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História da Escola Municipal Ferreira Itajubá
1. A Escola e sua origem


A Escola Municipal Ferreira Itajubá conta em sua história 43 anos de vida construindo saberes e teve
sua origem ainda no governo de Djalma Maranhão quando estabeleceu a Campanha “De Pé no Chão
Também se Aprende a Ler”.
Toda conquista é fruto de uma grande luta provocada por uma necessidade maior. Estamos falando
dessa Campanha “De Pé no Chão Também se Aprende a Ler”. Quando uma denúncia mostrou que a
população havia crescido quatro vezes mais e que a educação primária passara por um verdadeiro
colapso.
O índice de analfabetismo, de acordo com o censo da época revelara a existência de 35.810 crianças e
24.444 adultos analfabetos.
Foi aí que o Prefeito Djalma Maranhão em 1961 percebeu o apelo da expressão e adotou-a para a
Campanha Municipal de Erradicação do Analfabetismo: “Ter os pés no chão significava conhecer a
realidade e a dimensão do seu desafio”.
O período de 1961 a 1964 foi vivido sob um clima emocional muito grande quando a campanha
procurou ganhar a cidade, mobilizando a opinião pública a partir das Rocas, um dos primeiros bairros
da cidade do Natal. O Prefeito Djalma Maranhão ainda grifava mais a assertiva quando em diversas
oportunidades dizia que: “A inteligência está no cérebro e não nos pés...”.
Em 1961 construíram-se dois Acampamentos: nos bairros de Rocas e de Carrasco. Em 1962 o numero
cresceu para nove, distribuídos em vários outros bairros inclusive nas Quintas onde fica localizada a
então E. M. Ferreira Itajubá na época um desses Galpões-Acampamentos.




Figura 1: De pé no chão também se aprende a ler.....


A Campanha teve oito fases, a segunda fase é a escola coberta com palha de coqueiro e de chão de
barro batido, identificada como a do Acampamento Escolar sem exigência de farda nem calçados.


Os galpões destinados às salas de aulas em forma retangular eram divididos internamente em quatro
partes através de pranchas, utilizadas como quadro-de-giz e quadro mural. Essas pranchas não atingiam
o teto nem o solo, nem fechava lateralmente a classe. Não existia parede externa, também não se
colocavam problemas de acústica e a visão espacial do recinto escola/meio ambiente do Acampamento
era total.
Figura 2: Galpões cobertos com palhas e chão batido - Acampamento Escolar.


Um Acampamento Escolar era integrado a vários galpões de 30mx8m. Nesse conjunto havia sempre
um galpão circular destinado às festividades do bairro, às reuniões do círculo de pais e professores, à
recreação infantil e funcionava como uma espécie de teatro de arena para exibições de autos
folclóricos. Também havia hortas, aviários e parque de recreação com seus horários regulados
liturgicamente através de um sino de bronze e ecologicamente harmonizado com os largos espaços
abertos da pequena cidade e com a pobreza de seus moradores a quem servia.




Figura 3: Galpões divididos em forma retangular - Acampamento Escolar.

De Pé no Chão também se Aprende uma Profissão foi à sexta fase da Campanha onde a evolução da
educação acadêmica passa da educação para o trabalho. Com a vitória da primeira campanha
assegurada, inicia-se essa nova campanha com oito cursos, quando ao final de um ano os primeiros 148
certificados foram entregues correspondentes aos cursos de corte e costura, enfermagem de urgência,
sapataria, marcenaria, barbearia, datilografia, artesanato e encadernação.
Figuras: 4, 5, 6: (da esquerda para a direita)De pé no chão também se aprende uma profissão. Na busca de qualificação para o
trabalho quem sabe fazer alguma coisa ensino aos outros.


Ao longo do tempo novos cursos foram se incorporando aos já em andamento, alfaiataria, telegrafia,
elementos de eletricidade, bordado a mão, taquigrafia, bordado a máquina, cerâmica, stribuídos nos
diversos Acampamento.



A Campanha de Pé no Chão também se Aprende a Ler usava a merenda, a horta, o aviário e a
recreação como fatores de neutralização da evasão escolar, tendo em vista que alimentação e recreação
faziam parte de seu currículo. Eles consumiam o que produziam e eram estimulados a ter cuidados com
as hortaliças e as aves. Dessa forma despertava no educando a produtividade, demonstrando que as
comunidades precisavam se organizar na luta contra o pauperismo e a alienação da realidade.
Figuras 7, 8 e 9: (da esquerda para a direita) Uma escola alegre, sem repressão, e merenda escolar: dois fatores de combate à
evasão.
Fonte: GÓES de Moacyr. De Pé no Chão Também Se Aprende a Ler (1961 – 1964)- Uma Escola Democrática. Educação e
Transformação

