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Mudanças climáticas (2014)

  1. 1 Serviço Público Federal Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB) Universidade Federal do Rio Grande (FURG) Curso de Educação Ambiental – aperfeiçoamento 180h Grupo de Pesquisa Política, Natureza e Cidade. Tutor: Lic. Marcelo Gomes /marcelobiosul@hotmail.com Módulo 3 – Temas geradores e Mudanças globais Submódulo 2 – Mudanças Climáticas MUDANÇAS CLIMÁTICAS Dinair Velleda Teixeira1 Marcelo Gomes2 O contexto socioambiental e as mudanças climáticas As sociedades apoiadas na agricultura estiveram baseadas num padrão de desenvolvimento e de uso de energia diferente da matriz atual. Hoje em dia, no que podemos chamar de sociedade moderna, o uso dos combustíveis fósseis – carvão e petróleo – têm predominado e impulsionado a economia de maneira substancial. Com o aprimoramento da indústria e consequente evolução dos meios de transporte, o número de pessoas nas áreas urbanas cresceu e, assim, as cidades começam gradualmente a concentrar mais pessoas do que no campo. 1 Publicitária, Especialista em Marketing, Mestre em Educação Ambiental - PPGEA /FURG. 2 Biólogo, Tutor no Curso de Aperfeiçoamento em Educação Ambiental UAB/FURG.
  2. 2 O crescimento e a concentração de pessoas em determinadas áreas, surgem, também, os centros de informação, como universidades, bancos de dados, veículos de comunicação. E com o crescimento das cidades e do capitalismo, muda, também, o padrão de vida da sociedade, políticas e ações de saneamento, de planejamento e de organização. E com isso, o consumo de matérias-primas, da exploração de terras e das florestas é convertido em mercadorias, para atender à intensificação dessa demanda. Acontece todo esse processo de transformação, decorrente da ação humana através do trabalho, enquanto coletividade em empresas, indústrias e, também, em governos e nas atividades que esses desenvolvem. No entanto, todo esse processo é baseado na exploração do trabalho humano e no alto consumo de matérias-primas e fontes de energia não-renováveis, cujos resíduos poluentes, gerados ao longo do processo produtivo, contaminam o ar, o solo e as águas numa velocidade sem precedentes. E na medida em que o sistema evolui, amplia-se e atinge todo o globo, intensifica-se a exploração da natureza. À qual é justificada por um conjunto de crenças, valores e atitudes em relação ao meio ambiente – nas quais os recursos naturais são tomados como inesgotáveis e à disposição da sociedade - de forma irrestrita, para satisfazer as ambições e os desejos da humanidade. Esse paradigma vem da crença de que o ser humano e a natureza são distintos, colocando-se a espécie humana em uma posição de superioridade e domínio em relação à natureza e demais seres vivos. Essa relação de desrespeito, exploração e dominação do ser humano sobre a natureza e demais seres vivos, bem como as concepções que as justificam, fazem parte da questão ambiental e foram as causas imediatas da crise socioambiental. No entanto, tais questões vieram à tona em meados do século XX (mais particularmente, a partir de 1970) quando assuntos relacionados às questões ambientais como aquecimento global (1990), organismos transgênicos, perda da biodiversidade, massificação cultural, a questão urbana, entre outros se tornaram agenda cotidiana e mundial. Mas, também os movimentos sociais ambientais e ecológicos destacaram-se na luta em colocar em evidência a questão e a chamar a atenção da opinião pública.
  3. 3 Diante disso, outros atores sociais começaram a perceber a extensão da crise ambiental que hoje se enfrenta e, gradualmente, através da justiça ambiental, começa a ser associada à disparidade entre ricos e pobres; a localização dos resíduos na cidade; as regiões mais degradadas ou ribeirinhas são onde os mais pobres e discriminados têm suas casas. Isso tudo ocasionando problemas de toda ordem, como fome e doenças das mais diversas, afetando também a educação e intensificando as relações de poder, além de estar esgotando os bens naturais. Em face dessas questões, podemos afirmar que estamos diante de uma grave crise ambiental global, onde a mudança do clima é somente um aspecto dessa crise, mas que afeta o todo, uma vez que tudo está interligado.
