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FACULDADE DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA
ENGENHARIA DO AMBIENTE- (LABORAL) 4º Ano
Energia e Ambiente
Tema:
Discentes: Docente:
Alafo, Rolf Enoque Issaia Eng.º Alberto Júlio Tsamba
Gove, Lurdes Manuel
Mucavele, Edny Alfredo Nelson
Maputo, Maio de 2017
Energia e Mudanças
Climáticas (MC)
UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE
FACULDADE DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA
ENGENHARIA DO AMBIENTE- (LABORAL) 4º Ano
Energia e Ambiente
Tema:
Discentes: Docente:
Alafo, Rolf Enoque Issaia Eng.º Alberto Júlio Tsamba
Gove, Lurdes Manuel
Mucavele, Edny Alfredo Nelson
Maputo, Maio de 2017
Energia e Mudanças
Climáticas (MC)
i
Índice
I. Dedicatória .................................................................................................................................I
II. Agradecimentos .......................................................................................................................... I
III. Declaração de Honra...............................................................................................................II
IV. Listas de Figuras, esquemas e gráficos....................................................................................III
Lista de Figuras ............................................................................................................................III
Lista de Tabelas........................................................................................................................... IV
V. Lista de Abreviaturas, símbolos e siglas.......................................................................................V
VI. Resumo.................................................................................................................................. VI
1. Introdução ..................................................................................................................................1
2. Apresentação do problema ...........................................................................................................2
3. Justificativa.................................................................................................................................2
4. Objectivos do Trabalho................................................................................................................3
4.1. Geral:..................................................................................................................................3
4.2. Específicos:.........................................................................................................................3
5. Revisão bibliográfica...................................................................................................................4
6. Metodologia de estudo.................................................................................................................4
7. Enquadramento Geográfico..........................................................................................................5
8. Conceitos básicos sobre energia e clima........................................................................................6
9. Mudanças climáticas e Histórico da variabilidade climática............................................................6
10. Causas das Mudanças climáticas...............................................................................................8
10.1. Causas naturais: ...............................................................................................................8
10.1.1. Movimento de placas tectónicas ....................................................................................8
10.1.2. Erupções vulcânicas......................................................................................................8
10.1.3. Variações da orbita terrestre..........................................................................................9
10.1.4. Variações oceânicas......................................................................................................9
10.2. Causas antropogénicas:...................................................................................................10
ii
10.2.1. Desflorestamento........................................................................................................10
10.2.2. Queima de combustíveis .............................................................................................11
11. Evolução histórica da interferência climática pelo sector energético..........................................11
12. Evidencias das mudanças climáticas .......................................................................................13
12.1. Derretimento das calotas polares e aumento do nível da água nos oceanos .........................14
12.2. Desastres naturais...........................................................................................................15
12.3. Avanço dos desertos.......................................................................................................16
12.4. Extinção de animais........................................................................................................16
13. Consequências a curto, médio e longo prazo das Mudanças Climáticas .....................................17
13.1. Consequências no sector de recursos hídricos e pescas......................................................17
13.2. Consequências nas zonas costeiras...................................................................................17
13.3. Consequências na saúde humana .....................................................................................17
13.4. Consequências na agricultura e nas florestas ....................................................................17
14. Energia e desenvolvimento socioeconómico............................................................................18
15. Relação entre mudanças climáticas e produção/ uso de energia.................................................19
16. Consumo mundial de energia por fonte ...................................................................................19
16.1. Carvão...........................................................................................................................20
16.1.1. Segurança energética ..................................................................................................20
16.1.2. Meio ambiente............................................................................................................20
16.2. Petróleo.........................................................................................................................21
16.2.1. Meio ambiente............................................................................................................21
16.3. Gás Natural....................................................................................................................22
16.3.1. Meio ambiente............................................................................................................22
17. Degradação da qualidade da atmosfera....................................................................................23
18. Efeito de estufa e aquecimento global .....................................................................................24
18.1. Efeito de estufa ..............................................................................................................24
18.2. Aquecimento global........................................................................................................25
19. Relação efeito de estufa e aquecimento global .........................................................................25
iii
20. Vulnerabilidade as mudanças climáticas..................................................................................26
20.1. Exposição ao risco..........................................................................................................26
20.1.1. Áreas Susceptíveis a Cheias ........................................................................................27
20.1.2. Áreas Susceptíveis a Secas..........................................................................................28
20.1.3. Áreas Susceptíveis as Ciclones ....................................................................................28
20.2. Fraco desenvolvimento socioeconómico ..........................................................................30
21. Mitigação dos seus impactos ..................................................................................................31
21.1. Fortalecimento institucional e do Quadro Legal................................................................31
21.2. Estabelecimento de Centros de Investigação, Gestão de Recursos e Alternativas para
Redução das Emissões de GEE......................................................................................................31
21.3. Valorização e Preservação dos Recursos Florestais...........................................................33
21.4. Construção de Infra-estruturas de Engenharia...................................................................34
22. Exemplos de eventos induzidos por mudanças climáticas .........................................................36
22.1. A nível global ................................................................................................................37
22.1.1. Furacão Katrina..........................................................................................................37
22.1.2. Ciclone Nargis (2008).................................................................................................37
22.1.3. Onda de calor na Europa (2010) ..................................................................................38
22.1.4. Chuvas intensas no Brasil............................................................................................39
22.1.5. El Niño (2015) ...........................................................................................................39
22.2. Em África......................................................................................................................40
22.2.1. Seca no Leste Africano...............................................................................................40
22.3. A nível nacional ............................................................................................................41
22.3.1. Ciclone Dineo ............................................................................................................41
22.3.2. Cheias de 2000...........................................................................................................42
23. Estatísticas da fatalidade dos efeitos da MC.............................................................................43
24. Papel do Engenheiro do Ambiente ..........................................................................................44
25. Papel dos outros intervenientes...............................................................................................45
25.1. Papel da População nas mudanças climáticas ...................................................................45
iv
25.2. Protocolo de Quioto........................................................................................................45
26. Principais Sectores Intervenientes em casos de desastres..........................................................46
26.1. MITADER – Ministério da Terra Ambiente e Desenvolvimento Rural...............................46
26.2. INGC – Instituto Nacional de Gestão de Calamidades.......................................................46
26.3. SETSAN – Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutrição................................47
26.4. CVM – Cruz Vermelha de Moçambique ..........................................................................47
26.5. PMA – Programa Mundial de Alimentação......................................................................47
26.6. UNICEF – Fundo das Nações Unidas Para Criança ..........................................................48
26.7. PNUD – Programa Para Nações Unidas para o Desenvolvimento ......................................48
26.8. FEWS Net Mind.............................................................................................................49
27. CONCLUSÃO......................................................................................................................51
28. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................................52
I
I. Dedicatória
Queremos dedicar esse nosso Projecto Cientifico, aos nossos nobres Pais em primeiro lugar, e
também em especial aos nossos progenitores (Avos), eles são a nossa fonte de inspiração
salvaguardando os seus ensinamentos, primos, amigos, toda família no geral e a comunidade
académica.
II. Agradecimentos
Em primeiro lugar queremos agradecer a Deus por essa nobre e irremunerável oportunidade de
poder estar vivo ate a data de hoje e ter a oportunidade de elaborar esse Projecto Científico, que é
uma honra em especial para nos como estudantes da Faculdade de Engenharia. E sem tirar mérito
aos nossos Encarregados de educação (Pais) pela atenção que por eles nos é concedida, sem a
especial atenção deles com certeza não chegaríamos ate aqui.
Aos Docentes da Faculdade de Engenharia-UEM, em especial no Departamento de Engenharia
Química, por terem nos dotado de conhecimentos técnico-científicos para elaboração desse que o
nosso Projecto de Pesquisa. E aos nossos calorosos colegas de faculdade e de Curso que tem sido
como irmão quase que família caminhado junto sempre, rumo a batalha para alcançar aquilo que
é o nosso objectivo a Formação em Licenciatura em Engenharia do Ambiente.
O nosso muito Obrigado é dedicado aos colegas, amigos, vizinhos e toda família no (Geral) pela
ajuda que nos é prestada sem nenhum remorso.
II
III. Declaração de Honra
Declaro por nossa honra que o presente trabalho e a informação nele contido, é fruto do trabalho
de investigação pessoal. Os resultados são fiéis às observações efectuadas e as bibliografias
consultadas.
Os Declarantes:
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ——————————————————
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
(Rolf Enoque Issaia Alafo)
(Lurdes Manuel Gove)
)
(Edny Nelson Alfredo Mucavele)
)
(O Supervisor)
III
IV. Listas de Figuras, esquemas e gráficas
Lista de Figuras
Ilustração 1 - Mapa de Moçambique--------------------------------------------------------------------------------5
Ilustração 2 - Localização de Moçambique no Globo-------------------------------------------------------------5
Ilustração 3 - Mudanças de temperatura em Vostok, Antartica. Períodos interglaciais são marcados em
verde--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------7
Ilustração 4 - Excreção do magma, gases e partículas quentes e cinzas.----------------------------------------8
Ilustração 5 - Circulação oceânica de longa duração--------------------------------------------------------------9
Ilustração 6 - Comercialização de Lenha para Centros Urbanos------------------------------------------------10
Ilustração 7 - Efeito do CO2 de combustíveis fosseis na evolução futura da temperatura média global. O
verde representa a evolução natural, o azul representa os resultados da libertação antrópica de 300Gton C,
laranja representa 1000Gton C, o vermelho 5000Gton ----------------------------------------------------------11
Ilustração 8 - Emissões de gases de efeito de estufa relacionadas com o sector energético por tipo de gás
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------12
Ilustração 9 - Emissões de CO2 acumulativas relacionadas com o sector energético por região------------13
Ilustração 10 - Recuo da calota polar norte -----------------------------------------------------------------------14
Ilustração 11 - variação do nível dos oceanos e comparação entre fontes de estudos-----------------------15
Ilustração 12 - Cheias de 2000 em Moçambique Província de Gaza-------------------------------------------15
Ilustração 13 - Vista aérea de New Orleans após o furacão Katrina (2005) -----------------------------------15
Ilustração 14 - Regiões da Terra com maiores riscos de desertificação----------------------------------------16
Ilustração 15 - o aquecimento global põe em risco habitats de várias espécies-------------------------------16
Ilustração 16 - Evolução industrial vs crescimento social-------------------------------------------------------18
Ilustração 17 - Consumo mundial de energia por fonte ----------------------------------------------------------20
Ilustração 18 - Reservas múndias ----------------------------------------------------------------------------------20
Ilustração 19 - Emissões por tipo de combustível ----------------------------------------------------------------21
Ilustração 20 - Reservas múndias de petróleo---------------------------------------------------------------------21
Ilustração 21 - Consumo mundial de gás natural por segmento, 2003-2030 ----------------------------------22
Ilustração 22 - Emissão de CO2- Produção de calor industrial por tipo de combustível ---------------------22
Ilustração 23 - Emissão de CO2 - produção d energia eléctrica por tipo de combustível --------------------22
Ilustração 24 - Mecanismo da inversa térmica na Atmosfera ---------------------------------------------------23
Ilustração 25 - Mecanismo do fenómeno estufa ------------------------------------------------------------------25
Ilustração 26 - Emissões de gases de efeito estufa por actividade sectorial -----------------------------------25
Ilustração 27 - Zonas de riscos a cheias em Moçambique -------------------------------------------------------27
Ilustração 28 - Zonas com potencial risco para secas ------------------------------------------------------------28
IV
Ilustração 29 - Frequência de ciclones que atingem a zona da africa Austral---------------------------------29
Ilustração 30 - Potencial renovável global de Moçambique-----------------------------------------------------32
Ilustração 31 - Localização de fontes renováveis de energia em Moçambique -------------------------------32
Ilustração 32 - Caracterização das fontes de energia-------------------------------------------------------------33
Ilustração 33 - Campanhas educativas, preservação e conservação dos recursos florestais -----------------33
Ilustração 34 - Diques de protecção--------------------------------------------------------------------------------35
Ilustração 35 - Barragem--------------------------------------------------------------------------------------------35
Ilustração 36 - Eventos extremos pelo mundo --------------------------------------------------------------------36
Ilustração 37 -Impactos do Furacão Katrina ----------------------------------------------------------------------37
Ilustração 38 - Desastres resultantes do ciclone nargis ----------------------------------------------------------38
Ilustração 39 - Ondas de Calor em Novembro de 2010----------------------------------------------------------38
Ilustração 40 - Deslizamento de Terra no Brasil------------------------------------------------------------------39
Ilustração 41 - Deserto no chifre da africa ------------------------------------------------------------------------40
Ilustração 42 - Escassez de água na Somália----------------------------------------------------------------------40
Lista de Tabelas
Tabela 1 - Eventos extremos que acusaram morte em áfrica.................................................................43
Tabela 2 - Estatística de fatalidade Moçambique para eventos extremos entre os anos 1980-2008 ..........43
V
V. Lista de Abreviaturas, símbolos e siglas
GEE- Gases de Efeito Estufa
OMS- Organização Mundial da Saúde
ONU- Organização das Nações Unidas
CO- Monóxido de Carbono
NO2- Dióxido de Carbono
SO2 – Dióxido de Enxofre
UNFCCC – Convecção Quadro das Nações
Unidas sobre Alterações Climáticas
AIE- Agencia Internacional Energia
IFC- Internacional Finance Corporation
PGA- Plano de Gestão Industrial
AIA- Avaliação do Impacto Ambiental
Mozal- Moçambique Alumínio
MC – Mudanças climáticas
MITADER – Ministério da Terra, Ambiente e
Desenvolvimento Rural
MADER - Ministério da Agricultura e
Desenvolvimento Rural
INGC - Instituto Nacional de Gestão
Calamidades
FEWS - Femine Early Warning Systems
IPCC- Painel Intergovernamental sobre mudanças
climáticas
MOPH - Ministério das Obras Publicas e Habitação
INGC – Instituto Nacional de Gestão de Calamidades
SETSAN – Secretariado Técnico de Segurança
Alimentar e Nutrição
CVM – Cruz Vermelha de Moçambique
PMA – Programa Mundial de Alimentação
PMA – Programa Mundial de Alimentação
PNUD – Programa Para Nações Unidas para o
Desenvolvimento
UNICEF – Fundo das Nações Unidas Para Criança
CFc’s – Clorofluorcarbonetos
CO2 – Dióxido de Carbono
CO – Monóxido de Carbono
NOx – Óxidos de Nitrogénio
SOx – Óxidos de Enxofre
Km2 – Quilómetros Quadrados
Km/h – Quilómetros por hora
% - Por cento/ Percentagem
m – metros
MDL– Mecanismo de desenvolvimento Limpo
MTC – Ministério de Transporte e Telecomunicações
MICULTUR – Ministério da Cultura e Turismo
VI
VI. Resumo
As etapas da cadeia de suprimento energético a produção, a conversão, o transporte e o consumo
dos vários insumos contribuem como parcela significativa das emissões de gases de efeito estufa
60% a 65% (1). Mesmo com os esforços voltados ao uso eficiente de energia e ao
desenvolvimento das chamadas fontes renováveis de energia ainda modestos, mas contínuos, a
tendência é que tal importância se mantenha. Reduções significativas das emissões de gases de
efeito estufa associadas ao uso da energia, sem sacrifício da qualidade de vida da população
mundial, irão requerer um grande esforço para a diversificação da matriz energética e a mudança
de padrões de consumo. Portanto, para que as emissões de GEE sejam reduzidas e a
concentração de GEE seja estabilizada em patamares razoáveis, é preciso que em 40-50 anos o
sistema energético mundial passe por um profundo processo de transformação, com
diversificação da matriz energética e mudança de hábitos de consumo. Baseado em um estudo
feito pela Agência Internacional de Energia, tendo como horizonte o ano 2050, alternativas de
redução das emissões de GEE são analisadas neste artigo.
Moçambique têm uma população maioritariamente rural cuja sobrevivência depende
fundamentalmente da agricultura (2). A prática agrícola e a segurança alimentar da população
são afectadas por muitos problemas ligados a mudanças climáticas com repercussões directas
advindas da seca, cheias, ciclones e agravadas pela presença da epidemia do HIV/SIDA.
Estes constrangimentos contribuem para um ineficiente desempenho dos sectores económicos e
resultam no agravamento da qualidade de vida das populações que a prior vivem no limiar da
pobreza. O conceito de vulnerabilidade é extremamente vasto, devido à imensidão de factores
que concorrem para o seu evento e a natureza do seu impacto. A vulnerabilidade a mudanças
climáticas compreende dois componentes: o risco de ocorrência dum evento (ex: seca, ciclone,
cheias) e a capacidade de adaptação das comunidades perante esse evento (tais como recursos
materiais, financeiros, implementação de estratégias de adaptação, etc). Para a presente análise,
considera-se de vulnerabilidade a todos os impactos físicos-naturais e sócio económicos
consequentes da ocorrência de eventos climáticos extremos, e a incapacidade das populações
adaptarem-se, e ainda agravados pelos níveis de pobreza extrema que a população enfrenta. Uma
avaliação e definição de estratégias para diminuição de riscos advindos de mudanças climáticas
para o caso de Moçambique, deve cobrir períodos de curto e médio prazo dada a fragilidade dos
recursos disponíveis da população (2).
1
1. Introdução
O presente trabalho tem como tema Energia e Mudanças climáticas. Uma preocupação surgiu a
partir do momento em que se notou que o estado do clima a nível global tem sofrido grandes
variações com impactos como, a perda florestal, erosão do solo, eventos climáticos extremos,
perda de biodiversidade já visíveis e mensuráveis, por isso surgiu juntamente a necessidade de
entender melhor quais os fenómenos que contribuem para essa mudança radical. É de referir que
o clima, já sofria alterações desde milhões de anos atrás, mas o que se tem verificado é que essas
alterações do clima têm ocorrido em uma escala, velocidade e amplitude do processo diferentes.
Este problema tem sido atribuído ao excesso nas emissões dos gases de efeito de estufa.
Esses gases de efeito de estufa são gerados em vários sectores como a indústria, transporte, agro-
pecuária, construção e sector de geração de energia. Este último influencia principalmente com
as emissões decorrentes da queima de combustíveis fosseis em larga escala.
Desde o inicio da revolução industrial, o homem descobriu fontes de energia como combustíveis
fosseis e aprendeu a queima-los em condições controladas para produzir trabalho mecânico e
substituir o homem e os animais em trabalhos altamente pesados, multiplicando assim a
produtividade. Poucos anos depois foi se verificando que o nível gases emitidos durante a
combustão estava aumentando e se acumulando na atmosfera.
Estudos constaram que a terra já aqueceu cerca de 1oC em média. Estudos Indicam também que
se as emissões continuarem a taxa actual, pode-se experimentar no futuro próximo uma
temperatura de 3 a 5oC mais quente do que temos actualmente.
Daí a necessidade de se estabelecer uma relação entre o sector energético e as emissões gasosas,
com o objectivo de se estabelecer e identificar os meios de mitigar as emissões de modo a manter
o clima do planeta equilibrado.
2
2. Apresentação do problema
As emissões de gases de efeito estufa GEE em 2004 foram estimadas em 49 GtCO2-eq (bilhões
de toneladas de dióxido de carbono equivalente). No mesmo ano, segundo a Agência
Internacional de Energia, as emissões de dióxido de carbono associadas ao uso de fontes fósseis
de energia (petróleo, carvão mineral, gás natural) representaram 26,6 GtCO2, ou seja, pouco
menos de 55% das emissões totais de GEE. Ainda em 2004, consideradas as emissões de todos
os GEE’s, estima-se que as emissões associadas ao uso da energia tenham superado 30 GtCO2-
eq. Portanto, no presente o uso de energia representa pelo menos 60% das emissões totais de
GEE. Enquanto no período 1970-2004 as emissões totais de GEE cresceram 70% (de 28,7 para
49 GtCO2-eq), no mesmo período as emissões associadas ao suprimento de energia cresceram
145% individualmente, o maior crescimento, enquanto as emissões associadas aos transportes
cresceram 120% - o segundo maior crescimento. Uma perspectiva da importância relativa do uso
da energia do ponto de vista das emissões de GEE é dada pelo IPCC, que avalia que nos cenários
não associados à mitigação de GEE as emissões de GEE poderiam crescer 25% a 90% entre
2000 e 2030, sendo que o crescimento das emissões associadas ao uso da energia poderia variar
entre 40% e 110%. Portanto, do ponto de vista das emissões de GEE, é clara a importância do
uso da energia, bem como é evidente que a mitigação das emissões associadas requer acções
concretas, mas sem impor sacrifícios à qualidade de vida da população mundial, principalmente
dos segmentos populacionais que ainda não têm acesso à energia segundo (1).
3. Justificativa
Uma cidade não pode ser concebida sem os equipamentos infra-estruturais que dão suporte a sua
habitabilidade e consequente sustentabilidade. Neste caso uma cidade potencialmente
industrializada, deve ser acompanhada ou regida por uma boa legislação ambiental, sobretudo no
que concerne a poluição atmosférica, impacto causado as populações. Pois esta tem sido mui
preponderante na saúde pública dos munícipes dessas zonas industrializadas, dos danos que a
poluição atmosférica pode causar, vão desde as chuvas acidas que afectam em grande magnitude
os edifícios, monumentos e solos ate câncer nas suas diversas formas.
3
4. Objectivos do Trabalho
4.1. Geral:
 Relacionar a Produção e Consumo de Energia com as Mudanças Climáticas
4.2. Específicos:
 Identificar as causas e consequências das mudanças climáticas;
 Descrever Impactos das mudanças climáticas;
 Identificar estratégias para mitigação dos impactos;
 Identificar o papel do engenheiro do ambiente na mitigação dos impactos.
