Populações tradicionais em unidades de conservação
1. Populações tradicionais
e unidades de
conservação
Roberta Fernanda Ventura Cerqueira
Programa de Pós-graduação em Ecologia / UFSJ
Lavras, 2017
PEC 508 – GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
PROFª DRA. ROSANGELA ALVES TRISTÃO BOREM
2. SNUC – Sistema nacional de unidades de conservação
Unidade de conservação:
espaço territorial e seus recursos ambientais (...),
com características naturais relevantes, legalmente
instituído pelo Poder Público, com objetivos de
conservação e limites definidos (...).
3. SNUC – Sistema nacional de unidades de conservação
Preservar a natureza, sendo
admitido apenas o uso indireto
dos seus recursos naturais:
Estação Ecológica
Reserva Biológica
Parque
Monumento Natural
Refúgio da Vida silvestre
Unidades de Proteção Integral
Compatibilizar a conservação da
natureza com o uso sustentável
de parcela dos seus recursos
naturais:
Área de Proteção Ambiental
Área de Relevante Interesse Ecológico
Floresta Nacional
Reserva Extrativista
Reserva da Fauna
Reserva do Desenvolvimento
Sustentável
Reserva Particular do Patrimônio
Natural
Unidades de Uso Sustentável
4. Inciso XV do art. 2º VETADO
população tradicional: grupos humanos
culturalmente diferenciados, vivendo há, no
mínimo, três gerações em um determinado
ecossistema, historicamente reproduzindo seu
modo de vida, em estreita dependência do meio
natural para sua subsistência e utilizando os
recursos naturais de forma sustentável;
Populações tradicionais... o que são?
5. RAZÕES DO VETO
• O conteúdo é abragente;
• Grupos humanos em um mesmo ecossistema;
• Número de gerações;
Populações tradicionais... o que são?
6. Populações tradicionais
DECRETO 6.040, DE 7 DE FEVEREIRO DE 2007
Comunidades Tradicionais:
“grupos culturalmente diferenciados e que se
reconhecem como tais, que possuem formas próprias
de organização social, que ocupam e usam territórios e
recursos naturais como condição para sua reprodução
cultural, social, religiosa, ancestral e econômica,
utilizando conhecimentos, inovações e práticas
geradas e transmitidos pela tradição.”
• Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e
Comunidades Tradicionais,
14. Fonte: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS):
Estima-se que cerca de 4,5 milhões de pessoas fazem parte de
comunidades tradicionais atualmente no Brasil, ocupando 25% do
território nacional.
17. .
SNUC – Sistema nacional de unidades de conservação
POPULAÇÕES TRADICIONAIS EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
Art. 42 da Lei 9.985/00:
“As populações tradicionais residentes em unidades de
conservação nas quais sua permanência não seja permitida
serão indenizadas ou compensadas pelas benfeitorias
existentes e devidamente realocadas pelo Poder Público,
em local e condições acordados entre as partes.”
18. Exclusão e suas consequências
“Conflitos socioambientais"
Perda.
19. Decreto n° 68.172, de 4 de
fevereiro de 1971.
Paque Nacional Serra da Boicaina
20.
21.
22. Estratégias
Planejamento de forma articulada a criação de áreas
protegidas;
Termos de compromisso;
Recategorização da Unidade de Conservação;
Gestão participativa.
23. Estratégicas - UC de uso sustentável
FloNa, ResEx, RDS são categorias muito
parecidas, em todas elas a permanência de
populações tradicionais é permitida, bem como
a utilização sustentável dos recursos naturais...
24. Estratégicas - - UC de uso sustentável
POPULAÇÕES TRADICIONAIS EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
Art. 23 da Lei 9.985/00
A população que reside em reservas extrativistas
ou em reserva de desenvolvimento sustentável,
devem participar das atividades atinentes à
proteção, recuperação, defesa e manutenção
dessas UCs .
25. Essas populações não
poderão utilizar-se de
espécies que correm
risco de extinção ou de
práticas que ameacem
os ecossistemas.
• Crime previsto no Art.
40 da lei /1998.
