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SANEAMENTO BÁSICO EM MACEIÓ E ALAGOAS
O Instituto Trata Brasil divulgou esta semana um estudo sobre a relação da falta de
saneamento com internações por diarreia. Maceió está entre as dez piores cidades do país. Foram
registrados cerca de 300 casos de internação por 100 mil habitantes. Além da capital alagoana, estão
na lista João Pessoa e Campina Grande, na Paraíba. E os municípios de Ananindeua, Belém e
Santarém, no Pará.
A pesquisa foi realizada em 81 cidades com mais de 300 mil habitantes entre os anos de
2003 e 2008, quando houve 67,3 mil internações por diarreia nessas cidades. Em 2011, os gastos
com esse tipo de internação chegaram a R$ 140 milhões no país.
De acordo com o Instituto, para cumprir a meta de universalizar o saneamento deveriam
ser investidos R$ 15 bilhões ao ano, mas os gastos não chegaram a R$ 8 bilhões.
O assessor especial da vice-presidência da Casal Jorge Brizeno, empresa responsável pelo
saneamento em Alagoas, o país só atingirá essa meta quando houver mais investimento. "Nós
precisamos cada vez mais investir uma maior parte do PIB nacional. Hoje nós investimos cerca de
2%, nós precisamos chegar a 5%. Isso precisa ser feito de forma contínua para que haja
universalização do saneamento no Brasil daqui a 20 anos", diz.
Dados da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e do Conselho Estadual de Proteção
Ambiental (CEPRAM) revelam que a cobertura de saneamento básico em Maceió ainda é pequena.
Os índices oficiais mostram que a capital tem uma rede coletora de esgoto que atende a apenas 24%
da população. No estado, esse número é ainda menor, pois apenas 15% dos alagoanos são assistidos
por um sistema coletor de esgoto eficiente.
Em Maceió, o resultado da baixa rede de cobertura de saneamento básico pode ser
comprovado nas praias de Pajuçara, Ponta Verde e Cruz das Almas. Ao longo da orla, a reportagem
da Gazetaweb encontrou “línguas-negras” – água poluída geralmente oriunda de esgoto de
residências e pontos comerciais lançada ao mar – em diferentes pontos da praia, a exemplo de uma
língua-negra localizada atrás da Balança de Peixe do bairro de Ponta Verde.
As lagoas e os riachos que banham Maceió também estão poluídos por causa da baixa
cobertura de saneamento básico. O Canal do Dique Estrada, no Vergel, é um deles. O córrego que
deságua na Lagoa Mundaú, nos períodos chuvosos costuma transbordar e alagar as ruas próximas
ao canal com esgotos sanitários.
O Riacho do Silva, em Bebedouro, é outro local poluído. O leito do riacho está repleto de
mato e é usado como lixeiro pelos moradores do bairro e até por comerciantes da Rua Cônego
Costa Rêgo. O dono do Açougue 2 Irmãos, José Gomes, de 42 anos, diz que outros bairros como
Bomba do Gonzaga e Chã do Bebedouro também costumam jogar lixo nas águas do Riacho do
Silva. “Esse riacho, há mais de 10 anos, está poluído e cheio de mato. Quando chove forte fica
impossível de transitar porque alaga e a água invade casas e lojas. O meu açougue fica fechado
quando acontecem os alagamentos. Eu instalei suportes embaixo dos equipamentos para levantálos, para não molhar e quebrar”, diz José Gomes.
O canal do Riacho Salgadinho, em Maceió, é famoso pela poluição. O riacho tem sua foz
na Praia da Avenida, no bairro Jaraguá. A praia que já foi a principal de Maceió, agora é motivo de
vergonha. Resultado da poluição causada pelo lixo que vem do Riacho Salgadinho.
Quando perguntado sobre saneamento básico nos municípios do interior de Alagoas,
Márcio Barbosa ri com ironia e responde que o quadro é pior porque muitas cidades não têm uma
estação de tratamento de esgoto. Outros municípios começaram a construção da estação de
tratamento de esgoto e desde 2001 não terminaram como: Murici, Messias, União dos Palmares e
Cajueiro.
O saneamento básico reúne os sistemas de abastecimento de água potável, a coleta e
tratamento de esgotos e a drenagem de água e esgoto. Márcio Barbosa lembra que Maceió está bem
servido de galerias pluviais, mas destaca que é obrigação do governo disponibilizar um sistema de
abastecimento de água e tratamento de esgoto que atenda toda população.
Sobre as precárias condições de saneamento básico na capital e no Estado, a Secretaria de
Estado da Infraestrutura de Alagoas (SEINFRA) responde que sabe do problema. Segundo a
SEINFRA, isto é resultado de décadas sem investimentos.
O secretário estadual, Marco Fireman, explica que as obras de saneamento básico para
Alagoas são caras e dependem da ajuda de verba federal para serem concluídas.
Segundo os números divulgados pela SEINFRA, para ampliar e melhorar o sistema de
saneamento básico tanto na capital quanto no interior foram gastos 800 milhões de reais para o
abastecimento de água. Enquanto outros 80 milhões de reais foram investidos narede de tratamento
de esgoto sanitário de Maceió. De acordo com a SEINFRA, a meta é aumentar a rede de esgoto de
Maceió de 24% para 60%, até 2014, e no Estado de 15% para 30%. A SEINFRA responde que está
tentando garantir recursos para obras de saneamento nos municípios sertanejos, da região Sul e às
margens do Rio São Francisco.

