SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 17
Baixar para ler offline
Pilot
      (Flashes de imagens. Uma sala de pedra com correntes próximas da parede. Tela
escura. Água empoçada no chão. O reflexo mostra um rapaz jovem de cabelos castanhos
(Trevor) sendo arrastado por homens fortes e sem camisa que o seguram pelos braços. Tela
escura. Visão deles de costas. Os homens sem camisa possuem tatuagens de cruzes célticas
nas costas e são carecas. Eles jogam o rapaz dentro de uma sala. Em seguida o prendem nas
correntes. Ele fica preso pelos braços, em correntes ligadas à parede atrás de si. Tela escura.
Câmera focaliza os olhos do rapaz. Ela gira e fica ao mesmo nível de sua visão, mostrando
uma porta de madeira pesada. Os dois homens sem camisa estão parados em posição de
guarda e um homem corpulento, de cabelos curtos e vestes pretas entra no ambiente.)
      PHENOR: Nós temos muito que conversar.


       Corte de cena - Dawn Coast, cidade fictícia
       (Câmera mostra a panorâmica da cidade. The Party Song, de All Time Low, como
música de fundo. Legenda: “48 horas antes”. A imagem percorre a cidade, passando pela
grande universidade ao centro, num estilo antigo e refinado. A imagem pára aí e desce para
o jardim ao centro da universidade, em forma de U. Um jovem uniformizado, trajando um
casaco azul marinho por cima de uma camisa e gravata vermelha, está sentado ao centro do
mesmo, sobre um banco de pedra. Ele fecha alguns livros e olha para cima. A música se
encerra aos poucos.)
       TREVOR (voz apenas): Esse sou eu. Trevor Hardwick. Estudo numa das melhores
universidades do país, a requisitada Dawn Coast University. Meus pais estão vindo de Nova
York para meu aniversário. Estou fazendo 25 anos hoje.
       (Alguns jovens se aproximam de Trevor. Um deles é um jovem de cabelos curtos e
castanhos, de belo porte físico, acompanhado de uma jovem ruiva. Todos os dois também
estão uniformizados. Ela usa uma saia plissada em vez da calça.)
       TREVOR (voz apenas): Supostamente deveria ser um grande dia, mas eu não estou
muito animado. Talvez porque minha idade não inspire lá muita esperança. Não sou uma
pessoa ligada à numerologia e essas coisas, mas minha mãe é. Ela diz que esse é um
aniversário especial porque, bom, a junção dos dígitos forma o número sete e bláblá. Eu só
sei de uma coisa – o dia de hoje não me inspira nenhum tipo de animação.
       (Os jovens se sentam ao lado de Trevor.)
       BRIAN: ... E ele não pegou nenhuma das duas que deram moral para ele a noite
toda.
       (Trevor sorri e coloca a mochila sobre as pernas.)
TREVOR: Eu já te disse que não são... meu tipo. E você, melhor do que ninguém,
sabe disso.
       CAMERON: Uau, eu andei perdendo alguma coisa?
       (Brian balança a cabeça negativamente e revira os olhos. Trevor ri.)
       BRIAN: Hey. Cameron estava falando sobre a gente tirar o resto do dia de folga, sair
um pouco desse campus e se divertir.
       CAMERON: É seu aniversário hoje!
       TREVOR: Eu realmente não estou inspirado.
       (Cameron se aproxima de Trevor e olha fundo nos olhos dele.)
       CAMERON: O que está acontecendo? Brian disse que essa noite você passou em
claro.
       TREVOR: Eu realmente não estou bem. É esse dia. Sabe aqueles dias em que você
acorda com um sentimento ruim? Sem contar que dormir ouvindo o Brian com duas garotas
no quarto dele... Não é definitivamente a melhor coisa.
       (Cameron olha para Brian com uma cara de nojo. Ele sorri, orgulhoso consigo
mesmo. Trevor se levanta.)
       TREVOR: Em todo caso, a nossa aula de História Antiga começa em cinco minutos.
       BRIAN: Onde eu estava com a cabeça quando decidi fazer arqueologia?
       (Cameron sorri e se levanta também, puxando Brian pela gravata. O trio se levanta e
sai.)
       (Música aumenta outra vez.)


       Corte de cena – Sala de aula
       (Música se encerra. Sala de aula da universidade. No terceiro degrau de baixo para
cima, estão Trevor, Cameron e Brian, sentados lado a lado cada um em sua mesa. Trevor
rabisca no caderno, distraidamente. No plano mais baixo, o professor dá a aula.)
       PROFESSOR: Srta. Kaminski, comece lendo, por favor.
       (A jovem começa a ler sobre a Grécia. Trevor continua a rabiscar o caderno
distraidamente, olhando para o professor, lá embaixo. Brian, com a mão na testa, luta
contra o sono e Cameron, entre os dois, tenta acompanhar a leitura ao mesmo tempo em
que sussurra com Trevor.)
       CAMERON: Você bem que poderia fazer esse esforço. Porque depois que seus pais
chegarem, você não vai ter tempo para a gente. Poxa, Trevor, é para você. Por você.
       TREVOR: Não é minha culpa, okay? Eu só não acordei bem.
       (Cameron desvia o olhar para o caderno de Trevor e volta para o seu. Então,
assustada, ela olha para o caderno de novo.)
       CAMERON: Deus!
       (Sua expressão é de terror. Trevor então olha para ela. Lá embaixo, fora de foco, o
professor para a aula e caminha até a porta.)
TREVOR: O que foi?
       (Cameron desvia o olhar dele para o caderno. Então Trevor acompanha com o olhar.
Ao olhar para o caderno, ele cerra a expressão e então olha para ela de novo.)
       PROFESSOR: Um minuto da atenção de vocês, alunos.
       (Trevor e Cameron se olham assustados por um tempo e então olham para frente. Ao
lado do professor está um rapaz de cabelos castanhos claros e um sorriso tímido, de
mochila nas costas e uniformizado.)
       PROFESSOR: Esse é Cedric Orlstead. Ele foi transferido para a nossa universidade e
agora é o novo colega de curso de vocês.
       (Trevor permanece olhando para o rapaz por instantes. Cedric então desvia o olhar
para ele e os dois permanecem se encarando por um tempo. Brian, passando o braço por
trás de Cameron, sacode Trevor.)
       BRIAN: Okay, o cara é recém-chegado. Dê um tempo antes de dar em cima dele.
       TREVOR: Por favor, Brian.
       PROFESSOR: Continue a leitura, por favor, Sr. Jemnel, enquanto o Sr. Orlstead
encontra seu lugar. Página 142.
       (Brian sorri e abre o livro. Então começa a leitura. Cedric sobe as escadas e caminha
na direção de Trevor, que finge não perceber. Então ele aproxima da mesa vaga, ao lado de
Trevor. Cameron observa tudo sem a mínima vontade de disfarçar.)
       CEDRIC: Posso me sentar aqui?
       (Trevor olha para ele por um tempo, como que se o analisasse profundamente.
Cameron o cutuca e ele parece acordar.)
       TREVOR: Ahn? Ah, claro. Sente-se.
       (Cedric se senta e coloca a mochila no chão, ao seu lado. Então ele estica a mão para
Trevor.)
       CEDRIC: Sou Cedric Orlstead.
       (Trevor hesita por instantes, então larga o lápis e estende a mão para Cedric,
apertando a mão dele.)
       TREVOR: Trevor. Trevor Hardwick.
       CEDRIC: Belo desenho, Trevor.
       TREVOR: Hã?
       (Cedric indica a mesa com o olhar. Câmera desliza até a mesa e mostra o caderno de
Trevor com um desenho de uma espécie de monstro, careca, com veias proeminentes no
rosto e dentes pontiagudos projetando-se para fora de sua boca. Tudo em forma de traços
rápidos e levemente marcados no papel. Mas assustador.)
Corte de cena – Calabouço
       (Trevor, todo cortado e ferido, sangrando, preso pelas correntes, tenta arrumar um
jeito de escapar. Elas estão bem fixas à parede de pedra. Então ele urra de ódio. A porta se
abre outra vez e ele se vira.)
       PHENOR: Então se você não quer falar, eu não irei falar também. Sua última chance.
Para quem você trabalha?
       (Trevor respira fundo então faz um gesto com a cabeça para que Phenor se aproxime.
Phenor o olha desconfiado, mas caminha até ele. Trevor faz sinal para que ele chegue mais
perto. Phenor aproxima o rosto dele.)
       TREVOR: Vai se ferrar.
       (Phenor solta uma risada curta. Então desfere um soco contra o estômago de Trevor.)
       PHENOR: A minha próxima visita não será tão agradável.
       (Phenor sai da cela, enquanto Trevor geme de dor.)


        Corte de Cena – Casa de Trevor e Brian
        (Trevor desce as escadas. Brian está na cozinha e passa pasta de amendoim em um
pão.)
       BRIAN: Já vai sair?
       (Trevor pega chaves sobre o balcão e ajeita o casaco.)
       TREVOR: Sim. Meus pais estão na nossa casa, fica um pouco longe, então...
       BRIAN: Okay. Cameron disse que vai vir para cá mais tarde para a gente sair. Amanhã
é sábado mesmo.
       (Brian abre a geladeira e retira uma cerveja dali. Trevor caminha em direção à porta.)
       TREVOR: Vocês não desistem, não é?
       BRIAN: Não quando se trata do nosso melhor amigo.
       TREVOR: Volto antes das dez. Meus pais disseram que seria rápido.
       (Trevor sorri e então sai pela porta. Brian se joga no sofá e liga a TV.)
       (Trevor caminha pelo jardim da casa até onde os carros estão estacionados. Ele
desativa o alarme de um carro preto e continua caminhando por um caminho de pedra.
Mudança de ângulo. Câmera atrás de árvores o observa se mover. Então Trevor pára e
observa ao seu redor. Ele dá de ombros e entra no carro.)
       (O carro de Trevor sai. Fade Out.)


