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Baixar para ler offline
Em rapidinha com
Meia Hora, mulher
sobe e desce no
elevador
Lara Werneck e Rodrigo Caruso




À
      s 7 da manhã, um ônibus superlotado que
      ia em direção à zona sul do Rio de Janeiro
      carregava alguns exemplares de dois jornais
populares concorrentes. O cobrador, quando não
distribuía trocos, prendia a atenção no tablóide.
Um passageiro à frente, sentado próximo à jane-
la, ignorava os solavancos para ler a manchete:
“Só no tapa na cara. Mulher Maçã aumenta os
seios levando bofetada”.
  A atenção despertada pela manchete não era
apenas a do homem que segurava o jornal, mas
os passageiros abarrotados nos arredores entorta-
vam o pescoço a fim de descobrir o que tabefes no
rosto têm a ver com aumento de seios.
  A curta matéria falava de uma nova técnica
oriental, o body-splaning. Nas páginas seguintes, o
campeonato brasileiro e o destaque dos times do
Rio de Janeiro. Logo à frente, o caderno Gata da
Hora novamente despertou o interesse alheio.
  A técnica desse jornal – hoje de grande circula-
ção, sendo o terceiro jornal mais lido do estado do
Rio de Janeiro e o sexto no país – está ligada ao         De acordo com dados do Marplan, empresa
espetáculo da informação e da notícia. Como em          especializada em pesquisa de mídia no Brasil,
outros veículos de mídia chamados populares, os         os jornais populares são os que mais cresce-
temas de violência, sexo e o bizarro, além de servi-    ram no Brasil nos últimos anos. Dentre eles,
ços locais e noticiário policial, são indispensáveis.   o Extra, do Rio de Janeiro, é o mais vendido


O que é popular?                                                                                        25
                                                                                                         25
Para Creso Soares, confundir jornalismo popular com
     jornalismo sensacionalista é um erro

     no país, contando com cerca de 3 milhões de
     leitores.
       Segundo 10 bancas de jornal na Gávea, zona
     sul, e cinco na Tijuca, zona norte do Rio de Janei-
     ro, o Meia Hora é o mais vendido. Os jornaleiros
                                                           Programa do Datena: vale tudo para aumentar a audiência?
     compram entre 15 e 30 exemplares diários e di-
     zem que dificilmente o produto não é vendido. Já
     O Globo, líder dos impressos cariocas, não se dá      de manhã quando sai de casa. Entre inúmeras
     bem com bancas. Segundo o jornaleiro Elias Anto-      subidas e descidas, a ascensorista apontava as
     nio Teixeira, O Globo tem um público leitor fixo:     notícias que mais enchiam os olhos: “Não gosto
     “O Globo fica mais com os assinantes. As bancas       dessa parte que fala de mulher. Mas e a histó-
     nem pedem muito. É um jornal que quase sempre         ria da tal mulher ketchup? Ela jogou ketchup no
     fica parado. Pelo menos um dos exemplares enca-       corpo e fingiu que tinha morrido pra ganhar um
     lha e vira sempre prejuízo”.                          dinheiro”. O resumo das peripécias novelísticas e
       Diferente do Meia Hora, a média de pedidos de       a coluna de Wagner Montes, deputado estadual
     O Globo nas bancas é de 7 exemplares por dia.         (PDT-RJ) e apresentador do Balanço Geral, tam-
     Para concorrer diretamente com o apelo popu-          bém entraram na lista de Eliete.
     lar as organizações Globo lançaram o Expresso,          A professora Alessandra Cruz, do departamen-
     que segue a mesma linha editorial popular. Mes-       to de Comunicação Social da PUC-Rio, tem como
     mo sendo considerados jornais recentes, ambos         objeto de estudo as mídias locais. Em suas pesqui-
     conquistaram leitores fiéis. A ascensorista Eliete    sas, já conversou com muitos leitores de jornais
     Nascimento Morais é uma dessas leitoras convic-       populares e ressaltou os motivos de sucesso com
     tas. Para ela, o tablóide não é sucesso apenas        o público: “No caso dos jornais, alguns fatores
     pelo preço baixo – R$ 0,70 –, mas o conteúdo          aparecem de um modo mais forte: tempo, pre-
     agrada ao público-alvo do veículo: “Eu pago se-       ço e linguagem. Nesses jornais, as notícias são
     tenta centavos, o preço é baratinho, mas eu gos-      mais curtas, podem ser lidas mais rapidamente,
     to do que vem nele. As reportagens têm bastante       principalmente no ônibus, indo para o trabalho.
