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FACULDADE DE AGRONOMIA E ENGENHARIA FLORESTAL
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA FLORESTAL
Licenciatura em Engenharia Florestal
PROJECTO FINAL
Estimativa do crescimento da floresta de Pinus taeda em Inhamacari através da
análise de tronco completa
Autor:
Gildo Amâncio Chivale
Supervisor:
Doutor Eng.º Agnelo dos Milagres Fernandes
Maputo, Junho de 2015
Estimativa do crescimento da floresta de Pinus taeda em Inhamacari através da
análise de tronco completa
Elaborado por:
Gildo Amâncio Chivale
Supervisionado por:
Doutor Eng.º Agnelo dos Milagres Fernandes
Maputo, Junho de 2015
i
RESUMO
Face à notável pressão sobre os recursos florestais em Moçambique para o suprimento de
diferentes necessidades, são estabelecidas em larga escala, plantações com espécies exócticas
de rápido crescimento; como é o caso específico do Pinus taeda. Contudo, estudos para
estimar o seu nível de crescimento em diferentes regiões são levados a cabo para melhor
elaborar os seus planos de maneio e fortificar sua boa gestão. Com o objectivo principal de
estimar o crescimento da floresta de Pinus taeda em Inhamacari, através da análise de tronco
total, foi realizado este estudo na floresta que tem cerca de 30 anos, sita no posto
administrativo de Machipanda, província de Manica, em Outubro de 2014. No entanto, para
que se concretizasse este objectivo, recorreu-se em princípio, à selecção aleatória de 9 árvores
do estrato dominante, ostentando um fuste recto, livres de pragas, doenças e que não sofreram
desrames artificiais até à data da realização do estudo. Foram seguidamente seccionadas e
retirados discos a 0m; 0,3m; 0,7m; 1,3 e a partir daqui em cada 2m até ao ápice do fuste. Ora,
sobre os discos foram traçados 4 raios perpendicularmente dispostos entre si e foram medidas
as larguras de cada anel. É digno de alusão que, foi calculado o volume baseando-se no
princípio de Smalian. Notou-se no diâmetro, altura e volume, um crescimento sigmoidal “S” e,
o crescimento mostrou-se em todas estas variáveis, fraco na fase juvenil, elevado na fase
madura e voltou, porém, a reduzir na idade mais avançada. Por conseguinte, verificou-se o
IMA máximo de 1,03cm/ano, 1,02m/ano, 0,0114m3
/ano 12,63m3
/ha/ano, aos 12, 15, 30 e 30
anos para o diâmetro, altura, volume individual e por unidade de área respectivamente.
Acresce dizer que, a forma das árvores mostrou-se regular, tendo apresentado valores maiores
do factor de forma na fase juvenil. Em geral, a produção média do povoamento é cerca de
142m3
/ha.
Palavras-chave: ANATRO, ICA, IMA e Pinus taeda.
ii
DEDICATÓRIA
Aos meus pais Amâncio Esaú e Franselina Francisco Gemo, pelo amor, carinho, confiança e
dedicação incessante para a minha educação, desde os primórdios da minha vida até então.
Aos meus tios, em destaque Gildo Francisco Gemo, pela inspiração nele obtida e pelos
conselhos e suporte.
Aos meus irmãos e primos para que este trabalho sirva de uma fonte de inspiração.
Dedico!
iii
AGRADECIMENTOS
A Deus que me ama incondicionalmente, de quem tenho esperança e fé para nunca desistir
dos meus sonhos, me proporciona a saúde, paz, e bem-estar independentemente das
circunstâncias, pela sua infinita graça e acompanhamento misericordioso para a concretização
deste trabalho, agradeço.
Vai o meu muito obrigado ao meu supervisor Doutor Eng.º
Agnelo dos Milagres Fernandes
pelo incondicional apoio científico, pela incessante paciência e zelo na orientação profissional,
pelo tempo que sempre disponibilizou para discutir o trabalho: dando sugestões, críticas,
ideias e ensinamentos científico-profissionais, bem como sociais.
Ao Phd Ernesto Uetimane e Eng.º
Cláudio Cuaranhua pelo acolhimento e acompanhamento
durante a estadia no Centro Florestal de Machipanda- CEFLOMA, aquando da colheita dos
dados. Pelo apoio logístico, disponibilização do material, transporte ao campo, bem como das
amostras, vai o meu agradecimento aos senhores Alfredo e Nhagumbo. Ao senhor
motosserista pela paciência, amizade e profissionalismo, no abate e seccionamento das
árvores, vai o meu obrigado. Á vasta equipa do CEFLOMA que deu o seu contributo para a
realização deste trabalho, agradeço grandemente.
Aos colegas e amigos, a saber: Leovigildo Teodoro Paulo, Hercilo Sancho Odorico,
Agostinho Cremildo Chaúque e, em especial, à Angelina Carlos Matsinhe, pelo seu
incondicional e incansável companheirismo, apoio moral e material em todos momentos
vividos no campo durante a colheita de dados, bem como na vida académica e social, vai a
minha gratidão.
Pelo encorajamento, correções, críticas e sugestões em versões anteriores deste trabalho e
também pelo auxílio durante a caminhada académica, vai o meu agradecimento aos colegas e
amigos Engo
. Calisto Afonso Vilanculo, Macedo Damas Uachuacho, Esmeraldo Jaime
Nicumua, Armela Armindo Ugembe, Sérgio Simão João e Calving Magul.
São extensivos os meus agradecimentos a todos os familiares, amigos, docentes,
investigadores, CTA, a toda a turma florestal da geração 2011, e a todos que directa ou
indirectamente contribuíram positivamente para a concretização deste trabalho.
iv
ÍNDICE
RESUMO ..............................................................................................................................ii
DEDICATÓRIA....................................................................................................................ii
AGRADECIMENTOS..........................................................................................................iii
LISTA DE TABELAS ..........................................................................................................vi
LISTA DE FIGURAS..........................................................................................................vii
LISTA DE ANEXOS..........................................................................................................viii
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS............................................................................ix
I. INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 1
1.1. Problema de estudo e justificação............................................................................. 2
1.1. Objectivos................................................................................................................ 3
1.1.1. Geral................................................................................................................. 3
1.1.2. Específicos ....................................................................................................... 3
II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA........................................................................................ 4
2.1. Situação florestal em Moçambique........................................................................... 4
2.1. Descrição da espécie Pinus taeda............................................................................. 5
2.1.1. Origem e distribuição........................................................................................ 5
2.1.2. Descrição botânica............................................................................................ 5
2.1.3. Caracterização do lenho.................................................................................... 6
2.1.4. Usos. ................................................................................................................ 8
2.2. Crescimento e produção de povoamentos florestais.................................................. 8
2.2.1. Métodos de expressão do crescimento de povoamentos florestais.................... 10
2.2.2. Produção florestal........................................................................................... 13
2.2.3. Factores que influenciam o crescimento e produção florestal. ......................... 14
2.2.4. Crescimento e produção do Pinus.................................................................... 17
2.3. Análise de tronco................................................................................................ 17
2.4. Forma do fuste....................................................................................................... 19
2.4.1. Factores que influenciam a forma do tronco.................................................... 20
2.4.2. Métodos de expressão da forma do tronco....................................................... 21
2.5. Tabelas de produção .............................................................................................. 24
III. MATERIAL E MÉTODOS............................................................................................ 25
3.1. Descrição da área de estudo ....................................................................................... 25
3.1.1. Localização ......................................................................................................... 25
3.1.2. Clima e recursos hídricos. ................................................................................... 26
v
3.1.3. Relevo e solos. .................................................................................................... 26
3.1.4. Vegetação e fauna ............................................................................................... 27
3.1.5. Situação sócio económica.................................................................................... 27
3.2. Material..................................................................................................................... 28
3.3. Selecção de árvores amostra ...................................................................................... 29
3.4. Seccionamento das árvores ........................................................................................ 29
3.5. Marcação e medição dos raios.................................................................................... 30
3.6. Processamento dos dados........................................................................................... 31
IV. Resultados e discussão ................................................................................................... 34
4.1. Crescimento de Pinus taeda no povoamento florestal de Inhamacari.......................... 34
4.1.1. Crescimento do diâmetro à altura do peito (DAP)................................................ 34
4.1.2. Crescimento da altura.......................................................................................... 36
4.1.3. Crescimento volumétrico..................................................................................... 38
4.2. Estimativa do factor de forma .................................................................................... 41
4.3. Tabela de produção ................................................................................................ 43
V. CONCLUSÕES .............................................................................................................. 44
VI. RECOMENDAÇÕES .................................................................................................... 45
VII. LIMITAÇÕES DO ESTUDO ....................................................................................... 46
VIII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 47
vi
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Descrição do Pinus taeda........................................................................................ 6
Tabela 2: ICA e IMA do diâmetro de Pinus taeda em função da idade. ................................ 35
Tabela 3: ICA e IMA da altura de Pinus taeda em função da idade. ..................................... 37
Tabela 4: Factor de forma de Pinus taeda em função da idade............................................. 41
vii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Corte transversal de Pinus taeda, ilustrando: M – medula, LI – lenho inicial, e LT –
lenho tardio............................................................................................................................ 7
Figura 2: Forma típica da curva de crescimento de uma árvore............................................. 10
Figura 3: Pontos da curva de crescimento de uma árvore...................................................... 10
Figura 4: Curvas típicas de crescimento e incrementos......................................................... 13
Figura 5: Crescimento vs produção. ..................................................................................... 14
Figura 6: Representação esquemática do perfil longitudinal obtido por ANATRO................ 19
Figura 7: Seccionamento de um fuste em sólidos geométricos.............................................. 20
Figura 8: Localização da área de estudo. .............................................................................. 26
Figura 9: Marcação das secções ao longo do fuste................................................................ 29
Figura 10: Processo de retirada de discos ao longo do fuste.................................................. 30
Figura 11: Marcação dos raios e medição da largura dos anéis de crescimento. .................... 31
Figura 12: Elementos para aplicação do princípio de Smalian. ............................................. 32
Figura 13: Crescimento do DAP de Pinus taeda em função da idade. ................................... 34
Figura 14: Crescimento em altura de P. taeda L. em função da idade.................................... 36
Figura 15: Crescimento em volume de P. taeda em função da idade. .................................... 38
Figura 16: ICA e IMA do volume de Pinus taeda em função da idade. ................................. 39
Figura 17: ICA e IMA do volume por unidade de área de Pinus taeda em função da idade. .. 40
Figura 18: Factor de forma artificial em função da idade. ..................................................... 42
viii
LISTA DE ANEXOS
Anexo 1: Tabela de produção............................................................................................... 54
Anexo 2: Ficha de campo..................................................................................................... 56
ix
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ACT – Análise de Tronco Completa
ANATRO – Análise de Tronco
APT – Análise de Tronco Parcial
CEFLOMA – Centro Florestal de
Machipanda
cm – centímetros
DAP - Diâmetro à altura do peito
DNTF – Direcção Nacional de Terras e
Florestas
Engo
. – Engenheiro
FAO – Organizações das Nações Unidas
para Alimentação e Agricultura
ff – factor de forma
G – área basal
h – altura
ha – Hectare
ht – altura total
ICA – Incremento Corrente Anual
IFLOMA – Indústria Florestal de Manica
IMA – Incremento Médio Anual
IP – Incremento Periódico
IPA – Incremento Periodico Anual
IS – Índice de Sítio
Km – quilómetro
L – comprimento
m – metro
m2
– metro quadrado
m3
– metro cúbico
MAE – Ministério de Administração
Estatal
MINAG – Ministério da Agricultura
mm – milímetros
o
C – graus celsius
P.A. – Posto Administrativo
UEM – Universidade Eduardo Mondlane
USDA – United States Department of
Agriculture
π – valor constante de pi estipulado em
3,1416
1
I. INTRODUÇÃO
O aumento demográfico da população nacional, assim como mundial; no geral, têm resultado
na elevada necessidade de uso dos recursos naturais, quer renováveis assim como os não
renováveis (Mackenzie, 2006; Zolho, 2010). Moçambique é um país com um potencial
significativo no que tange aos recursos naturais, destacando-se as florestas nativas, que não
são isentas do fenómeno de pressão, uma vez que, são tanto fonte de energia para cerca de 85%
da população, como fonte de material de construção, e alimentam igualmente as indústrias
madeireiras, além de serem desbravadas para dar lugar aos diferentes tipos de agricultura, e
outras formas de uso e aproveitamento da terra (Zolho, 2010).
Assim sendo, as plantações com espécies exóticas de rápido crescimento são levadas a cabo
como forma de reduzir a maior pressão sobre as florestas nativas, bem como para garantir a
fluidez da produção em empresas florestais. Os géneros Eucaliptus e Pinus são os mais
usados nestes projectos, pelo que, estudos mais detalhados sobre estes são implementados
com vista a se perceber a dinâmica do seu crescimento (MINAG, 2006).
Deste modo, no género Pinus, a espécie Pinus taeda é de rápido crescimento, e devido à
ausência de sintomas de deficiência no crescimento, principalmente nas rotações iniciais,
reconhece-se ter poucas exigências nutricionais (Reissmann; Wisnewski, 2005). Contudo,
diferenças do crescimento e da produtividade são reportadas por diversos autores ao longo do
tempo em locais com índices de sítio diferentes, níveis nutricionais diferentes, assim como ao
longo das rotações (Dedeck et al., 2007).
Segundo Miranda (2014), a ecologia da produção florestal pode ser avaliada através do
crescimento, do suprimento e da eficiência dos recursos naturais. Assim, o maneio desses
recursos envolve a adopção de técnicas e práticas silviculturais que reduzem ou eliminem as
limitações do crescimento dos povoamentos e, consequentemente, da produção e
produtividade florestal.
Tradicionalmente, para conhecer- se o nível de crescimento de uma floresta ou a sua
capacidade produtiva, são utilizados conceitos como o Índice de Sítio (IS), o Incremento
Corrente Anual (ICA) e o Incremento Médio Anual (IMA), os quais se podem estimar usando
dados de inventários florestais oriundos de parcelas permanentes ou temporárias realizados
em períodos distintos (Dedeck et al., 2007).
2
Prodan (1997) refere que o meio mais directo e acurado de estudar o desenvolvimento de uma
árvore e os diferentes aspectos de seu crescimento é através da análise de tronco (ANATRO),
podendo ser análise do tronco parcial ou análise do tronco completa ou total.
Entretanto, a análise de tronco parcial é feita apenas ao nível do DAP, com base numa
verruma de Pressler e, se refere geralmente apenas à medição do crescimento nos últimos 5 ou
10 anos. Outrossim, os dados obtidos com a análise do tronco parcial são geralmente
utilizados para fazer a predição do crescimento de um povoamento a curto prazo, sendo o
método da projecção da tabela do povoamento o mais utilizado para este fim, (Jorge, 2007).
Não obstante, a análise de tronco total (ANATRO) é uma técnica que possibilita estimar o
crescimento passado de uma árvore mediante a contagem e medição dos anéis de crescimento
anuais de secções transversais tomadas a diversas alturas no tronco, (Husch et al., 1982). As
relações idade-diâmetro, idade-altura e idade-volume estudadas ao longo da vida da árvore
permitem estimar as taxas médias do incremento em diâmetro, altura e volume. Como é
evidente, esta técnica é facilmente aplicável em espécies com anéis anuais de crescimento
identificáveis sem dificuldade, como é o caso da maior parte das coníferas.
Com isto, o trabalho presente visa realizar uma análise de tronco completa (ANATRO) com o
objectivo fundamental de estimar o crescimento da floresta plantada de Pinus taeda de
Inhamacari na província de Manica.
1.1.Problema de estudo e justificação.
A continuidade da produção, a rentabilidade, o aumento de benefícios económicos que
superem os custos, principalmente em função do aumento da produtividade do trabalho e
redução de desperdícios, a conservação florestal e serviços ambientais são variáveis muito
importantes no processo de produção florestal. E estas só são bem definidas e desenvolvidas,
se for elaborado um plano de maneio florestal (Souza et al., 2004).
Ora, o maneio florestal tem sido considerado por muitos pesquisadores, como um processo
de tomada de decisão. Neste contexto, o profissional florestal necessita ter uma visão global
de planeamento, utilizando-se para tal, ferramentas que possibilitem a previsão da produção,
assim como gerenciar informações através de planos de maneio em que a optimização seja o
centro do processo. O manejador florestal deve focar suas decisões em informações biológicas,
económicas, sociais, ambientais e de mercado, de modo a propiciar a sustentabilidade desta
prática e a perpetuação da actividade florestal no empreendimento (Koch, 1972).
3
Importa referir que, um plano de maneio florestal envolve múltiplas actividades inter-
relacionadas, como os processos de colheita de produtos florestais madeireiros; assim como
os não-madeireiros, os tratamentos silviculturais e o monitoramento da floresta remanescente
visando melhorar sua qualidade, produtividade e, sobretudo, perpetuá-la. Neste contexto, a
eficiência e sustentabilidade do maneio das florestas tropicais naturais e plantadas estão
associadas à qualidade das operações de colheita da floresta e dos tratamentos silviculturais,
bem como à conservação da base de recursos florestais que lhes dão sustentações ecológica,
económica e social (Souza et al., 2004).
A dificuldade na elaboração de um plano de maneio florestal para o povoamento florestal de
Inhamacari especificamente para a espécie de Pinus taeda é causada pela falta de dados sobre
o crescimento do povoamento, dificultando desta feita a predição da produção madeireira e
não-madeireira desta plantação, pois, a aplicabilidade de um plano de maneio é directamente
influenciada pelo conhecimento da composição florística, da estrutura fitossociológica e das
distribuições diamétrica, altimétrica, espacial e volumétrica, tanto como o nível de
crescimento periódico e anual da floresta.
Pelo exposto, um estudo detalhado deste crescimento através da Análise de Tronco Completa
- ANATRO, contribuirá de forma significativa para a elaboração dum plano de maneio e
melhoria da gestão da floresta.
1.1. Objectivos
1.1.1. Geral
 Estimar o crescimento da floresta de Pinus taeda em Inhamacari através da análise de
tronco total.
1.1.2. Específicos
 Estimar os incrementos anuais diamétrico, altimétrico e volumétrico;
 Estimar o factor de forma;
 Elaborar uma tabela de produção;
4
II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1.Situação florestal em Moçambique.
Moçambique é um país que dispõe de consideráveis recursos florestais e faunísticos, os quais
pelas suas dimensões ambiental, social e económica, são de destacada importância para o país
(Bila, 2005).
Estudos apontam que 62 milhões de hectares, ou seja, 620 mil km2
, o que representa cerca de
80% do território nacional, estão cobertos por algum tipo de vegetação natural, entre florestas
de diferentes alturas e densidade, savanas, matagais e pradarias (Bila, 2005; Marzoli, 2007). É
de se reiterar que, as espécies de plantas ultrapassam 5.500 essências, enquanto que, a fauna
bravia compreende mais de 220 espécies de mamíferos, 690 aves, 167 répteis e 79 anfíbios.
Deste potencial, 26,9 milhões de hectares são considerados floresta produtiva, com cerca de
22 milhões de metros cúbicos de volume comercial (Saket, 1994; Bila 2005).
As florestas plantadas contribuem hoje com cerca de 15,500 hectares predominantemente
compostas de pinho e eucaliptos (DNTF, 2006).
Porém, no século XIX, tiveram lugar as primeiras plantações de árvores em Moçambique,
especificamente na antiga Lourenço Marques, plantações predominantemente constituídas por
espécies do género Eucalyptus, estabelecidas com objectivo de secar os pântanos existentes na
parte baixa da cidade. Dados disponíveis indicam que, entre 1907 e 1920, o jardim Tunduro
foi enriquecido com essências exóticas e, a partir de 1926, a cidade começou a ser arborizada
de formada ordenada nas ruas próximas a Estação dos Caminhos-de-ferro, com o plantio de
Eucalyptus tereticornis, Eucalyptus rostata e Eucalyptus robusta (DNTF, 2006).
Portanto, com os objectivos de controlar as cheias, ornamentação, produção de tanino de
acácia, produção de madeira para usos estruturais, energia e produção de celulose futuramente,
foram em 1916 numa área de cerca de 3.200ha estabelecidos os primeiros plantios florestais
em Namaacha. (Shimizu, 2006).
O mesmo autor relata que já mais tarde na década 20, extensos plantios de Casuarina
estabeleceram-se na barra do Rio Limpopo, com a finalidade de fixar as dunas que garantam a
navegabilidade do rio e evitem cheias à jusante. Plantios de eucalipto de mil hectares cada, em
Marracuene e Michafutene, foram estabelecidos em 1923.
Em 1932, com o funcionamento da empresa Caminhos de Ferro de Moçambique que, por
decreto, deveria produzir madeira para atender as suas próprias demandas de travessas ao
5
longo da linha férrea. Na mesma altura, destacaram-se empresas privadas que se dedicaram
aos plantios de espécies florestais como a IFLOMA (Indústria Florestal de Manica), com a
finalidade de produzir madeira serrada, e a Companhia de Chá de Zambézia, para abastecer
lenha aos seus secadores da indústria de chá.
Na sequência, a segunda fase de plantações florestais em Moçambique vem a ocorrer nos
anos 1950 e 1960, com maior enfoque na província de Manica, onde foram estabelecidas
plantações em cerca de 12 mil hectares de Eucalyptus e Pinus, maioritariamente Pinus taeda,
visando à formação de uma base florestal para um futuro projeto de produção de papel.
Outros plantios foram estabelecidos em Salamanga (eucaliptos e pinus), Lichinga (Pinus
tropicais) e Vale do Limpopo com eucalipto (Shimizu, 2006).
2.2.Descrição da espécie Pinus taeda.
2.2.1. Origem e distribuição.
Pinus taeda é uma espécie subtropical originária dos Estados Unidos. Distribui-se
naturalmente do sul de New Jersey e Delaware à região central da Flórida e ao leste do Texas,
e no Vale do Mississipi ao extremo sudeste do Oklahoma, Arkansas central e sul do
Tennessee (USDA Forest Service, 2002).
Sendo que, o Pinus taeda cresce em regiões de até 610m de altitude, entre as latitudes de 290
N até 38° N e as longitudes de 75° W e 95° W, com precipitação média anual de 1000 a 1500
mm, temperaturas de –23 a 38ºC, e preferencialmente em solos com má drenagem superficial,
cresce também em solos com baixos teores de matéria orgânica, sendo uma espécie com
baixas exigências nutricionais. (Koch, 1972; Berni, Bolza, Christensen, 1979; USDA Forest
Service, 2002).
2.2.2. Descrição botânica.
A tabela 1, mostra a descrição da espécie Pinus taeda, indicando as características básicas
desta espécie. Contudo, autores como Shimizu (2005), defendem que em função das
condições climático-ambientais de cada região de desenvolvimento duma espécie, pequenas
alterações ou diferenças podem ser notadas em indivíduos; mesmo sendo da mesma espécie,
geralmente as diferenças são notadas em colorações das folhas, fuste e o grau de crescimento
influenciado pelo índice de sítio.
6
Tabela 1: Descrição do Pinus taeda.
