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Pontifícia Universidade Católica de Goiás
Programa de Pós Graduação em História da Pontificia Universidade Católica de Goiás
Linha de Pesquisa : Identidade, Tradições e Territorialidades.
VII Semana Ciêntifica de História: Democracia e Resistência
Mini Curso 2: Ancestralidade Feminina: Da essência do
Sagrado aos movimentos feministas, Mulheres Negras e
Representatividade.
Dra. Rosinalda Corrêa da Silva Simoni, Historiadora Arqueologa,
Gestora do Patrimônio Cultural, Cientista da Religião, cursando Estágio
Pós doutoral no PPGHIST
Goiânia Junho 2018
.
O Sagrado Feminino
O principio do Sagrado Feminino Africano ( na cosmo visão
Iorubá) :Mulheres “ Das mães Miticas as Grandes Mulheres” A
importância do matriarcado afro-religioso para visibilidade da
cultura afro brasileira.
É pela memória que se puxam os fios da história, ela envolve
a lembrança e o esquecimento, a obsessão e a amnésia, o
sofrimento e deslumbramento (...) sim, a memória é o segredo
da história, do modo pelo qual se articulam o presente e o
passado, o individuo e a coletividade (...) Octávio Ianni.
• Yemojá surge como Mãe do homo sapiens. Como
“Mãe dos filhos-peixe”, simboliza a vida que veio
do mar e também daqueles que saíram do líquido
amniótico.
• É uma divindade do rio que emigra para o mar
(domínio de Olokun) O fascínio que
Yemojá exerce sob diversos nomes abrange
todas varias civilizações do planeta e fomenta os
mitos ligados aos seres encantados do mar.
• É associada a fertilidade a procriação, rege a
consciência e, portanto, é reverenciada como mãe
de todos os seres pensantes , mãe de muitos
Orixás entre os quais Oxúm e Ogúm.
A Magia feminina também é
associada aos pássaros
(símbolo da projeção astral),
que em todas as culturas
surgem como seres alados,
imagens fundamentais da
energia feminina superior no
Universo. A representação
máxima deste poder são as
Iyà mi Agbá, Senhoras da noite
dos feitiços, e também das
fogueiras, arquétipos da
coletividade ancestral feminina
desde a criação do planeta.
Nanã é a mãe ancestral,
importada das terras do
Daomé. É a mulher sábia, a
anciã que atingindo a
menopausa, já não verte
sangue. Por isso retém em
si o poder da procriação. È
associada à lama e às
águas contidas na terra,
liga-se ao processo de
fertilidade da terra.
Simboliza a maternidade
arcaica indiferençada, pois é
a mãe de todos os seres, a
partir dos moluscos dos
pântanos.
Sacralidade Feminina na visão Cristão
• Pureza
• Maternidade
• Benevolência
• Resignação
• Submissão: “a Deus” e a Familia/ pai/ Marido
Ponderações
• O Poder Feminino é desde que o ser humano
tomou consciência de si, associado à capacidade
de criar e destruir a Vida, reverenciado como
controlador das grandes energias sobrenaturais.
Suas imagens, sob diversas formas, são as
primeiras manifestações artísticas nos sítios
arqueológicos desde o Paleolítico, sempre
representando a fertilidade e o primeiro contato
do ser humano com o Divino. Esse poder sempre
esteve ligado a Mãe Terra. E por vezes, foi
contado e recontado através dos mitos…
Os temas "mito" e "religião" são peças fundamentais para a
construção de Teorias Culturais, seja como objetos de estudo e
reflexão, seja como recurso metodológico para a compreensão
dos fundamentos das realidades culturais, e se prestam a uma
enorme gama de enfoques - antropológico, literário, sociológico,
filosófico, teológico. As culturas africanas e afro-brasileira são um
bom exemplo desta afirmação…
• Ainda no Brasil Colônia,a mão-de-obra
escravizada, vinda principalmente da África,
trouxe suas próprias práticas religiosas,que
sobreviveram à opressão dos colonizadores,
dando origem às religiões afro-brasileiras.(
MUNANGA ,2005)
• Os africanos trazidos para o Brasil foram: os
Sudaneses, representados principalmente
pelos iorubás (Nagô, Kêtu, Egbá), os
daomeanos (Fon, Ewe, Jeje, dentre outras), os
bantos (Angola, Congo, Cambinda, Benguela,
Moçambique) além das islâmicas como os
Haussá, Mandinga e outros.
