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REMY DE LA MAUVINIERE, AP – 13/07/2007
BIKES PELO MUNDO
HOLANDA
Com área equivalente à do Estado de
Pernambuco, o país tem 34 mil quilômetros
de ciclovias. Quase 85% dos holandeses
têm pelo menos uma bicicleta (e as usam
diariamente). Há 16 milhões de bikes na
Holanda – pouco mais de uma por habi-
tante. É possível alugar bicicletas. Passear
sobre duas horas, inclusive, é uma das
atrações recomendadas para turistas. Em
Amsterdã, a diária varia entre 6 e 10 euros
a diária (de R$ 16 a R$ 27).
COPENHAGUE
Tem tradição no ciclismo desde o início do
século 20. Cerca de 36% da população vai ao
trabalho pedalando. A capital da Dinamarca
tem um plano plurianual para melhorar a infra-
estrutura para os ciclistas. Até 2012, a previsão
é de que 40% dos habitantes optem pela
bicicleta no trajeto para o trabalho. Há também
uma rede em expansão de bicicletas públicas.
Basta depositar o equivalente a R$ 6 em um
dos 120 bicicletários e utilizar a magrela. Ao
devolvê-la, o ciclista recebe de volta o dinheiro.
O Vélib, sistema de aluguel de bicicletas implantado em Paris no ano passado, é um grande sucesso: em apenas um mês, 1 milhão de pessoas se cadastraram BARCELONA
A cidade espanhola adotou um sistema de
aluguel de bicicletas em março de 2007
Revolução sobre
Organizações ambientalistas e de – o Bicing (foto abaixo). A iniciativa previa,
ciclistas também têm ajudado a di- em um primeiro momento, 15 mil usuários
fundir a idéia entre a população, que inscritos, mas hoje são mais de 100 mil
passou a cobrar os novos espaços para as 3 mil bicicletas. Os interessados se
para a circulação das magrelas. Além cadastram pela internet e recebem um car-
duas rodas
disso, surgiu um mercado em torno tão magnético. Basta pegar a magrela, usar
da nova tendência. e devolver em outro ponto. Mas o emprésti-
Existem, por exemplo, em- mo não pode passar de duas horas, porque
presas que fornecem bi- o serviço foi criado como uma alternativa
cicletas mais baratas pa- para pequenas distâncias. O preço médio
ra quem for usá-las para de um cartão anual é de cerca de 20 euros.
ir ao trabalho e oferecem
REPRODUÇÃO
facilidades aos empregadores que in-
Londres nar pistas amplas e livres, cruzamen- cosmopolitas. Em especial, é uma das centivarem seus funcionários a entrar
tos especiais e boa sinalização. Elas maneiras de diminuir a concentração na onda. Em São Paulo, uma segura-
Menos carros nas ruas, me- ligarão áreas residenciais ao centro de gases causadores do aquecimento dora criou áreas de estacionamento
nos congestionamentos, menos da capital. O projeto inclui também global no ar – 14% das emissões de de bikes, além de colocar bicicletas à
poluição no ar. uma rede especial de ciclovias estabe- dióxido de carbono (CO2) vêm do se- disposição dos clientes para circular
Com essa lógica, um movi- lecida entre 15 regiões suburbanas da tor de transportes, e a bike é um veí- pelo centro. Quem não é cliente pode
mento tem conquistado adep- cidade. A rede fará ligação entre áreas culo totalmente limpo. estacionar no local por R$ 2.