4
5. Revisão bibliográfica
Embora o meio ambiente sempre tenho sido essencial para vida, a preocupação com o equilíbrio
entre a vida humana e meio ambiente só assumiu dimensões internacionais a partir da década de
1960, com o avanço internacional da produção industrial e a degradação ambiental observados a
segunda guerra mundial (3).
Um dos grandes marcos sobre a preservação ambiental para o futuro da humanidade foi realizada
pela Comissão Mundial sobre meio Ambiente e Desenvolvimento em (1991), que constatou em
seu relatório “Nosso futuro Comum” publicado em 1987, que os problemas da degradação do
meio ambiente não resultam apenas do desenvolvimento económico. A partir das próximas
décadas, elas serão gerados principalmente pelo agravamento do subdesenvolvimento económico
e social do terceiro mundo.
6. Metodologia de estudo
Em função dos objectivos do estudo, o trabalho foi dividido em etapas a saber:
1. Primeira, consulta bibliográfica onde colheu-se dados para dar uma base solida de
conhecimentos que possam contribuir para o sucesso dos objectivos traçados.
2. Segunda, foram desenvolvidas actividades na forma cronológica, seguir-se-á a fase de análise
e interpretação dos mesmos, onde relacionou-se com os objectivos traçados, e esta culminou
com a elaboração do relatório final.
5
7. Enquadramento Geográfico
O território Moçambicano é um Pais situado na costa sudeste de África como é ilustrado na
imagem 2, entre os paralelos 10o27’ e 26o52’ de latitude e entre os meridianos 30o12’ e 40o51’ de
longitude. O país cobre uma superfície de 799.380 km2, dos quais 786.380 km2 de terra firme e
13.000 km2 de águas interiores.
A extensão da fronteira terrestre é de 4.330 km2, limitando a norte a República Unida da
Tanzânia; a oeste (de norte para sul) o Malawi, a Zâmbia, o Zimbabwe, a província do Transvaal
na República da África do Sul e o reino da Swazilândia; a sul com a província do Natal na
República da África do Sul; a leste, Moçambique é banhado pelo Oceano Índico. O comprimento
da linha costeira atinge os 2.515 km, da foz do rio Rovuma, a norte, à Ponta do Ouro, a sul. A
menor largura é de 47,5 km e situa-se entre a Namaacha e Catembe e a maior, entre a península
de Mossuril e a confluência do rio Aruângua com o rio Zambeze. A figura a baixo mostra a
localização geográfica de Moçambique (4).
Ilustração 2 - Localização de Moçambique no Globo Ilustração 1 - Mapa de Moçambique
6
8. Conceitos básicos sobre energia e clima
O clima é um dos aspectos do estudo da meteorologia, que constitui a ciência que se dedica ao
estudo da atmosfera terrestre. O clima representa o estado médio da atmosfera, obtido através
dos eventos de tempo durante um longo período. O clima também representa as condições
meteorológicas médias de uma determinada região. O clima de um determinado lugar esta
relacionado com factores como, a latitude, a Altitude e distância do mar. (4)
Nesse âmbito, é importante mencionar certos elementos meteorológicos que são afectados
directamente por qualquer alteração que possa ocorrer na atmosfera, nomeadamente, ventos,
temperatura atmosférica, pressão atmosférica e humidade relativa.
O conceito de energia é muito abstracto, difícil de se definir. Mas ela pode ser definida como a
propriedade de um sistema que lhe permite realizar trabalho, essa energia pode assumir várias
formas (calorífica, eléctrica, química, mecânica, electromagnética, radioactiva), transformáveis
umas nas outras através de dispositivos próprios. As principais fontes de energia usadas são a
água, o vento, as reacções químicas e nucleares, a radiação solar e os combustíveis fosseis, que
são conversíveis em energia eléctrica. (5)
9. Mudanças climáticas e Histórico da variabilidade climática
A variabilidade climática é um fenómeno natural caracterizado pelas oscilações periódicas do
clima. O histórico da variabilidade climática está directamente relacionado com factores de
variabilidade solar. Esse histórico está dividido em períodos glaciais e interglaciais. Os períodos
glaciais são períodos de frio intenso e os interglaciais são períodos caracterizados pelo calor
intenso.
Há cerca de 100 milhões de anos, em uma era conhecida como Mesozóico a temperatura média
do planeta era cerca de 10ºC acima da temperatura actual. Logo depois, a cerca de 65 milhões de
anos atrás na era do Cenozóico, houve um resfriamento. Continuaram as mudanças no clima e na
configuração dos continentes, ate que a cerca de 20 milhões de anos atrás, a Antárctida ficou
Isolada termicamente das restantes regiões. No período do quaternário, há 3 milhões de anos
atrás, deu-se espaço a alternância entre períodos frios e quentes, são as chamadas glaciações e
interglaciações do quaternário. (4)
7
Todas essas variações no estado do clima tinham suas implicações na existência de formas de
vida, tanto que a milhões de anos existiam espécies que hoje em dia são extintas.
Mas também considera-se que o clima terrestre é influenciado directamente pela energia solar e
depende das propriedades da terra e da atmosfera. Qualquer alteração nessas propriedades pode
significar uma alteração no clima global. O fenómeno que tem-se verificado comummente é o
aumento dos gases de efeito de estufa (GEE), aumento esse que afecta a absorção atmosférica, o
que afecta de forma significativa o Clima de uma certa região. (7)
Em suma, chama-se mudança climática à uma mudança directa ou indirecta da composição da
atmosfera global e que seja adicional à variabilidade climática natural observada ao longo de
períodos comparáveis de tempo. (8)
O fenómeno de mudança climática é comummente chamado de aquecimento global, porque uma
das consequências da mudança climática é o aumento da temperatura média anual. Essa mudança
do clima, pode se manifestar noutros parâmetros ou elementos meteorológicos, como o vento,
precipitação e circulação dos oceanos. (7)
Ilustração 3 - Mudanças de temperaturaem Vostok, Antartica. Períodos interglaciais são marcados em verde
Fonte: (6)
8
10. Causas das Mudanças climáticas
As mudanças climáticas podem ser causadas por factores internos ou externos a terra e sua
atmosfera, esses factores podem ser naturais ou antropogénicas.
10.1. Causas naturais:
10.1.1. Movimento de placas tectónicas
O movimento das placas tectónicas é responsável pela reconfiguração dos continentes e dos
oceanos. Esses movimentos têm influência na distribuição da temperatura e humidade a nível
global e isso determina o estado climático global.
10.1.2. Erupções vulcânicas
O fenómeno do vulcanismo é um processo que ocorre regularmente no planeta terra. Desse
processo resulta no bloqueio parcial da transmissão da radiação solar para a superfície da terra,
influenciando assim o estado climático global. Durante esse processo também há libertação de
gases como óxidos de nitrogénio e enxofre e de partículas que alteram a composição química da
atmosfera terrestre, contribuindo para o fenómeno de mudanças climáticas como ilustra a figura
4. Uma das primeiras observações feitas da influência das erupções vulcânicas foi em 1982, onde
astrónomos do observatório Mauna Loa, no Havai observaram que a intensidade da insolação
decresceu de 25% a 30% depois da erupção El Chichon.
Ilustração 4 - Excreção do magma, gases e partículas quentes e cinzas.
Fonte: (9)
9
10.1.3. Variações da orbita terrestre
As variações na orbita terrestre causam mudanças na sazonalidade e na distribuição da radiação
que atinge a superfície terrestre, alterando assim o estado climático global. A orbita terrestre
sofre 3 tipos de variações:
 Excentricidade;
 Inclinação;
 Orientação do ângulo do eixo de rotação da terra.
10.1.4. Variações oceânicas
Nos oceanos a variações de curta (oscilação do Sul - El Niño, oscilação do Pacífico, oscilação do
Norte Atlântico e oscilação do Árctico) e de longa duração (termohaline), sendo que todos eles
afecta na redistribuição da temperatura na superfície.
Ilustração 5 - Circulação oceânica de longa duração
Fonte: (9)
10
10.2. Causas antropogénicas:
10.2.1. Desflorestamento
As florestas têm uma importância socioeconómica pois são vistas como fontes de diversos
recursos como a lenha, plantas medicinais, materiais de construção. Mas apesar desta importante
função socioeconómica os recursos agro-florestais enfrentam problemas de desflorestamento e
queimadas que podem constituir factores primários de mudanças climáticas. Em Moçambique, o
desflorestamento está directamente ligado a:
 Praticas agrícolas inapropriadas;
 Procura de lenha e carvão os grandes centros urbanos;
 Exploração florestal selectiva;
 Falta de envolvimento das comunidades;
 Fraca capacidade institucional;
 Falta de demarcação de áreas florestais;
 Falta de planos de maneio florestal.
Ilustração 6 - Comercialização de Lenha para CentrosUrbanos
Fonte: (10)
11
10.2.2. Queima de combustíveis
Os combustíveis fosseis constituem a energia mais usada, e estima-se que mais de 90% das
emissões de CO2 pelo sector energético resulta da combustão de combustíveis fosseis. As
emissões por queima de combustíveis fosseis são resultantes principalmente das actividades do
sector de transporte e indústria. (10)
Ilustração 7 - Efeito do CO2 de combustíveis fosseis na evolução futura da temperatura média global. O verde
representa a evolução natural, o azul representa os resultados da libertação antrópica de 300Gton C, laranja
representa1000Gton C, o vermelho 5000Gton
Fonte: (6)
11. Evolução histórica da interferência climática pelo sector energético
A revolução industrial, que teve seu inicio no século XVIII, no ano de 1760 constitui um
importante referencial para as emissões de gases de efeito estufa pelo sector energético, uma vez
que foi durante a revolução no século XVIII que começou a usar-se o carvão como fonte de
energia e mais tarde no século XIX o Petróleo. Facto este, que justifica a interferência do sector
energético nas mudanças climáticas. O aumento no uso dos combustíveis fosseis, foi se
intensificando a medida que o homem foi descobrindo novas áreas e tecnologias de exploração,
aumentando assim, as emissões de gases para a atmosfera.
12
Um dos indicadores dessa relação é que o volume total de emissões de dióxido de carbono (CO2)
pelo sector energético nos últimos anos corresponde ao nível total de todos os anos anteriores. Os
combustíveis fosseis continuam a atingir mais de 80% da demanda de energia e mais de 90% das
emissões do CO2 pelo sector energético são resultantes da queima de combustíveis fosseis.
Embora em menores quantidades o gás metano (CH4) e Oxido nitroso (N2O) também são
emitidos pelo sector energético, resultantes da extracção de petróleo e gás, transformação e
distribuição da energia.
A distribuição global das emissões de gases muda com a economia, ou seja com o poder de uso e
produção de energia. No início do século XX, as emissões de CO2 relacionadas com a energia
eram exclusivamente na Europa e Estados Unidos. Embora as emissões tenham aumentado 1,2%
ao ano na última década do Século XX, a taxa média anual de aumento entre 2000 e 2014
acelerou para 2,3%, particularmente impulsionado por um rápido aumento das emissões de CO2
na geração de energia nos países Fora da OCDE (Organização para Cooperação e
Desenvolvimento Económico). (11)
Ilustração 8 - Emissões de gases de efeito de estufa relacionadas com o sector energético por tipo
de gás
Fonte: (11)
13
Ilustração 9 - Emissões de CO2 acumulativas relacionadas com o sector energético por região
Fonte: (11)
12. Evidencias das mudanças climáticas
Muitas evidências das mudanças climáticas existem, mas a que se tem destacado é o aumento da
temperatura da terra. Mas essa evidência pode descentralizar-se em outras mais claras.
14
12.1. Derretimento das calotas polares e aumento do nível da água nos oceanos
O nível médio do mar é a altitude média da superfície do mar medida em relação a um ponto da
superfície terrestre de referência. O nível médio do mar, é por sua vez usado como ponto de
referência para medir as altitudes dos mapas topográficos e marcadas as curvas de nível e as
altitudes. Desde 1961 foram feitas analises que indicam que a temperatura média do oceano
global elevou-se em profundidade, dessa forma o oceano tem absorvido mais de 80% de calor do
sistema climático, esse aquecimento provoca a expansão da água do mar, contribuindo assim
para a elevação do nível médio do mar. (12)
A elevação do nível da água do mar também tem contributo o derretimento das calotas polares,
devido ao aquecimento global. O derretimento de calotas polares contribui significativamente no
aumento do nível das águas do mar.
Ilustração 10 - Recuo da calota polar norte
Fonte: (13)
15
Ilustração 11 - variação do nível dos oceanos e comparação entre fontes de estudos
Fonte: (13)
12.2. Desastres naturais
O homem ao degradar o meio ambiente desestabiliza o clima, e aumenta o alcance desses
desastres naturais. Há que considerar também o crescimento populacional e a expansão urbana,
que esta associado a desertificação e desvio de cursos de rios, o que causa uma significativa
mudança no clima. Há várias demonstrações desses desastres naturais, como o furacão Katrina
que fustigou o sul dos Estados Unidos da América em 2005 figura 13, as cheias em Moçambique
em 2000 como ilustra na figura 12 causando mortes e prejuízos incalculáveis.
Ilustração 13 - Vista aérea de New Orleans após o furacão
Katrina (2005)
Fonte: (13)
Ilustração 12 - Cheias de 2000 em Moçambique Província
de Gaza
Fonte: (17)
16
12.3. Avanço dos desertos
Vários são os casos de populações que tem se deslocado em busca de terra e agua, por causa das
terras do deserto que tem invadido certas regiões. África, na Nigéria por exemplo tornou-se um
dos lugares mais atingindo por esse fenómeno, devido as areias do deserto de Sahara que tem
invadido o pais. A figura a baixo 14 mostra os lugares mais vulneráveis a esse fenómeno.
12.4. Extinção de animais
As mudanças climáticas têm influenciado bastante na extinção de varias espécies de animais,
devido a destruição e habitats e ate mesmo devido a proliferação de viroses, infecções, alergias e
doenças respiratórias. Esse fenómeno é verificado desde milhões de anos atrás, desde os períodos
de glaciações que causaram a extinção de certos répteis.
Ilustração 14 - Regiões da Terra com maiores riscos de desertificação
Fonte: (13)
Ilustração 15 - o aquecimento global põe em risco habitats de várias espécies
Fonte: (25)
17
13. Consequências a curto, médio e longo prazo das Mudanças Climáticas
As mudanças climáticas por constituírem um fenómeno que leva alguns anos para sua
manifestação, possuem consequências a curto e longo prazo, isso faz com que sua mitigação
também seja um processo demorado. Essas consequências podem verificar-se em vários sectores
de actividade humana, a destacar:
13.1. Consequências no sector de recursos hídricos e pescas
 Menor quantidade de água disponível;
 Pior qualidade das águas pluviais;
 Aumento da temperatura superficial do mar;
 Alterações nos recursos pesqueiros.
13.2. Consequências nas zonas costeiras
 Subida do nível médio do mar e aumento da erosão costeira;
 Intrusão salina.
13.3. Consequências na saúde humana
 Aumento de doenças associadas a ondas de calor;
 Aumento de doenças por poluição do ar.
13.4. Consequências na agricultura e nas florestas
 Mudança no tipo de culturas devido a escassez de água para irrigação; readaptação a
novos períodos de cultivo;
 Aumento de pragas, doenças e infestante, tanto na floresta como na agricultura
Perda de biodiversidade.
13.5. Consequências no sector de energia
 Aumento das necessidades de arrefecimento em edifícios;
 Necessidade de aquecimento de alguns edifícios
 Aumento na procura de matéria-prima para construção de edifícios preparados para lidar
com mudanças climáticas;
 Aumento na procura de recursos energéticos.
18
14. Energia e desenvolvimento socioeconómico
O desenvolvimento socioeconómico está aliado a industrialização. E a indústria é tida como o
uso da energia para transformar matéria-prima em produtos acabados. O desenvolvimento da
indústria teria sido impossível sem uma fonte de energia maior do que as forcas humanas e
animais. Uma das primeiras interferência foi o uso de Carvão na máquina a vapor. Mais tarde,
nos últimos anos do século XIX surgiram outras formas de uso e aproveitamento de energia,
onde destacava-se electricidade pelas vantagens que esta forma de energia trouxa para as
indústrias, como a capacidade de deslocar a energia e conversão em outras formas de energia.
O desenvolvimento tecnológico, o crescimento industrial e a melhoria do padrão de vida de uma
sociedade são acompanhados pela evolução do consumo de energia. Na medida em que uma
sociedade amplia seus conhecimentos sobre fontes de energia, conquista maior controlo sobre a
natureza e extraem recursos que possibilitam a melhoria no padrão de vida. De uma forma geral,
o grau dos recursos energéticos conquistados por um país, está relacionado com o
desenvolvimento desse país. O progresso técnico que possibilitou o desenvolvimento industrial
na escala que conhecemos, a partir do século XVIII ate aos dias de hoje, implicou um aumento
significativo no consumo de energia (14). Por causa dos seus padrões de consumo intensivo de
energia, os países industrializados têm um impacto muito maior por pessoa sobre a poluição
atmosférica global.
Ilustração 16 - Evolução industrial vs crescimento social
Fonte: (5)
19
15. Relação entre mudanças climáticas e produção/ uso de energia
Estima-se que 60-65% das emissões de gases de efeito estufa GEE estejam associadas à
produção, conversão e consumo de energia. Os cenários tendenciais de curto e médio prazo
indicam que tal parcela deve continuar significativa, principalmente porque importante fracção
da população mundial ainda não tem acesso aos chamados serviços energéticos – ou tem acesso
a serviços energéticos de má qualidade. Em função do crescimento da população mundial e do
desejado aumento da actividade económica, com a correspondente distribuição de renda, as
emissões de GEE associadas ao consumo de energia podem aumentar em 2050 2,5 vezes em
relação ao verificado em 2003.
Portanto, para que as emissões de GEE sejam reduzidas e a concentração de GEE seja
estabilizada em patamares razoáveis, é preciso que em 40-50 anos o sistema energético mundial
passe por um profundo processo de transformação, com diversificação da matriz energética e
mudança de hábitos de consumo. Baseado em um estudo feito pela Agência Internacional de
Energia, tendo como horizonte o ano 2050, alternativas de redução das emissões de GEE são
analisadas neste artigo.
Baseado em um estudo feito pela Agência Internacional de Energia estima-se que as emissões
dos gases de efeito de estufa possam aumentar ate 2,5 vezes ate 2050. Para garantir um cenário
diferente é preciso que me 40-50anos o sistema energético mude os seus hábitos de consumo e
produção.
16. Consumo mundial de energia por fonte
Os principais insumos energéticos usados pela indústria e existentes no nosso pais são o petróleo,
o carvão e o gás natural. Todos estes insumos apresentam taxas elevadas de crescimento de
consumo, devido principalmente aos bons resultados das economias emergentes, lideradas pelos
países desenvolvidos.
20
Ilustração 17 - Consumo mundial de energia por fonte
Fonte: (15)
16.1. Carvão
16.1.1. Segurança energética
Segundo (15) o carvão é responsável por 25% do consumo mundial de energia. Desta parcela,
2/3 são usados para geração de electricidade, e quase todo o restante para uso industrial
(siderurgia e calor). As reservas mundiais de carvão são gigantescas, quase 3,5 vezes em relação
ao petróleo e ao gás natural. Cerca de 2/3 destas reservas estão localizadas em apenas quatro
países: Rússia, Estados Unidos, China e Índia.
16.1.2. Meio ambiente
O carvão é o combustível que viabilizou a Revolução Industrial, e vem sendo queimado em
grandes quantidades desde 1750. Como ilustrado na figura 18 a seguir, o carvão é a fonte
energética que emite mais gases poluentes como material particulado, SOX, NOX, mas
maioritariamente o gás carbónico por unidade de energia produzida, e um dos grandes
responsáveis pelo aquecimento global.
Ilustração 18 - Reservas múndias
Fonte: (15)
21
16.2. Petróleo
Assim como na segurança energética, vista acima, o petróleo tem um dos papéis centrais na
questão climática. A razão é que a gasolina e o óleo diesel são responsáveis por quase toda a
energia consumida no sector de transportes que, por sua vez, contribui com 25% das emissões
dos países industrializados, as imagens 19 a seguir irão mostrar o verdadeiro cenário vivido.
16.2.1. Meio ambiente
A ligação directa entre a emissão dos chamados “gases de efeito estufa” nas actividades de
geração de energia e de transporte e o aumento da temperatura média da Terra (aquecimento
global) é consenso da comunidade científica há vários anos. Considera-se também que este
aquecimento pode ser catastrófico para as regiões mais pobres do planeta como é o caso do nosso
pais Moçambique em prazo de décadas, e não de séculos como se imaginava antes.
Além da consolidação da opinião científica, observa-se grande mudança na percepção pública
sobre a seriedade do problema. Eventos de grande impacto visual como o furacão Katrina e as
fotos de redução da cobertura de gelo como ilustrado nas imagens anteriores ocorridos na
Antárctida tornaram os perigos do aquecimento mais concretos e imediatos. O aquecimento
global foi matéria de capa de várias revistas semanais como Time e Veja, e destaque em
programas de televisão de todo o mundo.
Ilustração 20 - Reservas múndias de petróleo
Fonte: (15)
Ilustração 19 - Emissões por tipo de combustível
Fonte: (30)
22
16.3. Gás Natural
O gás natural (GN) era considerado uma das fontes mais promissoras para o atendimento da
demanda energética mundial (11), com ritmo muito acelerado de crescimento e de consumo.