  4. 4 Neste sentido, que nesta parte, ao abordar o tema a partir do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima – IPCC (sigla da denominação em inglês) – decorre de um grupo de cientistas que acompanham e avaliam informações científicas, técnicas e socioeconômicas sobre a mudança do clima e sua influência na população humana. Contextualizamos o que está acontecendo no país e no mundo no período das reuniões do IPPC (2007), para depois destacar as mudanças do clima no Brasil e no Rio Grande do Sul, por fim, avaliamos como os diversos fatores contribuem para esta crise sem precedentes, afetando, inclusive, as mudanças do clima3 , e como eles impactam nas cidades e na vida das pessoas. Ressaltamos que, não pretendemos tratar a questão ambiental como puramente uma questão do ecossistema4 , ou como uma questão natural ou da natureza; mas, sim, que a mesma decorre, fundamentalmente, no último século da forma de interação entre sociedade e natureza. Essa interação pressupõe uma mudança de atitude na sua forma de produção, consumo, distribuição e demais interações, conforme sintetiza Leff (2001, p. 17): “o ambiente não é a ecologia, mas a complexidade do mundo”. Portanto, das relações das sociedades (dos seres humanos) com a natureza, com os ecossistemas, enfim, com a biosfera. Esse entendimento é de suma importância para dar início à mudança, tão necessária que aconteça, em prol de uma vida mais justa no planeta para todas as espécies que nele habitam. 3 Veja análise completa em: VELLEDA TEIXEIRA, Dinair. A ética no discurso do jornal Zero Hora sobre as Mudanças Climáticas. Dissertação de Mestrado, 2008. 4 “Formas de vida y otros elementos naturales presentes en un espacio físico determinado cuya interacción forma ciclos de retrogeneración de vida y que conforman un sistema u organización sustentable por sí misma” (BACCHETTA, 2000, p. 205).
  5. 5 As mudanças climáticas e os meios de comunicação A Agência de Notícias dos Direitos da Infância (ANDI) analisou, em cinquenta jornais diários brasileiros, o debate sobre as chamadas mudanças climáticas no período de julho de 2005 a junho de 2007. A pesquisa5 analisa o tratamento editorial dispensado por esses jornais ao assunto. Constata que, a partir do último trimestre de 2006, as redações desses jornais começaram a dedicar espaço mais expressivo de suas páginas ao agendamento do debate sobre as mudanças climáticas. A pesquisa avaliou uma amostra de 997 editoriais, artigos, colunas, entrevistas e matérias veiculadas entre 1º de julho de 2005 e 30 de junho de 2007. A pesquisa firma que, os resultados dessa radiografia da cobertura podem contribuir diretamente para avanços ainda mais pujantes na estratégia até hoje conduzida pelos veículos para cobrir essa matéria, já que destacam as alterações e mudanças que estamos passando no mundo em relação ao tema. Ao mesmo tempo, podem ser relevantes para que as fontes de informação aprimorem o seu diálogo com os meios em relação a essa discussão. Disso, podemos constatar que é notório o crescimento do interesse pelo assunto, que, por ser pauta diária dos mass media, passou a ser, também, tema de muitas pesquisas6 . Conforme Kandel (2002), os primeiros programas nacionais de pesquisa sobre mudança climática desenvolveram-se por volta de 1975. A primeira Conferência Mundial sobre o clima foi organizada pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), em Genebra, em 1979. Foram tratadas ali questões científicas sobre o efeito estufa, as conseqüências de um reaquecimento para a sociedade em diversas áreas, tais como agricultura, florestamento e saúde e, finalmente, as questões do desenvolvimento que poderiam se mostrar relevantes para o esforço de reduzir esses riscos. Podemos dizer que, desde então, o interesse e a visibilidade do assunto só tem aumentado, passando inclusive a ser valor-notícia7 para grande parte dos jornais brasileiros, conforme a pesquisa citada anteriormente. 5 Disponível em http://observatoriodaimprensa.com.br. 6 Inclusive da minha dissertação de mestrado conforme já citada. VELLEDA TEIXEIRA, Dinair. A ética no discurso do jornal Zero Hora sobre as Mudanças Climáticas. Dissertação de Mestrado, 2008. Rio Grande: Universidade Federal do Rio Grande/Programa de Pós-Graduação em Educação Ambiental, 2008. 7 Valor-notícia – Originalmente desenvolvida por dois pesquisadores noruegueses, Johan Galtung e Mari Ruge (1965), a teoria dos valores-notícia busca explicar por que algum tema transforma-se em notícia e
  6. 6 No entanto, ainda conforme a pesquisa da ANDI, a emergência dos temas ambientais e das mudanças climáticas nos meios de comunicação decorreu da ampliação dos fenômenos naturais, e desses como prováveis consequências das alterações no clima. outros não. Posto de outra forma, isso significa analisar quais são os valores contidos em determinado acontecimento que podem levá-lo a “galgar o degrau”, que o torne “digno” de ser considerado como uma notícia pelas empresas jornalísticas.