     variedade, né? Tanto é que eu compro o jornal         Ler uma edição inteira do Globo ou da Folha de
     mesmo no domingo que é bem mais caro”, con-           S. Paulo, por exemplo, leva muito mais tempo.
     tou Eliete.                                           Outra questão é o preço mais barato dessas pu-
       Eliete trabalha de duas da tarde às oito horas      blicações, que as tornam mais acessíveis. E no
     da noite. Entre as paredes e os botões do elevador,   caso da linguagem o texto mais simples, curto e
     o jornal a distrai. Ela costuma ir às bancas logo     direto acaba sendo mais atrativo”.


26                                                                                    Julho/Dezembro 2011
A notícia vira espetáculo                                  Apesar disso, o editor e coordenador de progra-
  Assim como os jornais populares, o programa de         mação da Rádio Globo, Creso Soares Junior, pon-
Wagner Montes é criticado por ser sensacionalista.       dera que há uma diferença entre os conceitos de
A abordagem espetacular de assuntos violentos,           jornalismo popular e sensacionalismo: “É um tre-
o exagero nos boletins policiais e a publicação de       mendo erro confundir as duas coisas. Jornalismo
imagens para muitos impublicáveis são estratégias        popular é o jornalismo que tem prestação de servi-
para cativar o público C, D e E, alvos dessas mídias.    ço, é um jornalismo preocupado com questões po-
O jornalista Augusto Pereira, da TV Tagarela, a          pulares. Ele vai ter uma pegada voltada para os in-
TV comunitária da Rocinha, não concorda com a            teresses da maior parte da população, uma grande
abordagem escrachada de programas como o Cida-           massa. É diferente de sensacionalismo. Às vezes o
de Alerta, da Rede Bandeirantes, por exemplo: “Eu        jornalismo popular resvala no sensacionalismo,
não vou concordar com esse tipo de cobertura de          mas é preocupante você unir as duas coisas”.
espetáculo jamais. Porque dessa forma, não se pas-         Soares conta que muitas vezes o jornalista esbar-
sa informação corretamente. Apenas há a preocu-          ra no dilema de como retratar um fato. Segundo
pação com o espetáculo. E quando a preocupação           ele, a decisão de um editor pode ser equivocada
maior é com o show da notícia, a informação perde        e levar a uma cobertura sensacionalista. Quando
o sentido e serve apenas como entretenimento. A          ocupava o cargo de chefe de reportagem da Rá-
informação dada corretamente é para fazer o ser          dio CBN, contou o episódio do menino João Hé-
humano crescer”, defende.                                lio, que teve o corpo dilacerado após ser arrastado
  Para Augusto, o humor e o entretenimento po-           por bandidos em um carro: “Eu cheguei às 6 da
dem fazer parte da reportagem, mas deve ser usado        manhã para a chefia de reportagem. O repórter
com bom senso para não comprometer a clareza e           da madrugada me disse que era pior imagem que
a credibilidade da informação: “O humor é próprio        já tinha visto na vida. Eu disse a ele que não era
da cultura brasileira. Esse perfil de programa ou de     para descrever aquela imagem. Ele poderia falar
jornal usa o jeito bem-humorado do nosso país, que       do horror, da barbaridade, da indignação, mas
gosta de rir e de se divertir para ter sucesso. Talvez   não era necessário descrever essa cena terrível”.
essa seja a fórmula do sucesso deles. Só que eu acho       O outro lado é diferente. Para os repórteres que
que certos assuntos não podem ser tratados com hu-       integram equipes de jornais populares, o sensacio-
mor. Aí vira espetáculo, vira meramente diversão”.       nalismo está por vezes presente em pautas e no es-




Fábio Barreto apresenta o comando da edição carioca do      A proximidade entre jornalistas e policiais é problemática
Brasil Urgente                                                                para a isenção das matérias policiais



O que é popular?                                                                                                         27
dependente da condição econômica. Há argumen-
                                                                       tos que sustentam, inclusive, que quanto mais aces-
                                                                       so aos meios, maior a vulnerabilidade do sujeito. O
                                                                       cenário de crescente oferta de aparatos midiáticos
                                                                       no cotidiano das pessoas tende a agravar o caráter
                                                                       invasivo da presença dos meios na rotina das socie-
                                                                       dades”, afirma Luiz Léo.