      Corte – Colinas. Casa dos Hardwick.
      (O carro de Trevor atravessa o portão de ferro e segue pelo caminho de pedra. Ele
segue até a frente da casa toda iluminada e então para. A porta se abre e Trevor sai do carro.
Ele mais uma vez olha ao redor, para ter certeza que não está sendo observado. Então
caminha para a casa.)
(Trevor faz menção de bater à porta e então a percebe aberta. Sua expressão é de
estranheza. Ele empurra a porta e entra. Há algumas luzes acesas, a casa se encontra na
penumbra. Trevor caminha para dentro da mesma com passos lentos e sempre olhando
tudo com certa desconfiança. Ele segue da sala de estar por um corredor que o levará até o
salão principal da casa.)
       TREVOR: Mãe? (pausa) Sabe que não gosto de festas surpresas.
       (Um vulto passa atrás de Trevor enquanto a câmera o filma de frente. O vulto
permanece por alguns instantes atrás dele e, quando ele se vira, desaparece. Trevor, num
movimento automático, sobe o zíper do casaco e continua caminhando pelo corredor. Logo
ele chega à sala de estar e sua expressão, de desconfiada, passa a assustada.)
       (A câmera gira ao redor dele. Está tudo revirado. O lustre imenso de cristal está caído
no centro da sala. A mesa de madeira destruída está revirada num canto da parede, próxima
às escadas. Tudo está espalhado pelo chão e revirado, desde as cadeiras até as poltronas. Da
lareira, um monte de carvão está espalhado, mas não há chamas.)
       (Câmera atrás de Trevor. Enquanto ele olha tudo, estarrecido, alguns vultos surgem
atrás dele, a uma boa distância. Um deles faz sinal, com a mão, para que aguardem.)
       (O olhar de Trevor percorre todo o ambiente. Ele observa tudo destroçado. Então
seu olhar para sob o lustre, onde ele vê um par de pés conhecido.)
       TREVOR: Não... Não... Não...!
       (Ele corre até os destroços do lustre e empurra-o para longe, com certa dificuldade.
Então o corpo de uma mulher ao lado do corpo de um homem, ambos de meia idade,
aparecem. Estão completamente retalhados, destruídos. Trevor leva as mãos aos lábios e
começa a chorar. Então seu olhar pára sobre a caixinha na mão de sua mãe.)


       Externa – Estrada.
       (Um sedã preto corre em alta velocidade. Câmera se aproxima. Dentro dele, uma
jovem de cabelos pretos e presos em um rabo de cavalo bem firme usando uma roupa toda
preta e em couro, fala ao celular.)
       KENDRA: Estou a caminho. Okay. Até mais tarde.
       (A câmera se afasta do rosto dela e segue para o banco ao lado dela, onde está uma
maleta aberta com duas pistolas prateadas. Ela coloca o celular num canto e fecha a maleta.)


       Corte - Casa dos Hardwick.
        (Trevor retira a caixa da mão de sua mãe. Está um pouco molhada com sangue.
Assim que ele a retira, a mão de sua mãe se fecha de repente. Ele se assusta. Câmera foca os
lábios dela.)
       SRA. HARDWICK: Feliz aniversário, meu anjo.
(Trevor abre a caixa e encontra ali, sobre uma almofada, um colar. É um pingente
feito de prata, um círculo com vários símbolos vazados. Ele segura o colar com força na mão
e fecha os olhos. Lágrimas escorrem pelos seus olhos. Então um baque de coisa pesada
caindo no chão é ouvido. Os olhos de Trevor se abrem, alertas.)
       TREVOR (criança, voz apenas, flashback): Pai, eu preciso mesmo ir nessas aulas?
       SR. HARDWICK (voz apenas, flashback): Um dia você vai entender a necessidade,
meu filho. No dia certo.
       (Trevor envolve e amarra o colar em seu pulso e permanece agachado perto do corpo
dos pais. Ele consegue ouvir os passos de uma pessoa. Duas. Três agora. Sua expressão está
cerrada. Então em segundo plano, três vultos ganham foco. São três homens altos, vestidos
de preto e com roupas sujas de sangue. Todos são carecas, exceto pelo o do meio, com um
cabelo castanho claro e curto.)
       PHENOR: Olá, Caçador.
       (Dizendo isso ele abre um sorriso irônico. Trevor se vira. Slow Motion. Os dois
homens ao lado de Phenor saltam em direção a Trevor e abrem as bocas, revelando suas
presas. Phenor sorri e ergue a mão direita, que segura um pingente de pedra azul brilhante.
Atrás dele surgem outros quatro carecas com presas. Velocidade normal.)
       (Trevor se desvia do primeiro vampiro que o ataca, mas o segundo o acerta em cheio.
Os dois caem no chão, o vampiro sobre Trevor. O primeiro vampiro bate na parede oposta
e se levanta, caminhando na direção de Trevor.)
       (Trevor dá um soco no vampiro sobre ele, mas o homem nem se abala. O vampiro
coloca ambas as mãos no pescoço de Trevor, tentando sufocá-lo. Trevor então, tateando
com a mão, agarra um fragmento da mesa de madeira e crava no pescoço do agressor, que
cai de lado, no chão, mas ainda se movendo.)
       PHENOR: Cuidado. Ele é o Caçador.
       (Trevor se levanta e se afasta. O outro vampiro corre para atacá-lo e Trevor se desvia
outra vez, rolando pelo chão. O segundo vampiro voa para cima dele e Trevor se vira, com
um atiçador da lareira em mãos, fazendo com que o mesmo se crave no peito do vampiro.
O vampiro cai no chão, tremendo e então começa a “secar”. Trevor se levanta, girando o
atiçador em mãos e sorri.)
       PHENOR (furioso): Matem ele.
       (Vários vampiros avançam em Trevor, que se desvia e os ataca com o atiçador. Então
vários tiros são ouvidos. Todos se viram para a porta. A câmera gira, ficando no mesmo
ângulo de visão que Trevor.)
       (Kendra corre em direção a ele, atirando nos vampiros, que caem inertes ao chão.
Phenor é atingido por uma bala prateada no peito e cai para trás. O pingente azul rola pelo
chão.)
       (Kendra corre e fica ao lado de Trevor.)
       KENDRA: Você está bem?
       TREVOR: O que você acha?
KENDRA: Cala a boca. E luta.
       (Ela retira duas adagas de um suporte na perna e joga para ele. Ele larga o atiçador e
as pega. Então os dois partem para cima dos vampiros. Slow Motion. Kendra corre, atirando
contra eles. Alguns se deviam, outros caem. Trevor ataca os vampiros com golpes das
adagas, fazendo com que eles caiam no chão. Alguns se levantam de novo.)
       KENDRA: Você é estú... No coração!
       (Trevor ataca um vampiro com uma das adagas. O vampiro neutraliza o golpe com os
pulsos cruzados e desfere um chute contra ele. Trevor quase cai para trás. O vampiro tenta
atacá-lo de novo, mas Trevor o golpeia na altura do joelho, fazendo com que a perna dele se
deteriore e seque. O vampiro desequilibra e cai. Trevor então caminha até ele e crava a
adaga no peito do mesmo. Assim que a retira, o vampiro cai e seca, como o outro.)
       KENDRA (gritando): Hardwick!
       (Trevor olha em direção das escadas e está Phenor, que segura Kendra em uma chave
de pescoço.)
       TREVOR: Deixe ela!
       PHENOR: Me dê a chave!
       (Trevor cerra as sobrancelhas. Câmera foca o rosto de Kendra, que pisca para ele.
Então foca os lábios que se movem, formando a palavra “finja”.)
       TREVOR: Okay. Okay. Eu vou pegar.
       PHENOR: Sem truques.
       (Trevor se vira e abaixa, fingindo pegar qualquer coisa no chão. Então ele gira,
discretamente, a adaga em sua mão, segurando-a pela ponta da lâmina suja. Trevor se vira
rapidamente, jogando-a contra Phenor. Desprevenido, ele recebe a adaga em seu ombro
direito, deixando Kendra cair no chão.)
       PHENOR: Estúpido!
       (Trevor se prepara para correr em direção a ele, mas ele, com um salto, pula para o
meio da escada e, com outro, salta pela janela, quebrando o vitral. Trevor corre até Kendra.)
       TREVOR: Você está bem?
       (Ela balança a cabeça positivamente e se levanta.)
       TREVOR: Quem é você? E porque você me ajudou?
       KENDRA: Tudo no seu tempo, Hardwick. Tudo no seu tempo.
       (Fade Out.)


       (Fade In)
       Casa dos Hardwick.
       (Trevor crava a adaga no peito de um vampiro caído. Ele se levanta. Ao seu redor,
restos de vampiros.)
       KENDRA: Agora eles estão mortos. As balas de prata servem apenas para neutralizar.
       (Trevor se senta ao chão, próximo ao corpo dos pais.)
KENDRA: Você precisa vir comigo.
      TREVOR: Por quê?
      KENDRA: Tantas questões. Tudo será explicado na hora certa, Hardwick.
      (Trevor caminha até Kendra e a segura pelos ombros.)
      TREVOR: Escuta. Meus pais foram assassinados. Eu quase fui assassinado. Eu não
quero uma hora certa. Eu quero respostas.
      (Kendra se afasta das mãos de Trevor.)
      KENDRA: Se quer respostas, venha comigo. E chega.

      Corte de cena – Estrada.
      (Sedan de Kendra acelera. A imagem se aproxima. Câmera dentro do carro.)
      KENDRA: Sou Kendra. Kendra Vardek. Da vigésima quinta geração de guardiãs. E
você é Trevor Hardwick...
      TREVOR: Eu sei quem eu sou.
      KENDRA: Sério? E sabe por que aqueles homens mataram seus pais? Tentaram matar
você? Sabe que chave era a que eles procuravam? Sabe por que seu pai sempre te treinou?
      (Ela vira, entrando num caminho entre a vegetação no acostamento da estrada.)
      TREVOR: Não.
      KENDRA: Imaginei.
      (O carro entra em uma estrada de terra, ainda envolto pela vegetação.)
      TREVOR: Onde estamos indo?
      KENDRA: Despistando. Pode ser que Phenor ainda esteja nos seguindo.
      TREVOR: Phenor?
      KENDRA: Sim. Mas não sei se ele realmente fará isso, não agora que você decepou o
braço dele. Estamos indo para o centro da cidade.


       Corte de cena – Centro de Dawn Coast.
       (O carro de Kendra segue para um estacionamento de um imenso prédio.)
       TREVOR: Essa é a Organização do meu pai. O que estamos fazendo aqui?
       (O sedã entra no estacionamento. Ela pára em frente a um portão e, após abaixar o
vidro da janela, coloca sua mão sobre uma caixa retangular. A caixa se ilumina em vermelho
e depois em verde. O portão se abre.)
       VOZ ELETRÔNICA: Boa noite, senhorita Vardek. São onze e quarenta e cinco da
noite e a senhorita não está em seu horário de trabalho.
       (O carro segue até um corredor escuro. Kendra desce do carro e Trevor faz o
mesmo.)
       KENDRA: Me siga.
       (Há uma porta. Ela se aproxima da porta, onde há um dispositivo eletrônico com um
tubo metálico e, do lado, um suporte de onde ela retira uma espécie de canudo de papel,
que ela encaixa no tubo e assopra. No visor do dispositivo surge a mensagem “Confirmação
de DNA”, que fica positivo em seguida. A porta então se abre.)
       (Eles estão agora no topo de uma escadaria de um imenso ambiente branco e
iluminado. Lá embaixo se vê várias mesas e pessoas trabalhando, como em uma central de
atendimento. Kendra desce a escadaria com Trevor ao seu lado. As pessoas param o que
estão fazendo para observar os dois. Sussurros e conversinhas baixas.)
       TREVOR: O que está acontecendo? Essa não é a empresa do meu pai.
       KENDRA: Central de Investigação Arqueológica é uma fachada, Hardwick. Isso é o
que seu pai realmente fazia.
       (Um homem alto e grisalho caminha até a direção de Kendra. Ele parece bastante
frio.)
       BROMMER: Graças a Deus vocês estão bem.
       KENDRA: Foi como nós imaginamos. Eles atacaram os Hardwick. Estão mortos.
       BROMMER: Oh. E você... Você deve ser Trevor. Venha conosco.
       (Eles continuam caminhando. Fade Out.)


