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Baixar para ler offline
E STA D O D E M I N A S      ●   T E R Ç A - F E I R A ,           1 9     D E        J U N H O            D E    2 0 1 2
                                                                                                                                                                                                                                           3

                                                                        POLÍTICA
                                                                                                                                                                                          EDITOR: Baptista Chagas de Almeida
                                                                                                                                                                                   EDITOR-ASSISTENTE: Renato Scapolatempore
                                                                                                                                                                                              E-MAIL: politica.em@uai.com.br
                                                                                                                                                                                                   TELEFONE: (31) 3263-5293




Historiadores são convocados para analisar depoimentos da presidente sobre o período em
que foi torturada nas prisões do estado, publicados pelo Estado de Minas com exclusividade


                                        COMISSÃO DA VERDADE
Na trilha de Dilma em Minas                                                                                                                WILSON DIAS/ABR
                                                                                                                                                                                           DANIEL CAMARGOS

                                                                                                                                                                    A Comissão da Verdade vai           Comissão da Verdade, José
                                                                                                                                                                investigar o conteúdo do acer-          Carlos Dias e Maria Rita Kehl,
                                                                                                                                                                vo do Conselho de Defesa dos            se reuniram ontem em São
                                                                                                                                                                Direitos Humanos de Minas               Paulo e tomaram a decisão, co-
                                                                                                                                                                Gerais (Conedh-MG) para ten-            municando o fato a Heloísa.
                                                                                                                                                                tar jogar luz na história das tor-      “Os depoimento, inéditos, re-
                                                                                                                                                                turas sofridas pela presidente          velam graves violações aos di-
                                                                                                                                                                Dilma Rousseff (PT) e por ou-           reitos humanos. Devemos in-
                                                                                                                                                                tros militantes à época da dita-        vestigar”, comentou José Car-
                                                                                                                                                                dura militar (1964–1985). “Re-          los Dias. Gilson Dipp acredita
                                                                                                                                                                cebi a determinação de mobi-            que, até o momento, não há
                                                                                                                                                                lizar os pesquisadores para le-         necessidade de convocar a
                                                                                                                                                                vantar quais são os depoimen-           presidente, mas não descarta a
                                                                                                                                                                tos colhidos pelo Conedh-MG             possibilidade de ouvi-la sobre
                                                                                                                                                                e qual o conteúdo do acervo”,           as torturas sofridas no perío-
                                                                                                                                                                afirma a assessora da Comis-            do. “Os detalhes do depoimen-
                                                                                                                                                                são da Verdade e historiadora           to são pesados e doloridos",
                                                                                                                                                                da Universidade Federal de Mi-          afirmou Dipp.
                                                                                                                                                                nas Gerais (UFMG), Heloísa                  A Comissão da Verdade te-
                                                                                                                                                                Starling. O depoimento de Dil-          rá dois anos para elaborar um
                                                                                                                                                                ma e os detalhes da tortura so-         amplo relatório do que for
                                                                                                                                                                frida pela presidente em Juiz           apurado sobre casos graves de
                                                                                                                                                                de Fora, na Zona da Mata, fo-           violações de direitos huma-
                                                                                                                                                                ram revelados com exclusivi-            nos, como torturas, mortes e
                                                                                                                                                                dade pelo Estado de Minas.              desaparecimentos, mas a in-
                                                                                                                                                                Até então sabia-se apenas das           tenção é que o levantamento
                                                                                                                                                                prisões e abusos dos militares          sobre as torturas e prisões de
                                                                                                                                                                quando Dilma esteve presa em            Dilma seja feito o mais rápido
                                                                                                                                                                São Paulo e no Rio de Janeiro.          possível. O testemunho da
                                                                                                                                                                    A Comissão da Verdade foi           presidente Dilma, revelado pe-
                                                                                                                                                                nomeada pela própria Dilma              lo EM, foi prestado em 2001,
Gilson Dipp e José Carlos Dias, integrantes da comissão criada no mês passado: “Violações dos direitos humanos devem ser investigadas”                          no mês passado e tem a mis-             quando ela era secretária das
                                                                                                                                                                são de apurar principalmente            Minas e Energia do governo
                                                                                                                        JAIR AMARAL/EM/D.A PRESS - 23/10/08     os fatos ocorridos durante o            do Rio Grande do Sul e nem