                                                                       O sensacionalismo na história da
                                                                       imprensa
                                                                          Uma pesquisa de dois professores da UFF (Univer-
     Professor Luiz Ferreira Leo alerta para a sutil diferença entre   sidade Federal Fluminense) investigou a possível
     jornalismo e show
                                                                       origem da titulada imprensa sensacionalista. Se-
                                                                       gundo Wilson Borges e Ana Lúcia S. Enne, o fascínio
     tilo da matéria. Lívia Mendonça, repórter da Rede                 popular pela vertente editorial tem raiz no contexto
     Record do Rio de Janeiro, já passou por diversos                  da modernidade. Em sua tese, Borges retoma a im-
     impressos com esse perfil editorial e até hoje faz                prensa do século XIX para traçar um paralelo en-
     matérias para o programa Balanço Geral: “Sensa-                   tre o surgimento da notícia sensação: “A imprensa
     cionalismo errado é a falsa reportagem, conduzir o                ilustrada no século XIX era o início de um retrato
     olhar do público para uma ideia diferente da que                  da própria massa urbana e da modernidade. Nesse
     aconteceu. O jornalista é um contador de histórias,               contexto, o que chama a atenção como imagem do
     mas lidamos com fatos da vida real. Todo cuidado                  moderno na imprensa é a nostalgia e admiração do
     é pouco. Por isso, procuro revisar cada situação. Ex-             grotesco, feio e extremo”.
     plorar um choro, uma sonora sofrida, uma denún-                         Já no passado, outra característica dos jornais
     cia, pode dizer que é um ato sensacionalista, mas                 populares atuais estava presente: o apelo em forma
     não é errado se utilizado na medida certa. Acredito               de defesa do povo. Um espaço que ainda não existia
     que é possível tocar o telespectador, as autoridades              para a massa pobre e trabalhadora. A crítica social
     que assistem, sem cair no exagero. Tento controlar                também encorpava as páginas da mídia recém-
     para não explorar demais. Mas tudo sempre vai de-                 nascida: “Com a linha editorial dessa imprensa, os
     pender do veículo onde trabalho”.                                 jornais passaram a vender muito mais do que ven-
        As críticas aos profissionais que alimentam a pro-             diam antes. Era o sensacionalismo e as imagens do
     dução de conteúdo sensacionalista são comuns. O                   grotesco que vendiam jornais e aumentavam a cir-
     pesquisador Luiz Ferreira Leo, professor e especia-               culação para a sociedade”, escreveu o pesquisador.
     lista em Mídias da PUC-Rio, também considera o                       Com a feroz disputa por empregos nas redações,
     sensacionalismo nocivo para o entendimento da                     a realidade fica distante da academia e do ideal jor-
     população: “Do ponto de vista social e humano, a                  nalístico. A jornalista Lívia Mendonça disse já ter
     espetacularização dos acontecimentos cotidianos                   mudado de opinião várias vezes ao longo da car-
     é um desastre. Implica na ‘desinformação’ dos su-                 reira e lembrou que foi criticada: “Alguns colegas
     jeitos, tendo em vista que, na maioria das vezes, o               de profissão são resistentes ao estilo da Record de
     essencial dá lugar ao banal, ao apelativo e ao ten-               fazer jornalismo. O mais engraçado, que eu tam-
     dencioso. Deforma-se, com isso, o público receptor,               bém já compartilhei deste pensamento um dia. Na
     que se torna de pouco em pouco mais passivo, de-                  faculdade somos ‘moldados’ ao que é certo e errado
     sinteressado e conformado”.                                       e aprendemos a ser críticos demais. Não acho isso
        O professor não acredita em distinção entre a in-              errado, é bom para um formador de opinião, só que
     fluência da mídia em camadas de baixa renda da                    quando encaramos o jornalismo na prática somos
     sociedade. A desinformação poderia, inclusive, di-                obrigados a lidar com barreiras, emoções, uma polí-
     minuir a penetração dos meios de comunicação: “A                  tica interna, são tantos pontos que nos esquecemos
     influência é crescente em todos os níveis sociais, in-            da tão bela teoria”, confessa a repórter.POP!