       (Fade In)
       Sala de reuniões.
       (Todos estão sentados ao redor de uma mesa de vidro. No centro da mesa há um
aparelho metálico redondo.)
       BROMMER: Kendra, gostaria de começar?
       (Kendra esboça um sorriso e aperta um botão no objeto ao centro da mesa. Uma
imagem holográfica surge do mesmo. É o prédio onde estão.)
       KENDRA: Você quer saber porque seus pais morreram, nós te explicaremos. Como
eu disse, as empresas de seu pai eram fachada. Nós somos conhecidos como Ordem.
       TREVOR: O que é a Ordem.
       KENDRA: Uma organização de pessoas destinadas e obstinadas a deter o
fortalecimento do mal na Terra.
       TREVOR: Ahn! Isso soou tão religioso.
       KENDRA: Não somos. A Ordem serve para manter o mundo no estado em que está,
onde todas as barreiras inimigas estão bloqueadas.
       TREVOR: Barreiras inimigas?
       BROMMER: Kendra, vá direto ao ponto.
       KENDRA: (impaciente) Okay. (Ela aperta outro botão sobre a mesa) Esse é Phenor
Kieran. Você o conhece. Ele e os homens que atacaram sua casa, são vampiros. O que eles
queriam em sua casa? (Ela aperta outro botão. Um portão feito de pedras e coberto de
plantas e bastante velho) A chave para abrir esse portal.
       TREVOR: Hm.
KENDRA: Por mais de um século os seres das trevas permaneceram em silêncio. Os
portões estavam fechados.
        TREVOR: Portões?
        BROMMER: Os que conectam nosso mundo ao deles. Isso é chamado de equilíbrio.
        KENDRA: Obrigada, Sr. Brommer. Os portões estando fechados, o Royal Hunter
nunca foi necessário.
        TREVOR: Royal Hunter?
        KENDRA: Sua vez.
        (Ela se senta e Brommer se levanta.)
        BROMMER: Diferentemente do que contam as lendas e Hollywood, os vampiros não
morrem se qualquer um cravar-lhes uma estaca ou uma bala de prata. Eles só morrem se
aquele com o Sangue Real o fizer.
        (Brommer aperta um botão e a imagem de um homem surge na tela.)
        TREVOR: Mas...
        BROMMER: Sim, esse é seu irmão, Thomas. De acordo com a sucessão do sangue
real que segue nos Hardwick, o Caçador de Sangue Real é o primogênito. Thomas deveria
sê-lo. Porém ele está desaparecido faz quase um ano e suspeitamos que ele esteja morto.
        (Trevor massageia a testa observando os dois falarem. Kendra olha para ele com certa
pena.)
        KENDRA: A confirmação de sua morte foi dada hoje. Você matou aqueles vampiros.
Ninguém mais pode fazê-lo além do Royal Hunter.
        TREVOR: Então... Então eu sou um Royal Hunter?
        KENDRA: A nossa única salvação.
        (Trevor se levanta, com os braços cruzados. Ele caminha de um lado para o outro
calmamente. Então coloca as duas mãos sobre a mesa.)
        TREVOR: O que leva esses caras a acreditar que eu tenho essa chave?
        KENDRA: É obrigação do Royal Hunter protegê-la. Seu pai era um. Tudo indica que
ele a tinha. E a passaria para você hoje.
        TREVOR: Porque hoje?
        BROMMER: Porque hoje se inicia seu sétimo ciclo, que é onde o Royal Hunter
recebe seus poderes.
        KENDRA: Eles acharam então uma ótima oportunidade hoje. Matar os últimos
Hunters e ainda conseguir a chave.
        BROMMER: Agora a sua missão é impedir que os seres das Trevas tomem o poder no
nosso mundo.
        TREVOR: Não, essa não é a minha missão. Chamem os Winchester, estou fora, okay?
Minha família foi toda assassinada. Eu não vou me dar a esse luxo.
        KENDRA: Trevor, se eles estão atrás da chave que seu pai possuía, então é porque
eles já possuem as outras duas. Se eles já possuírem essa chave, o mundo pode deixar de
ser o que é.
TREVOR: Estou fora. Alguém pode me mostrar a saída?
    (Brommer e Kendra trocam olhares. Então ela faz um gesto.)
    BROMMER: Mas, lembre-se, meu jovem. Esse é seu destino.
    (Trevor ergue as sobrancelhas e então dá as costas para o homem. Ele e Kendra saem.
Brommer junta as mãos sob o queixo e sorri.)


       Corte de Cena – Estacionamento da Ordem.
       (Trevor caminha até o seu carro.)
       TREVOR: Vocês o trouxeram. Obrigado.
       (Ele abre a porta para entrar, mas Kendra é mais rápida e bate a porta, fechando-a.)
       KENDRA: Como guardiã, minha missão é proteger o Royal Hunter. Eu conheci seu
irmão. E ele não teria feito o que você está fazendo agora, Trevor, agindo de modo tão
egoísta.
       TREVOR: Escuta. Minha família toda está destruída. Eu não quero ser, ahn, o
próximo. É isso.
       KENDRA: Em todo caso, leve isso.
       (Ela entrega um objeto para ele.)
       TREVOR: O que é isso?
       KENDRA: Uma agenda eletrônica. Tudo que você precisa está aí. Se precisar de
mim...
       TREVOR: Estou fora, já disse.
       KENDRA: Apenas fique com isso.
       (Ela vira as costas. Então ela pára e se vira para ele.)
       KENDRA: Trevor. Você não pode contar nada disso para ninguém. É perigoso.
       (Ele consente. Ela sai. Ele permanece olhando o objeto por um tempo. Entra no
carro e sai.)


       Corte de cena – Casa de Trevor.
       (Trevor abre a porta com cuidado e entra. Ele a fecha com o mesmo cuidado. Então
ele caminha pela sala até a cozinha, onde abre a geladeira e pega um jarro de água. Ao
fechar a geladeira, vê um bilhete.)
       “Valeu pela consideração”
       (Trevor pega o bilhete e o observa por instantes. Ele respira fundo. Fade Out.)


      (Fade In)
      Casa de Trevor – Sala.
      (Lie – David Cook, ao fundo.)
(Trevor desce as escadas massageando o ombro. Seus machucados no rosto e braços
estão limpos, mas visíveis. Brian senta-se no sofá com um copo de suco na mão. Olha de
relance Trevor descer as escadas e então continua olhando a TV.)
       TREVOR: Bom dia.
       BRIAN: Hm.
       (Trevor pára ao pé da escada e respira fundo. Então caminha até o sofá e se senta,
colocando uma almofada no colo.)
       TREVOR: Hey, me desculpa, okay? Minha noite só não foi... muito boa.
       (Brian toma outro gole do suco, com indiferença. Então e se vira para Trevor. Sua
expressão muda.)
       BRIAN: O que houve contigo? Você está todo machucado.
       TREVOR: Ah... No caminho para cá eu, ah, fui ajudar um cara que estava sendo
assaltado e, bom, acabou nisso. Não foi pior porque meu pai sempre fez questão que eu
aprendesse artes marciais, então...
       (Brian se vira para Trevor.)
       BRIAN: Escuta, eu não estou com raiva porque você não veio. Além do mais você
estava desanimado, sabe. Mas você ao menos ligou.
       (A campainha toca. Música de fundo se encerra aos poucos. Trevor faz menção de se
levantar, mas Brian é mais rápido.)
       BRIAN: Não, fica aí. Eu atendo.
       (Brian abre a porta, são policiais.)
       POLICIAL: Trevor Hardwick?
       TREVOR: Sou eu!
       (Brian faz sinal para que os policiais entrem. Os policiais entram. Trevor se levanta.)
       POLICIAL: Nós sentimos informar, mas seus pais...
       (Trevor cerra o cenho, Brian se aproxima dele.)
       POLICIAL: Eles sofreram um acidente grave na estrada, seguindo daqui para Nova
York. Nós sentimos muito, mas precisamos que você se apresente para reconhecer os
corpos.
       BRIAN: Oh, Deus.
       (Trevor abaixa a cabeça por instantes. Brian coloca a mão sobre o ombro dele. Então
Trevor ergue a cabeça e esboça um sorriso, com os olhos úmidos.)
       TREVOR: Okay.
       (Os policiais saem e fecham a porta. Brian abraça Trevor, que chora. A música
aumenta.)


      Corte de Cena – Quarto de Trevor
      (Haunted – Evanescence, ao fundo)
(Trevor está com uma caneca fumegante em mãos. Ele toma um gole enquanto olha
pela janela. Ele olha sobre a cama e vê a agenda eletrônica de Kendra. Ele coloca a caneca
sobre a cômoda e pega a agenda em mãos. Com a caneta, ele clica em alguns botões, até
que a foto de Phenor aparece. Ao lado da foto informações de onde ele vive.)
       (Trevor ergue os olhos da agenda e olha para frente. Foco nos olhos dele.)
       (Ele desce as escadas com uma mochila nas costas.)
       BRIAN: Onde você vai?
       TREVOR: Nova York. Vou à casa dos meus pais pegar algumas coisas e organizar o
velório deles.
       BRIAN: Não quer que eu vá junto?
       TREVOR: Não.
       BRIAN: Okay.
       (Trevor pega as chaves e sai pela porta. Música sobe.)


       Tela escura – legenda: “Bucareste”
       (Tela escura se dissipa. Panorâmica da cidade. Câmera se aproxima de um carro
seguindo pelas ruas da cidade. Trevor está dentro dele. No banco ao seu lado está uma
agenda eletrônica e duas adagas de lâminas prateadas brilhantes.)
       (Pela janela é possível ver o sol se pondo. Trevor pega o celular e disca um número.)
       (Na Ordem, o celular de Kendra toca. Ela o atende.)
       TREVOR: Hei.
       KENDRA: Hardwick?
       TREVOR: Estou em Bucareste. Talvez eu não seja tão estúpido assim.
       KENDRA: Ou talvez seja um completo idiota. O que você está pensando?
       TREVOR: Só liguei para que me deseje sorte. Eu vou matar esses filhos da mãe e te
levar as chaves. Bye, Kendra.
       (Ele desliga o celular e o joga sobre o banco. Então ele vira à esquerda e entra numa
estrada completamente deserta.)


