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39
Artigos Técnicos poderão ser encaminhados
para análise e eventual publicação para
alvenaria@revistaprisma.com.br
EXPEDIENTE
O Caderno Técnico Alvenaria Estrutural é um suplemento da revista Prisma, publicado pela Editora Mandarim Ltda.
ISSN 1809-4708
Artigos para publicação devem ser enviados para o e-mail alvenaria@revistaprisma.com.br
Conselho Editorial: Prof. Dr. Jefferson Sidney Camacho (coordenador) Eng. MSc. Rodrigo Piernas Andolfato (secretário); Eng. Davidson Figueiredo Deana; Eng. MSc.;
Prof. Dr. Antonio Carlos dos Santos; Prof. Dr. Emil de Souza Sanchez Filho; Prof. Dr. Flávio Barboza de Lima; Prof. Dr. Guilherme Aris Parsekian; Prof. Dr. João Bento de Hanai;
Prof. Dr. João Dirceu Nogueira Carvalho; Prof. Dr. Luis Alberto Carvalho; Prof. Dr. Luiz Fernando Loureiro Ribeiro; Prof. Dr. Luiz Roberto Prudêncio Júnior;
Prof. Dr. Luiz Sérgio Franco; Prof. Dr. Márcio Antonio Ramalho; Prof. Dr. Márcio Correa; Prof. Dr. Mauro Augusto Demarzo; Prof. Dr. Odilon Pancaro Cavalheiro;
Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos; Prof. Dr. Valentim Capuzzo Neto; Profa. Dra. Fabiana Lopes de Oliveira; Profa. Dra. Henriette Lebre La Rovere;
Profa. Dra. Neusa Maria Bezerra Mota; Profa. Dra. Rita de Cássia Silva Sant´Anna Alvarenga.
Editor: jorn. Marcos de Sousa (editor@revistaprisma.com.br) - tel. (11) 3337-5633
CT 3
RETRAÇÃO EM ALVENARIA DE BLOCOS
DE CONCRETO2
As inúmeras aplicações de componentes pré-moldados de
concreto, como escadas, vergas, contramarcos e peças de ajuste
dimensional em construções de alvenaria estrutural é abordada
por especialistas no tema. O artigo aborda suas funções
estruturais, detalhes de execução, influência na coordenação
modular e interferências no fluxo dos serviços.
Fabiana C. Mamede (1), Márcio R. S. Corrêa (2) e Marcio A. Ramalho (3)
PRÉ-MOLDADOS LEVES EM EDIFÍCIOS DE
ALVENARIA ESTRUTURAL1
Palavras-chave:
retração, blocos,
alvenaria, argamassa
.
O risco do aparecimento de fissuras em um edifício de alvenaria estrutural é maior
quando não se tem em conta o chamado efeito de retração. Neste artigo, um grupo
de pesquisadores explora o assunto e fornece subsídios para se evitar que o problema
comprometa o projeto ou a obra.
Guilherme Aris Parsekian (1), Davidson Figueiredo Deana (2), Kleilson Carmo Barbosa (3)
e Thiago Bindilatti Inforsato (4)
Palavras-chave:
pré-moldados leves;
alvenaria estrutural;
racionalização, pré-
fabricados
Alvenaria
Estrutural
CADERNOTÉCNICOALVENARIAESTRUTURAL-CT3
40 p r i s m ap r i s m ap r i s m ap r i s m ap r i s m a
Atualmente, tem havido uma progressiva busca
da racionalização dos processos construtivos,
visando ao aumento da produtividade e à redu-
ção dos custos de construção, resultando em
uma demanda crescente por projetos de edifí-
cios em alvenaria estrutural racionalizada. Na
alvenaria estrutural os pré-moldados desem-
penham papel fundamental, associando-se às
particularidades deste processo com relação à
rapidez de execução, ao rígido controle de qua-
lidade, à coordenação modular e à diminuição
das improvisações e dos desperdícios. Eles são
inseridos no processo construtivo sem que haja
mudanças bruscas da base produtiva do setor.
O objetivo deste trabalho é apresentar as
vantagens dos mais importantes tipos de pré-
moldados leves que podem ser utilizados em
edifícios de alvenaria estrutural para favorecer
a industrialização e a racionalização da constru-
ção. Os elementos pré-moldados selecionados
para a análise são: as escadas, as vergas, os
contramarcos e as peças de ajuste dimensional
e estão apresentados na Tabela 1.
PRÉ-MOLDADOS LEVES
A Associação Brasileira de Normas Técnicas
(1985), NBR 9062, define elemento pré-molda-
do como aquele que é executado fora do local de
utilização definitivo na estrutura, com controle
de qualidade especificado nesta mesma norma.
Neste trabalho, adota-se para a definição de
pré-moldados leves, os elementos que podem
ser manuseados sem equipamentos especiais
de içamento; portanto, são compatíveis com o
esforço físico do operário da construção.
A capacidade máxima para levantamento de
cargas por um operário, segundo as recomen-
dações da Organização Internacional do Traba-
lho de 1969, é de 50 kg (GRANDJEAN, 1991).
PRÉ-MOLDADOS LEVES EM EDIFÍCIOS
DE ALVENARIA ESTRUTURAL
1
ESCADA JACARÉ
As escadas são caracterizadas por geometria
irregular com planos inclinados e dentes, que
trazem transtornos de montagem das formas
e da armação e complicações para a concreta-
gem. Por todas as dificuldades que a geometria
irregular proporciona, a escada requer um tem-
po considerável de execução em obra. Visando
minimizar os transtornos provenientes da
moldagem das escadas no local, surgem, como
alternativa, as escadas pré-moldadas.
Caracterização: Em geral, a escada jacaré é
composta por duas vigas denteadas ou vigas
jacaré, degraus em “L”, patamares pré-molda-
dos; peças de apoio do patamar e peças com-
plementares de ajuste. Alguns dos elementos
estão ilustrados na Figura 1.
Para garantir o comportamento eficaz dos
elementos, cuidados devem ser tomados na
fase de execução, principalmente com relação
às dimensões, ao cobrimento da armadura e ao
acabamento final. As pequenas espessuras e o
cobrimento mínimo exigem técnicas apuradas
de execução. São bem aceitas as técnicas apli-
cadas à argamassa armada, juntamente com
um controle de execução. Os ajustes dimensio-
nais precisam ser rigorosamente respeitados e
o acabamento final da superfície das peças deve
apresentar boa aparência, pois, muitas vezes,
não se fará uso de revestimentos.
A conformação da escada começa pelo chum-
bamento das vigas denteadas na alvenaria. O
chumbamento é feito com buchas e parafusos
ou com chumbadores; para tanto, é recomen-
dável preestabelecer os furos nas vigas e
preferencialmente, preencher os blocos que
receberão os parafusos com graute.
Para o dimensionamento, segue-se o conven-
cional para concreto armado, com o acréscimo
das considerações referentes às situações
transitórias, em que são freqüentes ocorrerem
solicitações diferentes das que ocorrem na
situação final. Como as peças têm pequenas
espessuras, as verificações do cisalhamento,
Figura 1: Elementos constituintes da escada jacaré: degrau [a]; patamar [b]
e viga denteada ou viga jacaré [c]
viga denteada ou viga jacaré [c]
degrau [a]
patamar [b]
CADERNOTÉCNICOALVENARIAESTRUTURAL-CT3
41
PRÉ-MOLDADO
Escadas jacaré
Vergas
Contramarcos
Peças de ajuste
dimensional
APLICAÇÃO VANTAJOSA
Minimizam os transtornos de execução de
escadas no local, com vantagens quanto ao ma-
nuseio, compatibilidade com a capacidade do ser
humano, rapidez e simplificação de execução.
As paredes estruturais suportam o peso das
escadas pré-moldadas.