28                                                                                               Julho/Dezembro 2011
Raio-X
     Para entender um pouco mais sobre os principais jornais e programas populares do Rio de Janeiro:
                 Meia Hora: destinado às classes C e D, tem a proposta de ser um jornal de fácil compreensão e acesso,
                 custando apenas R$ 0,70. Tem, em média, 40 páginas e foca em notícias locais e de linguagem popular,
                 com editorias como Voz do Povo, Polícia, De tudo um pouco e Serviço. Ligado ao grupo O Dia, o Meia Hora
                 foi inicialmente criado como uma opção mais barata e prática ao jornal Extra, mas logo criou seu próprio
                 público. Além da versão on-line, sua tiragem média nos dias de semana é de 230 mil exemplares, o que o
                 torna o terceiro jornal mais lido do estado do Rio e o sexto mais lido do país.

 Expresso: ligado às Organizações Globo, que queria ampliar seu mercado de leitores, o Expresso
 seguiu o exemplo do Meia Hora, seu concorrente, e destinou-se às classes C e D com a proposta
 de atingir o trabalhador que gasta horas do seu dia em transportes públicos. Tem, em média, 32
 páginas e não circula nos finais de semana. O jornal possui 6 editorias: Geral, que conta com cidade
 e política, Economia Popular, Empregos, Esporte e TV e Lazer. Os textos também são curtos e ágeis,
 com uma abordagem fácil e direta dos assuntos mais importantes do dia, o preço é acessível às
 classes a que se destina e não tem versão on-line.

                             Balanço Geral: apresentado pelo jornalista e deputado Wagner Montes, é um programa
                             diário de forte apelo popular exibido na hora do almoço pela Rede Record, com notícias
                             de caráter apelativo e violento. É famoso por se utilizar de anúncios, propagandas e apelo
                             humorístico ao relatar os fatos mais pesados. O programa também tem versões para os
                             estados de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia.


 Brasil Urgente: originalmente apresentado para todo o Brasil por José Luiz Datena, o telejornal
 diário recentemente criou sua versão carioca do programa. Exibido pela Bandeirantes, sua edição local é
 apresentada no final da tarde pelo jornalista Fábio Barreto. Trata-se de um telejornal polêmico e puxado
 para o lado investigativo e policial, sem deixar seu viés popular de lado. É hoje um dos programas de
 maior audiência da casa.


                Relembrando                                                     Aperte o play
      As manchetes mais famosas (e cômicas)                           Cenas pitorescas que foram ao ar e que
              do sensacionalismo:                                         você não pode deixar de ver:
              • “Bebê Diabo”- publicada pelo Notícias
              Populares, jornal que circulou em São Paulo     • 30/04/2010: Travesti enfurecido agride homem no meio da rua
              entre 15 de outubro de 1963 e 20 de janeiro     http://www.youtube.com/watch?v=kmPOszDA_qI
              de 2001 e era muito acusado de inventar         Uma equipe de reportagem do programa
              notícias. A polêmica do bebê diabo começou      Brasil Urgente flagrou o momento em que
              quando uma criança nascida com deformações      um transexual agredia um homem na Rua
serviu como base para uma série de notícias inventadas        Augusta, uma das principais de São Paulo.
envolvendo o recém-nascido e veiculadas pelo jornal.          No final da reportagem, o transexual,
• “Virou purpurina” – publicada pelo Meia Hora em março       identificado como José Roberto dos Santos,
de 2009, quando o então deputado Clodovil morreu.             ainda agrediu o câmera da Band em frente
• “Andréia, que time é teu?” – publicada pelo jornal Meia     à delegacia onde os envolvidos foram levados.
Hora em 2008, sobre o envolvimento do jogador Ronaldo
com três travestis em um motel no Rio de Janeiro.             • 09/09/2011: Wagner Montes e o bandido chorão
• “Nasceu negro, virou branco e vai virar cinza – descanse    http://www.youtube.com/watch?v=MjnBtavIUYQ
em paz Michael” – publicada pelo Meia Hora em 2009,           O apresentador do programa Balanço Geral, Wagner Montes,
sobre a morte do ídolo pop Michael Jackson.                   ri, canta e debocha ao ver o suspeito chorar ao ser preso. O
• “Chupa, Nardoni” – publicada pelo Meia Hora em 2010,        homem era um possível participante de uma das principais
sobre a condenação do casal Nardoni pelo assassinato da       quadrilhas que atuava na comunidade Casa Branca.