      Cena externa - Mansão dos Kieran.
      (Trevor pára o carro na estrada e desce. Está com uma roupa em estilo militar, porém
toda preta. Ele prende as adagas em suportes nas costas e fecha a porta do carro. Então
começa a caminhar. Imagem se abre mostrando uma imensa construção gótica, uma casa
toda preta. É noite.)
      SR. HARDWICK (voz apenas, flashback): Você está ótimo, filho.
      TREVOR (voz apenas, flashback): Eu não gosto dessas aulas de Krav Maga. Muito
menos essas com armas. Odeio essas armas.
      SR. HARDWICK (voz apenas, flashback): (ri) Um dia você entenderá a importância.
(Trevor se aproxima da casa. Ele espiona o portão. Não há ninguém. Ele então se
afasta do muro de pedra do portão e corre. Ele salta, se agarrando às pedras proeminentes
do portão e, num impulso, se joga para cima do muro. Ao perceber movimentação abaixo
de si, ele deita sobre o muro. Dois vampiros semelhantes aos da casa passam, conversando.
Trevor então salta no jardim. Ao cair no chão, os vampiros percebem a presença dele e se
viram. Ele retira duas facas prateadas do cinto e lança uma em cada um, fazendo com que
eles caiam mortos no chão, como múmias, virando pó aos poucos.)
       TREVOR: Dois abatidos, algumas centenas restantes.
       (Ele então corre, meio abaixado, em direção à casa. Ele retira as duas adagas das
costas e respira fundo. Então fica em pé, frente à porta principal da mansão. Slow Motion.
Ele arromba a porta com o pé. Então entra. Vampiros começam a atacá-lo. Ele contra ataca
com as adagas, ferindo e matando os vampiros.)
       (Whisper – Evanescence)
       (Velocidade normal de cena. Um vampiro forte ataca Trevor, que gira em torno de si,
desviando e acertando com a adaga perfeitamente no pescoço do vampiro, arrancando-lhe
fora a cabeça. Ele gira outra vez, em direção a outro vampiro que parte para cima dele.
Segurando as duas adagas, lado a lado, ele gira e corta o vampiro no abdômen. Ele gira as
adagas em sua mão, agora com as lâminas para baixo, e as crava no peito de um vampiro
que tenta atacá-lo por trás.)
       (Ele golpeia um com um chute, para afastá-lo e lança uma adaga em outro, que tenta
atacá-lo por cima. Numa cadeira, ao fundo do salão, ao lado da lareira, está Phenor, que
observa tudo com um sorriso nos lábios.)
       (Trevor corre subindo as escadas, agora com uma adaga só em mãos. Um vampiro o
pega de surpresa por trás e lhe golpeia com um chute usando os dois pés. Trevor cai da
escada, rolando. A sua adaga escapa de sua mão e gira pelo chão, parando aos pés de
Phenor, que surge num piscar de olhos, pisando sobre a adaga. Phenor então segura Trevor
pelos cabelos e o levanta a certa altura.)
       PHENOR: Insolente.
       (E, com uma cabeçada, deixa Trevor desacordado.)
       PHENOR: Levem-no para baixo.


     Cena interna – Calabouço
     (Trevor geme de dor pelo soco no estômago. Então ele observa as correntes de suas
mãos outra vez. Elas, diferentes, se prendem na parede através de um cadeado. Ele tenta
romper os cadeados, em vão. Ele se senta no chão molhado e respira fundo outra vez.
Concentra.)
     PHENOR (lado de fora): Abram as portas.
     (Trevor revira os olhos e continua sentando. Phenor entra na sala.)
     PHENOR: Levante-se, Caçador.
(Trevor continua sentado.)
       PHENOR: Eu disse para se levantar!
       (Trevor se levanta.)
       TREVOR: Você sente falta do seu braço? Sempre tive curiosidade de perguntar isso a
alguém que o perdeu.
       PHENOR: Tente fazer essa pergunta quando eu lhe questionar se sente falta da sua
vida. Bom... (pausa) Eu disse que minha visita não lhe seria agradável.
       TREVOR: E quando ela foi?
       PHENOR: Te apresento Teah, a nossa Reveladora.
       TREVOR: Reveladora?
       PHENOR: Seres habilidosos em extrair a verdade de qualquer ser. Através da dor.
       (Trevor olha para a porta. Uma mulher extremamente pálida, de cabelos ruivos soltos
e longos e de máscara de tecido que lhe cobre o nariz para baixo, como odalisca, entra na
sala. Sua roupa é toda de couro e preta, porém sensual. Ela caminha até Trevor e, quando
Phenor se afasta, ela retira sua máscara. Trevor a reconhece, é Kendra.)
       (Ela se aproxima dele e lhe beija. Close no beijo. Ela passa a ele uma chave. Então
morde o lábio dele com força. Trevor grita. Kendra se afasta e recoloca a máscara.)
       KENDRA: Tirar a verdade desse aqui não será tão complicado.
       (Ela ergue a mão e desfere um tapa contra o rosto dele, com força, com as costas da
mão.)
       KENDRA: Vamos esperar que faça efeito. Então voltamos.
       (Phenor e os outros caminham para fora da sala. Kendra se vira para ele e, erguendo
a máscara, movimenta os lábios. Close nos lábios.)
       KENDRA: Seja rápido.
       (As portas se fecham. Trevor então cospe a chave em sua mão e, rapidamente, tenta
abrir as travas das correntes que circundam sua mão. Sem sucesso, ele parte para os
cadeados da parede.)
       (Kendra caminha ao lado de Phenor em direção as escadas que levam para cima.)
       PHENOR: Então...?
       KENDRA: Será fácil retirar a verdade dele.
       (Close na mão dela, que ela leva até as costas, retirando dali uma espécie de agulha
prateada, longa e da grossura de um lápis, escondida em sua roupa.)
       KENDRA: Fácil... (Ela retira a máscara) Como fazer isso!
       (Ela crava a agulha no peito de Phenor, enfiando-a cada vez mais fundo. Phenor cai
no chão, com os olhos arregalados, segurando o peito com força.)
       KENDRA: Agora, Hardwick!
       (Trevor sai da cela, com as correntes presas no pulso. Dois vampiros de guarda, no
corredor, avançam para ele. Usando as correntes como chicote, ele joga uma delas contra
um dos vampiros, fazendo a corrente envolver-se no pescoço do mesmo e, girando, joga a
outra corrente contra o outro vampiro, acertando a cara dele em cheio. Kendra, correndo,
desce as escadas com uma espada em mãos. Ela joga a espada para Trevor, que a pega e
crava no peito do vampiro preso pelo pescoço. Kendra mexe no cinto do outro vampiro,
desacordado, e retira dali um molho de chaves.)
       (Kendra abre as correntes, quando Phenor se levanta. Phenor retira a agulha do seu
peito lentamente, olhando para Kendra com o olhar furioso.)
       PHENOR: Sua vadiazinha.
       TREVOR: Deixe-a, Phenor. Sua briga é comigo.
       (Usando de sua velocidade, Phenor rapidamente aparece em frente a Trevor.)
       PHENOR: Então lute comigo.
       (Trevor empurra Kendra e tenta golpeá-lo com a espada, mas Phenor se desvia, em
seguida desferindo um soco contra Trevor, que cai no chão, batendo a cabeça na parede.
Ele fica meio zonzo. Phenor vacila por instantes e cai de joelhos. Então olha para Kendra.)
       PHENOR: O que você fez comigo, sua vadia?
       KENDRA: Injetei prata em você. Não te mata, mas te enfraquece. Te deteriora aos
poucos. Te destrói.
       (Dos olhos de Phenor escorre sangue. Sua expressão é furiosa. Então ele avança em
Kendra. Ela cai. Ele, sobre ela, pressiona a cabeça de Kendra contra o solo, com força.)
       PHENOR: Quem você pensa que é?
       TREVOR: Quem você pensa que é?
       (Então a espada de Trevor trespassa o peito de Phenor. O sangue jorra da boca e dos
olhos de Phenor, espirrando em Kendra. Trevor o puxa e joga o corpo dele ao lado de
Kendra. Ela se levanta e fica ao lado de Trevor. Phenor começa a definhar aos poucos se
resumir em um cadáver seco.)
       (Os dois então seguem escada acima, rumo à saída.)
       TREVOR: Como chegou tão rápido?
       KENDRA: Nós temos nossos meios. E nunca... Tipo, nunca mais faça isso. Não é fácil
se fazer de Reveladora e se infiltrar no meio de tantos vampiros.
       TREVOR: Eu gostei do seu cabelo vermelho.
       KENDRA: Cala a boca.
       (Fade Out.)


       Sala de reuniões da Ordem; Mansão dos Kieran
       (Capricorn – 30 Seconds To Mars)
       (Há uma reunião. Brommer, de pé, conversa com outros homens. A porta então se
abre. Trevor entra, com Kendra atrás de si. Ela já está com os cabelos pretos de novo e usa
uma roupa mais discreta. Ele tem um curativo no rosto. Trevor joga um embrulho sobre a
mesa.)
       BROMMER: O que é isso?
       TREVOR: As chaves que estavam na mão de Kieran.
(Na Mansão dos Kieran, um homem usando um imenso casaco de pele entra. Assim
que um serviçal fecha a porta, ele retira o casaco de pele, deixando-o cair ao chão. Ele usa
apenas uma calça preta. Um vampiro dos que serviam à Phenor corre até ele e se curva.)
       VAMPIRO: Sr. Tristan, às suas ordens.
       (Tristan não responde. Apenas ergue a cabeça. Então alguns vampiros surgem,
trazendo um corpo arrastado, envolto em um pano escuro. Eles deitam o corpo em frente à
Tristan, que olha com indiferença.)
       TRISTAN: Quem é esse?
       (Na agência, Brommer desembrulha as chaves e sorri.)
       BROMMER: Eu sabia que você ia conseguir.
       TREVOR: Eu trabalharei com vocês. Mas tenho uma condição.
       BROMMER: Sim?
       (Na mansão, os vampiros desembrulham o corpo. É Phenor. A expressão de Tristan
muda para uma raivosa.)
       TRISTAN: (gritando) Quem fez isso?
       VAMPIRO: O Caçador, Senhor. O Royal Hunter.
       (Um outro vampiro entrega uma imagem para Tristan. É uma foto de Trevor e a
família. Tristan olha o retrato com cuidado, então o joga contra a parede.)
       (Na agência, Trevor se aproxima de Brommer, que se levanta.)
       TREVOR: Eu sei que Phenor não é o cabeça disso tudo. Assim que eu descobrir quem
fez isso à minha família, assim que eu matar esse desgraçado... Eu estou fora.
       (Brommer parece pensar. Então ele respira fundo e sorri, abrindo os braços.)
       BROMMER: Seja bem vindo, meu jovem.
       (Na mansão, Tristan pega o casaco de pele e o veste de novo. Então ele sai da casa.
Antes de entrar em seu carro, ele se vira e olha para a Mansão mais uma vez.)
       MOTORISTA: Para onde, Sr Kieran?
       TRISTAN: Dawn Coast.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

S1 e1 welcome a new life!
S1 e1 welcome a new life!S1 e1 welcome a new life!
S1 e1 welcome a new life!luccah10
 
CAPÍTULO DOIS - FLOR DE LÓTUS
CAPÍTULO DOIS - FLOR DE LÓTUSCAPÍTULO DOIS - FLOR DE LÓTUS
CAPÍTULO DOIS - FLOR DE LÓTUSJean Souza
 
Relatodesusanna(com musica)
Relatodesusanna(com musica)Relatodesusanna(com musica)
Relatodesusanna(com musica)Angelo Magliani
 
Aula inaugural de 2012
Aula inaugural de 2012Aula inaugural de 2012
Aula inaugural de 2012dearlisim
 
02.sombras do passado
02.sombras do passado02.sombras do passado
02.sombras do passadoJulio Carrara
 
Serie Leonid Afremov - Poesias Maria Dolores
Serie Leonid Afremov - Poesias Maria DoloresSerie Leonid Afremov - Poesias Maria Dolores
Serie Leonid Afremov - Poesias Maria DoloresCandice Gunther
 

Mais procurados (8)

S1 e1 welcome a new life!
S1 e1 welcome a new life!S1 e1 welcome a new life!
S1 e1 welcome a new life!
 
