Por critérios cronológicos: aqui o referencial passa a ser a história,
sendo que predominam as filosofias antiga e moderna.
Muitos professores costumam seguir um livro didático, sendo que
os mais freqüentes são: Filosofando, de Maria Lúcia de Arruda Aranha e
Maria Helena Pires Martins, e Convite à filosofia, de Marilena Chaui. Nes-ses
casos, é o próprio manual que pauta o trabalho em sala de aula, defi-nindo
inclusive o programa do professor. De forma bastante geral, os pro-gramas
de filosofia tendem a ser organizados por meio de temas filosóficos.
No entanto, como não há uma determinação legal, podemos encontrar,
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16. O ensino da filosofia no Brasil: um mapa das condições atuais
também, programas organizados em torno de conteúdos de história da fi-losofia
e em torno de problemas filosóficos. Mesmo no caso dos progra-mas
organizados por temas, a diversidade é muito grande. Uma estrutura
mais complexa daquilo que de fato acaba sendo o ensino de filosofia pode-ria
ser exemplificada com conjuntos de temas predominantemente utiliza-dos
em escolas do estado de São Paulo, a partir de um trabalho feito pela
Secretaria Estadual de Educação na década de 1980, quando da reintro-dução
opcional da disciplina nos currículos:
A filosofia e os demais conhecimentos: senso comum; mito e religião; ci-ência;
o conhecimento filosófico; a ideologia.
A condição humana: a cultura; a técnica e a tecnologia; o homem e o tra-balho;
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trabalho e alienação.
A ação humana: os valores; ética x moral; distintas concepções éticas; a li-berdade;
a sexualidade.
Política e cidadania: cidadania e democracia; concepções políticas na his-tória;
o liberalismo e o socialismo.
Estética e comunicação: o belo nas artes; arte e sociedade; a televisão, o
cinema e a sociedade contemporânea.
A correspondência desses temas ao trabalho efetivo de sala de aula
requer, entretanto, inúmeras mediações, cuja análise e compreensão depen-dem
de pesquisas empíricas a serem realizadas. Se o trabalho com temas
pode configurar, para muitos, uma proposta válida, ou mesmo a mais ade-quada
em se tratando de filosofia com adolescentes, as condições de ensi-no
podem levar o trabalho efetivamente realizado a distanciar-se radical-mente
de um modelo minimamente satisfatório, pela ausência de um
engajamento reflexivo passível de ser identificável com filosofia.
Em termos de métodos, técnicas e materiais de ensino, de longe o
método mais utilizado é o da aula expositiva, muitas vezes com o apoio do
debate ou de trabalhos em grupo. Com menor freqüência, utilizam-se de
seminários, nos quais os alunos preparam uma apresentação em grupo; es-tudos
de textos e pesquisa bibliográfica; uso de música, poesia, literatura e
filmes em vídeo para sensibilização quanto ao tema a ser desenvolvido. A
maioria dos professores adota o livro didático (manuais), ou compõe apos-tilas
com formato semelhante ao do livro didático. Muitas vezes o trabalho
limita-se à interpretação e contextualização de fragmentos de alguns filóso-fos,
ou de debate sobre temas atuais, confrontado com pequenos textos
17. Altair A. Fávero, Filipe Ceppas, Pedro E. Gontijo, Sílvio Gallo & Walter O. Kohan
filosóficos. Mais recentemente, muitos professores passaram a adotar uma
metodologia mais participativa na qual os alunos trocam opiniões sobre os
assuntos em debate. Os professores costumam utilizar-se de músicas e de
filmes em vídeo para suscitar a análise e o debate em torno de determina-dos
temas. Há, também, a discussão a partir de crônicas, matérias de jor-nal
ou revistas; organização de júri simulado para discutir certo tema; tra-balhos
com músicas e vídeos; trabalhos de grupo. Ainda, em muitos casos,
existe a introdução de técnicas de relaxamento, e outras práticas que apro-ximam
a aula de filosofia de uma “terapia coletiva”. É pouco freqüente a
leitura de textos de filósofos, de primeira mão.
