1. C1 Araçatuba, quinta-feira, 23 de junho de 2011
HIP-HOP
Paulo Gonçalves/Folha da Região - 22/06/2011
Movimento reúne a
Araçatuba
Talita Rustichelli
Som das ruas
em fase de documentação. De
acordo com o DJ Sancler, presi-
go, dia 26, na Praça do Pinhei-
ros, no Jardim Pinheiros em
ção na disputa entre gangues nova-
iorquinas por territórios; e o grafite,
diversidade. "Não há uma filoso-
fia única, mas sim alguns temas e
música (rap), dança
(break) e artes visuais
(grafite); acima, o
grafiteiro Daniel Guizelini
em frente à sua obra
Serviço
talita.nayla@folhadaregiao.com.br dente da associação, o objetivo é Araçatuba: o "Som das Ruas", arte derivada da pichação, com de- interesses em comum. A maioria
unir ainda mais as pessoas envol- que terá a partir das 17h apre- senhos e figuras elaboradas, feita ge- é jovem, mora na periferia e abor- "Som das Ruas”
Dia: 26 de junho, domingo
o contrário do que mui- vidas com a cultura hip-hop, e sentações de grupos de Araçatu- ralmente em muros. da temas ligados ao seu cotidia-
A tos pensam, o hip-hop
não é uma dança e tam-
bém não é só um estilo de mú-
dar visibilidade ao trabalho de-
senvolvido na região.
"Há muita gente que reali-
ba, Birigui, Guararapes e outras
cidades. O evento é realizado
em parceria com a Associação
FILOSOFIA
Para Sancler, uma das princi-
no, como a discriminação racial e
desigualdade social. Mas as pes-
soas são diferentes, têm pensa-
Horário: 17h
Local: Praça do Pinheiros, no
Jardim Pinheiros, Araçatuba
Gratuito
sica. É um movimento, uma za trabalhos relacionados ao mo- de Moradores do Jardim Pinhei- pais características do hip-hop é a mentos diferentes", conclui.
cultura que funde principalmen- vimento na região de Araçatuba. ros, com a Cultura FM e a Se-
te a música, a dança e a arte cretaria Municipal de Cultura.
visual: rap, discotecagem, break
e grafite. O movimento surgiu
na década de 70, em subúrbios
“
A maioria é jovem,
"Já realizamos este tipo de
evento no local há cerca de um
ano. A ideia é fazer um circuito,
“Grafite é alvo de preconceito”
da cidade de Nova Iorque, que mora na passando por vários bairros de Por ter surgido a partir da ter de arte. Muitos grafites aca- mingo, o que mais o incomoda
enfrentavam a pobreza, a vio- Araçatuba a partir do segundo se- pichação, o grafite é visto mui- bam sendo cobertos por cama- são os argumentos negativos uti-
lência, o racismo, o tráfico de periferia mestre, em parceria com a Secre- tas vezes como ato de vandalis- das de tintas, a fim de serem lizados pelas pessoas para ava-
drogas, entre outros problemas, e aborda taria Municipal de Cultura, levan- mo; cria-se acerca dele uma at- "escondidos". liar o trabalho. "O fato de haver
e foi uma forma de canalizá-los temas ligados ao do o movimento a diversas pes- mosfera de preconceito e de Para o grafiteiro e designer a possibilidade de o grafite
positivamente. soas", explica. aversão, atribuindo-lhe interpre- Daniel Barbosa Guizelini, 25, 'sumir' não me deixa tão frustra-
Os integrantes das gangues
seu cotidiano, como Até o momento, estão ins- tações pejorativas e sem o cará- que participará do evento no do- do. Uma das características dele
desses bairros passaram a fre- a desigualdade critos mais de 30 artistas, entre é a 'apropriação de um
quentar festas organizadas pelo social cantores de rap, grupos de território', ou seja, pintar sem
DJ Afrika Bambaataa, considera- break, grafiteiros e DJs. Interes- uma concessão. Então, já sabe-
do o padrinho do movimento, Do DJ Sancler,
sados em se apresentar ou em mos que nosso trabalho pode
que reuniam as expressões artís- sobre o movimento se associar podem procurar San- desaparecer a qualquer momen-
ticas de rua, incentivando com- hip-hop cler pelos telefones (18) to. Mas me incomodo quando
petições de dança (break). No 9129-9225 e 9743-3343. "As as pessoas atribuem a ele, por
Brasil, o hip-hop surgiu inicial- apresentações são curtas, o que exemplo, uma interpretação de
mente em São Paulo nos anos ” possibilita a participação de vá- apologia a drogas e violência
80, a partir de encontros na rua Queremos fortalecer estes gru- rios grupos e torna o evento di- quando não há", afirma.
24 de Maio e no metrô São pos e oferecer-lhes formas de nâmico", garante.
Bento, frequentados por muitos mostrar suas produções, além de ATITUDE
dos artistas de destaque na ajudá-los a se profissionalizarem SEGMENTOS Guizelini explica que se
mídia hoje, como Thaíde, DJ e ainda fazer com que a popula- O evento será palco para os houver a autorização prévia pa-
Hum, Racionais MC's, Rappin ção compreenda realmente o três tipos de manifestações que fa- ra a realização da pintura e dos
Hood, entre outros. movimento", afirma o DJ. zem parte do hip-hop: o rap, um es- desenhos, já não se caracteriza
Em Araçatuba, adeptos ao tilo musical com característica de como grafite, mas sim como
movimento vêm se organizando EVENTO texto poético, "cantado" no ritmo mural. "O grafite, como arte de
para realizar a divulgação e valo- Segundo ele, uma forma de uma base sonora, e a maioria rua dentro do hip-hop, valoriza
rização de suas produções. Um de possibilitar isso é a realiza- das letras tem um contexto de críti- a atitude de confronto, a contra-
exemplo é a Associação Cultural ção de eventos. O próximo de- ca social; o break, dança quase acro- venção; de certa forma, nos
U'Manos, cujo projeto foi inicia- les, organizado pela associação bática, que era utilizada em seu sur- apropriamos de um espaço que
do há cerca de um ano e está U'Manos, acontece no domin- gimento como forma de competi- não é nosso", diz.TR