• Ao chegarem ao Brasil eles eram obrigados a se
converter ao cristianismo e a escravização. Então a busca
por suas origens, e com ela a preservação de sua
identidade, fez com que os grupos africanos trazidos para
esse continente incorporassem à ela alguns elementos de
suas religiões de origem, o que deu origem às religiões
afro-brasileiras, como Candomblé, Umbanda, Catimbó,
Jurema, Macumba, Tambor de Mina, Quimbanda, Jarê,
dentre outras.
• Entende-se como religiões de matriz afro um
conjunto de expressões religiosas que tem
em comum uma origem na África e portanto,
étnico-racial, tendo mantido na diáspora os
princípios teológicos e teogônicos africanos.
Estas religiões se caracterizam pela
manutenção de uma forte rigidez em relação
aos seus rituais, tradições e hierarquias
religiosas, e o sincretismo, característica que
as difere das outras religiões.
• Elas compõem um diversificado conjunto de
credos, alguns de caráter local, outros já
revestidos da característica de religião
universal, que podem ser encontrados por
todo o Brasil, e até mesmo em outros países,
especialmente Argentina e Uruguai. Mas
trata-se, contudo, de um grupo minoritário no
universo das religiões no Brasil (PRANDI,
2007).
• Apesar do “pequeno” número de adeptos, o
Candomblé e a Umbanda têm grande
visibilidade e muitos de seus símbolos fazem
parte da identidade do Brasileira. A força da
religiosidade afro brasileira está nitidamente
ligada as Mulheres, a exemplo da Irmandade
da Boa Morte datada de 1820 fundada por
mulheres de nação Jeje
• . Autoras como Mari Del Priore e Marisa de
Souza afirmam que o movimento de mulheres
negras ganhou força dentro das religiões; essa
afirmação se respalda nas falas de Bastide
Prandi ao transcrever em seus primeiros
escritos sobre as mulheres de axé. De mães
Miticas a Grandes lideranças.
Culto aos Orixás na pntura de Caribé
Símbolos Sagrados do Candomblé:
○ instrumentos,
○ Ileques,
○ comidas,
○ Paramentos dos
orixás.
• O Candomblé da Barroquinha foi o primeiro
candomblé a funcionar regularmente na Bahia.
De origem kêtu-nagô, foi fundado em 1830, por
três negras da Costa da Mina, de quem se
conhece apenas os nomes africanos: Adêtá (Iyá
Dêtá), Iyá Kalá e Iyá Nassô. Batizado de Ilê Iyá
Nassô (Casa de Mãe Nassô), o terreiro, hoje
conhecido como Candomblé do Engenho Velho
ou Terreiro da Casa Branca, deu origem aos três
mais famosos terreiros kêtu-nagô da Bahia
• Terreiro do Engenho Velho ou da Casa
Branca Mãe Senhora, o Ilê Axé Omim Iyá
Massê, atual candomblé do Gantois, Mãe
menininha. O e o Ilê Axé Opô Afonjá, sob a
direção de Ti’Joaquim, que quando morreu,
passou a liderança da casa para a Aninha
(Eugênia Ana Santos) que o conduziu até
1938.
