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PÁGINA 2 - MAIO DE 2011                                                                   DE OLHO NA IMPRENSA


                        A notícia que gera audiência na TV
             Jornalismo policial se confunde com sensacionalismo e causa discussões entre especialistas
        Elizabete Farias




                                                                                                                                                                                                                                             Banco de Imagens
         Jennifer Muricy
        Jessica Cardoso
        Roseane Ferreira

     O jornalismo policial sensaciona-
lista no Brasil já protagonizou muitas
histórias de injustiça, calúnia e julga-
mento indevido e, por esses e outros
motivos, tem sido alvo de discussões
entre especialistas há décadas. Con-
siderado o carro-chefe de muitas
emissoras de televisão, teve seus
primeiros jornais na França, Ingla-
terra e Estados Unidos em meados
do século XVII. Naquela época,
o destaque a assuntos violentos
como crimes hediondos garantiam
a atenção do público.
     De lá para cá, pouca coisa mudou.
Devido à grande concorrência, em es-
pecial na televisão, veículos de comu-
nicação apostam em programas sensa-
cionalistas, nos quais crimes diversos
são expostos de maneira exagerada
sob a euforia de seus apresentadores,
numa linguagem dirigida às classes C,
D e E. “Por serem exibidos no final
da tarde (por volta das 18 horas), du-
rante o chamado horário de rotação,          A falta de opção e a guerra pela audiência
esses programas
têm a função de                                                     mo na véspera da
elevar os índices             “Eles mostram                         Páscoa, em 2008,                  História do jornalismo policial                                                                         EDITORIAL
de audiência, de                                                    em uma perse-
‘alavancar’ a au-          apenas o que querem.”                    guição a crimino-          Jornalismo policial é um seg-                 Porém, a cobertura policial                                  De cara nova
diência para,                                                       sos no bairro do       mento do jornalismo. Suas pri-               vem se expandindo ao longo dos
mais tarde, ‘pas-                                                   Capão Redondo,         meiras coberturas ocorreram por              anos, e diversos profissionais do                                A presente edição do Cida-
sar o bastão’ para                                                  Zona Sul de São        volta do século XIX em jornais               jornalismo se interessam pelo seg-                           dão está de cara nova. Tratam-se
os programas da faixa nobre, quando          Paulo. Martins relata que um crimino-         sensacionalistas da Inglaterra e dos         mento. Para aqueles que querem                               de editorias novas que acompa-
a classe AB e a família chegam em            so, para distrair a atenção dos policiais,    Estados Unidos. Por se tratar de             seguir essa carreira, é recomen-                             nharam as necessidades do leitor
casa para ver televisão”, comenta a          atirou em um morador que passava              fatos criminais, judiciais e de segu-        dável a leitura do livro A sangue                            moderno em meio à sociedade
professora Flávia Serralvo, pesqui-          pela rua de bicicleta, carregando dois        rança pública e, muitas vezes, lidar         frio, de Truman Capote. A obra da                            da informação. Nosso passeio
sadora da área.                              ovos de Páscoa. Após o ocorrido, a            com criminosos, é considerada uma            década de 60 é considerada uma                               pela Zona Leste começa com a
     No Brasil, o sensacionalismo foi        polícia foi socorrer a vítima baleada         especialização de alto risco para os         das mais importantes da reporta-                             editoria Urbano e uma verdadeira
transformado em um trunfo na corri-          e os criminosos fugiram do local. Foi         profissionais da área.                       gem policial.                                                radiografia do aumento da tarifa
da pela audiência, causando controvér-       veiculado pela mídia que o morador                                                                                                                      na cidade de São Paulo.