Segundo um jornal Moçambique nas suas águas profundas possui 20 mil milhões de barris
(convertidos em petróleo), essa quantidade de gás pode atrair novos investimos nos pais e
alavancar a economia. Mas também o pais passara a ser uma referência na contribuição de
emissão de GEE na africa subsaariana, não só nessa perspectiva mas também o pais poderá
investir no sector energético no uso de energia renováveis para o abastecimento dos insumos
energéticos a sua população segundo o plano quinquenal do governo.
16.3.1. Meio ambiente
Embora o GN seja mais aceitável, em termos ambientais, que o óleo e o carvão, isto não significa
que seja uma fonte benigna, pois contribui substancialmente para a contaminação global. Como
consequência, há previsão de uma pressão política crescente para substituir a geração
termoeléctrica a GN por fontes que não emitem CO2, como a biomassa, a nuclear e a energia
eólica.
Ilustração 21 - Consumo mundial de gás natural por segmento, 2003-2030
Fonte: (15)
Ilustração 23 - Emissão de CO2 - produção d energia eléctrica
por tipo de combustível
Fonte: (15)
Ilustração 22 - Emissão de CO2- Produção de calor
industrial por tipo de combustível
23
17. Degradação da qualidade da atmosfera
Os seres vivos sempre interagem com o ambiente em sua volta e o resultado dessa interacção são
os resíduos. Os resíduos podem interferir no ciclo vital chegando a ameaçar a sobrevivência de
espécies como a humana. A Poluição ambiental, definida como “o lançamento ou a presença
nas águas, no ar e/ou no solo, de matéria ou energia que podem danificar os usos, previamente
definidos, dos recursos naturais” (16), é resultado dessa interacção.
A Poluição do ar, tanto em ambientes internos e ao ar livre, é um grave problema ambiental que
afecta a todos quer nos países desenvolvidos assim como naqueles em desenvolvimento resulta
da emissão dos GEE, material particulado, inceneração de resíduos de resíduos etc..
Segundo Araújo, 1997, a atmosfera é o mais importante de todos os componentes não só do
clima, como também da manutenção da vida na Terra. A sua estrutura vertical está dividida em
várias regiões horizontais, de baixo para cima. A primeira, a troposfera, contém 75% da massa
gasosa de toda atmosfera, todo vapor de água e praticamente todos os aerossóis. A segunda
região, a estratosfera, estende-se da tropopausa até uns 50 km de altitude. Nesta, as variações de
temperatura são muito fortes, entre - 80oC e - 40oC. A atmosfera superior começa na mesosfera,
que vai até 90 km de altitude, onde tem início a ionosfera, que vai até cerca de 1.000 km.
A degradação da qualidade atmosférica é um fenómeno que
esta associado a poluição atmosférica, alteração da
composição natural da atmosfera resultantes das actividades
antropogénicas maioritariamente, tendo como consequência:
 Aquecimento global;
 Inversão térmica;
 Deterioração da camada de ozono;
 Alternação na qualidade de ar que respiramos.
Ilustração 24 - Mecanismo da inversa térmica na
Atmosfera
Fonte: (25)
24
18. Efeito de estufa e aquecimento global
A Terra apresenta um fluxo constante de energia entre sua superfície, o Sol, e o espaço,
definindo o sistema climático. O clima é controlado pelo equilíbrio entre a energia que a Terra
recebe do Sol e a quantidade de energia devolvida ao espaço. Então, qualquer processo que altere
esse equilíbrio resulta em mudança climática.
A energia recebida do Sol na forma de luz, ou raios ultravioletas, é absorvida em parte pela Terra
e o restante é devolvido ao espaço sob forma de radiação térmica ou raios infravermelhos. A
atmosfera funciona como uma capa de gases que envolve o planeta, sendo responsável por reter
uma parte dessa energia térmica. Esse fenómeno é conhecido por efeito estufa natural,
responsável pela viabilidade da vida no planeta.
Os principais gases responsáveis por este fenómeno são o vapor de água, o dióxido de carbono
(CO2), o ozónio (O3), o metano (CH4), o óxido nitroso (N2O), resultantes de processos naturais, e
outros produzidos pelo homem. Vale dizer que os gases de efeito estufa são, em condições
normais, úteis para a vida no planeta Terra. O seu excesso, porém, pode tornar impossível a
nossa sobrevivência.
18.1. Efeito de estufa
Gases de Efeito Estufa GEE
São substâncias gasosas que absorvem parte da radiação infravermelha, emitida principalmente
pela superfície terrestre, e dificultam seu escape para o espaço como é ilustrado na imagem 25.
A temperatura atmosférica tem impactos directos e indirectos sobre os ecossistemas e sobre as
plantas em particular. Enquanto os impactos directos incidem directamente sobre os processos
fisiológicos da planta tais como, a fotossíntese, transpiração, respiração, germinação,
crescimento, floração e reprodução, os impactos indirectos incidem sobre o meio ambiente onde
ocorre a redução da disponibilidade de aguas superficiais.
Segundo (2) Moçambique é um pais essencialmente agrícola, onde a agricultura emprega dois
terços dos trabalhadores, Em termos económicos isso representa 20% do PIB e 80% das
exportações.
25
6%
10%
14%
21%
25%
24%
Construções - 6%
Energia - 10%
Transporte - 14%
Industria - 21%
Electricidade e
aquecimento - 25%
Agricultura - 24%
Emissões Globais de Gases de Efeito de
Estufa por Sector
18.2. Aquecimento global
Dessa forma, o aquecimento global é o aumento da temperatura média dos oceanos e da camada
de ar próxima à superfície da Terra que pode ser consequência de causas naturais e actividades
humanas. Isto se deve principalmente ao aumento das emissões de gases na atmosfera que
causam o efeito estufa, principalmente o dióxido de carbono (CO2). O problema, portanto, não é
o fenómeno natural, mas o agravamento dele. Como muitas actividades humanas emitem uma
grande quantidade de gases formadores do efeito estufa GEE, esta camada tem ficado cada vez
mais espessa, retendo mais calor na Terra, aumentando a temperatura da atmosfera terrestre e dos
oceanos e ocasionando o aquecimento global.
19. Relação efeito de estufa e aquecimento global
São várias as consequências do aquecimento global e efeito de estufa e algumas delas já podem
ser sentidas em diferentes partes do planeta, tais como a desertificação das regiões equatoriais, o
derretimento das calotas polares, elevação do nível dos oceanos, mudanças do ciclo hidrológico e
imprevisíveis alterações climáticas em todo o planeta.
Ilustração 26 - Emissões de gases de efeito estufa por actividade
sectorial
Ilustração 25 - Mecanismo do fenómeno estufa
Fonte: (7)
26
Estas mudanças têm efeitos sobre o habitat de diversos animais e plantas, podendo levar à
extinção de várias espécies, afectando inclusive a saúde pública, além da elevação do nível do
mar, decorrente do derretimento das calotas polares, podendo ocasionar o desaparecimento de
ilhas e cidades litorâneas densamente povoadas.
Há também influências no regime de chuvas, que podem ameaçar seriamente a segurança
alimentar das populações e a oferta de água, além do aumento na ocorrência de eventos
climáticos extremos como furacões, tempestades tropicais, tornados e tsunamis com graves
consequências para populações humanas e ecossistemas naturais, podendo ocasionar a extinção
de espécies de animais e de plantas.
20. Vulnerabilidade as mudanças climáticas
Apesar de significativos avanços de desenvolvimento registados, Moçambique é considerado o
quinto país mais vulnerável do mundo, segundo o Índice de Vulnerabilidade às Mudanças
Climáticas, devido a dois factores fundamentais, a saber:
20.1. Exposição ao risco
Moçambique é banhado a Este, numa extensão de 2 700 km, pela bacia do Índico que é uma
região activa em ciclones tropicais
Situa-se a jusante das nove bacias hidrográficas partilhadas com alguns países mais a jusante mas
a identificação da extensão das áreas afectadas pela cheia depende do modelo da precipitação
usado em Moçambique e nos países vizinhos: Zimbabwe, Zâmbia, Malawi, África do Sul e
Swazilândia.
Regista-se a queda acentuada de altitude do interior para a costa, o que faz com que o
escoamento superficial das águas fluviais seja de alta velocidade, provocando inundações em
curto espaço de tempo quando ocorrem níveis altos de precipitação a montante.
27
20.1.1. Áreas Susceptíveis a Cheias
A extensão das áreas afectadas pela cheia depende do modelo da precipitação usado para
determinar quantidade do precipitado, a sua análise relaciona as diversas classes de altitude do
país com a subida do nível de caudais dos diferentes rios, fornecendo estimativas das áreas e
populações que são potencialmente afectadas. Na imagem 27 estão representadas as zonas com
risco de cheias, sendo o risco de primeiro nível as zonas mais susceptíveis as cheias e do terceiro
nível as zonas menos susceptíveis.
É com base nesta abordagem que se podem determinar os diferentes graus de risco de cheias
baseadas nas classes altimétricas, níveis de precipitação, exposição de bacias hidrográficas e
níveis de caudais dos rios.
 O risco de primeiro grau atinge 1.7 milhões de
hectares dentro duma altitude de menos de 20
metros acima do nível do mar, estas áreas
podem ser inundadas num ano de média a boa
pluviosidade.
 O risco de segundo grau é definido para uma
altitude de 20 - 50 metros acima do nível do
mar representando 2.7 milhões de hectares
 O risco de terceiro grau é definido para uma
altitude 50 - 100 metros, com 10 km de
aproximação aos rios principais e representa
quase 4 milhões de hectares
 O risco de quarto grau é menos provável que os
outros três tipos, e, somente terá efeito nos anos
onde o risco da cheia é associado à água
proveniente dos caudais dos rios regionais. Ilustração 27 - Zonas de riscos a cheias em Moçambique
Fonte: (2)
28
20.1.2. Áreas Susceptíveis a Secas
20.1.3. Áreas Susceptíveis as Ciclones
Os ciclones que ameaçam Moçambique formam-se no Oceano Índico ou no Canal de
Moçambique. A maior parte dos ciclones que assolam Moçambique atingem a costa como ilustra
a figura 29 entre Pemba e Angoche ou perto da cidade da Beira. A época de ciclones geralmente
vai de Novembro a Abril, atingindo o pico em Janeiro. Apesar de em média, ocorrer um ciclone
por época, verificaram-se cerca de três em 1999/2000. Um dos quais foi o intenso e considerado
como sendo ciclone de Categoria 4, o Eline, causando cheias catastróficas onde as rajadas de
vento rondaram os 260Km por hora.
A seca é um fenómeno historicamente frequente e
pode ser potencialmente influenciado pelas
mudanças climáticas porque na ausência de uma
precipitação regular em podo o pais e falta de
investimento em novas tecnologias modernas de
irrigação e ainda a mecanização do mesmo torna o
pais mas vulnerável e verificado impactos mas
significativos na ocorrência desse fenómeno.
Embora a vulnerabilidade à seca seja alta nas
regiões sudoeste (oeste da província de Gaza) e
central (Oeste da província de Tete) de Moçambique
a vulnerabilidade nestas regiões deve-se em parte as
precipitações irregulares e imprevisíveis.
Ilustração 28 - Zonas com potencial risco para secas
Fonte: (2)
29
O mapa a cima indica a frequência da ocorrência dos ciclones durante um período de 75 anos. Os
dados indicam que em Moçambique a zona de Angoche é a atingida com maior frequência,
seguida pela zona costeira de Sofala e Inhambane.
As rajadas de vento mais fortes perto do centro do ciclone vão de 90 a 300Km por hora, com o
perigo e a destruição aumentando com o aumento da velocidade dos ventos. A velocidade dos
ventos diminui quando o ciclone se move para o interior terra. Chuvas intensas geralmente
acompanham os ciclones quando estes avançam para o interior e perdem a sua intensidade. O
volume de chuvas não depende da severidade dos ciclones, e geralmente têm sido maior com
ciclones mais fracos.
Ilustração 29 - Frequência de ciclones que atingem a zona da africa Austral
Fonte: (2)
30
20.2. Fraco desenvolvimento socioeconómico
 Existência de população analfabeta (sendo 32% homens e 68% mulheres) segundo (17), o
grau de pobreza, que passou de 69,4% em 1997 para 54,1% em 2003 sendo ainda elevado
ou seja a diminuição da sua variação em função do tempo não reflecte um impacto
desejado na economia;
 As fracas infra-estruturas socioeconómicas como estradas, barragens e represas (para
recolha e armazenamento de água na época chuvosa, para ser utilizada em épocas de
escassez);
 Silos onde possam ser armazenadas as colheitas agrícolas para serem consumidas e ou
comercializadas mais tarde;
 Baixo poder de compra de insumos agrícolas pelos camponeses do sector familiar que
praticam agricultura;
 Fraca imposição política no que diz respeito a um plano estratégico do governo para uma
melhor adaptação à variabilidade climática e aos eventos extremos incluindo políticas e
práticas que resultem em adaptação e implementação de medidas que garantem uma
eficiência energética rumo a um desenvolvimento sustentável;
 Fraca cooperação entre as organizações privadas e o estado, fraco desempenho no que
tange aos órgãos fiscais, monitorização e fiscalização das actividades desempenhadas
para minimizar os impactos do MC em consequência da vulnerabilidade do pais;
 Fala de incentivos e baixa adesão as oportunidades advindas das MC tais como:
Comercio Internacional de Emissões, Implementação Conjunta, Mecanismos de
Desenvolvimento Limpo, que poderiam contribuir significativamente na economia
moçambicana aumentando a capacidade de resistência aos impactos advindos das MC.
31
21. Mitigação dos seus impactos
21.1. Fortalecimento institucional e do Quadro Legal
Existe um número considerável de instituições com competência legal para a gestão das
calamidades naturais, mais os seus limites de competências muitas das vezes não são claros,
verificando-se por um lado lacunas entre uma e outra competência e por outro sobreposição entre
elas. Entre eles temos MITADER, MTC, MICULTUR, Ministério das Pescas, MOPH e por
último as autoridades Municipais.
Isto passa pela necessidade de:
 Colocar limites de competência cada vez mais claros de cada uma das instituições;
 Imposição de um papel de coordenação cada vez maior e eficaz do MITADER no que
tange aos assuntos ambientais;
 Identificação de áreas ecologicamente frágeis;
 Planificação antecipada a mitigação de desastres naturais e ordenamento espacial.
 Identificação de áreas com potenciais recursos para suportar centros de acomodação em
situações de população deslocada;
 Identificação espacial de disponibilidade de recursos sectoriais (ex: hospitais, escolas,
vias de acesso, rios)
21.2. Estabelecimento de Centros de Investigação, Gestão de Recursos e
Alternativas para Redução das Emissões de GEE
A pedido dos governantes das principais potências económicas mundiais (o chamado G8), um
estudo foi feito pela Agência Internacional de Energia (18) com o objectivo de identificar, para
diferentes cenários, quais as acções prioritárias para a redução das emissões de GEE associadas
ao consumo de energia. A premissa básica do estudo é que as necessidades futuras das pessoas,
no que diz respeito aos serviços energéticos básicos, devem ser atendidas. As condições
adicionais são que os custos das acções de mitigação devem ser razoáveis para toda a sociedade,
além de que outros impactos ambientais devem ser igualmente minimizados.
32
As tecnologias foram escolhidas em função dos custos de mitigação associados, ou seja, as
tecnologias de menor custo foram sempre consideradas prioritárias. Segundo a AIE (18),
nenhuma das tecnologias consideradas no estudo resultaria em custos adicionais quando forem
totalmente comerciais superiores a 25 US$/tCO2 evitado, mesmo nos países em
desenvolvimento. Tal custo resultaria em elevação dos custos de geração de electricidade a partir
de carvão mineral equivalente a 20 US$/MWh (60 a 100% dos custos atuais) e em elevação do
custo da gasolina em cerca de 0,07 US$/litro. Este actual cenário traria benefícios e atrairia
investimos na exploração maioritariamente de fontes renováveis tendo em consideração o
potencial moçambicano em energias renováveis, contribuindo deste mundo na redução das
emissões dos GEE.
O plano estratégico para alcançar esses objectivos de investimento na exploração das fontes
renováveis e atracão de mercado internacional passaria pela necessidade de:
 Explorar e utilizar de forma mais sustentável os recursos energéticos;
 Promover o acesso e a eficiência no uso da energia e dos recursos naturais (incluindo
matérias primas e água)
Ilustração 31 - Localização de fontes renováveis de energia
em Moçambique
Fonte: (16)
Ilustração 30 - Potencial renovável global de Moçambique
33
 Maior utilização de fontes de energias renováveis pelos:
o Sectores públicos e privado
o A rede nacional (EDM) ou em sistemas independentes
 Valorização energética dos resíduos sólidos
 Maior inclusão no uso de gás no sector energético
21.3. Valorização e Preservação dos Recursos Florestais
Moçambique tem um levado potencial de energia solar mas
verifica-se na realidade a maior fonte de obtenção de energia em
todo o pais continua sendo na exploração da biomassa para
abastecer as necessidades energéticas conforme ilustrado na figura
32, isso remete ao pais a consciência da sua contribuição nas
emissões dos GEE atendendo e considerando que o pais é membro
signatário da UNFCCC, isso também remete ao pais a necessidade
urgente de implementação de estratégias de preservação daqueles
que são os sumidouros de carbono atmosférico e responsáveis pela
manutenção da qualidade do ar atmosférico, esse que garante a
vida na terra.
Ilustração 32 - Caracterização das fontes de energia
Ilustração 33 - Campanhas educativas, preservação e conservação dos
recursos florestais
34
A estratégia de prevenção e combate as queimadas e desmatamento, tem como objectivo geral
contribuir para a protecção e conservação dos recursos florestais, promover a utilização racional
das florestas, reverter a tendência actual de exploração desordenada, desmatamentos e queimadas
descontroladas, que em última instância contribuem de forma significada para o incremento dos
gases do efeito de estufa (Ex: CFc´s, CO2, CO, NOx, SOx) com implicações nas mudanças
climáticas.
A implementação dessas estratégias visa as seguintes acções:
 Promover a protecção e o uso racional das florestas;
 Desenvolver acções de educação e responsabilização comunitárias incentivando a
participação das comunidades e demais usuários das florestas na prevenção e combate ao
desmatamento e queimadas descontroladas;
 Desenvolver capacidades a todos os níveis para a planificação, execução, fiscalização e
monitoria de campanhas de prevenção e combate às queimadas;
 Promover estudos para o desenvolvimento de técnicas agro-florestais apropriadas, que
limitem o desmatamento e o uso de fogo na agricultura.
21.4. Construção de Infra-estruturas de Engenharia
A necessidade de prevenção e resposta adequadas são destinadas a alcançar uma gama de
objectivos. Estes incluem ajudar as pessoas a resistir e sobreviver a ameaça imediata, garantindo
a sua habilidade em manter ou melhorar o seu modo de vida (sociedades-sustentáveis), e
consolidar as suas capacidades de mitigação ou prevenção para enfrentar futuras situações. Oque
torna mas drástico ainda o facto de Moçambique ser um pais em vias de desenvolvimento, traduz
a realidade de fracas estruturas civis para resistir aos eventos extremos resultantes das mudanças
climáticas.
35
A sua eficácia impõe uma mudança de mentalidade de uma atitude reactiva pós-calamidade para
uma pró-activa antes da sua ocorrência. Isto passa pela adopção de uma cultura de prevenção
que, tendo em conta a diversidade da natureza dos fenómenos e seus impactos e as características
específicas de cada região do país, potencie uma abordagem multissectorial orientada para as
comunidades vulneráveis. Exemplos de estruturas de engenharias por construir:
 Barragens e reservatórios de água;
 Silos de acondicionamento;
 Diques de protecção;
 Estradas e vias de acesso.
Ilustração 35 - Barragem Ilustração 34 - Diques de protecção
36
22. Exemplos de eventos induzidos por mudanças climáticas
Segundo o relatório (19) para chegar a conclusão de que os eventos foram induzidos por
mudanças climáticas fizeram-se “estudos de atribuição”. Obtemos essas respostas, comparando o
evento que acabou de acontecer a uma reconstrução do que poderia ter acontecido se os seres
humanos não tivessem mudado o clima. Em um método comum, os cientistas realizam muitas
simulações realistas de computador, durante longos tempos (em anos de computador), tanto do
clima actual, e o clima de um mundo hipotético, refrigerado, sem influência humana. Em cada
clima, eles contam quantas vezes ocorrem eventos que são semelhantes ao que aconteceu no
mundo real. Se acontecer duas vezes (por exemplo) no clima presente simulado como no clima
hipotético sem seres humanos, então dize-se que as mudanças climáticas induzidas pelo homem
deixaram o evento duas vezes mais propenso de ocorrer do que teria sido de outra forma.
Ilustração 36 - Eventos extremospelo mundo
Fonte: (6)
37
22.1. A nível global
22.1.1. Furacão Katrina
O Furacão Katrina causou aproximadamente mil mortes, sendo um dos furacões mais destrutivos
a ter atingido os Estados Unidos. Foi uma tempestade tropical que alcançou a categoria 3 da
escala de furacões de Saffir-Simpson e categoria 5 no oceano atlântico.
Os ventos do furacão alcançaram mais de 280km/h, e causaram grandes prejuízos na região
litorânea do sul dos Estados Unidos, especialmente em torno da região metropolitana de Nova
Orleans, em 28 de agosto de 2005 onde mais de um milhão de pessoas foram evacuadas.
