1. CARCINOFAUNA DO MUNICÍPIO DE SERRA
TALHADA E ADJACÊNCIAS, BACIA
HIDROGRÁFICA DO PAJEÚ, PE: REVISÃO DE
LITERATURA
Izadora dos Santos Silva 1,2, Francylene Capistrano Cruz1, José Edilton dos Santos Lima1, Albérico Alves
Camello Neto1,3 e Girlene Fábia Segundo Viana4
Introdução Material e métodos
Os crustáceos pertencem ao filo Arthropoda e se Foram consultados diversos periódicos, anais, livros e
caracterizam por apresentar dois pares de antenas e a catálogos pertencentes aos acervos das Universidades
larva náuplios durante seu ciclo de vida. Federal, Federal Rural de Pernambuco e particulares, além
Apresentam ampla distribuição podendo ser de sites especializados.
encontrados nos ambientes aquáticos (marinhos,
estuarinos e dulciaquicolas) e terrestres. Resultados e Discussão
São importantes como elo trófico nas teias
De acordo com a literatura consultada, poucas espécies
alimentares de diversos ecossistemas como também
foram registradas para a área em questão.
apresentam importância na pesca artesanal e industrial,
Desta forma, Arraes & Ramos-Porto (1994) estudaram
como bioindicadores, no cultivo, na biotecnologia entre
os crustáceos das águas interiores do Nordeste do Brasil e
outras.
citaram a presença apenas de uma espécie de camarão para
De acordo com Rocha & Bueno (2004), existe um
os açudes de Triunfo, Cruz em Salgueiro, Rio Cachoeira
número considerável de trabalhos publicados sobre a
em Serra Talhada e Rio Pajeú no Município de Afogados
fauna de crustáceos bentônicos brasileiros nos últimos
da Ingazeira, Macrobrachium jelskii.
vinte anos, a maioria, porém, versam sobre espécies
Viana & Ramos-Porto (1998), por sua vez, estudando os
marinhas e estuarinas. Os crustáceos de água doce têm
camarões de água doce do gênero Macrobrachium
recebido pouca atenção da comunidade científica
distribuídos nos açudes e rios do Brasil, não citam nenhum
brasileira. Ainda, segundo o autor, alguns dos estudos
registro para a região de Serra Talhada.
mais significativos e pioneiros foram realizados no
Young (1998), editou um catálogo sobre os crustáceos
final do século XIX (Muller, 1880, 1882; von Iheringi,
do Brasil, reunindo informações sobre diversos grupos,
1897; Ortmann, 1897) e início do século XX
alguns com registros para ambientes dulcícolas de
(Luederwaldt, 1919; Schmitti, 1942; Oliveira, 1945;
Pernambuco, entre eles cladóceros, ostrácodos, copépodos
Sawaya, 1946).
e camarões; os autores, porém não especificaram as
Mais recentemente, merecem destaque as revisões
localidades.
taxonômicas feitas por Bond-Buckup & Buckup (1994)
Coelho et al. (2002) em “Diagnóstico da Biodiversidade
para o sul do Brasil, Magalhães (1999) e Rocha &
de Pernambuco”, apresentaram várias listas de espécies
Bueno (2004), ambos para o Estado de São Paulo, e o
registradas para o referido estado, abrangendo tanto
manual dos crustáceos dulcícolas brasileiros editado
espécies marinhas, estuarinas, quanto de água doce, com
por Melo (2003) abrangendo todo o país.
um número bem limitado para este último ambiente. Os
O conhecimento da diversidade de uma determinada
autores afirmam que a maior parte das espécies conhecidas
área é de grande relevância para futuros projetos de
para a região está representada nas coleções do
conservação bem como o reconhecimento de espécies
Departamento de Oceanografia da Universidade Federal de
que possam ser cultivadas.
Pernambuco, mesmo assim para o Municipio de Serra
Desta forma, o presente trabalho tem como objetivo
Talhada há menção apenas para a espécie M. jelskii. Muito
realizar uma revisão da literatura sobre a ocorrência
embora outras espécies estejam citadas para a bacia do rio
dos crustáceos nas águas interiores do município de
São Francisco como, por exemplo, o isópodo Braga
Serra Talhada e áreas adjacentes.
patagonica Schioedte & Meinert, 1884.
Ressalta-se que este trabalho fez um extenso
levantamento bibliográfico sob a coordenação do primeiro
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1. Aluno do curso de Engenharia de Pesca da Universidade Federal Rural de Pernambuco - Unidade Acadêmica de Serra Talhada (UFRPE/UAST).
E-mail para contato:
2. Bolsista de Iniciação Científica – PIBIC / CNPq / UFRPE
3. Bolsista de Iniciação Científica – PIBIC / FACEPE
4. Professora do Curso de Engenharia de Pesca da Universidade Federal Rural de Pernambuco - Unidade Acadêmica de Serra Talhada
(UFRPE/UAST). E-mail: fabiaviana@uast.ufrpe.br.
2. autor que é um dos maiores carcinólogos brasileiro.
Melo (2003) em seu trabalho sobre os crustáceos de
água doce do Brasil cita Goyazana castelnaui H. Milne
edwards, 1853 para a bacia do São Francisco. Segundo
Viana (2009, comunicação pessoal) a presença deste
caranguejo foi constatada no rio Pajeú, município de
Floresta. Este autor afirma também que o camarão
Macrobrachium amazonicum é bastante comum no
Açude Cachoeira, podendo ser encontrado também na
Barragem do Jazigo.
Esta espécie foi introduzida pelo Departamento
Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS) em
grandes açudes públicos do Nordeste do Brasil, para
servir de alimento para peixes carnívoros (pescada
Plagioscion squamosissimus, ou tucunaré Cichla
ocellaris) e recurso pesqueiro para as populações locais
(ODINETZ COLLART, 1987; LIMA & ODINETZ
COLLART, 1997 apud SILVA et al., 2002)
Ainda de acordo com Melo (2003), as espécies Atya
scabra (Leach, 1816), Potimirim potimirim (Muller,
1881), Macrobrachium acanthurus (Wiegmann, 1836),
M. amazonicum (Heller, 1862), M. carcinus (Linnaeus,
1758), M. heterochirus (Wiegmann, 1836), M. jelskii
(Miers, 1877), M. olfersi (Wiegmann, 1836) são citadas
para Pernambuco, todas, porém, sem especificação da
localidade.
Como pode ser constatado, a maioria das citações
são feitas de maneira generalizada para o estado de
Pernambuco sem detalhar o local de procedência, o que
ressalta a relevância do presente estudo no sentido de
conhecer a diversidade de um ecossistema ainda pouco
estudado, o semiárido pernambucano.
Referências
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