NO CAMPO DE LUTA COM A ONG IGUALDADE RS: Uma intervenção realizada no banco de dados e a análise sociológica do perfil das travestis e transexuais atendidas pela associação
Este trabalho de conclusão de curso descreve uma intervenção realizada no banco de dados da ONG Igualdade RS para analisar o perfil sociológico de travestis e transexuais atendidas. O autor construiu um novo banco de dados digital a partir de informações coletadas em formulários, e analisou dados como idade, cor, escolaridade e ocupação das atendidas. Os resultados indicam que a maioria tem até 38 anos, é branca e reside na região metropolitana de Porto Alegre, porém as "não brancas" ten
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NO CAMPO DE LUTA COM A ONG IGUALDADE RS: Uma intervenção realizada no banco de dados e a análise sociológica do perfil das travestis e transexuais atendidas pela associação
1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E FILOSÓFICAS
CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIAS SOCIAIS
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
NO CAMPO DE LUTA COM A ONG
IGUALDADE RS:
Uma intervenção realizada no banco de
dados e a análise sociológica do perfil das
travestis e transexuais atendidas pela
associação
Renan Alves da Silva
Orientadora Dra. Andréa Fachel
Leal
Porto Alegre, julho de 2015
2. NO CAMPO DE LUTA COM A ONG IGUALDADE RS:
Uma intervenção realizada no banco de dados e a análise sociológica do perfil das travestis e transexuais
atendidas pela associação
COMO SURGE A IDEIA DO
TCC?
Fui Membro Cidadão do Conselho de Organização da
18ª Parada Livre e 8ª Marcha Lésbica de Porto Alegre e um dos
curadores da exposição fotográfica A Parada Exposta: 18 anos
expressando liberdades no ano de 2014. Nesta oportunidade
conheci a ONG Igualdade RS – Associação de Travestis e
Transexuais do Rio Grande do Sul – e sua estrutura
organizacional.
Concomitante, entre os atores sociais da organização
do evento, observo a existência do Fenômeno de
subalternização das identidades de gênero de travestis e
transexuais.
3. NO CAMPO DE LUTA COM A ONG IGUALDADE RS:
Uma intervenção realizada no banco de dados e a análise sociológica do perfil das travestis e transexuais
atendidas pela associação
HIPÓTESES QUE SURGIRAM...
Sobre este fenômeno surgiram algumas hipóteses,
como:
• Elas teriam menos acesso à informação;
• Menos acesso ao ensino formal;
• Menos acesso aos programas de saúde;
• Viveriam elas em grandes centros urbanos;
• Trabalhariam elas em subempregos ou ocupações de
baixa escolaridade;
• As “não brancas” estariam em condições mais
desiguais que as “brancas”?
Conjugando estas hipóteses, optei por examiná-las
em relação ao perfil de travestis e transexuais atendidas
pela ONG Igualdade RS.
4. NO CAMPO DE LUTA COM A ONG IGUALDADE RS:
Uma intervenção realizada no banco de dados e a análise sociológica do perfil das travestis e transexuais
atendidas pela associação
OBJETIVO GERAL
Construir um banco de dados para a ONG
Igualdade RS, transformando as informações disponíveis
e organizadas em formato analógico (papel) para o um
formato digital (Google Forms), além de analisar o perfil
de travestis e transexuais atendidas pela ONG a partir
deste banco no período de 2013 e 2014.
Este objetivo respeita o princípio da contrapartida.
5. NO CAMPO DE LUTA COM A ONG IGUALDADE RS:
Uma intervenção realizada no banco de dados e a análise sociológica do perfil das travestis e transexuais
atendidas pela associação
ARTICULANDO CONCEITOS
• Modelo de Masculinidade Hegemônica (Kimmel, 1998).
Modelo Heteronormativo no Brasil (Pelúcio, 2009).
Transfobia (Torres, 2010).
x
Foto 1 - Modelo de Família Heteronormativa. Foto 2 - Adela, famosa
travesti Cubana.