Obá Biy, Mãe Aninha
Terreiro da Ilê Opo
Afonjá
Mãe Menininha do Gantois 1894/ 1986
Mãe Senhora Terreiro casa Branca/
Engenho Velho
Mãe Stela Ilê Opô Afonja
Da Sacralidade a Militância: Esteriotipos do Racismo e
da subalternidade Feminina
• Como seria bom se minha beleza negra
chegasse ao Brasil, livre, liberto, sem essa luz
mutiladora que quebra e devasta com tudo,
como fogo de um vulcão não respeitado pelo
homem. …. minha cultura Minhas Negras
Memórias,( trecho da poesia Meu Corpo
Minha Cor de Miranda 2014 )
• Sabe qual é o negro mais bonito do mundo?
• É aquele que tem consciência de suas raízes,
• de suas origens culturais. É aquele que tem a
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um outro determinado pelo poder branco.”
(Lélia Gonzalez)
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•
“Palavras” que “silenciaram” as
mulheres Negras em seu percurso
histórico
• minha beleza negra < banalização do corpo,
Erotização.
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desrespeito a alteridade..
• mutiladora que quebra e devasta< silencia
mento, Racismo, Sons do silêncio
Feminismo X movimento Negro
• Poder Branco< Racismo, sexismo
Foi em1970, que a mulher passa a ser campo de estudo nas Ciências Sociais,
sendo esta uma das conquistas do movimento feminista,de intelectuais, entre
elas, historiadoras, que agiram ativamente na reivindicação de uma produção
historiográfica em que as mulheres fossem retratadas na História como sujeitos
e também para evidenciar a história do próprio movimento feminista.
no dia 24 de fevereiro, de 1932 o "Dia da Conquista do
Voto Feminino no Brasil". A data comemorativa foi
sancionada pela primeira mulher eleita para chefe
máximo do executivo, Dilma Rousseff, por meio da lei
13.086/15.
Mulheres Brancas voto <afirmação da autonomia fora
das tarefas do lar, as trabalhadoras o direito ao voto
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• As mulheres negras que estiveram a frente em
muitos momentos foram preteridas por receio
a suspensão do apoio ao movimento…
• Apoio de quem? Homens Brancos, sociedade
estruturada para silenciar...
• “O feminismo negro nasce da necessidade
transversalizar as lutas cotidianas que Oprimi as
Mulheres a conquista do voto feminino só será
efetivada quando parte significativa desta
população tiver pautas como equiparação
salarial, genocidio da juventude negra dentre
outras necessidades discutidas nos espaços de
poder onde se constroem os planejamentos de
governo” Maria Tereza Ferreira 2018.. Blogueira
negras..
Sueli Carneiro disse uma vez: “…é preciso
enegrecer o feminismo…”. Tempos depois
escreveu: “…O racismo se materializa e se
reproduz nos estereótipos criados pela
sociedade.
Das ocupações femininas negras: Durante e pós Escravatura: Lavadeira
de Goiás década de 20
Carolina Maria de Jesus nasceu a 14 de Março de 1914 em Sacramento, estado de
Minas Gerais, falecida em 1977 em São Paulo.
Em 1958, o repórter Audálio Dantas estava na favela do Canindé,
em São Paulo, preparando uma reportagem sobre um parque
infantil para o extinto jornal Folha da Noite, quando se deparou
com uma mulher negra de 43 anos que gritava: “Onde já se viu
uma coisa dessas, uns homens grandes tomando brinquedo de
criança! Deixe estar que eu vou botar vocês todos no meu livro!”,
Audálio foi atrás dela e descobriu uma escritora: Carolina Maria
de Jesus, que ficaria conhecida mundialmente por sua Obra
Quarto de Despejo, um clássico de nossa literatura, traduzido em
13 idiomas.
A favela é o quarto de despejo da
cidade”... Carolina Maria de Jesus
S.P. déc. de 50. Primeira mulher
negra literata.