Classificação Descrição
Filo, Classe, Ordem, Família Coniferophyta, Pinopsida, Pinales, Pinaceae
Nome científico Pinus taeda
Nomes vernaculares Pinus, pinheiro, pinheiro-amarelo
Árvore Árvore monóica que no ambiente nativo pode atingir mais
de 25 metros de altura, apresenta polinização anemófila e
sementes com aproximadamente 5 mm de comprimento,
com alas de até 25 mm.
Fuste Recto, cilíndrico, com diâmetro entre 0,1 m e 0,6 m. Com
casca sulcada e acinzentada em indivíduos jovens e
castanho-avermelhada em indivíduos adultos, com placas
escamadas.
Folha Acículas de cor verde-escura, com 15 a 20 cm de
comprimento, reunidas em feixes de três em três, cones
femininos ovado-oblongos, sésseis ou subsésseis, muito
persistentes e dotados de escamas espinhosas.
Madeira Madeira resinosa, de cor branco-amarelada e fibra longa, o
cerne e borne são indistintos pela cor, brilho moderado,
cheiro e gosto. Todavia, eles são distintos e característicos
(resina), grã direito; textura fina; densidade baixa, macia ao
corte.
Fontes: Shimizu (2005) e Lorenzi et al. (2003)
2.2.3. Caracterização do lenho.
A madeira do Pinus taeda possui uma grã direita sendo por isso de fácil trabalhabilidade, seu
lenho é formado por alburno largo de coloração amarela como presença de anéis de
crescimento marcantes e canais resiníferos, o cerne é estreito com coloração castanha clara a
rosa (Ferreira, 2009).
No lenho, há formação de madeira juvenil e adulta, as quais variam com a espécie e podem
ser afectados pelo ambiente. A madeira juvenil é formada nos primeiros anos de vida da
7
árvore, porem, a separação entre estas não é clara devido a ausência da alteração absoluta
entre as células, ocorrendo uma fase de transição durante alguns anos (Maria, 2002).
2.2.3.1.Anéis de crescimento.
Conforme a figura 1, os anéis de crescimento são formados pelo lenho inicial e tardio, que
ocorrem no xilema do tronco e das raízes de algumas espécies arbóreas, como resultado da
actividade periódica do câmbio, e suas células são diferenciadas (Maria, 2002). Assim, no
período de elevada actividade fisiológica, onde a actividade cambial é intensa e regista-se
rápido crescimento da árvore, é formado o lenho inicial, também conhecido como primaveril,
que anatomicamente é caracterizado pela redução da parede dos traqueídeos, aumento do
lume e pela coloração clara do lenho. Já no período em que a actividade fisiológica reduz, ou
seja, no final do período vegetativo, a velocidade de crescimento da árvore reduz e forma-se o
lenho tardio que é anatomicamente caracterizado pelo espessamento das paredes dos
traqueídeos e redução do lume, tendo uma massa específica elevada comparativamente com o
lenho primaveril, e tem uma tonalidade mais escurecida (Ferreira, 2009).
Figura 1: Corte transversal de Pinus taeda, ilustrando: M – medula, LI – lenho inicial, e LT –
lenho tardio.
Fonte: Maria (2002)
Portanto, a formação dos anéis de crescimento é intimamente relacionada e dependente das
variações sazonais do clima (radiação, temperaturas e regime hídrico), resultando no
incremento anual diferente entre os dois lenhos que compõem um anel de crescimento. A
visualização e demarcação de anéis no Pinus taeda podem ser efectuadas facilmente, quando
a espécie é plantada em regiões temperadas com estações bem definidas induzindo a
sazonalidade da actividade cambial. Contudo, quando plantada em regiões com clima tropical
e subtropical a periodicidade da actividade cambial é menos definida induzindo à formação de
anéis falsos ao longo do crescimento (Zimmermann; Brown, 1971).
De forma lacónica, os anéis de crescimento são considerados bancos de dados naturais que
contêm informações ecológicas e históricas, e possibilitam a quantificação e reconstrução das
variações climáticas ocorridas ao longo do crescimento anterior da árvore.
8
2.2.4. Usos
Marto (2009), dá menção que a diversidade de utilização do Pinus taeda faz desta uma
espécie importante para o sector florestal, pois, para além da produção de madeira maciça
serrada que é beneficiada e convertida em mobiliários móveis e usada na construção civil, seu
lenho também é usado para:
 Paisagismo, através da arborização das urbes, praças, arborização decorativa;
 Laminação, que é usada no fabrico de painéis compensados, brinquedos e objectos
torneados;
 Indústria de papel e celulose para o fabrico de embalagens, aproveitando-se o facto de
possuir fibras longas;
 Produção de painéis e chapas de fibra, cabos para vassouras, palitos de fósforo;
 Os resíduos das diferentes fases de processamento podem ser usados como biomassa
para a produção de vapor e energia em forma de pellets;
 A resina do Pinus é usada industrialmente para a produção de tintas, vernizes, sabão,
colas, graxas, esmaltes, ceras, adesivos, desinfectantes, isolantes térmicos, e
terebintina (na produção de corantes, vedantes para madeira, reagentes químicos,
cânfora sintética, desodorantes, inseticidas, detergentes de limpeza).
2.3. Crescimento e produção de povoamentos florestais
O crescimento de uma árvore ou de um povoamento é o mais importante fenómeno na floresta,
e este, consiste no alongamento e engrossamento das raízes, tronco e ramos (Assman, 1961).
Scolforo (1998) define o crescimento como a alteração irreversível no tempo, principalmente
em dimensão, muitas vezes em forma e ocasionalmente em número. O crescimento causa
mudanças na árvore individual, influenciando o seu peso, volume e forma, que
consequentemente estas mudanças são notáveis no povoamento como um todo.
A árvore cresce em altura como resultado da actividade da gema apical ou terminal, através
da divisão celular. Este crescimento é também conhecido como crescimento primário. Por
conseguinte, o crescimento da árvore em altura produz a modificação mais notória do
crescimento, especialmente na idade juvenil em que é facilmente observável a rapidez da
modificação em altura, em períodos curtos de tempo. O crescimento linear de todas as partes
da árvore é proveniente do meristema primário (Filho et al., 2003).
Sob ponto de vista distintivo, o crescimento do diâmetro é proveniente do meristema
secundário ou câmbio, através da deposição de camadas justapostas de lenho (Filho et al.,
9
2003). Este crescimento é também denominado de crescimento secundário, pois, geralmente a
árvore cresce em altura numa primeira fase e depois em diâmetro. Este crescimento não é
igual ao longo de todo o tronco da árvore e, as variáveis mais comummente utilizadas para
mensurar este crescimento são o diâmetro a 1,30m de altura, o diâmetro ao longo do fuste, as
alturas correspondentes a estes diâmetros, a altura total e a altura comercial e; sendo
provenientes destes elementos o volume, a área basal, o peso e o estoque de carbono podem
ser obtidos, pelo que, o diâmetro e a altura são as variáveis de especial destaque para o estudo
do crescimento do povoamento (Campos e Leite, 2009; Scolforo, 1998).
Spiecker (1975) relatou que o crescimento das árvores é o resultado dos efeitos da sua
constituição genética, características ambientais definidas pelo clima, solo e sistemas de
maneio e das interações destes factores.
Segundo Hosokawa (1998), os parâmetros de medição do crescimento nas variáveis
dendrométricas diâmetro, altura, área basal e volume de uma árvore, apresentam
comportamento semelhante ao longo do tempo. Numa representação gráfica, a curva de
crescimento e produção descreve uma forma sigmóide evidenciando quatro (4) elementos
básicos:
1º. Origem igual a zero;
2º. Um ponto de inflexão;
3º. Um ponto de máxima tangência e;
4º. Uma assínptota.
Fazendo uma relação entre cada fase do crescimento com os pontos característicos da curva
de produção e crescimento (Figura 2), tem-se a dizer que do ponto inicial até ao ponto de
inflexão, a árvore está na fase juvenil. Entre o ponto de inflexão e o ponto de máxima
tangência, verifica-se a fase madura. Após o ponto de máxima tangência, segue na fase da
senescência ou velha onde se nota a assímptota da curva (Figura 3). Portanto, cada fase
apresenta ritmos diferenciados no crescimento e reacções diferentes com relação a diferentes
factores de crescimento (Imanã-encinas, 2005).
10
Figura 2: Forma típica da curva de crescimento de uma árvore.
Figura 3: Pontos da curva de crescimento de uma árvore.
Fonte: Hosokawa (1998).
2.3.1. Métodos de expressão do crescimento de povoamentos florestais
O crescimento de qualquer das variáveis dendrométricas pode ser avaliado segundo as
modificações, geralmente de acréscimo, acumuladas ao longo do tempo. A essa característica
é que se chama de incremento, ou seja, é a maneira de expressar-se o crescimento das
variáveis dendrométricas (altura, diâmetro, área basal e volume) em função do tempo
(Assman, 1961)
11
O mesmo autor, dá menção que várias formas são usadas para expressar o crescimento,
podendo assim citar o incremento corrente anual (ICA), incremento médio anual (IMA),
incremento periódico (IP) e o incremento periódico anual (IPA).
O incremento refere-se ao crescimento da árvore ou de um povoamento florestal em um
determinado período. Este período pode ser expresso em dias, semanas, meses, anos, décadas,
dependendo do objectivo e ou finalidade. Assim, por exemplo, o acréscimo anual (i) de uma
variável dendrométrica (y) entre um ano qualquer (t) e o ano seguinte (t+1) é dado pela
expressão 1, Hosokawa (1998).
i = y(t+1) – y(t) (1)
Quando t = 1 o acréscimo anual ou corrente é aquele acréscimo que ocorre durante um ano.
Se o período considerado for de (n) anos, ter-se-á o seguinte acréscimo:
(2)
Se o período considerado for maior que um ano, este é expresso como acréscimo periódico.
Se o acréscimo acumulado for dividido pelos anos pertinentes (idade da árvore, da floresta ou
do povoamento florestal), traduz- se o valor médio da variável em acréscimo médio anual
Scolforo (1998).
Esse acréscimo ou incremento pode ser obtido para todas as variáveis dendrométricas,
contudo, na prática dasimétrica a variável mais utilizada é o volume, Scolforo (1998).
2.3.1.1.Incremento Corrente Anual (ICA).
Este incremento indica o crescimento ocorrido entre o início e o fim da estação de
crescimento em um período de 1 ano ou entre dois anos consecutivos. Sendo calculado
através da fórmula 3 Imanã-Encimas (2005).
– (3)
Onde:
ICA = incremento corrente anual da variável considerada,
Y = dimensão da variável considerada, e
t = idade
12
2.3.1.2.Incremento Médio Anual (IMA)
Segundo Scolforo (1998), o IMA expressa a média do crescimento total à certa idade da
árvore, ou seja, a média anual do crescimento para qualquer idade, calculável através da
fórmula 4.
IMA = Yt /to (4)
Onde:
IMA = incremento médio anual da variável em consideração
Y = dimensão da variável considerada
to = idade a partir do tempo zero.
2.3.1.3.Incremento periódico (IP)
Esta é a medida de crescimento dum elemento dendrométrico considerado durante um
determinado período.
IP = Y(t + n) – Yt (5)
Onde:
IP = incremento periódico da dimensão considerada
Y = dimensão considerada
t = idade
n = período de tempo
2.3.1.4.Incremento Periódico Anual (IPA).
Indica o crescimento médio anual da árvore ou povoamento durante um certo período de anos,
e o seu cálculo baseia-se nos valores do início e fim do período e o número de anos e pode ser
expresso pela fórmula 6, Scolforo (1998).
IPA = (Y(t + n) – Yt)/n (6)
Onde:
IPA = incremento periódico anual da variável considerada
13
Y = dimensão da variável considerada
t = idade
n = período de tempo
Considerando-se os factores genéticos e ambientais como constantes, as curvas de
crescimento podem ser obtidas em função da idade. Entretanto, a curva do incremento anual
(IA) apresenta um tipo de forma sigmoidal, mostrando o crescimento acumulado até uma
certa idade (Figura 4).
Figura 4: Curvas típicas de crescimento e incrementos.
Fonte: Maria (2002).
De forma geral, em plantações florestais com espécies de rápido crescimento regista-se o
maior IPA mais cedo do que o IMA, antes de ambos declinarem (Figura 4). O cruzamento da
curva do IPA com o IMA determina a idade da rotação comercial do povoamento florestal
Maria (2002).
2.3.2. Produção florestal
A produção refere-se a quantidade total duma variável dendrométrica acumulada em certo
tempo ou idade de referência e, esta é obtida ao somar os incrementos correntes anuais até a
idade de interesse.
A determinação do crescimento implica conhecer o estado inicial mensurável de magnitude
crescente, assim como o outro estado final e o correspondente tempo transcorrido de um
14
estado ao outro. A esse crescimento acumulado ao longo do tempo denomina-se produção
florestal (Scolforo, 1994). A produção de um povoamento pode ser expressa por uma equação
de produção e, matematicamente, o crescimento é obtido ao derivar essa equação de produção
(Campos e Leite, 2009).
Com base em estudos de curvas de crescimento e de produção podem ser feitas diversas
relações, por exemplo, pode ser identificada a idade técnica de corte ou de produtividade
máxima no ponto em que o IMA é igual ao ICA. O máximo IMA é alcançado no ponto onde
as duas curvas se encontram. Este ponto define a máxima taxa média de incremento da
produção que uma determinada espécie pode alcançar num local particular. A forma dessas
curvas é influenciada por diferentes factores de crescimento (Campos e Leite, 2009).
A figura 5, indica a diferença entre os termos crescimento e produção duma árvore.
Figura 5: Crescimento vs produção.
Fonte: Albaugh et all. (2004)
2.3.3. Factores que influenciam o crescimento e produção florestal.
O crescimento duma árvore nas diferentes variáveis dendrométricas é sempre variável,
influenciado por diferentes factores que podem ser monitorados, assim como outros factores
que a sua monitoria e controle são meramente onerosas ou mesmo impossíveis. Para uma
melhor percepção da capacidade de produção de um povoamento florestal, é necessário que se
estude as interacções entre a planta e o ambiente onde ela desenvolve, identificando os
factores que afectam o seu crescimento e desenvolvimento. Vários autores têm vindo a
15
estudar e discutir a influência do melhoramento genético e práticas silviculturais no potencial
de produção de uma floresta (Waterworth et al., 2007; Lincoln et al., 2007; Gonçalves et al.,
2004).
O melhoramento genético, permite a combinação de características desejadas e obtenção de
materiais geneticamente bons, podendo ser resistentes a determinadas pragas e doenças,
melhor adaptados a determinadas regiões com dadas condições edafoclimáticas, menos
exigentes em termos hídricos, nutricionais e tratos culturais e mais eficientes na utilização dos
recursos e, consequentemente, melhores em termos de crescimento e produção (Binkley et al.,
2010; Guimarães et al., 2010).
O espaçamento inicial, que dita o nível de competição entre as árvores no povoamento, a
época do plantio, o desbaste, a poda ou desrame, a subsolagem, a aplicação de fertilizantes, o
controle de ervas daninhas, controle de doenças, pragas e incêndios, são procedimentos
silviculturas que o homem pode monitorar e controlar de acordo com os seus objectivos, com
vista a evitar limitações no crescimento e produção florestal e garantir a maximização do
aproveitamento dos bens e serviços do povoamento florestal (Binkley; Stape, 2004; Bizon,
2005).
Segundo Gonçalves et al. (2004), o maneio dos recursos na sua distribuição, captação e uso,
através de práticas silviculturais, é um grande desafio para a produção florestal, podendo na
base deste; identificar e reduzir factores limitantes ao crescimento de árvores ou povoamentos
florestais.
A área foliar da árvore influencia as taxas fotossintéticas das copas, que são por sua vez
influenciadas pelos elementos do clima (radiação solar, absorção do CO2, precipitação,
evapotranspiração, temperatura, humidade do ar e regime de ventos) (Lambers et al., 2008).
No entanto, Trovati (1982) refere que a radiação, temperatura, precipitação, humidade do ar
são os elementos do clima que mais influências têm no crescimento de um povoamento
florestal.
Em plantações de Pinus taeda, a baixa disponibilidade de água e temperaturas extremas são
factores que afectam negativamente a área foliar, e assim reduzindo a interceptação e uso da
radiação solar (Allen e Albaugh, 1999). As temperaturas muito elevadas aumentam a
transpiração e fechamento dos estómatos das plantas, podendo assim reduzir a assimilação do
carbono; baixas temperaturas também influenciam o crescimento, à medida que reduzem a
16
actividade fotossintética devido ao congelamento das células. Porém, o Pinus possui ampla
capacidade de aclimatação em variações climáticas a curto e longo prazo (Rundel et al., 1998).
A água é um factor limitante à produção florestal, por ser obviamente o meio onde ocorrem
todas as reacções químicas e bioquímicas que são a base de sobrevivência das plantas, como é
o caso da reacção da fotossíntese, para além de controlar a abertura e fechamento dos estomas
e a absorção de nutrientes do solo (Blake et al., 1992). Em um estudo, Binkley e Stape (2004)
concluíram que, uma folha com um adequado suprimento de água pode fixar mais quantidade
de carbono por unidade de luz interceptada do que uma folha com estresse hídrico e estomatos
fechados, pois, o a disponibilidade de um recurso limitante pode influenciar a eficiência de
outros recursos, consequentemente, um pequeno desequilíbrio no fluxo de água pode causar
deficits hídricos e irregular funcionamento de inúmeros processos da planta.
A quantidade de água que infiltra e permanece no solo depende da densidade do povoamento,
da fisiologia das plantas, da estrutura e arquitectura do dossel, e principalmente do tipo do
solo, distribuição e tamanho de seus poros. Porém, uma boa capacidade de armazenamento de
água no solo pode ser um aspecto favorável ao crescimento e produção florestal, porque,
proporciona melhores condições de sobrevivência durante o período seco; mas também, pode
ser nocivo devido o provável alagamento fácil dos solos em períodos com precipitação
(Albaugh et al., 2004).
Características e propriedades do solo como, a textura, que determina a capacidade de
retenção de humidade e nutrientes no solo, a estrutura, que modifica a influência da textura na
capacidade de retenção de água e determina a aeração e capilaridade do solo; a cor, que indica
a quantidade de matéria orgânica no solo; a profundidade, que determina a quantidade de água
que pode ser retida e o volume de solo cujas raízes têm a capacidade de explorar; são as
variáveis edáficas que maior influência têm no crescimento e produção florestal (Fisher e
Binkley, 2000).
As características edáficas podem ser alteradas pelo clima, topografia, vegetação, sendo que
as actividades humanas determinam as condições químicas, físicas e biológicas do solo a
longo prazo (Fisher e Binkley, 2000). Com isto, para manter ou melhorar o potencial de
crescimento e produção florestal é necessário conhecer estas características e propriedades. E,
por as plantas necessitarem de uma grande variedade de elementos químicos que participam
em diversos processos essenciais e para sua nutrição, é necessário que os solos tenham
características que permitam o suprimento adequado qualitativa e quantitativamente, sem
excessos ou escassez; um suprimento que esteja em sincronia com o ritmo e fase de
17
crescimento das plantas, de modo a maximizar a eficiência da absorção e uso destes recursos
(Larcher, 2006; Carvalho et al., 1999).
2.3.4. Crescimento e produção do Pinus.
O trabalho árduo de pesquisas em Pinus desenvolvido nos últimos tempos tem sido a base
para a adopção criteriosa de práticas silviculturais, e, em simultâneo com trabalhos de
melhoramento genético das espécies, contribuem para o actual nível de produção florestal.
Contudo, acredita-se que para o Pinus taeda a actual produtividade ainda não atingiu o seu
potencial máximo, dado que, esta espécie mostra resposta à tratamentos culturais que
aumentam o suprimento dos recursos naturais. (Allen; Aubagh, 2006; Jokela; Martin; Vogel,
2010; King et al., 2008).
Kronka; Bertolani; Herrera, (2005) relacionaram a elevada capacidade de adaptação à
adversas condições edafoclimáticas desta espécie com o rápido crescimento e elevada
produtividade, podendo variar dependendo dos sítios de 25m3
/ha/ano a 45m3
/ha/ano.
Os padrões de crescimento da floresta podem ser explicados pela uniformidade do
povoamento e a interacção com o suprimento de recursos. Segundo Binkley et al. (2002), em
povoamentos heterogéneos, as árvores dominantes possuem maiores taxas de crescimento
devido a maior capacidade de aquisição dos recursos nutricionais e eficiência do seu uso,
enquanto que, as árvores menores ou dominadas crescem acanhadas e lentamente devido à
limitação de aquisição de recursos e fraca eficiência na sua retenção e utilização.
Assim sendo, a interacção entre indivíduos dominantes e dominados reduz o crescimento de
um povoamento. Stape et al. (2010) realizaram estudos com Pinus e constataram que
povoamentos mais heterogéneos foram menos produtivos comparativamente aos mais
uniformes, o que resultou em perdas de até 15% da produção de biomassa do fuste.
Para estimar e comparar a produtividade entre sítios, e correlacioná-la aos factores edáficos,
climáticos e do povoamento, é necessário avaliar a capacidade produtiva do sítio, a predição
do crescimento e produção da floresta (Binkley et al., 2002).
2.4.Análise de tronco
A análise de tronco é o estudo de certo número de secções transversais retiradas ao longo do
tronco de uma árvore com a finalidade de determinar o seu crescimento e qualidade em
períodos diferentes de sua existência (Barusso, 1977)
18
A técnica de análise de tronco (ANATRO) possibilita o registo do crescimento passado de
uma árvore, e revela quanto ela cresceu em diâmetro e o nível de alteração da sua forma com
o incremento do seu tamanho (Husch et al., 1982). Através desta técnica, é possível a
reconstrução de todo o crescimento passado da árvore, levando em consideração cada ano de
crescimento como uma árvore individual, tanto que, é possível obter um extenso conjunto de
dados sobre o crescimento em diâmetro, altura e volume.
Outros investigadores como Campos e Leite (2009) definem a análise de tronco como sendo
um procedimento utilizado para o estudo da história do crescimento em altura, diâmetro e
volume duma árvore.
Enquanto ferramenta, a ANATRO pode ser efectuada de forma completa ou parcial. Análise
de tronco parcial (APT) é uma técnica não destrutiva que não necessita do corte da árvore, as
amostras são obtidas das árvores em pé, com o uso do trado de Pressler (Finger, 1992}.
A análise completa do tronco (ACT) é, um método destrutivo, onde as árvores seleccionadas
são derrubadas para retirada de secções do tronco em diferentes alturas absolutas e/ou
relativas definidas (Finger, 1992; Kohler, 2013).
O procedimento de análise de tronco parcial é utilizado para avaliação do crescimento em
volume, área basal ou diâmetro, enquanto que o procedimento de análise de tronco completa é
empregado no estudo do crescimento em altura, ou, mais precisamente no estabelecimento de
tabelas de produção e curvas de classificação da capacidade produtiva de locais (Machado,
1978; Campos, 1979).
A análise de tronco é uma técnica empregada de forma geral em árvores nas quais os anéis de
crescimento são visíveis, como os anéis das coníferas. Esses dados devem ser coletados, de
preferência no inverno, quando o crescimento vegetativo é menor, de tal modo que possa
contribuir para diminuir os eventuais erros (Machado, 1978).