Ilustração 37 -Impactos do Furacão Katrina
Fonte: (21)
22.1.2. Ciclone Nargis (2008)
O ciclone tropical formou-se no sudeste do Golfo de Bengala em 27 de Abril de 2008, a
aproximadamente 750 km a sudeste de Chennai, sudeste da Índia, locomovendo-se inicialmente
para noroeste. O ciclone Nargis intensificou-se rapidamente, atingindo o pico de intensidade com
ventos máximos sustentados de 215 km/h, intensidade equivalente a um furacão de categoria 4
na escala de furacões de Saffir-Simpson, antes de se enfraquecer ligeiramente e atingir a costa de
Mianmar com ventos de 195 km/h onde a maré de tempestade de aproximadamente 3,5 metros
de altura, causou danos severos nas regiões ao longo da costa de Mianmar, causando devastação
na região do delta do rio Irauádi, principalmente na agricultura.
Segundo a junta militar que governa o país, confirmou-se 77.738 fatalidades, sendo que outras
55.917 pessoas ainda estavam desaparecidas.
38
22.1.3. Onda de calor na Europa (2010)
A onda de calor que atingiu o Leste Europeu durante o verão de 2010 foi considerada a pior da
história por pesquisadores europeus que analisaram as ondas de calor fora do padrão desde 1871.
A onda de calor de 2010 teve sérias consequências na Europa, em especial no Leste Europeu. Na
Rússia, por exemplo, houve 55 mil mortes, mais de 1 milhão de hectares queimados, perda de
25% da produção agrícola e de US$15 bilhão (cerca de 1% do Produto Interno Bruto do país)
devido ao calor excessivo. Neste período, os recordes de temperatura dos últimos 500 anos foram
quebrados em cerca de 65% da Europa. Os pesquisadores também fizeram uma análise do que
está por vir e concluíram que grandes ondas de calor ficarão de cinco a dez vezes mais comuns
nos próximos 40 anos. Uma onda do tamanho da que ocorreu em 2010, no entanto, não deve
ocorrer antes de 2050.Como consequência das ondas de calor registou-se a redução de gelos a
superfície dos gelos árcticos no fim do verão foi reduzido a 4,4 milhões de quilómetros
quadrados, frente ao volume habitual de 8 milhões no verão e de 11 milhões no inverno.
Ilustração 38 - Desastres resultantes do ciclone nargis
Fonte: (10)
Ilustração 39 - Ondas de Calor em Novembro de 2010
Fonte: (10)
39
22.1.4. Chuvas intensas no Brasil
As chuvas fortes com deslizamento de terra no Rio de Janeiro, em 2011 (considerado o evento
único deste tipo que teve mais mortes no mundo). O forte temporal provocou alagamentos em
várias cidades do Sul do Rio onde o volume de chuva foi muito acima do esperado, o que fez a
situação ficar fora do controle do poder público em muitos municípios. A enchente atingiu as
casas de toda a população ribeirinha. Diversos afluentes também encheram, o que fez aumentar
ainda mais o nível dos rios A tragédia foi considerada como o maior desastre climático da
história do país onde os serviços governamentais contabilizaram 916 mortes e em torno de 345
desaparecidos.
22.1.5. El Niño (2015)
El Niño é um ciclo climático no Oceano Pacífico com impacto global nos padrões climáticos. O
ciclo começa quando a água morna no Oceano Pacífico tropical ocidental desloca-se para leste
ao longo do equador em direcção à costa da América do Sul. Normalmente, esta piscina de água
quente perto da Indonésia e as Filipinas. Durante um El Niño, as águas de superfície mais
quentes do Pacífico ficam ao largo do noroeste da América do Sul. Os meteorologistas declaram
um El Niño oficial quando vêem as temperaturas do oceano e as chuvas das tempestades virarem
para o leste. Os especialistas também procuram ventos predominantes para enfraquecer e até
mesmo inverter a direcção durante o fenómeno climático El Niño.
Segundo o artigo da (20), para prever um El Niño, Os cientistas monitoram as temperaturas nos
656 pés superiores (200 m) do oceano. El Niños ocorrem a cada três a cinco anos, mas pode vir
tão frequentemente como a cada dois anos ou tão raramente como a cada sete anos.
Ilustração 40 - Deslizamento de Terra no Brasil
Fonte: (21)
40
22.2. Em África
A distribuição de fenómenos extremos não é equitativa, os países em desenvolvimento são
historicamente responsáveis por apenas uma pequena proporção de emissões de gases de efeito
estufa que causam esses transtornos.
Segundo o relatório da ONG Germanwatch registou-se fenómenos extremos em 180 países,
indica-se que cerca da metade dos países mais afectados em 2015 por fenómenos climáticos
extremos são africanos. A África é particularmente vulnerável ao impacto das mudanças
climáticas, os países pobres são os mais expostos aos estragos das tempestades, calor extremo,
inundações ou secas, fenómenos cuja intensidade e frequência aumentam com as mudanças
climáticas.
22.2.1. Seca no Leste Africano
A seca que atinge uma vasta região da África tem impactos causados pelas mudanças do clima
agravados pelo El Niño afectando áreas do chifre da África; Quénia, Etiópia, Somália, Uganda e
Djibuti e outras de países mais ao sul no Malawi, Moçambique, Zimbabwe, Madagáscar e na
África do Sul e nos países enclave do Lesoto e Suazilândia. Estima-se que o aquecimento global
já reduziu o escoamento de água no sul da África em 48% sendo considerada a pior seca dos
últimos 35 anos, atingindo mais de 50 milhões de pessoas que já estão a passar fome ou em vias
de, sendo as crianças as mais afectadas. Dentre os problemas derivados da seca temos o registo
de temperaturas elevadas, perda de gado, inflação de preços, fome agravada, desnutrição aguda e
migração da população.
Ilustração 41 - Deserto no chifre da africa
Fonte: (27)
Ilustração 42 - Escassez de água na Somália
Fonte: (27)
41
22.3. A nível nacional
O “Estudo Científico do Impacto dos Desastres Naturais face às Mudanças Climáticas” traçou
um quadro alarmante sobre o futuro do país em termos de catástrofes naturais decorrentes das
mudanças climáticas e do aquecimento global.
Segundo (7) as temperaturas na região poderão subir entre cinco a seis graus até ao fim do
século, baseando-se no facto de se ter registado um aumento desde os últimos 40 anos. De 1960
a 2005, a temperatura aumentou entre 1,1 e 1,6 graus centígrados, “o número de noites frias e
dias frios reduziu-se”, ao mesmo tempo que aumentou o número de noites e dias quentes, e a
estação chuvosa começou a surgir cada vez mais tarde, passando de Outubro para Novembro e
até Dezembro.
De 1980 a 1993, o país foi atingido por quatro ciclones, um número que subiu para 11 de 1994 a
2007, com a velocidade do vento a duplicar para 200 quilómetros por hora. Segundo (21) e
mapas da região, nota-se também que os ciclones nascem numa região do oceano Indico situada
a leste da ilha da Madagáscar e alertou que a tendência é para os ciclones se começarem a formar
cada vez mais para sul, podendo afectar com mais intensidade a costa africana.
Dentre os exemplos de eventos extremos em Moçambique temos:
 Ciclone Dineo
 Cheias de 2000
22.3.1. Ciclone Dineo
O ciclone tropical Dineo que decorreu Fevereiro de 2017 em Inhambane segundo (22) atingiu
velocidades superiores a 100km/h e com rajadas de vento com velocidades máximas de
150km/h. Os ventos danificaram tudo o que encontraram pela frente dentre eles infra-estruturas
públicas, principalmente de educação e saúde, residências, postes eléctricos, painéis
publicitários, etc tendo como consequência: 1 692 salas de aula foram danificadas, prejudicando
um total de 160 000 alunos e 5 500 professores; na saúde, 72 unidades sanitárias foram
destruídas, em doze distritos. Ao todo, foram 7 o número de óbitos, destruiu totalmente 33.712
casas, foram afectadas 652 684 pessoas, o que corresponde a 130 538 famílias, nos distritos de
Funhalouro, Homoíne, Inharrime, Jangamo, Mabote, Massinga, Morrumbene, Panda, Vilankulo,
Zavala, cidade de Inhambane e Maxixe.
42
O ciclone destruiu ainda 29 173 hectares com culturas de milho, feijão-nhemba, mandioca,
hortícolas e fruteiras, situação que afunda as esperanças das populações.
A ponte-cais do lado do distrito da Maxixe desabou e como consequência, os barcos não podiam
atracar naquele local, o que fez com que os utentes tivessem que enfrentar diversos
constrangimentos entre carros encalhados, problemas na travessia bem como perdas de barcos
por parte dos pescadores regionais.
22.3.2. Cheias de 2000
As cheias não são propriamente raras em Moçambique. Habitualmente na estação das chuvas
(que corresponde ao Verão moçambicano, quando o Sol se aproxima do Equador, durante a
passagem do equinócio), o país absorve chuvas intensas, que se repetem de forma cíclica. As
chuvas torrenciais e as cheias já estavam previstas desde Setembro de 1999, em parte devido ao
ciclone La Nina, mas ninguém podia prever a magnitude da calamidade. Contudo, nos meses de
Janeiro, Fevereiro e Março de 2000, a passagem de vários ciclones agravou em 90 por cento a
situação, criando cheias catastróficas. A pluviosidade anormal no sul de Moçambique, no norte
da África de Sul e no Zimbabwe, foi causada por uma série de ciclones tropicais que se dirigiram
para o interior em vez de se moverem ao longo da costa. Os resultados foram quatro cheias nos
rios do sul e centro do país e ventos com mais de 100km/h. A ocorrência de chuvas torrenciais
significava que os rios subiam e baixavam muito rapidamente.
Foram afectados quatro rios: o rio Maputo, o rio Umbelúzi, o rio Incomáti e o rio Limpopo. Um
dos ciclones, o ciclone Connie, derramou 454 mm de chuva em dois dias, um valor nunca antes
atingido. Depois, veio a cheia do rio Limpopo, com a água a subir ao nível mais alto em 150
anos. O caudal do Incomáti aumentou 20 vezes, inundando a principal estrada norte-sul, a
Estrada Nacional Nº 1, num ponto a apenas 120 quilómetros a norte de Maputo, interrompendo
toda a comunicação rodoviária.
A resposta imediata à desgraça foi principalmente local, com as equipas sul-africanas de
televisão e os helicópteros da Força Aérea a chegarem a Moçambique em resposta à segunda
cheia. Nove forças aéreas internacionais voaram para Moçambique, o que, de acordo com as
Nações Unidas, originou a maior operação aérea de salvamento alguma vez montada em tão
curto espaço de tempo.
43
23. Estatísticas da fatalidade dos efeitos da MC
Segundo (23) , a África está particularmente mais vulnerável aos efeitos das mudanças climáticas
sendo que grande parte de sua economia depende de uma base de recursos naturais sensíveis ao
clima, incluindo a agricultura de subsistência dependente da chuva. Interrupções no
abastecimento de água ou de alimentos representam sérios riscos não só para as suas economias,
mas também para a estabilidade política, particularmente em Estados frágeis. Como
consequência, qualquer desastre natural decorrente no continente africano representa maior risco
pois afecta uma grande parte da população reduzindo ainda mais aquele que é o nível de vida da
população africana. Dentre os eventos extremos que mais mortes causaram no mundo temos:
Tabela 1 - Eventosextremosque acusaram morte em áfrica
Tabela 2 - Estatística de fatalidade Moçambique para eventosextremosentre os anos 1980-2008
Eveno Extremos N° de Eventos Total de Mortos Total de Afectados
Seca 10 100.200 16.444.000
Cheia 20 1.921 90.393.000
Ciclone tropical 13 697 2.997.300
Tempestade de vento 5 20 5.100
Evento Data Local Nº de Mortes
Cheias em Moçambique 2000 Moçambique >800
Furacão Katrina 2005 Alabama, Luisiana, Flórida e
Mississípi, (EUA)
1.833
Ciclone Nargis 2008 Mianmar 78.000 – 124.000
Ondas de Calor no
Hemisfério Norte
2010 América do Norte, Europa e
Sibéria
>120.000
Secas no Leste de África 2010-2012 Quénia, Etiópia, Somália,
Uganda e outros
~258.000
Chuvas na região serrana do
Rio de Janeiro
2011 Brasil >902
Ciclone Dineo 2017 Inhambane (Moçambique) 7
Fonte:(28)
44
24. Papel do Engenheiro do Ambiente
No combate as mudanças climáticas, o engenheiro ambiental têm como papel os seguintes:
 Estudar tecnologias e participar de pesquisas de processos de produção de energia mais
limpas;
 Gerir o tratamento das emissões de GEE;
 Participar na revisão de relatórios de estudo de impactos relacionados com a emissão de
GEE;
 Implementação de projectos que visam o uso energético fontes menos poluentes.
 Desenvolver capacidades a todos os níveis para a planificação, execução e monitoria de
campanhas de prevenção e combate às queimadas e desmatamento.
 Incentivar a participação das comunidades e demais usuários das florestas na prevenção e
combate ao desmatamento e queimadas descontroladas
 Entendimento da interacção população-ambiente nos aspectos específicos da região;
 Identificação de áreas ecologicamente frágeis, planificação e ordenamento espacial com
vista a mitigação de desastres naturais;
 Identificação de áreas com potenciais recursos para suportar centros de acomodação em
situações de população deslocada;
 Identificação espacial de disponibilidade de recursos sectoriais (ex- hospitais, escolas,
vias de acesso, rios)
45
25. Papel dos outros intervenientes
25.1. Papel da População nas mudanças climáticas
Uma definição clara das estratégias locais a serem adoptadas por uma determinada comunidade
em resposta a um evento climático de curta ou longa duração, passa por um estudo detalhado das
características físico-geográficas, culturais, e socioeconómicas local e da comunidade.
Para Moçambique, sendo que a maioria da população nacional sobrevive de agricultura de
subsistência, no período pós-desastre é frequente a escassez de disponibilidade local da semente.
A semente é um bem tão essencial para a futura segurança alimentar das famílias de tal maneira
que os agricultores fazem tudo ao seu alcance para salvaguardar pelo menos uma pequena
quantidade, mesmo no decurso de uma calamidade.
Uso de culturas resistentes à seca como a mandioca, mexoeira e mapira como alternativas de
alimentação em anos de fraca produção ou em períodos de seca.
A incorporação da criação animal nos vários sistemas agrícolas é uma adaptação de extrema
importância para os agricultores com vista ao melhoramento da segurança alimentar
principalmente nas zonas semiáridas onde a perda de culturas é frequente como por exemplo no
sul e centro do país.
25.2. Protocolo de Quioto
As mudanças do clima são alvo de preocupação da comunidade internacional desde a década de
1980. Com vista a redução dessas emissões que podem piorar já o cenária actual vivido foi
criado o protocolo de Quioto que estabeleceu três mecanismos de flexibilização para
implementação das obrigações pelos países com metas de redução, que lhes permitem patrocinar
parte da obrigação de diminuição das emissões fora de seu território:
 Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL);
 Implementação Conjunta (IC);
 Comércio de Emissões (CE).
46
26. Principais Sectores Intervenientes em casos de desastres
26.1. MITADER – Ministério da Terra Ambiente e Desenvolvimento Rural
 Implementação de estratégia e plano de acção para conservação da biodiversidade em
Moçambique sob a convenção de biodiversidade;
 Estratégia e plano de acção para prevenção e combate a queimadas descontroladas;
 Estratégia e plano de acção para prevenção e combate a erosão dos solos:
 Elaboração do Programa de Acção Nacional para a Adaptação (NAPA) no quadro da
Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas;
 Implementação do Plano Nacional de Capacitação para Implementação do Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo no quadro de Protocolo de Quioto;
 Implementação do projecto de avaliação da necessidade de capacitação nacional para
auto-avaliação de gestão global do ambiente;
 Plano de acção de combate a seca e desertificação no quadro da convenção das nações
unidas sobre combate a secas e desertificação;
 Estabelecimento de organizações jovens com vista a conservação ambiental em
Moçambique.
26.2. INGC – Instituto Nacional de Gestão de Calamidades
 Divulgação a publicação de informação no campo em situações de desastres;
 Organizar e coordenar a nível Nacional a obtenção, análise e disseminação de informação
meteorológica, suas tendências e consequentes impactos sobre a população;
 Informar as instituições de tutela qualquer acto com vista a prevenção, salvamento e
reabilitação de infra-estruturas;
 Providenciar informação regular dos seus gestores aos respectivos doadores;
 Promover assistência mútua e troca de informação entre organizações internacionais
similares.
47
26.3. SETSAN – Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutrição
A implementação destes programas não só constituem acções de mitigação como é o caso da
política agrícola e o acesso ao mercado para melhoramento da segurança alimentar, mais também
têm um grande contributo em momento de recuperação pós-desastre como é o caso do papel dos
transportes e comunicações.
26.4. CVM – Cruz Vermelha de Moçambique
A CVM tem assistido grande parte da população vulnerável em colaboração e auxílio de
instituições governamentais como o Ministério de Agricultura, Saúde, INGC. As suas acções não
só implementam-se através de intervenções imediatas, mas também na antecipação de desatares
através de planificação direccionada a apoiar os mais diversos sectores da sociedade.
26.5. PMA – Programa Mundial de Alimentação
O Programa Mundial de Alimentação trabalha em parceria com cerca de 29 instituições
nacionais e internacionais, particularmente nas províncias mais afectadas pela seca e cheias
(caracterizadas por zonas mais vulneráveis a desastres naturais), direccionado as suas actividades
para:
 Distribuição alimentar, incluindo o programa de “comida pelo trabalho” direccionada a
grupos vulneráveis;
 Fornecimento de alimentação suplementar para crianças com menos de 5 anos de idade e
mulheres gravidas;
 Distribuição alimentar as escolas e áreas periféricas afectadas incluindo e distribuição
“porta a porta” para melhoramento nutricional de crianças;
 Implementação de programas de emergência integrando o HIV/SIDA – actividades têm
em vista a assistência às famílias afectadas com HIV/SIDA e possíveis grupos
vulneráveis através de programa de “comida pelo trabalho” e distribuição alimentar
regular.
48
Para além dos programas de distribuição alimentar, o PMA desenvolve actividades de
monitoramento do estado de vulnerabilidade a insegurança alimentar em colaboração com o
Grupo de Análise de Vulnerabilidade (GAV) e a FAO para avaliação de necessidades
alimentares.
26.6. UNICEF – Fundo das Nações Unidas Para Criança
Os programas da UNICEF em Moçambique têm em vista o melhoramento de acções preventivas
e de cuidados básicos de saúde às crianças e adolescentes, e por outro lado, a capacitação e
aprovisionamento de cuidados contra infecções de HIV.
26.7. PNUD – Programa Para Nações Unidas para o Desenvolvimento
Desde os meados dos anos oitenta, PNUD têm tido um papel cada vez mais interventivo para
capacitação e resposta a situações de emergência. Com base nos seus objectivos orientados a
operacionalização de emergência alguma das actividades levadas a cabo em Moçambique são:
 Preparação de um plano nacional de desastres e estabelecimento de uma rede de apoio
através de ONG’s, governos locais para o fortalecimento de iniciativas comunitárias na
redução de desastres;
 O estabelecimento de um fundo para suporte local e comunitário para mitigação de
desastres naturais;
 Melhoria de sistema de informação, participação pública na redução dos impactos de
desastres e redução de vulnerabilidade;
 Melhoria de informação geográfica e populacional em áreas de risco.
49
Os grandes programas de capacitação envolvem cinco grandes componentes:
 Desenvolvimento de planos nacionais para redução de riscos potenciais, através do
estabelecimento de um suporte financeiro para uma maior mobilização comunitária,
montagem de sistema de alerta e desenvolvimento de uma maior consciencialização
comunitária na mitigação dos desastres;
 Fortalecimento institucional através de treinamento de técnicos de estruturas
administrativas, como o INGC;
 Operacionalização de mecanismos de gestão de desastres através de coordenação de um
conselho técnico de gestão de desastres baseado num plano de contingência quer a nível
provincial e até mesmo distrital. Criação de um sistema de aviso prévio gerido por
autoridades loca através dos delegados do INGC;
 Promoção de campanhas de consciencialização pública através de programas de
treinamento e criação de centros de informação;
 Estabelecimento de coordenação regional através da SADC para implementação de
programas regionais.
26.8. FEWS Net Mind
Existem seis principais objectivos que orientam as actividades da FEWS Net Mind em
Moçambique:
 Melhoramento do sistema de aviso prévio;
 Melhoramento do acesso e utilização de informação integrada de aviso prévio para
redução de risco de desastres;
 Identificação e correcção de lacunas em matéria de informação sobre vulnerabilidade e
desastres;
 Apoio aos planos de contingência para preparação e resposta a desastres;
 Disponibilização de informação e análise de desastres, com vista a uma eficaz
planificação de estratégias de emergência.
50
Entre as grandes linhas orientadoras dos seus programas, a FEWS Net desenvolve outras
actividades ligadas a:
 Estabelecimento de pareceria com ARA-Sul no desenvolvimento de modelos
hidrológicos de simulação para prevenções as cheias;
 Apoio a Unidade Nacional de Aviso Prévio do MADER para melhoramento de
disseminação de informação agrícola e o seu monitoramento;
 Coordenação de actividades conjuntas com o SETSAN para melhoramento da segurança
alimentar e nutricional;
 Implementação de parecerias com o INGC para melhoramento sua gestão em matéria de
desastres naturais;
 Monitoramento de sazonalidade agrícola com recurso a teledetecção remota.