                                                                                                                                                                período da ditadura militar no          imaginava que se tornaria pre-
                                                                                                                                                                Brasil. Heloísa é a única asses-        sidente do país.
                                                                                                                                                                sora historiadora da comissão               Dilma narrou, de forma de-
              FATOS DA                                                                                                                                          e pode, se for necessário, mobi-        talhada e emocionada, as ses-
                                                                                                                                                                lizar até 19 pesquisadores para         sões de humilhações provoca-
              HISTÓRIA                                                                                                                                          fazer um levantamento no                das por torturas no pau de ara-
                                                                                                                                                                acervo da Conedh-MG, sendo              ra, eletrochoques, socos e chu-
  O ministro da Defesa, Celso                                                                                                                                   que a maior parte são historia-         tes, que causaram deformação
     Amorim, afirmou ontem                                                                                                                                      dores da UFMG. O acervo do              na arcada dentária dela. A cor-
       que relatos como o da                                                                                                                                    Conedh-MG tem mais de 700               reção da arcada dentária foi
   presidente Dilma Rousseff                                                                                                                                    processos, que foram abertos            uma das cirurgias a que Dilma
                                                                                                                                                                com o objetivo de indenizar os          se submeteu às vésperas da
    sobre as torturas sofridas
                                                                                                                                                                presos políticos do estado.             campanha presidencial de
     durante o regime militar                                                                                                                                       A comissão tem sete inte-           2010. “A pior coisa é esperar
   “são fatos da história”. Ele                                                                                                                                 grantes: o coordenador, Gil-            por tortura”, diz ela no relato
   evitou se estender sobre o                                                                                                                                   son Dipp, ministro do Supe-             de 2001. "As marcas da tortura
         tema. “São fatos da                                                                                                                                    rior Tribunal de Justiça (STJ);         sou eu. Fazem parte de mim.”
             história. Eles vão                                                                                                                                 José Carlos Dias, advogado e                A presidente já havia sido
  aparecendo. Cada cidadão                                                                                                                                      ex-ministro da Justiça; Rosa            torturada em São Paulo e no
      forme a sua ideia sobre                                                                                                                                   Maria Cardoso da Cunha, ad-             Rio de Janeiro e voltou a passar
          isso. A Comissão da
       Verdade é para que as
                                                Recebi a determinação de mobilizar os                                                                           vogada; Cláudio Fonteles, ex-
                                                                                                                                                                procurador-geral da Repúbli-
                                                                                                                                                                                                        pelas humilhações devido aos
                                                                                                                                                                                                        militares acreditarem que ela
  pessoas conheçam os fatos                     pesquisadores para levantar quais são os                                                                        ca; Paulo Sérgio Pinheiro, so-
                                                                                                                                                                ciólogo; Maria Rita Kehl, psica-
                                                                                                                                                                                                        recebeu bilhetes de Ângelo Pe-
                                                                                                                                                                                                        zzuti, principal dirigente do
    sobre todos os ângulos”,
         disse ele, em visita à                 depoimentos colhidos pelo Conedh-MG                                                                             nalista; e José Paulo Cavalcan-
                                                                                                                                                                ti Filho, advogado.
                                                                                                                                                                                                        Comando de Libertação Na-
                                                                                                                                                                                                        cional (Colina), do qual Dilma
     exposição Humanidade,
     no Forte de Copacabana                     e qual o conteúdo do acervo”                                                                                        Dois dos sete membros da            fez parte.


                                                ■ Heloísa Starling, assessora da Comissão da Verdade e historiadora da UFMG
                                                                                                                                                               ❚     LEIA MAIS SOBRE A TORTURA NO PERÍODO DA DIDATURA
                                                                                                                                                                                               PÁGINAS 4 E 5                               ❚
                                                                                             O QUE JÁ FOI MOSTRADO

                                                                » O Estado de Minas iniciou domingo uma série de reportagens em que
                                                                  revela com exclusividade documentos, até então inéditos, que comprovam
                                                                  que a presidente Dilma Rousseff foi torturada nos porões da ditadura em
                                                                  Juiz de Fora, Zona da Mata mineira, e não apenas em São Paulo e no Rio
                                                                  de Janeiro, como se pensava. Os documentos reproduzem o depoimento
                                                                  pessoal de Dilma ao Conselho dos Direitos Humanos de Minas Gerais
                                                                  (Conedh-MG), em outubro de 2001, no qual ela relata com detalhes todo
                                                                  o sofrimento vivido em Minas como a militante política de codinome
                                                                  Estela, aos 22 anos. “Se o interrogatório é de longa duração, com
                                                                  interrogador ‘experiente’ele te bota no pau de arara alguns momentos e
                                                                  depois leva para o choque, uma dor que não deixa rastro, só te mina”,
                                                                  contou Dilma na época.