  7. 7 GRÁFICO 1 – Mudanças e Aquecimento na Imprensa Principal tema guarda-chuva abordado no texto 29,4 70,6 Mudanças Climáticas Aquecimento Global Como vemos, no Gráfico 1 (é o quinto da pesquisa), os jornais destacam mais a expressão “aquecimento global” (um tipo de mudança climática) do que a expressão “mudança climática” (que inclui o aquecimento global, mas também outros tipos de alterações no clima). Disso podemos dizer que, há versões ou formas de noticiar ou dar destaque às informações que não necessariamente são neutras. É o que vemos, também, por parte de cientistas, e mostramos isso numa versão sobre o tema e, adiante, apresentamos a outra, para comparação e debate. As Mudanças Climáticas para a Ecologia O ecólogo Odum (2001) disserta que o fenômeno vem se manifestando ao longo dos anos. Os autores dizem que o final do século XX mostra registros oscilantes do CO2 (dióxido de carbono no ar); e o nível de concentração cai no verão, quando o dióxido de carbono é absorvido pela fotossíntese dos vegetais, e aumenta no inverno, quando há demanda respiratória e maior consumo pelas indústrias.
  8. 8 Porém, a cada ano o dióxido de carbono, aumenta em proporção a sua baixa, em virtude do excesso de consumo de combustíveis fósseis e da devastação das florestas. O dióxido de carbono na atmosfera elevou-se de 290 a 367 ppm (partículas por milhão) desde o início do século passado. Queima de combustíveis fósseis pela atividade industrial e veículos motores. Poluição atmosférica tem causado dano nocivo a saúde humana. Eles dizem ainda que o dióxido de carbono lembra a vidraça de uma estufa ardendo em calor, e que a imprensa assume como fato que o calor dessa estufa está aumentando rapidamente a temperatura da Terra e o nível do mar. Entretanto, a temperatura registrada para toda a atmosfera observada do espaço não mostrou muito aumento.
  9. 9 Para o que acontece com e efeito estufa proveniente do crescente dióxido de carbono é que, quando a temperatura do mar tropical se eleva, uma quantidade maior de água se evapora, transformando em vapor a energia retida do calor. Mais tarde, essa energia proveniente do vapor de água provoca grandes tempestades que devolvem a água na forma de chuva e neve, enquanto liberam o calor ao topo da atmosfera, e esse calor se dilui no espaço. Grandes tempestades também causam longos períodos de seca no seu interstício. Para eles “os dados obtidos das estações de medição de temperatura na superfície terrestre, que evidenciam um sutil aumento na temperatura do ar, podem estar relacionados aos longos períodos de estiagem e céu claro. Os mares levemente aquecidos e com mais precipitações tendem a derreter o seu gelo e as partes rasas de suas geleiras, enquanto acrescentam mais neve e gelo ao topo das geleiras” (p. 14). Para o pesquisador José Marengo8 , do CPTEC/INPE (site), durante a apresentação sobre as conclusões do quarto relatório do IPCC, “O aquecimento [do planeta] é um processo natural que já aconteceu antes, mas tem sido acelerado pelas atividades humanas”. Nos últimos séculos, mas sobretudo em decorrência da sociedade de consumo e da exploração ilimitada dos recursos naturais, os ambientes urbanos tornam-se insuportáveis para a vida humana. E começam a colocar em risco a própria vida sob a face da Terra. São agravantes para o ambiente urbano os congestionamentos de veículos, a poluição do ar, o excesso de edifícios, a expansão das áreas periféricas e o nível elevado de ruído. Está havendo, também, incremento na mudança dos ventos e das correntes marítimas, salinização das águas continentais, chuvas abundantes e furacões em determinadas áreas, enquanto noutras observa-mos o agravamento das secas e da desertificação. Extensas áreas agrícolas estão sendo comprometidas pelo mau uso do solo, desperdício de água e utilização indiscriminada de defensivos químicos. Portanto, há causas naturais relacionadas às mudanças climáticas, mas os humanos e suas relações nos últimos séculos aceleraram tais alterações. 8 Pesquisador José Marengo, do CPTEC/INPE, durante a apresentação sobre as conclusões do quarto relatório do IPCC. Disponível em (http://www.sbmet.org.br/noticias_mclimaticas/).