Além da função estrutural, também promovem o
ajuste dimensional altimétrico das aberturas de
portas. Permitem o assentamento ininterrupto
dos blocos.
Regulam o vão das aberturas. São assentados
durante a elevação da alvenaria representando
terminalidade do serviço. Melhoram o desempe-
nho de estanqueidade das esquadrias.
Promovem a coordenação modular entre os
componentes com dimensões incompatíveis,
sem necessitar de enchimentos e conseqüentes
perdas de materiais, racionalizando o processo.
TABELA 1 - APRESENTAÇÃO DOS PRÉ-MOLDADOS PROPOSTOS PARA O ESTUDO
CADERNOTÉCNICOALVENARIAESTRUTURAL-CT3
42 p r i s m ap r i s m ap r i s m ap r i s m ap r i s m a
fissuração e deformação têm grande importân-
cia; no entanto, como a solicitação é pequena,
dificilmente ocorrerão problemas.
O projeto das escadas pré-moldadas deve ser
executado com rigores de detalhes, respeitan-
do-se, sempre, a modulação da alvenaria, com
todos os elementos desenhados separadamen-
te e com escalas ampliadas. Compatibilizar o
processo como um todo, e não apenas o sub-
sistema de escadas, é fundamental, durante a
etapa do projeto.
A escada jacaré é um expressivo exemplo do
uso de elementos pré-moldados de pequena
espessura compatíveis com o manuseio do
operário da construção e plenamente aplicáveis
em edifícios de alvenaria estrutural. A afinidade
entre o processo construtivo em alvenaria es-
trutural e as escadas jacaré está na presença
de paredes portantes capazes de suportarem
as cargas provenientes do chumbamento de pe-
ças pré-moldadas e pelo fato de os elementos
pré-moldados da escada já chegarem ao local
de execução prontos, restando apenas a mon-
tagem no devido local.
Vantagens: Após a montagem da escada, os
acessos definitivos para o transporte vertical
são liberados; a movimentação das peças pode
ser manual, pois o peso dos componentes o
permite, eliminando gastos com equipamentos
especiais de içamento; a execução em obra re-
sume-se em fixar os componentes no local pre-
visto, favorecendo a rapidez e a simplificação; e
a redução do peso proporcionada pela espessu-
ra reduzida traz economia da armadura.
VERGAS
As vergas são elementos estruturais essenciais
em uma edificação para se evitar o surgimento
de patologias indesejáveis, como as fissuras
em regiões próximas às aberturas. Elas são
localizadas sobre os vãos das aberturas nas
edificações e promovem a distribuição das ten-
sões concentradas nos cantos e a absorção de
trações horizontais nessas aberturas.
Caracterização: A ABNT (1989), NBR 10837
define como verga o elemento estrutural colo-
cado sobre vãos de aberturas não maiores que
1,20 m, a fim de transmitir cargas verticais
para as paredes adjacentes aos vãos.
Para o cálculo da verga adota-se como car-
regamento, o peso da parede compreendida
no triângulo isósceles definido sobre o vão da
abertura. Da carga uniformemente distribuída
do pavimento, só é considerada a parte com-
preendida no referido triângulo.
Ao analisar o esquema de distribuição de
cargas verticais para o dimensionamento de
vergas, pode-se afirmar que a sua solicitação
geralmente é muito pequena, exceto para casos
especiais, resultando em armaduras longi-
tudinal e transversal mínimas. Uma possível
disposição da armadura na peça de concreto é
apresentada na Figura 3.
A limitação do peso, para que sejam compa-
tíveis com a capacidade portante dos operá-
rios, faz com que a seção transversal das
vergas tenha opcionalmente a forma de “U”,
PLANTA CORTE A
ELEVAÇÃO CORTE B
Figura 3: Disposição da armadura na verga pré-moldada
Figura 2: Verga pré-moldada
CORTE A CORTE B
CADERNOTÉCNICOALVENARIAESTRUTURAL-CT3
43
como mostrado na Figura 2.
As vergas pré-moldadas em concreto armado
podem ser executadas pela construtora no
próprio canteiro de obra, com as dimensões
e armaduras necessárias para cada vão de
abertura e são simplesmente assentadas na
alvenaria assim como os blocos.
Vantagens: Em comparação ao procedimento
tradicional de execução de vergas por blocos
canaleta sobre um gabarito que servirá de
apoio, distribuição da armadura e posterior
grauteamento, as vergas pré-moldadas não
interrompem o ritmo da produção. Além do
ganho da produtividade na execução da alvena-
ria, as vergas pré-moldadas permitem que haja
um ajuste dimensional existente entre a altura
da esquadria e da abertura na alvenaria, como
apresentado na Figura 4.
CONTRAMARCO
O contramarco pré-moldado é um quadro rígido,
delgado, que envolve o vão da abertura e a es-
pessura da parede, e juntamente com a janela
compõem a esquadria.
Caracterização: Os contramarcos exercem a
função de requadrar o vão e de melhorar a es-
tanqueidade das esquadrias; portanto, devem
ter dimensões regulares e seções transversais
com detalhes de pingadeira, rebaixos, frisos,
inclinações e saliências, como por exemplo, os
contramarcos envolverem a alvenaria, estando
salientes aos revestimentos externos, com
avanço mínimo de 5 mm, como mostrado na
Figura 5.
As dimensões de contramarcos para edifícios
em alvenaria estrutural devem obedecer à
modulação da alvenaria e concordar dimensio-
nalmente com os componentes da edificação
de interface.
Os contramarcos podem ser armados com
armadura discreta (barras e fios) ou armadura
difusa (telas).
A incorporação de fibras à matriz de concreto
é uma prática consagrada atualmente entre os
fabricantes de peças pré-moldadas de pequena
espessura.
O processo de instalação do contramarco é
simples e pode ser executado por um pedreiro
e um ajudante com a elevação da alvenaria até
a fiada acima do parapeito, posicionamento
manual do contramarco e fixação provisória; ali-
nhamento, nivelamento e verificação do prumo
e preenchimento das juntas com argamassa de
assentamento.
Após a fixação, o contramarco ainda pode ser-
vir de gabarito para o assentamento das fiadas
posteriores de blocos.
As janelas podem ser instaladas no contramar-
co com buchas plásticas e parafusos ou com
poliuretano, em uma etapa posterior à finaliza-
ção dos revestimentos, evitando, com isto, que
sejam danificadas.
Vantagens: O contramarco pré-moldado é fixado
na alvenaria com argamassa de assentamento
por dois trabalhadores, durante a etapa de
elevação da alvenaria, o que permite a con-
clusão total do serviço sem que haja quebras
e enchimentos, se devidamente escorado,
serve de apoio para o assentamento dos blocos
constituintes da verga e, se marcado, torna-
se gabarito para a execução da alvenaria. As
Figura 4: Esquema para instalação de portas com acerto
da modulação altimétrica com vergas pré-moldadas
Figura 5: Vista frontal e cortes de esquadria composta por contramarco pré-moldado
Batente de madeira Batente metálico
CADERNOTÉCNICOALVENARIAESTRUTURAL-CT3
44 p r i s m ap r i s m ap r i s m ap r i s m ap r i s m a
janelas podem ser fixadas após o revestimento
concluído, evitando que sejam danificadas. Por
apresentar um ressalto em relação à parede,
constitui-se referência para a execução do re-
vestimento externo.
PEÇAS DE AJUSTE DIMENSIONAL
Neste item, são abordados os elementos pré-
moldados leves que não têm função estrutural
mas que se tornam fundamentais inseridos no
processo construtivo em alvenaria estrutural,
ao contribuírem com a racionalização.
