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Silva, A. N. et al., 2002 199
KEY WORDS:Particleboard, Cement-wood particleboard, Vegetal biomass.
ABSTRACT: SILVA, A. N. da; VIDAURRE, G. B.; ROCHA, J. das D. de S.; LATORRACA,
J. V. de F. Vegetal biomass for use in cement-wood particleboard. Rev. Univ.
Rural, Sér. Ciên. da Vida, V. 22 n2, 2002 (Suplemento), p. 199-203. The objective of
this research was to evaluate the technological fitness of Pinus taeda, Clitoria fairchildian,
Euterpe edulis (with and without bark), Lophantera lactescens and Saccharum sp, after
hot water extraction, toward the cement-wood panels manufacturing by mechanical assay
under axial compression. Lophantera lactescens and Pinus taeda were the most indicated
for mineral plates production, while Clitoria Fairchildiana, Euterpe edulis (with bark), and
Saccharum sp showed low potentiality. The plates made from Euterpe edulis (without
bark) presented high potential, according to its notable compatibility index.
BIOMASSA VEGETAL PARA USO EM CHAPAS DE CIMENTO-MADEIRA
AVELINO NOGUEIRA DA SILVA1
GRAZIELA BAPTISTA VIDAURRE1
JOSÉ DAS DORES DE SÁ ROCHA1
JOÃO VICENTE DE FIGUEIREDO LATORRACA2
1
Discentes do Curso de Engenharia Florestal, UFRuralRJ;
2
Professor Dr. do Departamento de Produtos Florestais,
IF, UFRuralRJ.
INTRODUÇÃO
De acordo com MOSLEMI (1998), a
concepção de misturar adesivo inorgânico
com madeira ou biomassa proveniente da
agricultura é muito antiga, data da pré-
história, quando se misturavam palha de
arroz ou trigo com barro para produzir um
compósito chamado de bloco ou tijolo de
barro, onde em muitos países
subdesenvolvidos, ainda são utilizados. A
indústria da construção civil tem passado
por modificações em razão da introdução
dos painéis de madeira reconstituída, uma
vez que os mesmos possuem elevada
versatilidade de uso. Destes, pode-se
destacar os painéis de cimento-madeira
que possuem uma longa história de
aplicação e aceitação neste setor. O
compósito cimento-madeira apresenta
excelentes características tecnológicas
que o torna muito utilizado na Europa e
também no Japão. As razões para a sua
boa aceitação se devem principalmente à
alta resistência ao fogo, ao ataque de fungos
e cupins, alta estabilidade, bom isolante
térmico e acústico e ainda fácil
trabalhabilidade (LATORRACA et al., 1999).
Segundo LEE (1984), esta estabilidade é
atribuída a dois principais fatores: o
compósito contém muitos espaços vazios
que permitem um inchamento interno e o
revestimento do cimento ao redor da
partícula restringe o inchamento da
madeira. A aplicação dos painéis de
cimento-madeira vai além dos usos
indicados pelo aglomerado convencional,
especialmente em ambientes úmidos e com
riscos de incêndio, onde o emprego de
aglomerados convencionais se torna
inadequados (CHAPOLA, 1989). O maior
desafio encontrado na manufatura desses
painéis é a incompatibilidade do cimento
com certas espécies de madeira ou outras
biomassas lignocelulósicas. As espécies
de madeira mais utilizadas na fabricação
deste tipo de chapa são as coníferas por
apresentarem propriedades químicas
compatíveis para serem combinadas com
o cimento, não causando inibição e
endurecimento do mesmo (LATORRACA,
2000). A incompatibilidade de várias
Biomassa vegetal para uso em chapas...