51
27. CONCLUSÃO
As mudanças climáticas constituem uma realidade pois os seus efeitos são capazes de se sentir
em todo mundo nos dias de hoje. Esforços são reunidos internacionalmente com vista a discutir o
facto das altas emissões de GEE para o ambiente bem como os seus possíveis efeitos e as
medidas de mitigação para o combate às consequências deles advindas como o aquecimento
global, degelo, eventos extremos, entre outros. A necessidade de desenvolvimento influência
significativamente, através das emissões resultantes das actividades antropogénicas. O sector
energético é um dos que mais contribui para o aumento dos níveis de emissão de GEE no
ambiente, portanto esforços para a redução das emissões como o incentivo de mais uso de fontes
renováveis, culmina com o aumento da eficiência energética nos processos de produção e
consumo, caminhado deste modo ao alcance do desenvolvimento sustentável, bem como o uso
de fontes energéticas limpas e renováveis. Ainda foi por nos constatando a necessidade de
cooperação com as entidades internacionais e mais experientes no sector para troca de
experiências e estabelecimento de políticas de mitigação dos impactos das Mudanças Climáticas,
para a melhoria da qualidade de vida a nível mundial.
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Mudanças climáticas e Energia

  • 1. FACULDADE DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA ENGENHARIA DO AMBIENTE- (LABORAL) 4º Ano Energia e Ambiente Tema: Discentes: Docente: Alafo, Rolf Enoque Issaia Eng.º Alberto Júlio Tsamba Gove, Lurdes Manuel Mucavele, Edny Alfredo Nelson Maputo, Maio de 2017 Energia e Mudanças Climáticas (MC)
  • 2. UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE FACULDADE DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA ENGENHARIA DO AMBIENTE- (LABORAL) 4º Ano Energia e Ambiente Tema: Discentes: Docente: Alafo, Rolf Enoque Issaia Eng.º Alberto Júlio Tsamba Gove, Lurdes Manuel Mucavele, Edny Alfredo Nelson Maputo, Maio de 2017 Energia e Mudanças Climáticas (MC)
  • 3. i Índice I. Dedicatória .................................................................................................................................I II. Agradecimentos .......................................................................................................................... I III. Declaração de Honra...............................................................................................................II IV. Listas de Figuras, esquemas e gráficos....................................................................................III Lista de Figuras ............................................................................................................................III Lista de Tabelas........................................................................................................................... IV V. Lista de Abreviaturas, símbolos e siglas.......................................................................................V VI. Resumo.................................................................................................................................. VI 1. Introdução ..................................................................................................................................1 2. Apresentação do problema ...........................................................................................................2 3. Justificativa.................................................................................................................................2 4. Objectivos do Trabalho................................................................................................................3 4.1. Geral:..................................................................................................................................3 4.2. Específicos:.........................................................................................................................3 5. Revisão bibliográfica...................................................................................................................4 6. Metodologia de estudo.................................................................................................................4 7. Enquadramento Geográfico..........................................................................................................5 8. Conceitos básicos sobre energia e clima........................................................................................6 9. Mudanças climáticas e Histórico da variabilidade climática............................................................6 10. Causas das Mudanças climáticas...............................................................................................8 10.1. Causas naturais: ...............................................................................................................8 10.1.1. Movimento de placas tectónicas ....................................................................................8 10.1.2. Erupções vulcânicas......................................................................................................8 10.1.3. Variações da orbita terrestre..........................................................................................9 10.1.4. Variações oceânicas......................................................................................................9 10.2. Causas antropogénicas:...................................................................................................10
  • 4. ii 10.2.1. Desflorestamento........................................................................................................10 10.2.2. Queima de combustíveis .............................................................................................11 11. Evolução histórica da interferência climática pelo sector energético..........................................11 12. Evidencias das mudanças climáticas .......................................................................................13 12.1. Derretimento das calotas polares e aumento do nível da água nos oceanos .........................14 12.2. Desastres naturais...........................................................................................................15 12.3. Avanço dos desertos.......................................................................................................16 12.4. Extinção de animais........................................................................................................16 13. Consequências a curto, médio e longo prazo das Mudanças Climáticas .....................................17 13.1. Consequências no sector de recursos hídricos e pescas......................................................17 13.2. Consequências nas zonas costeiras...................................................................................17 13.3. Consequências na saúde humana .....................................................................................17 13.4. Consequências na agricultura e nas florestas ....................................................................17 14. Energia e desenvolvimento socioeconómico............................................................................18 15. Relação entre mudanças climáticas e produção/ uso de energia.................................................19 16. Consumo mundial de energia por fonte ...................................................................................19 16.1. Carvão...........................................................................................................................20 16.1.1. Segurança energética ..................................................................................................20 16.1.2. Meio ambiente............................................................................................................20 16.2. Petróleo.........................................................................................................................21 16.2.1. Meio ambiente............................................................................................................21 16.3. Gás Natural....................................................................................................................22 16.3.1. Meio ambiente............................................................................................................22 17. Degradação da qualidade da atmosfera....................................................................................23 18. Efeito de estufa e aquecimento global .....................................................................................24 18.1. Efeito de estufa ..............................................................................................................24 18.2. Aquecimento global........................................................................................................25 19. Relação efeito de estufa e aquecimento global .........................................................................25
  • 5. iii 20. Vulnerabilidade as mudanças climáticas..................................................................................26 20.1. Exposição ao risco..........................................................................................................26 20.1.1. Áreas Susceptíveis a Cheias ........................................................................................27 20.1.2. Áreas Susceptíveis a Secas..........................................................................................28 20.1.3. Áreas Susceptíveis as Ciclones ....................................................................................28 20.2. Fraco desenvolvimento socioeconómico ..........................................................................30 21. Mitigação dos seus impactos ..................................................................................................31 21.1. Fortalecimento institucional e do Quadro Legal................................................................31 21.2. Estabelecimento de Centros de Investigação, Gestão de Recursos e Alternativas para Redução das Emissões de GEE......................................................................................................31 21.3. Valorização e Preservação dos Recursos Florestais...........................................................33 21.4. Construção de Infra-estruturas de Engenharia...................................................................34 22. Exemplos de eventos induzidos por mudanças climáticas .........................................................36 22.1. A nível global ................................................................................................................37 22.1.1. Furacão Katrina..........................................................................................................37 22.1.2. Ciclone Nargis (2008).................................................................................................37 22.1.3. Onda de calor na Europa (2010) ..................................................................................38 22.1.4. Chuvas intensas no Brasil............................................................................................39 22.1.5. El Niño (2015) ...........................................................................................................39 22.2. Em África......................................................................................................................40 22.2.1. Seca no Leste Africano...............................................................................................40 22.3. A nível nacional ............................................................................................................41 22.3.1. Ciclone Dineo ............................................................................................................41 22.3.2. Cheias de 2000...........................................................................................................42 23. Estatísticas da fatalidade dos efeitos da MC.............................................................................43 24. Papel do Engenheiro do Ambiente ..........................................................................................44 25. Papel dos outros intervenientes...............................................................................................45 25.1. Papel da População nas mudanças climáticas ...................................................................45
  • 6. iv 25.2. Protocolo de Quioto........................................................................................................45 26. Principais Sectores Intervenientes em casos de desastres..........................................................46 26.1. MITADER – Ministério da Terra Ambiente e Desenvolvimento Rural...............................46 26.2. INGC – Instituto Nacional de Gestão de Calamidades.......................................................46 26.3. SETSAN – Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutrição................................47 26.4. CVM – Cruz Vermelha de Moçambique ..........................................................................47 26.5. PMA – Programa Mundial de Alimentação......................................................................47 26.6. UNICEF – Fundo das Nações Unidas Para Criança ..........................................................48 26.7. PNUD – Programa Para Nações Unidas para o Desenvolvimento ......................................48 26.8. FEWS Net Mind.............................................................................................................49 27. CONCLUSÃO......................................................................................................................51 28. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................................52
  • 7. I I. Dedicatória Queremos dedicar esse nosso Projecto Cientifico, aos nossos nobres Pais em primeiro lugar, e também em especial aos nossos progenitores (Avos), eles são a nossa fonte de inspiração salvaguardando os seus ensinamentos, primos, amigos, toda família no geral e a comunidade académica. II. Agradecimentos Em primeiro lugar queremos agradecer a Deus por essa nobre e irremunerável oportunidade de poder estar vivo ate a data de hoje e ter a oportunidade de elaborar esse Projecto Científico, que é uma honra em especial para nos como estudantes da Faculdade de Engenharia. E sem tirar mérito aos nossos Encarregados de educação (Pais) pela atenção que por eles nos é concedida, sem a especial atenção deles com certeza não chegaríamos ate aqui. Aos Docentes da Faculdade de Engenharia-UEM, em especial no Departamento de Engenharia Química, por terem nos dotado de conhecimentos técnico-científicos para elaboração desse que o nosso Projecto de Pesquisa. E aos nossos calorosos colegas de faculdade e de Curso que tem sido como irmão quase que família caminhado junto sempre, rumo a batalha para alcançar aquilo que é o nosso objectivo a Formação em Licenciatura em Engenharia do Ambiente. O nosso muito Obrigado é dedicado aos colegas, amigos, vizinhos e toda família no (Geral) pela ajuda que nos é prestada sem nenhum remorso.
  • 8. II III. Declaração de Honra Declaro por nossa honra que o presente trabalho e a informação nele contido, é fruto do trabalho de investigação pessoal. Os resultados são fiéis às observações efectuadas e as bibliografias consultadas. Os Declarantes: –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– —————————————————— ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– (Rolf Enoque Issaia Alafo) (Lurdes Manuel Gove) ) (Edny Nelson Alfredo Mucavele) ) (O Supervisor)
  • 9. III IV. Listas de Figuras, esquemas e gráficas Lista de Figuras Ilustração 1 - Mapa de Moçambique--------------------------------------------------------------------------------5 Ilustração 2 - Localização de Moçambique no Globo-------------------------------------------------------------5 Ilustração 3 - Mudanças de temperatura em Vostok, Antartica. Períodos interglaciais são marcados em verde--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------7 Ilustração 4 - Excreção do magma, gases e partículas quentes e cinzas.----------------------------------------8 Ilustração 5 - Circulação oceânica de longa duração--------------------------------------------------------------9 Ilustração 6 - Comercialização de Lenha para Centros Urbanos------------------------------------------------10 Ilustração 7 - Efeito do CO2 de combustíveis fosseis na evolução futura da temperatura média global. O verde representa a evolução natural, o azul representa os resultados da libertação antrópica de 300Gton C, laranja representa 1000Gton C, o vermelho 5000Gton ----------------------------------------------------------11 Ilustração 8 - Emissões de gases de efeito de estufa relacionadas com o sector energético por tipo de gás -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------12 Ilustração 9 - Emissões de CO2 acumulativas relacionadas com o sector energético por região------------13 Ilustração 10 - Recuo da calota polar norte -----------------------------------------------------------------------14 Ilustração 11 - variação do nível dos oceanos e comparação entre fontes de estudos-----------------------15 Ilustração 12 - Cheias de 2000 em Moçambique Província de Gaza-------------------------------------------15 Ilustração 13 - Vista aérea de New Orleans após o furacão Katrina (2005) -----------------------------------15 Ilustração 14 - Regiões da Terra com maiores riscos de desertificação----------------------------------------16 Ilustração 15 - o aquecimento global põe em risco habitats de várias espécies-------------------------------16 Ilustração 16 - Evolução industrial vs crescimento social-------------------------------------------------------18 Ilustração 17 - Consumo mundial de energia por fonte ----------------------------------------------------------20 Ilustração 18 - Reservas múndias ----------------------------------------------------------------------------------20 Ilustração 19 - Emissões por tipo de combustível ----------------------------------------------------------------21 Ilustração 20 - Reservas múndias de petróleo---------------------------------------------------------------------21 Ilustração 21 - Consumo mundial de gás natural por segmento, 2003-2030 ----------------------------------22 Ilustração 22 - Emissão de CO2- Produção de calor industrial por tipo de combustível ---------------------22 Ilustração 23 - Emissão de CO2 - produção d energia eléctrica por tipo de combustível --------------------22 Ilustração 24 - Mecanismo da inversa térmica na Atmosfera ---------------------------------------------------23 Ilustração 25 - Mecanismo do fenómeno estufa ------------------------------------------------------------------25 Ilustração 26 - Emissões de gases de efeito estufa por actividade sectorial -----------------------------------25 Ilustração 27 - Zonas de riscos a cheias em Moçambique -------------------------------------------------------27 Ilustração 28 - Zonas com potencial risco para secas ------------------------------------------------------------28
  • 10. IV Ilustração 29 - Frequência de ciclones que atingem a zona da africa Austral---------------------------------29 Ilustração 30 - Potencial renovável global de Moçambique-----------------------------------------------------32 Ilustração 31 - Localização de fontes renováveis de energia em Moçambique -------------------------------32 Ilustração 32 - Caracterização das fontes de energia-------------------------------------------------------------33 Ilustração 33 - Campanhas educativas, preservação e conservação dos recursos florestais -----------------33 Ilustração 34 - Diques de protecção--------------------------------------------------------------------------------35 Ilustração 35 - Barragem--------------------------------------------------------------------------------------------35 Ilustração 36 - Eventos extremos pelo mundo --------------------------------------------------------------------36 Ilustração 37 -Impactos do Furacão Katrina ----------------------------------------------------------------------37 Ilustração 38 - Desastres resultantes do ciclone nargis ----------------------------------------------------------38 Ilustração 39 - Ondas de Calor em Novembro de 2010----------------------------------------------------------38 Ilustração 40 - Deslizamento de Terra no Brasil------------------------------------------------------------------39 Ilustração 41 - Deserto no chifre da africa ------------------------------------------------------------------------40 Ilustração 42 - Escassez de água na Somália----------------------------------------------------------------------40 Lista de Tabelas Tabela 1 - Eventos extremos que acusaram morte em áfrica.................................................................43 Tabela 2 - Estatística de fatalidade Moçambique para eventos extremos entre os anos 1980-2008 ..........43
  • 11. V V. Lista de Abreviaturas, símbolos e siglas GEE- Gases de Efeito Estufa OMS- Organização Mundial da Saúde ONU- Organização das Nações Unidas CO- Monóxido de Carbono NO2- Dióxido de Carbono SO2 – Dióxido de Enxofre UNFCCC – Convecção Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas AIE- Agencia Internacional Energia IFC- Internacional Finance Corporation PGA- Plano de Gestão Industrial AIA- Avaliação do Impacto Ambiental Mozal- Moçambique Alumínio MC – Mudanças climáticas MITADER – Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural MADER - Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural INGC - Instituto Nacional de Gestão Calamidades FEWS - Femine Early Warning Systems IPCC- Painel Intergovernamental sobre mudanças climáticas MOPH - Ministério das Obras Publicas e Habitação INGC – Instituto Nacional de Gestão de Calamidades SETSAN – Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutrição CVM – Cruz Vermelha de Moçambique PMA – Programa Mundial de Alimentação PMA – Programa Mundial de Alimentação PNUD – Programa Para Nações Unidas para o Desenvolvimento UNICEF – Fundo das Nações Unidas Para Criança CFc’s – Clorofluorcarbonetos CO2 – Dióxido de Carbono CO – Monóxido de Carbono NOx – Óxidos de Nitrogénio SOx – Óxidos de Enxofre Km2 – Quilómetros Quadrados Km/h – Quilómetros por hora % - Por cento/ Percentagem m – metros MDL– Mecanismo de desenvolvimento Limpo MTC – Ministério de Transporte e Telecomunicações MICULTUR – Ministério da Cultura e Turismo
  • 12. VI VI. Resumo As etapas da cadeia de suprimento energético a produção, a conversão, o transporte e o consumo dos vários insumos contribuem como parcela significativa das emissões de gases de efeito estufa 60% a 65% (1). Mesmo com os esforços voltados ao uso eficiente de energia e ao desenvolvimento das chamadas fontes renováveis de energia ainda modestos, mas contínuos, a tendência é que tal importância se mantenha. Reduções significativas das emissões de gases de efeito estufa associadas ao uso da energia, sem sacrifício da qualidade de vida da população mundial, irão requerer um grande esforço para a diversificação da matriz energética e a mudança de padrões de consumo. Portanto, para que as emissões de GEE sejam reduzidas e a concentração de GEE seja estabilizada em patamares razoáveis, é preciso que em 40-50 anos o sistema energético mundial passe por um profundo processo de transformação, com diversificação da matriz energética e mudança de hábitos de consumo. Baseado em um estudo feito pela Agência Internacional de Energia, tendo como horizonte o ano 2050, alternativas de redução das emissões de GEE são analisadas neste artigo. Moçambique têm uma população maioritariamente rural cuja sobrevivência depende fundamentalmente da agricultura (2). A prática agrícola e a segurança alimentar da população são afectadas por muitos problemas ligados a mudanças climáticas com repercussões directas advindas da seca, cheias, ciclones e agravadas pela presença da epidemia do HIV/SIDA. Estes constrangimentos contribuem para um ineficiente desempenho dos sectores económicos e resultam no agravamento da qualidade de vida das populações que a prior vivem no limiar da pobreza. O conceito de vulnerabilidade é extremamente vasto, devido à imensidão de factores que concorrem para o seu evento e a natureza do seu impacto. A vulnerabilidade a mudanças climáticas compreende dois componentes: o risco de ocorrência dum evento (ex: seca, ciclone, cheias) e a capacidade de adaptação das comunidades perante esse evento (tais como recursos materiais, financeiros, implementação de estratégias de adaptação, etc). Para a presente análise, considera-se de vulnerabilidade a todos os impactos físicos-naturais e sócio económicos consequentes da ocorrência de eventos climáticos extremos, e a incapacidade das populações adaptarem-se, e ainda agravados pelos níveis de pobreza extrema que a população enfrenta. Uma avaliação e definição de estratégias para diminuição de riscos advindos de mudanças climáticas para o caso de Moçambique, deve cobrir períodos de curto e médio prazo dada a fragilidade dos recursos disponíveis da população (2).
  • 13. 1 1. Introdução O presente trabalho tem como tema Energia e Mudanças climáticas. Uma preocupação surgiu a partir do momento em que se notou que o estado do clima a nível global tem sofrido grandes variações com impactos como, a perda florestal, erosão do solo, eventos climáticos extremos, perda de biodiversidade já visíveis e mensuráveis, por isso surgiu juntamente a necessidade de entender melhor quais os fenómenos que contribuem para essa mudança radical. É de referir que o clima, já sofria alterações desde milhões de anos atrás, mas o que se tem verificado é que essas alterações do clima têm ocorrido em uma escala, velocidade e amplitude do processo diferentes. Este problema tem sido atribuído ao excesso nas emissões dos gases de efeito de estufa. Esses gases de efeito de estufa são gerados em vários sectores como a indústria, transporte, agro- pecuária, construção e sector de geração de energia. Este último influencia principalmente com as emissões decorrentes da queima de combustíveis fosseis em larga escala. Desde o inicio da revolução industrial, o homem descobriu fontes de energia como combustíveis fosseis e aprendeu a queima-los em condições controladas para produzir trabalho mecânico e substituir o homem e os animais em trabalhos altamente pesados, multiplicando assim a produtividade. Poucos anos depois foi se verificando que o nível gases emitidos durante a combustão estava aumentando e se acumulando na atmosfera. Estudos constaram que a terra já aqueceu cerca de 1oC em média. Estudos Indicam também que se as emissões continuarem a taxa actual, pode-se experimentar no futuro próximo uma temperatura de 3 a 5oC mais quente do que temos actualmente. Daí a necessidade de se estabelecer uma relação entre o sector energético e as emissões gasosas, com o objectivo de se estabelecer e identificar os meios de mitigar as emissões de modo a manter o clima do planeta equilibrado.
  • 14. 2 2. Apresentação do problema As emissões de gases de efeito estufa GEE em 2004 foram estimadas em 49 GtCO2-eq (bilhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente). No mesmo ano, segundo a Agência Internacional de Energia, as emissões de dióxido de carbono associadas ao uso de fontes fósseis de energia (petróleo, carvão mineral, gás natural) representaram 26,6 GtCO2, ou seja, pouco menos de 55% das emissões totais de GEE. Ainda em 2004, consideradas as emissões de todos os GEE’s, estima-se que as emissões associadas ao uso da energia tenham superado 30 GtCO2- eq. Portanto, no presente o uso de energia representa pelo menos 60% das emissões totais de GEE. Enquanto no período 1970-2004 as emissões totais de GEE cresceram 70% (de 28,7 para 49 GtCO2-eq), no mesmo período as emissões associadas ao suprimento de energia cresceram 145% individualmente, o maior crescimento, enquanto as emissões associadas aos transportes cresceram 120% - o segundo maior crescimento. Uma perspectiva da importância relativa do uso da energia do ponto de vista das emissões de GEE é dada pelo IPCC, que avalia que nos cenários não associados à mitigação de GEE as emissões de GEE poderiam crescer 25% a 90% entre 2000 e 2030, sendo que o crescimento das emissões associadas ao uso da energia poderia variar entre 40% e 110%. Portanto, do ponto de vista das emissões de GEE, é clara a importância do uso da energia, bem como é evidente que a mitigação das emissões associadas requer acções concretas, mas sem impor sacrifícios à qualidade de vida da população mundial, principalmente dos segmentos populacionais que ainda não têm acesso à energia segundo (1). 3. Justificativa Uma cidade não pode ser concebida sem os equipamentos infra-estruturais que dão suporte a sua habitabilidade e consequente sustentabilidade. Neste caso uma cidade potencialmente industrializada, deve ser acompanhada ou regida por uma boa legislação ambiental, sobretudo no que concerne a poluição atmosférica, impacto causado as populações. Pois esta tem sido mui preponderante na saúde pública dos munícipes dessas zonas industrializadas, dos danos que a poluição atmosférica pode causar, vão desde as chuvas acidas que afectam em grande magnitude os edifícios, monumentos e solos ate câncer nas suas diversas formas.
