1. Cerveja do homem primitivo tinha grãos, palha e
era servida com canudo
Primeiros agricultores colocavam mel, frutas e até ervas na cerveja.
Em um ritual social, ela era bebida com canudo e compartilhada.
Num jarro de cerâmica, homens bebem um líquido bege com grãos e palha
flutuando. Um canudo feito de junco passa de um para o outro, até eles se sentirem
embriagados. O ritual era comum tanto para o homem de 12 mil anos atrás como para
nós. No centro da mesa, a cerveja.
A bebida que vemos hoje sendo servida gelada, com espuma e com gosto
amargo, mudou muito desde que foi quot;descobertaquot;, há aproximadamente 10 mil anos.
Naquela época, o homem havia acabado de abandonar o modo nômade e tinha passado
a se fixar e a seenvolver com a agricultura. Ao cultivar grãos, ele percebeu que eles
ficavam com gosto doce quando embebidos em água e que passavam por uma verdadeira
transformação se ficassem assim por muitos dias. A fermentação do açúcar por leveduras
fazia o quot;mingauquot; de cereais virar uma substância efervescente e embriagante. Estava feita
a cerveja.
Depois da descoberta, veio o aprimoramento da bebida. A adição de mel, frutas,
ervas e temperos produzia cervejas dos mais variados sabores - eram pelo menos 17 tipos.
As referências a elas eram variadas: quot;a celestialquot;, quot;a boa e belaquot;, quot;a produtora de alegriaquot;.
O autor do livro quot;História do mundo em seis coposquot;, Tom Standage, disse que a
cerveja antiga era muito diferente da que temos hoje. quot;Era mais fraca de álcool, não
tão efervescente e não continha o lúpulo, que tem um gosto amargo e só foi introduzida
na cerveja há mil anos, pelos europeus.quot; Ele afirmou que a cerveja antiga sem lúpulo, que
ainda é produzida hoje em alguns lugares, tinha um sabor mais parecido com o de vinho.
Modelo de madeira mostra egípcios fazendo cerveja. Objeto está no Rosicrucian Egyptian Museum em San Jose, na
California (Foto: Reprodução/Wikimedia Commons)
Nutritiva
2. Segundo Standage, a cerveja se tornou muito importante para o homem
primitivo, pois quando ele se sedentarizou em vilarejos e se tornou agricultor, seus
suprimentos de água eram mais propensos a se tornarem poluídos, causando doenças. quot;A
cerveja era uma bebida segura, pois a água era fervida. E também era uma fonte de
nutrientes, uma parte importante da dieta em muitas partes do mundo. Até as crianças
bebiam.quot;
Social
Muitos dos rituais culturais associados à cerveja ainda existem nos dias de hoje.
O fator social da bebida está presente desde os primórdios de seu surgimento. Para o
homem primitivo, o canudo não era apenas usado para filtrar a palha e os outros
fragmentos presentes na cerveja, mas sim porque permitia que muitas pessoas
compartilhassem o mesmo líquido. Ainda hoje, escreve Standage, quot;partilhar uma bebida
com alguém é um símbolo universal de hospitalidade e amizadequot;.
Embriaguez
A capacidade de embriagar fez com que a cerveja fosse vista pelo homem do
neolítico como um quot;presente dos deusesquot;. Sumérios e egípcios usavam a bebida em
cerimônias religiosas, funerais e rituais para a agricultura. quot;A prática de levantar um copo
para desejar a alguém boa saúde, um casamento feliz, uma viagem tranquila [...] é um eco
moderno da antiga idéia de que o álcool tem o poder de invocar forças sobrenaturais.quot;
Homem se tornou agricultor para beber cerveja, diz biólogo
Pesquisa foi apresentada em novo livro sobre origens da agricultura.
Aporte alimentar da lavoura, no início, teria sido pequeno demais.
O homem se tornou sedentário e agricultor há cerca de dez mil anos, iniciando a
Revolução Neolítica, para beber cerveja e se embriagar, e não com a finalidade de
melhorar ou garantir sua alimentação. A afirmação foi feita pelo biólogo e historiador
natural alemão Josef H. Reichholf em seu novo livro quot;Warum die Menschen sesshaft
wurdenquot; (quot;Por que os homens se tornaram sedentáriosquot;, em tradução livre).
A obra começou a ser vendida hoje nas livrarias da Alemanha e explica as
causas da revolução que deu lugar à formação de povos e religiões. O acadêmico da
Universidade Técnica de Munique considera errada a teoria de que a humanidade
começou a cultivar plantas, abandonou a vida nômade e se estabeleceu de maneira
permanente em um lugar determinado para se alimentar melhor.
quot;Essa visão habitual confunde causas e conseqüências. Para que os caçadores e
agricultores abandonassem sua forma de vida e alimentação tradicional teve de acontecer
alguma vantagem inicialquot;, explica, e ressalta que no início quot;o cultivo de plantas não
trouxe consigo nenhuma vantagem sobressalente para a sobrevivênciaquot;.
Trabalho demais
3. Reichholf acrescenta que as colheitas iniciais eram muito pequenas e o cultivo
da terra era muito trabalhoso, o que não garantia a sobrevivência de um povo apenas da
agricultura. Ele afirma que o homem neolítico continuou caçando e colhendo para
subsistir. Nesse sentido, classifica igualmente de errada a teoria de que nas primeiras
regiões de assentamento sedentário da humanidade, que vão do Egito à Mesopotâmia,
havia pouca caça e muita vegetação.
quot;Era totalmente diferentequot;, assegura o especialista, que considera que essas
regiões eram ricas em caça, por isso não havia necessidade de abandonar essa forma de
subsistência, e julga absurda a teoria de que uma região possa ser rica em frutos e pobre
em animais selvagens ao mesmo tempo.
quot;Ao contrário, eu afirmo que a agricultura surgiu de uma situação de
abundância. A humanidade experimentou com o cultivo de cereais e utilizou o grão como
complemento alimentício. A intenção inicial não era fazer pão com o grão, mas fabricar
cerveja mediante sua fermentaçãoquot;, disse Reichholf à imprensa na apresentação do livro.
O alemão assegura que a humanidade sempre sentiu necessidade de alcançar estados de
embriaguez com drogas naturais que quot;transmitem a sensação de transcendência, de
abandono do próprio corpoquot;, conclui.
Bibliografia:
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL757487-5602,00-
CERVEJA+DO+HOMEM+PRIMITIVO+TINHA+GRAOS+PALHA+E+ERA+SER
VIDA+COM+CANUDO.html
http://indoafundo.com