sia junto à opinião pública. O uso de        foi baleado pela polícia inocentemente                                                                                                                      Você acompanhará a evolução
imagens apelativas, a repetição exausti-     na véspera da Páscoa. No dia seguinte,                                                                                                                  do valor da tarifa ao longo dos
                                                                                                                                                                                  Roseane Ferreira




va de uma notícia e o julgamento ante-       houve protestos e manifestações de                                                                                                                      anos e entenderá as inúmeras
cipado dos possíveis réus são recorren-      moradores do bairro contra a polícia.                                                                                                                   manifestações populares em tor-
tes em coberturas sensacionalistas. Ao       “Eles mostram apenas o que querem”,                                                                                                                     no deste assunto. Outro tema em
longo de sua pesquisa, desenvolvida          argumenta Martins.                                                                                                                                      destaque diz respeito à preser-
entre 2004 e 2006, a professora verifi-          O soldado da Polícia Militar José                                                                                                                   vação do Meio ambiente. A ideia é
cou características que são peculiares       Alves discorda de Martins. Para ele,                                                                                                                    compreender qual a condição dos
ao telejornalismo policial, tais como:       existem programas de jornalismo                                                                                                                         parques mais populares da Zona
precariedade técnica; apresentadores         policial que são verdadeiros, mostram                                                                                                                   Leste; a situação de iluminação,
como representantes do modelo da             a realidade e o cotidiano da polícia e                                                                                                                  segurança, conservação e limpeza
instância justiceira, porta-vozes dos        são autorizados pelo Comando Geral                                                                                                                      de cada um.
problemas vividos pela população;            da Polícia Militar.                                                                                                                                         Para saber a localidade destes
coloquialismo e erros gramaticais;               Para a professora Flávia, espe-                                                                                                                     parques, vias de acesso e as suas
maniqueísmo; preconceito, sarcasmo e         cialista no assunto, o jornalismo                                                                                                                       principais formas de lazer e en-
humor negro, mesmo quando se trata           investigativo pode ser útil, não só                                                                                                                     tretenimento é possível recorrer
de situações extremamente trágicas; o        ao interesse do poder público, mas                                                                                                                      a página Infografando. Com todas
riso com fins de consolo e amenização;       no que diz respeito à divulgação                                                                                                                        essas abordagens modernas, não
presença de elementos grotescos; linha       de injustiças e fraudes de qualquer                                                                                                                     poderia faltar a editoria Ciência e
editorial fundamentada no “quanto            esfera da sociedade.                                                                                                                                    tecnologia.
pior, melhor”; suscitação do medo                Uma das contribuições mais sig-                                                                                                                         Nela, você entende como a
no telespectador; hierarquização de          nificativas do jornalismo policial,                                                                                                                     tecnologia tem modificado os
sujeitos: identificam-se apenas as au-       além de participação da sociedade                                                                                                                       hábitos de consumo do brasileiro
toridades e especialistas entrevistados,     em mobilizações e manifestações, é                                                                                                                      e ainda se previne de crimes vir-
enquanto pessoas comuns são tratadas         também a resolução de casos que,                                                                                                                        tuais. A internet também é foco na
como anônimos.                               pressionados pela TV, são soluciona-                                                                                                                    editoria Página midiática. Lá, o tea-
     O soldado da Polícia Militar Dio-       dos com rapidez, ou seja, o jornalismo                                                                                                                  tro é democratizado por meio da
go de Souza Martins vivenciou uma            sensacionalista pode vir a influenciar a                                                                                                                rede mundial, mas também é alvo
história de conflito com o jornalis-         população a ser formadora de opinião.        Diogo Souza, Policial Militar do Estado de São Paulo                                                       de polêmica no meio dramaturgo.
                                                                                                                                                                                                         Para finalizar, acompanhe a
                                                                                                                                                                                                     matéria sobre a Escola de Samba
                                                                                                                                                 Professores-orientadores                            Unidos de São Miguel na editoria
                                                                                                                                                  Dirceu Roque de Sousa,                             de Memória; e a matéria sobre jorna-
                                                                                             Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo        Flávia Serralvo e Regina Tavares.