Fonte: Mulheres Semeadoras do Bem (2015). Fonte: Hispanically Speaking
News (2014).
6. NO CAMPO DE LUTA COM A ONG IGUALDADE RS:
Uma intervenção realizada no banco de dados e a análise sociológica do perfil das travestis e transexuais
atendidas pela associação
TRAVESTIS
• Em geral não desejam se
submeter a cirurgia de
redesignação sexual
(Benedetti, 2005).
• Desenvolvem formas mais
arredondadas em seus
corpos com a aplicação de
silicone e hormônios
femininos (Kulick, 2003).
• Vestem-se 24 horas por
dia com roupas femininas;
• Interferem em seus corpos
por meio de: maquiagem,
cortes e penteados de
cabelos femininos (Jayme,
2010).
• Normalmente sofrem com o
abandono familiar e são
vitimas da evasão escolar
(Kulick, 2003).
• Violência por Transfobia
(Andrade, 2013).
Foto 3 - Glória Crystal, famosa travesti gaúcha.
Atualmente é secretária adjunta da Livre
Orientação Sexual de Porto Alegre
Fonte: Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (2013).
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atendidas pela associação
TRANSEXUAIS
No mundo...
• Classificadas pela CID-10 no
item F64.0 (World Health
Organization, 2015).
• Classificadas pela DSM-V
(American Psychiatric
Association, 2015).
No Brasil...
• O Conselho Federal de
Medicina pela Resolução nº
1.955/2010, dispões sobre a
cirurgia de redesignação
sexual desde 2010.
• E atualmente a Portaria nº
2.803/2013 do Ministério da
Saúde, dispõe sobre o
processo transexualizador do
SUS.
• Em geral elas desejam se
Foto 4 - Famosa Transexual brasileira, Roberta Close.
Fonte: Uol (2015).
8. MATERIAIS E MÉTODOS
Na ONG...
• Coleta de 272 formulários
de “Fichas de Cadastro” e
“Fichas de Atendimento”.
No Google Forms...
• Escolha do Google Forms
como plataforma para o
banco de dados.
• Transcrição dos dados
primeiramente no Excel, e
após vertidos para a
plataforma.
Modelos de Fichas recolhidas na Ong
Igualdade RS, que eram utilizadas antes da
aplicação do novo formulário.
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atendidas pela associação
9. NOVO FORMULÁRIO
Para permitir unificar
os formulários no Google
Forms foram recodificadas
as perguntas e respostas,
como por exemplo:
•Categorias êmicas de cor
e raça, recodificadas de
acordo com as categorias
utilizadas pelo IBGE (IBGE,
2015.A)
•Criação da pergunta
“Qual é a sua identidade
Novo “Formulário de Atendimento da ONG
Igualdade RS”.
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10. PARA TRAÇAR O PERFIL
No banco de dados...
Para traçar e analisar o perfil dos sujeitos atendidos pela
ONG, os dados foram exportados para SPSS versão 17, onde foram
analisados estatisticamente de forma descritiva.
Sobre as atendidas tínhamos as seguintes informações
disponíveis no banco de dados:
A idade - foi analisada como variável quantitativa e depois
recategorizada em faixas etárias;
• O local de residência - foi recategorizado em acordo com as
micro e mesorregiões do Rio Grande do Sul (IBGE, 2015. B);
• A cor da pele - foi recategorizada inicialmente de acordo com as
categorias oficiais utilizadas pelo IBGE, e para uma segunda
análise em “brancas” e “não brancas (IBGE, 2015. A);
• A ocupação - foi recategorizada de acordo com as categorias do
Código Brasileiro de Ocupações (BRASIL, 2015.B);
• A escolaridade - foi recategorizada em “baixa” (até Ensino
Fundamental) e “média-alta” (Ensino Médio ou Ensino Superior).
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atendidas pela associação
11. PERFIL DAS
ATENDIDASPerfil Etário: idade média de 31
anos. Totalidade 75, 5% dos casos
de pessoas atendidas com até 38
anos. Logo, trata-se de um perfil
em idade adulta.