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  • 1. História da Escola Municipal Ferreira Itajubá 1. A Escola e sua origem A Escola Municipal Ferreira Itajubá conta em sua história 43 anos de vida construindo saberes e teve sua origem ainda no governo de Djalma Maranhão quando estabeleceu a Campanha “De Pé no Chão Também se Aprende a Ler”. Toda conquista é fruto de uma grande luta provocada por uma necessidade maior. Estamos falando dessa Campanha “De Pé no Chão Também se Aprende a Ler”. Quando uma denúncia mostrou que a população havia crescido quatro vezes mais e que a educação primária passara por um verdadeiro colapso. O índice de analfabetismo, de acordo com o censo da época revelara a existência de 35.810 crianças e 24.444 adultos analfabetos. Foi aí que o Prefeito Djalma Maranhão em 1961 percebeu o apelo da expressão e adotou-a para a Campanha Municipal de Erradicação do Analfabetismo: “Ter os pés no chão significava conhecer a realidade e a dimensão do seu desafio”. O período de 1961 a 1964 foi vivido sob um clima emocional muito grande quando a campanha procurou ganhar a cidade, mobilizando a opinião pública a partir das Rocas, um dos primeiros bairros da cidade do Natal. O Prefeito Djalma Maranhão ainda grifava mais a assertiva quando em diversas oportunidades dizia que: “A inteligência está no cérebro e não nos pés...”. Em 1961 construíram-se dois Acampamentos: nos bairros de Rocas e de Carrasco. Em 1962 o numero cresceu para nove, distribuídos em vários outros bairros inclusive nas Quintas onde fica localizada a então E. M. Ferreira Itajubá na época um desses Galpões-Acampamentos. Figura 1: De pé no chão também se aprende a ler..... A Campanha teve oito fases, a segunda fase é a escola coberta com palha de coqueiro e de chão de barro batido, identificada como a do Acampamento Escolar sem exigência de farda nem calçados. Os galpões destinados às salas de aulas em forma retangular eram divididos internamente em quatro partes através de pranchas, utilizadas como quadro-de-giz e quadro mural. Essas pranchas não atingiam o teto nem o solo, nem fechava lateralmente a classe. Não existia parede externa, também não se colocavam problemas de acústica e a visão espacial do recinto escola/meio ambiente do Acampamento era total.
  • 2. Figura 2: Galpões cobertos com palhas e chão batido - Acampamento Escolar. Um Acampamento Escolar era integrado a vários galpões de 30mx8m. Nesse conjunto havia sempre um galpão circular destinado às festividades do bairro, às reuniões do círculo de pais e professores, à recreação infantil e funcionava como uma espécie de teatro de arena para exibições de autos folclóricos. Também havia hortas, aviários e parque de recreação com seus horários regulados liturgicamente através de um sino de bronze e ecologicamente harmonizado com os largos espaços abertos da pequena cidade e com a pobreza de seus moradores a quem servia. Figura 3: Galpões divididos em forma retangular - Acampamento Escolar. De Pé no Chão também se Aprende uma Profissão foi à sexta fase da Campanha onde a evolução da educação acadêmica passa da educação para o trabalho. Com a vitória da primeira campanha assegurada, inicia-se essa nova campanha com oito cursos, quando ao final de um ano os primeiros 148 certificados foram entregues correspondentes aos cursos de corte e costura, enfermagem de urgência, sapataria, marcenaria, barbearia, datilografia, artesanato e encadernação.
  • 3. Figuras: 4, 5, 6: (da esquerda para a direita)De pé no chão também se aprende uma profissão. Na busca de qualificação para o trabalho quem sabe fazer alguma coisa ensino aos outros. Ao longo do tempo novos cursos foram se incorporando aos já em andamento, alfaiataria, telegrafia, elementos de eletricidade, bordado a mão, taquigrafia, bordado a máquina, cerâmica, stribuídos nos diversos Acampamento. A Campanha de Pé no Chão também se Aprende a Ler usava a merenda, a horta, o aviário e a recreação como fatores de neutralização da evasão escolar, tendo em vista que alimentação e recreação faziam parte de seu currículo. Eles consumiam o que produziam e eram estimulados a ter cuidados com as hortaliças e as aves. Dessa forma despertava no educando a produtividade, demonstrando que as comunidades precisavam se organizar na luta contra o pauperismo e a alienação da realidade.
  • 4. Figuras 7, 8 e 9: (da esquerda para a direita) Uma escola alegre, sem repressão, e merenda escolar: dois fatores de combate à evasão. Fonte: GÓES de Moacyr. De Pé no Chão Também Se Aprende a Ler (1961 – 1964)- Uma Escola Democrática. Educação e Transformação