O quilombo mata cavalo territorialidade negra no mundo globalizado subme...
Mini curso sagrado feminino puc 2018
1. Pontifícia Universidade Católica de Goiás
Programa de Pós Graduação em História da Pontificia Universidade Católica de Goiás
Linha de Pesquisa : Identidade, Tradições e Territorialidades.
VII Semana Ciêntifica de História: Democracia e Resistência
Mini Curso 2: Ancestralidade Feminina: Da essência do
Sagrado aos movimentos feministas, Mulheres Negras e
Representatividade.
Dra. Rosinalda Corrêa da Silva Simoni, Historiadora Arqueologa,
Gestora do Patrimônio Cultural, Cientista da Religião, cursando Estágio
Pós doutoral no PPGHIST
Goiânia Junho 2018
2. .
O Sagrado Feminino
O principio do Sagrado Feminino Africano ( na cosmo visão
Iorubá) :Mulheres “ Das mães Miticas as Grandes Mulheres” A
importância do matriarcado afro-religioso para visibilidade da
cultura afro brasileira.
3. É pela memória que se puxam os fios da história, ela envolve
a lembrança e o esquecimento, a obsessão e a amnésia, o
sofrimento e deslumbramento (...) sim, a memória é o segredo
da história, do modo pelo qual se articulam o presente e o
passado, o individuo e a coletividade (...) Octávio Ianni.
4.
5. • Yemojá surge como Mãe do homo sapiens. Como
“Mãe dos filhos-peixe”, simboliza a vida que veio
do mar e também daqueles que saíram do líquido
amniótico.
• É uma divindade do rio que emigra para o mar
(domínio de Olokun) O fascínio que
Yemojá exerce sob diversos nomes abrange
todas varias civilizações do planeta e fomenta os
mitos ligados aos seres encantados do mar.
• É associada a fertilidade a procriação, rege a
consciência e, portanto, é reverenciada como mãe
de todos os seres pensantes , mãe de muitos
Orixás entre os quais Oxúm e Ogúm.
6. A Magia feminina também é
associada aos pássaros
(símbolo da projeção astral),
que em todas as culturas
surgem como seres alados,
imagens fundamentais da
energia feminina superior no
Universo. A representação
máxima deste poder são as
Iyà mi Agbá, Senhoras da noite
dos feitiços, e também das
fogueiras, arquétipos da
coletividade ancestral feminina
desde a criação do planeta.
7. Nanã é a mãe ancestral,
importada das terras do
Daomé. É a mulher sábia, a
anciã que atingindo a
menopausa, já não verte
sangue. Por isso retém em
si o poder da procriação. È
associada à lama e às
águas contidas na terra,
liga-se ao processo de
fertilidade da terra.
Simboliza a maternidade
arcaica indiferençada, pois é
a mãe de todos os seres, a
partir dos moluscos dos
pântanos.
8. Sacralidade Feminina na visão Cristão
• Pureza
• Maternidade
• Benevolência
• Resignação
• Submissão: “a Deus” e a Familia/ pai/ Marido
9. Ponderações
• O Poder Feminino é desde que o ser humano
tomou consciência de si, associado à capacidade
de criar e destruir a Vida, reverenciado como
controlador das grandes energias sobrenaturais.