CAPÍTULO DOIS - FLOR DE LÓTUS
CAPÍTULO DOIS - FLOR DE LÓTUSCAPÍTULO DOIS - FLOR DE LÓTUS
CAPÍTULO DOIS - FLOR DE LÓTUS
 
Relatodesusanna(com musica)
Relatodesusanna(com musica)Relatodesusanna(com musica)
Relatodesusanna(com musica)
 
Capítulo três
Capítulo trêsCapítulo três
Capítulo três
 
Cap 7
Cap 7Cap 7
Cap 7
 
Aula inaugural de 2012
Aula inaugural de 2012Aula inaugural de 2012
Aula inaugural de 2012
 
02.sombras do passado
02.sombras do passado02.sombras do passado
02.sombras do passado
 
Serie Leonid Afremov - Poesias Maria Dolores
Serie Leonid Afremov - Poesias Maria DoloresSerie Leonid Afremov - Poesias Maria Dolores
Serie Leonid Afremov - Poesias Maria Dolores
 

1.01 Pilot

  • 1. Pilot (Flashes de imagens. Uma sala de pedra com correntes próximas da parede. Tela escura. Água empoçada no chão. O reflexo mostra um rapaz jovem de cabelos castanhos (Trevor) sendo arrastado por homens fortes e sem camisa que o seguram pelos braços. Tela escura. Visão deles de costas. Os homens sem camisa possuem tatuagens de cruzes célticas nas costas e são carecas. Eles jogam o rapaz dentro de uma sala. Em seguida o prendem nas correntes. Ele fica preso pelos braços, em correntes ligadas à parede atrás de si. Tela escura. Câmera focaliza os olhos do rapaz. Ela gira e fica ao mesmo nível de sua visão, mostrando uma porta de madeira pesada. Os dois homens sem camisa estão parados em posição de guarda e um homem corpulento, de cabelos curtos e vestes pretas entra no ambiente.) PHENOR: Nós temos muito que conversar. Corte de cena - Dawn Coast, cidade fictícia (Câmera mostra a panorâmica da cidade. The Party Song, de All Time Low, como música de fundo. Legenda: “48 horas antes”. A imagem percorre a cidade, passando pela grande universidade ao centro, num estilo antigo e refinado. A imagem pára aí e desce para o jardim ao centro da universidade, em forma de U. Um jovem uniformizado, trajando um casaco azul marinho por cima de uma camisa e gravata vermelha, está sentado ao centro do mesmo, sobre um banco de pedra. Ele fecha alguns livros e olha para cima. A música se encerra aos poucos.) TREVOR (voz apenas): Esse sou eu. Trevor Hardwick. Estudo numa das melhores universidades do país, a requisitada Dawn Coast University. Meus pais estão vindo de Nova York para meu aniversário. Estou fazendo 25 anos hoje. (Alguns jovens se aproximam de Trevor. Um deles é um jovem de cabelos curtos e castanhos, de belo porte físico, acompanhado de uma jovem ruiva. Todos os dois também estão uniformizados. Ela usa uma saia plissada em vez da calça.) TREVOR (voz apenas): Supostamente deveria ser um grande dia, mas eu não estou muito animado. Talvez porque minha idade não inspire lá muita esperança. Não sou uma pessoa ligada à numerologia e essas coisas, mas minha mãe é. Ela diz que esse é um aniversário especial porque, bom, a junção dos dígitos forma o número sete e bláblá. Eu só sei de uma coisa – o dia de hoje não me inspira nenhum tipo de animação. (Os jovens se sentam ao lado de Trevor.) BRIAN: ... E ele não pegou nenhuma das duas que deram moral para ele a noite toda. (Trevor sorri e coloca a mochila sobre as pernas.)
  • 2. TREVOR: Eu já te disse que não são... meu tipo. E você, melhor do que ninguém, sabe disso. CAMERON: Uau, eu andei perdendo alguma coisa? (Brian balança a cabeça negativamente e revira os olhos. Trevor ri.) BRIAN: Hey. Cameron estava falando sobre a gente tirar o resto do dia de folga, sair um pouco desse campus e se divertir. CAMERON: É seu aniversário hoje! TREVOR: Eu realmente não estou inspirado. (Cameron se aproxima de Trevor e olha fundo nos olhos dele.) CAMERON: O que está acontecendo? Brian disse que essa noite você passou em claro. TREVOR: Eu realmente não estou bem. É esse dia. Sabe aqueles dias em que você acorda com um sentimento ruim? Sem contar que dormir ouvindo o Brian com duas garotas no quarto dele... Não é definitivamente a melhor coisa. (Cameron olha para Brian com uma cara de nojo. Ele sorri, orgulhoso consigo mesmo. Trevor se levanta.) TREVOR: Em todo caso, a nossa aula de História Antiga começa em cinco minutos. BRIAN: Onde eu estava com a cabeça quando decidi fazer arqueologia? (Cameron sorri e se levanta também, puxando Brian pela gravata. O trio se levanta e sai.) (Música aumenta outra vez.) Corte de cena – Sala de aula (Música se encerra. Sala de aula da universidade. No terceiro degrau de baixo para cima, estão Trevor, Cameron e Brian, sentados lado a lado cada um em sua mesa. Trevor rabisca no caderno, distraidamente. No plano mais baixo, o professor dá a aula.) PROFESSOR: Srta. Kaminski, comece lendo, por favor. (A jovem começa a ler sobre a Grécia. Trevor continua a rabiscar o caderno distraidamente, olhando para o professor, lá embaixo. Brian, com a mão na testa, luta contra o sono e Cameron, entre os dois, tenta acompanhar a leitura ao mesmo tempo em que sussurra com Trevor.) CAMERON: Você bem que poderia fazer esse esforço. Porque depois que seus pais chegarem, você não vai ter tempo para a gente. Poxa, Trevor, é para você. Por você. TREVOR: Não é minha culpa, okay? Eu só não acordei bem. (Cameron desvia o olhar para o caderno de Trevor e volta para o seu. Então, assustada, ela olha para o caderno de novo.) CAMERON: Deus! (Sua expressão é de terror. Trevor então olha para ela. Lá embaixo, fora de foco, o professor para a aula e caminha até a porta.)
  • 3. TREVOR: O que foi? (Cameron desvia o olhar dele para o caderno. Então Trevor acompanha com o olhar. Ao olhar para o caderno, ele cerra a expressão e então olha para ela de novo.) PROFESSOR: Um minuto da atenção de vocês, alunos. (Trevor e Cameron se olham assustados por um tempo e então olham para frente. Ao lado do professor está um rapaz de cabelos castanhos claros e um sorriso tímido, de mochila nas costas e uniformizado.) PROFESSOR: Esse é Cedric Orlstead. Ele foi transferido para a nossa universidade e agora é o novo colega de curso de vocês. (Trevor permanece olhando para o rapaz por instantes. Cedric então desvia o olhar para ele e os dois permanecem se encarando por um tempo. Brian, passando o braço por trás de Cameron, sacode Trevor.) BRIAN: Okay, o cara é recém-chegado. Dê um tempo antes de dar em cima dele. TREVOR: Por favor, Brian. PROFESSOR: Continue a leitura, por favor, Sr. Jemnel, enquanto o Sr. Orlstead encontra seu lugar. Página 142. (Brian sorri e abre o livro. Então começa a leitura. Cedric sobe as escadas e caminha na direção de Trevor, que finge não perceber. Então ele aproxima da mesa vaga, ao lado de Trevor. Cameron observa tudo sem a mínima vontade de disfarçar.) CEDRIC: Posso me sentar aqui? (Trevor olha para ele por um tempo, como que se o analisasse profundamente. Cameron o cutuca e ele parece acordar.) TREVOR: Ahn? Ah, claro. Sente-se. (Cedric se senta e coloca a mochila no chão, ao seu lado. Então ele estica a mão para Trevor.) CEDRIC: Sou Cedric Orlstead. (Trevor hesita por instantes, então larga o lápis e estende a mão para Cedric, apertando a mão dele.) TREVOR: Trevor. Trevor Hardwick. CEDRIC: Belo desenho, Trevor. TREVOR: Hã? (Cedric indica a mesa com o olhar. Câmera desliza até a mesa e mostra o caderno de Trevor com um desenho de uma espécie de monstro, careca, com veias proeminentes no rosto e dentes pontiagudos projetando-se para fora de sua boca. Tudo em forma de traços rápidos e levemente marcados no papel. Mas assustador.)
  • 4. Corte de cena – Calabouço (Trevor, todo cortado e ferido, sangrando, preso pelas correntes, tenta arrumar um jeito de escapar. Elas estão bem fixas à parede de pedra. Então ele urra de ódio. A porta se abre outra vez e ele se vira.) PHENOR: Então se você não quer falar, eu não irei falar também. Sua última chance. Para quem você trabalha? (Trevor respira fundo então faz um gesto com a cabeça para que Phenor se aproxime. Phenor o olha desconfiado, mas caminha até ele. Trevor faz sinal para que ele chegue mais perto. Phenor aproxima o rosto dele.) TREVOR: Vai se ferrar. (Phenor solta uma risada curta. Então desfere um soco contra o estômago de Trevor.) PHENOR: A minha próxima visita não será tão agradável. (Phenor sai da cela, enquanto Trevor geme de dor.) Corte de Cena – Casa de Trevor e Brian (Trevor desce as escadas. Brian está na cozinha e passa pasta de amendoim em um pão.) BRIAN: Já vai sair? (Trevor pega chaves sobre o balcão e ajeita o casaco.) TREVOR: Sim. Meus pais estão na nossa casa, fica um pouco longe, então... BRIAN: Okay. Cameron disse que vai vir para cá mais tarde para a gente sair. Amanhã é sábado mesmo. (Brian abre a geladeira e retira uma cerveja dali. Trevor caminha em direção à porta.) TREVOR: Vocês não desistem, não é? BRIAN: Não quando se trata do nosso melhor amigo. TREVOR: Volto antes das dez. Meus pais disseram que seria rápido. (Trevor sorri e então sai pela porta. Brian se joga no sofá e liga a TV.) (Trevor caminha pelo jardim da casa até onde os carros estão estacionados. Ele desativa o alarme de um carro preto e continua caminhando por um caminho de pedra. Mudança de ângulo. Câmera atrás de árvores o observa se mover. Então Trevor pára e observa ao seu redor. Ele dá de ombros e entra no carro.) (O carro de Trevor sai. Fade Out.) Corte – Colinas. Casa dos Hardwick. (O carro de Trevor atravessa o portão de ferro e segue pelo caminho de pedra. Ele segue até a frente da casa toda iluminada e então para. A porta se abre e Trevor sai do carro. Ele mais uma vez olha ao redor, para ter certeza que não está sendo observado. Então caminha para a casa.)
