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Ribeiro, L.L1.; Kuwahara, C1.; Pivovar, A2.; Furquim, C.P2.; Camargo, G.S2.; Cavalcanti, L.G2.;Araújo R. 2; Loth, G1.; Nichele, S1.;
Funke, V1;Torres C2 ;Bonfim, C1. Hospital de Clínicas – UFPR
Introdução: Anemia de Fanconi (AF) é uma doença de instabilidade cromossômica
com alto risco de desenvolvimento de carcinoma escamoso de cabeça e pescoço após
realização de transplante de células tronco hematopoiéticas (TCTH). Por este motivo a
DECHc de boca é uma complicação temida para estes pacientes. Relatamos 2 casos de
DECH-C em AF que foram submetidos a TCTH no HC de Curitiba.
Sucesso no tratamento de DECH crônico de boca
com Sirolimus (rapamicina) refratário ao uso de
corticóide em 2 casos de Anemia de Fanconi
CONCLUSAO: O uso da rapamicina como 2a droga na DECH crônica de boca refrataria
ao corticoide mostrou ser eficaz no controle da DECH e possibilitou redução e retirada
da corticoterapia nos casos descritos.
Caso 1: A.C.C, 17 anos. Submetida a um TCTH periférico não aparentado em
20/12/06. No dia +20 apresentou DECH-A de pele G3 e fígado, tratado inicialmente
com ciclosporina (CSA), corticoide (CTC) e Simulect. Evoluiu para DECH-C progressivo
(“overlap syndrome”) de boca, pele, olhos, fígado, escala NIH severo. Iniciado
fotoferese extracorpórea no D+29 (total 26 sessões) associado a imunossupressão (IS)
com CSA e CTC. No dia +113 trocado CSA por tacrolimus. Apresentou boa resposta
inicial, porem varias reagudizações do DECH de pele, boca e fígado, necessitando
aumentar dose de CTC para controle. Necessitou de opioide para controle de dor de
cavidade oral e apresentou inúmeras complicações secundaria a IS como reativações
de CMV, Diabetes insulino dependente. Apos 8 meses do TCTH ainda evidencia de
DECH-C ativo de boca, fígado e pele, iniciado 3a droga, o micofenolato mofetil (MMF)
no intuito de reduzir e retirar o CTC. Apresentou efeito colateral gastrointestinal
importante pelo MMF, sendo suspenso apos 18 meses do uso. Em 27/10/10 inicia
Sirolimus e suspende tacrolimus. Neste momento DECH-C de fígado e boca em
atividade. Apos 3 meses de uso, apresentou importante melhora da pele, boca e
fígado, iniciando redução de corticoterapia. Com 18 meses de tratamento, foi possível
a suspensão completa do CTC, sendo percebido melhora progressiva e controle do
DECH-C. Na avaliação atual de cavidade oral apresenta apenas atrofia de mucosa
cicatricial.
Caso 2: R.N.S.G, 14 anos. Submetida a um TCTH Haplo-identico em 04/12/09.
Apresentou DECH-A de intestino G3, fígado e pele G3. Recebeu CTC, CSA e Simulect.
Evoluiu com DECH-C progressivo de boca, pulmão, pele. Escala NIH severo.
Complicações da DECH: desnutrição grave, infecções pulmonares e reativação de
CMV, Diabetes e depressão. Houve controle de DECH de pele e melhora de pulmão,
manteve DECH-C de boca em atividade com eritema de mucosa e estrias liquenoides,
por vezes ulceras. Períodos de reagudização da DECH de boca e pulmão com piora das
lesões orais, sendo necessário aumentar dose de CTC. Associado MMF em 11/10/11,
apos 22 meses do TCTH. Apresentou períodos de melhora mas mantendo atividade
da DECH-C de boca. Em 12/09/12 apos IVAS, piora intensa da DECH de boca,
aumentado CTC. Trocado CSA por Sirolimus. Apos seu inicio houve melhora
progressiva do DECH-C de boca, agora sem atividade e com possibilidade de redução
de CTC. Ha 9 meses sem reagudização, em uso de CTC em dias alternados.
Caso 2 (Figuras 5 e 6): Envolvimento da DECH de boca em praticamente 100% da área
da cavidade oral com eritema grave, ulceras graves (>20%) e lesões liquenoides,
associado a sintomatologia intensa.
Caso 2 (figuras 9 e 10): Apos 9 meses do uso do Sirolimus controle da DECH de boca,
raras lesões liquenoides em língua.
Figura 7 Figura 8
CASO 2: PRE RAPAMICINA
CASO 2: POS RAPAMICINA
Figura 5 Figura 6CASO 1: PRE RAPAMICINA
CASO 1: POS RAPAMICINA
Caso 1 (Figuras 1 e 2): Envolvimento da DECH de boca em 90% da área da cavidade
oral com eritema intenso em língua e mucosa jugal, ulceras em mucosa (<20%),
lesões liquenoides e mucoceles em palato, associado a sintomatologia moderada.
Caso 1 (figuras 4 e 5): Apos 18 meses uso do Sirolimus controle da DECH de boca,
regressão total de eritema e ulceras de mucosa e língua.