• (…) em 1948, quando começaram a
demolir as casas térreas para construir os
edifícios, nós, os pobres que residíamos
nas habitações coletivas, fomos
despejados e ficamos residindo debaixo
das pontes. É por isso que eu denomino
que a favela é o quarto de despejo de
uma cidade. Nós, os pobres, somos os
trastes velhos...” trecho do livro quarto de
despejo, Carolina Maria de Jesus
• Sobre sua obra, Carolina afirma:
“Escrevo a miséria e a vida infausta dos
favelados. Eu era revoltada, não
acreditava em ninguém. Odiava os
políticos e os patrões, porque o meu
sonho era escrever e o pobre não pode ter
ideal nobre. Eu sabia que ia angariar
inimigos, porque ninguém está habituado
a esse tipo de literatura. Seja o que Deus
quiser. Eu escrevi a realidade.”
Literatura feminista Goiana negra
• Leodegária Brazília de Jesus nasceu em
Caldas Novas em 1889, foi uma das
primeiras mulheres a lançar um livro de
poemas em Goiás. 1906 como ano da
publicação da sua primeira obra, “Coroas
de Lírios”,
nascida em1889 / GO- falecida em 1978/ MG
Leodegária teria se instalado em Vila Boa de
Goiás, hoje Cidade de Goiás, para estudar no
tradicional Colégio de Sant’Ana. Junto a outras
mulheres e ativistas, como Luzia de Oliveira,
Rosita Godinho, Alice Santana e Cora Coralina,
Leodegária começou a frequentar em 1907 o
Clube Literário Goiano, com sede em um dos
salões do sobrado de Dona Virgínia da Luz Vieira,
uma espécie de mecenas das artes goianas. E
também fundou com essas mulheres o semanário
“A Rosa”, publicado em papéis cor-de-rosa.
• Essas mulheres representavam o que
havia de ações afirmativas para o
empoderamento feminino naquele tempo,
mesmo que não houvesse uma
consciência formada sobre esse conceito.
Mas a ideia já existia, de que mulheres
precisavam ocupar um espaço que lhes
era negado, por meio de grupos femininos
de apoio e emancipação pelo exercício da
escrita,
• Stuart Hall (1932-2014), O racismo e um fator
que atua como um elemento-chave nas
violências simbólicas que afetam a população
negra, de forma especial a mulher negra…” (Sueli
Carneiro, 2013).
• Assim, se pensarmos nos direitos humanos e na
luta contra o racismo, devemos buscar um
recorte de genero, étnico, cultural, social e
religioso: só assim poderemos atender a
diversidade social que compõe nosso país.
Essa Nega Fulô
• (Era a fala da Sinhá) vem me ajudar, ó Fulô, vem abanar o meu
corpo
• que eu estou suada, Fulô! vem coçar minha coceira,vem me catar
cafuné,
• vem balançar minha rede, vem me contar uma história,
• que eu estou com sono, Fulô! Essa negra Fulô!
• “Era um dia uma princesa que vivia num castelo
• que possuía um vestido com os peixinhos do mar. Entrou na perna
dum pato
• saiu na perna dum pinto Rei-Sinhô me mandou que vos contasse
mais cinco.”
• Essa negra Fulô! Essa negra Fulô! Ó Fulô? Ó Fulô? Vai botar para
dormir
• Essa Negra Fulô Jorge de Lima ( 1985/1953)
• Ora, se deu que chegou (isso já faz muito tempo)no bangüê dum meu avô
• uma negra bonitinha,chamada negra Fulô.Essa negra Fulô!
• Essa negra Fulô Ó Fulô! Ó Fulô! (Era a fala da Sinhá)
• — Vai forrar a minha cama, pentear os meus cabelos,vem ajudar a tirar
• a minha roupa, Fulô! Essa negra Fulô! Essa negrinha Fulô
• ficou logo pra mucama, pra vigiar a Sinhá pra engomar pro Sinhô!
• Essa negra Fulô! Essa negra Fulô! Ó Fulô! Ó Fulô!