Cor da Pela: 66,9% são
autodeclaradas brancas.
Escolaridade: 58,6% possuem
escolaridade equivalente a
média/alta relação a média
nacional.
Principal Ocupação: 47% estão
profissionais do sexo e 52,9% são
correspondentes a outros tipos de
ocupação. Porém, destes tipos de
ocupações são
predominantemente equivalentes
as contempladas pelo Código 5 da
CBO.
Local de Residência: 76,3% estão
residindo na mesorregião
Metropolitana de Porto Alegre.
Foto 5 - Marina Reidel, transexual gaúcha
e coordenadora da Rede Trans Educ.
Fonte: Encontro Trans Sudeste (2012).
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atendidas pela associação
12. AS “NÃO
BRANCAS”A maioria das atendidas
possui idade de até 26 anos.
São equivalentes a 31,1% dos
casos válidos de
atendimentos.
A maioria delas possui baixa
escolaridade em relação a
média nacional de anos de
estudo.
Ocupação Principal: 56,25%
estão profissionais do sexo,
sendo a variabilidade de
ocupações menor que as
“brancas”.
Foto 6 - Na Foto a passista da Beija Flor de
Nilópolis, Piu.
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atendidas pela associação
13. POR FIM...
• Ferramenta amigável de BANCO DE DADOS
para a ONG.
• Formulário único e modificável.
• A obtenção de informações sobre as atendidas
pela a associação.
• Apontamentos sobre as possibilidades de
utilização das informações extraídas do banco.
• Sistematização e organização de informações
sobre as TRAVESTIS e TRANSEXUAIS atendidas
pela instituição com maior atuação sobre a
temática do sul do Brasil.
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atendidas pela associação
14. REFERÊNCIAS
AMERICA PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais
(Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders). Disponível em: http://www.dsm5.org/.
Acessado em: 16/04/2015.
ANDRADE, Luma Nogueira de. Assujeitamento e resistência à ordem normativa. 2012. 278 f.
Tese de Doutorado em Educação - Programa de Pós Graduação em Educação, Universidade
Federal do Ceará, Fortaleza, 2012. Disponível em:
https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/131976/tese%20Luma%20Andrade.p
df?sequence=1&isAllowed=y . Acessado em: 10/05/2014.
BOER, Alexandre. (Org). Construindo a igualdade: a história da prostituição de travestis em
Porto Alegre. Porto Alegre: Igualdade, 2003. 166 p.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.803, 19 de novembro de 2013. Redefine e amplia o
Processo Transexualizador do Sistema Único de Saúde. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt2803_19_11_2013.html .Acessado
em: 10/10/2014.
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA. Resolução nº 1.955, 3 de setembro de 2010. Dispõe sobre a
cirurgia de transgenitalismo e revoga a Resolução CFM nº 1.652/02. Disponível em:
http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/CFM/2010/1955_2010.htm. Acessada em
10/10/2014. I
IBGE (A). Características Étnicos- Raciais da População Brasileira. Disponível em:
http://ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/caracteristicas_raciais/default_pdf.shtm.
Acessado em: 24/04/2014.
IBGE (B). Síntese dos Indicadores Sociais. Disponível em:
ftp://ftp.ibge.gov.br/Indicadores_Sociais/Sintese_de_Indicadores_Sociais_2014/SIS_2014.pdf .
Acessado em 01/06/2015.
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atendidas pela associação
15. REFERÊNCIAS
LEAL, Andréa Fachel. “No peito e na raça” – a construção da vulnerabilidade de caminhoneiros:
um estudo antropológico de políticas públicas para HIV/AIDS no Sul do Brasil. Porto Alegre.
2008. 251 f. Tese de doutorado – Programa de Pós Graduação em Antropologia Social,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2008. Disponível em:
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/15570/000685572.pdf?...1. Acessado em
10/04/2015.