Em termos gerais, podemos afirmar que o ensino de filosofia feito
no Brasil ainda é bastante tradicional, muito embora tenha avançado com
relação a um ensino descontextualizado da história da filosofia, voltando-se
mais para temas e problemas filosóficos. Pode-se citar como “novidade
metodológica” sobretudo a inclusão, desde 1985, de princípios e técnicas
do programa de “Filosofia para Crianças” de Matthew Lipman, que se es-tende
até a educação média. Concordemos ou não com seus fundamentos
e práticas, é inegável que sua introdução contribui para uma perspectiva
mais ativa no ensino da filosofia. Hoje, vemos professores que, mesmo no
ensino superior, procuram utilizar uma metodologia mais dialógica,
participativa e cooperativa.
É possível verificar que esses professores de filosofia buscam um en-sino
mais ativo nos diversos níveis, que não fique circunscrito à análise e
explicação de textos, até recentemente predominante, por influência da es-cola
francesa. Em geral a metodologia de Lipman é aplicada nas escolas
sob supervisão do Centro Brasileiro de Filosofia para Crianças (CBFC) ou de
seus afiliados. Os professores são treinados pelos monitores para utilização
do programa, que prevê a leitura das novelas filosóficas, o diálogo inves-tigativo,
na sala de aula, a partir das situações postas pelo texto e a busca
de soluções que privilegiem o desenvolvimento do raciocínio (cf. Kohan,
2000, passim).
Numa perspectiva mais analítica, podemos afirmar que o aspecto
mais positivo que encontramos nas metodologias hoje utilizadas no Brasil
para o ensino da filosofia na educação média é a abertura. Na medida em
que não existem programas obrigatórios, também não há manuais ou téc-nicas
obrigatórias. Sendo assim, o professor de filosofia pode usar criativa-mente
seus conhecimentos e suas capacidades. Mais que vantagem ou des-vantagem,
importa perceber os esforços dos professores de filosofia em
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18. O ensino da filosofia no Brasil: um mapa das condições atuais
torno de determinadas práticas e métodos sob a luz das condições de ensi-no,
dos desafios e objetivos que se constroem em torno do ensino de filo-sofia.
Talvez se possa afirmar que a precariedade das condições força os
professores a buscarem caminhos para o trabalho da filosofia em sala de
aula que sejam, de fato, significativos para os estudantes. Assim, abertu-ra
não significa apenas liberdade de trabalho pela ausência de diretrizes
oficiais obrigatórias, mas também, e sobretudo, a possibilidade de que
os professores, com todos os problemas enfrentados, e talvez em função
mesmo desses problemas, aproximem-se dos estudantes e consigam pers-pectivar
o trabalho com a filosofia de modo que superem resultados ex-tremos
e pouco expressivos, como o mero exercício do confronto de opi-niões,
por um lado, e o mero estudo de conteúdos, por outro.
Aspectos dessa abertura de que falamos, tal como ela se dá no con-texto
atual, também configuram inconvenientes. O pequeno número de
instâncias de formação continuada, a ausência de suportes didáticos mais
bem definidos e a eventual formação deficiente, somadas à ausência de ins-tâncias
que estimulem um trabalho crítico-reflexivo sobre a prática, tudo
isso conspira para obstaculizar um trabalho efetivamente filosófico dos
professores junto dos estudantes. Quanto aos suportes didáticos, a maioria
dos manuais voltados para o ensino de filosofia no nível médio é inade-quada.
Mesmo textos de boa qualidade, como o de Marilena de Souza
Chaui, talvez o mais prestigiado entre todos os existentes no país, é consi-derado
muito “pesado” pelos professores (tem 440 páginas e um estilo bas-tante
“acadêmico”) e pressupõe uma concepção excessivamente clássica da
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filosofia e de seu ensino.
Em contrapartida, a experiência com o ensino de filosofia no Dis-trito
Federal, contemplada especificamente neste Dossiê, mostra que a
simples presença da filosofia não garante uma contribuição significativa
desta. Pode representar mais que uma diversidade de experiências, uma
uniformidade de desorientação.