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  • 1. Pontifícia Universidade Católica de Goiás Programa de Pós Graduação em História da Pontificia Universidade Católica de Goiás Linha de Pesquisa : Identidade, Tradições e Territorialidades. VII Semana Ciêntifica de História: Democracia e Resistência Mini Curso 2: Ancestralidade Feminina: Da essência do Sagrado aos movimentos feministas, Mulheres Negras e Representatividade. Dra. Rosinalda Corrêa da Silva Simoni, Historiadora Arqueologa, Gestora do Patrimônio Cultural, Cientista da Religião, cursando Estágio Pós doutoral no PPGHIST Goiânia Junho 2018
  • 2. . O Sagrado Feminino O principio do Sagrado Feminino Africano ( na cosmo visão Iorubá) :Mulheres “ Das mães Miticas as Grandes Mulheres” A importância do matriarcado afro-religioso para visibilidade da cultura afro brasileira.
  • 3. É pela memória que se puxam os fios da história, ela envolve a lembrança e o esquecimento, a obsessão e a amnésia, o sofrimento e deslumbramento (...) sim, a memória é o segredo da história, do modo pelo qual se articulam o presente e o passado, o individuo e a coletividade (...) Octávio Ianni.
  • 4.
  • 5. • Yemojá surge como Mãe do homo sapiens. Como “Mãe dos filhos-peixe”, simboliza a vida que veio do mar e também daqueles que saíram do líquido amniótico. • É uma divindade do rio que emigra para o mar (domínio de Olokun) O fascínio que Yemojá exerce sob diversos nomes abrange todas varias civilizações do planeta e fomenta os mitos ligados aos seres encantados do mar. • É associada a fertilidade a procriação, rege a consciência e, portanto, é reverenciada como mãe de todos os seres pensantes , mãe de muitos Orixás entre os quais Oxúm e Ogúm.
  • 6. A Magia feminina também é associada aos pássaros (símbolo da projeção astral), que em todas as culturas surgem como seres alados, imagens fundamentais da energia feminina superior no Universo. A representação máxima deste poder são as Iyà mi Agbá, Senhoras da noite dos feitiços, e também das fogueiras, arquétipos da coletividade ancestral feminina desde a criação do planeta.
  • 7. Nanã é a mãe ancestral, importada das terras do Daomé. É a mulher sábia, a anciã que atingindo a menopausa, já não verte sangue. Por isso retém em si o poder da procriação. È associada à lama e às águas contidas na terra, liga-se ao processo de fertilidade da terra. Simboliza a maternidade arcaica indiferençada, pois é a mãe de todos os seres, a partir dos moluscos dos pântanos.
  • 8. Sacralidade Feminina na visão Cristão • Pureza • Maternidade • Benevolência • Resignação • Submissão: “a Deus” e a Familia/ pai/ Marido
  • 9. Ponderações • O Poder Feminino é desde que o ser humano tomou consciência de si, associado à capacidade de criar e destruir a Vida, reverenciado como controlador das grandes energias sobrenaturais. Suas imagens, sob diversas formas, são as primeiras manifestações artísticas nos sítios arqueológicos desde o Paleolítico, sempre representando a fertilidade e o primeiro contato do ser humano com o Divino. Esse poder sempre esteve ligado a Mãe Terra. E por vezes, foi contado e recontado através dos mitos…
  • 10. Os temas "mito" e "religião" são peças fundamentais para a construção de Teorias Culturais, seja como objetos de estudo e reflexão, seja como recurso metodológico para a compreensão dos fundamentos das realidades culturais, e se prestam a uma enorme gama de enfoques - antropológico, literário, sociológico, filosófico, teológico. As culturas africanas e afro-brasileira são um bom exemplo desta afirmação… • Ainda no Brasil Colônia,a mão-de-obra escravizada, vinda principalmente da África, trouxe suas próprias práticas religiosas,que sobreviveram à opressão dos colonizadores, dando origem às religiões afro-brasileiras.( MUNANGA ,2005)
  • 11. • Os africanos trazidos para o Brasil foram: os Sudaneses, representados principalmente pelos iorubás (Nagô, Kêtu, Egbá), os daomeanos (Fon, Ewe, Jeje, dentre outras), os bantos (Angola, Congo, Cambinda, Benguela, Moçambique) além das islâmicas como os Haussá, Mandinga e outros.