  10. 10 Sendo assim, somente com a mudança de conduta das sociedades humanas e os padrões de consumo, é que vários cientistas apontam soluções, a fim de que as nações criem as condições necessárias para intervenções adequadas, impondo limites às emissões dos países industrializados, incentivos à limitação nos países em desenvolvimento e apoio à geração de energia limpa. As mais respeitadas instituições científicas asseguram que estão acontecendo alterações ambientais no Planeta com graves consequências para a manutenção da vida. Programas de monitoramento e controle ambiental têm revertido o processo de degradação de alguns ecossistemas. O somatório e ampliação dessas medidas, a partir de expressiva mobilização social e do esforço conjunto das nações, poderá impedir o esgotamento dos recursos naturais, essenciais à permanência da vida na Terra. IPCC – Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima O Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima – IPCC criado em 1988 pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) é um evento científico realizado em torno de uma vez por ano, para avaliar informações científicas, técnicas e socioeconômicas sobre mudança do clima e sua influência na população humana. O IPCC representa um esforço global, envolvendo cientistas de vários países, os quais representam instituições científicas, universidades públicas e privadas, associações profissionais, ONGs, órgãos do governo e do setor público e privado, além de consultores. É presidido, desde 2002, por Rajendra Pachauri, veterano ambientalista indiano. Muitas das pesquisas ainda vêm de países industrializados, que possuem maiores orçamentos para desenvolver estudos de clima e, dessa forma, têm maior volume de publicações científicas. Até hoje, cada um dos GTs tem sido liderado ou co-liderado por cientistas de alto nível de países em desenvolvimento. Entre os cientistas participantes (contribuintes ou coordenadores), podem estar especialistas dos cinco continentes.
  11. 11 O IPCC encoraja pesquisadores de países em desenvolvimento e economias em transição a participar no processo de elaboração dos relatórios científicos, assim como para sediar as reuniões científicas de discussão entre os cientistas dos diferentes GTs do IPCC. No quadro abaixo, vemos os dias das reuniões de trabalho do IPCC e os temas tratados em cada uma; logo após, um relato do que estava acontecendo no país e no mundo no período das reuniões. Quadro 2 - Reuniões IPCC por Grupo de Trabalho Dia da Reunião IPCC Local da Reunião Tema tratado GT1 2/2/2007 Paris Bases científicas da mudança climática GT2 6/4/2007 Bruxelas Os impactos da mudança climática e vulnerabilidade da Terra a esses impactos GT3 4/5/2007 Tailândia Aquecimento global Fonte: Elaboração da autora Assim, o IPCC tem a tarefa de sumarizar para os tomadores de decisões o conhecimento atual contido nos relatórios científicos sobre as possíveis mudanças do clima no futuro. Esse relatório é chamado Summary for Policy Makers ou Relatório Sumário para Tomadores de Decisões (IPCC, 2001c, d, e).
  12. 12 Quadro 3 – Os Relatórios do IPCC O Primeiro Relatório Científico (FAR) publicado pelo IPCC data de 1990, e desde então as pesquisas sobre mudanças de clima têm se beneficiado com as informações. “Em meados da década de 1990, muitos cientistas pensaram que já tinham fornecido os fatos mais relevantes sobre mudanças de clima para os políticos e tomadores de decisões. Porém, com as dificuldades na ratificação do protocolo de Kyoto, o problema de adaptação foi mais aparente, talvez ainda mais que a mitigação. Assim, com o desenvolvimento de novos métodos estatísticos, para separar sinais de influência de variabilidade climática natural da antropogênica, as novas tecnologias em satélites e supercomputadores, o desenvolvimento de modelos acoplados que incluem mais realisticamente as interações da vegetação e carbono com a baixa atmosfera, e com uma resolução espacial maior, pode ajudar a reduzir as incertezas nas previsões climáticas para cenários do clima nos anos por vir”9 . O Segundo Relatório Científico (SAR) sobre Mudanças Climáticas, publicado em 1995 (IPCC, 1996a, b), forneceu as bases para as negociações decisivas que levaram à adoção do Protocolo de Kyoto, em 1997. Assim, a relevância política desses relatórios, especialmente o Summary for Policy Makers, é indiscutível. O Terceiro Relatório Científico (TAR), publicado em 2001, informa que “Existem novas e fortes evidências de que a maior parte do aquecimento observado durante os últimos 50 anos é atribuído às atividades humanas” (IPCC, 2001a), o que já é de conhecimento público, pois tem sido anunciado em jornais e revistas científicas e pela imprensa mundial. O Quarto Relatório Científico foi publicado pelo IPCC em 2007. Esse relatório, realizado em três etapas10 pelos GTs. Os resultados do estudo, desenvolvido ao longo destes últimos seis anos, período entre o terceiro e quarto relatório, consideram, com 90% de certeza, que as ações humanas contribuem para as mudanças climáticas do planeta. Eles confirmam que o aquecimento do planeta é “inequívoco” e que se torna evidente, com os aumentos observados na média geral de temperatura do ar e dos oceanos, o derretimento das geleiras e o aumento no nível dos oceanos. Afirma, também, a maior ocorrência já observada de fenômenos como mudanças nas temperaturas do Ártico, nos níveis de precipitação, na salinidade dos oceanos e nos padrões de ventos, bem como maior frequência de secas, precipitações intensas, ondas de calor e ciclones tropicais (IPCC, 2007, p. 2-6). O estudo do IPCC procura calcular a probabilidade de ocorrência de algumas alterações no clima da Terra em função do aquecimento global, assim como o grau de contribuição da atividade humana para essas tendências. A ocorrência de dias e noites mais quentes e/ou mais frios na maior parte das áreas terrestres, e maior frequência de dias e noites quentes é considerada “praticamente certa” (99%) ao longo do século XXI. 9 Disponível em <http://www.ipcc.ch/pdf/ipcc-faq/ipcc-introduction-sp.pdf>. 10 Vide quadro 1, com a data das reuniões IPCC e o tema tratado.