Revista Universidade Rural, Série Ciências da Vida
V. 22, n. 2, p. 199-203, 2002. Suplemento
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200
espécies pode, de certa forma, restringir o
emprego dos painéis cimento-madeira. Isto
se deve, via de regra, a presença de
extrativos que retardam a pega ou
endurecimento do cimento. De acordo com
SOUZA (1992), a incompatibilidade pode
tornar a produção destas chapas
totalmente inviáveis em função do aumento
do tempo de prensagem afetando os custos
de produção. Entretanto, tratamentos têm
sido empregados aos materiais
lignocelulósicos melhorando
significativamente a qualidade do produto
acabado. Dentre eles, incluem-se
basicamente a extração das substâncias
químicas inibidoras, através da imersão das
partículas em água fria ou quente e adição
de produtos químicos aceleradores da pega
do cimento (LATORRACA, 2000). A
resistência à compressão da mistura
madeira-cimento-água pode ser usada
como indicador de compatibilidade (LEE &
SHORT, 1989). Tais autores utilizaram a
resistência de pequenos corpos de prova
cilíndricos para determinar a
compatibilidade de várias espécies com o
cimento portland. Além desses métodos
de avaliação da compatibilidade, existem
ainda outros que utilizam a evolução da
temperatura de hidratação para gerar
equações, como é o caso da empregada
por HACHMI et al., (1990). O objetivo deste
trabalho foi avaliar a aptidão tecnológica de
partículas de Pinus taeda, Clitoria
fairchildiana (Sombreiro), Euterpe edulis
(com e sem casca), Lophantera lactescens
(Lanterneira) e Saccharum sp (bagaço da
cana de açúcar), submetidas à extração
em água quente por 1 hora, para o emprego
em painéis cimento-madeira através do
ensaio mecânico da compressão axial de
pequenos corpos de prova cilíndricos e
posterior cálculo do índice de
compatibilidade.
MATERIAL E MÉTODOS
Para a realização dos ensaios de
compressão axial foi utilizada uma mistura
de cimento portland, partículas de
biomassa e água. As partículas de todas
as espécies passaram por extração em
água quente por 1 hora. Os procedimentos
dos ensaios de compressão foram
adaptados da norma Brasileira NBR7215
(1996). Para o cálculo da quantidade de
cada componente, para a confecção de
quatro (4) corpos de prova, utilizou-se a
metodologia sugerida por LATORRACA
(2000). O aglutinante empregado foi o
cimento Portland ARI PLUS e as partículas
foram obtidas através do uso de um moinho
de martelo e posteriormente classificadas
numa seqüência de peneiras. As partículas
utilizadas foram aquelas que passaram na
peneira com abertura de 0,297mm. As
partículas e a água devidamente pesadas
foram misturadas a velocidade baixa
durante 1 minuto em um misturador
mecânico que continha uma pá de metal e
uma cuba de aço inoxidável com
capacidade aproximadamente de 5 litros.
Em seguida adicionou-se, aos poucos, o
cimento. Após completa homogeneização
da mistura, aumentou-se a velocidade do
misturador permanecendo esta por mais 1
minuto. Após a mistura dos componentes,
foi realizada a moldagem dos corpos de
prova. A forma utilizada possuía 50mm de
diâmetro e 100 mm de altura. A superfície
interna da forma era lisa e sem defeitos e,
a mesma tinha um dispositivo lateral que
assegurava a sua abertura e fechamento,
que facilitava a retirada do corpo de prova.
Para a colocação da mistura em seu
interior, a superfície do molde era untada
com uma leve camada de óleo mineral de
baixa viscosidade. A mistura foi depositada
na forma com o auxílio de uma colher de
metal até o completo enchimento. Ao final
da moldagem, os corpos de prova foram
submetidos à cura em sala climatizada (20
0
C ± 2 e 65 % ± 5) por um período de 24
horas, quando então os mesmos foram
submetidos ao ensaio de compressão axial.
Os valores de resistência foram calculados
através da razão entre a carga (kgf) e a
área da seção transversal do corpo de
Silva, A. N. et al., 2002 201
prova. Com os valores resistência
calculados para cada biomassa e também
para testemunha (cimento+água) calculou-
se o índice de compatibilidade (IC) entre o
cimento e a biomassa. Esse índice foi
gerado através da equação 1.