Suas imagens, sob diversas formas, são as
primeiras manifestações artísticas nos sítios
arqueológicos desde o Paleolítico, sempre
representando a fertilidade e o primeiro contato
do ser humano com o Divino. Esse poder sempre
esteve ligado a Mãe Terra. E por vezes, foi
contado e recontado através dos mitos…
10. Os temas "mito" e "religião" são peças fundamentais para a
construção de Teorias Culturais, seja como objetos de estudo e
reflexão, seja como recurso metodológico para a compreensão
dos fundamentos das realidades culturais, e se prestam a uma
enorme gama de enfoques - antropológico, literário, sociológico,
filosófico, teológico. As culturas africanas e afro-brasileira são um
bom exemplo desta afirmação…
• Ainda no Brasil Colônia,a mão-de-obra
escravizada, vinda principalmente da África,
trouxe suas próprias práticas religiosas,que
sobreviveram à opressão dos colonizadores,
dando origem às religiões afro-brasileiras.(
MUNANGA ,2005)
11. • Os africanos trazidos para o Brasil foram: os
Sudaneses, representados principalmente
pelos iorubás (Nagô, Kêtu, Egbá), os
daomeanos (Fon, Ewe, Jeje, dentre outras), os
bantos (Angola, Congo, Cambinda, Benguela,
Moçambique) além das islâmicas como os
Haussá, Mandinga e outros.
12.
13.
14.
15. • Ao chegarem ao Brasil eles eram obrigados a se
converter ao cristianismo e a escravização. Então a busca
por suas origens, e com ela a preservação de sua
identidade, fez com que os grupos africanos trazidos para
esse continente incorporassem à ela alguns elementos de
suas religiões de origem, o que deu origem às religiões
afro-brasileiras, como Candomblé, Umbanda, Catimbó,
Jurema, Macumba, Tambor de Mina, Quimbanda, Jarê,
dentre outras.
16. • Entende-se como religiões de matriz afro um
conjunto de expressões religiosas que tem
em comum uma origem na África e portanto,
étnico-racial, tendo mantido na diáspora os
princípios teológicos e teogônicos africanos.
Estas religiões se caracterizam pela
manutenção de uma forte rigidez em relação
aos seus rituais, tradições e hierarquias
religiosas, e o sincretismo, característica que
as difere das outras religiões.
17. • Elas compõem um diversificado conjunto de
credos, alguns de caráter local, outros já
revestidos da característica de religião
universal, que podem ser encontrados por
todo o Brasil, e até mesmo em outros países,
especialmente Argentina e Uruguai. Mas
trata-se, contudo, de um grupo minoritário no
universo das religiões no Brasil (PRANDI,
2007).
18. • Apesar do “pequeno” número de adeptos, o
Candomblé e a Umbanda têm grande
visibilidade e muitos de seus símbolos fazem
parte da identidade do Brasileira. A força da
religiosidade afro brasileira está nitidamente
ligada as Mulheres, a exemplo da Irmandade
da Boa Morte datada de 1820 fundada por
mulheres de nação Jeje
19. • . Autoras como Mari Del Priore e Marisa de
Souza afirmam que o movimento de mulheres
negras ganhou força dentro das religiões; essa
afirmação se respalda nas falas de Bastide
Prandi ao transcrever em seus primeiros
escritos sobre as mulheres de axé. De mães
Miticas a Grandes lideranças.
21. Símbolos Sagrados do Candomblé:
○ instrumentos,
○ Ileques,
○ comidas,
○ Paramentos dos
orixás.
22.
23. • O Candomblé da Barroquinha foi o primeiro
candomblé a funcionar regularmente na Bahia.
De origem kêtu-nagô, foi fundado em 1830, por
três negras da Costa da Mina, de quem se
conhece apenas os nomes africanos: Adêtá (Iyá
Dêtá), Iyá Kalá e Iyá Nassô. Batizado de Ilê Iyá
Nassô (Casa de Mãe Nassô), o terreiro, hoje
conhecido como Candomblé do Engenho Velho
ou Terreiro da Casa Branca, deu origem aos três
mais famosos terreiros kêtu-nagô da Bahia
24. • Terreiro do Engenho Velho ou da Casa
Branca Mãe Senhora, o Ilê Axé Omim Iyá
Massê, atual candomblé do Gantois, Mãe
menininha. O e o Ilê Axé Opô Afonjá, sob a
direção de Ti’Joaquim, que quando morreu,
passou a liderança da casa para a Aninha
(Eugênia Ana Santos) que o conduziu até
1938.