Régua de Ajuste Horizontal: Apesar das vanta-
gens obtidas com o emprego de vergas pré-
moldadas, analisadas anteriormente, muitos
construtores ainda se mostram apreensivos
quanto à sua adoção e preferem optar pelo
procedimento tradicional de execução de ver-
ga, com o assentamento de blocos canaleta,
seguido pelo posicionamento da armadura e
grauteamento.
A execução de vergas com blocos canaleta em
associação a portas padronizadas demanda
ajustes altimétricos, que poderão ser feitos
com elementos pré-moldados, aqui denomi-
nados de réguas de ajuste. Estes elementos
são retangulares com espessura equivalente
ao valor de ajuste entre a altura da porta e a
modulação vertical da alvenaria, como ilustrado
nas Figuras 6 e 7. A régua de ajuste é assenta-
da quando a elevação da alvenaria atingir o nível
da altura da porta.
As réguas de ajuste também podem funcionar
como apoio para o assentamento dos blocos
canaleta da verga, bastando um escoramento
provisório no centro do vão.
“Rapadura”: Elemento pré-moldado que pode ser
utilizado para prover a compatibilização das di-
mensões dos componentes, sem que se recorra
aos enchimentos moldados no local.
Este elemento é popularmente denominado de
“rapadura” devido ao seu formato, e sua utili-
zação é tão visada que até algumas empresas
produtoras de blocos já o estão fornecendo; no
entanto, a simplicidade de produção permite
que sejam moldados no canteiro da obra.
Ressalta-se, no entanto, que as “rapaduras”
assentadas com juntas a prumo na alvenaria,
ao longo do tempo, podem descolar-se ou
apresentar fissuras nas juntas, principalmente
aquelas que estão localizadas junto às portas, e,
portanto, sujeitas ao impacto. Para evitar o mau
funcionamento do sistema, pode-se optar por
amarrar as rapaduras na alvenaria (Figura 8).
Réguas de Ajuste Vertical: São elementos
retangulares parafusados às alvenarias com
interface a portas. Possuem a mesma função
das rapaduras, de compatibilizar os vãos da
alvenaria e as dimensões de portas, com a
diferença de evitarem o descolamento ao longo
do tempo (Figura 9).
Pingadeira: Para melhorar o desempenho na
estanqueidade das esquadrias, pingadeiras pré-
moldadas surgem como uma solução alternati-
va. As pingadeiras contam com rebaixos, frisos,
saliências e inclinações na seção transversal;
seu uso é previsto em conjunto com blocos
compensadores, de modo que o ajuste modular
altimétrico seja garantido (Figura 10).
CONCLUSÃO
Nos edifícios em alvenaria estrutural, os pré-
moldados leves trazem benefícios associando-
se a particularidades deste processo, tais
como: rapidez de execução, rígido controle de
qualidade, coordenação modular, ações organi-
zacionais, padronização e melhor detalhamento
de projeto.
Em linhas gerais, os pré-moldados estudados
têm características como:
• simplificação das atividades de execução,
Figura 6: Régua de ajuste; Figura 7: Representação da régua de ajuste na elevação da alvenaria
Figura 8: Ajuste na dimensão do vão da porta com rapadura
Figura 6
Figura 7
Figura 8
CADERNOTÉCNICOALVENARIAESTRUTURAL-CT3
45
reduzindo-se o número de operações;
• desenvolvimento de atividades sem inter-
rupções;
• construção de acessos definitivos e garantia
de adequação aos espaços de trabalho;
• minimização das interferências entre a ativi-
dade executada e as demais atividades ligadas
a ela, e
• padronização das tarefas para um mesmo
processo.
As escadas pré-moldadas minimizam as dificul-
dades provenientes da moldagem das escadas
no local. Elas permitem a execução de acessos
definitivos aos espaços de trabalho, com a obra
ainda na fase de construção, facilitando o trans-
porte vertical de materiais e a movimentação
de pessoas.
Apresentam afinidade com a alvenaria estru-
tural, pois são constituídas por elementos
pré-moldados leves que chegam no local de
execução prontos para a montagem, além das
paredes serem portantes e capazes de supor-
tarem as cargas provenientes do chumbamento
das peças pré-moldadas.
A grande vantagem da aplicação dos pré-molda-
dos em aberturas na alvenaria está em fixá-los
conjuntamente com sua elevação, com uso da
mesma técnica de assentamento de blocos e
sem necessidade de mão-de-obra especializada,
resultando na terminalidade do serviço e elimi-
nando o preenchimento posterior de ajustes.
A adoção de vergas pré-moldadas, além de
promover a distribuição das tensões na al-
venaria, possibilita que o ajuste dimensional
seja incorporado à sua geometria e aumenta a
produtividade de execução da alvenaria, por não
quebrar o ritmo da produção.
Os contramarcos pré-moldados eliminam os
requadros junto aos vãos das aberturas e
permitem que as janelas sejam fixadas pos-
teriormente à execução dos revestimentos,
evitando, com isso, que sejam danificadas. Por
apresentar um ressalto em relação à espessura
da parede, servem como referência para a exe-
cução do revestimento externo da edificação,
facilitando este serviço; e, se devidamente
marcados, servem também como gabarito para
a execução da alvenaria. Quando escorados,
transformam-se em apoio para o assentamento
dos blocos constituintes das vergas.
As peças de ajuste dimensional tentam
substituir os enchimentos quando estes são
inevitáveis, decorrentes da impossibilidade
de se adotarem procedimentos executivos ou
componentes compatíveis com a modulação
da alvenaria. Como exemplo, há a rapadura e
a régua de ajuste que podem ser facilmente
produzidas no canteiro.
Portanto, os pré-moldados leves são meios
para se incrementar o nível de racionalização
que a alvenaria estrutural é capaz de atingir,
com a industrialização da construção.
(1) Fabiana C. Mamede
Mestre em Eng. Estruturas, Pedreira de Freitas,
São Paulo, Brasil,
fcmamede@terra.com.br
(2) Márcio R. S. Corrêa
Professor Associado, Depto de Eng. de Estruturas,
Universidade de São Paulo, Brasil,
ramalho@sc.usp.br
(3) Marcio A. Ramalho
Professor Associado, Depto de Eng. de Estruturas,
Universidade de São Paulo, Brasil,
mcorrea@sc.usp.br
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNI-
CAS (1989). NBR 10837 - Cálculo de alvenaria
estrutural de blocos vazados de concreto. Rio
de Janeiro.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNI-
CAS (1985). NBR 9062 - Projeto e execução de
estruturas de concreto pré-moldado. São Paulo.
FRANCO, L.S. et alii (1991). Desenvolvimento
de um novo processo construtivo em alvenaria
estrutural não armada de blocos de concreto;
manual do processo construtivo POLI-ENCOL.
São Paulo. /Relatório técnico, EPUSP/
GRANDJEAN, E. (1991). Manual de ergonomia:
adaptando o trabalho ao homem. Trad. por João
Pedro Stein. 4.ed. Porto Alegre, Bookman.
MAMEDE, F.C. (2001). Utilização de pré-molda-
dos em edifícios de alvenaria estrutural. Disser-
tação (Mestrado). USP. Escola de Engenharia
de São Carlos. Departamento de Engenharia
de Estruturas.
Figura 9: Ajuste na dimensão do vão da porta com régua parafusada
Figura 10: Pingadeira pré-moldada
CADERNOTÉCNICOALVENARIAESTRUTURAL-CT3
46 p r i s m ap r i s m ap r i s m ap r i s m ap r i s m a
RETRAÇÃO EM ALVENARIA DE BLOCOS DE CONCRETO
PARTE 1: COEFICIENTE DE RETRAÇÃO
2
O efeito da retração, quando não tratado corre-
tamente, é uma das principais causas de fissu-
ras em edifícios, incluindo-se aí os de alvenaria
estrutural. Este artigo, dividido em duas partes,
tem por objetivo indicar alguns detalhes de
projeto e cuidados que devem ser observados
durante a execução, para minimizar o potencial
de aparecimento de fissuras por retração em
edifícios de alvenaria estrutural.