Figura 1 Figura 2

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  • 1. Ribeiro, L.L1.; Kuwahara, C1.; Pivovar, A2.; Furquim, C.P2.; Camargo, G.S2.; Cavalcanti, L.G2.;Araújo R. 2; Loth, G1.; Nichele, S1.; Funke, V1;Torres C2 ;Bonfim, C1. Hospital de Clínicas – UFPR Introdução: Anemia de Fanconi (AF) é uma doença de instabilidade cromossômica com alto risco de desenvolvimento de carcinoma escamoso de cabeça e pescoço após realização de transplante de células tronco hematopoiéticas (TCTH). Por este motivo a DECHc de boca é uma complicação temida para estes pacientes. Relatamos 2 casos de DECH-C em AF que foram submetidos a TCTH no HC de Curitiba. Sucesso no tratamento de DECH crônico de boca com Sirolimus (rapamicina) refratário ao uso de corticóide em 2 casos de Anemia de Fanconi CONCLUSAO: O uso da rapamicina como 2a droga na DECH crônica de boca refrataria ao corticoide mostrou ser eficaz no controle da DECH e possibilitou redução e retirada da corticoterapia nos casos descritos. Caso 1: A.C.C, 17 anos. Submetida a um TCTH periférico não aparentado em 20/12/06. No dia +20 apresentou DECH-A de pele G3 e fígado, tratado inicialmente com ciclosporina (CSA), corticoide (CTC) e Simulect. Evoluiu para DECH-C progressivo (“overlap syndrome”) de boca, pele, olhos, fígado, escala NIH severo. Iniciado fotoferese extracorpórea no D+29 (total 26 sessões) associado a imunossupressão (IS) com CSA e CTC. No dia +113 trocado CSA por tacrolimus. Apresentou boa resposta inicial, porem varias reagudizações do DECH de pele, boca e fígado, necessitando aumentar dose de CTC para controle. Necessitou de opioide para controle de dor de cavidade oral e apresentou inúmeras complicações secundaria a IS como reativações de CMV, Diabetes insulino dependente. Apos 8 meses do TCTH ainda evidencia de DECH-C ativo de boca, fígado e pele, iniciado 3a droga, o micofenolato mofetil (MMF) no intuito de reduzir e retirar o CTC. Apresentou efeito colateral gastrointestinal importante pelo MMF, sendo suspenso apos 18 meses do uso. Em 27/10/10 inicia Sirolimus e suspende tacrolimus. Neste momento DECH-C de fígado e boca em atividade. Apos 3 meses de uso, apresentou importante melhora da pele, boca e fígado, iniciando redução de corticoterapia. Com 18 meses de tratamento, foi possível a suspensão completa do CTC, sendo percebido melhora progressiva e controle do DECH-C. Na avaliação atual de cavidade oral apresenta apenas atrofia de mucosa cicatricial. Caso 2: R.N.S.G, 14 anos. Submetida a um TCTH Haplo-identico em 04/12/09. Apresentou DECH-A de intestino G3, fígado e pele G3. Recebeu CTC, CSA e Simulect. Evoluiu com DECH-C progressivo de boca, pulmão, pele. Escala NIH severo. Complicações da DECH: desnutrição grave, infecções pulmonares e reativação de CMV, Diabetes e depressão. Houve controle de DECH de pele e melhora de pulmão, manteve DECH-C de boca em atividade com eritema de mucosa e estrias liquenoides, por vezes ulceras. Períodos de reagudização da DECH de boca e pulmão com piora das lesões orais, sendo necessário aumentar dose de CTC. Associado MMF em 11/10/11, apos 22 meses do TCTH. Apresentou períodos de melhora mas mantendo atividade da DECH-C de boca. Em 12/09/12 apos IVAS, piora intensa da DECH de boca, aumentado CTC. Trocado CSA por Sirolimus. Apos seu inicio houve melhora progressiva do DECH-C de boca, agora sem atividade e com possibilidade de redução de CTC. Ha 9 meses sem reagudização, em uso de CTC em dias alternados. Caso 2 (Figuras 5 e 6): Envolvimento da DECH de boca em praticamente 100% da área da cavidade oral com eritema grave, ulceras graves (>20%) e lesões liquenoides, associado a sintomatologia intensa. Caso 2 (figuras 9 e 10): Apos 9 meses do uso do Sirolimus controle da DECH de boca, raras lesões liquenoides em língua. Figura 7 Figura 8 CASO 2: PRE RAPAMICINA CASO 2: POS RAPAMICINA Figura 5 Figura 6CASO 1: PRE RAPAMICINA CASO 1: POS RAPAMICINA Caso 1 (Figuras 1 e 2): Envolvimento da DECH de boca em 90% da área da cavidade oral com eritema intenso em língua e mucosa jugal, ulceras em mucosa (<20%), lesões liquenoides e mucoceles em palato, associado a sintomatologia moderada. Caso 1 (figuras 4 e 5): Apos 18 meses uso do Sirolimus controle da DECH de boca, regressão total de eritema e ulceras de mucosa e língua. Figura 1 Figura 2