O documento descreve como o bairro Luis Correia costumava ter corridas de cavalos nos anos 90, onde criadores e apostadores se reuniam nos finais de semana. Relata também um acidente sofrido por uma criança que foi ver as corridas e bateu o rosto em uma cerca de arame, precisando levar pontos no hospital.
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Prado: um local de corridas passadas e lembranças.
1. PRADO: UM LOCAL DE CORRIDAS PASSADAS E LEMBRANÇAS
Em nossa cidade Luis Correia, mas precisamente no Bairro Campus em um tempo não
muito distante lá por volta da década de 90, a prática de esporte corrida de cavalos era muito
praticada pelos nossos amadores e criadores.
Seu João era um desses criadores de cavalo, assim como os outros gastavam uma
fortuna no tratamento do cavalo para dar uma boa forma e obter êxito nas apostas de corridas
como também para exibir a estética no meio dos outros amadores do esporte. Embora
passasse a semana dando duro no tratamento, preparando ração balanceada, banhando,
escovando e quando precisava aparava as grinas e o rabo do cavalo, para no final de semana,
sábado, leva-ló para treinar no local que hoje encontra-se urbanizado com casas e
calçamentos, não existindo mais aquele espaço. Pois neste dia de treino era aquele fuzuê,
devido o fechamento das apostas para o dia seguinte. Já no domingo era sagrado às 14:00h já
começavam a chegar os primeiros cavaleiros exibindo cavalos mais bonitos que os outros, no
entanto é certo também que existiam aqueles que não eram muito bem tratados. O interessante
era também no momento das apostas, aquela aglomeração em volta dos apostadores muita
gritaria, afobação, esperteza, os que não tinham coragem de colocar o seu cavalo para correr
na saída igualmente ou como diziam “pau-a-pau”, restava pedir a quantidade de metros que
lhe convinha para poder competir.
Nesse conjunto de proprietário, cavalo e aposta resta somente abordar o corredor, uma
peça fundamental, onde eram poucos que arriscavam nesta empreitada perigosa, não existiam
equipamentos de segurança, caso o cavalo fosse campeão o mesmo ganharia sua
porcentagem, que não era muito, mas isso era pouco que lhe importava, o que encorajava era
a emoção e adrenalina de correr a 70 à 90 km/h em cavalos fortes e afoitos.
Era um esporte que movimentava o bairro por pessoas de diferentes idades,
principalmente de crianças e uma delas era filho do Seu Mundico um grande amador do
esporte e criador de animais, inclusive o garotinho tinha ganhado um cavalinho de cor
vermelho e sem nenhuma mancha branca, pois os mais experientes no ramo eqüino falavam
que animal desse estilo tinha fama de traiçoeiro e bravo, não se adestrava fácil. Certa vez o
rapazinho foi deixá-lo no pasto e aproveitou para competir com seu colega que tinha
encontrado no caminho, então correram e no descuido do menino acabou caindo em alta
velocidade, ainda bem que foi na areia, amortecendo e não sofreu nada grave.
No final de semana de treino qualquer, seu Mundico como era de costume convidou o
traquino para observar as corridas, como gostava muito não recusou o convite e lá foram para
2. o prado, nome chamado pelos cavaleiros do espaço de corrida, resolveu entrar no espaço para
melhor observar os cavalos que vinham distantes para começar vibrar e a torcer pelo cavalo
ganhador que viesse na frente, e ao perceber a aproximação em alta velocidade o menino
aperreiou-se e imediatamente para retornar ao local seguro depois da cerca, mas não atentou
que precisaria abaixar-se um pouco mais, dando de cara na cerca de arame enfarpado, e ao
perceber que seu rosto estava banhado de sangue, tratou logo de chamar o seu pai para
procurar o Hospital Nossa Senhora da Conceição, no qual foi feito os pontiamentos
necessários, impressionando enfermeiras e médicos, o fato de não ter feito alarde ou mesmo
ter chorado durante o procedimento cirúrgico e nem no momento do acidente.
Desde esse dia em diante os pais da criança ficaram receiosos ao deixá-lo sair para ver
as corridas de cavalos no prado e até hoje o guri leva as cicatrizes na altura da testa como
recordação e o pensamento que poderia ficar cego, mas por muita sorte escapou desse triste
fim.
Por Freire, Joelson Veras.