(%)100×





=
Rct
Rcb
IC
onde:
IC = Índice de compatibilidade;
Rcb = Resistência à compressão com a
biomassa
Rct = Resistência à compressão da
testemunha
A análise de variância foi empregada
para se analisar estatisticamente os dados
obtidos de resistência à compressão axial.
O teste de Tukey foi realizado para
comparação de médias quando a hipótese
da nulidade era rejeitada.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Através da tabela 1, pode-se observar
os valores médios obtidos de resistência a
compressão axial para cada biomassa
estudada, bem com a média de referência
(testemunha – cimento+água).
Biomassa vegetal Resistência*
(kgf/cm
2
)
CV (%)
Sombreiro 4.37 a 8,10
Cana de açúcar 13.44 a 64,10
Palmito c/ casca 20.78 a 2,97
Palmito s/ casca 111.07 b 4,87
Pinus 136.05 c 3,94
Lophantera 139.40 c 3,86
Testemunha** 205,37 7,17
Tabela 1. Valores médios de resistência à
compressão axial.
* Letras diferentes denotam diferenças estatísticas
ao nível de 95% de probabilidade; ** = Valor de
referência; CV = Coeficiente de variação.
Nota-se que as espécies Lophantera e
Pinus foram as que proporcionaram médias
de resistência mais próximas do valor de
referência. Em contrapartida, o Sombreiro
proporcionou a menor média de resistência.
Esse resultado não diferiu,
estatisticamente, dos resultados obtidos
para a cana de açúcar e palmito com casca,
onde se observaram médias extremamente
baixas de resistência demonstrando uma
interferência acentuada sobre a cura da
matriz de cimento. Esses resultados de
resistência refletem os baixos índices de
compatibilidade dessas biomassas com o
cimento, como pode ser observado através
da figura 1. Os índices de compatibilidade
não ultrapassaram a 10%, ou seja, a
utilização de partículas desses vegetais
reduziram em aproximadamente 90 % a
resistência obtida pela testemunha
(cimento+água). Esses índices conferem
a essas biomassas vegetais um baixo grau
de aptidão à utilização na manufatura em
chapas de cimento-madeira. As razões
para a baixa compatibilidade dessas
biomassas são difíceis de precisar, porém,
no caso da cana de açúcar e do palmito
com casca, os carboidratos livres são,
possivelmente, os responsáveis para que
tais resultados tenham ocorrido. Fato
interessante observou-se com o palmito.
Esta biomassa sem a casca, como já
colocado, causou uma influência positiva
sobre a cura do cimento. Mas, quando se
utilizou a mesma biomassa com a casca,
as médias de resistência foram muito
inferiores, inclusive estatisticamente,
ocasionando um índice de compatibilidade
próximo de 10 % contra os aproximados
55% da mesma biomassa sem casca.
Nota-se, portanto, que a extração em água
quente, não foi suficiente para que o palmito
com casca alcançasse resultados
satisfatório e equivalentes aos obtidos
quando a casca estava ausente. De acordo
com FISHER et al. e SANDERMAN (1966),
citados por HACHMI & CAMPBELL (1989),
várias classes de substâncias da madeira,
tais como, carboidratos (açúcar simples,
Biomassa vegetal para uso em chapas...
Revista Universidade Rural, Série Ciências da Vida
V. 22, n. 2, p. 199-203, 2002. Suplemento
© Univ. Fed. Rural do Rio de Janeiro
202
açúcar ácido e hemiceluloses) e extrativos
(fenóis e taninos) têm sido implicados como
agentes que afetam danosamente a reação
de hidratação do compósito cimento-
madeira, onde a causa exata da inibição
do cimento por essas substâncias ainda
hoje é difícil de averiguar.
Figura 1. Índices de compatibilidade.
As espécies Lophantera lactescens e
Pinus taeda foram, de fato, as biomassas
que melhores resultados proporcionaram
dentre todas estudadas, inclusive sendo
diferente estatisticamente das demais.
Cabe salientar, que as coníferas são as
espécies mais utilizadas nas indústrias de
chapas de cimento-madeira, em função,
principalmente, das suas propriedades
químicas. O índice de compatibilidade de
aproximadamente 65 % mostra o potencial
dessas espécies ao uso na manufatura de
chapas minerais.