Com relação aos PCNEM, talvez o maior inconveniente seja o fato de
que sua adoção, por força das conjunções políticas e institucionais locais,
muitas vezes dê-se de modos mais ou menos constrangedores, apesar de o
documento configurar simples parâmetros, isto é, uma proposta “alterna-tiva”
para o ensino. Tanto nos PCNEM como em propostas mais divulgadas
para o ensino da filosofia no nível fundamental, existem diversos pontos
19. Altair A. Fávero, Filipe Ceppas, Pedro E. Gontijo, Sílvio Gallo & Walter O. Kohan
polêmicos que, por vezes, são apresentados menos como pontos a serem
discutidos que como princípios a serem seguidos, em prejuízo do necessá-rio
processo reflexivo que deve marcar toda e qualquer iniciativa no âmbito
do ensino de filosofia.
III. A formação dos professores de filosofia e seu exercício profissional
No Brasil, os cursos de graduação em filosofia são organizados em
dois níveis: bacharelado (formação do pesquisador) e licenciatura (forma-ção
do professor); muitos cursos oferecem as duas habilitações, ficando a
critério do estudante a escolha. No caso da licenciatura em filosofia, de
modo geral, ela está voltada exclusivamente para a formação do professor
de filosofia para o nível médio, sem maior vínculo com os ensinos funda-mental
ou superior. Para o primeiro, o que há hoje disponível – fora de
algumas experiências ainda isoladas em algumas universidades, geralmen-te
em faculdades de educação – é uma formação não reconhecida oficial-mente:
os treinamentos feitos pelo CBFC e seus afiliados (já existem tam-bém
centros de filosofia para crianças que se tornaram independentes do
CBFC), voltados especificamente para a utilização do programa de Lipman.
Para o exercício da docência de filosofia nos cursos superiores, o requisito
essencial da formação é a pós-graduação, sendo que as instituições em ge-ral
solicitam do docente, minimamente, o título de mestre e, preferencial-mente,
o título de doutor.
De forma geral, para o ingresso na docência de filosofia no ensino
médio exige-se o título de licenciado em filosofia; no entanto há situações
em que professores não graduados em filosofia acabam lecionando essa dis-ciplina,
atendendo a especificidades da região e da escola. No caso do en-sino
fundamental, o mais comum é que professores “polivalentes”, com gra-duação
em pedagogia, trabalhem também com as aulas de filosofia. Em
termos da educação básica, nem todos os professores de filosofia têm for-mação
específica na área. Entre as outras formações encontramos, mais
comumente, cursos da área de ciências humanas, como história, ciências
sociais, teologia, pedagogia. Com freqüência bem menor, temos professo-res
de filosofia em exercício com formação distinta destas citadas.
No caso das escolas da rede privada, não se exige concurso para in-gresso,
mas em geral é feito um processo de seleção de professores, por
meio de entrevistas, e se exige, com exceções, a licenciatura em filosofia.
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20. O ensino da filosofia no Brasil: um mapa das condições atuais
Na rede pública de ensino, a efetivação no cargo depende de concurso pú-blico,
para o qual é requerida a licenciatura na área. No caso do estado de
São Paulo, o último concurso para professores de filosofia aconteceu em
meados da década de 1990; em 2003 aconteceu um grande concurso para
professores na rede estadual, mas não foram oferecidas vagas para filosofia,
posto que ela não existe oficialmente como disciplina obrigatória. No Rio
de Janeiro, o estado vem realizando regularmente concursos. Os últimos
foram em 1993, 1998 e 2001. Na Bahia, houve um concurso no ano de
2000, com poucas vagas abertas para filosofia. Na cidade de Ilhéus, por
exemplo, não abriram vagas, sendo que 40% dos professores que ensinam
filosofia na região não são formados na disciplina. Em todo o estado, as
vagas não chegaram a 30. No Distrito Federal, houve concurso em 2000 e
em 2001 com, respectivamente, 100 e 20 vagas abertas para filosofia. Em
2001, a Secretaria de Educação de Minas Gerais realizou concurso para
professores, abrindo 45 vagas para a filosofia. Um dos últimos concursos
públicos para professores do ensino médio do Estado do Rio de Janeiro
(2001), incluindo todas as áreas, teve 60 mil inscritos, dos quais apenas 2
mil foram aprovados. Nas secretarias de alguns estados, são inúmeras as
dificuldades para obter dados mais precisos sobre concursos, situação dos
professores na rede, número de vagas etc.