  • 15. 3 4. Objectivos do Trabalho 4.1. Geral:  Relacionar a Produção e Consumo de Energia com as Mudanças Climáticas 4.2. Específicos:  Identificar as causas e consequências das mudanças climáticas;  Descrever Impactos das mudanças climáticas;  Identificar estratégias para mitigação dos impactos;  Identificar o papel do engenheiro do ambiente na mitigação dos impactos.
  • 16. 4 5. Revisão bibliográfica Embora o meio ambiente sempre tenho sido essencial para vida, a preocupação com o equilíbrio entre a vida humana e meio ambiente só assumiu dimensões internacionais a partir da década de 1960, com o avanço internacional da produção industrial e a degradação ambiental observados a segunda guerra mundial (3). Um dos grandes marcos sobre a preservação ambiental para o futuro da humanidade foi realizada pela Comissão Mundial sobre meio Ambiente e Desenvolvimento em (1991), que constatou em seu relatório “Nosso futuro Comum” publicado em 1987, que os problemas da degradação do meio ambiente não resultam apenas do desenvolvimento económico. A partir das próximas décadas, elas serão gerados principalmente pelo agravamento do subdesenvolvimento económico e social do terceiro mundo. 6. Metodologia de estudo Em função dos objectivos do estudo, o trabalho foi dividido em etapas a saber: 1. Primeira, consulta bibliográfica onde colheu-se dados para dar uma base solida de conhecimentos que possam contribuir para o sucesso dos objectivos traçados. 2. Segunda, foram desenvolvidas actividades na forma cronológica, seguir-se-á a fase de análise e interpretação dos mesmos, onde relacionou-se com os objectivos traçados, e esta culminou com a elaboração do relatório final.
  • 17. 5 7. Enquadramento Geográfico O território Moçambicano é um Pais situado na costa sudeste de África como é ilustrado na imagem 2, entre os paralelos 10o27’ e 26o52’ de latitude e entre os meridianos 30o12’ e 40o51’ de longitude. O país cobre uma superfície de 799.380 km2, dos quais 786.380 km2 de terra firme e 13.000 km2 de águas interiores. A extensão da fronteira terrestre é de 4.330 km2, limitando a norte a República Unida da Tanzânia; a oeste (de norte para sul) o Malawi, a Zâmbia, o Zimbabwe, a província do Transvaal na República da África do Sul e o reino da Swazilândia; a sul com a província do Natal na República da África do Sul; a leste, Moçambique é banhado pelo Oceano Índico. O comprimento da linha costeira atinge os 2.515 km, da foz do rio Rovuma, a norte, à Ponta do Ouro, a sul. A menor largura é de 47,5 km e situa-se entre a Namaacha e Catembe e a maior, entre a península de Mossuril e a confluência do rio Aruângua com o rio Zambeze. A figura a baixo mostra a localização geográfica de Moçambique (4). Ilustração 2 - Localização de Moçambique no Globo Ilustração 1 - Mapa de Moçambique
  • 18. 6 8. Conceitos básicos sobre energia e clima O clima é um dos aspectos do estudo da meteorologia, que constitui a ciência que se dedica ao estudo da atmosfera terrestre. O clima representa o estado médio da atmosfera, obtido através dos eventos de tempo durante um longo período. O clima também representa as condições meteorológicas médias de uma determinada região. O clima de um determinado lugar esta relacionado com factores como, a latitude, a Altitude e distância do mar. (4) Nesse âmbito, é importante mencionar certos elementos meteorológicos que são afectados directamente por qualquer alteração que possa ocorrer na atmosfera, nomeadamente, ventos, temperatura atmosférica, pressão atmosférica e humidade relativa. O conceito de energia é muito abstracto, difícil de se definir. Mas ela pode ser definida como a propriedade de um sistema que lhe permite realizar trabalho, essa energia pode assumir várias formas (calorífica, eléctrica, química, mecânica, electromagnética, radioactiva), transformáveis umas nas outras através de dispositivos próprios. As principais fontes de energia usadas são a água, o vento, as reacções químicas e nucleares, a radiação solar e os combustíveis fosseis, que são conversíveis em energia eléctrica. (5) 9. Mudanças climáticas e Histórico da variabilidade climática A variabilidade climática é um fenómeno natural caracterizado pelas oscilações periódicas do clima. O histórico da variabilidade climática está directamente relacionado com factores de variabilidade solar. Esse histórico está dividido em períodos glaciais e interglaciais. Os períodos glaciais são períodos de frio intenso e os interglaciais são períodos caracterizados pelo calor intenso. Há cerca de 100 milhões de anos, em uma era conhecida como Mesozóico a temperatura média do planeta era cerca de 10ºC acima da temperatura actual. Logo depois, a cerca de 65 milhões de anos atrás na era do Cenozóico, houve um resfriamento. Continuaram as mudanças no clima e na configuração dos continentes, ate que a cerca de 20 milhões de anos atrás, a Antárctida ficou Isolada termicamente das restantes regiões. No período do quaternário, há 3 milhões de anos atrás, deu-se espaço a alternância entre períodos frios e quentes, são as chamadas glaciações e interglaciações do quaternário. (4)
  • 19. 7 Todas essas variações no estado do clima tinham suas implicações na existência de formas de vida, tanto que a milhões de anos existiam espécies que hoje em dia são extintas. Mas também considera-se que o clima terrestre é influenciado directamente pela energia solar e depende das propriedades da terra e da atmosfera. Qualquer alteração nessas propriedades pode significar uma alteração no clima global. O fenómeno que tem-se verificado comummente é o aumento dos gases de efeito de estufa (GEE), aumento esse que afecta a absorção atmosférica, o que afecta de forma significativa o Clima de uma certa região. (7) Em suma, chama-se mudança climática à uma mudança directa ou indirecta da composição da atmosfera global e que seja adicional à variabilidade climática natural observada ao longo de períodos comparáveis de tempo. (8) O fenómeno de mudança climática é comummente chamado de aquecimento global, porque uma das consequências da mudança climática é o aumento da temperatura média anual. Essa mudança do clima, pode se manifestar noutros parâmetros ou elementos meteorológicos, como o vento, precipitação e circulação dos oceanos. (7) Ilustração 3 - Mudanças de temperaturaem Vostok, Antartica. Períodos interglaciais são marcados em verde Fonte: (6)
  • 20. 8 10. Causas das Mudanças climáticas As mudanças climáticas podem ser causadas por factores internos ou externos a terra e sua atmosfera, esses factores podem ser naturais ou antropogénicas. 10.1. Causas naturais: 10.1.1. Movimento de placas tectónicas O movimento das placas tectónicas é responsável pela reconfiguração dos continentes e dos oceanos. Esses movimentos têm influência na distribuição da temperatura e humidade a nível global e isso determina o estado climático global. 10.1.2. Erupções vulcânicas O fenómeno do vulcanismo é um processo que ocorre regularmente no planeta terra. Desse processo resulta no bloqueio parcial da transmissão da radiação solar para a superfície da terra, influenciando assim o estado climático global. Durante esse processo também há libertação de gases como óxidos de nitrogénio e enxofre e de partículas que alteram a composição química da atmosfera terrestre, contribuindo para o fenómeno de mudanças climáticas como ilustra a figura 4. Uma das primeiras observações feitas da influência das erupções vulcânicas foi em 1982, onde astrónomos do observatório Mauna Loa, no Havai observaram que a intensidade da insolação decresceu de 25% a 30% depois da erupção El Chichon. Ilustração 4 - Excreção do magma, gases e partículas quentes e cinzas. Fonte: (9)
  • 21. 9 10.1.3. Variações da orbita terrestre As variações na orbita terrestre causam mudanças na sazonalidade e na distribuição da radiação que atinge a superfície terrestre, alterando assim o estado climático global. A orbita terrestre sofre 3 tipos de variações:  Excentricidade;  Inclinação;  Orientação do ângulo do eixo de rotação da terra. 10.1.4. Variações oceânicas Nos oceanos a variações de curta (oscilação do Sul - El Niño, oscilação do Pacífico, oscilação do Norte Atlântico e oscilação do Árctico) e de longa duração (termohaline), sendo que todos eles afecta na redistribuição da temperatura na superfície. Ilustração 5 - Circulação oceânica de longa duração Fonte: (9)
  • 22. 10 10.2. Causas antropogénicas: 10.2.1. Desflorestamento As florestas têm uma importância socioeconómica pois são vistas como fontes de diversos recursos como a lenha, plantas medicinais, materiais de construção. Mas apesar desta importante função socioeconómica os recursos agro-florestais enfrentam problemas de desflorestamento e queimadas que podem constituir factores primários de mudanças climáticas. Em Moçambique, o desflorestamento está directamente ligado a:  Praticas agrícolas inapropriadas;  Procura de lenha e carvão os grandes centros urbanos;  Exploração florestal selectiva;  Falta de envolvimento das comunidades;  Fraca capacidade institucional;  Falta de demarcação de áreas florestais;  Falta de planos de maneio florestal. Ilustração 6 - Comercialização de Lenha para CentrosUrbanos Fonte: (10)
  • 23. 11 10.2.2. Queima de combustíveis Os combustíveis fosseis constituem a energia mais usada, e estima-se que mais de 90% das emissões de CO2 pelo sector energético resulta da combustão de combustíveis fosseis. As emissões por queima de combustíveis fosseis são resultantes principalmente das actividades do sector de transporte e indústria. (10) Ilustração 7 - Efeito do CO2 de combustíveis fosseis na evolução futura da temperatura média global. O verde representa a evolução natural, o azul representa os resultados da libertação antrópica de 300Gton C, laranja representa1000Gton C, o vermelho 5000Gton Fonte: (6) 11. Evolução histórica da interferência climática pelo sector energético A revolução industrial, que teve seu inicio no século XVIII, no ano de 1760 constitui um importante referencial para as emissões de gases de efeito estufa pelo sector energético, uma vez que foi durante a revolução no século XVIII que começou a usar-se o carvão como fonte de energia e mais tarde no século XIX o Petróleo. Facto este, que justifica a interferência do sector energético nas mudanças climáticas. O aumento no uso dos combustíveis fosseis, foi se intensificando a medida que o homem foi descobrindo novas áreas e tecnologias de exploração, aumentando assim, as emissões de gases para a atmosfera.
  • 24. 12 Um dos indicadores dessa relação é que o volume total de emissões de dióxido de carbono (CO2) pelo sector energético nos últimos anos corresponde ao nível total de todos os anos anteriores. Os combustíveis fosseis continuam a atingir mais de 80% da demanda de energia e mais de 90% das emissões do CO2 pelo sector energético são resultantes da queima de combustíveis fosseis. Embora em menores quantidades o gás metano (CH4) e Oxido nitroso (N2O) também são emitidos pelo sector energético, resultantes da extracção de petróleo e gás, transformação e distribuição da energia. A distribuição global das emissões de gases muda com a economia, ou seja com o poder de uso e produção de energia. No início do século XX, as emissões de CO2 relacionadas com a energia eram exclusivamente na Europa e Estados Unidos. Embora as emissões tenham aumentado 1,2% ao ano na última década do Século XX, a taxa média anual de aumento entre 2000 e 2014 acelerou para 2,3%, particularmente impulsionado por um rápido aumento das emissões de CO2 na geração de energia nos países Fora da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico). (11) Ilustração 8 - Emissões de gases de efeito de estufa relacionadas com o sector energético por tipo de gás Fonte: (11)
  • 25. 13 Ilustração 9 - Emissões de CO2 acumulativas relacionadas com o sector energético por região Fonte: (11) 12. Evidencias das mudanças climáticas Muitas evidências das mudanças climáticas existem, mas a que se tem destacado é o aumento da temperatura da terra. Mas essa evidência pode descentralizar-se em outras mais claras.
  • 26. 14 12.1. Derretimento das calotas polares e aumento do nível da água nos oceanos O nível médio do mar é a altitude média da superfície do mar medida em relação a um ponto da superfície terrestre de referência. O nível médio do mar, é por sua vez usado como ponto de referência para medir as altitudes dos mapas topográficos e marcadas as curvas de nível e as altitudes. Desde 1961 foram feitas analises que indicam que a temperatura média do oceano global elevou-se em profundidade, dessa forma o oceano tem absorvido mais de 80% de calor do sistema climático, esse aquecimento provoca a expansão da água do mar, contribuindo assim para a elevação do nível médio do mar. (12) A elevação do nível da água do mar também tem contributo o derretimento das calotas polares, devido ao aquecimento global. O derretimento de calotas polares contribui significativamente no aumento do nível das águas do mar. Ilustração 10 - Recuo da calota polar norte Fonte: (13)
  • 27. 15 Ilustração 11 - variação do nível dos oceanos e comparação entre fontes de estudos Fonte: (13) 12.2. Desastres naturais O homem ao degradar o meio ambiente desestabiliza o clima, e aumenta o alcance desses desastres naturais. Há que considerar também o crescimento populacional e a expansão urbana, que esta associado a desertificação e desvio de cursos de rios, o que causa uma significativa mudança no clima. Há várias demonstrações desses desastres naturais, como o furacão Katrina que fustigou o sul dos Estados Unidos da América em 2005 figura 13, as cheias em Moçambique em 2000 como ilustra na figura 12 causando mortes e prejuízos incalculáveis. Ilustração 13 - Vista aérea de New Orleans após o furacão Katrina (2005) Fonte: (13) Ilustração 12 - Cheias de 2000 em Moçambique Província de Gaza Fonte: (17)
  • 28. 16 12.3. Avanço dos desertos Vários são os casos de populações que tem se deslocado em busca de terra e agua, por causa das terras do deserto que tem invadido certas regiões. África, na Nigéria por exemplo tornou-se um dos lugares mais atingindo por esse fenómeno, devido as areias do deserto de Sahara que tem invadido o pais. A figura a baixo 14 mostra os lugares mais vulneráveis a esse fenómeno. 12.4. Extinção de animais As mudanças climáticas têm influenciado bastante na extinção de varias espécies de animais, devido a destruição e habitats e ate mesmo devido a proliferação de viroses, infecções, alergias e doenças respiratórias. Esse fenómeno é verificado desde milhões de anos atrás, desde os períodos de glaciações que causaram a extinção de certos répteis. Ilustração 14 - Regiões da Terra com maiores riscos de desertificação Fonte: (13) Ilustração 15 - o aquecimento global põe em risco habitats de várias espécies Fonte: (25)
  • 29. 17 13. Consequências a curto, médio e longo prazo das Mudanças Climáticas As mudanças climáticas por constituírem um fenómeno que leva alguns anos para sua manifestação, possuem consequências a curto e longo prazo, isso faz com que sua mitigação também seja um processo demorado. Essas consequências podem verificar-se em vários sectores de actividade humana, a destacar: 13.1. Consequências no sector de recursos hídricos e pescas  Menor quantidade de água disponível;  Pior qualidade das águas pluviais;  Aumento da temperatura superficial do mar;  Alterações nos recursos pesqueiros. 13.2. Consequências nas zonas costeiras  Subida do nível médio do mar e aumento da erosão costeira;  Intrusão salina. 13.3. Consequências na saúde humana  Aumento de doenças associadas a ondas de calor;  Aumento de doenças por poluição do ar. 13.4. Consequências na agricultura e nas florestas  Mudança no tipo de culturas devido a escassez de água para irrigação; readaptação a novos períodos de cultivo;  Aumento de pragas, doenças e infestante, tanto na floresta como na agricultura Perda de biodiversidade. 13.5. Consequências no sector de energia  Aumento das necessidades de arrefecimento em edifícios;  Necessidade de aquecimento de alguns edifícios  Aumento na procura de matéria-prima para construção de edifícios preparados para lidar com mudanças climáticas;  Aumento na procura de recursos energéticos.
  • 30. 18 14. Energia e desenvolvimento socioeconómico O desenvolvimento socioeconómico está aliado a industrialização. E a indústria é tida como o uso da energia para transformar matéria-prima em produtos acabados. O desenvolvimento da indústria teria sido impossível sem uma fonte de energia maior do que as forcas humanas e animais. Uma das primeiras interferência foi o uso de Carvão na máquina a vapor. Mais tarde, nos últimos anos do século XIX surgiram outras formas de uso e aproveitamento de energia, onde destacava-se electricidade pelas vantagens que esta forma de energia trouxa para as indústrias, como a capacidade de deslocar a energia e conversão em outras formas de energia. O desenvolvimento tecnológico, o crescimento industrial e a melhoria do padrão de vida de uma sociedade são acompanhados pela evolução do consumo de energia. Na medida em que uma sociedade amplia seus conhecimentos sobre fontes de energia, conquista maior controlo sobre a natureza e extraem recursos que possibilitam a melhoria no padrão de vida. De uma forma geral, o grau dos recursos energéticos conquistados por um país, está relacionado com o desenvolvimento desse país. O progresso técnico que possibilitou o desenvolvimento industrial na escala que conhecemos, a partir do século XVIII ate aos dias de hoje, implicou um aumento significativo no consumo de energia (14). Por causa dos seus padrões de consumo intensivo de energia, os países industrializados têm um impacto muito maior por pessoa sobre a poluição atmosférica global. Ilustração 16 - Evolução industrial vs crescimento social Fonte: (5)
  • 31. 19 15. Relação entre mudanças climáticas e produção/ uso de energia Estima-se que 60-65% das emissões de gases de efeito estufa GEE estejam associadas à produção, conversão e consumo de energia. Os cenários tendenciais de curto e médio prazo indicam que tal parcela deve continuar significativa, principalmente porque importante fracção da população mundial ainda não tem acesso aos chamados serviços energéticos – ou tem acesso a serviços energéticos de má qualidade. Em função do crescimento da população mundial e do desejado aumento da actividade económica, com a correspondente distribuição de renda, as emissões de GEE associadas ao consumo de energia podem aumentar em 2050 2,5 vezes em relação ao verificado em 2003. Portanto, para que as emissões de GEE sejam reduzidas e a concentração de GEE seja estabilizada em patamares razoáveis, é preciso que em 40-50 anos o sistema energético mundial passe por um profundo processo de transformação, com diversificação da matriz energética e mudança de hábitos de consumo. Baseado em um estudo feito pela Agência Internacional de Energia, tendo como horizonte o ano 2050, alternativas de redução das emissões de GEE são analisadas neste artigo. Baseado em um estudo feito pela Agência Internacional de Energia estima-se que as emissões dos gases de efeito de estufa possam aumentar ate 2,5 vezes ate 2050. Para garantir um cenário diferente é preciso que me 40-50anos o sistema energético mude os seus hábitos de consumo e produção. 16. Consumo mundial de energia por fonte Os principais insumos energéticos usados pela indústria e existentes no nosso pais são o petróleo, o carvão e o gás natural. Todos estes insumos apresentam taxas elevadas de crescimento de consumo, devido principalmente aos bons resultados das economias emergentes, lideradas pelos países desenvolvidos.