                                                                » Na edição de ontem, o EM mostrou que bilhetes endereçados a Dilma e
                                                                  interceptados por agentes militares foram os responsáveis por novas
                                                                  sessões de tortura em Minas. Os militares acreditavam que ela teria
                                                                  organizado, no fim de 1969, um plano para dar fuga ao militante Ângelo
                                                                  Pezzuti, que usava o codinome Gabriel. Por causa de 22 bilhetes
                                                                  encaminhados para a militante Estela, um dos codinomes usados por
                                                                  Dilma, ela teria voltado a ser torturada. A série de reportagens iniciada
                                                                  domingo teve repercussão na imprensa internacional. A presidente leu seu
                                                                  conteúdo antes de embarcar para o México, mas preferiu ficar em silêncio.                                                                         FOTOS: REPRODUÇÃO/EM

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Comissão da Verdade convoca historiadores para analisar depoimentos de Dilma sobre torturas

  • 1. E STA D O D E M I N A S ● T E R Ç A - F E I R A , 1 9 D E J U N H O D E 2 0 1 2 3 POLÍTICA EDITOR: Baptista Chagas de Almeida EDITOR-ASSISTENTE: Renato Scapolatempore E-MAIL: politica.em@uai.com.br TELEFONE: (31) 3263-5293 Historiadores são convocados para analisar depoimentos da presidente sobre o período em que foi torturada nas prisões do estado, publicados pelo Estado de Minas com exclusividade COMISSÃO DA VERDADE Na trilha de Dilma em Minas WILSON DIAS/ABR DANIEL CAMARGOS A Comissão da Verdade vai Comissão da Verdade, José investigar o conteúdo do acer- Carlos Dias e Maria Rita Kehl, vo do Conselho de Defesa dos se reuniram ontem em São Direitos Humanos de Minas Paulo e tomaram a decisão, co- Gerais (Conedh-MG) para ten- municando o fato a Heloísa. tar jogar luz na história das tor- “Os depoimento, inéditos, re- turas sofridas pela presidente velam graves violações aos di- Dilma Rousseff (PT) e por ou- reitos humanos. Devemos in- tros militantes à época da dita- vestigar”, comentou José Car- dura militar (1964–1985). “Re- los Dias. Gilson Dipp acredita cebi a determinação de mobi- que, até o momento, não há lizar os pesquisadores para le- necessidade de convocar a vantar quais são os depoimen- presidente, mas não descarta a tos colhidos pelo Conedh-MG possibilidade de ouvi-la sobre e qual o conteúdo do acervo”, as torturas sofridas no perío- afirma a assessora da Comis- do. “Os detalhes do depoimen- são da Verdade e historiadora to são pesados e doloridos", da Universidade Federal de Mi- afirmou Dipp. nas Gerais (UFMG), Heloísa A Comissão da Verdade te- Starling. O depoimento de Dil- rá dois anos para elaborar um ma e os detalhes da tortura so- amplo relatório do que for frida pela presidente em Juiz apurado sobre casos graves de de Fora, na Zona da Mata, fo- violações de direitos huma- ram revelados com exclusivi- nos, como torturas, mortes e dade pelo Estado de Minas. desaparecimentos, mas a in- Até então sabia-se apenas das tenção é que o levantamento prisões e abusos dos militares sobre as torturas e prisões de quando Dilma esteve presa em Dilma seja feito o mais rápido São Paulo e no Rio de Janeiro. possível. O testemunho da A Comissão da Verdade foi presidente Dilma, revelado pe- nomeada pela própria Dilma lo EM, foi prestado em 2001, Gilson Dipp e José Carlos Dias, integrantes da comissão criada no mês passado: “Violações dos direitos humanos devem ser investigadas” no mês passado e tem a mis- quando ela era