  • 12.
  • 13.
  • 14.
  • 15. • Ao chegarem ao Brasil eles eram obrigados a se converter ao cristianismo e a escravização. Então a busca por suas origens, e com ela a preservação de sua identidade, fez com que os grupos africanos trazidos para esse continente incorporassem à ela alguns elementos de suas religiões de origem, o que deu origem às religiões afro-brasileiras, como Candomblé, Umbanda, Catimbó, Jurema, Macumba, Tambor de Mina, Quimbanda, Jarê, dentre outras.
  • 16. • Entende-se como religiões de matriz afro um conjunto de expressões religiosas que tem em comum uma origem na África e portanto, étnico-racial, tendo mantido na diáspora os princípios teológicos e teogônicos africanos. Estas religiões se caracterizam pela manutenção de uma forte rigidez em relação aos seus rituais, tradições e hierarquias religiosas, e o sincretismo, característica que as difere das outras religiões.
  • 17. • Elas compõem um diversificado conjunto de credos, alguns de caráter local, outros já revestidos da característica de religião universal, que podem ser encontrados por todo o Brasil, e até mesmo em outros países, especialmente Argentina e Uruguai. Mas trata-se, contudo, de um grupo minoritário no universo das religiões no Brasil (PRANDI, 2007).
  • 18. • Apesar do “pequeno” número de adeptos, o Candomblé e a Umbanda têm grande visibilidade e muitos de seus símbolos fazem parte da identidade do Brasileira. A força da religiosidade afro brasileira está nitidamente ligada as Mulheres, a exemplo da Irmandade da Boa Morte datada de 1820 fundada por mulheres de nação Jeje
  • 19. • . Autoras como Mari Del Priore e Marisa de Souza afirmam que o movimento de mulheres negras ganhou força dentro das religiões; essa afirmação se respalda nas falas de Bastide Prandi ao transcrever em seus primeiros escritos sobre as mulheres de axé. De mães Miticas a Grandes lideranças.
  • 20. Culto aos Orixás na pntura de Caribé
  • 21. Símbolos Sagrados do Candomblé: ○ instrumentos, ○ Ileques, ○ comidas, ○ Paramentos dos orixás.
  • 22.
  • 23. • O Candomblé da Barroquinha foi o primeiro candomblé a funcionar regularmente na Bahia. De origem kêtu-nagô, foi fundado em 1830, por três negras da Costa da Mina, de quem se conhece apenas os nomes africanos: Adêtá (Iyá Dêtá), Iyá Kalá e Iyá Nassô. Batizado de Ilê Iyá Nassô (Casa de Mãe Nassô), o terreiro, hoje conhecido como Candomblé do Engenho Velho ou Terreiro da Casa Branca, deu origem aos três mais famosos terreiros kêtu-nagô da Bahia
  • 24. • Terreiro do Engenho Velho ou da Casa Branca Mãe Senhora, o Ilê Axé Omim Iyá Massê, atual candomblé do Gantois, Mãe menininha. O e o Ilê Axé Opô Afonjá, sob a direção de Ti’Joaquim, que quando morreu, passou a liderança da casa para a Aninha (Eugênia Ana Santos) que o conduziu até 1938.
  • 25. Obá Biy, Mãe Aninha Terreiro da Ilê Opo Afonjá
  • 26. Mãe Menininha do Gantois 1894/ 1986
  • 27.