  • 32. 20 Ilustração 17 - Consumo mundial de energia por fonte Fonte: (15) 16.1. Carvão 16.1.1. Segurança energética Segundo (15) o carvão é responsável por 25% do consumo mundial de energia. Desta parcela, 2/3 são usados para geração de electricidade, e quase todo o restante para uso industrial (siderurgia e calor). As reservas mundiais de carvão são gigantescas, quase 3,5 vezes em relação ao petróleo e ao gás natural. Cerca de 2/3 destas reservas estão localizadas em apenas quatro países: Rússia, Estados Unidos, China e Índia. 16.1.2. Meio ambiente O carvão é o combustível que viabilizou a Revolução Industrial, e vem sendo queimado em grandes quantidades desde 1750. Como ilustrado na figura 18 a seguir, o carvão é a fonte energética que emite mais gases poluentes como material particulado, SOX, NOX, mas maioritariamente o gás carbónico por unidade de energia produzida, e um dos grandes responsáveis pelo aquecimento global. Ilustração 18 - Reservas múndias Fonte: (15)
  • 33. 21 16.2. Petróleo Assim como na segurança energética, vista acima, o petróleo tem um dos papéis centrais na questão climática. A razão é que a gasolina e o óleo diesel são responsáveis por quase toda a energia consumida no sector de transportes que, por sua vez, contribui com 25% das emissões dos países industrializados, as imagens 19 a seguir irão mostrar o verdadeiro cenário vivido. 16.2.1. Meio ambiente A ligação directa entre a emissão dos chamados “gases de efeito estufa” nas actividades de geração de energia e de transporte e o aumento da temperatura média da Terra (aquecimento global) é consenso da comunidade científica há vários anos. Considera-se também que este aquecimento pode ser catastrófico para as regiões mais pobres do planeta como é o caso do nosso pais Moçambique em prazo de décadas, e não de séculos como se imaginava antes. Além da consolidação da opinião científica, observa-se grande mudança na percepção pública sobre a seriedade do problema. Eventos de grande impacto visual como o furacão Katrina e as fotos de redução da cobertura de gelo como ilustrado nas imagens anteriores ocorridos na Antárctida tornaram os perigos do aquecimento mais concretos e imediatos. O aquecimento global foi matéria de capa de várias revistas semanais como Time e Veja, e destaque em programas de televisão de todo o mundo. Ilustração 20 - Reservas múndias de petróleo Fonte: (15) Ilustração 19 - Emissões por tipo de combustível Fonte: (30)
  • 34. 22 16.3. Gás Natural O gás natural (GN) era considerado uma das fontes mais promissoras para o atendimento da demanda energética mundial (11), com ritmo muito acelerado de crescimento e de consumo. Segundo um jornal Moçambique nas suas águas profundas possui 20 mil milhões de barris (convertidos em petróleo), essa quantidade de gás pode atrair novos investimos nos pais e alavancar a economia. Mas também o pais passara a ser uma referência na contribuição de emissão de GEE na africa subsaariana, não só nessa perspectiva mas também o pais poderá investir no sector energético no uso de energia renováveis para o abastecimento dos insumos energéticos a sua população segundo o plano quinquenal do governo. 16.3.1. Meio ambiente Embora o GN seja mais aceitável, em termos ambientais, que o óleo e o carvão, isto não significa que seja uma fonte benigna, pois contribui substancialmente para a contaminação global. Como consequência, há previsão de uma pressão política crescente para substituir a geração termoeléctrica a GN por fontes que não emitem CO2, como a biomassa, a nuclear e a energia eólica. Ilustração 21 - Consumo mundial de gás natural por segmento, 2003-2030 Fonte: (15) Ilustração 23 - Emissão de CO2 - produção d energia eléctrica por tipo de combustível Fonte: (15) Ilustração 22 - Emissão de CO2- Produção de calor industrial por tipo de combustível
  • 35. 23 17. Degradação da qualidade da atmosfera Os seres vivos sempre interagem com o ambiente em sua volta e o resultado dessa interacção são os resíduos. Os resíduos podem interferir no ciclo vital chegando a ameaçar a sobrevivência de espécies como a humana. A Poluição ambiental, definida como “o lançamento ou a presença nas águas, no ar e/ou no solo, de matéria ou energia que podem danificar os usos, previamente definidos, dos recursos naturais” (16), é resultado dessa interacção. A Poluição do ar, tanto em ambientes internos e ao ar livre, é um grave problema ambiental que afecta a todos quer nos países desenvolvidos assim como naqueles em desenvolvimento resulta da emissão dos GEE, material particulado, inceneração de resíduos de resíduos etc.. Segundo Araújo, 1997, a atmosfera é o mais importante de todos os componentes não só do clima, como também da manutenção da vida na Terra. A sua estrutura vertical está dividida em várias regiões horizontais, de baixo para cima. A primeira, a troposfera, contém 75% da massa gasosa de toda atmosfera, todo vapor de água e praticamente todos os aerossóis. A segunda região, a estratosfera, estende-se da tropopausa até uns 50 km de altitude. Nesta, as variações de temperatura são muito fortes, entre - 80oC e - 40oC. A atmosfera superior começa na mesosfera, que vai até 90 km de altitude, onde tem início a ionosfera, que vai até cerca de 1.000 km. A degradação da qualidade atmosférica é um fenómeno que esta associado a poluição atmosférica, alteração da composição natural da atmosfera resultantes das actividades antropogénicas maioritariamente, tendo como consequência:  Aquecimento global;  Inversão térmica;  Deterioração da camada de ozono;  Alternação na qualidade de ar que respiramos. Ilustração 24 - Mecanismo da inversa térmica na Atmosfera Fonte: (25)
  • 36. 24 18. Efeito de estufa e aquecimento global A Terra apresenta um fluxo constante de energia entre sua superfície, o Sol, e o espaço, definindo o sistema climático. O clima é controlado pelo equilíbrio entre a energia que a Terra recebe do Sol e a quantidade de energia devolvida ao espaço. Então, qualquer processo que altere esse equilíbrio resulta em mudança climática. A energia recebida do Sol na forma de luz, ou raios ultravioletas, é absorvida em parte pela Terra e o restante é devolvido ao espaço sob forma de radiação térmica ou raios infravermelhos. A atmosfera funciona como uma capa de gases que envolve o planeta, sendo responsável por reter uma parte dessa energia térmica. Esse fenómeno é conhecido por efeito estufa natural, responsável pela viabilidade da vida no planeta. Os principais gases responsáveis por este fenómeno são o vapor de água, o dióxido de carbono (CO2), o ozónio (O3), o metano (CH4), o óxido nitroso (N2O), resultantes de processos naturais, e outros produzidos pelo homem. Vale dizer que os gases de efeito estufa são, em condições normais, úteis para a vida no planeta Terra. O seu excesso, porém, pode tornar impossível a nossa sobrevivência. 18.1. Efeito de estufa Gases de Efeito Estufa GEE São substâncias gasosas que absorvem parte da radiação infravermelha, emitida principalmente pela superfície terrestre, e dificultam seu escape para o espaço como é ilustrado na imagem 25. A temperatura atmosférica tem impactos directos e indirectos sobre os ecossistemas e sobre as plantas em particular. Enquanto os impactos directos incidem directamente sobre os processos fisiológicos da planta tais como, a fotossíntese, transpiração, respiração, germinação, crescimento, floração e reprodução, os impactos indirectos incidem sobre o meio ambiente onde ocorre a redução da disponibilidade de aguas superficiais. Segundo (2) Moçambique é um pais essencialmente agrícola, onde a agricultura emprega dois terços dos trabalhadores, Em termos económicos isso representa 20% do PIB e 80% das exportações.
  • 37. 25 6% 10% 14% 21% 25% 24% Construções - 6% Energia - 10% Transporte - 14% Industria - 21% Electricidade e aquecimento - 25% Agricultura - 24% Emissões Globais de Gases de Efeito de Estufa por Sector 18.2. Aquecimento global Dessa forma, o aquecimento global é o aumento da temperatura média dos oceanos e da camada de ar próxima à superfície da Terra que pode ser consequência de causas naturais e actividades humanas. Isto se deve principalmente ao aumento das emissões de gases na atmosfera que causam o efeito estufa, principalmente o dióxido de carbono (CO2). O problema, portanto, não é o fenómeno natural, mas o agravamento dele. Como muitas actividades humanas emitem uma grande quantidade de gases formadores do efeito estufa GEE, esta camada tem ficado cada vez mais espessa, retendo mais calor na Terra, aumentando a temperatura da atmosfera terrestre e dos oceanos e ocasionando o aquecimento global. 19. Relação efeito de estufa e aquecimento global São várias as consequências do aquecimento global e efeito de estufa e algumas delas já podem ser sentidas em diferentes partes do planeta, tais como a desertificação das regiões equatoriais, o derretimento das calotas polares, elevação do nível dos oceanos, mudanças do ciclo hidrológico e imprevisíveis alterações climáticas em todo o planeta. Ilustração 26 - Emissões de gases de efeito estufa por actividade sectorial Ilustração 25 - Mecanismo do fenómeno estufa Fonte: (7)
  • 38. 26 Estas mudanças têm efeitos sobre o habitat de diversos animais e plantas, podendo levar à extinção de várias espécies, afectando inclusive a saúde pública, além da elevação do nível do mar, decorrente do derretimento das calotas polares, podendo ocasionar o desaparecimento de ilhas e cidades litorâneas densamente povoadas. Há também influências no regime de chuvas, que podem ameaçar seriamente a segurança alimentar das populações e a oferta de água, além do aumento na ocorrência de eventos climáticos extremos como furacões, tempestades tropicais, tornados e tsunamis com graves consequências para populações humanas e ecossistemas naturais, podendo ocasionar a extinção de espécies de animais e de plantas. 20. Vulnerabilidade as mudanças climáticas Apesar de significativos avanços de desenvolvimento registados, Moçambique é considerado o quinto país mais vulnerável do mundo, segundo o Índice de Vulnerabilidade às Mudanças Climáticas, devido a dois factores fundamentais, a saber: 20.1. Exposição ao risco Moçambique é banhado a Este, numa extensão de 2 700 km, pela bacia do Índico que é uma região activa em ciclones tropicais Situa-se a jusante das nove bacias hidrográficas partilhadas com alguns países mais a jusante mas a identificação da extensão das áreas afectadas pela cheia depende do modelo da precipitação usado em Moçambique e nos países vizinhos: Zimbabwe, Zâmbia, Malawi, África do Sul e Swazilândia. Regista-se a queda acentuada de altitude do interior para a costa, o que faz com que o escoamento superficial das águas fluviais seja de alta velocidade, provocando inundações em curto espaço de tempo quando ocorrem níveis altos de precipitação a montante.
  • 39. 27 20.1.1. Áreas Susceptíveis a Cheias A extensão das áreas afectadas pela cheia depende do modelo da precipitação usado para determinar quantidade do precipitado, a sua análise relaciona as diversas classes de altitude do país com a subida do nível de caudais dos diferentes rios, fornecendo estimativas das áreas e populações que são potencialmente afectadas. Na imagem 27 estão representadas as zonas com risco de cheias, sendo o risco de primeiro nível as zonas mais susceptíveis as cheias e do terceiro nível as zonas menos susceptíveis. É com base nesta abordagem que se podem determinar os diferentes graus de risco de cheias baseadas nas classes altimétricas, níveis de precipitação, exposição de bacias hidrográficas e níveis de caudais dos rios.  O risco de primeiro grau atinge 1.7 milhões de hectares dentro duma altitude de menos de 20 metros acima do nível do mar, estas áreas podem ser inundadas num ano de média a boa pluviosidade.  O risco de segundo grau é definido para uma altitude de 20 - 50 metros acima do nível do mar representando 2.7 milhões de hectares  O risco de terceiro grau é definido para uma altitude 50 - 100 metros, com 10 km de aproximação aos rios principais e representa quase 4 milhões de hectares  O risco de quarto grau é menos provável que os outros três tipos, e, somente terá efeito nos anos onde o risco da cheia é associado à água proveniente dos caudais dos rios regionais. Ilustração 27 - Zonas de riscos a cheias em Moçambique Fonte: (2)
  • 40. 28 20.1.2. Áreas Susceptíveis a Secas 20.1.3. Áreas Susceptíveis as Ciclones Os ciclones que ameaçam Moçambique formam-se no Oceano Índico ou no Canal de Moçambique. A maior parte dos ciclones que assolam Moçambique atingem a costa como ilustra a figura 29 entre Pemba e Angoche ou perto da cidade da Beira. A época de ciclones geralmente vai de Novembro a Abril, atingindo o pico em Janeiro. Apesar de em média, ocorrer um ciclone por época, verificaram-se cerca de três em 1999/2000. Um dos quais foi o intenso e considerado como sendo ciclone de Categoria 4, o Eline, causando cheias catastróficas onde as rajadas de vento rondaram os 260Km por hora. A seca é um fenómeno historicamente frequente e pode ser potencialmente influenciado pelas mudanças climáticas porque na ausência de uma precipitação regular em podo o pais e falta de investimento em novas tecnologias modernas de irrigação e ainda a mecanização do mesmo torna o pais mas vulnerável e verificado impactos mas significativos na ocorrência desse fenómeno. Embora a vulnerabilidade à seca seja alta nas regiões sudoeste (oeste da província de Gaza) e central (Oeste da província de Tete) de Moçambique a vulnerabilidade nestas regiões deve-se em parte as precipitações irregulares e imprevisíveis. Ilustração 28 - Zonas com potencial risco para secas Fonte: (2)
  • 41. 29 O mapa a cima indica a frequência da ocorrência dos ciclones durante um período de 75 anos. Os dados indicam que em Moçambique a zona de Angoche é a atingida com maior frequência, seguida pela zona costeira de Sofala e Inhambane. As rajadas de vento mais fortes perto do centro do ciclone vão de 90 a 300Km por hora, com o perigo e a destruição aumentando com o aumento da velocidade dos ventos. A velocidade dos ventos diminui quando o ciclone se move para o interior terra. Chuvas intensas geralmente acompanham os ciclones quando estes avançam para o interior e perdem a sua intensidade. O volume de chuvas não depende da severidade dos ciclones, e geralmente têm sido maior com ciclones mais fracos. Ilustração 29 - Frequência de ciclones que atingem a zona da africa Austral Fonte: (2)
  • 42. 30 20.2. Fraco desenvolvimento socioeconómico  Existência de população analfabeta (sendo 32% homens e 68% mulheres) segundo (17), o grau de pobreza, que passou de 69,4% em 1997 para 54,1% em 2003 sendo ainda elevado ou seja a diminuição da sua variação em função do tempo não reflecte um impacto desejado na economia;  As fracas infra-estruturas socioeconómicas como estradas, barragens e represas (para recolha e armazenamento de água na época chuvosa, para ser utilizada em épocas de escassez);  Silos onde possam ser armazenadas as colheitas agrícolas para serem consumidas e ou comercializadas mais tarde;  Baixo poder de compra de insumos agrícolas pelos camponeses do sector familiar que praticam agricultura;  Fraca imposição política no que diz respeito a um plano estratégico do governo para uma melhor adaptação à variabilidade climática e aos eventos extremos incluindo políticas e práticas que resultem em adaptação e implementação de medidas que garantem uma eficiência energética rumo a um desenvolvimento sustentável;  Fraca cooperação entre as organizações privadas e o estado, fraco desempenho no que tange aos órgãos fiscais, monitorização e fiscalização das actividades desempenhadas para minimizar os impactos do MC em consequência da vulnerabilidade do pais;  Fala de incentivos e baixa adesão as oportunidades advindas das MC tais como: Comercio Internacional de Emissões, Implementação Conjunta, Mecanismos de Desenvolvimento Limpo, que poderiam contribuir significativamente na economia moçambicana aumentando a capacidade de resistência aos impactos advindos das MC.
  • 43. 31 21. Mitigação dos seus impactos 21.1. Fortalecimento institucional e do Quadro Legal Existe um número considerável de instituições com competência legal para a gestão das calamidades naturais, mais os seus limites de competências muitas das vezes não são claros, verificando-se por um lado lacunas entre uma e outra competência e por outro sobreposição entre elas. Entre eles temos MITADER, MTC, MICULTUR, Ministério das Pescas, MOPH e por último as autoridades Municipais. Isto passa pela necessidade de:  Colocar limites de competência cada vez mais claros de cada uma das instituições;  Imposição de um papel de coordenação cada vez maior e eficaz do MITADER no que tange aos assuntos ambientais;  Identificação de áreas ecologicamente frágeis;  Planificação antecipada a mitigação de desastres naturais e ordenamento espacial.  Identificação de áreas com potenciais recursos para suportar centros de acomodação em situações de população deslocada;  Identificação espacial de disponibilidade de recursos sectoriais (ex: hospitais, escolas, vias de acesso, rios) 21.2. Estabelecimento de Centros de Investigação, Gestão de Recursos e Alternativas para Redução das Emissões de GEE A pedido dos governantes das principais potências económicas mundiais (o chamado G8), um estudo foi feito pela Agência Internacional de Energia (18) com o objectivo de identificar, para diferentes cenários, quais as acções prioritárias para a redução das emissões de GEE associadas ao consumo de energia. A premissa básica do estudo é que as necessidades futuras das pessoas, no que diz respeito aos serviços energéticos básicos, devem ser atendidas. As condições adicionais são que os custos das acções de mitigação devem ser razoáveis para toda a sociedade, além de que outros impactos ambientais devem ser igualmente minimizados.
  • 44. 32 As tecnologias foram escolhidas em função dos custos de mitigação associados, ou seja, as tecnologias de menor custo foram sempre consideradas prioritárias. Segundo a AIE (18), nenhuma das tecnologias consideradas no estudo resultaria em custos adicionais quando forem totalmente comerciais superiores a 25 US$/tCO2 evitado, mesmo nos países em desenvolvimento. Tal custo resultaria em elevação dos custos de geração de electricidade a partir de carvão mineral equivalente a 20 US$/MWh (60 a 100% dos custos atuais) e em elevação do custo da gasolina em cerca de 0,07 US$/litro. Este actual cenário traria benefícios e atrairia investimos na exploração maioritariamente de fontes renováveis tendo em consideração o potencial moçambicano em energias renováveis, contribuindo deste mundo na redução das emissões dos GEE. O plano estratégico para alcançar esses objectivos de investimento na exploração das fontes renováveis e atracão de mercado internacional passaria pela necessidade de:  Explorar e utilizar de forma mais sustentável os recursos energéticos;  Promover o acesso e a eficiência no uso da energia e dos recursos naturais (incluindo matérias primas e água) Ilustração 31 - Localização de fontes renováveis de energia em Moçambique Fonte: (16) Ilustração 30 - Potencial renovável global de Moçambique
  • 45. 33  Maior utilização de fontes de energias renováveis pelos: o Sectores públicos e privado o A rede nacional (EDM) ou em sistemas independentes  Valorização energética dos resíduos sólidos  Maior inclusão no uso de gás no sector energético 21.3. Valorização e Preservação dos Recursos Florestais Moçambique tem um levado potencial de energia solar mas verifica-se na realidade a maior fonte de obtenção de energia em todo o pais continua sendo na exploração da biomassa para abastecer as necessidades energéticas conforme ilustrado na figura 32, isso remete ao pais a consciência da sua contribuição nas emissões dos GEE atendendo e considerando que o pais é membro signatário da UNFCCC, isso também remete ao pais a necessidade urgente de implementação de estratégias de preservação daqueles que são os sumidouros de carbono atmosférico e responsáveis pela manutenção da qualidade do ar atmosférico, esse que garante a vida na terra. Ilustração 32 - Caracterização das fontes de energia Ilustração 33 - Campanhas educativas, preservação e conservação dos recursos florestais
  • 46. 34 A estratégia de prevenção e combate as queimadas e desmatamento, tem como objectivo geral contribuir para a protecção e conservação dos recursos florestais, promover a utilização racional das florestas, reverter a tendência actual de exploração desordenada, desmatamentos e queimadas descontroladas, que em última instância contribuem de forma significada para o incremento dos gases do efeito de estufa (Ex: CFc´s, CO2, CO, NOx, SOx) com implicações nas mudanças climáticas. A implementação dessas estratégias visa as seguintes acções:  Promover a protecção e o uso racional das florestas;  Desenvolver acções de educação e responsabilização comunitárias incentivando a participação das comunidades e demais usuários das florestas na prevenção e combate ao desmatamento e queimadas descontroladas;  Desenvolver capacidades a todos os níveis para a planificação, execução, fiscalização e monitoria de campanhas de prevenção e combate às queimadas;  Promover estudos para o desenvolvimento de técnicas agro-florestais apropriadas, que limitem o desmatamento e o uso de fogo na agricultura. 21.4. Construção de Infra-estruturas de Engenharia A necessidade de prevenção e resposta adequadas são destinadas a alcançar uma gama de objectivos. Estes incluem ajudar as pessoas a resistir e sobreviver a ameaça imediata, garantindo a sua habilidade em manter ou melhorar o seu modo de vida (sociedades-sustentáveis), e consolidar as suas capacidades de mitigação ou prevenção para enfrentar futuras situações. Oque torna mas drástico ainda o facto de Moçambique ser um pais em vias de desenvolvimento, traduz a realidade de fracas estruturas civis para resistir aos eventos extremos resultantes das mudanças climáticas.
  • 47. 35 A sua eficácia impõe uma mudança de mentalidade de uma atitude reactiva pós-calamidade para uma pró-activa antes da sua ocorrência. Isto passa pela adopção de uma cultura de prevenção que, tendo em conta a diversidade da natureza dos fenómenos e seus impactos e as características específicas de cada região do país, potencie uma abordagem multissectorial orientada para as comunidades vulneráveis. Exemplos de estruturas de engenharias por construir:  Barragens e reservatórios de água;  Silos de acondicionamento;  Diques de protecção;  Estradas e vias de acesso. Ilustração 35 - Barragem Ilustração 34 - Diques de protecção
  • 48. 36 22. Exemplos de eventos induzidos por mudanças climáticas Segundo o relatório (19) para chegar a conclusão de que os eventos foram induzidos por mudanças climáticas fizeram-se “estudos de atribuição”. Obtemos essas respostas, comparando o evento que acabou de acontecer a uma reconstrução do que poderia ter acontecido se os seres humanos não tivessem mudado o clima. Em um método comum, os cientistas realizam muitas simulações realistas de computador, durante longos tempos (em anos de computador), tanto do clima actual, e o clima de um mundo hipotético, refrigerado, sem influência humana. Em cada clima, eles contam quantas vezes ocorrem eventos que são semelhantes ao que aconteceu no mundo real. Se acontecer duas vezes (por exemplo) no clima presente simulado como no clima hipotético sem seres humanos, então dize-se que as mudanças climáticas induzidas pelo homem deixaram o evento duas vezes mais propenso de ocorrer do que teria sido de outra forma. Ilustração 36 - Eventos extremospelo mundo Fonte: (6)
  • 49. 37 22.1. A nível global 22.1.1. Furacão Katrina O Furacão Katrina causou aproximadamente mil mortes, sendo um dos furacões mais destrutivos a ter atingido os Estados Unidos. Foi uma tempestade tropical que alcançou a categoria 3 da escala de furacões de Saffir-Simpson e categoria 5 no oceano atlântico. Os ventos do furacão alcançaram mais de 280km/h, e causaram grandes prejuízos na região litorânea do sul dos Estados Unidos, especialmente em torno da região metropolitana de Nova Orleans, em 28 de agosto de 2005 onde mais de um milhão de pessoas foram evacuadas. Ilustração 37 -Impactos do Furacão Katrina Fonte: (21) 22.1.2. Ciclone Nargis (2008) O ciclone tropical formou-se no sudeste do Golfo de Bengala em 27 de Abril de 2008, a aproximadamente 750 km a sudeste de Chennai, sudeste da Índia, locomovendo-se inicialmente para noroeste. O ciclone Nargis intensificou-se rapidamente, atingindo o pico de intensidade com ventos máximos sustentados de 215 km/h, intensidade equivalente a um furacão de categoria 4 na escala de furacões de Saffir-Simpson, antes de se enfraquecer ligeiramente e atingir a costa de Mianmar com ventos de 195 km/h onde a maré de tempestade de aproximadamente 3,5 metros de altura, causou danos severos nas regiões ao longo da costa de Mianmar, causando devastação na região do delta do rio Irauádi, principalmente na agricultura. Segundo a junta militar que governa o país, confirmou-se 77.738 fatalidades, sendo que outras 55.917 pessoas ainda estavam desaparecidas.