secretária das são de apurar principalmente Minas e Energia do governo JAIR AMARAL/EM/D.A PRESS - 23/10/08 os fatos ocorridos durante o do Rio Grande do Sul e nem período da ditadura militar no imaginava que se tornaria pre- Brasil. Heloísa é a única asses- sidente do país. sora historiadora da comissão Dilma narrou, de forma de- FATOS DA e pode, se for necessário, mobi- talhada e emocionada, as ses- lizar até 19 pesquisadores para sões de humilhações provoca- HISTÓRIA fazer um levantamento no das por torturas no pau de ara- acervo da Conedh-MG, sendo ra, eletrochoques, socos e chu- O ministro da Defesa, Celso que a maior parte são historia- tes, que causaram deformação Amorim, afirmou ontem dores da UFMG. O acervo do na arcada dentária dela. A cor- que relatos como o da Conedh-MG tem mais de 700 reção da arcada dentária foi presidente Dilma Rousseff processos, que foram abertos uma das cirurgias a que Dilma com o objetivo de indenizar os se submeteu às vésperas da sobre as torturas sofridas presos políticos do estado. campanha presidencial de durante o regime militar A comissão tem sete inte- 2010. “A pior coisa é esperar “são fatos da história”. Ele grantes: o coordenador, Gil- por tortura”, diz ela no relato evitou se estender sobre o son Dipp, ministro do Supe- de 2001. "As marcas da tortura tema. “São fatos da rior Tribunal de Justiça (STJ); sou eu. Fazem parte de mim.” história. Eles vão José Carlos Dias, advogado e A presidente já havia sido aparecendo. Cada cidadão ex-ministro da Justiça; Rosa torturada em São Paulo e no forme a sua ideia sobre Maria Cardoso da Cunha, ad- Rio de Janeiro e voltou a passar isso. A Comissão da Verdade é para que as Recebi a determinação de mobilizar os vogada; Cláudio Fonteles, ex- procurador-geral da Repúbli- pelas humilhações devido aos militares acreditarem que ela pessoas conheçam os fatos pesquisadores para levantar quais são os ca; Paulo Sérgio Pinheiro, so- ciólogo; Maria Rita Kehl, psica- recebeu bilhetes de Ângelo Pe- zzuti, principal dirigente do sobre todos os ângulos”, disse ele, em visita à depoimentos colhidos pelo Conedh-MG nalista; e José Paulo Cavalcan- ti Filho, advogado. Comando de Libertação Na- cional (Colina), do qual Dilma exposição Humanidade, no Forte de Copacabana e qual o conteúdo do acervo” Dois dos sete membros da fez parte. ■ Heloísa Starling, assessora da Comissão da Verdade e historiadora da UFMG ❚ LEIA MAIS SOBRE A TORTURA NO PERÍODO DA DIDATURA PÁGINAS 4 E 5 ❚ O QUE JÁ FOI MOSTRADO » O Estado de Minas iniciou domingo uma série de reportagens em que revela com exclusividade documentos, até então inéditos, que comprovam que a presidente Dilma Rousseff foi torturada nos porões da ditadura em Juiz de Fora, Zona da Mata mineira, e não apenas em São Paulo e no Rio de Janeiro, como se pensava. Os documentos reproduzem o depoimento pessoal de Dilma ao Conselho dos Direitos Humanos de Minas Gerais (Conedh-MG), em outubro de 2001, no qual ela relata com detalhes todo o sofrimento vivido em Minas como a militante política de codinome Estela, aos 22 anos. “Se o interrogatório é de longa duração, com interrogador ‘experiente’ele te bota no pau de arara alguns momentos e depois leva para o choque, uma dor que não deixa rastro, só te mina”, contou Dilma na época. » Na edição de ontem, o EM mostrou que bilhetes endereçados a Dilma e interceptados por agentes militares foram os responsáveis por novas sessões de tortura em Minas. Os militares acreditavam que ela teria organizado, no fim de 1969, um plano para dar fuga ao militante Ângelo Pezzuti, que usava o codinome Gabriel. Por causa de 22 bilhetes encaminhados para a militante Estela, um dos codinomes usados por Dilma, ela teria voltado a ser torturada. A série de reportagens iniciada domingo teve repercussão na imprensa internacional. A presidente leu seu conteúdo antes de embarcar para o México, mas preferiu ficar em silêncio. FOTOS: REPRODUÇÃO/EM