Nesta primeira parte, será mostrado como o
efeito de retração pode levar ao aparecimento
de fissuras, caracterizando-se a retração tanto
em blocos quanto em alvenarias de blocos de
concreto, e indicados parâmetros para a consi-
deração do coeficiente de retração em paredes.
Na segunda parte do artigo, que será publicada
na próxima edição (Prisma 19), serão aborda-
dos os cuidados a serem tomados no projeto
e na execução, quanto aos seguintes aspectos:
posicionamento de juntas, escolha correta dos
blocos e respeito ao tempo de assentamento
desses, armação das paredes, utilização de
argamassa de menor módulo de deformação,
com ou sem o preenchimento posterior das
juntas verticais.
INTRODUÇÃO
A retração dos blocos de concreto, assim
como da argamassa, causa uma diminuição em
todas as dimensões de uma parede, ou seja,
causa uma variação do volume desta. Quando
essa variação volumétrica não é impedida,
poucos efeitos serão observados na alvenaria:
esta apenas diminui seu tamanho, sendo essa
variação muito pequena e imperceptível a um
observador comum. Entretanto, na grande
maioria dos casos, as construções em alvena-
ria introduzem restrições a essa variação, seja
pelo intertravamento das faces laterais com
outro painel de alvenaria, seja pelo travamento
inferior ou superior por lajes. O impedimento da
retração provoca o aparecimento de tensões
de tração. Dependendo da combinação de sua
intensidade com a resistência à tração e o
módulo de deformação da argamassa ou do
concreto, pode ocorrer fissuração. Em mate-
riais com módulos de deformação elevados,
pequenas deformações levam a altas tensões.
Argamassas e blocos de concreto, assim como
outros componentes à base de cimento, são
caracterizados por uma baixa resistência a
tração. Assim, qualquer pequena deformação
pode gerar tensões superiores à resistência
à tração da alvenaria, levando ao aparecimento
de fissuras.
Figura 1:
Condição típica para
o aparecimento de
fissuras por retração
(CURTIN et al., 1982)
Figura 2:
Fissuras comuns
em alvenarias
(CURTIN et al., 1982)
CADERNOTÉCNICOALVENARIAESTRUTURAL-CT3
47
Apesar de normalmente a retração da arga-
massa de assentamento ser maior que a dos
blocos, essa tem pouca influência na retração
total da parede, pois a junta de argamassa
preenche apenas pequenos espaços nas pa-
redes. Diferentes casos de paredes sujeitas
a deformações por retração foram modelados
numericamente em estudo anterior. Os resulta-
dos desse estudo mostram os pontos críticos
para o aparecimento de fissuras por retração
em cada uma dessas paredes. Um dos modelos
para uma parede com extremidades engasta-
das em seus quatro lados e com uma abertura
de janela no centro, é mostrado na Figura 3.
Outros casos podem ser encontrados em BAR-
BOSA et al. (2004).
(1) Guilherme Aris Parsekian
Professor Doutor, Programa de Pós-Graduação em
Construção Civil da Universidade Federal de São Carlos
parsek@power.ufscar.br
(2) Davidson Figueiredo Deana
Engenheiro Civil, Ethos Soluções
dfdeana@yahoo.com
(3) Kleilson Carmo Barbosa
Engenheiro Civil, Mestre em
Construção Civil
klecbarbosa@terra.com.br
(4) Thiago Bindilatti Inforsato
Graduando em Engenharia Civil,
Universidade Federal de São Carlos
thi_bin@yahoo.com.br
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS. Bloco vazado de concreto simples
para alvenaria estrutural - NBR 6136. RIO DE
JANEIRO, 1994.
____. Blocos vazados de concreto para alvena-
ria - retração por secagem - NBR 12117. RIO
DE JANEIRO, 1991.
AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATE-
RIALS. Standard Specification for Load-Bearing
Concrete Masonry Units - ASTM C90. Philadel-
phia, 1990.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA CONSTRUÇÃO
INDUSTRIALIZADA. Manual técnico de alvena-
ria. ABCI-Projeto, 1990.
BARBOSA, K. C. Avaliação experimental do
fenômeno de retração em alvenaria de blocos de
concreto. Dissertação (mestrado). Universidade
Federal de São Carlos - UFSCar, 233p., São
Carlos, 2005.
BARBOSA, K. C.; PARSEKIAN, G. A.; SALES, A.
Retração em Alvenarias de Blocos de Concreto -
Previsão e Prevenção de Patologias. X Encontro
Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído
(ENTAC). São Paulo, 2004.
BRITISH STANDARD INSTITUTION. Code of
practice for structural use of masonry. Part 2 -
Reinforced and prestressed masonry. BS 5628,
part 2, 1995.
CURTIN, W.G.; SHAW, G.; BECK, J.K.; BRAY,
W.A. Structural masonry designers’ manual.
London, Granada Publishing Limited, 1982.
DRYSDALE, R. G.; HAMID, A. A.; BAKER, L. R. Ma-
sonry structures behavior and design. 2nd edition.
The masonry society. Boulder Colorado. 1999.
GRIMM, C. T. Design for masonry volume chan-
ge. The Masonry Society. Boulder, 1999.
LAURSEN, P. T.; INGHAM, J. M.; VOON, K. C.
Material testing supporting a study of prestres-
sed masonry. In: 8º International Brick and Block
Masonry Conference (IBMAC). v. 2, p. 937-951,
2000.
MASONRY STANDARDS JOINT COMMITTEE.
Building code requirements for masonry struc-
tures (ACI 530/TMS 402/ASCE 5). 1999.
NATIONAL CONCRETE MASONRY ASSOCIA-
TION. Control Joints for Concrete Masonry
Walls - Alternative Engineered Method. TEK
10-3, 2003a.
NATIONAL CONCRETE MASONRY ASSOCIA-
TION. Control Joints for Concrete Masonry
Walls - Empirical Method. TEK 10-2B, 2003b.
NATIONAL CONCRETE MASONRY ASSOCIA-
TION. Crack Control in Concrete Masonry
Walls. TEK 10-1A, 2003c.
PARSEKIAN, G. A. Avaliação Experimental do
Fenômeno de Retração em Alvenaria de Blocos
de Concreto. 2º Relatório. Projeto de Pesquisa
FAPESP 02/13766-7. Não Publicado, 2005.
PARSEKIAN, G. A. Tecnologia de produção de
alvenaria estrutural protendida.. São Paulo,
Tese (Doutorado), EPUSP, 263p., 2002.
SABBATINI, F. H. O processo construtivo de
edifício de alvenaria estrutural sílico-calcário.
São Paulo, Dissertação (Mestrado), EPUSP,
298p.,1984.
STANDARDS ASSOCIATION OF AUSTRALIA.
Masonry Structures - AS 3700. Second Edi-
tion, Sydney, 1998.
TANEJA, R.; SHRIVE, N.; HUIZER, A. Loss of
prestress in post-tensioned hollow masonry
walls. In: Advances in analysis of structural ma-
sonry. Proceedings of a session at Structures
Congress ‘86 sponsored by the Structural Divi-
sion of the Association of Civil Engineers. New
Orleans, U.S.A., 15-18 set, pp.76-93, 1986.
THE MASONRY SOCIETY. Masonry Designers’
Guide. 4th Edition. The Masonry Society,
2003.
Uma das formas de minimizar as tensões surgi-
das a partir da retração em alvenarias é utilizar
argamassas com baixo módulo de deformação,
permitindo que as juntas possam absorver as
deformações surgidas. Os blocos, por sua vez,
devem ser assentados após estabilização das
deformações volumétricas (retração inicial).