Para o docente de filosofia em atividade, não é exigido nenhum aper-feiçoamento,
atualização ou especialização. Muito recentemente, as univer-sidades
brasileiras começaram a desenvolver cursos de especialização para
professores de filosofia. Foi o caso pioneiro da Faculdade de Educação da
Universidade de Brasília, que está sendo seguido por outras instituições.
No caso da Região Sudeste, pode-se destacar o trabalho feito pelo Departa-mento
de Filosofia da Universidade Federal de Uberlândia no acompanha-mento
dos professores de filosofia da educação média, visando à melhor
instrumentalização dos estudantes para a prova de filosofia do vestibular.
Também os grupos de estudos sobre ensino de filosofia, em geral sediados
nas universidades, acabam se tornando importantes centros de aperfeiçoa-mento
e formação continuada para professores, em seu raio de atuação.
Vale destacar ainda os programas de pós-graduação, na medida em que
cada vez mais professores do ensino médio procuram esses programas como
forma de refletir sobre sua prática e aprimorá-la. No entanto, os departa-mentos
de filosofia das principais universidades públicas ainda se encon-tram
afastados desta preocupação. É de se esperar que eles se abram cada
vez mais para acolher essa demanda, que tenderá a ser crescente, seja por-
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21. Altair A. Fávero, Filipe Ceppas, Pedro E. Gontijo, Sílvio Gallo & Walter O. Kohan
que se resolva, em nível nacional, a adotar a obrigatoriedade da disciplina
Filosofia na educação média; seja em função das recentes propostas de mu-danças
nas licenciaturas, formuladas pelo Ministério da Educação nos anos
de 2001 e 2002 (em especial, os Pareceres CNE/CP n. 009/2001 e CNE/CP
n. 21/2001; e a Resolução CNE/CP de 2 de fevereiro de 2002).
Recebido em maio de 2004 e aprovado em junho de 2004
Notas
1. Doravante nos referiremos a essa lei apenas por meio da sigla LDB.
2. O Colégio Pedro II foi fundado no Rio de Janeiro em 2 de dezembro de 1837, tendo
como modelo os educandários europeus. Durante o fim do Império, na segunda metade
do século XIX, e toda a República Velha (1889-1930), o Pedro II era o único estabeleci-mento
de ensino autorizado a outorgar os títulos que permitiam o ingresso em cursos su-periores.
Hoje, o colégio é uma autarquia federal do Ministério da Educação e é composto
por nove unidades, distribuídas em cinco estabelecimentos localizados em diferentes bair-ros
da cidade do Rio de Janeiro.
3. O Centro Brasileiro de Filosofia para Crianças, fundado em 1985, representa o progra-ma
Filosofia para Crianças. Oferece cursos de formação e atualização para professores, pu-blicações
periódicas, congressos e venda de materiais didáticos. Em Florianópolis existe um
centro semelhante, o “Centro de Filosofia. Educação para o Pensar”, com programas pró-prios
adotados também em outras regiões do país.
4. Entre elas merecem destaque grupos localizados nas Universidades de Brasília, Federal de
Mato Grosso, Passo Fundo, Estadual de Londrina e Federal de Juiz de Fora.
5. Há uma disparidade entre as informações fornecidas pelo site do Instituto Nacional de Pes-quisas
Educacionais Anísio Teixeira (INEP), órgão oficial do governo brasileiro para as esta-tísticas
educacionais (http://www.inep.gov.br/), e as informações colhidas informalmente
acerca dos cursos universitários de filosofia no país. Segundo o INEP, existem 56 cursos de
filosofia nos “institutos superiores de educação”, ao passo que uma lista elaborada pela co-munidade
acadêmica indica a existência de 91 cursos, incluindo cursos de faculdades iso-ladas
ou centros universitários.