menina Isabela.                                               • 14/01/2010: Wagner Montes surta e quebra cenário ao vivo
• “Luana não tem mais Dado em                                 http://www.youtube.com/watch?v=tH9lmuSheM4
casa” – publicada pelo Meia Hora                              O jornalista arranca pedaços do cenário de seu programa
em 2008, sobre a separação do casal                           enquanto comenta uma matéria em que o dono de uma
Luana Piovani e Dado Dolabella após                           creche foi acusado de assédio sexual.
uma agressão de Dado a uma camareira.




O que é popular?                                                                                                              29
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Entrevista Revista Eclética nº 33 - Dez/11

  • 1. Em rapidinha com Meia Hora, mulher sobe e desce no elevador Lara Werneck e Rodrigo Caruso À s 7 da manhã, um ônibus superlotado que ia em direção à zona sul do Rio de Janeiro carregava alguns exemplares de dois jornais populares concorrentes. O cobrador, quando não distribuía trocos, prendia a atenção no tablóide. Um passageiro à frente, sentado próximo à jane- la, ignorava os solavancos para ler a manchete: “Só no tapa na cara. Mulher Maçã aumenta os seios levando bofetada”. A atenção despertada pela manchete não era apenas a do homem que segurava o jornal, mas os passageiros abarrotados nos arredores entorta- vam o pescoço a fim de descobrir o que tabefes no rosto têm a ver com aumento de seios. A curta matéria falava de uma nova técnica oriental, o body-splaning. Nas páginas seguintes, o campeonato brasileiro e o destaque dos times do Rio de Janeiro. Logo à frente, o caderno Gata da Hora novamente despertou o interesse alheio. A técnica desse jornal – hoje de grande circula- ção, sendo o terceiro jornal mais lido do estado do Rio de Janeiro e o sexto no país – está ligada ao De acordo com dados do Marplan, empresa espetáculo da informação e da notícia. Como em especializada em pesquisa de mídia no Brasil, outros veículos de mídia chamados populares, os os jornais populares são os que mais cresce- temas de violência, sexo e o bizarro, além de servi- ram no Brasil nos últimos anos. Dentre eles, ços locais e noticiário policial, são indispensáveis. o Extra, do Rio de Janeiro, é o mais vendido O que é popular? 25 25
  • 2. Para Creso Soares, confundir jornalismo popular com jornalismo sensacionalista é um erro no país, contando com cerca de 3 milhões de leitores. Segundo 10 bancas de jornal na Gávea, zona sul, e cinco na Tijuca, zona norte do Rio de Janei- ro, o Meia Hora é o mais vendido. Os jornaleiros Programa do Datena: vale tudo para aumentar a audiência? compram entre 15 e 30 exemplares diários e di- zem que dificilmente o produto não é vendido. Já O Globo, líder dos impressos cariocas, não se dá de manhã quando sai de casa. Entre inúmeras bem com bancas. Segundo o jornaleiro Elias Anto- subidas e descidas, a ascensorista apontava as nio Teixeira, O Globo tem um público leitor fixo: notícias que mais enchiam os olhos: “Não gosto “O Globo fica mais com os assinantes. As bancas dessa parte que fala de mulher. Mas e a histó- nem pedem muito. É um jornal que quase sempre ria da tal mulher ketchup? Ela jogou ketchup no fica parado. Pelo menos um dos exemplares enca- corpo e fingiu que tinha morrido pra ganhar um lha e vira sempre prejuízo”. dinheiro”. O resumo das peripécias novelísticas e Diferente do Meia Hora, a média de pedidos de a coluna de Wagner Montes, deputado estadual O Globo nas bancas é de 7 exemplares por dia. (PDT-RJ) e apresentador do Balanço Geral, tam- Para concorrer diretamente com o apelo popu- bém entraram na lista de Eliete. lar as organizações Globo lançaram o Expresso, A professora Alessandra Cruz, do departamen- que segue a mesma linha editorial popular. Mes- to de Comunicação Social da PUC-Rio, tem como mo sendo considerados jornais recentes, ambos objeto de estudo as mídias locais. Em suas pesqui- conquistaram leitores fiéis. A ascensorista Eliete sas, já conversou com muitos leitores de jornais Nascimento Morais é uma dessas leitoras convic- populares