CONCLUSÕES
Com base nos resultados obtidos
conclui-se que:
- As espécies Lophantera lactescens
e Pinus taeda são as mais indicadas para
uso em chapas de cimento-madeira;
- As espécies Clitoria fairchildiana
(Sombreiro), Euterpe edulis (Palmito com
casca), e Saccharum sp (Bagaço da cana
de açúcar) apresentaram baixo potencial
de uso na produção de chapas minerais;
0
20
40
60
80
1 2 3 4 5 6
Biomassa Vegetal
IC(%)
Seqüência1
1 Sombreiro
2 Lophantera
3 Palmito s/c
4 Cana
5 Palmito c/c
6 Pinus
- O emprego em chapas da espécie
Euterpe edulis (sem casca) apresentou
nível de compatibilidade satisfatório, apesar
desta ter diferido estatisticamente de
Lophantera lactescens e Pinus taeda.
AGRADECIMENTOS
Ao marceneiro Carlos Henrique da Silva
Rocha, o “Pesquisa”, pela ajuda
indispensável na obtenção e preparo das
partículas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHAPOLA, G.B.J. 1989. Effect of curing
heat, alkali and cements set in cement
particleboard on the visco-elastic
properties of chip mattresses. Wood
Science and Technology, v. 23, p. 131-
138.
DIX, R.J.H. 1989. The principles of cement-
bonded particleboard manufacturing. In:
INORGANIC BLONDED WOOD AND
FIBER COMPOSITAE MATERIALS.
Sessin III: Industrial manufacturing
Processes. USA. Vol. I, p. 61-62.
HACHMI, M.; MOSLEMI. A. A. 1990. Effect
of wood pH and buffering capacity on
wood-cement compatibility.
Holzforschung. V. 44, n. 6, p. 425-430.
HACHMI, M.; MOSLEMI, A. A.;
CAMPBELL, A.G.A. 1990. A new
technique to classify the compatibily of
wood with cement. Wood Science and
Technology, v. 24, p.345-354.
HACHMI, M.; CAMPBELL, A.G.A. 1989.
Wood- cement chemical relationships.
In: INORGANIC BONDED WOOD AND
FIBER COMPOSITE MATERIALS.
Session II: Raw material considerations,
USA. v. 1, p. 43-47.
Silva, A. N. et al., 2002 203
LATORRACA, J.V.F., IWAKIRI, S., LELIS,
R.C.C. 1999. Efeito inibidor de cinco
espécies florestais sobre a cura do
compósito cimento-madeira. Floresta e
Ambiente, Rio de Janeiro, v. 6, n. 1, p.
75-82.
LATORRACA, J.V.F. Avaliação da variáveis
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madeira-cimento de quatro espécies de
eucalipto. Curitiba, PR, 2000. 195 p.
Tese (Doutorado em Ciências Florestais)
- Universidade Federal do Paraná.
LEE, A.W.C. 1984. Physical and
mechanical properties of cement bonded
southern pine excelsior board. Forest
Products Journal, v. 34, n. 4, p. 30-34.
LEE, A.W.C.; Short, P.H. 1989. Pretreating
hardwood for cement-bonded excelsior
board. Forest Products Journal, v. 39,
n. 10, p. 68-70.
MOSLEMI, A.A. Emerging technologies in
mineral-bonded wood and fiber
composites. In: I SEMINÁRIO
INTERNACINAL SOBRE PRODUTOS
SÓLIDOS DE MADEIRA DE ALTA
TECNOLOGIA. I ENCONTRO SOBRE
TECNOLOGIAS APROPRIADAS DE
DESDOBRO, SECAGEM E
UTILIZAÇÃO DE MADEIRA DE
EUCALIPTO., Belo Horizonte, 1998. p.
144-156.
SOUZA, M.R. Effect of carbon dioxide gas
in manufacturing cementbonded
particleboard,1992. Tese (Master of
Science) - University of Idaho, Idaho.