                    Reitora                            Pró-reitor de Extensão e                                                                                                                      lismo sensacionalista na editoria De
                                                                                                 da Universidade Cruzeiro do Sul
       Profa. Dra. Sueli Cristina Marquesi              Assuntos Comunitários
                                                                                                                                                 Também participaram                                 olho na imprensa. Como todas essas
           Pró-reitor de Graduação                     Prof. Dr. Renato Padovese                 Ano XII - Número 38 - Maio de 2011
                                                                                                Telefone para contato: (11) 2037-5706
                                                                                                                                                desta edição os alunos:                              editorias foram feitas com dedicação
        Prof. Dr. Luiz Henrique Amaral                     Coordenador do                                                                       Mariana Barbosa, Maurício
                                                                                                     Tiragem: 3 mil exemplares
                                                                                                                                                                                                     e empenho, só resta lhe desejar:
   Pró-reitor de Pós-graduação e Pesquisa                Curso de Jornalismo                                                                    Noronha, Renata Pereira e
                                                                                            Impressão: Jornal Última Hora (11) 4226-7272             Sheila Procópio.                                    Boa leitura!
        Prof. Dr. Danilo Antonio Duarte             Prof. Ms. Carlos Barros Monteiro

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  • 1. PÁGINA 2 - MAIO DE 2011 DE OLHO NA IMPRENSA A notícia que gera audiência na TV Jornalismo policial se confunde com sensacionalismo e causa discussões entre especialistas Elizabete Farias Banco de Imagens Jennifer Muricy Jessica Cardoso Roseane Ferreira O jornalismo policial sensaciona- lista no Brasil já protagonizou muitas histórias de injustiça, calúnia e julga- mento indevido e, por esses e outros motivos, tem sido alvo de discussões entre especialistas há décadas. Con- siderado o carro-chefe de muitas emissoras de televisão, teve seus primeiros jornais na França, Ingla- terra e Estados Unidos em meados do século XVII. Naquela época, o destaque a assuntos violentos como crimes hediondos garantiam a atenção do público. De lá para cá, pouca coisa mudou. Devido à grande concorrência, em es- pecial na televisão, veículos de comu- nicação apostam em programas sensa- cionalistas, nos quais crimes diversos são expostos de maneira exagerada sob a euforia de seus apresentadores, numa linguagem dirigida às classes C, D e E. “Por serem exibidos no final da tarde (por volta das 18 horas), du- rante o chamado horário de rotação, A falta de opção e a guerra pela audiência esses programas têm a função de mo na véspera da elevar os índices “Eles mostram Páscoa, em 2008, História do jornalismo policial EDITORIAL de audiência, de em uma perse- ‘alavancar’ a au- apenas o que querem.” guição a crimino- Jornalismo policial é um seg- Porém, a cobertura policial De cara nova diência para, sos no bairro do mento do jornalismo. Suas pri- vem se expandindo ao longo dos mais tarde, ‘pas- Capão Redondo, meiras coberturas ocorreram por anos, e diversos profissionais do A presente edição do Cida- sar o bastão’ para Zona Sul de São volta do século XIX em jornais jornalismo se interessam pelo seg- dão está de cara nova. Tratam-se os programas da faixa nobre, quando Paulo. Martins relata que um crimino- sensacionalistas da Inglaterra e dos mento. Para aqueles que querem de editorias novas que acompa- a classe AB e a família chegam em so, para distrair a atenção dos policiais, Estados Unidos. Por se tratar de seguir essa carreira, é recomen- nharam as necessidades do leitor casa para ver televisão”, comenta a atirou em um morador que passava fatos criminais, judiciais e de segu- dável a leitura do livro A sangue moderno em meio à sociedade professora Flávia Serralvo, pesqui- pela rua de bicicleta, carregando dois rança pública e, muitas