30. Da Sacralidade a Militância: Esteriotipos do Racismo e
da subalternidade Feminina
• Como seria bom se minha beleza negra
chegasse ao Brasil, livre, liberto, sem essa luz
mutiladora que quebra e devasta com tudo,
como fogo de um vulcão não respeitado pelo
homem. …. minha cultura Minhas Negras
Memórias,( trecho da poesia Meu Corpo
Minha Cor de Miranda 2014 )
31. • Sabe qual é o negro mais bonito do mundo?
• É aquele que tem consciência de suas raízes,
• de suas origens culturais. É aquele que tem a
atitude de quem sabe que é ele mesmo, e não
um outro determinado pelo poder branco.”
(Lélia Gonzalez)
•
•
32. “Palavras” que “silenciaram” as
mulheres Negras em seu percurso
histórico
• minha beleza negra < banalização do corpo,
Erotização.
• chegasse , livre, liberto< desumanização <
desrespeito a alteridade..
• mutiladora que quebra e devasta< silencia
mento, Racismo, Sons do silêncio
33. Feminismo X movimento Negro
• Poder Branco< Racismo, sexismo
Foi em1970, que a mulher passa a ser campo de estudo nas Ciências Sociais,
sendo esta uma das conquistas do movimento feminista,de intelectuais, entre
elas, historiadoras, que agiram ativamente na reivindicação de uma produção
historiográfica em que as mulheres fossem retratadas na História como sujeitos
e também para evidenciar a história do próprio movimento feminista.
no dia 24 de fevereiro, de 1932 o "Dia da Conquista do
Voto Feminino no Brasil". A data comemorativa foi
sancionada pela primeira mulher eleita para chefe
máximo do executivo, Dilma Rousseff, por meio da lei
13.086/15.
34. Mulheres Brancas voto <afirmação da autonomia fora
das tarefas do lar, as trabalhadoras o direito ao voto
como possibilidade das lutas de classe
• As mulheres negras que estiveram a frente em
muitos momentos foram preteridas por receio
a suspensão do apoio ao movimento…
• Apoio de quem? Homens Brancos, sociedade
estruturada para silenciar...
35.
36. • “O feminismo negro nasce da necessidade
transversalizar as lutas cotidianas que Oprimi as
Mulheres a conquista do voto feminino só será
efetivada quando parte significativa desta
população tiver pautas como equiparação
salarial, genocidio da juventude negra dentre
outras necessidades discutidas nos espaços de
poder onde se constroem os planejamentos de
governo” Maria Tereza Ferreira 2018.. Blogueira
negras..
37. Sueli Carneiro disse uma vez: “…é preciso
enegrecer o feminismo…”. Tempos depois
escreveu: “…O racismo se materializa e se
reproduz nos estereótipos criados pela
sociedade.
44. Carolina Maria de Jesus nasceu a 14 de Março de 1914 em Sacramento, estado de
Minas Gerais, falecida em 1977 em São Paulo.
45. Em 1958, o repórter Audálio Dantas estava na favela do Canindé,
em São Paulo, preparando uma reportagem sobre um parque
infantil para o extinto jornal Folha da Noite, quando se deparou
com uma mulher negra de 43 anos que gritava: “Onde já se viu
uma coisa dessas, uns homens grandes tomando brinquedo de
criança! Deixe estar que eu vou botar vocês todos no meu livro!”,
Audálio foi atrás dela e descobriu uma escritora: Carolina Maria
de Jesus, que ficaria conhecida mundialmente por sua Obra
Quarto de Despejo, um clássico de nossa literatura, traduzido em
13 idiomas.
46. A favela é o quarto de despejo da
cidade”... Carolina Maria de Jesus
S.P. déc. de 50. Primeira mulher
negra literata.