e ressaltou os motivos de sucesso com tas. Para ela, o tablóide não é sucesso apenas o público: “No caso dos jornais, alguns fatores pelo preço baixo – R$ 0,70 –, mas o conteúdo aparecem de um modo mais forte: tempo, pre- agrada ao público-alvo do veículo: “Eu pago se- ço e linguagem. Nesses jornais, as notícias são tenta centavos, o preço é baratinho, mas eu gos- mais curtas, podem ser lidas mais rapidamente, to do que vem nele. As reportagens têm bastante principalmente no ônibus, indo para o trabalho. variedade, né? Tanto é que eu compro o jornal Ler uma edição inteira do Globo ou da Folha de mesmo no domingo que é bem mais caro”, con- S. Paulo, por exemplo, leva muito mais tempo. tou Eliete. Outra questão é o preço mais barato dessas pu- Eliete trabalha de duas da tarde às oito horas blicações, que as tornam mais acessíveis. E no da noite. Entre as paredes e os botões do elevador, caso da linguagem o texto mais simples, curto e o jornal a distrai. Ela costuma ir às bancas logo direto acaba sendo mais atrativo”. 26 Julho/Dezembro 2011
  • 3. A notícia vira espetáculo Apesar disso, o editor e coordenador de progra- Assim como os jornais populares, o programa de mação da Rádio Globo, Creso Soares Junior, pon- Wagner Montes é criticado por ser sensacionalista. dera que há uma diferença entre os conceitos de A abordagem espetacular de assuntos violentos, jornalismo popular e sensacionalismo: “É um tre- o exagero nos boletins policiais e a publicação de mendo erro confundir as duas coisas. Jornalismo imagens para muitos impublicáveis são estratégias popular é o jornalismo que tem prestação de servi- para cativar o público C, D e E, alvos dessas mídias. ço, é um jornalismo preocupado com questões po- O jornalista Augusto Pereira, da TV Tagarela, a pulares. Ele vai ter uma pegada voltada para os in- TV comunitária da Rocinha, não concorda com a teresses da maior parte da população, uma grande abordagem escrachada de programas como o Cida- massa. É diferente de sensacionalismo. Às vezes o de Alerta, da Rede Bandeirantes, por exemplo: “Eu jornalismo popular resvala no sensacionalismo, não vou concordar com esse tipo de cobertura de mas é preocupante você unir as duas coisas”. espetáculo jamais. Porque dessa forma, não se pas- Soares conta que muitas vezes o jornalista esbar- sa informação corretamente. Apenas há a preocu- ra no dilema de como retratar um fato. Segundo pação com o espetáculo. E quando a preocupação ele, a decisão de um editor pode ser equivocada maior é com o show da notícia, a informação perde e levar a uma cobertura sensacionalista. Quando o sentido e serve apenas como entretenimento. A ocupava o cargo de chefe de reportagem da Rá- informação dada corretamente é para fazer o ser dio CBN, contou o episódio do menino João Hé- humano crescer”, defende. lio, que teve o corpo dilacerado após ser arrastado Para Augusto, o humor e o entretenimento po- por bandidos em um carro: “Eu cheguei às 6 da dem fazer parte da reportagem, mas deve ser usado manhã para a chefia de reportagem. O repórter com bom senso para não comprometer a clareza e da madrugada me disse que era pior imagem que a credibilidade da informação: “O humor é próprio já tinha visto na vida. Eu disse a ele que não era da cultura brasileira. Esse perfil de programa ou de para descrever aquela imagem. Ele poderia falar jornal usa o jeito bem-humorado do nosso país, que do horror, da barbaridade, da indignação, mas gosta de rir e de se divertir para ter sucesso. Talvez não era necessário descrever essa cena terrível”. essa seja a fórmula do sucesso deles. Só que eu acho O outro lado é diferente. Para os repórteres que que certos assuntos não podem ser tratados com hu- integram equipes de jornais populares, o sensacio- mor. Aí vira espetáculo, vira meramente diversão”. nalismo está por vezes presente em pautas e no es- Fábio Barreto apresenta o comando da edição carioca do A proximidade entre jornalistas e policiais é problemática Brasil Urgente para a isenção das matérias policiais O que é popular? 27