  • 50. 38 22.1.3. Onda de calor na Europa (2010) A onda de calor que atingiu o Leste Europeu durante o verão de 2010 foi considerada a pior da história por pesquisadores europeus que analisaram as ondas de calor fora do padrão desde 1871. A onda de calor de 2010 teve sérias consequências na Europa, em especial no Leste Europeu. Na Rússia, por exemplo, houve 55 mil mortes, mais de 1 milhão de hectares queimados, perda de 25% da produção agrícola e de US$15 bilhão (cerca de 1% do Produto Interno Bruto do país) devido ao calor excessivo. Neste período, os recordes de temperatura dos últimos 500 anos foram quebrados em cerca de 65% da Europa. Os pesquisadores também fizeram uma análise do que está por vir e concluíram que grandes ondas de calor ficarão de cinco a dez vezes mais comuns nos próximos 40 anos. Uma onda do tamanho da que ocorreu em 2010, no entanto, não deve ocorrer antes de 2050.Como consequência das ondas de calor registou-se a redução de gelos a superfície dos gelos árcticos no fim do verão foi reduzido a 4,4 milhões de quilómetros quadrados, frente ao volume habitual de 8 milhões no verão e de 11 milhões no inverno. Ilustração 38 - Desastres resultantes do ciclone nargis Fonte: (10) Ilustração 39 - Ondas de Calor em Novembro de 2010 Fonte: (10)
  • 51. 39 22.1.4. Chuvas intensas no Brasil As chuvas fortes com deslizamento de terra no Rio de Janeiro, em 2011 (considerado o evento único deste tipo que teve mais mortes no mundo). O forte temporal provocou alagamentos em várias cidades do Sul do Rio onde o volume de chuva foi muito acima do esperado, o que fez a situação ficar fora do controle do poder público em muitos municípios. A enchente atingiu as casas de toda a população ribeirinha. Diversos afluentes também encheram, o que fez aumentar ainda mais o nível dos rios A tragédia foi considerada como o maior desastre climático da história do país onde os serviços governamentais contabilizaram 916 mortes e em torno de 345 desaparecidos. 22.1.5. El Niño (2015) El Niño é um ciclo climático no Oceano Pacífico com impacto global nos padrões climáticos. O ciclo começa quando a água morna no Oceano Pacífico tropical ocidental desloca-se para leste ao longo do equador em direcção à costa da América do Sul. Normalmente, esta piscina de água quente perto da Indonésia e as Filipinas. Durante um El Niño, as águas de superfície mais quentes do Pacífico ficam ao largo do noroeste da América do Sul. Os meteorologistas declaram um El Niño oficial quando vêem as temperaturas do oceano e as chuvas das tempestades virarem para o leste. Os especialistas também procuram ventos predominantes para enfraquecer e até mesmo inverter a direcção durante o fenómeno climático El Niño. Segundo o artigo da (20), para prever um El Niño, Os cientistas monitoram as temperaturas nos 656 pés superiores (200 m) do oceano. El Niños ocorrem a cada três a cinco anos, mas pode vir tão frequentemente como a cada dois anos ou tão raramente como a cada sete anos. Ilustração 40 - Deslizamento de Terra no Brasil Fonte: (21)
  • 52. 40 22.2. Em África A distribuição de fenómenos extremos não é equitativa, os países em desenvolvimento são historicamente responsáveis por apenas uma pequena proporção de emissões de gases de efeito estufa que causam esses transtornos. Segundo o relatório da ONG Germanwatch registou-se fenómenos extremos em 180 países, indica-se que cerca da metade dos países mais afectados em 2015 por fenómenos climáticos extremos são africanos. A África é particularmente vulnerável ao impacto das mudanças climáticas, os países pobres são os mais expostos aos estragos das tempestades, calor extremo, inundações ou secas, fenómenos cuja intensidade e frequência aumentam com as mudanças climáticas. 22.2.1. Seca no Leste Africano A seca que atinge uma vasta região da África tem impactos causados pelas mudanças do clima agravados pelo El Niño afectando áreas do chifre da África; Quénia, Etiópia, Somália, Uganda e Djibuti e outras de países mais ao sul no Malawi, Moçambique, Zimbabwe, Madagáscar e na África do Sul e nos países enclave do Lesoto e Suazilândia. Estima-se que o aquecimento global já reduziu o escoamento de água no sul da África em 48% sendo considerada a pior seca dos últimos 35 anos, atingindo mais de 50 milhões de pessoas que já estão a passar fome ou em vias de, sendo as crianças as mais afectadas. Dentre os problemas derivados da seca temos o registo de temperaturas elevadas, perda de gado, inflação de preços, fome agravada, desnutrição aguda e migração da população. Ilustração 41 - Deserto no chifre da africa Fonte: (27) Ilustração 42 - Escassez de água na Somália Fonte: (27)
  • 53. 41 22.3. A nível nacional O “Estudo Científico do Impacto dos Desastres Naturais face às Mudanças Climáticas” traçou um quadro alarmante sobre o futuro do país em termos de catástrofes naturais decorrentes das mudanças climáticas e do aquecimento global. Segundo (7) as temperaturas na região poderão subir entre cinco a seis graus até ao fim do século, baseando-se no facto de se ter registado um aumento desde os últimos 40 anos. De 1960 a 2005, a temperatura aumentou entre 1,1 e 1,6 graus centígrados, “o número de noites frias e dias frios reduziu-se”, ao mesmo tempo que aumentou o número de noites e dias quentes, e a estação chuvosa começou a surgir cada vez mais tarde, passando de Outubro para Novembro e até Dezembro. De 1980 a 1993, o país foi atingido por quatro ciclones, um número que subiu para 11 de 1994 a 2007, com a velocidade do vento a duplicar para 200 quilómetros por hora. Segundo (21) e mapas da região, nota-se também que os ciclones nascem numa região do oceano Indico situada a leste da ilha da Madagáscar e alertou que a tendência é para os ciclones se começarem a formar cada vez mais para sul, podendo afectar com mais intensidade a costa africana. Dentre os exemplos de eventos extremos em Moçambique temos:  Ciclone Dineo  Cheias de 2000 22.3.1. Ciclone Dineo O ciclone tropical Dineo que decorreu Fevereiro de 2017 em Inhambane segundo (22) atingiu velocidades superiores a 100km/h e com rajadas de vento com velocidades máximas de 150km/h. Os ventos danificaram tudo o que encontraram pela frente dentre eles infra-estruturas públicas, principalmente de educação e saúde, residências, postes eléctricos, painéis publicitários, etc tendo como consequência: 1 692 salas de aula foram danificadas, prejudicando um total de 160 000 alunos e 5 500 professores; na saúde, 72 unidades sanitárias foram destruídas, em doze distritos. Ao todo, foram 7 o número de óbitos, destruiu totalmente 33.712 casas, foram afectadas 652 684 pessoas, o que corresponde a 130 538 famílias, nos distritos de Funhalouro, Homoíne, Inharrime, Jangamo, Mabote, Massinga, Morrumbene, Panda, Vilankulo, Zavala, cidade de Inhambane e Maxixe.
  • 54. 42 O ciclone destruiu ainda 29 173 hectares com culturas de milho, feijão-nhemba, mandioca, hortícolas e fruteiras, situação que afunda as esperanças das populações. A ponte-cais do lado do distrito da Maxixe desabou e como consequência, os barcos não podiam atracar naquele local, o que fez com que os utentes tivessem que enfrentar diversos constrangimentos entre carros encalhados, problemas na travessia bem como perdas de barcos por parte dos pescadores regionais. 22.3.2. Cheias de 2000 As cheias não são propriamente raras em Moçambique. Habitualmente na estação das chuvas (que corresponde ao Verão moçambicano, quando o Sol se aproxima do Equador, durante a passagem do equinócio), o país absorve chuvas intensas, que se repetem de forma cíclica. As chuvas torrenciais e as cheias já estavam previstas desde Setembro de 1999, em parte devido ao ciclone La Nina, mas ninguém podia prever a magnitude da calamidade. Contudo, nos meses de Janeiro, Fevereiro e Março de 2000, a passagem de vários ciclones agravou em 90 por cento a situação, criando cheias catastróficas. A pluviosidade anormal no sul de Moçambique, no norte da África de Sul e no Zimbabwe, foi causada por uma série de ciclones tropicais que se dirigiram para o interior em vez de se moverem ao longo da costa. Os resultados foram quatro cheias nos rios do sul e centro do país e ventos com mais de 100km/h. A ocorrência de chuvas torrenciais significava que os rios subiam e baixavam muito rapidamente. Foram afectados quatro rios: o rio Maputo, o rio Umbelúzi, o rio Incomáti e o rio Limpopo. Um dos ciclones, o ciclone Connie, derramou 454 mm de chuva em dois dias, um valor nunca antes atingido. Depois, veio a cheia do rio Limpopo, com a água a subir ao nível mais alto em 150 anos. O caudal do Incomáti aumentou 20 vezes, inundando a principal estrada norte-sul, a Estrada Nacional Nº 1, num ponto a apenas 120 quilómetros a norte de Maputo, interrompendo toda a comunicação rodoviária. A resposta imediata à desgraça foi principalmente local, com as equipas sul-africanas de televisão e os helicópteros da Força Aérea a chegarem a Moçambique em resposta à segunda cheia. Nove forças aéreas internacionais voaram para Moçambique, o que, de acordo com as Nações Unidas, originou a maior operação aérea de salvamento alguma vez montada em tão curto espaço de tempo.
  • 55. 43 23. Estatísticas da fatalidade dos efeitos da MC Segundo (23) , a África está particularmente mais vulnerável aos efeitos das mudanças climáticas sendo que grande parte de sua economia depende de uma base de recursos naturais sensíveis ao clima, incluindo a agricultura de subsistência dependente da chuva. Interrupções no abastecimento de água ou de alimentos representam sérios riscos não só para as suas economias, mas também para a estabilidade política, particularmente em Estados frágeis. Como consequência, qualquer desastre natural decorrente no continente africano representa maior risco pois afecta uma grande parte da população reduzindo ainda mais aquele que é o nível de vida da população africana. Dentre os eventos extremos que mais mortes causaram no mundo temos: Tabela 1 - Eventosextremosque acusaram morte em áfrica Tabela 2 - Estatística de fatalidade Moçambique para eventosextremosentre os anos 1980-2008 Eveno Extremos N° de Eventos Total de Mortos Total de Afectados Seca 10 100.200 16.444.000 Cheia 20 1.921 90.393.000 Ciclone tropical 13 697 2.997.300 Tempestade de vento 5 20 5.100 Evento Data Local Nº de Mortes Cheias em Moçambique 2000 Moçambique >800 Furacão Katrina 2005 Alabama, Luisiana, Flórida e Mississípi, (EUA) 1.833 Ciclone Nargis 2008 Mianmar 78.000 – 124.000 Ondas de Calor no Hemisfério Norte 2010 América do Norte, Europa e Sibéria >120.000 Secas no Leste de África 2010-2012 Quénia, Etiópia, Somália, Uganda e outros ~258.000 Chuvas na região serrana do Rio de Janeiro 2011 Brasil >902 Ciclone Dineo 2017 Inhambane (Moçambique) 7 Fonte:(28)
  • 56. 44 24. Papel do Engenheiro do Ambiente No combate as mudanças climáticas, o engenheiro ambiental têm como papel os seguintes:  Estudar tecnologias e participar de pesquisas de processos de produção de energia mais limpas;  Gerir o tratamento das emissões de GEE;  Participar na revisão de relatórios de estudo de impactos relacionados com a emissão de GEE;  Implementação de projectos que visam o uso energético fontes menos poluentes.  Desenvolver capacidades a todos os níveis para a planificação, execução e monitoria de campanhas de prevenção e combate às queimadas e desmatamento.  Incentivar a participação das comunidades e demais usuários das florestas na prevenção e combate ao desmatamento e queimadas descontroladas  Entendimento da interacção população-ambiente nos aspectos específicos da região;  Identificação de áreas ecologicamente frágeis, planificação e ordenamento espacial com vista a mitigação de desastres naturais;  Identificação de áreas com potenciais recursos para suportar centros de acomodação em situações de população deslocada;  Identificação espacial de disponibilidade de recursos sectoriais (ex- hospitais, escolas, vias de acesso, rios)
  • 57. 45 25. Papel dos outros intervenientes 25.1. Papel da População nas mudanças climáticas Uma definição clara das estratégias locais a serem adoptadas por uma determinada comunidade em resposta a um evento climático de curta ou longa duração, passa por um estudo detalhado das características físico-geográficas, culturais, e socioeconómicas local e da comunidade. Para Moçambique, sendo que a maioria da população nacional sobrevive de agricultura de subsistência, no período pós-desastre é frequente a escassez de disponibilidade local da semente. A semente é um bem tão essencial para a futura segurança alimentar das famílias de tal maneira que os agricultores fazem tudo ao seu alcance para salvaguardar pelo menos uma pequena quantidade, mesmo no decurso de uma calamidade. Uso de culturas resistentes à seca como a mandioca, mexoeira e mapira como alternativas de alimentação em anos de fraca produção ou em períodos de seca. A incorporação da criação animal nos vários sistemas agrícolas é uma adaptação de extrema importância para os agricultores com vista ao melhoramento da segurança alimentar principalmente nas zonas semiáridas onde a perda de culturas é frequente como por exemplo no sul e centro do país. 25.2. Protocolo de Quioto As mudanças do clima são alvo de preocupação da comunidade internacional desde a década de 1980. Com vista a redução dessas emissões que podem piorar já o cenária actual vivido foi criado o protocolo de Quioto que estabeleceu três mecanismos de flexibilização para implementação das obrigações pelos países com metas de redução, que lhes permitem patrocinar parte da obrigação de diminuição das emissões fora de seu território:  Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL);  Implementação Conjunta (IC);  Comércio de Emissões (CE).
  • 58. 46 26. Principais Sectores Intervenientes em casos de desastres 26.1. MITADER – Ministério da Terra Ambiente e Desenvolvimento Rural  Implementação de estratégia e plano de acção para conservação da biodiversidade em Moçambique sob a convenção de biodiversidade;  Estratégia e plano de acção para prevenção e combate a queimadas descontroladas;  Estratégia e plano de acção para prevenção e combate a erosão dos solos:  Elaboração do Programa de Acção Nacional para a Adaptação (NAPA) no quadro da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas;  Implementação do Plano Nacional de Capacitação para Implementação do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo no quadro de Protocolo de Quioto;  Implementação do projecto de avaliação da necessidade de capacitação nacional para auto-avaliação de gestão global do ambiente;  Plano de acção de combate a seca e desertificação no quadro da convenção das nações unidas sobre combate a secas e desertificação;  Estabelecimento de organizações jovens com vista a conservação ambiental em Moçambique. 26.2. INGC – Instituto Nacional de Gestão de Calamidades  Divulgação a publicação de informação no campo em situações de desastres;  Organizar e coordenar a nível Nacional a obtenção, análise e disseminação de informação meteorológica, suas tendências e consequentes impactos sobre a população;  Informar as instituições de tutela qualquer acto com vista a prevenção, salvamento e reabilitação de infra-estruturas;  Providenciar informação regular dos seus gestores aos respectivos doadores;  Promover assistência mútua e troca de informação entre organizações internacionais similares.
  • 59. 47 26.3. SETSAN – Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutrição A implementação destes programas não só constituem acções de mitigação como é o caso da política agrícola e o acesso ao mercado para melhoramento da segurança alimentar, mais também têm um grande contributo em momento de recuperação pós-desastre como é o caso do papel dos transportes e comunicações. 26.4. CVM – Cruz Vermelha de Moçambique A CVM tem assistido grande parte da população vulnerável em colaboração e auxílio de instituições governamentais como o Ministério de Agricultura, Saúde, INGC. As suas acções não só implementam-se através de intervenções imediatas, mas também na antecipação de desatares através de planificação direccionada a apoiar os mais diversos sectores da sociedade. 26.5. PMA – Programa Mundial de Alimentação O Programa Mundial de Alimentação trabalha em parceria com cerca de 29 instituições nacionais e internacionais, particularmente nas províncias mais afectadas pela seca e cheias (caracterizadas por zonas mais vulneráveis a desastres naturais), direccionado as suas actividades para:  Distribuição alimentar, incluindo o programa de “comida pelo trabalho” direccionada a grupos vulneráveis;  Fornecimento de alimentação suplementar para crianças com menos de 5 anos de idade e mulheres gravidas;  Distribuição alimentar as escolas e áreas periféricas afectadas incluindo e distribuição “porta a porta” para melhoramento nutricional de crianças;  Implementação de programas de emergência integrando o HIV/SIDA – actividades têm em vista a assistência às famílias afectadas com HIV/SIDA e possíveis grupos vulneráveis através de programa de “comida pelo trabalho” e distribuição alimentar regular.
  • 60. 48 Para além dos programas de distribuição alimentar, o PMA desenvolve actividades de monitoramento do estado de vulnerabilidade a insegurança alimentar em colaboração com o Grupo de Análise de Vulnerabilidade (GAV) e a FAO para avaliação de necessidades alimentares. 26.6. UNICEF – Fundo das Nações Unidas Para Criança Os programas da UNICEF em Moçambique têm em vista o melhoramento de acções preventivas e de cuidados básicos de saúde às crianças e adolescentes, e por outro lado, a capacitação e aprovisionamento de cuidados contra infecções de HIV. 26.7. PNUD – Programa Para Nações Unidas para o Desenvolvimento Desde os meados dos anos oitenta, PNUD têm tido um papel cada vez mais interventivo para capacitação e resposta a situações de emergência. Com base nos seus objectivos orientados a operacionalização de emergência alguma das actividades levadas a cabo em Moçambique são:  Preparação de um plano nacional de desastres e estabelecimento de uma rede de apoio através de ONG’s, governos locais para o fortalecimento de iniciativas comunitárias na redução de desastres;  O estabelecimento de um fundo para suporte local e comunitário para mitigação de desastres naturais;  Melhoria de sistema de informação, participação pública na redução dos impactos de desastres e redução de vulnerabilidade;  Melhoria de informação geográfica e populacional em áreas de risco.
  • 61. 49 Os grandes programas de capacitação envolvem cinco grandes componentes:  Desenvolvimento de planos nacionais para redução de riscos potenciais, através do estabelecimento de um suporte financeiro para uma maior mobilização comunitária, montagem de sistema de alerta e desenvolvimento de uma maior consciencialização comunitária na mitigação dos desastres;  Fortalecimento institucional através de treinamento de técnicos de estruturas administrativas, como o INGC;  Operacionalização de mecanismos de gestão de desastres através de coordenação de um conselho técnico de gestão de desastres baseado num plano de contingência quer a nível provincial e até mesmo distrital. Criação de um sistema de aviso prévio gerido por autoridades loca através dos delegados do INGC;  Promoção de campanhas de consciencialização pública através de programas de treinamento e criação de centros de informação;  Estabelecimento de coordenação regional através da SADC para implementação de programas regionais. 26.8. FEWS Net Mind Existem seis principais objectivos que orientam as actividades da FEWS Net Mind em Moçambique:  Melhoramento do sistema de aviso prévio;  Melhoramento do acesso e utilização de informação integrada de aviso prévio para redução de risco de desastres;  Identificação e correcção de lacunas em matéria de informação sobre vulnerabilidade e desastres;  Apoio aos planos de contingência para preparação e resposta a desastres;  Disponibilização de informação e análise de desastres, com vista a uma eficaz planificação de estratégias de emergência.
  • 62. 50 Entre as grandes linhas orientadoras dos seus programas, a FEWS Net desenvolve outras actividades ligadas a:  Estabelecimento de pareceria com ARA-Sul no desenvolvimento de modelos hidrológicos de simulação para prevenções as cheias;  Apoio a Unidade Nacional de Aviso Prévio do MADER para melhoramento de disseminação de informação agrícola e o seu monitoramento;  Coordenação de actividades conjuntas com o SETSAN para melhoramento da segurança alimentar e nutricional;  Implementação de parecerias com o INGC para melhoramento sua gestão em matéria de desastres naturais;  Monitoramento de sazonalidade agrícola com recurso a teledetecção remota.
  • 63. 51 27. CONCLUSÃO As mudanças climáticas constituem uma realidade pois os seus efeitos são capazes de se sentir em todo mundo nos dias de hoje. Esforços são reunidos internacionalmente com vista a discutir o facto das altas emissões de GEE para o ambiente bem como os seus possíveis efeitos e as medidas de mitigação para o combate às consequências deles advindas como o aquecimento global, degelo, eventos extremos, entre outros. A necessidade de desenvolvimento influência significativamente, através das emissões resultantes das actividades antropogénicas. O sector energético é um dos que mais contribui para o aumento dos níveis de emissão de GEE no ambiente, portanto esforços para a redução das emissões como o incentivo de mais uso de fontes renováveis, culmina com o aumento da eficiência energética nos processos de produção e consumo, caminhado deste modo ao alcance do desenvolvimento sustentável, bem como o uso de fontes energéticas limpas e renováveis. Ainda foi por nos constatando a necessidade de cooperação com as entidades internacionais e mais experientes no sector para troca de experiências e estabelecimento de políticas de mitigação dos impactos das Mudanças Climáticas, para a melhoria da qualidade de vida a nível mundial.