  • 28. Mãe Senhora Terreiro casa Branca/ Engenho Velho
  • 29. Mãe Stela Ilê Opô Afonja
  • 30. Da Sacralidade a Militância: Esteriotipos do Racismo e da subalternidade Feminina • Como seria bom se minha beleza negra chegasse ao Brasil, livre, liberto, sem essa luz mutiladora que quebra e devasta com tudo, como fogo de um vulcão não respeitado pelo homem. …. minha cultura Minhas Negras Memórias,( trecho da poesia Meu Corpo Minha Cor de Miranda 2014 )
  • 31. • Sabe qual é o negro mais bonito do mundo? • É aquele que tem consciência de suas raízes, • de suas origens culturais. É aquele que tem a atitude de quem sabe que é ele mesmo, e não um outro determinado pelo poder branco.” (Lélia Gonzalez) • •
  • 32. “Palavras” que “silenciaram” as mulheres Negras em seu percurso histórico • minha beleza negra < banalização do corpo, Erotização. • chegasse , livre, liberto< desumanização < desrespeito a alteridade.. • mutiladora que quebra e devasta< silencia mento, Racismo, Sons do silêncio
  • 33. Feminismo X movimento Negro • Poder Branco< Racismo, sexismo Foi em1970, que a mulher passa a ser campo de estudo nas Ciências Sociais, sendo esta uma das conquistas do movimento feminista,de intelectuais, entre elas, historiadoras, que agiram ativamente na reivindicação de uma produção historiográfica em que as mulheres fossem retratadas na História como sujeitos e também para evidenciar a história do próprio movimento feminista. no dia 24 de fevereiro, de 1932 o "Dia da Conquista do Voto Feminino no Brasil". A data comemorativa foi sancionada pela primeira mulher eleita para chefe máximo do executivo, Dilma Rousseff, por meio da lei 13.086/15.
  • 34. Mulheres Brancas voto <afirmação da autonomia fora das tarefas do lar, as trabalhadoras o direito ao voto como possibilidade das lutas de classe • As mulheres negras que estiveram a frente em muitos momentos foram preteridas por receio a suspensão do apoio ao movimento… • Apoio de quem? Homens Brancos, sociedade estruturada para silenciar...
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  • 36. • “O feminismo negro nasce da necessidade transversalizar as lutas cotidianas que Oprimi as Mulheres a conquista do voto feminino só será efetivada quando parte significativa desta população tiver pautas como equiparação salarial, genocidio da juventude negra dentre outras necessidades discutidas nos espaços de poder onde se constroem os planejamentos de governo” Maria Tereza Ferreira 2018.. Blogueira negras..
  • 37. Sueli Carneiro disse uma vez: “…é preciso enegrecer o feminismo…”. Tempos depois escreveu: “…O racismo se materializa e se reproduz nos estereótipos criados pela sociedade.
  • 38. Das ocupações femininas negras: Durante e pós Escravatura: Lavadeira de Goiás década de 20
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  • 44. Carolina Maria de Jesus nasceu a 14 de Março de 1914 em Sacramento, estado de Minas Gerais, falecida em 1977 em São Paulo.
  • 45. Em 1958, o repórter Audálio Dantas estava na favela do Canindé, em São Paulo, preparando uma reportagem sobre um parque infantil para o extinto jornal Folha da Noite, quando se deparou com uma mulher negra de 43 anos que gritava: “Onde já se viu uma coisa dessas, uns homens grandes tomando brinquedo de criança! Deixe estar que eu vou botar vocês todos no meu livro!”, Audálio foi atrás dela e descobriu uma escritora: Carolina Maria de Jesus, que ficaria conhecida mundialmente por sua Obra Quarto de Despejo, um clássico de nossa literatura, traduzido em 13 idiomas.
  • 46. A favela é o quarto de despejo da cidade”... Carolina Maria de Jesus S.P. déc. de 50. Primeira mulher negra literata.