  • 4. dependente da condição econômica. Há argumen- tos que sustentam, inclusive, que quanto mais aces- so aos meios, maior a vulnerabilidade do sujeito. O cenário de crescente oferta de aparatos midiáticos no cotidiano das pessoas tende a agravar o caráter invasivo da presença dos meios na rotina das socie- dades”, afirma Luiz Léo. O sensacionalismo na história da imprensa Uma pesquisa de dois professores da UFF (Univer- Professor Luiz Ferreira Leo alerta para a sutil diferença entre sidade Federal Fluminense) investigou a possível jornalismo e show origem da titulada imprensa sensacionalista. Se- gundo Wilson Borges e Ana Lúcia S. Enne, o fascínio tilo da matéria. Lívia Mendonça, repórter da Rede popular pela vertente editorial tem raiz no contexto Record do Rio de Janeiro, já passou por diversos da modernidade. Em sua tese, Borges retoma a im- impressos com esse perfil editorial e até hoje faz prensa do século XIX para traçar um paralelo en- matérias para o programa Balanço Geral: “Sensa- tre o surgimento da notícia sensação: “A imprensa cionalismo errado é a falsa reportagem, conduzir o ilustrada no século XIX era o início de um retrato olhar do público para uma ideia diferente da que da própria massa urbana e da modernidade. Nesse aconteceu. O jornalista é um contador de histórias, contexto, o que chama a atenção como imagem do mas lidamos com fatos da vida real. Todo cuidado moderno na imprensa é a nostalgia e admiração do é pouco. Por isso, procuro revisar cada situação. Ex- grotesco, feio e extremo”. plorar um choro, uma sonora sofrida, uma denún- Já no passado, outra característica dos jornais cia, pode dizer que é um ato sensacionalista, mas populares atuais estava presente: o apelo em forma não é errado se utilizado na medida certa. Acredito de defesa do povo. Um espaço que ainda não existia que é possível tocar o telespectador, as autoridades para a massa pobre e trabalhadora. A crítica social que assistem, sem cair no exagero. Tento controlar também encorpava as páginas da mídia recém- para não explorar demais. Mas tudo sempre vai de- nascida: “Com a linha editorial dessa imprensa, os pender do veículo onde trabalho”. jornais passaram a vender muito mais do que ven- As críticas aos profissionais que alimentam a pro- diam antes. Era o sensacionalismo e as imagens do dução de conteúdo sensacionalista são comuns. O grotesco que vendiam jornais e aumentavam a cir- pesquisador Luiz Ferreira Leo, professor e especia- culação para a sociedade”, escreveu o pesquisador. lista em Mídias da PUC-Rio, também considera o Com a feroz disputa por empregos nas redações, sensacionalismo nocivo para o entendimento da a realidade fica distante da academia e do ideal jor- população: “Do ponto de vista social e humano, a nalístico. A jornalista Lívia Mendonça disse já ter espetacularização dos acontecimentos cotidianos mudado de opinião várias vezes ao longo da car- é um desastre. Implica na ‘desinformação’ dos su- reira e lembrou que foi criticada: “Alguns colegas jeitos, tendo em vista que, na maioria das vezes, o de profissão são resistentes ao estilo da Record de essencial dá lugar ao banal, ao apelativo e ao ten- fazer jornalismo. O mais engraçado, que eu tam- dencioso. Deforma-se, com isso, o público receptor, bém já compartilhei deste pensamento um dia. Na que se torna de pouco em pouco mais passivo, de- faculdade somos ‘moldados’ ao que é certo e errado sinteressado e conformado”. e aprendemos a ser críticos demais. Não acho isso O professor não acredita em distinção entre a in- errado, é bom para um formador de opinião, só que fluência da mídia em camadas de baixa renda da quando encaramos o jornalismo na prática somos sociedade. A desinformação poderia, inclusive, di- obrigados a lidar com barreiras, emoções, uma polí- minuir a penetração dos meios de comunicação: “A tica interna, são tantos pontos que nos esquecemos influência é crescente em todos os níveis sociais, in- da tão bela teoria”, confessa a repórter.POP! 28 Julho/Dezembro 2011