6. Pelo menos na Universidade de Brasília e na Universidade Estadual Paulista, faculdades
de educação oferecem várias disciplinas na área de filosofia para crianças, eletivas para di-versos
cursos.
7. Quanto a estes, registram-se experiências bem-sucedidas, por exemplo, na Universidade
de Brasília, na Universidade Federal do Paraná, na Universidade de Passo Fundo e na
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
8. Os temas “filosofia antiga” e “ética” concordam, em parte, com os resultados de pesquisa
na Universidade Federal de Piauí (Carvalho & Cabral, 2003), restrita, entretanto, ao uni-verso
do ensino de filosofia em Teresina. Nela, os três campos mais trabalhados são “in-trodução
à filosofia” (que, muitas vezes, está centrada no surgimento da filosofia grega),
“ética” e “teoria política”.
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22. O ensino da filosofia no Brasil: um mapa das condições atuais
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1969.
SILVEIRA, R.J.T. Matthew Lipman e a filosofia para crianças – três
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WARNOCK, M. Os usos da filosofia. São Paulo: Papirus, 1994.
25. Altair A. Fávero, Filipe Ceppas, Pedro E. Gontijo, Sílvio Gallo & Walter O. Kohan
APÊNDICE
Associações de apoio ao ensino da filosofia
Embora não exista nenhuma associação em nível nacional que pro-mova
e aperfeiçoe o ensino da filosofia, há muitas associações e grupos
locais e/ou regionais que procuram fazê-lo. Ademais, a partir do I Con-gresso
Brasileiro de Professores de Filosofia (Piracicaba, SP, outubro de
2000), foram organizadas três edições dos Fóruns Sul e Centro-Oeste
de Ensino de Filosofia, e uma edição do Fórum Sudeste de Ensino de
Filosofia.* As principais associações, instituições e grupos em torno do
ensino de filosofia hoje atuantes são:
Apoio ao Ensino de Filosofia: projeto de extensão da Universidade
Estadual de Londrina, Paraná, ativo desde 1997. Propõe diversas ações
tendentes a subsidiar a prática da filosofia com crianças e jovens em es-colas
públicas na cidade de Londrina, Paraná.
Associação de Professores de Filosofia do Alto Tietê (APROFAT): com
sede em Suzano/SP, existe desde 2002 e reúne professores de filosofia das
cidades de Suzano, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes e adjacências. Ob-jetiva
aproximar os professores de filosofia daquela região para dar a conhe-cer
e trazer o debate em torno daquilo que estão trabalhando em sala de
aula para, por meio do intercâmbio, aprimorar o trabalho de cada um.
Associação de Professores de Filosofia do Distrito Federal e Entorno
(APROFILOS): existe desde 2000, formada por professores de filosofia do en-sino
médio que organizam atividades visando a aprimorar sua própria prá-tica.
Centro Brasileiro de Filosofia para Crianças (CBFC): fundado em
1985, o Centro trabalha a partir das idéias e projetos de Matthew Lipman.
O Centro tem sua sede na cidade de São Paulo e possui representantes
regionais em Belo Horizonte (MG), Campinas (SP), Cuiabá (MT),
* Em 2004, havia previsão do IV Fórum Centro-Oeste em Tocantins, do IV Fórum Sul em
São Leopoldo; do II Fórum do Sudeste no Rio de Janeiro e do I Fórum Norte em Belém.