TEIXEIRA, D.E., ALVES, M.V.S., COSTA,
A.F.da, SOUZA, N.G.de. 2001.
Característica de chapas de cimento-
madeira com partículas de seringueira
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Biomassa vegetal para uso em chapas de cimento-madeira

  • 1. Silva, A. N. et al., 2002 199 KEY WORDS:Particleboard, Cement-wood particleboard, Vegetal biomass. ABSTRACT: SILVA, A. N. da; VIDAURRE, G. B.; ROCHA, J. das D. de S.; LATORRACA, J. V. de F. Vegetal biomass for use in cement-wood particleboard. Rev. Univ. Rural, Sér. Ciên. da Vida, V. 22 n2, 2002 (Suplemento), p. 199-203. The objective of this research was to evaluate the technological fitness of Pinus taeda, Clitoria fairchildian, Euterpe edulis (with and without bark), Lophantera lactescens and Saccharum sp, after hot water extraction, toward the cement-wood panels manufacturing by mechanical assay under axial compression. Lophantera lactescens and Pinus taeda were the most indicated for mineral plates production, while Clitoria Fairchildiana, Euterpe edulis (with bark), and Saccharum sp showed low potentiality. The plates made from Euterpe edulis (without bark) presented high potential, according to its notable compatibility index. BIOMASSA VEGETAL PARA USO EM CHAPAS DE CIMENTO-MADEIRA AVELINO NOGUEIRA DA SILVA1 GRAZIELA BAPTISTA VIDAURRE1 JOSÉ DAS DORES DE SÁ ROCHA1 JOÃO VICENTE DE FIGUEIREDO LATORRACA2 1 Discentes do Curso de Engenharia Florestal, UFRuralRJ; 2 Professor Dr. do Departamento de Produtos Florestais, IF, UFRuralRJ. INTRODUÇÃO De acordo com MOSLEMI (1998), a concepção de misturar adesivo inorgânico com madeira ou biomassa proveniente da agricultura é muito antiga, data da pré- história, quando se misturavam palha de arroz ou trigo com barro para produzir um compósito chamado de bloco ou tijolo de barro, onde em muitos países subdesenvolvidos, ainda são utilizados. A indústria da construção civil tem passado por modificações em razão da introdução dos painéis de madeira reconstituída, uma vez que os mesmos possuem elevada versatilidade de uso. Destes, pode-se destacar os painéis de cimento-madeira que possuem uma longa história de aplicação e aceitação neste setor. O compósito cimento-madeira apresenta excelentes características tecnológicas que o torna muito utilizado na Europa e também no Japão. As razões para a sua boa aceitação se devem principalmente à alta resistência ao fogo, ao ataque de fungos e cupins, alta estabilidade, bom isolante térmico e acústico e ainda fácil trabalhabilidade (LATORRACA et al., 1999). Segundo LEE (1984), esta estabilidade é atribuída a dois principais fatores: o compósito contém muitos espaços vazios que permitem um inchamento interno e o revestimento do cimento ao redor da partícula restringe o inchamento da madeira. A aplicação dos painéis de cimento-madeira vai além dos usos indicados pelo aglomerado convencional, especialmente em ambientes úmidos e com riscos de incêndio, onde o emprego de aglomerados convencionais se torna inadequados (CHAPOLA, 1989). O maior desafio encontrado na manufatura desses painéis é a incompatibilidade do cimento com certas espécies de madeira ou outras biomassas lignocelulósicas. As espécies de madeira mais utilizadas na fabricação deste tipo de chapa são as coníferas por apresentarem propriedades químicas compatíveis para serem combinadas com o cimento, não causando inibição e endurecimento do mesmo (LATORRACA, 2000). A incompatibilidade de várias