ONG IGUALDADE RS. Site da ONG Igualdade RS. Disponível em: www.aigualdaders.org.
Acessado em: 10/05/2014.
PELÚCIO, Larissa. Abjeção e desejo: uma etnografia travesti sobre o modelo preventivo de AIDS.
São Paulo: Annablume-Fapesp, 2009. 264 p. Disponível em: http://www.ufscar.br/cis/wp-
content/uploads/LARISSA-PELUCIO-Abje%C3%A7%C3%A3o-e-desejo.pdf . Acessado em
01/06/2014.
PRINCÍPIOS DE YOGYAKARTA. Carta dos Princípios de Yogyakarta. Disponível em:
http://www.clam.org.br/pdf/principios_de_yogyakarta.pdf. Acessado em 10/04/2015.
TORRES, Marco Antônio. A transformação de professoras transexuais na escola: transfobia e
solidariedade em figurações sociais contemporâneas. Revista Cronos - Revista do Programa de
Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal. v.
2, n. 2, p. 41-61. 2010. Disponível em:
http://www.periodicos.ufrn.br/cronos/article/view/2153. Acessado em 15/03/2015.
WORLD HEALTH ORGANIZATION (A). Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais –
Versão CID - 10 (do inglês Diagnostic and Statitical Manual Of Mental Disorders). Disponível
em: http://www.who.int/classifications/icd/icd10updates/en/#. Acessado em: 16/10/2014.
WORLD HEALTH ORGANIZATION (B). Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais –
Previsão de Versão CID - 11 (do inglês Diagnostic and Statitical Manual Of Mental Disorders).
Disponível em: http://www.who.int/classifications/icd/revision/en/#. Acessado em:
16/10/2014.
ZAMBRANO, Elisabeth. Trocando os documentos: Transexualismo e Direitos Humanos. In: Lima,
NO CAMPO DE LUTA COM A ONG IGUALDADE RS:
Uma intervenção realizada no banco de dados e a análise sociológica do perfil das travestis e transexuais
atendidas pela associação
16. LISTA DE IMAGENS
Foto 1 - Mulheres Semeadoras do Bem (2015). Mulheres Semeadoras do Bem (2015).
Disponível em: http://mulhersemeadoradobem.blogspot.com.br/
. Acessado em 01/07/2015.
Foto 2 - Hispanically Speaking News (2014). Adela, famosa travesti Cubana. Disponível em:
http://www.hispanicallyspeakingnews.com/latino-daily-news/details/transexual-wins-
election-in-small-cuban-town/19925/ . Acessado em 01/07/2015.
Foto 3 - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (2013). Glória Crystal, famosa
travesti gaúcha. Atualmente é secretária adjunta da Livre Orientação Sexual de Porto Alegre.
Disponível em: http://www.pnud.org.br/Noticia.aspx?id=3800. Acessado em 01/07/2015.
Foto 4- Uol (2015). Famosa Transexual brasileira, Roberta Close. Disponível em:
http://noticias.bol.uol.com.br/fotos/entretenimento/2012/12/06/trajetoria-de-roberta-
close.htm?mobile&imagem=33. Acessado em: 01/07/2015.
Foto 5 - Encontro Trans Sudeste (2012). Marina Reidel, transexual gaúcha e coordenadora da
Rede Trans Educ. Disponível em:
http://encontrotranssudeste.blogspot.com.br/2012/04/escolas-ainda-nao-sabem-lidar-
com.html. Acessado em: 01/07/2015.
Foto 6 - Globo (2015). Na Foto a passista da Beija Flor de Nilópolis, Piu. Disponível em:
http://extra.globo.com/casos-de-policia/travesti-passista-da-beija-flor-encontrada-morta-
apos-tortura-em-favela-15147303.html. Acessado em 01/07/2015.
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17. MUITO OBRIGADO!
Agradeço a todos pela atenção.
Estou disponível pelo e-mail rnansalvador@gmail.com
para eventuais esclarecimentos ou informações sobre
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