tos no mundo todo – agora, a residenciais, escolas, estações de trem, Com a difusão da idéia, surgiram
tendência é deixar os veículos terminais de ônibus, parques e lojas. Movimento criou também críticas variadas – desde a
na garagem e adotar a bicicleta O governo britânico também lan- um novo mercado falta de segurança a inconvenientes PARIS
como meio de transporte. De çou uma iniciativa para tentar incen- climáticos. Uma das mais recorren- Em julho, o aluguel de bikes chegou à capital
Amsterdã a Curitiba, muitas tivar o uso de bicicletas em outras Os projetos britânicos são uma ten- tes é a dificuldade em trajetos longos francesa, com adesão surpreendente. Em
cidades reconhecem a magrela partes do país. Um concurso vai pre- tativa de melhorar a posição do país – a bicicleta é ideal para caminhos um mês, o sistema de aluguel de bicicletas
como uma ótima opção para os miar as cidades que levarem mais ci- no ranking das nações com o maior mais curtos. O governo britânico, por registrou mais de 1 milhão de inscrições para
problemas urbanos. A última clistas às ruas, com um investimento índice de uso de bicicletas. Ainda fal- exemplo, pensa em incentivar a subs- as 11 mil bicicletas disponíveis. Hoje, são 20 mil
foi Londres, que anunciou no de 47 milhões de libras. ta muito, porém, para alcançar alguns tituição dos carros em distâncias de bikes. No Vélib, os usuários pagam ou a taxa
mês passado um investimento Prática secular, o ciclismo agora vizinhos europeus, onde a prática é até 3,2 quilômetros, que representam anual (29 euros) ou o custo de um único uso (a
milionário em novas ciclovias. está associado a modernas cidades bastante comum entre os habitantes. quase um quarto das viagens no país. primeira meia hora é grátis).
A cidade criou um sistema com 300 quilôme-
A capital britânica pretende au-
mentar o número de ciclistas
em 400% até 2025. Serão 12 rotas ao Pelo fim
tros de ciclovias para a implantação do Vélib.
CURITIBA
custo de 400 milhões de libras (R$ 1,4 A capital paranaense é a campeã em
bilhão) até 2010, além da implantação
de um sistema de locação de bicicletas
da cultura quilometragem exclusiva para bicicletas no
Brasil – 122 quilômetros. A cidade planeja
semelhante ao lançado em Paris no
ano passado. O plano é disponibilizar
do carro viadutos, grandes avenidas, amplos
estacionamentos. Nas ruas, as pessoas
Vale salientar: o que se quer não é
transformar a bicicleta no principal
implantar um sistema de aluguel de bici-
cletas públicas semelhante ao de Paris e
gratuitamente bicicletas em várias es- estão sendo expulsas pelos veículos. meio de transporte das cidades, mas Barcelona. Há um projeto para a expansão
tações no centro da capital britânica, Não são os biocombustíveis É a cultura do carro se sobrepondo à sim em uma alternativa. A idéia das ciclovias em mais 100 quilômetros.
para trajetos curtos. nem os carros elétricos.Virou qualidade de vida. é proporcionar a infra-estrutura
– Queremos transformar o trans- quase consenso que a solução É nesse ponto que entra a bicicleta. necessária para quem quiser se PORTO ALEGRE
porte em Londres. É o maior investi- para diminuir as emissões de gases Acessível, não poluente, democrática deslocar sobre duas rodas. Ainda O Plano Cicloviário da Capital está em fase
mento em ciclismo na história da ci- poluentes no ar não necessariamente e saudável, a bike tem recuperado assim, essa é apenas uma das soluções, de finalização, mas ainda não há previsão
dade. Milhares de londrinos poderão passa pela tecnologia. Se uma cidade o espaço perdido. O uso da magrela que também inclui melhorar o para o início das obras. A princípio, estão
pedalar com segurança em rotas que quer um futuro melhor, precisa antes no dia-a-dia não é exatamente uma transporte coletivo, por exemplo. previstos 18 quilômetros de ciclovias nas ave-
as levarão rapidamente para onde de tudo se reestruturar. novidade, já que várias cidades Pode parecer utopia, mas a nidas Sertório, Assis Brasil e Ipiranga, além
quiserem ir – declarou o prefeito de Hoje em dia, as cidades são européias nunca abandonaram urgência de transformação é bem da Vila Restinga. A escolha se baseou em
Londres, Ken Livingstone. adaptadas para receber mais carros, o hábito, mas muitos dos que se real. Como diria o pioneiro ex-prefeito uma pesquisa sobre as vias mais utilizadas
As rotas foram definidas com base e não para dar mais conforto às deixaram render às comodidades dos de Curitiba Jaime Lerner:“Para pelos ciclistas. A idéia é continuar expandindo
em um estudo sobre as vias mais uti- pessoas que vivem nelas. Pontes, automóveis estão voltando atrás. inovar é preciso começar”. a rede para outros pontos da cidade.
lizadas pelos ciclistas, para proporcio-