47. • (…) em 1948, quando começaram a
demolir as casas térreas para construir os
edifícios, nós, os pobres que residíamos
nas habitações coletivas, fomos
despejados e ficamos residindo debaixo
das pontes. É por isso que eu denomino
que a favela é o quarto de despejo de
uma cidade. Nós, os pobres, somos os
trastes velhos...” trecho do livro quarto de
despejo, Carolina Maria de Jesus
48. • Sobre sua obra, Carolina afirma:
“Escrevo a miséria e a vida infausta dos
favelados. Eu era revoltada, não
acreditava em ninguém. Odiava os
políticos e os patrões, porque o meu
sonho era escrever e o pobre não pode ter
ideal nobre. Eu sabia que ia angariar
inimigos, porque ninguém está habituado
a esse tipo de literatura. Seja o que Deus
quiser. Eu escrevi a realidade.”
49. Literatura feminista Goiana negra
• Leodegária Brazília de Jesus nasceu em
Caldas Novas em 1889, foi uma das
primeiras mulheres a lançar um livro de
poemas em Goiás. 1906 como ano da
publicação da sua primeira obra, “Coroas
de Lírios”,
51. Leodegária teria se instalado em Vila Boa de
Goiás, hoje Cidade de Goiás, para estudar no
tradicional Colégio de Sant’Ana. Junto a outras
mulheres e ativistas, como Luzia de Oliveira,
Rosita Godinho, Alice Santana e Cora Coralina,
Leodegária começou a frequentar em 1907 o
Clube Literário Goiano, com sede em um dos
salões do sobrado de Dona Virgínia da Luz Vieira,
uma espécie de mecenas das artes goianas. E
também fundou com essas mulheres o semanário
“A Rosa”, publicado em papéis cor-de-rosa.
52. • Essas mulheres representavam o que
havia de ações afirmativas para o
empoderamento feminino naquele tempo,
mesmo que não houvesse uma
consciência formada sobre esse conceito.
Mas a ideia já existia, de que mulheres
precisavam ocupar um espaço que lhes
era negado, por meio de grupos femininos
de apoio e emancipação pelo exercício da
escrita,
53. • Stuart Hall (1932-2014), O racismo e um fator
que atua como um elemento-chave nas
violências simbólicas que afetam a população
negra, de forma especial a mulher negra…” (Sueli
Carneiro, 2013).
• Assim, se pensarmos nos direitos humanos e na
luta contra o racismo, devemos buscar um
recorte de genero, étnico, cultural, social e
religioso: só assim poderemos atender a
diversidade social que compõe nosso país.
55. • (Era a fala da Sinhá) vem me ajudar, ó Fulô, vem abanar o meu
corpo
• que eu estou suada, Fulô! vem coçar minha coceira,vem me catar
cafuné,
• vem balançar minha rede, vem me contar uma história,
• que eu estou com sono, Fulô! Essa negra Fulô!
• “Era um dia uma princesa que vivia num castelo
• que possuía um vestido com os peixinhos do mar. Entrou na perna
dum pato
• saiu na perna dum pinto Rei-Sinhô me mandou que vos contasse
mais cinco.”
• Essa negra Fulô! Essa negra Fulô! Ó Fulô? Ó Fulô? Vai botar para
dormir
56. • Essa Negra Fulô Jorge de Lima ( 1985/1953)
• Ora, se deu que chegou (isso já faz muito tempo)no bangüê dum meu avô
• uma negra bonitinha,chamada negra Fulô.Essa negra Fulô!
• Essa negra Fulô Ó Fulô! Ó Fulô! (Era a fala da Sinhá)
• — Vai forrar a minha cama, pentear os meus cabelos,vem ajudar a tirar
• a minha roupa, Fulô! Essa negra Fulô! Essa negrinha Fulô
• ficou logo pra mucama, pra vigiar a Sinhá pra engomar pro Sinhô!
• Essa negra Fulô! Essa negra Fulô! Ó Fulô! Ó Fulô!