  • 2. Biomassa vegetal para uso em chapas... Revista Universidade Rural, Série Ciências da Vida V. 22, n. 2, p. 199-203, 2002. Suplemento © Univ. Fed. Rural do Rio de Janeiro 200 espécies pode, de certa forma, restringir o emprego dos painéis cimento-madeira. Isto se deve, via de regra, a presença de extrativos que retardam a pega ou endurecimento do cimento. De acordo com SOUZA (1992), a incompatibilidade pode tornar a produção destas chapas totalmente inviáveis em função do aumento do tempo de prensagem afetando os custos de produção. Entretanto, tratamentos têm sido empregados aos materiais lignocelulósicos melhorando significativamente a qualidade do produto acabado. Dentre eles, incluem-se basicamente a extração das substâncias químicas inibidoras, através da imersão das partículas em água fria ou quente e adição de produtos químicos aceleradores da pega do cimento (LATORRACA, 2000). A resistência à compressão da mistura madeira-cimento-água pode ser usada como indicador de compatibilidade (LEE & SHORT, 1989). Tais autores utilizaram a resistência de pequenos corpos de prova cilíndricos para determinar a compatibilidade de várias espécies com o cimento portland. Além desses métodos de avaliação da compatibilidade, existem ainda outros que utilizam a evolução da temperatura de hidratação para gerar equações, como é o caso da empregada por HACHMI et al., (1990). O objetivo deste trabalho foi avaliar a aptidão tecnológica de partículas de Pinus taeda, Clitoria fairchildiana (Sombreiro), Euterpe edulis (com e sem casca), Lophantera lactescens (Lanterneira) e Saccharum sp (bagaço da cana de açúcar), submetidas à extração em água quente por 1 hora, para o emprego em painéis cimento-madeira através do ensaio mecânico da compressão axial de pequenos corpos de prova cilíndricos e posterior cálculo do índice de compatibilidade. MATERIAL E MÉTODOS Para a realização dos ensaios de compressão axial foi utilizada uma mistura de cimento portland, partículas de biomassa e água. As partículas de todas as espécies passaram por extração em água quente por 1 hora. Os procedimentos dos ensaios de compressão foram adaptados da norma Brasileira NBR7215 (1996). Para o cálculo da quantidade de cada componente, para a confecção de quatro (4) corpos de prova, utilizou-se a metodologia sugerida por LATORRACA (2000). O aglutinante empregado foi o cimento Portland ARI PLUS e as partículas foram obtidas através do uso de um moinho de martelo e posteriormente classificadas numa seqüência de peneiras. As partículas utilizadas foram aquelas que passaram na peneira com abertura de 0,297mm. As partículas e a água devidamente pesadas foram misturadas a velocidade baixa durante 1 minuto em um misturador mecânico que continha uma pá de metal e uma cuba de aço inoxidável com capacidade aproximadamente de 5 litros. Em seguida adicionou-se, aos poucos, o cimento. Após completa homogeneização da mistura, aumentou-se a velocidade do misturador permanecendo esta por mais 1 minuto. Após a mistura dos componentes, foi realizada a moldagem dos corpos de prova. A forma utilizada possuía 50mm de diâmetro e 100 mm de altura. A superfície interna da forma era lisa e sem defeitos e, a mesma tinha um dispositivo lateral que assegurava a sua abertura e fechamento, que facilitava a retirada do corpo de prova. Para a colocação da mistura em seu interior, a superfície do molde era untada com uma leve camada de óleo mineral de baixa viscosidade. A mistura foi depositada na forma com o auxílio de uma colher de metal até o completo enchimento. Ao final da moldagem, os corpos de prova foram submetidos à cura em sala climatizada (20 0 C ± 2 e 65 % ± 5) por um período de 24 horas, quando então os mesmos foram submetidos ao ensaio de compressão axial. Os valores de resistência foram calculados através da razão entre a carga (kgf) e a área da seção transversal do corpo de
