bacanas

1. E STA D O D E M I N A S q S E G U N D A - F E I R A , 3 D E O U T U B R O D E 2 0 0 5
4 AGROPECUÁRIO
MATÉRIA DE CAPA
O geólogo e produtor Marcello Mello aposta nas microdestilarias como alternativa energética mundial
Idéia amadurecida em 20 anos
MARCOS MICHELIN
DANIEL CAMARGOS ma Nacional do
Álcool e do Leite SAIBA MAIS
A Lei Estadual 15.456, de 12 de (Pronal), o geólo-
janeiro deste ano, prevê uma po- go quer transfor-
lítica de incentivo às microdesti- mar as instala-
larias de álcool – nome oficial do ções da Fazenda Objetivos da Política
projeto de Marcello Guimarães Jardim, em Ma- Estadual de Incentivo às
Mello – e para o beneficamento teus Leme, em Microdestilarias de Álcool e
de produtos derivados da cana- Beneficiamento de
um Centro de Es-
Produtos Derivados da
de-açúcar. Entre os incentivos es- tudos Tropicais Cana-de-Açúcar
tão vantagens fiscais e tributá- (Centrop). As ins- (Lei 15.456):
rias, a promoção da comercializa- talações começa- ✔ Estimular investimentos
ção de produtos, entre outros. ram a ser cons- em pequenos
Marcello calcula que o custo de truídas e encon- empreendimentos de
produção do álcool é de R$ 0,50 tram o alicerce na interesse das comunidades
por litro, porém, a viabilidade co- ideologia de Mar- rurais, do agricultor
mercial do produto depende da cello Mello, que familiar, das associações e
incidência dos impostos. crê que a biomas- das cooperativas, como
A primeira vez que o geólogo forma de incentivar a
sa é a aposta para
produção do álcool
encampou a idéia das microdes- substituir o pe- combustível para o auto-
tilarias foi em 1983, na cidade tróleo e o carvão abastecimento, da
Bom Despacho, no Centro-Oeste mineral na ma- aguardente, do açúcar
mineiro. Durante anos ele tentou triz energética mascavo, da rapadura e de
transformar as idéias em políti- mundial. outros produtos derivados
cas públicas, mas agora pensa di- Biomassa é a da cana-de-açúcar
ferente: “Resolvi fazer por conta energia prove- ✔ Criar alternativas de
própria e deixei de lado a área niente das plan- emprego e renda em
pública. Hoje luto pela soberania tas verdes, como regiões produtoras de
nacional”. Marcello se define co- cana-de-açúcar.
cana-de-açúcar,
mo um “artesão” e diz que quer mandioca, dendê
mostrar que existe uma outra e florestas de rápi- Vacas alimentadas com bagaço de cana-de-açúcar: gado forte mesmo na época da seca
realidade que se torne uma op- do crescimento, que encontram
ção para a matriz energética seu campo ideal de desenvolvi-
mundial baseada no petróleo e
no carvão mineral.
Além de implantar o Progra-
mento em países tropicais. “O
Brasil é o país que possuí a maior
área tropical”, afirma Marcello. Retorno em até três anos
Para aquecer a caldeira da mi- dutor aponta que um hectare de tróleo com capacidade de pro-
crodestilaria Marcello Mello suge- floresta superdensa é suficiente dução de 100 mil barris por dia
re o plantio de uma floresta super- para alimentar 200 dias da caldei- é preciso investimento de US$
densa de eucalipto, com aproxi- ra, suficiente para produzir 42 mil 1,8 bilhão. Com esse recurso é
madamente 20 mil árvores por litros de álcool e alimentar 12 ca- possível criar 100 mil micro-
hectare, enquanto uma floresta de beças de gado com o bagaço da ca- destilarias espalhadas pelo in-
eucalipto tradicional tem cerca de na-de-açúcar. Marcello calcula que terior do País”. De acordo com
1,5 mil árvores por hectare. Outra o investimento pode ser pago em os cálculos de Marcello, uma re-
diferença é a época do corte, que um período entre dois e três anos. finaria gera cerca de 7 mil em-
na floresta tradicional leva de seis O geólogo traça um paralelo pregos. Já uma microdestilaria
a sete anos, enquanto na floresta entre a produção de petróleo e geraria 1 milhão de empregos,
superdensa é feito anualmente. o projeto das microdestilarias: sendo 500 mil na cidade e 500
O levantamento feito pelo pro- “Para criar uma refinaria de pe- mil no campo.