  13. 13 O aumento na incidência de ondas de calor e tempestades é considerado “muito provável” (90%). Já os aumentos nas áreas afetadas por secas, na atividade de ciclones tropicais e o aumento extremo no nível do mar (com exceção de tsunamis) são tidos como “prováveis” (66%). E a contribuição da atividade humana para a ocorrência de dias e noites mais quentes é “provável”, enquanto para as demais alterações é considerada “mais provável do que não provável” (ib., p. 7). Quadro 4 – Versão 2 – das Mudanças Climáticas O Relatório IPCC indica que as mudanças climáticas observadas nos últimos 50 anos são incomuns em relação a alterações ocorridas há 1.300 anos – essa perspectiva é considerada a partir de estudos chamados “paleoclimáticos”. Na última vez em que as regiões polares estiveram significativamente mais quentes que hoje, há cerca de 130 mil anos, o derretimento das geleiras gerou um aumento no nível do mar de quatro a seis metros. O estudo considera muito provável que o aumento na concentração de gases-estufa seja provocado pela ação humana e indica um aumento médio de 0,2 graus centígrados na temperatura global a cada década. Contrariamente, portanto, o que dizem Odum e Odum (2001, p.14), o relatório diz que as mudanças nos padrões de vento e precipitação, associadas ao derretimento das geleiras, devem trazer o desaparecimento do continente ártico antes do final do século e uma provável maior incidência de ciclones tropicais (tufões e furacões) mais intensos (id., p. 8-12). Um último resultado destacado do relatório do IPCC (2007) é a perspectiva de que, mesmo que a concentração de gases-estufa na atmosfera fosse estabilizada, os efeitos do aquecimento global, como a ocorrência de maiores temperaturas e o aumento no nível do mar, continuariam presentes durante séculos. A diminuição na camada de gelo da Groenlândia, por exemplo, deve continuar contribuindo para o aumento no nível do mar até depois do ano 2100. Na hipótese de derretimento total do gelo dessa ilha pertencente à Dinamarca, o aumento no nível do mar seria de sete metros (p. 12-13). As mudanças climáticas no contexto sócio-histórico mundial e brasileiro Portanto, podemos dizer que as mudanças climáticas decorrem de mudanças naturais que tiveram aceleradas suas consequências, e ampliadas, em decorrência das ações humanas nos últimos séculos e do modelo de sociedade e de exploração e uso dos recursos naturais por parte da humanidade. Nas últimas décadas, como vimos através dos IPCCs, mas também de outros movimentos, e ações ampliaram-se os debates sobre o aquecimento global e as mudanças climáticas. Recentemente, no final de 2009, tivemos um enorme encontro no qual a maioria dos países do mundo discutiram e tomaram resoluções sobre o clima.
  14. 14 PARA REFLEXÃO - Você soube ou acompanhou pela TV ou imprensa debates/informações sobre a COP15? - Que informações/dados, desse evento, evidenciam as mudanças climáticas? Quais as conseqüências disso no mundo, no Brasil e no local/na região em que mora? - Que atividades ou ações contribuem para alterar o clima e seus impactos no Planeta? - O que pensam ou que ações estão sendo discutidas na região ou cidade em torno de atividades relacionadas e/ou que contribuem para as mudanças climáticas? No entanto, reuniões sobre o aquecimento global, já ocorreram, como em 2007, onde aconteceram as três reuniões dos GTs, e coincidiu com debates sobre o aquecimento nos EUA, um dos maiores emissores dos gases que provocam o efeito estufa. Na época, o presidente George Bush não somente fez questão de ignorar a necessidade do corte das emissões de gases, bem como nem de reduzir a produção industrial; além de terem sido publicados estudos dizendo que esses não eram os responsáveis pelo aquecimento global. Mas, talvez, seja um problema de família e de concepções relacionados ao Partido Republicano e aos interesses das grandes empresas americanas, pois, em 2001, Bush já tinha retirado os EUA do compromisso com o Protocolo de Kyoto – o tratado internacional firmado em 1997 para negociar esses cortes. Ainda em 2007, o Prêmio Nobel da Paz é concedido ao IPCC e ao ex-vice- presidente Al Gore, e também, em março o ex-vice-presidente é premiado pelo documentário intitulado Uma verdade inconveniente, abordando o tema mudanças climáticas. Nesse ano, comemorava-se o segundo aniversário do Protocolo de Kyoto (16 de fevereiro de 2007), e como o último relatório do IPCC reafirmava o tema do momento: as mudanças climáticas.