  • 5. (Trevor faz menção de bater à porta e então a percebe aberta. Sua expressão é de estranheza. Ele empurra a porta e entra. Há algumas luzes acesas, a casa se encontra na penumbra. Trevor caminha para dentro da mesma com passos lentos e sempre olhando tudo com certa desconfiança. Ele segue da sala de estar por um corredor que o levará até o salão principal da casa.) TREVOR: Mãe? (pausa) Sabe que não gosto de festas surpresas. (Um vulto passa atrás de Trevor enquanto a câmera o filma de frente. O vulto permanece por alguns instantes atrás dele e, quando ele se vira, desaparece. Trevor, num movimento automático, sobe o zíper do casaco e continua caminhando pelo corredor. Logo ele chega à sala de estar e sua expressão, de desconfiada, passa a assustada.) (A câmera gira ao redor dele. Está tudo revirado. O lustre imenso de cristal está caído no centro da sala. A mesa de madeira destruída está revirada num canto da parede, próxima às escadas. Tudo está espalhado pelo chão e revirado, desde as cadeiras até as poltronas. Da lareira, um monte de carvão está espalhado, mas não há chamas.) (Câmera atrás de Trevor. Enquanto ele olha tudo, estarrecido, alguns vultos surgem atrás dele, a uma boa distância. Um deles faz sinal, com a mão, para que aguardem.) (O olhar de Trevor percorre todo o ambiente. Ele observa tudo destroçado. Então seu olhar para sob o lustre, onde ele vê um par de pés conhecido.) TREVOR: Não... Não... Não...! (Ele corre até os destroços do lustre e empurra-o para longe, com certa dificuldade. Então o corpo de uma mulher ao lado do corpo de um homem, ambos de meia idade, aparecem. Estão completamente retalhados, destruídos. Trevor leva as mãos aos lábios e começa a chorar. Então seu olhar pára sobre a caixinha na mão de sua mãe.) Externa – Estrada. (Um sedã preto corre em alta velocidade. Câmera se aproxima. Dentro dele, uma jovem de cabelos pretos e presos em um rabo de cavalo bem firme usando uma roupa toda preta e em couro, fala ao celular.) KENDRA: Estou a caminho. Okay. Até mais tarde. (A câmera se afasta do rosto dela e segue para o banco ao lado dela, onde está uma maleta aberta com duas pistolas prateadas. Ela coloca o celular num canto e fecha a maleta.) Corte - Casa dos Hardwick. (Trevor retira a caixa da mão de sua mãe. Está um pouco molhada com sangue. Assim que ele a retira, a mão de sua mãe se fecha de repente. Ele se assusta. Câmera foca os lábios dela.) SRA. HARDWICK: Feliz aniversário, meu anjo.
  • 6. (Trevor abre a caixa e encontra ali, sobre uma almofada, um colar. É um pingente feito de prata, um círculo com vários símbolos vazados. Ele segura o colar com força na mão e fecha os olhos. Lágrimas escorrem pelos seus olhos. Então um baque de coisa pesada caindo no chão é ouvido. Os olhos de Trevor se abrem, alertas.) TREVOR (criança, voz apenas, flashback): Pai, eu preciso mesmo ir nessas aulas? SR. HARDWICK (voz apenas, flashback): Um dia você vai entender a necessidade, meu filho. No dia certo. (Trevor envolve e amarra o colar em seu pulso e permanece agachado perto do corpo dos pais. Ele consegue ouvir os passos de uma pessoa. Duas. Três agora. Sua expressão está cerrada. Então em segundo plano, três vultos ganham foco. São três homens altos, vestidos de preto e com roupas sujas de sangue. Todos são carecas, exceto pelo o do meio, com um cabelo castanho claro e curto.) PHENOR: Olá, Caçador. (Dizendo isso ele abre um sorriso irônico. Trevor se vira. Slow Motion. Os dois homens ao lado de Phenor saltam em direção a Trevor e abrem as bocas, revelando suas presas. Phenor sorri e ergue a mão direita, que segura um pingente de pedra azul brilhante. Atrás dele surgem outros quatro carecas com presas. Velocidade normal.) (Trevor se desvia do primeiro vampiro que o ataca, mas o segundo o acerta em cheio. Os dois caem no chão, o vampiro sobre Trevor. O primeiro vampiro bate na parede oposta e se levanta, caminhando na direção de Trevor.) (Trevor dá um soco no vampiro sobre ele, mas o homem nem se abala. O vampiro coloca ambas as mãos no pescoço de Trevor, tentando sufocá-lo. Trevor então, tateando com a mão, agarra um fragmento da mesa de madeira e crava no pescoço do agressor, que cai de lado, no chão, mas ainda se movendo.) PHENOR: Cuidado. Ele é o Caçador. (Trevor se levanta e se afasta. O outro vampiro corre para atacá-lo e Trevor se desvia outra vez, rolando pelo chão. O segundo vampiro voa para cima dele e Trevor se vira, com um atiçador da lareira em mãos, fazendo com que o mesmo se crave no peito do vampiro. O vampiro cai no chão, tremendo e então começa a “secar”. Trevor se levanta, girando o atiçador em mãos e sorri.) PHENOR (furioso): Matem ele. (Vários vampiros avançam em Trevor, que se desvia e os ataca com o atiçador. Então vários tiros são ouvidos. Todos se viram para a porta. A câmera gira, ficando no mesmo ângulo de visão que Trevor.) (Kendra corre em direção a ele, atirando nos vampiros, que caem inertes ao chão. Phenor é atingido por uma bala prateada no peito e cai para trás. O pingente azul rola pelo chão.) (Kendra corre e fica ao lado de Trevor.) KENDRA: Você está bem? TREVOR: O que você acha?
  • 7. KENDRA: Cala a boca. E luta. (Ela retira duas adagas de um suporte na perna e joga para ele. Ele larga o atiçador e as pega. Então os dois partem para cima dos vampiros. Slow Motion. Kendra corre, atirando contra eles. Alguns se deviam, outros caem. Trevor ataca os vampiros com golpes das adagas, fazendo com que eles caiam no chão. Alguns se levantam de novo.) KENDRA: Você é estú... No coração! (Trevor ataca um vampiro com uma das adagas. O vampiro neutraliza o golpe com os pulsos cruzados e desfere um chute contra ele. Trevor quase cai para trás. O vampiro tenta atacá-lo de novo, mas Trevor o golpeia na altura do joelho, fazendo com que a perna dele se deteriore e seque. O vampiro desequilibra e cai. Trevor então caminha até ele e crava a adaga no peito do mesmo. Assim que a retira, o vampiro cai e seca, como o outro.) KENDRA (gritando): Hardwick! (Trevor olha em direção das escadas e está Phenor, que segura Kendra em uma chave de pescoço.) TREVOR: Deixe ela! PHENOR: Me dê a chave! (Trevor cerra as sobrancelhas. Câmera foca o rosto de Kendra, que pisca para ele. Então foca os lábios que se movem, formando a palavra “finja”.) TREVOR: Okay. Okay. Eu vou pegar. PHENOR: Sem truques. (Trevor se vira e abaixa, fingindo pegar qualquer coisa no chão. Então ele gira, discretamente, a adaga em sua mão, segurando-a pela ponta da lâmina suja. Trevor se vira rapidamente, jogando-a contra Phenor. Desprevenido, ele recebe a adaga em seu ombro direito, deixando Kendra cair no chão.) PHENOR: Estúpido! (Trevor se prepara para correr em direção a ele, mas ele, com um salto, pula para o meio da escada e, com outro, salta pela janela, quebrando o vitral. Trevor corre até Kendra.) TREVOR: Você está bem? (Ela balança a cabeça positivamente e se levanta.) TREVOR: Quem é você? E porque você me ajudou? KENDRA: Tudo no seu tempo, Hardwick. Tudo no seu tempo. (Fade Out.) (Fade In) Casa dos Hardwick. (Trevor crava a adaga no peito de um vampiro caído. Ele se levanta. Ao seu redor, restos de vampiros.) KENDRA: Agora eles estão mortos. As balas de prata servem apenas para neutralizar. (Trevor se senta ao chão, próximo ao corpo dos pais.)
  • 8. KENDRA: Você precisa vir comigo. TREVOR: Por quê? KENDRA: Tantas questões. Tudo será explicado na hora certa, Hardwick. (Trevor caminha até Kendra e a segura pelos ombros.) TREVOR: Escuta. Meus pais foram assassinados. Eu quase fui assassinado. Eu não quero uma hora certa. Eu quero respostas. (Kendra se afasta das mãos de Trevor.) KENDRA: Se quer respostas, venha comigo. E chega. Corte de cena – Estrada. (Sedan de Kendra acelera. A imagem se aproxima. Câmera dentro do carro.) KENDRA: Sou Kendra. Kendra Vardek. Da vigésima quinta geração de guardiãs. E você é Trevor Hardwick... TREVOR: Eu sei quem eu sou. KENDRA: Sério? E sabe por que aqueles homens mataram seus pais? Tentaram matar você? Sabe que chave era a que eles procuravam? Sabe por que seu pai sempre te treinou? (Ela vira, entrando num caminho entre a vegetação no acostamento da estrada.) TREVOR: Não. KENDRA: Imaginei. (O carro entra em uma estrada de terra, ainda envolto pela vegetação.) TREVOR: Onde estamos indo? KENDRA: Despistando. Pode ser que Phenor ainda esteja nos seguindo. TREVOR: Phenor? KENDRA: Sim. Mas não sei se ele realmente fará isso, não agora que você decepou o braço dele. Estamos indo para o centro da cidade. Corte de cena – Centro de Dawn Coast. (O carro de Kendra segue para um estacionamento de um imenso prédio.) TREVOR: Essa é a Organização do meu pai. O que estamos fazendo aqui? (O sedã entra no estacionamento. Ela pára em frente a um portão e, após abaixar o vidro da janela, coloca sua mão sobre uma caixa retangular. A caixa se ilumina em vermelho e depois em verde. O portão se abre.) VOZ ELETRÔNICA: Boa noite, senhorita Vardek. São onze e quarenta e cinco da noite e a senhorita não está em seu horário de trabalho. (O carro segue até um corredor escuro. Kendra desce do carro e Trevor faz o mesmo.) KENDRA: Me siga. (Há uma porta. Ela se aproxima da porta, onde há um dispositivo eletrônico com um tubo metálico e, do lado, um suporte de onde ela retira uma espécie de canudo de papel,