O número de árvores a serem amostradas num estudo de análise de tronco é geralmente
estabelecido arbitrariamente, independente do grau de precisão desejado. No emprego da
análise do tronco para estimativas de crescimento dum povoamento florestal, a variação no
crescimento em diâmetro e altura das árvores individuais, o número de árvores tratadas e o
erro de amostragem oriundo da localização das parcelas ou árvores amostra na população são
as principais fontes de erros; e, havendo maior erro de amostragem proveniente da
distribuição e alocação das parcelas, o aumento de árvores para análise parcial, assim como
19
completa é inversamente proporcional ao alcance da precisão em estimativas do crescimento
(Meyer, 1952).
Contudo, a melhor distribuição diamétrica das árvores amostras para análise é a que mais se
aproxima à distribuição diamétrica do povoamento (Spurr, 1952). Dependo da utilidade dos
dados, a análise de tronco pode substituir o emprego de parcelas permanentes (Campos e
Leite, 2009).
A figura 6 representa o crescimento do tronco correspondente ao acúmulo de camadas de
células sobrepostas em formas de cones, este acúmulo é originado pela actividade dos tecidos
meristemáticos.
Figura 6: Representação esquemática do perfil longitudinal obtido por ANATRO.
Fonte: Finger (1992).
2.5.Forma do fuste
Em florestas nativas bem como plantadas, é observável a existência de uma variação muito
grande da forma do fuste das árvores, variações estas, que são caracterizadas geralmente pela
proporcionalidade inversa das variáveis dendrométricas diâmetro e altura do fuste; ou seja,
vão reduzindo o diâmetro ao longo da extensão da altura da árvore e, também variam as
características do lenho do fuste Silva & Neto (1979). A esta diminuição dá se o nome de
taper ou afunilamento, que é tida como a razão principal da variação do volume das árvores
(Silva & Neto 1979)..
A forma do tronco das árvores pode ser considerada tanto um conceito dendrométrico, como
um conceito biológico; dependendo de se desejar salientar a produção da árvore, em termos
20
de um produto, ou o desenvolvimento da árvore em termos de um sistema vivente (Loetsch et
al., 1973).
A forma do tronco/fuste da árvore refere-se à configuração externa que rigorosamente não se
identifica com a forma de um único sólido geométrico, mas sim com vários, segundo a porção
do tronco considerada. Numa visão mais restrita, a forma do tronco pode ser associada ao
termo afilamento que representa a diminuição do diâmetro com o aumento da altura; e como
tal, pode ser expressa por uma função matemática que descreva a tendência dessa variação.
(Husch et al., 1982)
A representação gráfica do fuste da árvore é melhor descrita através do seccionamento
conceitual do mesmo em três partes, resultando em figuras truncadas do neilóide, do
parabolóide e do cone no sentido base – topo conforme ilustra a figura 7 (Loetsch et al., 1973).
Figura 7: Seccionamento de um fuste em sólidos geométricos.
Fonte: Loetsch et al. (1973)
Husch et al. (1982) reconheceram que raramente essas formas puras são encontradas; e os
limites entre os diferentes sólidos são de difícil identificação, entretanto, essa aproximação
vem desempenhando um importante valor teórico na definição de uma expressão matemática,
que descreva a forma do fuste. As árvores individuais podem assumir uma infinidade de
formas e, deste modo, uma definição analítica explícita não deve ser generalizada, devendo as
funções de forma restringirem-se a pequenas populações (Grosenbaugh, 1966).
2.5.1. Factores que influenciam a forma do tronco
A forma do fuste é influenciada por factores como o espaçamento, onde as plantações com
espaçamentos maiores entre árvores têm um índice de afunilamento maior, relativamente aos
espaçamentos menores; devido à distribuição desequilibrada do incremento ao longo do fuste,
causada pela baixa competição entre as árvores (Friedl, 1989). Ainda de acordo com os
mesmos autores, a idade é outro factor importante na forma do fuste; notando-se que à medida
que vai aumentando a idade, a conicidade tende a diminuir gradativamente, pois, quando a
21
árvore atinge o seu auge de crescimento, influenciado pela espécie e sítio, o seu crescimento
em diâmetro e altura reduz, reduzindo desta feita as mudanças na relação entre a altura e o
diâmetro.
O regime desbaste tem um efeito visível sobre as dimensões da árvore individual,
observando-se ao nível do diâmetro, acentuando a conicidade e reduzindo o factor de forma
usado para a correcção; concluindo que em povoamentos desbastados, as árvores tendem a
apresentar fustes mais cónicos, quando comparados com povoamentos não desbastados
(Ribeiro, 2001). Outro factor de extrema importância para a forma do fuste é a poda, que,
sengundo Larson (1963), a sua realização em povoamentos florestais disponibiliza espaço
para crescimento da parte superior da árvore, ou seja, da base da copa; e reduz o crescimento
da base do fuste, reduzindo assim a conicidade. Ahrens (1982) realizou um estudo da
influência da poda no crescimento de Pinus elliotii, e constatou que os fustes diminuem a
conicidade com o aumento da poda tornando os fustes mais cilíndricos.
A posição sociológica da árvore no povoamento florestal tem influência na forma do seu fuste,
na medida em que árvores dominantes têm copas mais largas e um menor crescimento
relativo da altura em relação ao diâmetro (Scolforo et al., 1998). Desta feita, as árvores
dominantes têm maior conicidade devido ao maior comprimento da copa; e, a diminuição da
copa implica geralmente um decréscimo no afilamento das árvores, originando a redução da
conicidade das árvores dominadas num povoamento florestal (Larson, 1963).
Em sítios com boas condições, o crescimento dos fustes das árvores é concentrado na sua
parte superior e em sítios mais pobres, o crescimento tem uma tendência uniforme; sendo este
um factor que fez com que Larson (1963) concluísse que sítios bons propiciam condições para
maior conicidade das árvores quando comparados com sítios pobres. Ahrens (1982) deu
menção que a forma da árvore é altamente influenciada pelo ambiente onde ela cresce, e pela
sua progénie, onde as características genéticas determinam a sua forma de crescer e o
ambiente pode modificá-la ao longo do tempo.
2.5.2. Métodos de expressão da forma do tronco.
Os métodos para expressão da forma de tronco podem ser directos, que se fundamentam nos
factores de produção, portanto, envolvem uma investigação dos processos de crescimento
(distribuição de nutrientes, actividades do câmbio, transporte de água, gradientes harmonais) e
a dedução da forma da árvore resultante (Rios, 1997).
22
Outros métodos são os indirectos, que têm base em atributos ou características desse sítio, e
envolvem a determinação dos perfis do tronco a partir de evidências empíricas. Nestes
métodos, a forma do tronco pode ser expressa por quocientes de forma, factores de forma e
modelos de afilamento, sendo que os quocientes exprimem a relação entre os diâmetros; e os
factores de forma, a relação entre os volumes (Campos, 1993).
2.5.2.1.Factor de forma
Silva; Neto (1979) e Finger (1992), cenceituam o factor de forma, como sendo um factor de
redução do volume do cilindro para o volume real da árvore; devendo ser multiplicado pelo
volume do cilindro para, então, se obter o volume da árvore mais aproximado à realidade. O
factor de forma varia dependendo da altura que for medido o diâmetro do cilindro de
referência, resultando assim em factor de forma artificial, natural e absoluto (Prodan et al.,
1997).
Apesar de certas limitações, o factor de forma mais utilizado tem sido o artificial por ser o
mais fácil de obter, pois, o cilindro de referência tem como diâmetro aquele tomado à altura
de 1,30 m do solo (DAP) (Jorge, 1982). Husch et al., (1982) usaram o volume do cilindro
para obter o factor de forma artificial representado pela fórmula 7:
(7)
Onde:
ff1,3 = factor de forma artificial;
Vr = volume total com casca resultante da cubagem rigorosa do fuste
g1,3 = área transversal tendo como base o DAP;
ht = altura da árvore.
Pode ocorrer que árvores com formas geométricas idênticas, mas com alturas distintas,
produzam diferentes factores de forma artificial. Isto pode ser causado pela presença de
contrafortes nas bases das mesmas, que em árvores velhas e grandes excedem a região do
diâmetro à altura do peito, o que ocorre principalmente com espécies tropicais (Loetsch et al.,
1973). Também pode ocorrer que dois troncos com o mesmo factor de forma artificial não
tenham, necessariamente, a mesma forma (Cailliez,1980).
23
Face a estas limitações, Hohenadl em 1924, desenvolveu o factor de forma de Hohenadl
também designado factor de forma natural. O factor de forma natural é expresso a uma série
de medidas relativas, tomadas ao longo do tronco por um único valor ou factor, de maneira
que se permita dizer algo sobre o desenvolvimento da referida série (Prodan, 1964). Na
prática, o factor de forma natural é calculado aplicando-se a fórmula de volume de Huber ou
de Hohenaldl aos dados decorrentes de uma série de medições, tomadas em alturas relativas.
Contudo, têm-se encontrado muitas dificuldades para medir o diâmetro a uma altura relativa,
particularmente da árvore em pé, pelo que, geralmente, se usam os dados extraídos a h/10 da
altura da árvore, resultando na aplicação da fórmula 8 (Cailliez, 1980).
(8)
Onde:
ff0,1 = factor de forma natural;
Vr = volume total com casca resultante da cubagem rigorosa pelo método de Hohenaldl
g0,1 = área transversal tendo como base a h/10 do tronco;
ht = altura da árvore.
Outro factor de forma, que devido às limitações e fidedignidade na extracção dos seus dados,
é pouco usado é o absoluto, que baseia-se na secção transversal do tronco ao nível do solo
como área da base equivalente ao do cilindro de referência (Finger, 1992).
(9)
Onde:
ff0 = factor de forma absoluto;
Vr = volume total com casca resultante da cubagem rigorosa
g0 = área transversal do diâmetro medido na base da árvore (h = 0)
ht = altura da árvore.
2.5.2.2.Quociente de forma.
O quociente de forma é definido como a razão entre dois diâmetros. Tal como o factor de
forma, o quociente de forma serve de factor de redução para o volume do cilindro. Entretanto,
24
a estimativa do volume assim calculado não tem a mesma precisão que a obtida com factor de
forma. Outra aplicação está no estudo da forma de árvores e em modelos estatísticos como
variável independente (Finger, 1992).
Contudo, vários são os estudos relacionados ao quociente de forma, todos buscando a melhor
maneira de expressar a forma dos fustes a partir da razão entre dois diâmetros. Com isso, além
do quociente de forma mais tradicional proposto por Schuberg, existem outros como o
quociente de forma de Johnson (kJ), quociente de forma de Girard (kG) e o quociente de
forma de Hohenadl (kH) (Ferreira, 1999).
2.6.Tabelas de produção
Para o planeamento da produção de um povoamento florestal é fundamental o conhecimento
do estoque de crescimento e da produção futura da floresta, que pode ser obtido com técnicas
de modelagem de crescimento e de produção. Estas técnicas tornam possíveis a avaliação de
intervenções silviculturais e a realização de análises económico-financeiras. Assim, pode-se
configurar as diferentes situações para fundamentar um processo de tomada de decisão.
Os valores de produção de um povoamento florestal resultantes das diferentes metodologias
de estudo de crescimento são sumarizados em tabelas de produção, com vista a garantir
facilidade na análise da dinâmica do povoamento.
25
III. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Descrição da área de estudo
3.1.1. Localização
A floresta de Inhamacari está situada no posto administrativo de Machipanda, distrito de
Manica, na província central de Manica, fazendo fronteira ao Norte e Oeste com a República
do Zimbabwé. Geograficamente está entre a latitude 18o
55’ 45” e 18o
57’ 56” Sul e longitude
32o
41’ 52” e 32o
44’ 57” Este (Chamba; Rokyta, 1994)
O distrito de Manica localiza-se na parte central a Oeste da província de Manica, tem um
formato alongado e estreito, fazendo limite a Norte pelo distrito de Bárue, a Sul pelo Distrito
de Sussundenga, a Este pelo distrito de Gondola e em toda sua extensão Oeste pela República
do Zimbabwé. (MAE, 2005).
Com uma extensão de 459.400 ha, este Manica está dividido em 5 postos administrativos,
nomeadamente: o Posto Administrativo de Manica, Vanduzi, Messica, Mavonde e
Machipanda. O distrito possui uma população maioritariamente jovem, e que em 2005 foi
estimada em 199.117 habitantes, resultando numa densidade populacional de 43,3 habitantes
por km2
, sendo o P.A. de Machipanda com 44.911 habitantes. A localização está visualizada
na figura 8.
26
Figura 8: Localização da área de estudo.
3.1.2. Clima e recursos hídricos.
Segundo a classificação de Koppen, este distrito é caracterizado pelo clima temperado húmido
( Ferro e Bouman, 1987 – citado por MAE, 2005).
A temperatura média anual é de cerca de 21,2o
C, sendo assinalada a temperatura média
mensal mais alta de 31o
C em Outubro e o valor mensal mais baixo de 7,3o
C no mês de Julho.
Neste distrito, observa-se claramente a existência de duas estações distintas, a chuvosa que é
desde o mês de Novembro até o mês de Abril, e a estação seca que ocorre no restante período
do ano, resultando em valores médios na ordem dos 1000 a 1600mm de precipitação por ano.
A evapotranspiração está em torno dos 1220 a 1290mm anuais.
Ademais, as águas da região são drenadas pelo rio Revué e seus afluentes que por sua vez
escoam suas águas à bacia hidrográfica principal da região que é o rio Búzi.
3.1.3. Relevo e solos.
A região é caracterizada por uma cadeia montanhosa que ocorre do Sul a Norte da província
na faixa que delimita a fronteira com a República do Zimbabwe que recebe a designação de
“Cratão de Zimbabwe”.
Ocorrem na região basaltos, riólitos e lavas alcalinas, sendo que a maior franja dos
afloramentos forma cristas e cadeias montanhosas. A ocorrência destas montanhas eleva a
altitude da região podendo algumas montanhas atingir 1500 a 2000m de altitude sendo a
altitude mínima da região de 500m, influenciando assim no aumento da intensidade, duração e
frequência da precipitação.
Os solos mostram uma estrita relação com a geologia e o clima da região, sendo localmente
modificados pela topografia e regime hídrico. A rocha mãe por onde os solos são
desenvolvidos é característica do precâmbrico, rochas ácidas como granito e gnaisse, com
topografia suavemente ondulada.
Ocorrem basicamente solos argilosos, vermelhos óxicos ou castanhos avermelhados,
profundos, bem drenados; nos cumes das montanhas ocorrem solos líticos, com textura
franco- arenosa, pouco profundos e com baixa capacidade de retenção de água. Os solos
possuem baixa fertilidade e são altamente erosivos apresentando assim limitações para a
prática da agricultura (Pereira et al. 1999)
27
3.1.4. Vegetação e fauna
A floresta de Inhamacari tem cerca de 994ha dos quais cerca de 496ha são de floresta
plantada, maioritariamente composta pelos géneros de Pinus e Eucalyptus e a área restante
(498ha) de floresta nativa de miombo e de montanha (Chamba; Rokyta, 1994).
Tuzine (2011) realizou levantamentos na floresta e constatou a existência de seis tipos de uso
e cobertura de solo destacando as plantações separadas de Pinus, Eucalyptus, plantações
consorciadas destes géneros e consórcio de floresta com espécies nativas e Pinus e ou
Eucalyptus. As plantações de Eucalyptus constituem-se de espécies como o Eucalyptus
cloeziana, Eucalypyus grandis, Eucalyptus saligna que podem encontrar-se em talhões
separados bem como em associação.
As plantações de Pinus são constituídas por espécies como Pinus taeda, Pinus patula e Pinus
elliotti.
A floresta nativa é constituída por tipos florestais como a floresta sempre verde de montanha
(MF2), floresta de miombo (T), sistemas agroflorestais (WG). Nestas formações florestais,
ocorrem as espécies Brachystegia spiciformis, Brachystegia bohemii, Acacia sp, Albizia
adiatifolia, Khaya nyassica, Julbernardia globiflora, Pterocarpus angolensis, Pericopsis
Angolensis, Maytenus acuminata, Uapaca kirkiana, Ficus sp, Tabernamountain elleganse.
Ocorrem espécies de fauna bravia como pequenos mamíferos, porcos do mato, macacos de
diferentes variedades, cabritos e coelhos; que são caçados pela comunidade local e tem sido a
fonte de incêndios descontrolados na floresta (Tuzine, 2011).
3.1.5. Situação sócio económica
A agricultura é a actividade dominante do distrito de Manica e envolve quase todos os
agregados familiares. De modo geral, a agricultura é manual em pequenas explorações
familiares em regime de consorciação de culturas com base em variedades locais (MAE,
2005).
Verifica-se a produção em sistema de monocultura de batata-doce, e consorciações de milho,
mapira, mandioca, e feijão nhemba. Produz-se culturas de rendimento que são o algodão e o
tabaco em regime de monocultura, é também notável a produção de batata reno e feijão
manteiga e, durante a época fresca nos vales é comum a produção de hortícolas como couve,
tomate, cebola, repolho e alface (Tuzine, 2011).
28
O fomento pecuário da região é fraco, porém, dada a tradição na criação de gado e algumas
infra-estruturas existentes nota-se algum crescimento no efectivo pecuário do gado bovino,
caprino, ovino e avícola. Existem extensas áreas de pastagem, sendo que as doenças e o
deficit financeiro para os serviços de extensão são os impasses ao desenvolvimento pecuário
(Tuzine, 2011).
O comércio informal e a pequena indústria local (pesca, carpintaria e artesanato) surgem
como alternativas á actividade agrícola para sustentação de algumas famílias (MAE, 2005).
A produção agrícola, não só é comercializada localmente, mas também nas cidades de
Chimoio e Beira, salientando igualmente a ida de comerciantes da capital da província, da
Beira, Inhambane Maputo e outros pontos do país bem como visitantes da região fronteiriça
do Zimbabwe para a compra de produtos (MAE, 2005).
Contudo, a comunidade local beneficia da vegetação e dos desperdícios das actividades de
exploração do CEFLOMA para extracção de material de construção, lenha e carvão para além
dos produtos florestais não madeiros como o mel, cera, plantas medicinais e frutos para o
suprimento das suas necessidades (Tuzine, 2011).
3.2. Material
O trabalho foi possível com o uso dos seguintes materiais:
 Fita métrica para a medição do comprimento,
 Suta para a medição dos diâmetros das árvores,
 Motosserra para abate e seccionamento das árvores,
 Paquímetro para a medição das espessuras dos discos
 Régua para a projecção e medição e marcação dos raios, assim como para a
medição da largura dos anéis de crescimento,
 Câmera fotográfica digital para a obtenção de imagens dos discos.
 Estufa para a secagem dos discos
 Lixa para lixar e suavizar a superfície dos discos com vista a melhorar a nitidez
dos anéis.
 Marcadores de spray para identificação e marcação das árvores seleccionadas para
o estudo.
 Peça de madeira com graduação para facilitar a medição e marcação dos
comprimentos das secções.
29
3.3. Selecção de árvores amostra
Para o estudo do crescimento foram selecionadas aleatoriamente um total de nove (9) árvores
da classe dominante, com um fuste recto e cilíndrico, livres de pragas e doenças e até à
realização do estudo não haviam sido desbastadas e nem desramadas artificialmente, tendo
estas uma idade média de 30 anos e altura média de 23,1m.
3.4. Seccionamento das árvores
Após a selecção das árvores amostra, mediu-se o diâmetro á altura do peito (DAP) e
posteriormente o abate das mesmas. Já com a árvore abatida usando a fita métrica mediu-se o
comprimento total da mesma, seguido da marcação das secções (figura 9) para a retirada dos
discos com base em uma peça de madeira previamente graduada, começando pela
extremidade da base (0,0m), ao redor da altura de 0,30 m até o ápice do fuste.
Figura 9: Marcação das secções ao longo do fuste.
Fonte: Chivale (2015)
Para a realização dum estudo mais detalhado, um número maior de discos foi retirado da
secção inferior (1a
secção), colectando discos a 0,0 m; 0,3 m; 0.7m e a 1,30 metros de altura.
A partir da altura do DAP a árvore foi seccionada e retirados discos em cada 2m até á altura
final (figura 10), no caso em que na última secção não fosse possível medir os 2m para retirar
o disco, a altura foi registada como comprimento remanescente. A espessura dos discos variou
de 4 a 5 cm, pois, tomou – se em consideração que discos finos podiam sofrer contracções
durante a secagem e rachar com facilidade e, discos muito espessos demorariam a secar e
podiam criar constrangimentos no processo de transporte e manuseio devido ao seu elevado
peso. Usando um marcador permanente, os discos foram identificados consoante a sua
respectiva árvore e sequência das alturas em que foram obtidos.
30
Foram retiradas no total 126 discos das árvores de P. taeda tendo uma média de 14 discos
para cada árvore. Os discos foram identificados na face inferior com um marcador onde se
indicou o número da árvore, o sítio e a posição de onde foram retirados e posteriormente
levados para secagem ao ar livre por 6 dias. Após a secagem, foi realizado o lixamento da
face de medição de cada disco de modo a tornar os anéis de crescimento mais visíveis e
facilitar o processo de obtenção, contagem e correspondente medição dos raios.
Figura 10: Processo de retirada de discos ao longo do fuste.
Fonte: Chivale (2015).
3.5. Marcação e medição dos raios.
Para a marcação dos raios seguiu-se a metodologia proposta por Barusso (1977) que consiste
em se traçar na face de medição de cada disco quatro raios perpendicularmente dispostos no
sentido da medula para a borda do disco, usando uma régua e esquadro (figura 11).
A medição da largura de cada anel de crescimento e da dimensão acumulada dos anéis foi
feita sobre os raios traçados usando uma régua e considerando-se que a medula é o ponto zero.
A estimativa da largura dos anéis de crescimento obtida pela média aritmética dos quatro
raios foi evidentemente mais representativa para o anel em questão.
Esta metodologia vem sendo adoptada na maioria absoluta dos trabalhos de análise de tronco
(Finger, 1992; Machado et al, 2010).
31
Figura 11: Marcação dos raios e medição da largura dos anéis de crescimento.
Fonte: Chivale (2015).
3.6. Processamento dos dados
Após a obtenção das médias aritméticas das larguras dos anéis de crescimento através do
software Excel estimou-se a área basal (G) para cada disco mediante a aplicação da fórmula 7.
(7)
Onde:
G = área transversal da secção,
π = é uma constante representada pelo valor 3,1416,
d = diâmetro da secção
Em seguida foi determinado o volume de cada árvore utilizando o método de Smalian, o qual
calcula o volume de cada secção considerando um cilindro, onde o volume é o produto da
média das áreas transversais da base e do topo da secção pelo comprimento da secção,
fórmula 8, sobre o qual adicionou-se o volume da última secção da árvore (Figura 12), sendo
este calculado considerando uma figura geométrica de um cone que é expresso pela fórmula 9
(Finger, 2006).
ou simplesmente (8)
Onde:
Vs = volume da secção
32
π = é uma constante representada pelo valor 3,1416,
L = comprimento da secção
dt = diâmetro do topo
db = diâmetro da base
Gb = área basal da base
Gt = área basal do topo
Volume do cone, ou seja, da última secção que ostenta apenas a área da base.
(9)
Onde:
Vc = Volume do cone (última secção),
Lc = Comprimento da secção/do cone
Gb = área transversal da base.