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Disponível em <http://www.cedes.unicamp.br>
26. O ensino da filosofia no Brasil: um mapa das condições atuais
Curitiba (PR), Ilhéus (BA), Petrópolis (RJ) Piranguinho (MG), Recife
(SP) e Ribeirão Preto (SP). Já formou mais de 13 mil professores, para o
trabalho em sala de aula com o programa de “Filosofia para Crianças”. O
programa é desenvolvido sistematicamente em cerca de mil escolas, seja
por meio de projetos do Centro, seja por meio de professores por ele for-mados,
envolvendo, aproximadamente, 300 mil alunos. Além das cidades
já mencionadas, o “Filosofia para Crianças” está presente em capitais brasi-leiras
como Florianópolis, Porto Alegre, São Luís, Fortaleza, Vitória,
Brasília, Goiânia, Manaus e Vitória, além de outras cidades do interior de
outros estados como Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Pará, Paraná, Rio
de Janeiro, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e São Pau-lo.
E-mail: cbfc@cbfc.org.br; home page: http://www.cbfc.org.br/
Centro de Estudos em Filosofia Americana (CEFA) e Portal Brasileiro
de Filosofia e Filosofia da Educação (www.filosofia.pro.br): iniciativas que
divulgam a filosofia e o debate em torno de seu ensino através da Internet.
Centro de Filosofia – Educação para o Pensar: entidade civil, vol-tada
para a qualidade do ensino e da aprendizagem de crianças e jovens.
Fundado em 1988, formou cerca de 2 mil professores e abrange uma
rede de 37 escolas, atingindo mais de 15 mil alunos. O Centro de Filo-sofia
desenvolve parcerias com colégios da rede particular e pública e tem
representações por intermédio de 16 Núcleos de Filosofia Educação para
o Pensar (NUFEP), em vários estados (Bahia, Ceará, Espírito Santo, Paraná,
Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo). Publica
o Jornal da Filosofia Fundamental – Corujinha, a Revista Brasileira de
Filosofia no Ensino Fundamental – PhiloS, e livros de filosofia com cri-anças
e jovens em parceria com a Editora Sophos. E-mail: centro@centro-filos.
org.br; home page: http://www.centro-filos.org.br/
Filosofia na Escola (UNB): área que inclui projeto de extensão per-manente,
cursos de graduação e pós-graduação e pesquisa de campo.
Teve seu início no final do ano de 1997 e vem sendo desenvolvido na
Faculdade de Educação/UNB, contando com a participação de professo-res
de diversas escolas do DF. Tem por objetivo principal criar espaços
para promover a prática filosófica com crianças, adolescentes e jovens,
na educação infantil, no ensino fundamental e no ensino médio em
escolas da rede pública do Distrito Federal. Conta com várias pesqui-sas
em andamento, e uma base de dados sobre ensino de filosofia na
Internet (disponível em: <http://164.41.75.30/guia/>).
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Disponível em <http://www.cedes.unicamp.br>
27. Altair A. Fávero, Filipe Ceppas, Pedro E. Gontijo, Sílvio Gallo & Walter O. Kohan
Fórum Sul dos Cursos de Filosofia: trata-se de uma associação dos
cursos de filosofia da Região Sul do Brasil. O principal objetivo da associa-ção
não se restringe à luta pela filosofia no ensino médio, mas em promo-ver
discussões em torno do ensino de filosofia, inclusive no ensino médio.
O Fórum foi informalmente criado em 1999 e atualmente existe uma co-missão
que está organizando um estatuto para oficializá-lo.
Grupo de Estudos e Pesquisas Filosofia para Crianças (GEPFC): ligado
ao Programa de Pós-Graduação em Educação Escolar da UNESP, campus
Araraquara. Propõe atividades de ensino, pesquisa e extensão sobre a práti-ca
filosófica com crianças e jovens.
Grupo de Porto Alegre (GERF): entre outros eventos que realizou ou
dos quais participou estão o Encontro Estadual de Professores, em 1994,
e as reuniões anuais da SBPC de 2000 e 2001.