  • 5. Raio-X Para entender um pouco mais sobre os principais jornais e programas populares do Rio de Janeiro: Meia Hora: destinado às classes C e D, tem a proposta de ser um jornal de fácil compreensão e acesso, custando apenas R$ 0,70. Tem, em média, 40 páginas e foca em notícias locais e de linguagem popular, com editorias como Voz do Povo, Polícia, De tudo um pouco e Serviço. Ligado ao grupo O Dia, o Meia Hora foi inicialmente criado como uma opção mais barata e prática ao jornal Extra, mas logo criou seu próprio público. Além da versão on-line, sua tiragem média nos dias de semana é de 230 mil exemplares, o que o torna o terceiro jornal mais lido do estado do Rio e o sexto mais lido do país. Expresso: ligado às Organizações Globo, que queria ampliar seu mercado de leitores, o Expresso seguiu o exemplo do Meia Hora, seu concorrente, e destinou-se às classes C e D com a proposta de atingir o trabalhador que gasta horas do seu dia em transportes públicos. Tem, em média, 32 páginas e não circula nos finais de semana. O jornal possui 6 editorias: Geral, que conta com cidade e política, Economia Popular, Empregos, Esporte e TV e Lazer. Os textos também são curtos e ágeis, com uma abordagem fácil e direta dos assuntos mais importantes do dia, o preço é acessível às classes a que se destina e não tem versão on-line. Balanço Geral: apresentado pelo jornalista e deputado Wagner Montes, é um programa diário de forte apelo popular exibido na hora do almoço pela Rede Record, com notícias de caráter apelativo e violento. É famoso por se utilizar de anúncios, propagandas e apelo humorístico ao relatar os fatos mais pesados. O programa também tem versões para os estados de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia. Brasil Urgente: originalmente apresentado para todo o Brasil por José Luiz Datena, o telejornal diário recentemente criou sua versão carioca do programa. Exibido pela Bandeirantes, sua edição local é apresentada no final da tarde pelo jornalista Fábio Barreto. Trata-se de um telejornal polêmico e puxado para o lado investigativo e policial, sem deixar seu viés popular de lado. É hoje um dos programas de maior audiência da casa. Relembrando Aperte o play As manchetes mais famosas (e cômicas) Cenas pitorescas que foram ao ar e que do sensacionalismo: você não pode deixar de ver: • “Bebê Diabo”- publicada pelo Notícias Populares, jornal que circulou em São Paulo • 30/04/2010: Travesti enfurecido agride homem no meio da rua entre 15 de outubro de 1963 e 20 de janeiro http://www.youtube.com/watch?v=kmPOszDA_qI de 2001 e era muito acusado de inventar Uma equipe de reportagem do programa notícias. A polêmica do bebê diabo começou Brasil Urgente flagrou o momento em que quando uma criança nascida com deformações um transexual agredia um homem na Rua serviu como base para uma série de notícias inventadas Augusta, uma das principais de São Paulo. envolvendo o recém-nascido e veiculadas pelo jornal. No final da reportagem, o transexual, • “Virou purpurina” – publicada pelo Meia Hora em março identificado como José Roberto dos Santos, de 2009, quando o então deputado Clodovil morreu. ainda agrediu o câmera da Band em frente • “Andréia, que time é teu?” – publicada pelo jornal Meia à delegacia onde os envolvidos foram levados. Hora em 2008, sobre o envolvimento do jogador Ronaldo com três travestis em um motel no Rio de Janeiro. • 09/09/2011: Wagner Montes e o bandido chorão • “Nasceu negro, virou branco e vai virar cinza – descanse http://www.youtube.com/watch?v=MjnBtavIUYQ em paz Michael” – publicada pelo Meia Hora em 2009, O apresentador do programa Balanço Geral, Wagner Montes, sobre a morte do ídolo pop Michael Jackson. ri, canta e debocha ao ver o suspeito chorar ao ser preso. O • “Chupa, Nardoni” – publicada pelo Meia Hora em 2010, homem era um possível participante de uma das principais sobre a condenação do casal Nardoni pelo assassinato da quadrilhas que atuava na comunidade Casa Branca. menina Isabela. • 14/01/2010: Wagner Montes surta e quebra cenário ao vivo • “Luana não tem mais Dado em http://www.youtube.com/watch?v=tH9lmuSheM4 casa” – publicada pelo Meia Hora O jornalista arranca pedaços do cenário de seu programa em 2008, sobre a separação do casal enquanto comenta uma matéria em que o dono de uma Luana Piovani e Dado Dolabella após creche foi acusado de assédio sexual. uma agressão de Dado a uma camareira. O que é popular? 29 29