Figura 12: Elementos para aplicação do princípio de Smalian.
S= secção, L = comprimento da secção, Lc = comprimento do cone.
Fonte: Chivale (2015), adaptado de Silva e Neto (1979).
O ICA e o IMA foram calculados para as variáveis dendrométricas diâmetro, altura e volume
e para isto, foram aplicadas respectivamente as fórmulas 3 e 4 deste trabalho.
Com base na cubagem rigorosa e estimativa do volume das 9 nove árvores foi estimado o
factor de forma artificial para o povoamento. Este factor de forma baseou-se na aplicação do
volume do cilindro obtido pelo diâmetro medido à altura do peito (DAP), tendo para a
33
efectivação aplicada a fórmula 7 do trabalho. De referir que este método já foi em estudos
similares descrito e aplicado por Husch et al., (1982).
A construção da tabela de produção do povoamento de Pinus taeda foi mediante o uso dos
dados de análise de tronco das 9 árvores amostradas, onde de cada árvore seleccionada e
cubada através da ANATRO, foram medidos e estimados dados como o DAP, área transversal,
altura e volume total para todas as idades desde o ano 1 até a data da realização do estudo.
Para a representação da produção do povoamento calculou-se a média aritmética da produção
das 9 nove árvores usadas para o estudo e posteriormente multiplicada pelo número de
indivíduos por unidade de área. Pela dificuldade na obtenção de dados relativos a inventários
do povoamento, para a estimativa dos volumes globais do povoamento, considerou-se o
espaçamento usado na plantação e tomou-se como fixos factores como mortalidade e
retanchas para inferir o número de árvores existentes por unidade de área. Fontes do arquivo
da base de dados sobre a plantação, indicam que esta, nunca foi desbastada, pelo que, este
factor não teve influência em erros de estimativa do número de indivíduos por unidade de área
no povoamento florestal.
34
IV. Resultados e discussão
4.1. Crescimento de Pinus taeda no povoamento florestal de Inhamacari
Os dados da análise de tronco das árvores amostradas na área experimental foram processados
e os seus resultados utilizados para o estudo de crescimento em diâmetro, altura e volume em
função da sua idade.
4.1.1. Crescimento do diâmetro à altura do peito (DAP)
A figura 13, indica o processo de desenvolvimento do DAP ao longo do tempo, sendo
descriminado a cada idade, desde o ano 1 das árvores amostradas até à altura da realização do
estudo.
Figura 13: Crescimento do DAP de Pinus taeda em função da idade.
É notória na figura 13 uma curva de crescimento em diâmetro em forma sigmoidal, onde no
estágio inicial até cerca dos 8 anos de idade que se pode definir como a fase juvenil,
correspondente ao crescimento lento, seguindo a fase da maturidade equivalente ao aumento
ligeiro no ritmo de crescimento, já na última fase do crescimento, nota- se claramente a
redução do crescimento.
A partir dos 27 aos 30 anos nota-se um crescimento muito baixo que tende a estagnar,
atingindo assim a assímptota da curva, que é o limite máximo de crescimento, também
conhecido como capacidade máxima de suporte. É neste ponto que, segundo Odum (1988),
0
5
10
15
20
25
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29
DAP(cm)
Idade (anos)
35
não ocorre nenhum aumento significativo, sendo que, a partir deste ponto não é
economicamente viável manter a árvore em pé.
Na tabela 2 estão apresentados os incrementos corrente e médio anual do DAP.
Tabela 2: ICA e IMA do diâmetro de Pinus taeda em função da idade.
Idade
(anos)
DAP
(cm)
ICA
(cm/ano)
IMA
(cm/ano)
Idade
(anos)
DAP
(cm)
ICA
(cm/ano)
IMA
(cm/ano)
1 0,90 0,9000 16 14,60 0,65 0,9125
2 1,60 0,10 0,8000 17 15,05 0,45 0,8853
3 1,80 0,20 0,6000 18 15,60 0,55 0,8667
4 1,90 0,10 0,4750 19 15,65 0,05 0,8237
5 2,50 0,60 0,5000 20 16,35 0,70 0,8175
6 2,90 0,40 0,4833 21 16,75 0,40 0,7976
7 3,50 0,60 0,5000 22 17,25 0,50 0,7841
8 4,30 0,80 0,5375 23 17,50 0,25 0,7609
9 5,75 1,45 0,6389 24 17,80 0,30 0,7417
10 8,45 2,70 0,8450 25 18,05 0,25 0,7220
11 10,95 2,50 0,9955 26 18,30 0,25 0,7038
12 12,35 1,40 1,0292 27 18,58 0,28 0,6880
13 13,00 0,65 1,0000 28 18,85 0,28 0,6732
14 13,45 0,45 0,9607 29 19,13 0,28 0,6597
15 13,95 0,50 0,9300 30 19,35 0,22 0,6450
A fase intermédia, ou seja, de maturidade do desenvolvimento da árvore é que mostrou maior
crescimento em termos diamétricos, tendo sido registado nesta fase o maior incremento
corrente anual (ICA) de cerca de 2,7cm/ano aos 10 anos, bem como o maior incremento
médio anual (IMA) de 1,03cm/ano observado um pouco mais tarde, aos 12 anos da idade. Os
valores mais baixos foram verificados aos 19 e 4 anos para o ICA e IMA respectivamente.
O DAP é um dos parâmetros, além do volume, que os pesquisadores procuram em estudos de
crescimento florestal e a forma de o apresentar depende da necessidade para que foi feito o
estudo (Scolforo, JR., 1998). Manga (2011) efectuou um estudo similar com Pinus taeda em
um talhão com as mesmas características climáticas mas acontecimentos silviculturais
diferentes e obteve um IMA diamétrico máximo de aproximadamente 0,96cm/ano aos 21 anos
de idade, que também pode ser considerada uma idade na fase de maturidade da árvore.
36
Eisfeld et al. (2004) durante um estudo de modelagem do crescimento e da produção de Pinus
taeda por meio do processo de difusão no Paraná, Brasil, constataram que a partir dos 18 anos,
o diâmetro já não possuía tanta influência sobre o crescimento, mantendo-se praticamente
constante. Contudo, é também notável no presente estudo com base na tabela 2 uma
diminuição significativa no ICA e IMA diamétrico na última fase do crescimento, podendo
assim se verificar a entrada das árvores desta plantação á fase de senescência.
4.1.2. Crescimento da altura
O crescimento altimétrico é ilustrado na figura 14, indicando a altura que a árvore alcançou a
cada idade.
Figura 14: Crescimento em altura de P. taeda L. em função da idade.
Tal como verificou-se para a variável DAP, é também para a altura claramente visível uma
curva de crescimento em forma sigmoidal, onde no estágio inicial até cerca dos 8 anos de
idade que se pode definir como a fase juvenil correspondente ao crescimento lento, e seguindo
a fase da maturidade equivalente ao aumento ligeiro no ritmo de crescimento, já na última
fase do desenvolvimento, nota se a redução do crescimento; tendências similares foram
indicadas no estudo de Manga (2011).
A assímptota da curva para esta variável começa a verificar-se mais cedo comparativamente
ao diâmetro, visto que, para a altura a redução significativa do crescimento notabiliza-se a
partir dos 24 anos, onde é o limite máximo de crescimento, também conhecido como
capacidade máxima de suporte. Este facto entra em concordância com Encinas et al. (2005)
que afirmaram que, em geral, primeiro a árvore cresce em altura e depois em diâmetro. Este
0
5
10
15
20
25
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29
Altura(m/arv.)
Idade (anos)
Altura
37
crescimento é influenciado principalmente pelo espaçamento e pelos mesmos factores que
influenciam para o crescimento em altura.
Na tabela 3 estão apresentados os incrementos corrente e médio anual da altura.
Tabela 3: ICA e IMA da altura de Pinus taeda em função da idade.
Idade
(anos)
Altura
(m)
ICA
(m/ano)
IMA
(m/ano)
Idade
(anos)
Altura
(m)
ICA
(m/ano)
IMA
(m/ano)
1 0,30 0,3000 16 16,20 0,90 1,0125
2 0,60 0,30 0,3000 17 17,10 0,90 1,0059
3 1,60 1,00 0,5333 18 17,90 0,80 0,9944
4 2,30 0,70 0,5750 19 18,50 0,60 0,9737
5 3,05 0,75 0,6100 20 19,30 0,80 0,9650
6 4,00 0,95 0,6667 21 19,50 0,20 0,9286
7 4,30 0,30 0,6143 22 20,10 0,60 0,9136
8 4,90 0,60 0,6125 23 20,90 0,80 0,9087
9 5,20 0,30 0,5778 24 21,40 0,50 0,8917
10 6,40 1,20 0,6400 25 21,90 0,50 0,8760
11 6,90 0,50 0,6273 26 22,00 0,10 0,8462
12 7,50 0,60 0,6250 27 22,20 0,20 0,8222
13 9,30 1,45 0,7154 28 22,40 0,20 0,8000
14 11,80 1,40 0,8429 29 22,60 0,20 0,7793
15 15,30 1,50 1,0200 30 22,80 0,20 0,7600
Constatou-se que nesta variável o ICA e o IMA máximo ocorreram ambos aos 15 anos de
idade das árvores, tendo sido de 1,5 e 1,02 m/ano respectivamente, e o ICA mais baixo
verificado a partir do 26o
ano até aos 30 anos de idade, que nestas idades o ICA foi de 0,1 a
0,2m/ano. Doravante, pode-se afirmar que esta árvore entrou no seu estado senil nesta fase,
posicionamento este que é defendido por Odum (1988).
O IMA mais baixo foi de cerca de 0,3m/ano, verificado nas idades de 1 e 2 anos, facto este
que pode ser sustentado por Barrichelo et al. (1978) que durante seu estudo de procedências
de Pinus taeda visando seu aproveitamento industrial no Brasil, concluiu que geralmente os
primeiros anos de implantação de plantações de Pinus podem ser de incremento baixo nas
diferentes variáveis dendrométricas devido a factores de adaptabilidade das mudas ao campo
38
de plantio, visto que estas podem passar por uma crise se o processo de endurecimento não ter
sido efectuado correctamente.
Manga (2011) observou que o máximo crescimento anual em altura ocorreu aos 19,5 anos de
idade com cerca de 0,62m/ano no IMA, contudo, estas diferenças podem ser devidas ao
regime de maneio silvicultural dos talhões bem como a outros factores relacionados as
condições do sítio.
4.1.3. Crescimento volumétrico
O crescimento em volume para a árvore individual é muito influenciado pelo diâmetro e pela
altura, ou seja, o volume tende a seguir o padrão de crescimento do diâmetro em concordância
com a altura. A figura 15, indica o crescimento do volume resultante da ANATRO para cada
idade das árvores amostra.
Figura 15: Crescimento em volume de P. taeda em função da idade.
O volume é sempre crescente como resultado da existência no local de condições amenas para
crescimento, porém, é notável uma tendência dum crescimento muito lento nos primeiros
estágios do desenvolvimento da árvore. Este comportamento é decorrente da variação do
crescimento do diâmetro e altura das árvores anteriormente indicada. A mesma tendência foi
constatada por Manga (2011).
Esta tendência do crescimento volumétrico, pode ser melhor compreendida observando a
Figura 15, que explica a relação entre o ICA e o IMA das árvores amostradas neste estudo.
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
0,4
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29
Volume(m3/arv.)
Idade (anos)
Volume
Volume
39
Figura 16: ICA e IMA do volume de Pinus taeda em função da idade.
É notável uma oscilação na tendência da curva do ICA e uma tendência sempre crescente da
curva do IMA, onde, o ICA máximo é alcançado aos 20 anos de idade, avaliado em cerca de
0,0219m3
/ano e o mínimo aos 2 anos rondando nos 2,41249E-05m3
/ano Já para a tendência
sempre crescente do IMA (o maior IMA no ano 30, com cerca de 0,0114m3
/ano)
conjuntamente com a não intercepção das curvas podem revelar que as árvores amostradas
estejam ainda em crescimento. Chyo et al. (1982) ao executar a análise de tronco de uma
Araucaria angustifolia (Bert.) O. Ktze. de 160 anos de idade nativa do Brasil obteve
resultados similares e concluiu que a árvore ainda continuava o processo de crescimento em
volume. Ainda Manga (2011) obteve resultados similares.
4.1.3.1. Crescimento volumétrico por unidade de área.
Com base nos resultados médios do crescimento das árvores individuais, foi estimado o ICA e
IMA volumétrico por unidade de área no povoamento, podendo ser ilustrados na figura 17.
0
0,005
0,01
0,015
0,02
0,025
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29
Incremento(m3/arv.ano)
Idade (anos)
ICA
IMA
40
Figura 17: ICA e IMA do volume por unidade de área de Pinus taeda em função da idade.
O IMA máximo verificado foi de 12,63m3
/ha/ano na idade de 30 anos, que é a idade em que
se fez o estudo. Kronka et al. (2005), mostraram num estudo com o Pinus taeda que a espécie
se consolidou ecológica e economicamente na região sul do Brasil principalmente por possuir
rápido crescimento e ampla adaptação, podendo atingir a produtividade média variando de 11
a 25m3
/ha/ano, podendo ultrapassar em alguns sítios 45m3
/ha/ano.
Segundo Campos e Leite (2006), a curva do ICA não é simétrica e tem um ponto máximo e
dois pontos de inflexão. O seu ponto máximo, indica a idade de máxima produtividade da
árvore, e partir daí, a taxa de produção cai. Podendo neste estudo ser notável o primeiro ponto
de inflexão visível aos 8 anos, e o máximo ICA acontece aos 20 anos sendo de cerca de 24
m3
/ha/ano e desse ponto, o decréscimo deste incremento ganha lugar.
A curva do IMA apresenta-se mais estável e com um aumento mais vagaroso em relação à
curva do ICA, facto que também é sustentado por Coelho (2010) que durante seu estudo de
avaliação do maneio da produção económica de madeira de Pinus taeda L. com
características qualitativas superiores encontrou curvas similares.
A curva de ICA atingiu seu ponto máximo antes da curva de IMA, e as duas curvas não se
cruzam, facto relacionado como foi mencionado no ponto 4.1.3 à continuidade do crescimento
das árvores. Apesar de se tratar de um povoamento com idade por volta de 30 anos, essa
possibilidade ainda é factível pelo facto de poder haver a migração de árvores de uma classe
social para outra.
Este acontecimento é decorrente dos desbastes, com a liberação do crescimento pela maior
oferta dos factores ambientais e, associado a isso, quando houver alguma intercorrência no
0
5
10
15
20
25
30
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27
Volume(m3/ha)
Idade (anos)
ICA
IMA
41
povoamento, como a morte, redução de copa ou quebra das árvores do entorno (Schneider,
1993).
Contudo, Campos e Leite (2006), referem que em povoamentos com o ciclo de crescimento
completo, estas curvas se cruzam no ponto de máximo IMA.
Concordando ainda com o mesmo autor, do ponto de vista da máxima produção biológica,
esse ponto indica a idade de intervenção no povoamento, definindo a idade de desbastes, corte
raso ou de rotação do povoamento.
4.2. Estimativa do factor de forma
Na tabela 4 são apresentados os factores de forma artificiais estimados para cada idade, cujas
tendências de variação podem ser observadas na figura 18.
Tabela 4: Factor de forma de Pinus taeda em função da idade.
Idade
(anos)
ff1.3 Idade
(anos)
ff1.3 Idade
(anos)
ff1.3
1 0,9533 11 0,4921 21 0,4561
2 0,9771 12 0,4944 22 0,4593
3 0,9115 13 0,4620 23 0,4643
4 0,8752 14 0,4071 24 0,4693
5 0,8744 15 0,3487 25 0,4720
6 0,8730 16 0,3470 26 0,4810
7 0,8713 17 0,3620 27 0,4860
8 0,8632 18 0,3758 28 0,4924
9 0,8344 19 0,4202 29 0,4964
10 0,5771 20 0,4281 30 0,5086
Foi verificado um factor de forma menor que 1 para todas as idades, que segundo Scolforo
(1994) é o ideal para um povoamento.
42
Figura 18: Factor de forma artificial em função da idade.
Observa-se na tabela 4 e figura 18 que em árvores com diâmetros inferiores, ou seja, nas
idades iniciais os factores de forma são maiores que 0,60 e tendendo a 1 na fase que se pode
considerar juvenil. Esses factores de forma diminuem com o aumento do diâmetro, até
permanecerem, aproximadamente, constantes em nos maiores diâmetros, apesar da tendência
de crescimento suave destes. Os valores de factor de forma comprovam as tendências das
árvores que, com o tempo, começam a incrementar em diâmetro, adquirindo uma forma mais
cilíndrica, neste estudo tendo uma tendência de melhoramento da forma do cone pelo notável
incremento do factor de forma, embora muito suave a partir dos18 anos.
Campos et al. (1993) estudando a variação da forma do fuste de clones de eucaliptos,
concluíram a respeito do factor de forma absoluto com casca e sem casca, que esta pode ser
uma boa alternativa para calcular o volume de parcelas experimentais em substituição ao
“volume cilíndrico” ou tabelas de volume, desde que sejam identificados corretamente o clone,
as classes de diâmetro da árvore e o factor de forma correspondente.
Manga (2011), verificou uma tendência de decréscimo do factor de forma com a idade e
associou este facto à falta de desrame ao longo da vida dos indivíduos e, segundo Montagna et
al. (1993) citado por Manga (2011) o desrame teria influência na forma do tronco da espécie
tornando-a mais cilíndrica e consequentemente aumentar o factor de forma.
Tendência similar foi relatada por Cardoso (2009), que em seu estudo com Pinus taeda no
Brasil constatou que entre árvores não podadas a tendência é de redução do factor de forma à
medida que aumenta a relação h/DAP.
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29
Factordeforma
Idade (anos)
ff1.3
43
4.3. Tabela de produção
Pode se ver na tabela de crescimento e produção (Anexo 1) que o IMA médio em diâmetro ao
longo do desenvolvimento das árvores foi de 0,75 cm/ano em cada árvore. Pode se também
notar que o IMA máximo em volume por unidade de área foi de 12,6 m3
/ha/ano e volume
médio de cerca de 142 m3
/ha.
Cardoso (2009) encontrou nos seus estudos de crescimento da mesma espécie em Brasil um
IMA máximo de cerca de 28m3
/ha/ano, valor superior ao do presente estudo o que pode estar
relacionado com outros factores de crescimento como o espaçamento inicial do talhão
estudado por este autor que apresentava maior densidade de árvores, pelas condições edafo
climáticas e operações silviculturais.
44
V. CONCLUSÕES
Tomando como base os resultados obtidos da análise de tronco de 9 árvores de Pinus taeda
num talhão da floresta de Inhamacari, que duma forma geral permitiram alcançar os
objectivos traçados, conclui-se que:
Os padrões de crescimento foram de níveis baixos em ICA tanto como em IMA para as
diferentes variáveis dendrométricas em estudo (altura, diâmetro e volume) nos primeiros anos
de vida da plantação, ou seja, na fase de juvenilidade, este crescimento veio a ganhar um
impulso já na fase madura das árvores, tendo atingido o pico em IMA volumétrico aos 30
anos e ICA aos 20 anos esperando-se ainda que as árvores continuem seu crescimento. Notou-
se um crescimento muito baixo, tendendo mesmo a estagnação do incremento a partir dos 24
anos de idade. A produção da floresta é regular
As árvores amostradas possuem uma forma mais cilíndrica nos seus primeiros anos de
estabelecimento. Na fase de maturidade notou-se maior diminuição do factor de forma sendo
inversamente proporcional à evolução do factor de forma. As árvores têm uma forma regular.
A produtividade do Pinus taeda está intimamente associada às características climáticas e
edáficas da região e dos tratos silviculturais no povoamento. A tabela de produção obtida é
representativa das características produtivas do povoamento, esperando que a produção
incremente, embora prevendo-se que seja em valores baixos.
45
VI. RECOMENDAÇÕES
Com base nos resultados obtidos e conciliando-os às conclusões constatadas, recomenda-se o
seguinte:
Devido a forte tendência no sector florestal para o uso de técnicas de sensoriamento remoto e
de processamento digital de imagens, no sentido de aumentar a rapidez e a precisão na
obtenção e processamento de dados, especialmente com o emprego de geotecnologias e
softwares informáticos, recomenda-se que se criem condições materiais, financeiras e
humanas para dar lugar a estudos e aprimoramento de técnicas de análise de tronco digital.
Que se use a ferramenta ANATRO para os próximos estudos do crescimento de povoamentos,
visto que esta técnica mostra-se eficiente e com elevada qualidade dos dados obtidos, sendo
menos oneroso e demandando baixos períodos de monitoramento comparando com outras
técnicas de estudo de crescimento.
Para as empresas do sector florestal que não possuem curvas de produção já desenvolvidas e
instituições de investigação do ramo, recomenda-se que equipem seus laboratórios de estudos
de crescimento com equipamentos auxiliares da ANATRO como mesa digitadora,
planímetros, lupas, microcomputadores com softwares apropriados com vista à realização da
ANATRO para seus estudos.
Para próximos estudos de crescimento com ANATRO para povoamentos, que se selecionem
para amostragem árvores de todas as classes diamétricas e todas classes sociológicas como
forma de garantir representatividade e fidedignidade nos resultados da estimativa do
crescimento.
Que se façam no povoamento de Pinus taeda e outras espécies na floresta de Inhamacari
estudos para se apurar as características e capacidades produtivas do sítio objectivando a
construção de curvas de índice de sítio, pois é uma ferramenta essencial para a caracterização
de sítios florestais.
46
VII. LIMITAÇÕES DO ESTUDO
Foram impasses para o estudo os seguintes aspectos:
Falta de dados de inventário florestal que informem os índices de mortalidade e o número real
de indivíduos por unidade de área, tendo assim dificultado o processo de estimativa e
dinâmica das diferentes variáveis dendrométricas por unidade de área.
Falta de algum equipamento para melhoramento da visualização dos anéis, e para a
construção do perfil longitudinal das árvores amostradas.
A falta do software apropriado, tendo assim impossibilitado o processo de estimativa de
crescimento com a análise de tronco digital através de imagens de secções transversais.
47
VIII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Ahrens, S. 1982. Importância da distribuição de resíduos de regressão na seleção de equações
de volume, Curitiba n. 10, p. 7-26.
Albaugh, T. J.; Allen, H. L.; Dougherty, P. M.; Johnsen, K. H. 2004. Long term growth
responses of loblolly pine to optimal nutrient and water resource availability. V. 192, pp 317 –
330. Forest Ecology and Managment, Amsterdam
Albaugh, T. J.; Allen, H. L.; Fox, T. R. 2006. Individual tree crown and stand development in
Pinus taeda under different fertilization and irrigation regimes. Forest Ecology and
Management, Amsterdam, v, 234.
Allen, H. L.; Albaugh, T. J. 1999. Ecophysiological basis for plantation production: A
loblolly pine case study, V.20, pp. 3-8, Bosque, Valdivia.
Assmann, E. 1961, The principles of forest yield study, Pergamon Press. New York.
Barrichelo, L. E. G.; Kageyama, P. Y.; Spelz, R. M.; Bonish, H. J.; Brito, J. O.; Ferreira, M.
1978. Estudos de procedências de Pinus taeda visando seu aproveitamento industrial. Boletim
Informativo do Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais. Piracicaba, v. 6, Brasil.