  • 3. Silva, A. N. et al., 2002 201 prova. Com os valores resistência calculados para cada biomassa e também para testemunha (cimento+água) calculou- se o índice de compatibilidade (IC) entre o cimento e a biomassa. Esse índice foi gerado através da equação 1. (%)100×      = Rct Rcb IC onde: IC = Índice de compatibilidade; Rcb = Resistência à compressão com a biomassa Rct = Resistência à compressão da testemunha A análise de variância foi empregada para se analisar estatisticamente os dados obtidos de resistência à compressão axial. O teste de Tukey foi realizado para comparação de médias quando a hipótese da nulidade era rejeitada. RESULTADOS E DISCUSSÃO Através da tabela 1, pode-se observar os valores médios obtidos de resistência a compressão axial para cada biomassa estudada, bem com a média de referência (testemunha – cimento+água). Biomassa vegetal Resistência* (kgf/cm 2 ) CV (%) Sombreiro 4.37 a 8,10 Cana de açúcar 13.44 a 64,10 Palmito c/ casca 20.78 a 2,97 Palmito s/ casca 111.07 b 4,87 Pinus 136.05 c 3,94 Lophantera 139.40 c 3,86 Testemunha** 205,37 7,17 Tabela 1. Valores médios de resistência à compressão axial. * Letras diferentes denotam diferenças estatísticas ao nível de 95% de probabilidade; ** = Valor de referência; CV = Coeficiente de variação. Nota-se que as espécies Lophantera e Pinus foram as que proporcionaram médias de resistência mais próximas do valor de referência. Em contrapartida, o Sombreiro proporcionou a menor média de resistência. Esse resultado não diferiu, estatisticamente, dos resultados obtidos para a cana de açúcar e palmito com casca, onde se observaram médias extremamente baixas de resistência demonstrando uma interferência acentuada sobre a cura da matriz de cimento. Esses resultados de resistência refletem os baixos índices de compatibilidade dessas biomassas com o cimento, como pode ser observado através da figura 1. Os índices de compatibilidade não ultrapassaram a 10%, ou seja, a utilização de partículas desses vegetais reduziram em aproximadamente 90 % a resistência obtida pela testemunha (cimento+água). Esses índices conferem a essas biomassas vegetais um baixo grau de aptidão à utilização na manufatura em chapas de cimento-madeira. As razões para a baixa compatibilidade dessas biomassas são difíceis de precisar, porém, no caso da cana de açúcar e do palmito com casca, os carboidratos livres são, possivelmente, os responsáveis para que tais resultados tenham ocorrido. Fato interessante observou-se com o palmito. Esta biomassa sem a casca, como já colocado, causou uma influência positiva sobre a cura do cimento. Mas, quando se utilizou a mesma biomassa com a casca, as médias de resistência foram muito inferiores, inclusive estatisticamente, ocasionando um índice de compatibilidade próximo de 10 % contra os aproximados 55% da mesma biomassa sem casca. Nota-se, portanto, que a extração em água quente, não foi suficiente para que o palmito com casca alcançasse resultados satisfatório e equivalentes aos obtidos quando a casca estava ausente. De acordo com FISHER et al. e SANDERMAN (1966), citados por HACHMI & CAMPBELL (1989), várias classes de substâncias da madeira, tais como, carboidratos (açúcar simples,