Também é possível (e muitas vezes funda-
mental) a previsão de juntas de controle para
permitir a acomodação das deformações. Outra
possibilidade é a armação das juntas da alve-
naria para aumentar sua resistência à tração.
Juntas verticais não preenchidas ou preenchi-
das posteriormente também podem ajudar na
prevenção. Esses tópicos serão retomados em
detalhe na parte 2 deste artigo.
Leia na próxima edição:
• Retração em blocos de concreto
• Retração em alvenarias de blocos de concreto
• O programa experimental realizado na UFSCar
Figura 3: Parede com abertura de janela e
restrições laterais (engastes), superior e inferior.

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Pré-moldados leves em alvenaria estrutural

  • 1. CADERNOTÉCNICOALVENARIAESTRUTURAL-CT3 39 Artigos Técnicos poderão ser encaminhados para análise e eventual publicação para alvenaria@revistaprisma.com.br EXPEDIENTE O Caderno Técnico Alvenaria Estrutural é um suplemento da revista Prisma, publicado pela Editora Mandarim Ltda. ISSN 1809-4708 Artigos para publicação devem ser enviados para o e-mail alvenaria@revistaprisma.com.br Conselho Editorial: Prof. Dr. Jefferson Sidney Camacho (coordenador) Eng. MSc. Rodrigo Piernas Andolfato (secretário); Eng. Davidson Figueiredo Deana; Eng. MSc.; Prof. Dr. Antonio Carlos dos Santos; Prof. Dr. Emil de Souza Sanchez Filho; Prof. Dr. Flávio Barboza de Lima; Prof. Dr. Guilherme Aris Parsekian; Prof. Dr. João Bento de Hanai; Prof. Dr. João Dirceu Nogueira Carvalho; Prof. Dr. Luis Alberto Carvalho; Prof. Dr. Luiz Fernando Loureiro Ribeiro; Prof. Dr. Luiz Roberto Prudêncio Júnior; Prof. Dr. Luiz Sérgio Franco; Prof. Dr. Márcio Antonio Ramalho; Prof. Dr. Márcio Correa; Prof. Dr. Mauro Augusto Demarzo; Prof. Dr. Odilon Pancaro Cavalheiro; Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos; Prof. Dr. Valentim Capuzzo Neto; Profa. Dra. Fabiana Lopes de Oliveira; Profa. Dra. Henriette Lebre La Rovere; Profa. Dra. Neusa Maria Bezerra Mota; Profa. Dra. Rita de Cássia Silva Sant´Anna Alvarenga. Editor: jorn. Marcos de Sousa (editor@revistaprisma.com.br) - tel. (11) 3337-5633 CT 3 RETRAÇÃO EM ALVENARIA DE BLOCOS DE CONCRETO2 As inúmeras aplicações de componentes pré-moldados de concreto, como escadas, vergas, contramarcos e peças de ajuste dimensional em construções de alvenaria estrutural é abordada por especialistas no tema. O artigo aborda suas funções estruturais, detalhes de execução, influência na coordenação modular e interferências no fluxo dos serviços. Fabiana C. Mamede (1), Márcio R. S. Corrêa (2) e Marcio A. Ramalho (3) PRÉ-MOLDADOS LEVES EM EDIFÍCIOS DE ALVENARIA ESTRUTURAL1 Palavras-chave: retração, blocos, alvenaria, argamassa . O risco do aparecimento de fissuras em um edifício de alvenaria estrutural é maior quando não se tem em conta o chamado efeito de retração. Neste artigo, um grupo de pesquisadores explora o assunto e fornece subsídios para se evitar que o problema comprometa o projeto ou a obra. Guilherme Aris Parsekian (1), Davidson Figueiredo Deana (2), Kleilson Carmo Barbosa (3) e Thiago Bindilatti Inforsato (4) Palavras-chave: pré-moldados leves; alvenaria estrutural; racionalização, pré- fabricados Alvenaria Estrutural
  • 2. CADERNOTÉCNICOALVENARIAESTRUTURAL-CT3 40 p r i s m ap r i s m ap r i s m ap r i s m ap r i s m a Atualmente, tem havido uma progressiva busca da racionalização dos processos construtivos, visando ao aumento da produtividade e à redu- ção dos custos de construção, resultando em uma demanda crescente por projetos de edifí- cios em alvenaria estrutural racionalizada. Na alvenaria estrutural os pré-moldados desem- penham papel fundamental, associando-se às particularidades deste processo com relação à rapidez de execução, ao rígido controle de qua- lidade, à coordenação modular e à diminuição das improvisações e dos desperdícios. Eles são inseridos no processo construtivo sem que haja mudanças bruscas da base produtiva do setor. O objetivo deste trabalho é apresentar as vantagens dos mais importantes tipos de pré- moldados leves que podem ser utilizados em edifícios de alvenaria estrutural para favorecer a industrialização e a racionalização da constru- ção. Os elementos pré-moldados selecionados para a análise são: as escadas, as vergas, os contramarcos e as peças de ajuste dimensional e estão apresentados na Tabela 1. PRÉ-MOLDADOS LEVES A Associação Brasileira de Normas Técnicas (1985), NBR 9062, define elemento pré-molda- do como aquele que é executado fora do local de utilização definitivo na estrutura, com controle de qualidade especificado nesta mesma norma. Neste trabalho, adota-se para a definição de pré-moldados leves, os elementos que podem ser manuseados sem equipamentos especiais de içamento; portanto, são compatíveis com o esforço físico do operário da construção. A capacidade máxima para levantamento de cargas por um operário, segundo as recomen- dações da Organização Internacional do Traba- lho de 1969, é de 50 kg (GRANDJEAN, 1991). PRÉ-MOLDADOS LEVES EM EDIFÍCIOS DE ALVENARIA ESTRUTURAL 1 ESCADA JACARÉ As escadas são caracterizadas por geometria irregular com planos inclinados e dentes, que trazem transtornos de montagem das formas e da armação e complicações para a concreta- gem. Por todas as dificuldades que a geometria irregular proporciona, a escada requer um tem- po considerável de execução em obra. Visando minimizar os transtornos provenientes da moldagem das escadas no local, surgem, como alternativa, as escadas pré-moldadas. Caracterização: Em geral, a escada jacaré é composta por duas vigas denteadas ou vigas jacaré, degraus em “L”, patamares pré-molda- dos; peças de apoio do patamar e peças com- plementares de ajuste. Alguns dos elementos estão ilustrados na Figura 1. Para garantir o comportamento eficaz dos elementos, cuidados devem ser tomados na fase de execução, principalmente com relação às dimensões, ao cobrimento da armadura e ao acabamento final. As pequenas espessuras e o cobrimento mínimo exigem técnicas apuradas de execução. São bem aceitas as técnicas apli- cadas à argamassa armada, juntamente com um controle de execução. Os ajustes dimensio- nais precisam ser rigorosamente respeitados e o acabamento final da superfície das peças deve apresentar boa aparência, pois, muitas vezes, não se fará uso de revestimentos. A conformação da escada começa pelo chum- bamento das vigas denteadas na alvenaria. O chumbamento é feito com buchas e parafusos ou com chumbadores; para tanto, é recomen- dável preestabelecer os furos nas vigas e preferencialmente, preencher os blocos que receberão os parafusos com graute. Para o dimensionamento, segue-se o conven- cional para concreto armado, com o acréscimo das considerações referentes às situações transitórias, em que são freqüentes ocorrerem solicitações diferentes das que ocorrem na situação final. Como as peças têm pequenas espessuras, as verificações do cisalhamento, Figura 1: Elementos constituintes da escada jacaré: degrau [a]; patamar [b] e viga denteada ou viga jacaré [c] viga denteada ou viga jacaré [c] degrau [a] patamar [b]