Barusso A.P. 1977. A determinação de funções de crescimento mediante análise de tronco,
Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais) - Universidade Federal do Paraná, Setor de
Ciências Agrárias, Curitiba.
Barusso, A. P. 1977. A determinação de funções de crescimento mediante análise de tronco.
Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais) Universidade Federal do Paraná, Curitiba – PR.
Berni, C. A.; Bolza, E.; Christensen, F. J. 1979. South american timbers: the characteristics,
properties and uses of 190 species. Melbourne: Ivory House.
Bila, A. 2005. Estratégia para a Fiscalização Participativa de Florestas e Fauna Bravia em
Moçambique. Support for the implementation of forest and wildlife legislation in
Mozambique, DNFFB/FAO, Maputo, Moçambique
Binkley, D.; Stape, J. L. 2004. Sustainable management of Eucalyptus plantations in a
changing world. IUFRO Conference, Eucalyptus in a changing world, Aveiro.
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Crescimento de Pinus em Inhamacari. Gildo Chivale

  • 1. FACULDADE DE AGRONOMIA E ENGENHARIA FLORESTAL DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA FLORESTAL Licenciatura em Engenharia Florestal PROJECTO FINAL Estimativa do crescimento da floresta de Pinus taeda em Inhamacari através da análise de tronco completa Autor: Gildo Amâncio Chivale Supervisor: Doutor Eng.º Agnelo dos Milagres Fernandes Maputo, Junho de 2015
  • 2. Estimativa do crescimento da floresta de Pinus taeda em Inhamacari através da análise de tronco completa Elaborado por: Gildo Amâncio Chivale Supervisionado por: Doutor Eng.º Agnelo dos Milagres Fernandes Maputo, Junho de 2015
  • 3. i RESUMO Face à notável pressão sobre os recursos florestais em Moçambique para o suprimento de diferentes necessidades, são estabelecidas em larga escala, plantações com espécies exócticas de rápido crescimento; como é o caso específico do Pinus taeda. Contudo, estudos para estimar o seu nível de crescimento em diferentes regiões são levados a cabo para melhor elaborar os seus planos de maneio e fortificar sua boa gestão. Com o objectivo principal de estimar o crescimento da floresta de Pinus taeda em Inhamacari, através da análise de tronco total, foi realizado este estudo na floresta que tem cerca de 30 anos, sita no posto administrativo de Machipanda, província de Manica, em Outubro de 2014. No entanto, para que se concretizasse este objectivo, recorreu-se em princípio, à selecção aleatória de 9 árvores do estrato dominante, ostentando um fuste recto, livres de pragas, doenças e que não sofreram desrames artificiais até à data da realização do estudo. Foram seguidamente seccionadas e retirados discos a 0m; 0,3m; 0,7m; 1,3 e a partir daqui em cada 2m até ao ápice do fuste. Ora, sobre os discos foram traçados 4 raios perpendicularmente dispostos entre si e foram medidas as larguras de cada anel. É digno de alusão que, foi calculado o volume baseando-se no princípio de Smalian. Notou-se no diâmetro, altura e volume, um crescimento sigmoidal “S” e, o crescimento mostrou-se em todas estas variáveis, fraco na fase juvenil, elevado na fase madura e voltou, porém, a reduzir na idade mais avançada. Por conseguinte, verificou-se o IMA máximo de 1,03cm/ano, 1,02m/ano, 0,0114m3 /ano 12,63m3 /ha/ano, aos 12, 15, 30 e 30 anos para o diâmetro, altura, volume individual e por unidade de área respectivamente. Acresce dizer que, a forma das árvores mostrou-se regular, tendo apresentado valores maiores do factor de forma na fase juvenil. Em geral, a produção média do povoamento é cerca de 142m3 /ha. Palavras-chave: ANATRO, ICA, IMA e Pinus taeda.
  • 4. ii DEDICATÓRIA Aos meus pais Amâncio Esaú e Franselina Francisco Gemo, pelo amor, carinho, confiança e dedicação incessante para a minha educação, desde os primórdios da minha vida até então. Aos meus tios, em destaque Gildo Francisco Gemo, pela inspiração nele obtida e pelos conselhos e suporte. Aos meus irmãos e primos para que este trabalho sirva de uma fonte de inspiração. Dedico!
  • 5. iii AGRADECIMENTOS A Deus que me ama incondicionalmente, de quem tenho esperança e fé para nunca desistir dos meus sonhos, me proporciona a saúde, paz, e bem-estar independentemente das circunstâncias, pela sua infinita graça e acompanhamento misericordioso para a concretização deste trabalho, agradeço. Vai o meu muito obrigado ao meu supervisor Doutor Eng.º Agnelo dos Milagres Fernandes pelo incondicional apoio científico, pela incessante paciência e zelo na orientação profissional, pelo tempo que sempre disponibilizou para discutir o trabalho: dando sugestões, críticas, ideias e ensinamentos científico-profissionais, bem como sociais. Ao Phd Ernesto Uetimane e Eng.º Cláudio Cuaranhua pelo acolhimento e acompanhamento durante a estadia no Centro Florestal de Machipanda- CEFLOMA, aquando da colheita dos dados. Pelo apoio logístico, disponibilização do material, transporte ao campo, bem como das amostras, vai o meu agradecimento aos senhores Alfredo e Nhagumbo. Ao senhor motosserista pela paciência, amizade e profissionalismo, no abate e seccionamento das árvores, vai o meu obrigado. Á vasta equipa do CEFLOMA que deu o seu contributo para a realização deste trabalho, agradeço grandemente. Aos colegas e amigos, a saber: Leovigildo Teodoro Paulo, Hercilo Sancho Odorico, Agostinho Cremildo Chaúque e, em especial, à Angelina Carlos Matsinhe, pelo seu incondicional e incansável companheirismo, apoio moral e material em todos momentos vividos no campo durante a colheita de dados, bem como na vida académica e social, vai a minha gratidão. Pelo encorajamento, correções, críticas e sugestões em versões anteriores deste trabalho e também pelo auxílio durante a caminhada académica, vai o meu agradecimento aos colegas e amigos Engo . Calisto Afonso Vilanculo, Macedo Damas Uachuacho, Esmeraldo Jaime Nicumua, Armela Armindo Ugembe, Sérgio Simão João e Calving Magul. São extensivos os meus agradecimentos a todos os familiares, amigos, docentes, investigadores, CTA, a toda a turma florestal da geração 2011, e a todos que directa ou indirectamente contribuíram positivamente para a concretização deste trabalho.
  • 6. iv ÍNDICE RESUMO ..............................................................................................................................ii DEDICATÓRIA....................................................................................................................ii AGRADECIMENTOS..........................................................................................................iii LISTA DE TABELAS ..........................................................................................................vi LISTA DE FIGURAS..........................................................................................................vii LISTA DE ANEXOS..........................................................................................................viii LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS............................................................................ix I. INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 1 1.1. Problema de estudo e justificação............................................................................. 2 1.1. Objectivos................................................................................................................ 3 1.1.1. Geral................................................................................................................. 3 1.1.2. Específicos ....................................................................................................... 3 II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA........................................................................................ 4 2.1. Situação florestal em Moçambique........................................................................... 4 2.1. Descrição da espécie Pinus taeda............................................................................. 5 2.1.1. Origem e distribuição........................................................................................ 5 2.1.2. Descrição botânica............................................................................................ 5 2.1.3. Caracterização do lenho.................................................................................... 6 2.1.4. Usos. ................................................................................................................ 8 2.2. Crescimento e produção de povoamentos florestais.................................................. 8 2.2.1. Métodos de expressão do crescimento de povoamentos florestais.................... 10 2.2.2. Produção florestal........................................................................................... 13 2.2.3. Factores que influenciam o crescimento e produção florestal. ......................... 14 2.2.4. Crescimento e produção do Pinus.................................................................... 17 2.3. Análise de tronco................................................................................................ 17 2.4. Forma do fuste....................................................................................................... 19 2.4.1. Factores que influenciam a forma do tronco.................................................... 20 2.4.2. Métodos de expressão da forma do tronco....................................................... 21 2.5. Tabelas de produção .............................................................................................. 24 III. MATERIAL E MÉTODOS............................................................................................ 25 3.1. Descrição da área de estudo ....................................................................................... 25 3.1.1. Localização ......................................................................................................... 25 3.1.2. Clima e recursos hídricos. ................................................................................... 26
  • 7. v 3.1.3. Relevo e solos. .................................................................................................... 26 3.1.4. Vegetação e fauna ............................................................................................... 27 3.1.5. Situação sócio económica.................................................................................... 27 3.2. Material..................................................................................................................... 28 3.3. Selecção de árvores amostra ...................................................................................... 29 3.4. Seccionamento das árvores ........................................................................................ 29 3.5. Marcação e medição dos raios.................................................................................... 30 3.6. Processamento dos dados........................................................................................... 31 IV. Resultados e discussão ................................................................................................... 34 4.1. Crescimento de Pinus taeda no povoamento florestal de Inhamacari.......................... 34 4.1.1. Crescimento do diâmetro à altura do peito (DAP)................................................ 34 4.1.2. Crescimento da altura.......................................................................................... 36 4.1.3. Crescimento volumétrico..................................................................................... 38 4.2. Estimativa do factor de forma .................................................................................... 41 4.3. Tabela de produção ................................................................................................ 43 V. CONCLUSÕES .............................................................................................................. 44 VI. RECOMENDAÇÕES .................................................................................................... 45 VII. LIMITAÇÕES DO ESTUDO ....................................................................................... 46 VIII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 47
  • 8. vi LISTA DE TABELAS Tabela 1: Descrição do Pinus taeda........................................................................................ 6 Tabela 2: ICA e IMA do diâmetro de Pinus taeda em função da idade. ................................ 35 Tabela 3: ICA e IMA da altura de Pinus taeda em função da idade. ..................................... 37 Tabela 4: Factor de forma de Pinus taeda em função da idade............................................. 41
  • 9. vii LISTA DE FIGURAS Figura 1: Corte transversal de Pinus taeda, ilustrando: M – medula, LI – lenho inicial, e LT – lenho tardio............................................................................................................................ 7 Figura 2: Forma típica da curva de crescimento de uma árvore............................................. 10 Figura 3: Pontos da curva de crescimento de uma árvore...................................................... 10 Figura 4: Curvas típicas de crescimento e incrementos......................................................... 13 Figura 5: Crescimento vs produção. ..................................................................................... 14 Figura 6: Representação esquemática do perfil longitudinal obtido por ANATRO................ 19 Figura 7: Seccionamento de um fuste em sólidos geométricos.............................................. 20 Figura 8: Localização da área de estudo. .............................................................................. 26 Figura 9: Marcação das secções ao longo do fuste................................................................ 29 Figura 10: Processo de retirada de discos ao longo do fuste.................................................. 30 Figura 11: Marcação dos raios e medição da largura dos anéis de crescimento. .................... 31 Figura 12: Elementos para aplicação do princípio de Smalian. ............................................. 32 Figura 13: Crescimento do DAP de Pinus taeda em função da idade. ................................... 34 Figura 14: Crescimento em altura de P. taeda L. em função da idade.................................... 36 Figura 15: Crescimento em volume de P. taeda em função da idade. .................................... 38 Figura 16: ICA e IMA do volume de Pinus taeda em função da idade. ................................. 39 Figura 17: ICA e IMA do volume por unidade de área de Pinus taeda em função da idade. .. 40 Figura 18: Factor de forma artificial em função da idade. ..................................................... 42
  • 10. viii LISTA DE ANEXOS Anexo 1: Tabela de produção............................................................................................... 54 Anexo 2: Ficha de campo..................................................................................................... 56
  • 11. ix LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ACT – Análise de Tronco Completa ANATRO – Análise de Tronco APT – Análise de Tronco Parcial CEFLOMA – Centro Florestal de Machipanda cm – centímetros DAP - Diâmetro à altura do peito DNTF – Direcção Nacional de Terras e Florestas Engo . – Engenheiro FAO – Organizações das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura ff – factor de forma G – área basal h – altura ha – Hectare ht – altura total ICA – Incremento Corrente Anual IFLOMA – Indústria Florestal de Manica IMA – Incremento Médio Anual IP – Incremento Periódico IPA – Incremento Periodico Anual IS – Índice de Sítio Km – quilómetro L – comprimento m – metro m2 – metro quadrado m3 – metro cúbico MAE – Ministério de Administração Estatal MINAG – Ministério da Agricultura mm – milímetros o C – graus celsius P.A. – Posto Administrativo UEM – Universidade Eduardo Mondlane USDA – United States Department of Agriculture π – valor constante de pi estipulado em 3,1416
  • 12. 1 I. INTRODUÇÃO O aumento demográfico da população nacional, assim como mundial; no geral, têm resultado na elevada necessidade de uso dos recursos naturais, quer renováveis assim como os não renováveis (Mackenzie, 2006; Zolho, 2010). Moçambique é um país com um potencial significativo no que tange aos recursos naturais, destacando-se as florestas nativas, que não são isentas do fenómeno de pressão, uma vez que, são tanto fonte de energia para cerca de 85% da população, como fonte de material de construção, e alimentam igualmente as indústrias madeireiras, além de serem desbravadas para dar lugar aos diferentes tipos de agricultura, e outras formas de uso e aproveitamento da terra (Zolho, 2010). Assim sendo, as plantações com espécies exóticas de rápido crescimento são levadas a cabo como forma de reduzir a maior pressão sobre as florestas nativas, bem como para garantir a fluidez da produção em empresas florestais. Os géneros Eucaliptus e Pinus são os mais usados nestes projectos, pelo que, estudos mais detalhados sobre estes são implementados com vista a se perceber a dinâmica do seu crescimento (MINAG, 2006). Deste modo, no género Pinus, a espécie Pinus taeda é de rápido crescimento, e devido à ausência de sintomas de deficiência no crescimento, principalmente nas rotações iniciais, reconhece-se ter poucas exigências nutricionais (Reissmann; Wisnewski, 2005). Contudo, diferenças do crescimento e da produtividade são reportadas por diversos autores ao longo do tempo em locais com índices de sítio diferentes, níveis nutricionais diferentes, assim como ao longo das rotações (Dedeck et al., 2007). Segundo Miranda (2014), a ecologia da produção florestal pode ser avaliada através do crescimento, do suprimento e da eficiência dos recursos naturais. Assim, o maneio desses recursos envolve a adopção de técnicas e práticas silviculturais que reduzem ou eliminem as limitações do crescimento dos povoamentos e, consequentemente, da produção e produtividade florestal. Tradicionalmente, para conhecer- se o nível de crescimento de uma floresta ou a sua capacidade produtiva, são utilizados conceitos como o Índice de Sítio (IS), o Incremento Corrente Anual (ICA) e o Incremento Médio Anual (IMA), os quais se podem estimar usando dados de inventários florestais oriundos de parcelas permanentes ou temporárias realizados em períodos distintos (Dedeck et al., 2007).
  • 13. 2 Prodan (1997) refere que o meio mais directo e acurado de estudar o desenvolvimento de uma árvore e os diferentes aspectos de seu crescimento é através da análise de tronco (ANATRO), podendo ser análise do tronco parcial ou análise do tronco completa ou total. Entretanto, a análise de tronco parcial é feita apenas ao nível do DAP, com base numa verruma de Pressler e, se refere geralmente apenas à medição do crescimento nos últimos 5 ou 10 anos. Outrossim, os dados obtidos com a análise do tronco parcial são geralmente utilizados para fazer a predição do crescimento de um povoamento a curto prazo, sendo o método da projecção da tabela do povoamento o mais utilizado para este fim, (Jorge, 2007). Não obstante, a análise de tronco total (ANATRO) é uma técnica que possibilita estimar o crescimento passado de uma árvore mediante a contagem e medição dos anéis de crescimento anuais de secções transversais tomadas a diversas alturas no tronco, (Husch et al., 1982). As relações idade-diâmetro, idade-altura e idade-volume estudadas ao longo da vida da árvore permitem estimar as taxas médias do incremento em diâmetro, altura e volume. Como é evidente, esta técnica é facilmente aplicável em espécies com anéis anuais de crescimento identificáveis sem dificuldade, como é o caso da maior parte das coníferas. Com isto, o trabalho presente visa realizar uma análise de tronco completa (ANATRO) com o objectivo fundamental de estimar o crescimento da floresta plantada de Pinus taeda de Inhamacari na província de Manica. 1.1.Problema de estudo e justificação. A continuidade da produção, a rentabilidade, o aumento de benefícios económicos que superem os custos, principalmente em função do aumento da produtividade do trabalho e redução de desperdícios, a conservação florestal e serviços ambientais são variáveis muito importantes no processo de produção florestal. E estas só são bem definidas e desenvolvidas, se for elaborado um plano de maneio florestal (Souza et al., 2004). Ora, o maneio florestal tem sido considerado por muitos pesquisadores, como um processo de tomada de decisão. Neste contexto, o profissional florestal necessita ter uma visão global de planeamento, utilizando-se para tal, ferramentas que possibilitem a previsão da produção, assim como gerenciar informações através de planos de maneio em que a optimização seja o centro do processo. O manejador florestal deve focar suas decisões em informações biológicas, económicas, sociais, ambientais e de mercado, de modo a propiciar a sustentabilidade desta prática e a perpetuação da actividade florestal no empreendimento (Koch, 1972).
  • 14. 3 Importa referir que, um plano de maneio florestal envolve múltiplas actividades inter- relacionadas, como os processos de colheita de produtos florestais madeireiros; assim como os não-madeireiros, os tratamentos silviculturais e o monitoramento da floresta remanescente visando melhorar sua qualidade, produtividade e, sobretudo, perpetuá-la. Neste contexto, a eficiência e sustentabilidade do maneio das florestas tropicais naturais e plantadas estão associadas à qualidade das operações de colheita da floresta e dos tratamentos silviculturais, bem como à conservação da base de recursos florestais que lhes dão sustentações ecológica, económica e social (Souza et al., 2004). A dificuldade na elaboração de um plano de maneio florestal para o povoamento florestal de Inhamacari especificamente para a espécie de Pinus taeda é causada pela falta de dados sobre o crescimento do povoamento, dificultando desta feita a predição da produção madeireira e não-madeireira desta plantação, pois, a aplicabilidade de um plano de maneio é directamente influenciada pelo conhecimento da composição florística, da estrutura fitossociológica e das distribuições diamétrica, altimétrica, espacial e volumétrica, tanto como o nível de crescimento periódico e anual da floresta. Pelo exposto, um estudo detalhado deste crescimento através da Análise de Tronco Completa - ANATRO, contribuirá de forma significativa para a elaboração dum plano de maneio e melhoria da gestão da floresta. 1.1. Objectivos 1.1.1. Geral  Estimar o crescimento da floresta de Pinus taeda em Inhamacari através da análise de tronco total. 1.1.2. Específicos  Estimar os incrementos anuais diamétrico, altimétrico e volumétrico;  Estimar o factor de forma;  Elaborar uma tabela de produção;
  • 15. 4 II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1.Situação florestal em Moçambique. Moçambique é um país que dispõe de consideráveis recursos florestais e faunísticos, os quais pelas suas dimensões ambiental, social e económica, são de destacada importância para o país (Bila, 2005). Estudos apontam que 62 milhões de hectares, ou seja, 620 mil km2 , o que representa cerca de 80% do território nacional, estão cobertos por algum tipo de vegetação natural, entre florestas de diferentes alturas e densidade, savanas, matagais e pradarias (Bila, 2005; Marzoli, 2007). É de se reiterar que, as espécies de plantas ultrapassam 5.500 essências, enquanto que, a fauna bravia compreende mais de 220 espécies de mamíferos, 690 aves, 167 répteis e 79 anfíbios. Deste potencial, 26,9 milhões de hectares são considerados floresta produtiva, com cerca de 22 milhões de metros cúbicos de volume comercial (Saket, 1994; Bila 2005). As florestas plantadas contribuem hoje com cerca de 15,500 hectares predominantemente compostas de pinho e eucaliptos (DNTF, 2006). Porém, no século XIX, tiveram lugar as primeiras plantações de árvores em Moçambique, especificamente na antiga Lourenço Marques, plantações predominantemente constituídas por espécies do género Eucalyptus, estabelecidas com objectivo de secar os pântanos existentes na parte baixa da cidade. Dados disponíveis indicam que, entre 1907 e 1920, o jardim Tunduro foi enriquecido com essências exóticas e, a partir de 1926, a cidade começou a ser arborizada de formada ordenada nas ruas próximas a Estação dos Caminhos-de-ferro, com o plantio de Eucalyptus tereticornis, Eucalyptus rostata e Eucalyptus robusta (DNTF, 2006). Portanto, com os objectivos de controlar as cheias, ornamentação, produção de tanino de acácia, produção de madeira para usos estruturais, energia e produção de celulose futuramente, foram em 1916 numa área de cerca de 3.200ha estabelecidos os primeiros plantios florestais em Namaacha. (Shimizu, 2006). O mesmo autor relata que já mais tarde na década 20, extensos plantios de Casuarina estabeleceram-se na barra do Rio Limpopo, com a finalidade de fixar as dunas que garantam a navegabilidade do rio e evitem cheias à jusante. Plantios de eucalipto de mil hectares cada, em Marracuene e Michafutene, foram estabelecidos em 1923. Em 1932, com o funcionamento da empresa Caminhos de Ferro de Moçambique que, por decreto, deveria produzir madeira para atender as suas próprias demandas de travessas ao
  • 16. 5 longo da linha férrea. Na mesma altura, destacaram-se empresas privadas que se dedicaram aos plantios de espécies florestais como a IFLOMA (Indústria Florestal de Manica), com a finalidade de produzir madeira serrada, e a Companhia de Chá de Zambézia, para abastecer lenha aos seus secadores da indústria de chá. Na sequência, a segunda fase de plantações florestais em Moçambique vem a ocorrer nos anos 1950 e 1960, com maior enfoque na província de Manica, onde foram estabelecidas plantações em cerca de 12 mil hectares de Eucalyptus e Pinus, maioritariamente Pinus taeda, visando à formação de uma base florestal para um futuro projeto de produção de papel. Outros plantios foram estabelecidos em Salamanga (eucaliptos e pinus), Lichinga (Pinus tropicais) e Vale do Limpopo com eucalipto (Shimizu, 2006). 2.2.Descrição da espécie Pinus taeda. 2.2.1. Origem e distribuição. Pinus taeda é uma espécie subtropical originária dos Estados Unidos. Distribui-se naturalmente do sul de New Jersey e Delaware à região central da Flórida e ao leste do Texas, e no Vale do Mississipi ao extremo sudeste do Oklahoma, Arkansas central e sul do Tennessee (USDA Forest Service, 2002). Sendo que, o Pinus taeda cresce em regiões de até 610m de altitude, entre as latitudes de 290 N até 38° N e as longitudes de 75° W e 95° W, com precipitação média anual de 1000 a 1500 mm, temperaturas de –23 a 38ºC, e preferencialmente em solos com má drenagem superficial, cresce também em solos com baixos teores de matéria orgânica, sendo uma espécie com baixas exigências nutricionais. (Koch, 1972; Berni, Bolza, Christensen, 1979; USDA Forest Service, 2002). 2.2.2. Descrição botânica. A tabela 1, mostra a descrição da espécie Pinus taeda, indicando as características básicas desta espécie. Contudo, autores como Shimizu (2005), defendem que em função das condições climático-ambientais de cada região de desenvolvimento duma espécie, pequenas alterações ou diferenças podem ser notadas em indivíduos; mesmo sendo da mesma espécie, geralmente as diferenças são notadas em colorações das folhas, fuste e o grau de crescimento influenciado pelo índice de sítio.