  15. 15 A partir disso, podemos verificar que as mudanças climáticas além de afetarem a vida das pessoas, elas decorrem, da própria ação das mesmas. E, apesar disso, vemos no momento, os olhares estrangeiros estarem voltados para investimentos em biodiesel no Brasil, uma vez que a mídia noticiava que a intenção do Brasil era investir US$ 15 bilhões para a construção de 77 novas usinas de etanol até 2013. Mas, também, o próprio governo federal vem apresentando a exploração deste combustível como alternativa ao uso de petróleo ou de combustível fóssil mais poluente. Mas, a destruição ambiental, seja da derrubada de florestas, da poluição e envenenamento dos rios, do possível aumento do preço dos alimentos em decorrência da lucratividade daquele, não é considerada nestas reflexões e debates – apesar de todos afirmarem se preocupar com o aquecimento e/ou as mudanças climáticas. O Brasil poderia fazer a diferença quando se trata de melhorar a qualidade da vida no planeta e, também, para sua população, principalmente a mais pobre nesses aspectos, já que essa será a que mais sofrerá. Um país “como o nosso, que possui uma rica biodiversidade, é fundamental saber onde os efeitos do aquecimento global serão sentidos, para minimizar os impactos e organizar a sociedade, a fim de que possa lidar melhor com essas questões”11 . E em 2007, o atual Ministro Carlos Minc (ISTO É, n. 1947, 21 fev. 2007, p. 47), atual Ministro do Meio Ambiente, na ocasião Secretário Estadual do Ambiente do Estado do Rio de Janeiro, já alertava sobre o aquecimento global em reunião em Paris. Diante disso, foi criada, junto à Secretaria de Agricultura, a Secretaria do Ambiente e a Superintendência de Mudanças Climáticas, Créditos de Carbono e Biodiversidade. Isto porque, a agricultura e as queimadas têm responsabilidade nas emissões atmosféricas e dos gases-estufa. E a Secretaria de Transportes acelerou-se a expansão dos trens metropolitanos e de redes ferroviárias e a conversão dos ônibus ao gás natural, bem como outras medidas como o incentivo no uso de bicicletas. (site). 11 Disponível em http://ambiental.wordpress.com/2007/02.
  16. 16 Entretanto, no Brasil, os gases das queimadas oriundos do desmatamento são responsáveis por 75% de todas as emissões nacionais, o que torna o país o quarto maior poluidor do planeta, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, China e Indonésia. Assim como o setor pecuário é apontado como um dos principais responsáveis pela amplificação do efeito estufa e aquecimento global, decorrentes do N2O (óxido nitroso) produzido pelo esterco e o CH4 (metano) produzido pelo arroto dos animais. Considerando que uma rês pode produzir até 500 litros de metano em apenas um dia, e o Brasil possui em torno de 200 milhões de cabeças de gado, é fácil estimar os danos ambientais. Dessa forma, o cenário mundial proporcionado pelas mudanças do clima impulsiona as empresas a desenvolverem novas estratégias comerciais e de marketing. No entanto, devemos sempre estar alertas pois tais medidas, se importantes, são “perfumarias” diante de tamanho problema, além de cinicamente, serem utilizadas como estratégias de marqueting sem focarem as reais causas e responsáveis pelo problema. Inclusive, mesmo estando entre os principais responsáveis, muitas dessas mesmas empresas buscam “dourar a pílula” tornando-se superficialmente sustentáveis. NA REDE www.observatoriodaimprensa.com.br www.ipcc.ch www.ambiental.wordpress.com www.sbmet.org.br/noticias_mclimaticas