  • 3. CADERNOTÉCNICOALVENARIAESTRUTURAL-CT3 41 PRÉ-MOLDADO Escadas jacaré Vergas Contramarcos Peças de ajuste dimensional APLICAÇÃO VANTAJOSA Minimizam os transtornos de execução de escadas no local, com vantagens quanto ao ma- nuseio, compatibilidade com a capacidade do ser humano, rapidez e simplificação de execução. As paredes estruturais suportam o peso das escadas pré-moldadas. Além da função estrutural, também promovem o ajuste dimensional altimétrico das aberturas de portas. Permitem o assentamento ininterrupto dos blocos. Regulam o vão das aberturas. São assentados durante a elevação da alvenaria representando terminalidade do serviço. Melhoram o desempe- nho de estanqueidade das esquadrias. Promovem a coordenação modular entre os componentes com dimensões incompatíveis, sem necessitar de enchimentos e conseqüentes perdas de materiais, racionalizando o processo. TABELA 1 - APRESENTAÇÃO DOS PRÉ-MOLDADOS PROPOSTOS PARA O ESTUDO
  • 4. CADERNOTÉCNICOALVENARIAESTRUTURAL-CT3 42 p r i s m ap r i s m ap r i s m ap r i s m ap r i s m a fissuração e deformação têm grande importân- cia; no entanto, como a solicitação é pequena, dificilmente ocorrerão problemas. O projeto das escadas pré-moldadas deve ser executado com rigores de detalhes, respeitan- do-se, sempre, a modulação da alvenaria, com todos os elementos desenhados separadamen- te e com escalas ampliadas. Compatibilizar o processo como um todo, e não apenas o sub- sistema de escadas, é fundamental, durante a etapa do projeto. A escada jacaré é um expressivo exemplo do uso de elementos pré-moldados de pequena espessura compatíveis com o manuseio do operário da construção e plenamente aplicáveis em edifícios de alvenaria estrutural. A afinidade entre o processo construtivo em alvenaria es- trutural e as escadas jacaré está na presença de paredes portantes capazes de suportarem as cargas provenientes do chumbamento de pe- ças pré-moldadas e pelo fato de os elementos pré-moldados da escada já chegarem ao local de execução prontos, restando apenas a mon- tagem no devido local. Vantagens: Após a montagem da escada, os acessos definitivos para o transporte vertical são liberados; a movimentação das peças pode ser manual, pois o peso dos componentes o permite, eliminando gastos com equipamentos especiais de içamento; a execução em obra re- sume-se em fixar os componentes no local pre- visto, favorecendo a rapidez e a simplificação; e a redução do peso proporcionada pela espessu- ra reduzida traz economia da armadura. VERGAS As vergas são elementos estruturais essenciais em uma edificação para se evitar o surgimento de patologias indesejáveis, como as fissuras em regiões próximas às aberturas. Elas são localizadas sobre os vãos das aberturas nas edificações e promovem a distribuição das ten- sões concentradas nos cantos e a absorção de trações horizontais nessas aberturas. Caracterização: A ABNT (1989), NBR 10837 define como verga o elemento estrutural colo- cado sobre vãos de aberturas não maiores que 1,20 m, a fim de transmitir cargas verticais para as paredes adjacentes aos vãos. Para o cálculo da verga adota-se como car- regamento, o peso da parede compreendida no triângulo isósceles definido sobre o vão da abertura. Da carga uniformemente distribuída do pavimento, só é considerada a parte com- preendida no referido triângulo. Ao analisar o esquema de distribuição de cargas verticais para o dimensionamento de vergas, pode-se afirmar que a sua solicitação geralmente é muito pequena, exceto para casos especiais, resultando em armaduras longi- tudinal e transversal mínimas. Uma possível disposição da armadura na peça de concreto é apresentada na Figura 3. A limitação do peso, para que sejam compa- tíveis com a capacidade portante dos operá- rios, faz com que a seção transversal das vergas tenha opcionalmente a forma de “U”, PLANTA CORTE A ELEVAÇÃO CORTE B Figura 3: Disposição da armadura na verga pré-moldada Figura 2: Verga pré-moldada CORTE A CORTE B
  • 5. CADERNOTÉCNICOALVENARIAESTRUTURAL-CT3 43 como mostrado na Figura 2. As vergas pré-moldadas em concreto armado podem ser executadas pela construtora no próprio canteiro de obra, com as dimensões e armaduras necessárias para cada vão de abertura e são simplesmente assentadas na alvenaria assim como os blocos. Vantagens: Em comparação ao procedimento tradicional de execução de vergas por blocos canaleta sobre um gabarito que servirá de apoio, distribuição da armadura e posterior grauteamento, as vergas pré-moldadas não interrompem o ritmo da produção. Além do ganho da produtividade na execução da alvena- ria, as vergas pré-moldadas permitem que haja um ajuste dimensional existente entre a altura da esquadria e da abertura na alvenaria, como apresentado na Figura 4. CONTRAMARCO O contramarco pré-moldado é um quadro rígido, delgado, que envolve o vão da abertura e a es- pessura da parede, e juntamente com a janela compõem a esquadria. Caracterização: Os contramarcos exercem a função de requadrar o vão e de melhorar a es- tanqueidade das esquadrias; portanto, devem ter dimensões regulares e seções transversais com detalhes de pingadeira, rebaixos, frisos, inclinações e saliências, como por exemplo, os contramarcos envolverem a alvenaria, estando salientes aos revestimentos externos, com avanço mínimo de 5 mm, como mostrado na Figura 5. As dimensões de contramarcos para edifícios em alvenaria estrutural devem obedecer à modulação da alvenaria e concordar dimensio- nalmente com os componentes da edificação de interface. Os contramarcos podem ser armados com armadura discreta (barras e fios) ou armadura difusa (telas). A incorporação de fibras à matriz de concreto é uma prática consagrada atualmente entre os fabricantes de peças pré-moldadas de pequena espessura. O processo de instalação do contramarco é simples e pode ser executado por um pedreiro e um ajudante com a elevação da alvenaria até a fiada acima do parapeito, posicionamento manual do contramarco e fixação provisória; ali- nhamento, nivelamento e verificação do prumo e preenchimento das juntas com argamassa de assentamento. Após a fixação, o contramarco ainda pode ser- vir de gabarito para o assentamento das fiadas posteriores de blocos. As janelas podem ser instaladas no contramar- co com buchas plásticas e parafusos ou com poliuretano, em uma etapa posterior à finaliza- ção dos revestimentos, evitando, com isto, que sejam danificadas. Vantagens: O contramarco pré-moldado é fixado na alvenaria com argamassa de assentamento por dois trabalhadores, durante a etapa de elevação da alvenaria, o que permite a con- clusão total do serviço sem que haja quebras e enchimentos, se devidamente escorado, serve de apoio para o assentamento dos blocos constituintes da verga e, se marcado, torna- se gabarito para a execução da alvenaria. As Figura 4: Esquema para instalação de portas com acerto da modulação altimétrica com vergas pré-moldadas Figura 5: Vista frontal e cortes de esquadria composta por contramarco pré-moldado Batente de madeira Batente metálico