  • 17. 6 Tabela 1: Descrição do Pinus taeda. Classificação Descrição Filo, Classe, Ordem, Família Coniferophyta, Pinopsida, Pinales, Pinaceae Nome científico Pinus taeda Nomes vernaculares Pinus, pinheiro, pinheiro-amarelo Árvore Árvore monóica que no ambiente nativo pode atingir mais de 25 metros de altura, apresenta polinização anemófila e sementes com aproximadamente 5 mm de comprimento, com alas de até 25 mm. Fuste Recto, cilíndrico, com diâmetro entre 0,1 m e 0,6 m. Com casca sulcada e acinzentada em indivíduos jovens e castanho-avermelhada em indivíduos adultos, com placas escamadas. Folha Acículas de cor verde-escura, com 15 a 20 cm de comprimento, reunidas em feixes de três em três, cones femininos ovado-oblongos, sésseis ou subsésseis, muito persistentes e dotados de escamas espinhosas. Madeira Madeira resinosa, de cor branco-amarelada e fibra longa, o cerne e borne são indistintos pela cor, brilho moderado, cheiro e gosto. Todavia, eles são distintos e característicos (resina), grã direito; textura fina; densidade baixa, macia ao corte. Fontes: Shimizu (2005) e Lorenzi et al. (2003) 2.2.3. Caracterização do lenho. A madeira do Pinus taeda possui uma grã direita sendo por isso de fácil trabalhabilidade, seu lenho é formado por alburno largo de coloração amarela como presença de anéis de crescimento marcantes e canais resiníferos, o cerne é estreito com coloração castanha clara a rosa (Ferreira, 2009). No lenho, há formação de madeira juvenil e adulta, as quais variam com a espécie e podem ser afectados pelo ambiente. A madeira juvenil é formada nos primeiros anos de vida da
  • 18. 7 árvore, porem, a separação entre estas não é clara devido a ausência da alteração absoluta entre as células, ocorrendo uma fase de transição durante alguns anos (Maria, 2002). 2.2.3.1.Anéis de crescimento. Conforme a figura 1, os anéis de crescimento são formados pelo lenho inicial e tardio, que ocorrem no xilema do tronco e das raízes de algumas espécies arbóreas, como resultado da actividade periódica do câmbio, e suas células são diferenciadas (Maria, 2002). Assim, no período de elevada actividade fisiológica, onde a actividade cambial é intensa e regista-se rápido crescimento da árvore, é formado o lenho inicial, também conhecido como primaveril, que anatomicamente é caracterizado pela redução da parede dos traqueídeos, aumento do lume e pela coloração clara do lenho. Já no período em que a actividade fisiológica reduz, ou seja, no final do período vegetativo, a velocidade de crescimento da árvore reduz e forma-se o lenho tardio que é anatomicamente caracterizado pelo espessamento das paredes dos traqueídeos e redução do lume, tendo uma massa específica elevada comparativamente com o lenho primaveril, e tem uma tonalidade mais escurecida (Ferreira, 2009). Figura 1: Corte transversal de Pinus taeda, ilustrando: M – medula, LI – lenho inicial, e LT – lenho tardio. Fonte: Maria (2002) Portanto, a formação dos anéis de crescimento é intimamente relacionada e dependente das variações sazonais do clima (radiação, temperaturas e regime hídrico), resultando no incremento anual diferente entre os dois lenhos que compõem um anel de crescimento. A visualização e demarcação de anéis no Pinus taeda podem ser efectuadas facilmente, quando a espécie é plantada em regiões temperadas com estações bem definidas induzindo a sazonalidade da actividade cambial. Contudo, quando plantada em regiões com clima tropical e subtropical a periodicidade da actividade cambial é menos definida induzindo à formação de anéis falsos ao longo do crescimento (Zimmermann; Brown, 1971). De forma lacónica, os anéis de crescimento são considerados bancos de dados naturais que contêm informações ecológicas e históricas, e possibilitam a quantificação e reconstrução das variações climáticas ocorridas ao longo do crescimento anterior da árvore.
  • 19. 8 2.2.4. Usos Marto (2009), dá menção que a diversidade de utilização do Pinus taeda faz desta uma espécie importante para o sector florestal, pois, para além da produção de madeira maciça serrada que é beneficiada e convertida em mobiliários móveis e usada na construção civil, seu lenho também é usado para:  Paisagismo, através da arborização das urbes, praças, arborização decorativa;  Laminação, que é usada no fabrico de painéis compensados, brinquedos e objectos torneados;  Indústria de papel e celulose para o fabrico de embalagens, aproveitando-se o facto de possuir fibras longas;  Produção de painéis e chapas de fibra, cabos para vassouras, palitos de fósforo;  Os resíduos das diferentes fases de processamento podem ser usados como biomassa para a produção de vapor e energia em forma de pellets;  A resina do Pinus é usada industrialmente para a produção de tintas, vernizes, sabão, colas, graxas, esmaltes, ceras, adesivos, desinfectantes, isolantes térmicos, e terebintina (na produção de corantes, vedantes para madeira, reagentes químicos, cânfora sintética, desodorantes, inseticidas, detergentes de limpeza). 2.3. Crescimento e produção de povoamentos florestais O crescimento de uma árvore ou de um povoamento é o mais importante fenómeno na floresta, e este, consiste no alongamento e engrossamento das raízes, tronco e ramos (Assman, 1961). Scolforo (1998) define o crescimento como a alteração irreversível no tempo, principalmente em dimensão, muitas vezes em forma e ocasionalmente em número. O crescimento causa mudanças na árvore individual, influenciando o seu peso, volume e forma, que consequentemente estas mudanças são notáveis no povoamento como um todo. A árvore cresce em altura como resultado da actividade da gema apical ou terminal, através da divisão celular. Este crescimento é também conhecido como crescimento primário. Por conseguinte, o crescimento da árvore em altura produz a modificação mais notória do crescimento, especialmente na idade juvenil em que é facilmente observável a rapidez da modificação em altura, em períodos curtos de tempo. O crescimento linear de todas as partes da árvore é proveniente do meristema primário (Filho et al., 2003). Sob ponto de vista distintivo, o crescimento do diâmetro é proveniente do meristema secundário ou câmbio, através da deposição de camadas justapostas de lenho (Filho et al.,
  • 20. 9 2003). Este crescimento é também denominado de crescimento secundário, pois, geralmente a árvore cresce em altura numa primeira fase e depois em diâmetro. Este crescimento não é igual ao longo de todo o tronco da árvore e, as variáveis mais comummente utilizadas para mensurar este crescimento são o diâmetro a 1,30m de altura, o diâmetro ao longo do fuste, as alturas correspondentes a estes diâmetros, a altura total e a altura comercial e; sendo provenientes destes elementos o volume, a área basal, o peso e o estoque de carbono podem ser obtidos, pelo que, o diâmetro e a altura são as variáveis de especial destaque para o estudo do crescimento do povoamento (Campos e Leite, 2009; Scolforo, 1998). Spiecker (1975) relatou que o crescimento das árvores é o resultado dos efeitos da sua constituição genética, características ambientais definidas pelo clima, solo e sistemas de maneio e das interações destes factores. Segundo Hosokawa (1998), os parâmetros de medição do crescimento nas variáveis dendrométricas diâmetro, altura, área basal e volume de uma árvore, apresentam comportamento semelhante ao longo do tempo. Numa representação gráfica, a curva de crescimento e produção descreve uma forma sigmóide evidenciando quatro (4) elementos básicos: 1º. Origem igual a zero; 2º. Um ponto de inflexão; 3º. Um ponto de máxima tangência e; 4º. Uma assínptota. Fazendo uma relação entre cada fase do crescimento com os pontos característicos da curva de produção e crescimento (Figura 2), tem-se a dizer que do ponto inicial até ao ponto de inflexão, a árvore está na fase juvenil. Entre o ponto de inflexão e o ponto de máxima tangência, verifica-se a fase madura. Após o ponto de máxima tangência, segue na fase da senescência ou velha onde se nota a assímptota da curva (Figura 3). Portanto, cada fase apresenta ritmos diferenciados no crescimento e reacções diferentes com relação a diferentes factores de crescimento (Imanã-encinas, 2005).
  • 21. 10 Figura 2: Forma típica da curva de crescimento de uma árvore. Figura 3: Pontos da curva de crescimento de uma árvore. Fonte: Hosokawa (1998). 2.3.1. Métodos de expressão do crescimento de povoamentos florestais O crescimento de qualquer das variáveis dendrométricas pode ser avaliado segundo as modificações, geralmente de acréscimo, acumuladas ao longo do tempo. A essa característica é que se chama de incremento, ou seja, é a maneira de expressar-se o crescimento das variáveis dendrométricas (altura, diâmetro, área basal e volume) em função do tempo (Assman, 1961)
  • 22. 11 O mesmo autor, dá menção que várias formas são usadas para expressar o crescimento, podendo assim citar o incremento corrente anual (ICA), incremento médio anual (IMA), incremento periódico (IP) e o incremento periódico anual (IPA). O incremento refere-se ao crescimento da árvore ou de um povoamento florestal em um determinado período. Este período pode ser expresso em dias, semanas, meses, anos, décadas, dependendo do objectivo e ou finalidade. Assim, por exemplo, o acréscimo anual (i) de uma variável dendrométrica (y) entre um ano qualquer (t) e o ano seguinte (t+1) é dado pela expressão 1, Hosokawa (1998). i = y(t+1) – y(t) (1) Quando t = 1 o acréscimo anual ou corrente é aquele acréscimo que ocorre durante um ano. Se o período considerado for de (n) anos, ter-se-á o seguinte acréscimo: (2) Se o período considerado for maior que um ano, este é expresso como acréscimo periódico. Se o acréscimo acumulado for dividido pelos anos pertinentes (idade da árvore, da floresta ou do povoamento florestal), traduz- se o valor médio da variável em acréscimo médio anual Scolforo (1998). Esse acréscimo ou incremento pode ser obtido para todas as variáveis dendrométricas, contudo, na prática dasimétrica a variável mais utilizada é o volume, Scolforo (1998). 2.3.1.1.Incremento Corrente Anual (ICA). Este incremento indica o crescimento ocorrido entre o início e o fim da estação de crescimento em um período de 1 ano ou entre dois anos consecutivos. Sendo calculado através da fórmula 3 Imanã-Encimas (2005). – (3) Onde: ICA = incremento corrente anual da variável considerada, Y = dimensão da variável considerada, e t = idade
  • 23. 12 2.3.1.2.Incremento Médio Anual (IMA) Segundo Scolforo (1998), o IMA expressa a média do crescimento total à certa idade da árvore, ou seja, a média anual do crescimento para qualquer idade, calculável através da fórmula 4. IMA = Yt /to (4) Onde: IMA = incremento médio anual da variável em consideração Y = dimensão da variável considerada to = idade a partir do tempo zero. 2.3.1.3.Incremento periódico (IP) Esta é a medida de crescimento dum elemento dendrométrico considerado durante um determinado período. IP = Y(t + n) – Yt (5) Onde: IP = incremento periódico da dimensão considerada Y = dimensão considerada t = idade n = período de tempo 2.3.1.4.Incremento Periódico Anual (IPA). Indica o crescimento médio anual da árvore ou povoamento durante um certo período de anos, e o seu cálculo baseia-se nos valores do início e fim do período e o número de anos e pode ser expresso pela fórmula 6, Scolforo (1998). IPA = (Y(t + n) – Yt)/n (6) Onde: IPA = incremento periódico anual da variável considerada
  • 24. 13 Y = dimensão da variável considerada t = idade n = período de tempo Considerando-se os factores genéticos e ambientais como constantes, as curvas de crescimento podem ser obtidas em função da idade. Entretanto, a curva do incremento anual (IA) apresenta um tipo de forma sigmoidal, mostrando o crescimento acumulado até uma certa idade (Figura 4). Figura 4: Curvas típicas de crescimento e incrementos. Fonte: Maria (2002). De forma geral, em plantações florestais com espécies de rápido crescimento regista-se o maior IPA mais cedo do que o IMA, antes de ambos declinarem (Figura 4). O cruzamento da curva do IPA com o IMA determina a idade da rotação comercial do povoamento florestal Maria (2002). 2.3.2. Produção florestal A produção refere-se a quantidade total duma variável dendrométrica acumulada em certo tempo ou idade de referência e, esta é obtida ao somar os incrementos correntes anuais até a idade de interesse. A determinação do crescimento implica conhecer o estado inicial mensurável de magnitude crescente, assim como o outro estado final e o correspondente tempo transcorrido de um
  • 25. 14 estado ao outro. A esse crescimento acumulado ao longo do tempo denomina-se produção florestal (Scolforo, 1994). A produção de um povoamento pode ser expressa por uma equação de produção e, matematicamente, o crescimento é obtido ao derivar essa equação de produção (Campos e Leite, 2009). Com base em estudos de curvas de crescimento e de produção podem ser feitas diversas relações, por exemplo, pode ser identificada a idade técnica de corte ou de produtividade máxima no ponto em que o IMA é igual ao ICA. O máximo IMA é alcançado no ponto onde as duas curvas se encontram. Este ponto define a máxima taxa média de incremento da produção que uma determinada espécie pode alcançar num local particular. A forma dessas curvas é influenciada por diferentes factores de crescimento (Campos e Leite, 2009). A figura 5, indica a diferença entre os termos crescimento e produção duma árvore. Figura 5: Crescimento vs produção. Fonte: Albaugh et all. (2004) 2.3.3. Factores que influenciam o crescimento e produção florestal. O crescimento duma árvore nas diferentes variáveis dendrométricas é sempre variável, influenciado por diferentes factores que podem ser monitorados, assim como outros factores que a sua monitoria e controle são meramente onerosas ou mesmo impossíveis. Para uma melhor percepção da capacidade de produção de um povoamento florestal, é necessário que se estude as interacções entre a planta e o ambiente onde ela desenvolve, identificando os factores que afectam o seu crescimento e desenvolvimento. Vários autores têm vindo a
  • 26. 15 estudar e discutir a influência do melhoramento genético e práticas silviculturais no potencial de produção de uma floresta (Waterworth et al., 2007; Lincoln et al., 2007; Gonçalves et al., 2004). O melhoramento genético, permite a combinação de características desejadas e obtenção de materiais geneticamente bons, podendo ser resistentes a determinadas pragas e doenças, melhor adaptados a determinadas regiões com dadas condições edafoclimáticas, menos exigentes em termos hídricos, nutricionais e tratos culturais e mais eficientes na utilização dos recursos e, consequentemente, melhores em termos de crescimento e produção (Binkley et al., 2010; Guimarães et al., 2010). O espaçamento inicial, que dita o nível de competição entre as árvores no povoamento, a época do plantio, o desbaste, a poda ou desrame, a subsolagem, a aplicação de fertilizantes, o controle de ervas daninhas, controle de doenças, pragas e incêndios, são procedimentos silviculturas que o homem pode monitorar e controlar de acordo com os seus objectivos, com vista a evitar limitações no crescimento e produção florestal e garantir a maximização do aproveitamento dos bens e serviços do povoamento florestal (Binkley; Stape, 2004; Bizon, 2005). Segundo Gonçalves et al. (2004), o maneio dos recursos na sua distribuição, captação e uso, através de práticas silviculturais, é um grande desafio para a produção florestal, podendo na base deste; identificar e reduzir factores limitantes ao crescimento de árvores ou povoamentos florestais. A área foliar da árvore influencia as taxas fotossintéticas das copas, que são por sua vez influenciadas pelos elementos do clima (radiação solar, absorção do CO2, precipitação, evapotranspiração, temperatura, humidade do ar e regime de ventos) (Lambers et al., 2008). No entanto, Trovati (1982) refere que a radiação, temperatura, precipitação, humidade do ar são os elementos do clima que mais influências têm no crescimento de um povoamento florestal. Em plantações de Pinus taeda, a baixa disponibilidade de água e temperaturas extremas são factores que afectam negativamente a área foliar, e assim reduzindo a interceptação e uso da radiação solar (Allen e Albaugh, 1999). As temperaturas muito elevadas aumentam a transpiração e fechamento dos estómatos das plantas, podendo assim reduzir a assimilação do carbono; baixas temperaturas também influenciam o crescimento, à medida que reduzem a
  • 27. 16 actividade fotossintética devido ao congelamento das células. Porém, o Pinus possui ampla capacidade de aclimatação em variações climáticas a curto e longo prazo (Rundel et al., 1998). A água é um factor limitante à produção florestal, por ser obviamente o meio onde ocorrem todas as reacções químicas e bioquímicas que são a base de sobrevivência das plantas, como é o caso da reacção da fotossíntese, para além de controlar a abertura e fechamento dos estomas e a absorção de nutrientes do solo (Blake et al., 1992). Em um estudo, Binkley e Stape (2004) concluíram que, uma folha com um adequado suprimento de água pode fixar mais quantidade de carbono por unidade de luz interceptada do que uma folha com estresse hídrico e estomatos fechados, pois, o a disponibilidade de um recurso limitante pode influenciar a eficiência de outros recursos, consequentemente, um pequeno desequilíbrio no fluxo de água pode causar deficits hídricos e irregular funcionamento de inúmeros processos da planta. A quantidade de água que infiltra e permanece no solo depende da densidade do povoamento, da fisiologia das plantas, da estrutura e arquitectura do dossel, e principalmente do tipo do solo, distribuição e tamanho de seus poros. Porém, uma boa capacidade de armazenamento de água no solo pode ser um aspecto favorável ao crescimento e produção florestal, porque, proporciona melhores condições de sobrevivência durante o período seco; mas também, pode ser nocivo devido o provável alagamento fácil dos solos em períodos com precipitação (Albaugh et al., 2004). Características e propriedades do solo como, a textura, que determina a capacidade de retenção de humidade e nutrientes no solo, a estrutura, que modifica a influência da textura na capacidade de retenção de água e determina a aeração e capilaridade do solo; a cor, que indica a quantidade de matéria orgânica no solo; a profundidade, que determina a quantidade de água que pode ser retida e o volume de solo cujas raízes têm a capacidade de explorar; são as variáveis edáficas que maior influência têm no crescimento e produção florestal (Fisher e Binkley, 2000). As características edáficas podem ser alteradas pelo clima, topografia, vegetação, sendo que as actividades humanas determinam as condições químicas, físicas e biológicas do solo a longo prazo (Fisher e Binkley, 2000). Com isto, para manter ou melhorar o potencial de crescimento e produção florestal é necessário conhecer estas características e propriedades. E, por as plantas necessitarem de uma grande variedade de elementos químicos que participam em diversos processos essenciais e para sua nutrição, é necessário que os solos tenham características que permitam o suprimento adequado qualitativa e quantitativamente, sem excessos ou escassez; um suprimento que esteja em sincronia com o ritmo e fase de
  • 28. 17 crescimento das plantas, de modo a maximizar a eficiência da absorção e uso destes recursos (Larcher, 2006; Carvalho et al., 1999). 2.3.4. Crescimento e produção do Pinus. O trabalho árduo de pesquisas em Pinus desenvolvido nos últimos tempos tem sido a base para a adopção criteriosa de práticas silviculturais, e, em simultâneo com trabalhos de melhoramento genético das espécies, contribuem para o actual nível de produção florestal. Contudo, acredita-se que para o Pinus taeda a actual produtividade ainda não atingiu o seu potencial máximo, dado que, esta espécie mostra resposta à tratamentos culturais que aumentam o suprimento dos recursos naturais. (Allen; Aubagh, 2006; Jokela; Martin; Vogel, 2010; King et al., 2008). Kronka; Bertolani; Herrera, (2005) relacionaram a elevada capacidade de adaptação à adversas condições edafoclimáticas desta espécie com o rápido crescimento e elevada produtividade, podendo variar dependendo dos sítios de 25m3 /ha/ano a 45m3 /ha/ano. Os padrões de crescimento da floresta podem ser explicados pela uniformidade do povoamento e a interacção com o suprimento de recursos. Segundo Binkley et al. (2002), em povoamentos heterogéneos, as árvores dominantes possuem maiores taxas de crescimento devido a maior capacidade de aquisição dos recursos nutricionais e eficiência do seu uso, enquanto que, as árvores menores ou dominadas crescem acanhadas e lentamente devido à limitação de aquisição de recursos e fraca eficiência na sua retenção e utilização. Assim sendo, a interacção entre indivíduos dominantes e dominados reduz o crescimento de um povoamento. Stape et al. (2010) realizaram estudos com Pinus e constataram que povoamentos mais heterogéneos foram menos produtivos comparativamente aos mais uniformes, o que resultou em perdas de até 15% da produção de biomassa do fuste. Para estimar e comparar a produtividade entre sítios, e correlacioná-la aos factores edáficos, climáticos e do povoamento, é necessário avaliar a capacidade produtiva do sítio, a predição do crescimento e produção da floresta (Binkley et al., 2002). 2.4.Análise de tronco A análise de tronco é o estudo de certo número de secções transversais retiradas ao longo do tronco de uma árvore com a finalidade de determinar o seu crescimento e qualidade em períodos diferentes de sua existência (Barusso, 1977)
  • 29. 18 A técnica de análise de tronco (ANATRO) possibilita o registo do crescimento passado de uma árvore, e revela quanto ela cresceu em diâmetro e o nível de alteração da sua forma com o incremento do seu tamanho (Husch et al., 1982). Através desta técnica, é possível a reconstrução de todo o crescimento passado da árvore, levando em consideração cada ano de crescimento como uma árvore individual, tanto que, é possível obter um extenso conjunto de dados sobre o crescimento em diâmetro, altura e volume. Outros investigadores como Campos e Leite (2009) definem a análise de tronco como sendo um procedimento utilizado para o estudo da história do crescimento em altura, diâmetro e volume duma árvore. Enquanto ferramenta, a ANATRO pode ser efectuada de forma completa ou parcial. Análise de tronco parcial (APT) é uma técnica não destrutiva que não necessita do corte da árvore, as amostras são obtidas das árvores em pé, com o uso do trado de Pressler (Finger, 1992}. A análise completa do tronco (ACT) é, um método destrutivo, onde as árvores seleccionadas são derrubadas para retirada de secções do tronco em diferentes alturas absolutas e/ou relativas definidas (Finger, 1992; Kohler, 2013). O procedimento de análise de tronco parcial é utilizado para avaliação do crescimento em volume, área basal ou diâmetro, enquanto que o procedimento de análise de tronco completa é empregado no estudo do crescimento em altura, ou, mais precisamente no estabelecimento de tabelas de produção e curvas de classificação da capacidade produtiva de locais (Machado, 1978; Campos, 1979). A análise de tronco é uma técnica empregada de forma geral em árvores nas quais os anéis de crescimento são visíveis, como os anéis das coníferas. Esses dados devem ser coletados, de preferência no inverno, quando o crescimento vegetativo é menor, de tal modo que possa contribuir para diminuir os eventuais erros (Machado, 1978). O número de árvores a serem amostradas num estudo de análise de tronco é geralmente estabelecido arbitrariamente, independente do grau de precisão desejado. No emprego da análise do tronco para estimativas de crescimento dum povoamento florestal, a variação no crescimento em diâmetro e altura das árvores individuais, o número de árvores tratadas e o erro de amostragem oriundo da localização das parcelas ou árvores amostra na população são as principais fontes de erros; e, havendo maior erro de amostragem proveniente da distribuição e alocação das parcelas, o aumento de árvores para análise parcial, assim como
  • 30. 19 completa é inversamente proporcional ao alcance da precisão em estimativas do crescimento (Meyer, 1952). Contudo, a melhor distribuição diamétrica das árvores amostras para análise é a que mais se aproxima à distribuição diamétrica do povoamento (Spurr, 1952). Dependo da utilidade dos dados, a análise de tronco pode substituir o emprego de parcelas permanentes (Campos e Leite, 2009). A figura 6 representa o crescimento do tronco correspondente ao acúmulo de camadas de células sobrepostas em formas de cones, este acúmulo é originado pela actividade dos tecidos meristemáticos. Figura 6: Representação esquemática do perfil longitudinal obtido por ANATRO. Fonte: Finger (1992). 2.5.Forma do fuste Em florestas nativas bem como plantadas, é observável a existência de uma variação muito grande da forma do fuste das árvores, variações estas, que são caracterizadas geralmente pela proporcionalidade inversa das variáveis dendrométricas diâmetro e altura do fuste; ou seja, vão reduzindo o diâmetro ao longo da extensão da altura da árvore e, também variam as características do lenho do fuste Silva & Neto (1979). A esta diminuição dá se o nome de taper ou afunilamento, que é tida como a razão principal da variação do volume das árvores (Silva & Neto 1979).. A forma do tronco das árvores pode ser considerada tanto um conceito dendrométrico, como um conceito biológico; dependendo de se desejar salientar a produção da árvore, em termos
  • 31. 20 de um produto, ou o desenvolvimento da árvore em termos de um sistema vivente (Loetsch et al., 1973). A forma do tronco/fuste da árvore refere-se à configuração externa que rigorosamente não se identifica com a forma de um único sólido geométrico, mas sim com vários, segundo a porção do tronco considerada. Numa visão mais restrita, a forma do tronco pode ser associada ao termo afilamento que representa a diminuição do diâmetro com o aumento da altura; e como tal, pode ser expressa por uma função matemática que descreva a tendência dessa variação. (Husch et al., 1982) A representação gráfica do fuste da árvore é melhor descrita através do seccionamento conceitual do mesmo em três partes, resultando em figuras truncadas do neilóide, do parabolóide e do cone no sentido base – topo conforme ilustra a figura 7 (Loetsch et al., 1973). Figura 7: Seccionamento de um fuste em sólidos geométricos. Fonte: Loetsch et al. (1973) Husch et al. (1982) reconheceram que raramente essas formas puras são encontradas; e os limites entre os diferentes sólidos são de difícil identificação, entretanto, essa aproximação vem desempenhando um importante valor teórico na definição de uma expressão matemática, que descreva a forma do fuste. As árvores individuais podem assumir uma infinidade de formas e, deste modo, uma definição analítica explícita não deve ser generalizada, devendo as funções de forma restringirem-se a pequenas populações (Grosenbaugh, 1966). 2.5.1. Factores que influenciam a forma do tronco A forma do fuste é influenciada por factores como o espaçamento, onde as plantações com espaçamentos maiores entre árvores têm um índice de afunilamento maior, relativamente aos espaçamentos menores; devido à distribuição desequilibrada do incremento ao longo do fuste, causada pela baixa competição entre as árvores (Friedl, 1989). Ainda de acordo com os mesmos autores, a idade é outro factor importante na forma do fuste; notando-se que à medida que vai aumentando a idade, a conicidade tende a diminuir gradativamente, pois, quando a
  • 32. 21 árvore atinge o seu auge de crescimento, influenciado pela espécie e sítio, o seu crescimento em diâmetro e altura reduz, reduzindo desta feita as mudanças na relação entre a altura e o diâmetro. O regime desbaste tem um efeito visível sobre as dimensões da árvore individual, observando-se ao nível do diâmetro, acentuando a conicidade e reduzindo o factor de forma usado para a correcção; concluindo que em povoamentos desbastados, as árvores tendem a apresentar fustes mais cónicos, quando comparados com povoamentos não desbastados (Ribeiro, 2001). Outro factor de extrema importância para a forma do fuste é a poda, que, sengundo Larson (1963), a sua realização em povoamentos florestais disponibiliza espaço para crescimento da parte superior da árvore, ou seja, da base da copa; e reduz o crescimento da base do fuste, reduzindo assim a conicidade. Ahrens (1982) realizou um estudo da influência da poda no crescimento de Pinus elliotii, e constatou que os fustes diminuem a conicidade com o aumento da poda tornando os fustes mais cilíndricos. A posição sociológica da árvore no povoamento florestal tem influência na forma do seu fuste, na medida em que árvores dominantes têm copas mais largas e um menor crescimento relativo da altura em relação ao diâmetro (Scolforo et al., 1998). Desta feita, as árvores dominantes têm maior conicidade devido ao maior comprimento da copa; e, a diminuição da copa implica geralmente um decréscimo no afilamento das árvores, originando a redução da conicidade das árvores dominadas num povoamento florestal (Larson, 1963). Em sítios com boas condições, o crescimento dos fustes das árvores é concentrado na sua parte superior e em sítios mais pobres, o crescimento tem uma tendência uniforme; sendo este um factor que fez com que Larson (1963) concluísse que sítios bons propiciam condições para maior conicidade das árvores quando comparados com sítios pobres. Ahrens (1982) deu menção que a forma da árvore é altamente influenciada pelo ambiente onde ela cresce, e pela sua progénie, onde as características genéticas determinam a sua forma de crescer e o ambiente pode modificá-la ao longo do tempo. 2.5.2. Métodos de expressão da forma do tronco. Os métodos para expressão da forma de tronco podem ser directos, que se fundamentam nos factores de produção, portanto, envolvem uma investigação dos processos de crescimento (distribuição de nutrientes, actividades do câmbio, transporte de água, gradientes harmonais) e a dedução da forma da árvore resultante (Rios, 1997).