  • 47. • (…) em 1948, quando começaram a demolir as casas térreas para construir os edifícios, nós, os pobres que residíamos nas habitações coletivas, fomos despejados e ficamos residindo debaixo das pontes. É por isso que eu denomino que a favela é o quarto de despejo de uma cidade. Nós, os pobres, somos os trastes velhos...” trecho do livro quarto de despejo, Carolina Maria de Jesus
  • 48. • Sobre sua obra, Carolina afirma: “Escrevo a miséria e a vida infausta dos favelados. Eu era revoltada, não acreditava em ninguém. Odiava os políticos e os patrões, porque o meu sonho era escrever e o pobre não pode ter ideal nobre. Eu sabia que ia angariar inimigos, porque ninguém está habituado a esse tipo de literatura. Seja o que Deus quiser. Eu escrevi a realidade.”
  • 49. Literatura feminista Goiana negra • Leodegária Brazília de Jesus nasceu em Caldas Novas em 1889, foi uma das primeiras mulheres a lançar um livro de poemas em Goiás. 1906 como ano da publicação da sua primeira obra, “Coroas de Lírios”,
  • 50. nascida em1889 / GO- falecida em 1978/ MG
  • 51. Leodegária teria se instalado em Vila Boa de Goiás, hoje Cidade de Goiás, para estudar no tradicional Colégio de Sant’Ana. Junto a outras mulheres e ativistas, como Luzia de Oliveira, Rosita Godinho, Alice Santana e Cora Coralina, Leodegária começou a frequentar em 1907 o Clube Literário Goiano, com sede em um dos salões do sobrado de Dona Virgínia da Luz Vieira, uma espécie de mecenas das artes goianas. E também fundou com essas mulheres o semanário “A Rosa”, publicado em papéis cor-de-rosa.
  • 52. • Essas mulheres representavam o que havia de ações afirmativas para o empoderamento feminino naquele tempo, mesmo que não houvesse uma consciência formada sobre esse conceito. Mas a ideia já existia, de que mulheres precisavam ocupar um espaço que lhes era negado, por meio de grupos femininos de apoio e emancipação pelo exercício da escrita,
  • 53. • Stuart Hall (1932-2014), O racismo e um fator que atua como um elemento-chave nas violências simbólicas que afetam a população negra, de forma especial a mulher negra…” (Sueli Carneiro, 2013). • Assim, se pensarmos nos direitos humanos e na luta contra o racismo, devemos buscar um recorte de genero, étnico, cultural, social e religioso: só assim poderemos atender a diversidade social que compõe nosso país.
  • 55. • (Era a fala da Sinhá) vem me ajudar, ó Fulô, vem abanar o meu corpo • que eu estou suada, Fulô! vem coçar minha coceira,vem me catar cafuné, • vem balançar minha rede, vem me contar uma história, • que eu estou com sono, Fulô! Essa negra Fulô! • “Era um dia uma princesa que vivia num castelo • que possuía um vestido com os peixinhos do mar. Entrou na perna dum pato • saiu na perna dum pinto Rei-Sinhô me mandou que vos contasse mais cinco.” • Essa negra Fulô! Essa negra Fulô! Ó Fulô? Ó Fulô? Vai botar para dormir
  • 56. • Essa Negra Fulô Jorge de Lima ( 1985/1953) • Ora, se deu que chegou (isso já faz muito tempo)no bangüê dum meu avô • uma negra bonitinha,chamada negra Fulô.Essa negra Fulô! • Essa negra Fulô Ó Fulô! Ó Fulô! (Era a fala da Sinhá) • — Vai forrar a minha cama, pentear os meus cabelos,vem ajudar a tirar • a minha roupa, Fulô! Essa negra Fulô! Essa negrinha Fulô • ficou logo pra mucama, pra vigiar a Sinhá pra engomar pro Sinhô! • Essa negra Fulô! Essa negra Fulô! Ó Fulô! Ó Fulô!