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  • 1. SANEAMENTO BÁSICO EM MACEIÓ E ALAGOAS O Instituto Trata Brasil divulgou esta semana um estudo sobre a relação da falta de saneamento com internações por diarreia. Maceió está entre as dez piores cidades do país. Foram registrados cerca de 300 casos de internação por 100 mil habitantes. Além da capital alagoana, estão na lista João Pessoa e Campina Grande, na Paraíba. E os municípios de Ananindeua, Belém e Santarém, no Pará. A pesquisa foi realizada em 81 cidades com mais de 300 mil habitantes entre os anos de 2003 e 2008, quando houve 67,3 mil internações por diarreia nessas cidades. Em 2011, os gastos com esse tipo de internação chegaram a R$ 140 milhões no país. De acordo com o Instituto, para cumprir a meta de universalizar o saneamento deveriam ser investidos R$ 15 bilhões ao ano, mas os gastos não chegaram a R$ 8 bilhões. O assessor especial da vice-presidência da Casal Jorge Brizeno, empresa responsável pelo saneamento em Alagoas, o país só atingirá essa meta quando houver mais investimento. "Nós precisamos cada vez mais investir uma maior parte do PIB nacional. Hoje nós investimos cerca de 2%, nós precisamos chegar a 5%. Isso precisa ser feito de forma contínua para que haja universalização do saneamento no Brasil daqui a 20 anos", diz. Dados da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e do Conselho Estadual de Proteção Ambiental (CEPRAM) revelam que a cobertura de saneamento básico em Maceió ainda é pequena. Os índices oficiais mostram que a capital tem uma rede coletora de esgoto que atende a apenas 24% da população. No estado, esse número é ainda menor, pois apenas 15% dos alagoanos são assistidos por um sistema coletor de esgoto eficiente. Em Maceió, o resultado da baixa rede de cobertura de saneamento básico pode ser comprovado nas praias de Pajuçara, Ponta Verde e Cruz das Almas. Ao longo da orla, a reportagem da Gazetaweb encontrou “línguas-negras” – água poluída geralmente oriunda de esgoto de residências e pontos comerciais lançada ao mar – em diferentes pontos da praia, a exemplo de uma língua-negra localizada atrás da Balança de Peixe do bairro de Ponta Verde. As lagoas e os riachos que banham Maceió também estão poluídos por causa da baixa cobertura de saneamento básico. O Canal do Dique Estrada, no Vergel, é um deles. O córrego que deságua na Lagoa Mundaú, nos períodos chuvosos costuma transbordar e alagar as ruas próximas ao canal com esgotos sanitários. O Riacho do Silva, em Bebedouro, é outro local poluído. O leito do riacho está repleto de mato e é usado como lixeiro pelos moradores do bairro e até por comerciantes da Rua Cônego Costa Rêgo. O dono do Açougue 2 Irmãos, José Gomes, de 42 anos, diz que outros bairros como Bomba do Gonzaga e Chã do Bebedouro também costumam jogar lixo nas águas do Riacho do Silva. “Esse riacho, há mais de 10 anos, está poluído e cheio de mato. Quando chove forte fica
  • 2. impossível de transitar porque alaga e a água invade casas e lojas. O meu açougue fica fechado quando acontecem os alagamentos. Eu instalei suportes embaixo dos equipamentos para levantálos, para não molhar e quebrar”, diz José Gomes. O canal do Riacho Salgadinho, em Maceió, é famoso pela poluição. O riacho tem sua foz na Praia da Avenida, no bairro Jaraguá. A praia que já foi a principal de Maceió, agora é motivo de vergonha. Resultado da poluição causada pelo lixo que vem do Riacho Salgadinho. Quando perguntado sobre saneamento básico nos municípios do interior de Alagoas, Márcio Barbosa ri com ironia e responde que o quadro é pior porque muitas cidades não têm uma estação de tratamento de esgoto. Outros municípios começaram a construção da estação de tratamento de esgoto e desde 2001 não terminaram como: Murici, Messias, União dos Palmares e Cajueiro. O saneamento básico reúne os sistemas de abastecimento de água potável, a coleta e tratamento de esgotos e a drenagem de água e esgoto. Márcio Barbosa lembra que Maceió está bem servido de galerias pluviais, mas destaca que é obrigação do governo disponibilizar um sistema de abastecimento de água e tratamento de esgoto que atenda toda população. Sobre as precárias condições de saneamento básico na capital e no Estado, a Secretaria de Estado da Infraestrutura de Alagoas (SEINFRA) responde que sabe do problema. Segundo a SEINFRA, isto é resultado de décadas sem investimentos. O secretário estadual, Marco Fireman, explica que as obras de saneamento básico para Alagoas são caras e dependem da ajuda de verba federal para serem concluídas. Segundo os números divulgados pela SEINFRA, para ampliar e melhorar o sistema de saneamento básico tanto na capital quanto no interior foram gastos 800 milhões de reais para o abastecimento de água. Enquanto outros 80 milhões de reais foram investidos narede de tratamento de esgoto sanitário de Maceió. De acordo com a SEINFRA, a meta é aumentar a rede de esgoto de Maceió de 24% para 60%, até 2014, e no Estado de 15% para 30%. A SEINFRA responde que está tentando garantir recursos para obras de saneamento nos municípios sertanejos, da região Sul e às margens do Rio São Francisco.