Grupo de Estudos sobre Ensino de Filosofia (GESEF): criado em
1995 na Universidade Metodista de Piracicaba. Realiza anualmente en-contros
de professores de filosofia de Piracicaba e região. Publicou em
1997 o livro Ética e cidadania: caminhos da filosofia (Campinas, SP:
Papirus), voltado para o ensino da filosofia em nível médio, a partir dos
estudos feitos nos encontros regionais de professores de filosofia; o livro
está hoje em sua 11ª edição. Em 2000 o GESEF organizou o Congresso
Brasileiro de Professores de Filosofia e em 2002 o I Simpósio sobre Ensi-no
de Filosofia da Região Sudeste. GESEF sedia uma lista de discussão na
Internet sobre ensino de filosofia, a Rede Latino-Americana de Ensino
de Filosofia, surgida a partir do Congresso Internacional de Filosofia com
Crianças e Jovens, organizado pelo Projeto Filosofia na Escola, da UNB,
em 1999 na cidade de Brasília. E-mail: madanelo@unimep.br; home
page: http://www.unimep.br/~gesef
Instituto Superior de Estudos e Pesquisas em Filosofia e Ciências
(ISEF): criado em 2002 no Distrito Federal. Instituição que fomenta os
estudos e a pesquisa em filosofia e ciências, com publicações, encontros,
lista de discussão e grupos de estudo, publica duas revistas: Debates do
ISEF e Seleta de Filosofia e Ciências. Home page: http://www.isef.cjb.net.
Núcleo de Estudos sobre o Ensino de Filosofia (NEFI): centro de es-tudos,
pesquisas, publicações, debates e extensão da Universidade Federal
do Piauí, vinculado ao Departamento de Filosofia do Centro de Ciências
Humanas e Letras, direcionado às questões gerais relativas ao ensino de fi-losofia
em todos os seus níveis. E-mail: nefiufpi@ieg.com.br; home page:
http://www.nefiufpi.hpg.ig.com.br/index.htm.
Cad. Cedes, Campinas, vol. 24, n. 64, p. 257-284, set./dez. 2004 283
Disponível em <http://www.cedes.unicamp.br>
28. O ensino da filosofia no Brasil: um mapa das condições atuais
Núcleo de Estudos sobre o Ensino de Filosofia/UFPR (NESEF): núcleo
centrado na pesquisa e extensão, promove cursos de capacitação e encon-tros
quinzenais para troca de experiências. Desenvolve um projeto de cur-so
de Especialização sobre Ensino de Filosofia, voltado para professores das
redes municipal e estadual.
Núcleo de Educação para o Pensar (NUEP): com sede em Passo Fun-do,
foi fundado em janeiro de 2000 e tem por principal finalidade asses-sorar
as escolas que desejam implantar filosofia desde a educação infantil
até o ensino médio. Entre as principais ações destacam-se: cursos de
capacitação de professores que pretendam conhecer e trabalhar com o pro-jeto
educação para o pensar, elaboração de subsídios teóricos e didáticos
para o trabalho nas escolas e assessoria às escolas que estão desenvolvendo
o projeto. Atualmente participam mais de 130 escolas da região. O nú-cleo
possui uma articulação entre essas escolas promovendo atividades que
envolvam alunos e professores. Home page: http://nuep.org.br
Projeto Pensar (CEFET-GO): voltado para a filosofia no ensino médio
no CEFET-GO. E-mail: jll@cefetgo.br; home page: http://br.geocities.com/
ppensar/
PROPHIL: núcleo de pesquisa, ensino e extensão ligado ao Departa-mento
de Filosofia da Universidade Federal de Mato Grosso, em Cuiabá.
Compõe uma linha do mestrado em educação da mesma universidade,
na qual foram produzidas, até o momento, várias dissertações de
mestrado.
Sociedade de Estudos e Atividades Filosóficos (SEAF): com sede no
Rio de Janeiro. A SEAF já teve expressão nacional e desempenhou impor-tante
papel nos debates pela volta da filosofia ao ensino médio, no final
dos anos de 1970 e início dos anos de 1980. Depois do retorno opcional,
naquela época, sua atuação enfraqueceu-se significativamente, mas vem sen-do
retomada nos últimos anos. Em 2001 e 2002 promoveu encontros es-taduais
284 Cad. Cedes, Campinas, vol. 24, n. 64, p. 257-284, set./dez. 2004
Disponível em <http://www.cedes.unicamp.br>
de professores de filosofia.