UC de uso sustentável
26. Estratégicas - Gestão Participativa
Justiça social
Colaboração
Diversiadade de saberes
Busca de igualdade de poder
Responsabilidade e direitos
Busca do consenso
Mais eficiência na gestão
Sociedade mais democrática e
participativas
integração com outras
atividades de desenvolvimento.
confiança e compremetimento
mais
Fonte: Guia do Conselheiro, 2014.ICMBio
29. O mito da natureza intocada
x
O mito do bom selvagem
Notas do Editor
Anteriormente ao SNUC, os critério para delimitar uma UC eram
a beleza cênica e a falta de aptidão econômica
. Tal lógica, representada no Brasil pelas categorias de UCs de proteção integral, levou à exclusão de populações humanas residentes nesses espaços e à imposição de várias restrições de uso dos recursos naturais, desencadeando uma série de entraves ao desenvolvimento local e ocasionando diversos "conflitos socioambientais".
-
O conceito comunidades tradicionais é relativamente novo, tanto na esfera governamental quanto na esfera acadêmica ou social. A expressão comunidades ou populações tradicionais surgiu no seio da problemática ambiental, no contexto da criação das unidades de conservação, para dar conta da questão das comunidades tradicionalmente residentes nestas áreas.
O conteúdo da disposição é tão abrangente que nela, com pouco esforço de
imaginação, caberia toda a população do Brasil.
De fato, determinados grupos humanos, apenas por habitarem continuadamente
em um mesmo ecossistema, não podem ser definidos como população
tradicional, para os fins do SNUC.
O conceito de ecossistema não se presta para delimitar espaços para a
concessão de benefícios, assim como o número de gerações não deve ser
considerado para definir se a população é tradicional ou não, haja vista não
trazer consigo, necessariamente, a noção de tempo de permanência em
determinado local, caso contrário, o conceito de populações tradicionais se
ampliaria de tal forma que alcançaria, praticamente, toda a população rural de
baixa renda, impossibilitando a proteção especial que se pretende dar às
populações verdadeiramente tradicionais.
Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais.
O Decreto nº 4.887/03 regulamenta o rito de demarcação e titulação das terras quilombolas. O processo envolve a identificação, o reconhecimento, a delimitação, a demarcação e a titulação das terras ocupadas pelos remanescentes das comunidades de quilombos. Atualmente existem 102 Territórios Quilombolas no país, segundo dados do Incra, sendo1.523 populações certificadas pela Fundação Palmares e 3.554 populações identificadas. Há 984 processos abertos no Incra para a titulação de territórios quilombolas.
Santilli (2005) afirma que a criação de UCs sobre territórios quilombolas oficialmente criados só é legalmente possível quando se tratar de categoria de uso sustentável. Nos casos em que se pretende criar UCPI, somente seria adequada a criação com o consentimento prévio das populações quilombolas afetadas, com a previsão das restrições que irão sofrer, sob pena de nulidade absoluta do ato que instituiu a UC, pois os direitos territoriais quilombolas são anteriores, indisponíveis e irrenunciáveis perante a UC
.
Os faxinais são comunidades rurais que usam os recursos naturais de maneira coletiva. Conforme a Lei Estadual 15.673, de 2007, as suas principais características são a produção animal à solta, a produção agrícola de base familiar e de subsistência, o extrativismo florestal de baixo impacto ambiental e a manutenção de laços de solidariedade comunitária. Embora sejam característicos do Paraná, também há registros desse tipo de comunidade no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.
Geraizeiros são populações tradicionais que vivem nos cerrados do norte de Minas Gerais. Este termo deriva do fato de que, no norte do estado de Minas Gerais as regiões de Cerrado são conhecidas como Gerais.
a recategorização da UC para Resex ou RDS pode ser uma solução, mas desde que seja trabalhada a partir de critérios objetivos e claros, para evitar distorções ou atender a interesses econômicos e oportunistas
Também os acordos e termos de compromisso firmados entre o órgão ambiental e as populações tradicionais envolvidas podem servir como instrumentos formais de pactuação, até que se encontre solução definitiva para cada situação. Em ambos os casos, o aperfeiçoamento das práticas tradicionais constariam do plano de manejo e do zoneamento da unidade, pactuado entre o órgão gestor da unidade e as populações envolvida
Aumenta a eficácia da gestão como conseqüência de se aproveitar os diferentes conhecimentos e habilidades dos participantes.
• Divide de maneira eficaz as responsabilidades do manejo entre as partes envolvidas no acordo.
• Aumenta confiança entre as instituições estatais e os interessados levando a um comprometimento maior para cumprir as decisões tomadas em conjunto. • Promove sentimento de segurança e estabilidade levando a uma maior sustentabilidade do processo de gestão. • Reduz gastos de execução graças à adesão voluntária de diversos participantes. • Aumenta a probabilidade de integração com outras agências sociais, econômicas e culturais, dentro e fora da Unidade de Conservação. • Contribui para uma sociedade mais democrática e participativa