  • 33. 22 Outros métodos são os indirectos, que têm base em atributos ou características desse sítio, e envolvem a determinação dos perfis do tronco a partir de evidências empíricas. Nestes métodos, a forma do tronco pode ser expressa por quocientes de forma, factores de forma e modelos de afilamento, sendo que os quocientes exprimem a relação entre os diâmetros; e os factores de forma, a relação entre os volumes (Campos, 1993). 2.5.2.1.Factor de forma Silva; Neto (1979) e Finger (1992), cenceituam o factor de forma, como sendo um factor de redução do volume do cilindro para o volume real da árvore; devendo ser multiplicado pelo volume do cilindro para, então, se obter o volume da árvore mais aproximado à realidade. O factor de forma varia dependendo da altura que for medido o diâmetro do cilindro de referência, resultando assim em factor de forma artificial, natural e absoluto (Prodan et al., 1997). Apesar de certas limitações, o factor de forma mais utilizado tem sido o artificial por ser o mais fácil de obter, pois, o cilindro de referência tem como diâmetro aquele tomado à altura de 1,30 m do solo (DAP) (Jorge, 1982). Husch et al., (1982) usaram o volume do cilindro para obter o factor de forma artificial representado pela fórmula 7: (7) Onde: ff1,3 = factor de forma artificial; Vr = volume total com casca resultante da cubagem rigorosa do fuste g1,3 = área transversal tendo como base o DAP; ht = altura da árvore. Pode ocorrer que árvores com formas geométricas idênticas, mas com alturas distintas, produzam diferentes factores de forma artificial. Isto pode ser causado pela presença de contrafortes nas bases das mesmas, que em árvores velhas e grandes excedem a região do diâmetro à altura do peito, o que ocorre principalmente com espécies tropicais (Loetsch et al., 1973). Também pode ocorrer que dois troncos com o mesmo factor de forma artificial não tenham, necessariamente, a mesma forma (Cailliez,1980).
  • 34. 23 Face a estas limitações, Hohenadl em 1924, desenvolveu o factor de forma de Hohenadl também designado factor de forma natural. O factor de forma natural é expresso a uma série de medidas relativas, tomadas ao longo do tronco por um único valor ou factor, de maneira que se permita dizer algo sobre o desenvolvimento da referida série (Prodan, 1964). Na prática, o factor de forma natural é calculado aplicando-se a fórmula de volume de Huber ou de Hohenaldl aos dados decorrentes de uma série de medições, tomadas em alturas relativas. Contudo, têm-se encontrado muitas dificuldades para medir o diâmetro a uma altura relativa, particularmente da árvore em pé, pelo que, geralmente, se usam os dados extraídos a h/10 da altura da árvore, resultando na aplicação da fórmula 8 (Cailliez, 1980). (8) Onde: ff0,1 = factor de forma natural; Vr = volume total com casca resultante da cubagem rigorosa pelo método de Hohenaldl g0,1 = área transversal tendo como base a h/10 do tronco; ht = altura da árvore. Outro factor de forma, que devido às limitações e fidedignidade na extracção dos seus dados, é pouco usado é o absoluto, que baseia-se na secção transversal do tronco ao nível do solo como área da base equivalente ao do cilindro de referência (Finger, 1992). (9) Onde: ff0 = factor de forma absoluto; Vr = volume total com casca resultante da cubagem rigorosa g0 = área transversal do diâmetro medido na base da árvore (h = 0) ht = altura da árvore. 2.5.2.2.Quociente de forma. O quociente de forma é definido como a razão entre dois diâmetros. Tal como o factor de forma, o quociente de forma serve de factor de redução para o volume do cilindro. Entretanto,
  • 35. 24 a estimativa do volume assim calculado não tem a mesma precisão que a obtida com factor de forma. Outra aplicação está no estudo da forma de árvores e em modelos estatísticos como variável independente (Finger, 1992). Contudo, vários são os estudos relacionados ao quociente de forma, todos buscando a melhor maneira de expressar a forma dos fustes a partir da razão entre dois diâmetros. Com isso, além do quociente de forma mais tradicional proposto por Schuberg, existem outros como o quociente de forma de Johnson (kJ), quociente de forma de Girard (kG) e o quociente de forma de Hohenadl (kH) (Ferreira, 1999). 2.6.Tabelas de produção Para o planeamento da produção de um povoamento florestal é fundamental o conhecimento do estoque de crescimento e da produção futura da floresta, que pode ser obtido com técnicas de modelagem de crescimento e de produção. Estas técnicas tornam possíveis a avaliação de intervenções silviculturais e a realização de análises económico-financeiras. Assim, pode-se configurar as diferentes situações para fundamentar um processo de tomada de decisão. Os valores de produção de um povoamento florestal resultantes das diferentes metodologias de estudo de crescimento são sumarizados em tabelas de produção, com vista a garantir facilidade na análise da dinâmica do povoamento.
  • 36. 25 III. MATERIAL E MÉTODOS 3.1. Descrição da área de estudo 3.1.1. Localização A floresta de Inhamacari está situada no posto administrativo de Machipanda, distrito de Manica, na província central de Manica, fazendo fronteira ao Norte e Oeste com a República do Zimbabwé. Geograficamente está entre a latitude 18o 55’ 45” e 18o 57’ 56” Sul e longitude 32o 41’ 52” e 32o 44’ 57” Este (Chamba; Rokyta, 1994) O distrito de Manica localiza-se na parte central a Oeste da província de Manica, tem um formato alongado e estreito, fazendo limite a Norte pelo distrito de Bárue, a Sul pelo Distrito de Sussundenga, a Este pelo distrito de Gondola e em toda sua extensão Oeste pela República do Zimbabwé. (MAE, 2005). Com uma extensão de 459.400 ha, este Manica está dividido em 5 postos administrativos, nomeadamente: o Posto Administrativo de Manica, Vanduzi, Messica, Mavonde e Machipanda. O distrito possui uma população maioritariamente jovem, e que em 2005 foi estimada em 199.117 habitantes, resultando numa densidade populacional de 43,3 habitantes por km2 , sendo o P.A. de Machipanda com 44.911 habitantes. A localização está visualizada na figura 8.
  • 37. 26 Figura 8: Localização da área de estudo. 3.1.2. Clima e recursos hídricos. Segundo a classificação de Koppen, este distrito é caracterizado pelo clima temperado húmido ( Ferro e Bouman, 1987 – citado por MAE, 2005). A temperatura média anual é de cerca de 21,2o C, sendo assinalada a temperatura média mensal mais alta de 31o C em Outubro e o valor mensal mais baixo de 7,3o C no mês de Julho. Neste distrito, observa-se claramente a existência de duas estações distintas, a chuvosa que é desde o mês de Novembro até o mês de Abril, e a estação seca que ocorre no restante período do ano, resultando em valores médios na ordem dos 1000 a 1600mm de precipitação por ano. A evapotranspiração está em torno dos 1220 a 1290mm anuais. Ademais, as águas da região são drenadas pelo rio Revué e seus afluentes que por sua vez escoam suas águas à bacia hidrográfica principal da região que é o rio Búzi. 3.1.3. Relevo e solos. A região é caracterizada por uma cadeia montanhosa que ocorre do Sul a Norte da província na faixa que delimita a fronteira com a República do Zimbabwe que recebe a designação de “Cratão de Zimbabwe”. Ocorrem na região basaltos, riólitos e lavas alcalinas, sendo que a maior franja dos afloramentos forma cristas e cadeias montanhosas. A ocorrência destas montanhas eleva a altitude da região podendo algumas montanhas atingir 1500 a 2000m de altitude sendo a altitude mínima da região de 500m, influenciando assim no aumento da intensidade, duração e frequência da precipitação. Os solos mostram uma estrita relação com a geologia e o clima da região, sendo localmente modificados pela topografia e regime hídrico. A rocha mãe por onde os solos são desenvolvidos é característica do precâmbrico, rochas ácidas como granito e gnaisse, com topografia suavemente ondulada. Ocorrem basicamente solos argilosos, vermelhos óxicos ou castanhos avermelhados, profundos, bem drenados; nos cumes das montanhas ocorrem solos líticos, com textura franco- arenosa, pouco profundos e com baixa capacidade de retenção de água. Os solos possuem baixa fertilidade e são altamente erosivos apresentando assim limitações para a prática da agricultura (Pereira et al. 1999)
  • 38. 27 3.1.4. Vegetação e fauna A floresta de Inhamacari tem cerca de 994ha dos quais cerca de 496ha são de floresta plantada, maioritariamente composta pelos géneros de Pinus e Eucalyptus e a área restante (498ha) de floresta nativa de miombo e de montanha (Chamba; Rokyta, 1994). Tuzine (2011) realizou levantamentos na floresta e constatou a existência de seis tipos de uso e cobertura de solo destacando as plantações separadas de Pinus, Eucalyptus, plantações consorciadas destes géneros e consórcio de floresta com espécies nativas e Pinus e ou Eucalyptus. As plantações de Eucalyptus constituem-se de espécies como o Eucalyptus cloeziana, Eucalypyus grandis, Eucalyptus saligna que podem encontrar-se em talhões separados bem como em associação. As plantações de Pinus são constituídas por espécies como Pinus taeda, Pinus patula e Pinus elliotti. A floresta nativa é constituída por tipos florestais como a floresta sempre verde de montanha (MF2), floresta de miombo (T), sistemas agroflorestais (WG). Nestas formações florestais, ocorrem as espécies Brachystegia spiciformis, Brachystegia bohemii, Acacia sp, Albizia adiatifolia, Khaya nyassica, Julbernardia globiflora, Pterocarpus angolensis, Pericopsis Angolensis, Maytenus acuminata, Uapaca kirkiana, Ficus sp, Tabernamountain elleganse. Ocorrem espécies de fauna bravia como pequenos mamíferos, porcos do mato, macacos de diferentes variedades, cabritos e coelhos; que são caçados pela comunidade local e tem sido a fonte de incêndios descontrolados na floresta (Tuzine, 2011). 3.1.5. Situação sócio económica A agricultura é a actividade dominante do distrito de Manica e envolve quase todos os agregados familiares. De modo geral, a agricultura é manual em pequenas explorações familiares em regime de consorciação de culturas com base em variedades locais (MAE, 2005). Verifica-se a produção em sistema de monocultura de batata-doce, e consorciações de milho, mapira, mandioca, e feijão nhemba. Produz-se culturas de rendimento que são o algodão e o tabaco em regime de monocultura, é também notável a produção de batata reno e feijão manteiga e, durante a época fresca nos vales é comum a produção de hortícolas como couve, tomate, cebola, repolho e alface (Tuzine, 2011).
  • 39. 28 O fomento pecuário da região é fraco, porém, dada a tradição na criação de gado e algumas infra-estruturas existentes nota-se algum crescimento no efectivo pecuário do gado bovino, caprino, ovino e avícola. Existem extensas áreas de pastagem, sendo que as doenças e o deficit financeiro para os serviços de extensão são os impasses ao desenvolvimento pecuário (Tuzine, 2011). O comércio informal e a pequena indústria local (pesca, carpintaria e artesanato) surgem como alternativas á actividade agrícola para sustentação de algumas famílias (MAE, 2005). A produção agrícola, não só é comercializada localmente, mas também nas cidades de Chimoio e Beira, salientando igualmente a ida de comerciantes da capital da província, da Beira, Inhambane Maputo e outros pontos do país bem como visitantes da região fronteiriça do Zimbabwe para a compra de produtos (MAE, 2005). Contudo, a comunidade local beneficia da vegetação e dos desperdícios das actividades de exploração do CEFLOMA para extracção de material de construção, lenha e carvão para além dos produtos florestais não madeiros como o mel, cera, plantas medicinais e frutos para o suprimento das suas necessidades (Tuzine, 2011). 3.2. Material O trabalho foi possível com o uso dos seguintes materiais:  Fita métrica para a medição do comprimento,  Suta para a medição dos diâmetros das árvores,  Motosserra para abate e seccionamento das árvores,  Paquímetro para a medição das espessuras dos discos  Régua para a projecção e medição e marcação dos raios, assim como para a medição da largura dos anéis de crescimento,  Câmera fotográfica digital para a obtenção de imagens dos discos.  Estufa para a secagem dos discos  Lixa para lixar e suavizar a superfície dos discos com vista a melhorar a nitidez dos anéis.  Marcadores de spray para identificação e marcação das árvores seleccionadas para o estudo.  Peça de madeira com graduação para facilitar a medição e marcação dos comprimentos das secções.
  • 40. 29 3.3. Selecção de árvores amostra Para o estudo do crescimento foram selecionadas aleatoriamente um total de nove (9) árvores da classe dominante, com um fuste recto e cilíndrico, livres de pragas e doenças e até à realização do estudo não haviam sido desbastadas e nem desramadas artificialmente, tendo estas uma idade média de 30 anos e altura média de 23,1m. 3.4. Seccionamento das árvores Após a selecção das árvores amostra, mediu-se o diâmetro á altura do peito (DAP) e posteriormente o abate das mesmas. Já com a árvore abatida usando a fita métrica mediu-se o comprimento total da mesma, seguido da marcação das secções (figura 9) para a retirada dos discos com base em uma peça de madeira previamente graduada, começando pela extremidade da base (0,0m), ao redor da altura de 0,30 m até o ápice do fuste. Figura 9: Marcação das secções ao longo do fuste. Fonte: Chivale (2015) Para a realização dum estudo mais detalhado, um número maior de discos foi retirado da secção inferior (1a secção), colectando discos a 0,0 m; 0,3 m; 0.7m e a 1,30 metros de altura. A partir da altura do DAP a árvore foi seccionada e retirados discos em cada 2m até á altura final (figura 10), no caso em que na última secção não fosse possível medir os 2m para retirar o disco, a altura foi registada como comprimento remanescente. A espessura dos discos variou de 4 a 5 cm, pois, tomou – se em consideração que discos finos podiam sofrer contracções durante a secagem e rachar com facilidade e, discos muito espessos demorariam a secar e podiam criar constrangimentos no processo de transporte e manuseio devido ao seu elevado peso. Usando um marcador permanente, os discos foram identificados consoante a sua respectiva árvore e sequência das alturas em que foram obtidos.
  • 41. 30 Foram retiradas no total 126 discos das árvores de P. taeda tendo uma média de 14 discos para cada árvore. Os discos foram identificados na face inferior com um marcador onde se indicou o número da árvore, o sítio e a posição de onde foram retirados e posteriormente levados para secagem ao ar livre por 6 dias. Após a secagem, foi realizado o lixamento da face de medição de cada disco de modo a tornar os anéis de crescimento mais visíveis e facilitar o processo de obtenção, contagem e correspondente medição dos raios. Figura 10: Processo de retirada de discos ao longo do fuste. Fonte: Chivale (2015). 3.5. Marcação e medição dos raios. Para a marcação dos raios seguiu-se a metodologia proposta por Barusso (1977) que consiste em se traçar na face de medição de cada disco quatro raios perpendicularmente dispostos no sentido da medula para a borda do disco, usando uma régua e esquadro (figura 11). A medição da largura de cada anel de crescimento e da dimensão acumulada dos anéis foi feita sobre os raios traçados usando uma régua e considerando-se que a medula é o ponto zero. A estimativa da largura dos anéis de crescimento obtida pela média aritmética dos quatro raios foi evidentemente mais representativa para o anel em questão. Esta metodologia vem sendo adoptada na maioria absoluta dos trabalhos de análise de tronco (Finger, 1992; Machado et al, 2010).
  • 42. 31 Figura 11: Marcação dos raios e medição da largura dos anéis de crescimento. Fonte: Chivale (2015). 3.6. Processamento dos dados Após a obtenção das médias aritméticas das larguras dos anéis de crescimento através do software Excel estimou-se a área basal (G) para cada disco mediante a aplicação da fórmula 7. (7) Onde: G = área transversal da secção, π = é uma constante representada pelo valor 3,1416, d = diâmetro da secção Em seguida foi determinado o volume de cada árvore utilizando o método de Smalian, o qual calcula o volume de cada secção considerando um cilindro, onde o volume é o produto da média das áreas transversais da base e do topo da secção pelo comprimento da secção, fórmula 8, sobre o qual adicionou-se o volume da última secção da árvore (Figura 12), sendo este calculado considerando uma figura geométrica de um cone que é expresso pela fórmula 9 (Finger, 2006). ou simplesmente (8) Onde: Vs = volume da secção
  • 43. 32 π = é uma constante representada pelo valor 3,1416, L = comprimento da secção dt = diâmetro do topo db = diâmetro da base Gb = área basal da base Gt = área basal do topo Volume do cone, ou seja, da última secção que ostenta apenas a área da base. (9) Onde: Vc = Volume do cone (última secção), Lc = Comprimento da secção/do cone Gb = área transversal da base. Figura 12: Elementos para aplicação do princípio de Smalian. S= secção, L = comprimento da secção, Lc = comprimento do cone. Fonte: Chivale (2015), adaptado de Silva e Neto (1979). O ICA e o IMA foram calculados para as variáveis dendrométricas diâmetro, altura e volume e para isto, foram aplicadas respectivamente as fórmulas 3 e 4 deste trabalho. Com base na cubagem rigorosa e estimativa do volume das 9 nove árvores foi estimado o factor de forma artificial para o povoamento. Este factor de forma baseou-se na aplicação do volume do cilindro obtido pelo diâmetro medido à altura do peito (DAP), tendo para a
  • 44. 33 efectivação aplicada a fórmula 7 do trabalho. De referir que este método já foi em estudos similares descrito e aplicado por Husch et al., (1982). A construção da tabela de produção do povoamento de Pinus taeda foi mediante o uso dos dados de análise de tronco das 9 árvores amostradas, onde de cada árvore seleccionada e cubada através da ANATRO, foram medidos e estimados dados como o DAP, área transversal, altura e volume total para todas as idades desde o ano 1 até a data da realização do estudo. Para a representação da produção do povoamento calculou-se a média aritmética da produção das 9 nove árvores usadas para o estudo e posteriormente multiplicada pelo número de indivíduos por unidade de área. Pela dificuldade na obtenção de dados relativos a inventários do povoamento, para a estimativa dos volumes globais do povoamento, considerou-se o espaçamento usado na plantação e tomou-se como fixos factores como mortalidade e retanchas para inferir o número de árvores existentes por unidade de área. Fontes do arquivo da base de dados sobre a plantação, indicam que esta, nunca foi desbastada, pelo que, este factor não teve influência em erros de estimativa do número de indivíduos por unidade de área no povoamento florestal.
