1. Capítulo 1: Paz Lapidada.
São muitas as coisas que eu poderia escrever. Mas são poucas as que eu
atreveria a dar minha opinião. Não que seja preconceito comigo mesma.
Simplesmente não gosto de aparentar o que não é.
Já é madrugada, e enquanto penso e escrevo, os meus olhos tentam
permanecer fixos em uma folha de papel. Talvez nem sempre fale coisa com
coisa. Não importa muita essa coisa de agradar os outros, falo comigo mesma.
E eu sou a minha melhor companhia.
Gosto de superar desafios. De querer o impossível. De pensar o que
ninguém se atreveu a ter em mente. Talvez não seja bem humana, me sinto
de outro planeta. Talvez seja. Talvez pareça que seja. Talvez. Ah, talvez. Não
me atrevo a saber o que eu penso. Nem eu sei o que eu penso. Eu sei, isso é
estranho. Mas minha mente acredita que isso continua não sendo.
Meu maior desafio agora é simplesmente permanecer acordada.
Confesso que às vezes eu tenho medo de adormecer e flutuar demais.
Mergulhar em um mar de sonhos e acabar me afogando. E são esses tais de
sonhos que se atrevem a me fazer acreditar no amor recíproco. Ou no
improvável, quem sabe. Gosto de sonhar. Mas não gosto nem um pouco de me
iludir.
Lembro-me da vez que me disseram que o “para sempre” sempre
acaba. Grande merda. Simplesmente. Literalmente. Isso não existe quando
você acredita que o “para sempre” existe. Ele existe sim. E essa é a minha
idéia. Existem exceções para o “para sempre” não acabar. E sonho em ser
uma dessas exceções. Mas não quero me iludir demais perante a isso. Já como
vocês perceberam. Não gosto de pensar que me iludi, mas isso já aconteceu
milhares de vezes em meus sonhos.
Vezenquando a minha vida perde o encanto. Como a de muitas pessoas.
E me pego olhando para o céu azul, e perguntando coisas como: “Por que
você está tão bonito sendo que estou corroída por dentro? Por que a vida se
atreve a fazer isso? Não posso mais sonhar?.”
E sabe o que essa coisa que-chamamos-de-vida me respondeu?
Nada.
Absolutamente nada;
Não tenho medo das pessoas, e nem da vida. Tenho medo de acreditar
demais. Esse medo pode acabar comigo muitas vezes. O medo das pessoas nos
isola. Ficamos sem rumo. Achamos que isso é o pior de tudo. Mas nada é pior
do que o medo de viver. Você está morto, mas seu coração continua batendo.
Gostaria que o tempo parasse de uma vez, ou pelo menos ficasse um
tempo mais lento para pensar nas conseqüências de muitas coisas.
Não sei direito se estou falando coisa com coisa. Estou pensando
comigo mesma coisas que não devia pensar em momentos como agora.
Sinto-me presa à coisas tão sem graça. Opacas. E nesse momento me
sinto cega em um mundo que todos conseguem ver. Minha perspectiva de vida
continua a mesma. Pessoas iguais. A parede do meu quarto sempre a mesma.
Mas eis uma coisa que nunca é a mesma: O coração. Que simplesmente bate,
sem destino, sem saber pra onde ir. Só bate. Apenas.
2. Quisera eu ter o contrário. Possuir o impossível. Quisera eu viver até o
momento que meu coração parasse de bater com alegria.
Não digo nada agora. Já me sinto sem palavras. Tudo passa como um
flash pela minha cabeça. E meus dedos não conseguem alcançar a velocidade
dos meus pensamentos. Queria um dia entender essa coisa, essa coisa. Eu
mesma. Essa coisa sou eu mesma. Pudera eu um dia me entender.
Pra me entender não é necessário olhar nos meus olhos, e muito menos
me conhecer. Basta saber sentir cada letra e parágrafo que escrevo.
O que é difícil pra quem não é acostumado a falar em sentimentos.
E muito fácil para quem sabe pra que existe o coração. E sabemos que
vai muito além de nos dar vida. Isso é certo.
Então, suponhamos que não esteja tarde. Que eu não tenho sono. E que
esse surto de inspiração que espero apareça e me atinja de uma vez por
todas. Eu estaria tecnicamente me libertando. Sinto-me desabafando para
pessoas que nunca vi em toda minha vida. E tenho esperança que elas saibam
do que estou falando. E que esses sentimentos que sinto, sejam recíprocos.
Com o tempo as pessoas acabam criando falsas expectativas sobre
tudo. E infelizmente, sou uma dessas pessoas. Sonho alto, sendo que nem saí
do chão. E sinceramente, gostaria de sair do chão pelo menos por alguns
segundos.
A realidade.
Dói.
Dói muito.
Mas temos que aceitar a realidade.
Só queria ter mais coragem de seguir meus próprios conselhos e deixar
tanta coisa inútil de lado.
É normal seguir em frente. Querer tudo. E quando der o primeiro passo
do seu caminho, dar um tropicão feio. E já ficasse insaciável de vontade de
viver.
Os problemas muitas vezes já deixaram minha visão ofuscada. Os
sorrisos muitas vezes não foram os que eu realmente queria mostrar.
Falsidade? Não. Apenas medo. E como me sinto irritada com esse medo.
Droga!
O lado bom de tantas dúvidas, acredito que seja, para não criarmos
falsas perspectivas, coisas duvidosas, ou expectativas sobre tudo. Mas como a
vida quer que não sonhamos, sendo que ela vive a nos iludir?
Esperar demais cansa. Causa impaciência. E pode ter certeza, não sou
nada boa nessa coisa de esperar.
Olhem só, sinto que já falei demais sobre sentimentos. Ou sobre coisas
incompreensíveis. Já amanheceu. E é nesse momento, que bebo meu café,
amenizo a dor das incertezas. Pego minha mochila. E continua a seguir, nessa
coisa que chamo de maratona de vida.
(...)
CONTINUA.
- Letícia Nogara.