  17. 17 O clima no Brasil e no Rio Grande do Sul – o impacto nas cidades e na sua vida Vários extremos do clima foram observados nos últimos 5 anos, como seca no Sul (2004-2006), ciclone Catarina (2004), seca na Amazônia (2005), chuvas intensas e enchentes ocorridas no Sudeste e Sul do Brasil, em especial, os eventos recentes de chuvas intensas e inundações em Santa Catarina, que causaram a morte de pelo menos 120 pessoas e perdas econômicas da ordem de centenas de milhões de dólares. Esses acontecimentos levantaram enorme interesse sobre o tema e questionamentos sobre o real conhecimento a respeito das mudanças climáticas e mecanismos que possam dar origem às mudanças na frequência e intensidade de eventos extremos de clima. Nas últimas semanas de 2009, como vimos atrás....conclusões do quadro COP 15. Os sistemas naturais são vulneráveis às mudanças climáticas, e alguns serão prejudicados irreversivelmente, onde os mais pobres terão menor capacidade de adaptar-se e são os mais vulneráveis à mudança do clima. No Brasil, a mudança do clima e as vulnerabilidades existentes implicam num aumento na frequência de secas e enchentes, impactando na agricultura e na biodiversidade; mudança no regime hidrológico e na estabilidade de encostas; e vulnerabilidade de zonas costeiras com a elevação do nível do mar, principalmente, em grandes regiões metropolitanas litorâneas, como Rio de Janeiro, Salvador e Recife. ESTIAGENS E INUNDAÇÕES Com o aumento da temperatura e mudança no ritmo das chuvas, a agricultura no Brasil será totalmente diferente de como é feita hoje. Culturas perenes – como o café e a laranja – vão migrar para o sul, em áreas com temperaturas mais amenas. As elevadas temperaturas de verão farão com que culturas como arroz, feijão, milho e soja migrem para a região Centro-Oeste. E o aquecimento global provocará em todo o Brasil a rápida degradação de solos para a agricultura. Secas mais intensas vão comprometer os lagos das hidrelétricas aumentando o risco de “apagões”. O abastecimento de água potável também será afetado. As regiões metropolitanas ficarão ainda mais quentes, com mais inundações, enchentes e desmoronamentos em áreas de risco. Os casos de doenças infecciosas vão aumentar. A dengue e a malária podem se alastrar pelo país. (http://www.greenpeace.org.br/clima/pdf/cartil ha_clima.pdf)
  18. 18 O Brasil é, sem dúvida, um dos países que podem ser duramente atingidos pelos efeitos adversos das mudanças climáticas futuras, já que tem uma economia fortemente dependente dos recursos naturais diretamente ligados ao clima na agricultura e na geração de energia hidroelétrica. Também a variabilidade climática afeta vastos setores das populações de menor renda, como os habitantes do semiárido nordestino ou as populações vivendo em área de risco de deslizamentos de encostas e inundações nos grandes centros urbanos. A questão da mudança do clima deve considerar a vulnerabilidade a que os biomas globais estão expostos, face aos impactos decorrentes da mudança do clima, e a consequente necessidade de definirmos estratégias de adaptação a esses impactos (http://www.correiobraziliense.com.br). Refelexões finais O agravamento da situação ambiental mundial e ocorrências, como: a falta de água adequada para o consumo, a mortandade de animais e plantas, a contaminação da terra, da água e do ar, os desastres naturais e o crescente processo de urbanização dos grandes centros têm afetado os cidadãos diariamente, além de ajudar a evidenciar a realidade e a contribuir para que a população desperte para questões ligadas aos problemas ambientais. Entretanto, a mídia trazendo esse tema para pauta diária de suas redações, o assunto passou a ter cada vez mais relevância e visibilidade. Temas, como: furacões, inundações, o fenômeno El Niño, derretimento de geleiras, entre outros, passaram a ser pauta diária da mídia, incorporando esse assunto ao dia a dia de cada cidadão. Mas, apesar do registro do aumento da publicação de reportagens sobre essa temática nos jornais diários do Brasil, a qualidade das matérias12 ainda é muito criticada pelos pesquisadores em Jornalismo Ambiental. As publicações são feitas de forma isolada, não oferecendo aos leitores uma abordagem que incorpore a visão da complexidade de relações que envolvem o meio ambiente. 12 Poderíamos citar o conteúdo, mas também as fontes e de como as mesmas são produzidas. Ver em alternativa o ecocomunicação e o meio ambiente: WWW.mec.gov.br/secad.