  • 45. 34 IV. Resultados e discussão 4.1. Crescimento de Pinus taeda no povoamento florestal de Inhamacari Os dados da análise de tronco das árvores amostradas na área experimental foram processados e os seus resultados utilizados para o estudo de crescimento em diâmetro, altura e volume em função da sua idade. 4.1.1. Crescimento do diâmetro à altura do peito (DAP) A figura 13, indica o processo de desenvolvimento do DAP ao longo do tempo, sendo descriminado a cada idade, desde o ano 1 das árvores amostradas até à altura da realização do estudo. Figura 13: Crescimento do DAP de Pinus taeda em função da idade. É notória na figura 13 uma curva de crescimento em diâmetro em forma sigmoidal, onde no estágio inicial até cerca dos 8 anos de idade que se pode definir como a fase juvenil, correspondente ao crescimento lento, seguindo a fase da maturidade equivalente ao aumento ligeiro no ritmo de crescimento, já na última fase do crescimento, nota- se claramente a redução do crescimento. A partir dos 27 aos 30 anos nota-se um crescimento muito baixo que tende a estagnar, atingindo assim a assímptota da curva, que é o limite máximo de crescimento, também conhecido como capacidade máxima de suporte. É neste ponto que, segundo Odum (1988), 0 5 10 15 20 25 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 DAP(cm) Idade (anos)
  • 46. 35 não ocorre nenhum aumento significativo, sendo que, a partir deste ponto não é economicamente viável manter a árvore em pé. Na tabela 2 estão apresentados os incrementos corrente e médio anual do DAP. Tabela 2: ICA e IMA do diâmetro de Pinus taeda em função da idade. Idade (anos) DAP (cm) ICA (cm/ano) IMA (cm/ano) Idade (anos) DAP (cm) ICA (cm/ano) IMA (cm/ano) 1 0,90 0,9000 16 14,60 0,65 0,9125 2 1,60 0,10 0,8000 17 15,05 0,45 0,8853 3 1,80 0,20 0,6000 18 15,60 0,55 0,8667 4 1,90 0,10 0,4750 19 15,65 0,05 0,8237 5 2,50 0,60 0,5000 20 16,35 0,70 0,8175 6 2,90 0,40 0,4833 21 16,75 0,40 0,7976 7 3,50 0,60 0,5000 22 17,25 0,50 0,7841 8 4,30 0,80 0,5375 23 17,50 0,25 0,7609 9 5,75 1,45 0,6389 24 17,80 0,30 0,7417 10 8,45 2,70 0,8450 25 18,05 0,25 0,7220 11 10,95 2,50 0,9955 26 18,30 0,25 0,7038 12 12,35 1,40 1,0292 27 18,58 0,28 0,6880 13 13,00 0,65 1,0000 28 18,85 0,28 0,6732 14 13,45 0,45 0,9607 29 19,13 0,28 0,6597 15 13,95 0,50 0,9300 30 19,35 0,22 0,6450 A fase intermédia, ou seja, de maturidade do desenvolvimento da árvore é que mostrou maior crescimento em termos diamétricos, tendo sido registado nesta fase o maior incremento corrente anual (ICA) de cerca de 2,7cm/ano aos 10 anos, bem como o maior incremento médio anual (IMA) de 1,03cm/ano observado um pouco mais tarde, aos 12 anos da idade. Os valores mais baixos foram verificados aos 19 e 4 anos para o ICA e IMA respectivamente. O DAP é um dos parâmetros, além do volume, que os pesquisadores procuram em estudos de crescimento florestal e a forma de o apresentar depende da necessidade para que foi feito o estudo (Scolforo, JR., 1998). Manga (2011) efectuou um estudo similar com Pinus taeda em um talhão com as mesmas características climáticas mas acontecimentos silviculturais diferentes e obteve um IMA diamétrico máximo de aproximadamente 0,96cm/ano aos 21 anos de idade, que também pode ser considerada uma idade na fase de maturidade da árvore.
  • 47. 36 Eisfeld et al. (2004) durante um estudo de modelagem do crescimento e da produção de Pinus taeda por meio do processo de difusão no Paraná, Brasil, constataram que a partir dos 18 anos, o diâmetro já não possuía tanta influência sobre o crescimento, mantendo-se praticamente constante. Contudo, é também notável no presente estudo com base na tabela 2 uma diminuição significativa no ICA e IMA diamétrico na última fase do crescimento, podendo assim se verificar a entrada das árvores desta plantação á fase de senescência. 4.1.2. Crescimento da altura O crescimento altimétrico é ilustrado na figura 14, indicando a altura que a árvore alcançou a cada idade. Figura 14: Crescimento em altura de P. taeda L. em função da idade. Tal como verificou-se para a variável DAP, é também para a altura claramente visível uma curva de crescimento em forma sigmoidal, onde no estágio inicial até cerca dos 8 anos de idade que se pode definir como a fase juvenil correspondente ao crescimento lento, e seguindo a fase da maturidade equivalente ao aumento ligeiro no ritmo de crescimento, já na última fase do desenvolvimento, nota se a redução do crescimento; tendências similares foram indicadas no estudo de Manga (2011). A assímptota da curva para esta variável começa a verificar-se mais cedo comparativamente ao diâmetro, visto que, para a altura a redução significativa do crescimento notabiliza-se a partir dos 24 anos, onde é o limite máximo de crescimento, também conhecido como capacidade máxima de suporte. Este facto entra em concordância com Encinas et al. (2005) que afirmaram que, em geral, primeiro a árvore cresce em altura e depois em diâmetro. Este 0 5 10 15 20 25 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 Altura(m/arv.) Idade (anos) Altura
  • 48. 37 crescimento é influenciado principalmente pelo espaçamento e pelos mesmos factores que influenciam para o crescimento em altura. Na tabela 3 estão apresentados os incrementos corrente e médio anual da altura. Tabela 3: ICA e IMA da altura de Pinus taeda em função da idade. Idade (anos) Altura (m) ICA (m/ano) IMA (m/ano) Idade (anos) Altura (m) ICA (m/ano) IMA (m/ano) 1 0,30 0,3000 16 16,20 0,90 1,0125 2 0,60 0,30 0,3000 17 17,10 0,90 1,0059 3 1,60 1,00 0,5333 18 17,90 0,80 0,9944 4 2,30 0,70 0,5750 19 18,50 0,60 0,9737 5 3,05 0,75 0,6100 20 19,30 0,80 0,9650 6 4,00 0,95 0,6667 21 19,50 0,20 0,9286 7 4,30 0,30 0,6143 22 20,10 0,60 0,9136 8 4,90 0,60 0,6125 23 20,90 0,80 0,9087 9 5,20 0,30 0,5778 24 21,40 0,50 0,8917 10 6,40 1,20 0,6400 25 21,90 0,50 0,8760 11 6,90 0,50 0,6273 26 22,00 0,10 0,8462 12 7,50 0,60 0,6250 27 22,20 0,20 0,8222 13 9,30 1,45 0,7154 28 22,40 0,20 0,8000 14 11,80 1,40 0,8429 29 22,60 0,20 0,7793 15 15,30 1,50 1,0200 30 22,80 0,20 0,7600 Constatou-se que nesta variável o ICA e o IMA máximo ocorreram ambos aos 15 anos de idade das árvores, tendo sido de 1,5 e 1,02 m/ano respectivamente, e o ICA mais baixo verificado a partir do 26o ano até aos 30 anos de idade, que nestas idades o ICA foi de 0,1 a 0,2m/ano. Doravante, pode-se afirmar que esta árvore entrou no seu estado senil nesta fase, posicionamento este que é defendido por Odum (1988). O IMA mais baixo foi de cerca de 0,3m/ano, verificado nas idades de 1 e 2 anos, facto este que pode ser sustentado por Barrichelo et al. (1978) que durante seu estudo de procedências de Pinus taeda visando seu aproveitamento industrial no Brasil, concluiu que geralmente os primeiros anos de implantação de plantações de Pinus podem ser de incremento baixo nas diferentes variáveis dendrométricas devido a factores de adaptabilidade das mudas ao campo
  • 49. 38 de plantio, visto que estas podem passar por uma crise se o processo de endurecimento não ter sido efectuado correctamente. Manga (2011) observou que o máximo crescimento anual em altura ocorreu aos 19,5 anos de idade com cerca de 0,62m/ano no IMA, contudo, estas diferenças podem ser devidas ao regime de maneio silvicultural dos talhões bem como a outros factores relacionados as condições do sítio. 4.1.3. Crescimento volumétrico O crescimento em volume para a árvore individual é muito influenciado pelo diâmetro e pela altura, ou seja, o volume tende a seguir o padrão de crescimento do diâmetro em concordância com a altura. A figura 15, indica o crescimento do volume resultante da ANATRO para cada idade das árvores amostra. Figura 15: Crescimento em volume de P. taeda em função da idade. O volume é sempre crescente como resultado da existência no local de condições amenas para crescimento, porém, é notável uma tendência dum crescimento muito lento nos primeiros estágios do desenvolvimento da árvore. Este comportamento é decorrente da variação do crescimento do diâmetro e altura das árvores anteriormente indicada. A mesma tendência foi constatada por Manga (2011). Esta tendência do crescimento volumétrico, pode ser melhor compreendida observando a Figura 15, que explica a relação entre o ICA e o IMA das árvores amostradas neste estudo. 0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 Volume(m3/arv.) Idade (anos) Volume Volume
  • 50. 39 Figura 16: ICA e IMA do volume de Pinus taeda em função da idade. É notável uma oscilação na tendência da curva do ICA e uma tendência sempre crescente da curva do IMA, onde, o ICA máximo é alcançado aos 20 anos de idade, avaliado em cerca de 0,0219m3 /ano e o mínimo aos 2 anos rondando nos 2,41249E-05m3 /ano Já para a tendência sempre crescente do IMA (o maior IMA no ano 30, com cerca de 0,0114m3 /ano) conjuntamente com a não intercepção das curvas podem revelar que as árvores amostradas estejam ainda em crescimento. Chyo et al. (1982) ao executar a análise de tronco de uma Araucaria angustifolia (Bert.) O. Ktze. de 160 anos de idade nativa do Brasil obteve resultados similares e concluiu que a árvore ainda continuava o processo de crescimento em volume. Ainda Manga (2011) obteve resultados similares. 4.1.3.1. Crescimento volumétrico por unidade de área. Com base nos resultados médios do crescimento das árvores individuais, foi estimado o ICA e IMA volumétrico por unidade de área no povoamento, podendo ser ilustrados na figura 17. 0 0,005 0,01 0,015 0,02 0,025 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 Incremento(m3/arv.ano) Idade (anos) ICA IMA
  • 51. 40 Figura 17: ICA e IMA do volume por unidade de área de Pinus taeda em função da idade. O IMA máximo verificado foi de 12,63m3 /ha/ano na idade de 30 anos, que é a idade em que se fez o estudo. Kronka et al. (2005), mostraram num estudo com o Pinus taeda que a espécie se consolidou ecológica e economicamente na região sul do Brasil principalmente por possuir rápido crescimento e ampla adaptação, podendo atingir a produtividade média variando de 11 a 25m3 /ha/ano, podendo ultrapassar em alguns sítios 45m3 /ha/ano. Segundo Campos e Leite (2006), a curva do ICA não é simétrica e tem um ponto máximo e dois pontos de inflexão. O seu ponto máximo, indica a idade de máxima produtividade da árvore, e partir daí, a taxa de produção cai. Podendo neste estudo ser notável o primeiro ponto de inflexão visível aos 8 anos, e o máximo ICA acontece aos 20 anos sendo de cerca de 24 m3 /ha/ano e desse ponto, o decréscimo deste incremento ganha lugar. A curva do IMA apresenta-se mais estável e com um aumento mais vagaroso em relação à curva do ICA, facto que também é sustentado por Coelho (2010) que durante seu estudo de avaliação do maneio da produção económica de madeira de Pinus taeda L. com características qualitativas superiores encontrou curvas similares. A curva de ICA atingiu seu ponto máximo antes da curva de IMA, e as duas curvas não se cruzam, facto relacionado como foi mencionado no ponto 4.1.3 à continuidade do crescimento das árvores. Apesar de se tratar de um povoamento com idade por volta de 30 anos, essa possibilidade ainda é factível pelo facto de poder haver a migração de árvores de uma classe social para outra. Este acontecimento é decorrente dos desbastes, com a liberação do crescimento pela maior oferta dos factores ambientais e, associado a isso, quando houver alguma intercorrência no 0 5 10 15 20 25 30 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 Volume(m3/ha) Idade (anos) ICA IMA
  • 52. 41 povoamento, como a morte, redução de copa ou quebra das árvores do entorno (Schneider, 1993). Contudo, Campos e Leite (2006), referem que em povoamentos com o ciclo de crescimento completo, estas curvas se cruzam no ponto de máximo IMA. Concordando ainda com o mesmo autor, do ponto de vista da máxima produção biológica, esse ponto indica a idade de intervenção no povoamento, definindo a idade de desbastes, corte raso ou de rotação do povoamento. 4.2. Estimativa do factor de forma Na tabela 4 são apresentados os factores de forma artificiais estimados para cada idade, cujas tendências de variação podem ser observadas na figura 18. Tabela 4: Factor de forma de Pinus taeda em função da idade. Idade (anos) ff1.3 Idade (anos) ff1.3 Idade (anos) ff1.3 1 0,9533 11 0,4921 21 0,4561 2 0,9771 12 0,4944 22 0,4593 3 0,9115 13 0,4620 23 0,4643 4 0,8752 14 0,4071 24 0,4693 5 0,8744 15 0,3487 25 0,4720 6 0,8730 16 0,3470 26 0,4810 7 0,8713 17 0,3620 27 0,4860 8 0,8632 18 0,3758 28 0,4924 9 0,8344 19 0,4202 29 0,4964 10 0,5771 20 0,4281 30 0,5086 Foi verificado um factor de forma menor que 1 para todas as idades, que segundo Scolforo (1994) é o ideal para um povoamento.
  • 53. 42 Figura 18: Factor de forma artificial em função da idade. Observa-se na tabela 4 e figura 18 que em árvores com diâmetros inferiores, ou seja, nas idades iniciais os factores de forma são maiores que 0,60 e tendendo a 1 na fase que se pode considerar juvenil. Esses factores de forma diminuem com o aumento do diâmetro, até permanecerem, aproximadamente, constantes em nos maiores diâmetros, apesar da tendência de crescimento suave destes. Os valores de factor de forma comprovam as tendências das árvores que, com o tempo, começam a incrementar em diâmetro, adquirindo uma forma mais cilíndrica, neste estudo tendo uma tendência de melhoramento da forma do cone pelo notável incremento do factor de forma, embora muito suave a partir dos18 anos. Campos et al. (1993) estudando a variação da forma do fuste de clones de eucaliptos, concluíram a respeito do factor de forma absoluto com casca e sem casca, que esta pode ser uma boa alternativa para calcular o volume de parcelas experimentais em substituição ao “volume cilíndrico” ou tabelas de volume, desde que sejam identificados corretamente o clone, as classes de diâmetro da árvore e o factor de forma correspondente. Manga (2011), verificou uma tendência de decréscimo do factor de forma com a idade e associou este facto à falta de desrame ao longo da vida dos indivíduos e, segundo Montagna et al. (1993) citado por Manga (2011) o desrame teria influência na forma do tronco da espécie tornando-a mais cilíndrica e consequentemente aumentar o factor de forma. Tendência similar foi relatada por Cardoso (2009), que em seu estudo com Pinus taeda no Brasil constatou que entre árvores não podadas a tendência é de redução do factor de forma à medida que aumenta a relação h/DAP. 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 Factordeforma Idade (anos) ff1.3
  • 54. 43 4.3. Tabela de produção Pode se ver na tabela de crescimento e produção (Anexo 1) que o IMA médio em diâmetro ao longo do desenvolvimento das árvores foi de 0,75 cm/ano em cada árvore. Pode se também notar que o IMA máximo em volume por unidade de área foi de 12,6 m3 /ha/ano e volume médio de cerca de 142 m3 /ha. Cardoso (2009) encontrou nos seus estudos de crescimento da mesma espécie em Brasil um IMA máximo de cerca de 28m3 /ha/ano, valor superior ao do presente estudo o que pode estar relacionado com outros factores de crescimento como o espaçamento inicial do talhão estudado por este autor que apresentava maior densidade de árvores, pelas condições edafo climáticas e operações silviculturais.
  • 55. 44 V. CONCLUSÕES Tomando como base os resultados obtidos da análise de tronco de 9 árvores de Pinus taeda num talhão da floresta de Inhamacari, que duma forma geral permitiram alcançar os objectivos traçados, conclui-se que: Os padrões de crescimento foram de níveis baixos em ICA tanto como em IMA para as diferentes variáveis dendrométricas em estudo (altura, diâmetro e volume) nos primeiros anos de vida da plantação, ou seja, na fase de juvenilidade, este crescimento veio a ganhar um impulso já na fase madura das árvores, tendo atingido o pico em IMA volumétrico aos 30 anos e ICA aos 20 anos esperando-se ainda que as árvores continuem seu crescimento. Notou- se um crescimento muito baixo, tendendo mesmo a estagnação do incremento a partir dos 24 anos de idade. A produção da floresta é regular As árvores amostradas possuem uma forma mais cilíndrica nos seus primeiros anos de estabelecimento. Na fase de maturidade notou-se maior diminuição do factor de forma sendo inversamente proporcional à evolução do factor de forma. As árvores têm uma forma regular. A produtividade do Pinus taeda está intimamente associada às características climáticas e edáficas da região e dos tratos silviculturais no povoamento. A tabela de produção obtida é representativa das características produtivas do povoamento, esperando que a produção incremente, embora prevendo-se que seja em valores baixos.
  • 56. 45 VI. RECOMENDAÇÕES Com base nos resultados obtidos e conciliando-os às conclusões constatadas, recomenda-se o seguinte: Devido a forte tendência no sector florestal para o uso de técnicas de sensoriamento remoto e de processamento digital de imagens, no sentido de aumentar a rapidez e a precisão na obtenção e processamento de dados, especialmente com o emprego de geotecnologias e softwares informáticos, recomenda-se que se criem condições materiais, financeiras e humanas para dar lugar a estudos e aprimoramento de técnicas de análise de tronco digital. Que se use a ferramenta ANATRO para os próximos estudos do crescimento de povoamentos, visto que esta técnica mostra-se eficiente e com elevada qualidade dos dados obtidos, sendo menos oneroso e demandando baixos períodos de monitoramento comparando com outras técnicas de estudo de crescimento. Para as empresas do sector florestal que não possuem curvas de produção já desenvolvidas e instituições de investigação do ramo, recomenda-se que equipem seus laboratórios de estudos de crescimento com equipamentos auxiliares da ANATRO como mesa digitadora, planímetros, lupas, microcomputadores com softwares apropriados com vista à realização da ANATRO para seus estudos. Para próximos estudos de crescimento com ANATRO para povoamentos, que se selecionem para amostragem árvores de todas as classes diamétricas e todas classes sociológicas como forma de garantir representatividade e fidedignidade nos resultados da estimativa do crescimento. Que se façam no povoamento de Pinus taeda e outras espécies na floresta de Inhamacari estudos para se apurar as características e capacidades produtivas do sítio objectivando a construção de curvas de índice de sítio, pois é uma ferramenta essencial para a caracterização de sítios florestais.
  • 57. 46 VII. LIMITAÇÕES DO ESTUDO Foram impasses para o estudo os seguintes aspectos: Falta de dados de inventário florestal que informem os índices de mortalidade e o número real de indivíduos por unidade de área, tendo assim dificultado o processo de estimativa e dinâmica das diferentes variáveis dendrométricas por unidade de área. Falta de algum equipamento para melhoramento da visualização dos anéis, e para a construção do perfil longitudinal das árvores amostradas. A falta do software apropriado, tendo assim impossibilitado o processo de estimativa de crescimento com a análise de tronco digital através de imagens de secções transversais.
  • 58. 47 VIII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Ahrens, S. 1982. Importância da distribuição de resíduos de regressão na seleção de equações de volume, Curitiba n. 10, p. 7-26. Albaugh, T. J.; Allen, H. L.; Dougherty, P. M.; Johnsen, K. H. 2004. Long term growth responses of loblolly pine to optimal nutrient and water resource availability. V. 192, pp 317 – 330. Forest Ecology and Managment, Amsterdam Albaugh, T. J.; Allen, H. L.; Fox, T. R. 2006. Individual tree crown and stand development in Pinus taeda under different fertilization and irrigation regimes. Forest Ecology and Management, Amsterdam, v, 234. Allen, H. L.; Albaugh, T. J. 1999. Ecophysiological basis for plantation production: A loblolly pine case study, V.20, pp. 3-8, Bosque, Valdivia. Assmann, E. 1961, The principles of forest yield study, Pergamon Press. New York. Barrichelo, L. E. G.; Kageyama, P. Y.; Spelz, R. M.; Bonish, H. J.; Brito, J. O.; Ferreira, M. 1978. Estudos de procedências de Pinus taeda visando seu aproveitamento industrial. Boletim Informativo do Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais. Piracicaba, v. 6, Brasil. Barusso A.P. 1977. A determinação de funções de crescimento mediante análise de tronco, Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Agrárias, Curitiba. Barusso, A. P. 1977. A determinação de funções de crescimento mediante análise de tronco. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais) Universidade Federal do Paraná, Curitiba – PR. Berni, C. A.; Bolza, E.; Christensen, F. J. 1979. South american timbers: the characteristics, properties and uses of 190 species. Melbourne: Ivory House. Bila, A. 2005. Estratégia para a Fiscalização Participativa de Florestas e Fauna Bravia em Moçambique. Support for the implementation of forest and wildlife legislation in Mozambique, DNFFB/FAO, Maputo, Moçambique Binkley, D.; Stape, J. L. 2004. Sustainable management of Eucalyptus plantations in a changing world. IUFRO Conference, Eucalyptus in a changing world, Aveiro.