vezes, lidar frio, de Truman Capote. A obra da da informação. Nosso passeio sadora da área. ovos de Páscoa. Após o ocorrido, a com criminosos, é considerada uma década de 60 é considerada uma pela Zona Leste começa com a No Brasil, o sensacionalismo foi polícia foi socorrer a vítima baleada especialização de alto risco para os das mais importantes da reporta- editoria Urbano e uma verdadeira transformado em um trunfo na corri- e os criminosos fugiram do local. Foi profissionais da área. gem policial. radiografia do aumento da tarifa da pela audiência, causando controvér- veiculado pela mídia que o morador na cidade de São Paulo. sia junto à opinião pública. O uso de foi baleado pela polícia inocentemente Você acompanhará a evolução imagens apelativas, a repetição exausti- na véspera da Páscoa. No dia seguinte, do valor da tarifa ao longo dos Roseane Ferreira va de uma notícia e o julgamento ante- houve protestos e manifestações de anos e entenderá as inúmeras cipado dos possíveis réus são recorren- moradores do bairro contra a polícia. manifestações populares em tor- tes em coberturas sensacionalistas. Ao “Eles mostram apenas o que querem”, no deste assunto. Outro tema em longo de sua pesquisa, desenvolvida argumenta Martins. destaque diz respeito à preser- entre 2004 e 2006, a professora verifi- O soldado da Polícia Militar José vação do Meio ambiente. A ideia é cou características que são peculiares Alves discorda de Martins. Para ele, compreender qual a condição dos ao telejornalismo policial, tais como: existem programas de jornalismo parques mais populares da Zona precariedade técnica; apresentadores policial que são verdadeiros, mostram Leste; a situação de iluminação, como representantes do modelo da a realidade e o cotidiano da polícia e segurança, conservação e limpeza instância justiceira, porta-vozes dos são autorizados pelo Comando Geral de cada um. problemas vividos pela população; da Polícia Militar. Para saber a localidade destes coloquialismo e erros gramaticais; Para a professora Flávia, espe- parques, vias de acesso e as suas maniqueísmo; preconceito, sarcasmo e cialista no assunto, o jornalismo principais formas de lazer e en- humor negro, mesmo quando se trata investigativo pode ser útil, não só tretenimento é possível recorrer de situações extremamente trágicas; o ao interesse do poder público, mas a página Infografando. Com todas riso com fins de consolo e amenização; no que diz respeito à divulgação essas abordagens modernas, não presença de elementos grotescos; linha de injustiças e fraudes de qualquer poderia faltar a editoria Ciência e editorial fundamentada no “quanto esfera da sociedade. tecnologia. pior, melhor”; suscitação do medo Uma das contribuições mais sig- Nela, você entende como a no telespectador; hierarquização de nificativas do jornalismo policial, tecnologia tem modificado os sujeitos: identificam-se apenas as au- além de participação da sociedade hábitos de consumo do brasileiro toridades e especialistas entrevistados, em mobilizações e manifestações, é e ainda se previne de crimes vir- enquanto pessoas comuns são tratadas também a resolução de casos que, tuais. A internet também é foco na como anônimos. pressionados pela TV, são soluciona- editoria Página midiática. Lá, o tea- O soldado da Polícia Militar Dio- dos com rapidez, ou seja, o jornalismo tro é democratizado por meio da go de Souza Martins vivenciou uma sensacionalista pode vir a influenciar a rede mundial, mas também é alvo história de conflito com o jornalis- população a ser formadora de opinião. Diogo Souza, Policial Militar do Estado de São Paulo de polêmica no meio dramaturgo. Para finalizar, acompanhe a matéria sobre a Escola de Samba Professores-orientadores Unidos de São Miguel na editoria Dirceu Roque de Sousa, de Memória; e a matéria sobre jorna- Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo Flávia Serralvo e Regina Tavares. Reitora Pró-reitor de Extensão e lismo sensacionalista na editoria De da Universidade Cruzeiro do Sul Profa. Dra. Sueli Cristina Marquesi Assuntos Comunitários Também participaram olho na imprensa. Como todas essas Pró-reitor de Graduação Prof. Dr. Renato Padovese Ano XII - Número 38 - Maio de 2011 Telefone para contato: (11) 2037-5706 desta edição os alunos: editorias foram feitas com dedicação Prof. Dr. Luiz Henrique Amaral Coordenador do Mariana Barbosa, Maurício Tiragem: 3 mil exemplares e empenho, só resta lhe desejar: Pró-reitor de Pós-graduação e Pesquisa Curso de Jornalismo Noronha, Renata Pereira e Impressão: Jornal Última Hora (11) 4226-7272 Sheila Procópio. Boa leitura! Prof. Dr. Danilo Antonio Duarte Prof. Ms. Carlos Barros Monteiro