  • 9. que ela encaixa no tubo e assopra. No visor do dispositivo surge a mensagem “Confirmação de DNA”, que fica positivo em seguida. A porta então se abre.) (Eles estão agora no topo de uma escadaria de um imenso ambiente branco e iluminado. Lá embaixo se vê várias mesas e pessoas trabalhando, como em uma central de atendimento. Kendra desce a escadaria com Trevor ao seu lado. As pessoas param o que estão fazendo para observar os dois. Sussurros e conversinhas baixas.) TREVOR: O que está acontecendo? Essa não é a empresa do meu pai. KENDRA: Central de Investigação Arqueológica é uma fachada, Hardwick. Isso é o que seu pai realmente fazia. (Um homem alto e grisalho caminha até a direção de Kendra. Ele parece bastante frio.) BROMMER: Graças a Deus vocês estão bem. KENDRA: Foi como nós imaginamos. Eles atacaram os Hardwick. Estão mortos. BROMMER: Oh. E você... Você deve ser Trevor. Venha conosco. (Eles continuam caminhando. Fade Out.) (Fade In) Sala de reuniões. (Todos estão sentados ao redor de uma mesa de vidro. No centro da mesa há um aparelho metálico redondo.) BROMMER: Kendra, gostaria de começar? (Kendra esboça um sorriso e aperta um botão no objeto ao centro da mesa. Uma imagem holográfica surge do mesmo. É o prédio onde estão.) KENDRA: Você quer saber porque seus pais morreram, nós te explicaremos. Como eu disse, as empresas de seu pai eram fachada. Nós somos conhecidos como Ordem. TREVOR: O que é a Ordem. KENDRA: Uma organização de pessoas destinadas e obstinadas a deter o fortalecimento do mal na Terra. TREVOR: Ahn! Isso soou tão religioso. KENDRA: Não somos. A Ordem serve para manter o mundo no estado em que está, onde todas as barreiras inimigas estão bloqueadas. TREVOR: Barreiras inimigas? BROMMER: Kendra, vá direto ao ponto. KENDRA: (impaciente) Okay. (Ela aperta outro botão sobre a mesa) Esse é Phenor Kieran. Você o conhece. Ele e os homens que atacaram sua casa, são vampiros. O que eles queriam em sua casa? (Ela aperta outro botão. Um portão feito de pedras e coberto de plantas e bastante velho) A chave para abrir esse portal. TREVOR: Hm.
  • 10. KENDRA: Por mais de um século os seres das trevas permaneceram em silêncio. Os portões estavam fechados. TREVOR: Portões? BROMMER: Os que conectam nosso mundo ao deles. Isso é chamado de equilíbrio. KENDRA: Obrigada, Sr. Brommer. Os portões estando fechados, o Royal Hunter nunca foi necessário. TREVOR: Royal Hunter? KENDRA: Sua vez. (Ela se senta e Brommer se levanta.) BROMMER: Diferentemente do que contam as lendas e Hollywood, os vampiros não morrem se qualquer um cravar-lhes uma estaca ou uma bala de prata. Eles só morrem se aquele com o Sangue Real o fizer. (Brommer aperta um botão e a imagem de um homem surge na tela.) TREVOR: Mas... BROMMER: Sim, esse é seu irmão, Thomas. De acordo com a sucessão do sangue real que segue nos Hardwick, o Caçador de Sangue Real é o primogênito. Thomas deveria sê-lo. Porém ele está desaparecido faz quase um ano e suspeitamos que ele esteja morto. (Trevor massageia a testa observando os dois falarem. Kendra olha para ele com certa pena.) KENDRA: A confirmação de sua morte foi dada hoje. Você matou aqueles vampiros. Ninguém mais pode fazê-lo além do Royal Hunter. TREVOR: Então... Então eu sou um Royal Hunter? KENDRA: A nossa única salvação. (Trevor se levanta, com os braços cruzados. Ele caminha de um lado para o outro calmamente. Então coloca as duas mãos sobre a mesa.) TREVOR: O que leva esses caras a acreditar que eu tenho essa chave? KENDRA: É obrigação do Royal Hunter protegê-la. Seu pai era um. Tudo indica que ele a tinha. E a passaria para você hoje. TREVOR: Porque hoje? BROMMER: Porque hoje se inicia seu sétimo ciclo, que é onde o Royal Hunter recebe seus poderes. KENDRA: Eles acharam então uma ótima oportunidade hoje. Matar os últimos Hunters e ainda conseguir a chave. BROMMER: Agora a sua missão é impedir que os seres das Trevas tomem o poder no nosso mundo. TREVOR: Não, essa não é a minha missão. Chamem os Winchester, estou fora, okay? Minha família foi toda assassinada. Eu não vou me dar a esse luxo. KENDRA: Trevor, se eles estão atrás da chave que seu pai possuía, então é porque eles já possuem as outras duas. Se eles já possuírem essa chave, o mundo pode deixar de ser o que é.
  • 11. TREVOR: Estou fora. Alguém pode me mostrar a saída? (Brommer e Kendra trocam olhares. Então ela faz um gesto.) BROMMER: Mas, lembre-se, meu jovem. Esse é seu destino. (Trevor ergue as sobrancelhas e então dá as costas para o homem. Ele e Kendra saem. Brommer junta as mãos sob o queixo e sorri.) Corte de Cena – Estacionamento da Ordem. (Trevor caminha até o seu carro.) TREVOR: Vocês o trouxeram. Obrigado. (Ele abre a porta para entrar, mas Kendra é mais rápida e bate a porta, fechando-a.) KENDRA: Como guardiã, minha missão é proteger o Royal Hunter. Eu conheci seu irmão. E ele não teria feito o que você está fazendo agora, Trevor, agindo de modo tão egoísta. TREVOR: Escuta. Minha família toda está destruída. Eu não quero ser, ahn, o próximo. É isso. KENDRA: Em todo caso, leve isso. (Ela entrega um objeto para ele.) TREVOR: O que é isso? KENDRA: Uma agenda eletrônica. Tudo que você precisa está aí. Se precisar de mim... TREVOR: Estou fora, já disse. KENDRA: Apenas fique com isso. (Ela vira as costas. Então ela pára e se vira para ele.) KENDRA: Trevor. Você não pode contar nada disso para ninguém. É perigoso. (Ele consente. Ela sai. Ele permanece olhando o objeto por um tempo. Entra no carro e sai.) Corte de cena – Casa de Trevor. (Trevor abre a porta com cuidado e entra. Ele a fecha com o mesmo cuidado. Então ele caminha pela sala até a cozinha, onde abre a geladeira e pega um jarro de água. Ao fechar a geladeira, vê um bilhete.) “Valeu pela consideração” (Trevor pega o bilhete e o observa por instantes. Ele respira fundo. Fade Out.) (Fade In) Casa de Trevor – Sala. (Lie – David Cook, ao fundo.)
  • 12. (Trevor desce as escadas massageando o ombro. Seus machucados no rosto e braços estão limpos, mas visíveis. Brian senta-se no sofá com um copo de suco na mão. Olha de relance Trevor descer as escadas e então continua olhando a TV.) TREVOR: Bom dia. BRIAN: Hm. (Trevor pára ao pé da escada e respira fundo. Então caminha até o sofá e se senta, colocando uma almofada no colo.) TREVOR: Hey, me desculpa, okay? Minha noite só não foi... muito boa. (Brian toma outro gole do suco, com indiferença. Então e se vira para Trevor. Sua expressão muda.) BRIAN: O que houve contigo? Você está todo machucado. TREVOR: Ah... No caminho para cá eu, ah, fui ajudar um cara que estava sendo assaltado e, bom, acabou nisso. Não foi pior porque meu pai sempre fez questão que eu aprendesse artes marciais, então... (Brian se vira para Trevor.) BRIAN: Escuta, eu não estou com raiva porque você não veio. Além do mais você estava desanimado, sabe. Mas você ao menos ligou. (A campainha toca. Música de fundo se encerra aos poucos. Trevor faz menção de se levantar, mas Brian é mais rápido.) BRIAN: Não, fica aí. Eu atendo. (Brian abre a porta, são policiais.) POLICIAL: Trevor Hardwick? TREVOR: Sou eu! (Brian faz sinal para que os policiais entrem. Os policiais entram. Trevor se levanta.) POLICIAL: Nós sentimos informar, mas seus pais... (Trevor cerra o cenho, Brian se aproxima dele.) POLICIAL: Eles sofreram um acidente grave na estrada, seguindo daqui para Nova York. Nós sentimos muito, mas precisamos que você se apresente para reconhecer os corpos. BRIAN: Oh, Deus. (Trevor abaixa a cabeça por instantes. Brian coloca a mão sobre o ombro dele. Então Trevor ergue a cabeça e esboça um sorriso, com os olhos úmidos.) TREVOR: Okay. (Os policiais saem e fecham a porta. Brian abraça Trevor, que chora. A música aumenta.) Corte de Cena – Quarto de Trevor (Haunted – Evanescence, ao fundo)
  • 13. (Trevor está com uma caneca fumegante em mãos. Ele toma um gole enquanto olha pela janela. Ele olha sobre a cama e vê a agenda eletrônica de Kendra. Ele coloca a caneca sobre a cômoda e pega a agenda em mãos. Com a caneta, ele clica em alguns botões, até que a foto de Phenor aparece. Ao lado da foto informações de onde ele vive.) (Trevor ergue os olhos da agenda e olha para frente. Foco nos olhos dele.) (Ele desce as escadas com uma mochila nas costas.) BRIAN: Onde você vai? TREVOR: Nova York. Vou à casa dos meus pais pegar algumas coisas e organizar o velório deles. BRIAN: Não quer que eu vá junto? TREVOR: Não. BRIAN: Okay. (Trevor pega as chaves e sai pela porta. Música sobe.) Tela escura – legenda: “Bucareste” (Tela escura se dissipa. Panorâmica da cidade. Câmera se aproxima de um carro seguindo pelas ruas da cidade. Trevor está dentro dele. No banco ao seu lado está uma agenda eletrônica e duas adagas de lâminas prateadas brilhantes.) (Pela janela é possível ver o sol se pondo. Trevor pega o celular e disca um número.) (Na Ordem, o celular de Kendra toca. Ela o atende.) TREVOR: Hei. KENDRA: Hardwick? TREVOR: Estou em Bucareste. Talvez eu não seja tão estúpido assim. KENDRA: Ou talvez seja um completo idiota. O que você está pensando? TREVOR: Só liguei para que me deseje sorte. Eu vou matar esses filhos da mãe e te levar as chaves. Bye, Kendra. (Ele desliga o celular e o joga sobre o banco. Então ele vira à esquerda e entra numa estrada completamente deserta.) Cena externa - Mansão dos Kieran. (Trevor pára o carro na estrada e desce. Está com uma roupa em estilo militar, porém toda preta. Ele prende as adagas em suportes nas costas e fecha a porta do carro. Então começa a caminhar. Imagem se abre mostrando uma imensa construção gótica, uma casa toda preta. É noite.) SR. HARDWICK (voz apenas, flashback): Você está ótimo, filho. TREVOR (voz apenas, flashback): Eu não gosto dessas aulas de Krav Maga. Muito menos essas com armas. Odeio essas armas. SR. HARDWICK (voz apenas, flashback): (ri) Um dia você entenderá a importância.