  • 6. CADERNOTÉCNICOALVENARIAESTRUTURAL-CT3 44 p r i s m ap r i s m ap r i s m ap r i s m ap r i s m a janelas podem ser fixadas após o revestimento concluído, evitando que sejam danificadas. Por apresentar um ressalto em relação à parede, constitui-se referência para a execução do re- vestimento externo. PEÇAS DE AJUSTE DIMENSIONAL Neste item, são abordados os elementos pré- moldados leves que não têm função estrutural mas que se tornam fundamentais inseridos no processo construtivo em alvenaria estrutural, ao contribuírem com a racionalização. Régua de Ajuste Horizontal: Apesar das vanta- gens obtidas com o emprego de vergas pré- moldadas, analisadas anteriormente, muitos construtores ainda se mostram apreensivos quanto à sua adoção e preferem optar pelo procedimento tradicional de execução de ver- ga, com o assentamento de blocos canaleta, seguido pelo posicionamento da armadura e grauteamento. A execução de vergas com blocos canaleta em associação a portas padronizadas demanda ajustes altimétricos, que poderão ser feitos com elementos pré-moldados, aqui denomi- nados de réguas de ajuste. Estes elementos são retangulares com espessura equivalente ao valor de ajuste entre a altura da porta e a modulação vertical da alvenaria, como ilustrado nas Figuras 6 e 7. A régua de ajuste é assenta- da quando a elevação da alvenaria atingir o nível da altura da porta. As réguas de ajuste também podem funcionar como apoio para o assentamento dos blocos canaleta da verga, bastando um escoramento provisório no centro do vão. “Rapadura”: Elemento pré-moldado que pode ser utilizado para prover a compatibilização das di- mensões dos componentes, sem que se recorra aos enchimentos moldados no local. Este elemento é popularmente denominado de “rapadura” devido ao seu formato, e sua utili- zação é tão visada que até algumas empresas produtoras de blocos já o estão fornecendo; no entanto, a simplicidade de produção permite que sejam moldados no canteiro da obra. Ressalta-se, no entanto, que as “rapaduras” assentadas com juntas a prumo na alvenaria, ao longo do tempo, podem descolar-se ou apresentar fissuras nas juntas, principalmente aquelas que estão localizadas junto às portas, e, portanto, sujeitas ao impacto. Para evitar o mau funcionamento do sistema, pode-se optar por amarrar as rapaduras na alvenaria (Figura 8). Réguas de Ajuste Vertical: São elementos retangulares parafusados às alvenarias com interface a portas. Possuem a mesma função das rapaduras, de compatibilizar os vãos da alvenaria e as dimensões de portas, com a diferença de evitarem o descolamento ao longo do tempo (Figura 9). Pingadeira: Para melhorar o desempenho na estanqueidade das esquadrias, pingadeiras pré- moldadas surgem como uma solução alternati- va. As pingadeiras contam com rebaixos, frisos, saliências e inclinações na seção transversal; seu uso é previsto em conjunto com blocos compensadores, de modo que o ajuste modular altimétrico seja garantido (Figura 10). CONCLUSÃO Nos edifícios em alvenaria estrutural, os pré- moldados leves trazem benefícios associando- se a particularidades deste processo, tais como: rapidez de execução, rígido controle de qualidade, coordenação modular, ações organi- zacionais, padronização e melhor detalhamento de projeto. Em linhas gerais, os pré-moldados estudados têm características como: • simplificação das atividades de execução, Figura 6: Régua de ajuste; Figura 7: Representação da régua de ajuste na elevação da alvenaria Figura 8: Ajuste na dimensão do vão da porta com rapadura Figura 6 Figura 7 Figura 8
  • 7. CADERNOTÉCNICOALVENARIAESTRUTURAL-CT3 45 reduzindo-se o número de operações; • desenvolvimento de atividades sem inter- rupções; • construção de acessos definitivos e garantia de adequação aos espaços de trabalho; • minimização das interferências entre a ativi- dade executada e as demais atividades ligadas a ela, e • padronização das tarefas para um mesmo processo. As escadas pré-moldadas minimizam as dificul- dades provenientes da moldagem das escadas no local. Elas permitem a execução de acessos definitivos aos espaços de trabalho, com a obra ainda na fase de construção, facilitando o trans- porte vertical de materiais e a movimentação de pessoas. Apresentam afinidade com a alvenaria estru- tural, pois são constituídas por elementos pré-moldados leves que chegam no local de execução prontos para a montagem, além das paredes serem portantes e capazes de supor- tarem as cargas provenientes do chumbamento das peças pré-moldadas. A grande vantagem da aplicação dos pré-molda- dos em aberturas na alvenaria está em fixá-los conjuntamente com sua elevação, com uso da mesma técnica de assentamento de blocos e sem necessidade de mão-de-obra especializada, resultando na terminalidade do serviço e elimi- nando o preenchimento posterior de ajustes. A adoção de vergas pré-moldadas, além de promover a distribuição das tensões na al- venaria, possibilita que o ajuste dimensional seja incorporado à sua geometria e aumenta a produtividade de execução da alvenaria, por não quebrar o ritmo da produção. Os contramarcos pré-moldados eliminam os requadros junto aos vãos das aberturas e permitem que as janelas sejam fixadas pos- teriormente à execução dos revestimentos, evitando, com isso, que sejam danificadas. Por apresentar um ressalto em relação à espessura da parede, servem como referência para a exe- cução do revestimento externo da edificação, facilitando este serviço; e, se devidamente marcados, servem também como gabarito para a execução da alvenaria. Quando escorados, transformam-se em apoio para o assentamento dos blocos constituintes das vergas. As peças de ajuste dimensional tentam substituir os enchimentos quando estes são inevitáveis, decorrentes da impossibilidade de se adotarem procedimentos executivos ou componentes compatíveis com a modulação da alvenaria. Como exemplo, há a rapadura e a régua de ajuste que podem ser facilmente produzidas no canteiro. Portanto, os pré-moldados leves são meios para se incrementar o nível de racionalização que a alvenaria estrutural é capaz de atingir, com a industrialização da construção. (1) Fabiana C. Mamede Mestre em Eng. Estruturas, Pedreira de Freitas, São Paulo, Brasil, fcmamede@terra.com.br (2) Márcio R. S. Corrêa Professor Associado, Depto de Eng. de Estruturas, Universidade de São Paulo, Brasil, ramalho@sc.usp.br (3) Marcio A. Ramalho Professor Associado, Depto de Eng. de Estruturas, Universidade de São Paulo, Brasil, mcorrea@sc.usp.br REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNI- CAS (1989). NBR 10837 - Cálculo de alvenaria estrutural de blocos vazados de concreto. Rio de Janeiro. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNI- CAS (1985). NBR 9062 - Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado. São Paulo. FRANCO, L.S. et alii (1991). Desenvolvimento de um novo processo construtivo em alvenaria estrutural não armada de blocos de concreto; manual do processo construtivo POLI-ENCOL. São Paulo. /Relatório técnico, EPUSP/ GRANDJEAN, E. (1991). Manual de ergonomia: adaptando o trabalho ao homem. Trad. por João Pedro Stein. 4.ed. Porto Alegre, Bookman. MAMEDE, F.C. (2001). Utilização de pré-molda- dos em edifícios de alvenaria estrutural. Disser- tação (Mestrado). USP. Escola de Engenharia de São Carlos. Departamento de Engenharia de Estruturas. Figura 9: Ajuste na dimensão do vão da porta com régua parafusada Figura 10: Pingadeira pré-moldada