  19. 19 A problemática que deveria ser abordada é a velocidade com que as mudanças climáticas estão acontecendo e o quanto a natureza tem condição ou não de adaptar-se a essas mudanças, em decorrência da ação humana e do sistema em que vivemos. Está sendo considerado aqui, é claro, uma natureza humana e não-humana. Embora devemos buscar, mais do que uma adaptação, um outro modelo de sociedade. O paradigma de que o ambiente e as riquezas naturais são inesgotáveis e estão aí para serem usados indiscriminadamente pela humanidade deve ser quebrado. De uma forma geral é apontada a ação humana como fator preponderante para as mudanças climáticas, abordando superficialmente a ação das indústrias, as maiores responsáveis por esse contexto, como forma de preservar a imagem dessas empresas, uma vez que muitas delas são também os maiores anunciantes dos jornais, quando o jornal não é acionista nessas empresas. A crise que hoje vivenciamos, gerada pelo atual modelo capitalista de sociedade, com sua ganância, extrapolou todas as formas de vida, até provocar as mudanças do clima que, por sua vez, geraram mais exclusão social, fome, doenças e desequilíbrio da natureza, entre outros problemas. REFLEXÃO Mais do que a natureza ecológica, a natureza humana necessita de um olhar mais demorado. Quando a mídia aponta que está na ação humana os maiores causadores dos problemas ambientais, assim como sua solução, acredita-se que isoladamente o homem pode contribuir pouquíssimo, mas, enquanto sociedade, a ação do homem pode reverter o quadro atual. Há necessidade, entretanto, em primeiro lugar, de um resgate de valores, de oportunidades para todos, da extinção da hierarquia entre as espécies e da informação livre a todos. Entende-se que a partir da regeneração da natureza humana haverá também a regeneração da natureza ecológica, porque uma é extensão da outra, mas a doença precisa ser combatida a partir do ponto mais afetado.
  20. 20 Isso exige urgentemente a elaboração de uma nova ética que contemple o equilíbrio da sociedade, incluindo os ecossistemas e valores culturais necessários para que restabeleçamos a dignidade dos seres no planeta. Isso supõe a superação do capitalismo, ou de qualquer modelo de sociedade baseado no capital e na exploração de todo tipo de natureza. Não sabemos ainda que sociedade descortinar-se-á a partir destes novos tempos tão difíceis, mas é inegável a necessidade de averiguar a problemática ambiental e a ética que permeia esse discurso. REFERÊNCIAS BACCHETTA, Victor. El periodismo ambiental. In: _____. (Org.). Ciudadania planetária: temas y desafíos del periodismo ambiental. Montevideo: Federación Internacional de Jornalismo Ambiental (IFEJ); Fundación Friedrich Ebert (FES), 2000. GALTUNG, Johan; RUGE, Mari Holmboe. Crises in four Norwegian newspapers: the structure of foreign news: the presentation of the Congo, Cuba and Cyprus. Journal of Peace Research, n. 2, p. 64-90, 1965. IPCC. Climate Change 2007: The Physical Science Basis. Summary for Policemakers. Disponível em: <www.ipcc.ch>. Acesso em: 07 jun. 2007. IPCC. El Grupo Intergubernamental de Expertos sobre el Cambio Climático (IPCC). Disponível em: <http://www.ipcc.ch/pdf/ipcc-faq/ipcc-introduction-sp.pdf>. Acesso em: 25 jul. 2008. KANDEL, Robert. O reaquecimento climático. São Paulo: Loyola, 2002. LEFF, Enrique. Epistemologia ambiental. São Paulo, Cortez, 2001. LOPEZ VELASCO, Sírio. Fundamentos lógico-lingüísticos da ética argumentativa. São Leopoldo: Nova Harmonia, 2003a. MARENGO, José. Disponível em: <http://www.sbmet.org.br/noticias_mclimaticas/> Acesso em: 9 mar. 2008. ODUM, Howard T.; ODUM, Elisabeth C. A prosperous way down: principles and policies. Boulder: University Press of Colorado, 2001.
  21. 21 RODRIGUES, Saulo. Pesquisador em Mudanças Climáticas. Disponível em: <http://www.correiobraziliense.com.br>. Acesso em: 12/10/2009. TRAQUINA, Nelson. Teorias do jornalismo. Florianópolis: Insular, 2005. VELLEDA TEIXEIRA, Dinair. A ética no discurso do jornal Zero Hora sobre a educação ambiental. In Jornalismo Ambiental: desafios e reflexões. (Org.) GIRARDI, Ilza; SCHWAAB, Reges. Porto Alegre: Ed. Dom Quixote, 2008. VELLEDA TEIXEIRA, Dinair. A ética no discurso do jornal Zero Hora sobre as Mudanças Climáticas. Dissertação de Mestrado, 2008. <http://www.sbmet.org.br>. Acesso em: 12/10/2009. WWF-BRASIL elogia estudo de clima lançado pelo Ministério do Meio Ambiente. Ambientallis: meio ambiente e qualidade de vida. Disponível em: http://ambiental.wordpress.com/2007/02.
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