  • 14. (Trevor se aproxima da casa. Ele espiona o portão. Não há ninguém. Ele então se afasta do muro de pedra do portão e corre. Ele salta, se agarrando às pedras proeminentes do portão e, num impulso, se joga para cima do muro. Ao perceber movimentação abaixo de si, ele deita sobre o muro. Dois vampiros semelhantes aos da casa passam, conversando. Trevor então salta no jardim. Ao cair no chão, os vampiros percebem a presença dele e se viram. Ele retira duas facas prateadas do cinto e lança uma em cada um, fazendo com que eles caiam mortos no chão, como múmias, virando pó aos poucos.) TREVOR: Dois abatidos, algumas centenas restantes. (Ele então corre, meio abaixado, em direção à casa. Ele retira as duas adagas das costas e respira fundo. Então fica em pé, frente à porta principal da mansão. Slow Motion. Ele arromba a porta com o pé. Então entra. Vampiros começam a atacá-lo. Ele contra ataca com as adagas, ferindo e matando os vampiros.) (Whisper – Evanescence) (Velocidade normal de cena. Um vampiro forte ataca Trevor, que gira em torno de si, desviando e acertando com a adaga perfeitamente no pescoço do vampiro, arrancando-lhe fora a cabeça. Ele gira outra vez, em direção a outro vampiro que parte para cima dele. Segurando as duas adagas, lado a lado, ele gira e corta o vampiro no abdômen. Ele gira as adagas em sua mão, agora com as lâminas para baixo, e as crava no peito de um vampiro que tenta atacá-lo por trás.) (Ele golpeia um com um chute, para afastá-lo e lança uma adaga em outro, que tenta atacá-lo por cima. Numa cadeira, ao fundo do salão, ao lado da lareira, está Phenor, que observa tudo com um sorriso nos lábios.) (Trevor corre subindo as escadas, agora com uma adaga só em mãos. Um vampiro o pega de surpresa por trás e lhe golpeia com um chute usando os dois pés. Trevor cai da escada, rolando. A sua adaga escapa de sua mão e gira pelo chão, parando aos pés de Phenor, que surge num piscar de olhos, pisando sobre a adaga. Phenor então segura Trevor pelos cabelos e o levanta a certa altura.) PHENOR: Insolente. (E, com uma cabeçada, deixa Trevor desacordado.) PHENOR: Levem-no para baixo. Cena interna – Calabouço (Trevor geme de dor pelo soco no estômago. Então ele observa as correntes de suas mãos outra vez. Elas, diferentes, se prendem na parede através de um cadeado. Ele tenta romper os cadeados, em vão. Ele se senta no chão molhado e respira fundo outra vez. Concentra.) PHENOR (lado de fora): Abram as portas. (Trevor revira os olhos e continua sentando. Phenor entra na sala.) PHENOR: Levante-se, Caçador.
  • 15. (Trevor continua sentado.) PHENOR: Eu disse para se levantar! (Trevor se levanta.) TREVOR: Você sente falta do seu braço? Sempre tive curiosidade de perguntar isso a alguém que o perdeu. PHENOR: Tente fazer essa pergunta quando eu lhe questionar se sente falta da sua vida. Bom... (pausa) Eu disse que minha visita não lhe seria agradável. TREVOR: E quando ela foi? PHENOR: Te apresento Teah, a nossa Reveladora. TREVOR: Reveladora? PHENOR: Seres habilidosos em extrair a verdade de qualquer ser. Através da dor. (Trevor olha para a porta. Uma mulher extremamente pálida, de cabelos ruivos soltos e longos e de máscara de tecido que lhe cobre o nariz para baixo, como odalisca, entra na sala. Sua roupa é toda de couro e preta, porém sensual. Ela caminha até Trevor e, quando Phenor se afasta, ela retira sua máscara. Trevor a reconhece, é Kendra.) (Ela se aproxima dele e lhe beija. Close no beijo. Ela passa a ele uma chave. Então morde o lábio dele com força. Trevor grita. Kendra se afasta e recoloca a máscara.) KENDRA: Tirar a verdade desse aqui não será tão complicado. (Ela ergue a mão e desfere um tapa contra o rosto dele, com força, com as costas da mão.) KENDRA: Vamos esperar que faça efeito. Então voltamos. (Phenor e os outros caminham para fora da sala. Kendra se vira para ele e, erguendo a máscara, movimenta os lábios. Close nos lábios.) KENDRA: Seja rápido. (As portas se fecham. Trevor então cospe a chave em sua mão e, rapidamente, tenta abrir as travas das correntes que circundam sua mão. Sem sucesso, ele parte para os cadeados da parede.) (Kendra caminha ao lado de Phenor em direção as escadas que levam para cima.) PHENOR: Então...? KENDRA: Será fácil retirar a verdade dele. (Close na mão dela, que ela leva até as costas, retirando dali uma espécie de agulha prateada, longa e da grossura de um lápis, escondida em sua roupa.) KENDRA: Fácil... (Ela retira a máscara) Como fazer isso! (Ela crava a agulha no peito de Phenor, enfiando-a cada vez mais fundo. Phenor cai no chão, com os olhos arregalados, segurando o peito com força.) KENDRA: Agora, Hardwick! (Trevor sai da cela, com as correntes presas no pulso. Dois vampiros de guarda, no corredor, avançam para ele. Usando as correntes como chicote, ele joga uma delas contra um dos vampiros, fazendo a corrente envolver-se no pescoço do mesmo e, girando, joga a outra corrente contra o outro vampiro, acertando a cara dele em cheio. Kendra, correndo,
  • 16. desce as escadas com uma espada em mãos. Ela joga a espada para Trevor, que a pega e crava no peito do vampiro preso pelo pescoço. Kendra mexe no cinto do outro vampiro, desacordado, e retira dali um molho de chaves.) (Kendra abre as correntes, quando Phenor se levanta. Phenor retira a agulha do seu peito lentamente, olhando para Kendra com o olhar furioso.) PHENOR: Sua vadiazinha. TREVOR: Deixe-a, Phenor. Sua briga é comigo. (Usando de sua velocidade, Phenor rapidamente aparece em frente a Trevor.) PHENOR: Então lute comigo. (Trevor empurra Kendra e tenta golpeá-lo com a espada, mas Phenor se desvia, em seguida desferindo um soco contra Trevor, que cai no chão, batendo a cabeça na parede. Ele fica meio zonzo. Phenor vacila por instantes e cai de joelhos. Então olha para Kendra.) PHENOR: O que você fez comigo, sua vadia? KENDRA: Injetei prata em você. Não te mata, mas te enfraquece. Te deteriora aos poucos. Te destrói. (Dos olhos de Phenor escorre sangue. Sua expressão é furiosa. Então ele avança em Kendra. Ela cai. Ele, sobre ela, pressiona a cabeça de Kendra contra o solo, com força.) PHENOR: Quem você pensa que é? TREVOR: Quem você pensa que é? (Então a espada de Trevor trespassa o peito de Phenor. O sangue jorra da boca e dos olhos de Phenor, espirrando em Kendra. Trevor o puxa e joga o corpo dele ao lado de Kendra. Ela se levanta e fica ao lado de Trevor. Phenor começa a definhar aos poucos se resumir em um cadáver seco.) (Os dois então seguem escada acima, rumo à saída.) TREVOR: Como chegou tão rápido? KENDRA: Nós temos nossos meios. E nunca... Tipo, nunca mais faça isso. Não é fácil se fazer de Reveladora e se infiltrar no meio de tantos vampiros. TREVOR: Eu gostei do seu cabelo vermelho. KENDRA: Cala a boca. (Fade Out.) Sala de reuniões da Ordem; Mansão dos Kieran (Capricorn – 30 Seconds To Mars) (Há uma reunião. Brommer, de pé, conversa com outros homens. A porta então se abre. Trevor entra, com Kendra atrás de si. Ela já está com os cabelos pretos de novo e usa uma roupa mais discreta. Ele tem um curativo no rosto. Trevor joga um embrulho sobre a mesa.) BROMMER: O que é isso? TREVOR: As chaves que estavam na mão de Kieran.
  • 17. (Na Mansão dos Kieran, um homem usando um imenso casaco de pele entra. Assim que um serviçal fecha a porta, ele retira o casaco de pele, deixando-o cair ao chão. Ele usa apenas uma calça preta. Um vampiro dos que serviam à Phenor corre até ele e se curva.) VAMPIRO: Sr. Tristan, às suas ordens. (Tristan não responde. Apenas ergue a cabeça. Então alguns vampiros surgem, trazendo um corpo arrastado, envolto em um pano escuro. Eles deitam o corpo em frente à Tristan, que olha com indiferença.) TRISTAN: Quem é esse? (Na agência, Brommer desembrulha as chaves e sorri.) BROMMER: Eu sabia que você ia conseguir. TREVOR: Eu trabalharei com vocês. Mas tenho uma condição. BROMMER: Sim? (Na mansão, os vampiros desembrulham o corpo. É Phenor. A expressão de Tristan muda para uma raivosa.) TRISTAN: (gritando) Quem fez isso? VAMPIRO: O Caçador, Senhor. O Royal Hunter. (Um outro vampiro entrega uma imagem para Tristan. É uma foto de Trevor e a família. Tristan olha o retrato com cuidado, então o joga contra a parede.) (Na agência, Trevor se aproxima de Brommer, que se levanta.) TREVOR: Eu sei que Phenor não é o cabeça disso tudo. Assim que eu descobrir quem fez isso à minha família, assim que eu matar esse desgraçado... Eu estou fora. (Brommer parece pensar. Então ele respira fundo e sorri, abrindo os braços.) BROMMER: Seja bem vindo, meu jovem. (Na mansão, Tristan pega o casaco de pele e o veste de novo. Então ele sai da casa. Antes de entrar em seu carro, ele se vira e olha para a Mansão mais uma vez.) MOTORISTA: Para onde, Sr Kieran? TRISTAN: Dawn Coast.