  • 4. Biomassa vegetal para uso em chapas... Revista Universidade Rural, Série Ciências da Vida V. 22, n. 2, p. 199-203, 2002. Suplemento © Univ. Fed. Rural do Rio de Janeiro 202 açúcar ácido e hemiceluloses) e extrativos (fenóis e taninos) têm sido implicados como agentes que afetam danosamente a reação de hidratação do compósito cimento- madeira, onde a causa exata da inibição do cimento por essas substâncias ainda hoje é difícil de averiguar. Figura 1. Índices de compatibilidade. As espécies Lophantera lactescens e Pinus taeda foram, de fato, as biomassas que melhores resultados proporcionaram dentre todas estudadas, inclusive sendo diferente estatisticamente das demais. Cabe salientar, que as coníferas são as espécies mais utilizadas nas indústrias de chapas de cimento-madeira, em função, principalmente, das suas propriedades químicas. O índice de compatibilidade de aproximadamente 65 % mostra o potencial dessas espécies ao uso na manufatura de chapas minerais. CONCLUSÕES Com base nos resultados obtidos conclui-se que: - As espécies Lophantera lactescens e Pinus taeda são as mais indicadas para uso em chapas de cimento-madeira; - As espécies Clitoria fairchildiana (Sombreiro), Euterpe edulis (Palmito com casca), e Saccharum sp (Bagaço da cana de açúcar) apresentaram baixo potencial de uso na produção de chapas minerais; 0 20 40 60 80 1 2 3 4 5 6 Biomassa Vegetal IC(%) Seqüência1 1 Sombreiro 2 Lophantera 3 Palmito s/c 4 Cana 5 Palmito c/c 6 Pinus - O emprego em chapas da espécie Euterpe edulis (sem casca) apresentou nível de compatibilidade satisfatório, apesar desta ter diferido estatisticamente de Lophantera lactescens e Pinus taeda. AGRADECIMENTOS Ao marceneiro Carlos Henrique da Silva Rocha, o “Pesquisa”, pela ajuda indispensável na obtenção e preparo das partículas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHAPOLA, G.B.J. 1989. Effect of curing heat, alkali and cements set in cement particleboard on the visco-elastic properties of chip mattresses. Wood Science and Technology, v. 23, p. 131- 138. DIX, R.J.H. 1989. The principles of cement- bonded particleboard manufacturing. In: INORGANIC BLONDED WOOD AND FIBER COMPOSITAE MATERIALS. Sessin III: Industrial manufacturing Processes. USA. Vol. I, p. 61-62. HACHMI, M.; MOSLEMI. A. A. 1990. Effect of wood pH and buffering capacity on wood-cement compatibility. Holzforschung. V. 44, n. 6, p. 425-430. HACHMI, M.; MOSLEMI, A. A.; CAMPBELL, A.G.A. 1990. A new technique to classify the compatibily of wood with cement. Wood Science and Technology, v. 24, p.345-354. HACHMI, M.; CAMPBELL, A.G.A. 1989. Wood- cement chemical relationships. In: INORGANIC BONDED WOOD AND FIBER COMPOSITE MATERIALS. Session II: Raw material considerations, USA. v. 1, p. 43-47.
  • 5. Silva, A. N. et al., 2002 203 LATORRACA, J.V.F., IWAKIRI, S., LELIS, R.C.C. 1999. Efeito inibidor de cinco espécies florestais sobre a cura do compósito cimento-madeira. Floresta e Ambiente, Rio de Janeiro, v. 6, n. 1, p. 75-82. LATORRACA, J.V.F. Avaliação da variáveis do processo de produção de painéis madeira-cimento de quatro espécies de eucalipto. Curitiba, PR, 2000. 195 p. Tese (Doutorado em Ciências Florestais) - Universidade Federal do Paraná. LEE, A.W.C. 1984. Physical and mechanical properties of cement bonded southern pine excelsior board. Forest Products Journal, v. 34, n. 4, p. 30-34. LEE, A.W.C.; Short, P.H. 1989. Pretreating hardwood for cement-bonded excelsior board. Forest Products Journal, v. 39, n. 10, p. 68-70. MOSLEMI, A.A. Emerging technologies in mineral-bonded wood and fiber composites. In: I SEMINÁRIO INTERNACINAL SOBRE PRODUTOS SÓLIDOS DE MADEIRA DE ALTA TECNOLOGIA. I ENCONTRO SOBRE TECNOLOGIAS APROPRIADAS DE DESDOBRO, SECAGEM E UTILIZAÇÃO DE MADEIRA DE EUCALIPTO., Belo Horizonte, 1998. p. 144-156. SOUZA, M.R. Effect of carbon dioxide gas in manufacturing cementbonded particleboard,1992. Tese (Master of Science) - University of Idaho, Idaho. TEIXEIRA, D.E., ALVES, M.V.S., COSTA, A.F.da, SOUZA, N.G.de. 2001. Característica de chapas de cimento- madeira com partículas de seringueira (Hevea brasiliensis Muell. Arg.) tratadas com CCA. Floresta e Ambiente, Rio de Janeiro, v. 8, n. 1, p. 18-26.