  • 8. CADERNOTÉCNICOALVENARIAESTRUTURAL-CT3 46 p r i s m ap r i s m ap r i s m ap r i s m ap r i s m a RETRAÇÃO EM ALVENARIA DE BLOCOS DE CONCRETO PARTE 1: COEFICIENTE DE RETRAÇÃO 2 O efeito da retração, quando não tratado corre- tamente, é uma das principais causas de fissu- ras em edifícios, incluindo-se aí os de alvenaria estrutural. Este artigo, dividido em duas partes, tem por objetivo indicar alguns detalhes de projeto e cuidados que devem ser observados durante a execução, para minimizar o potencial de aparecimento de fissuras por retração em edifícios de alvenaria estrutural. Nesta primeira parte, será mostrado como o efeito de retração pode levar ao aparecimento de fissuras, caracterizando-se a retração tanto em blocos quanto em alvenarias de blocos de concreto, e indicados parâmetros para a consi- deração do coeficiente de retração em paredes. Na segunda parte do artigo, que será publicada na próxima edição (Prisma 19), serão aborda- dos os cuidados a serem tomados no projeto e na execução, quanto aos seguintes aspectos: posicionamento de juntas, escolha correta dos blocos e respeito ao tempo de assentamento desses, armação das paredes, utilização de argamassa de menor módulo de deformação, com ou sem o preenchimento posterior das juntas verticais. INTRODUÇÃO A retração dos blocos de concreto, assim como da argamassa, causa uma diminuição em todas as dimensões de uma parede, ou seja, causa uma variação do volume desta. Quando essa variação volumétrica não é impedida, poucos efeitos serão observados na alvenaria: esta apenas diminui seu tamanho, sendo essa variação muito pequena e imperceptível a um observador comum. Entretanto, na grande maioria dos casos, as construções em alvena- ria introduzem restrições a essa variação, seja pelo intertravamento das faces laterais com outro painel de alvenaria, seja pelo travamento inferior ou superior por lajes. O impedimento da retração provoca o aparecimento de tensões de tração. Dependendo da combinação de sua intensidade com a resistência à tração e o módulo de deformação da argamassa ou do concreto, pode ocorrer fissuração. Em mate- riais com módulos de deformação elevados, pequenas deformações levam a altas tensões. Argamassas e blocos de concreto, assim como outros componentes à base de cimento, são caracterizados por uma baixa resistência a tração. Assim, qualquer pequena deformação pode gerar tensões superiores à resistência à tração da alvenaria, levando ao aparecimento de fissuras. Figura 1: Condição típica para o aparecimento de fissuras por retração (CURTIN et al., 1982) Figura 2: Fissuras comuns em alvenarias (CURTIN et al., 1982)
  • 9. CADERNOTÉCNICOALVENARIAESTRUTURAL-CT3 47 Apesar de normalmente a retração da arga- massa de assentamento ser maior que a dos blocos, essa tem pouca influência na retração total da parede, pois a junta de argamassa preenche apenas pequenos espaços nas pa- redes. Diferentes casos de paredes sujeitas a deformações por retração foram modelados numericamente em estudo anterior. Os resulta- dos desse estudo mostram os pontos críticos para o aparecimento de fissuras por retração em cada uma dessas paredes. Um dos modelos para uma parede com extremidades engasta- das em seus quatro lados e com uma abertura de janela no centro, é mostrado na Figura 3. Outros casos podem ser encontrados em BAR- BOSA et al. (2004). (1) Guilherme Aris Parsekian Professor Doutor, Programa de Pós-Graduação em Construção Civil da Universidade Federal de São Carlos parsek@power.ufscar.br (2) Davidson Figueiredo Deana Engenheiro Civil, Ethos Soluções dfdeana@yahoo.com (3) Kleilson Carmo Barbosa Engenheiro Civil, Mestre em Construção Civil klecbarbosa@terra.com.br (4) Thiago Bindilatti Inforsato Graduando em Engenharia Civil, Universidade Federal de São Carlos thi_bin@yahoo.com.br REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Bloco vazado de concreto simples para alvenaria estrutural - NBR 6136. RIO DE JANEIRO, 1994. ____. Blocos vazados de concreto para alvena- ria - retração por secagem - NBR 12117. RIO DE JANEIRO, 1991. AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATE- RIALS. Standard Specification for Load-Bearing Concrete Masonry Units - ASTM C90. Philadel- phia, 1990. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA CONSTRUÇÃO INDUSTRIALIZADA. Manual técnico de alvena- ria. ABCI-Projeto, 1990. BARBOSA, K. C. Avaliação experimental do fenômeno de retração em alvenaria de blocos de concreto. Dissertação (mestrado). Universidade Federal de São Carlos - UFSCar, 233p., São Carlos, 2005. BARBOSA, K. C.; PARSEKIAN, G. A.; SALES, A. Retração em Alvenarias de Blocos de Concreto - Previsão e Prevenção de Patologias. X Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído (ENTAC). São Paulo, 2004. BRITISH STANDARD INSTITUTION. Code of practice for structural use of masonry. Part 2 - Reinforced and prestressed masonry. BS 5628, part 2, 1995. CURTIN, W.G.; SHAW, G.; BECK, J.K.; BRAY, W.A. Structural masonry designers’ manual. London, Granada Publishing Limited, 1982. DRYSDALE, R. G.; HAMID, A. A.; BAKER, L. R. Ma- sonry structures behavior and design. 2nd edition. The masonry society. Boulder Colorado. 1999. GRIMM, C. T. Design for masonry volume chan- ge. The Masonry Society. Boulder, 1999. LAURSEN, P. T.; INGHAM, J. M.; VOON, K. C. Material testing supporting a study of prestres- sed masonry. In: 8º International Brick and Block Masonry Conference (IBMAC). v. 2, p. 937-951, 2000. MASONRY STANDARDS JOINT COMMITTEE. Building code requirements for masonry struc- tures (ACI 530/TMS 402/ASCE 5). 1999. NATIONAL CONCRETE MASONRY ASSOCIA- TION. Control Joints for Concrete Masonry Walls - Alternative Engineered Method. TEK 10-3, 2003a. NATIONAL CONCRETE MASONRY ASSOCIA- TION. Control Joints for Concrete Masonry Walls - Empirical Method. TEK 10-2B, 2003b. NATIONAL CONCRETE MASONRY ASSOCIA- TION. Crack Control in Concrete Masonry Walls. TEK 10-1A, 2003c. PARSEKIAN, G. A. Avaliação Experimental do Fenômeno de Retração em Alvenaria de Blocos de Concreto. 2º Relatório. Projeto de Pesquisa FAPESP 02/13766-7. Não Publicado, 2005. PARSEKIAN, G. A. Tecnologia de produção de alvenaria estrutural protendida.. São Paulo, Tese (Doutorado), EPUSP, 263p., 2002. SABBATINI, F. H. O processo construtivo de edifício de alvenaria estrutural sílico-calcário. São Paulo, Dissertação (Mestrado), EPUSP, 298p.,1984. STANDARDS ASSOCIATION OF AUSTRALIA. Masonry Structures - AS 3700. Second Edi- tion, Sydney, 1998. TANEJA, R.; SHRIVE, N.; HUIZER, A. Loss of prestress in post-tensioned hollow masonry walls. In: Advances in analysis of structural ma- sonry. Proceedings of a session at Structures Congress ‘86 sponsored by the Structural Divi- sion of the Association of Civil Engineers. New Orleans, U.S.A., 15-18 set, pp.76-93, 1986. THE MASONRY SOCIETY. Masonry Designers’ Guide. 4th Edition. The Masonry Society, 2003. Uma das formas de minimizar as tensões surgi- das a partir da retração em alvenarias é utilizar argamassas com baixo módulo de deformação, permitindo que as juntas possam absorver as deformações surgidas. Os blocos, por sua vez, devem ser assentados após estabilização das deformações volumétricas (retração inicial). Também é possível (e muitas vezes funda- mental) a previsão de juntas de controle para permitir a acomodação das deformações. Outra possibilidade é a armação das juntas da alve- naria para aumentar sua resistência à tração. Juntas verticais não preenchidas ou preenchi- das posteriormente também podem ajudar na prevenção. Esses tópicos serão retomados em detalhe na parte 2 deste artigo. Leia na próxima edição: • Retração em blocos de concreto • Retração em alvenarias de blocos de concreto • O programa experimental realizado na UFSCar Figura 3: Parede com abertura de janela e restrições laterais (engastes), superior e inferior.