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. .“Ellen, tenho uma coisa para falar com você!” Disse Patrick, gravemente,
sentando-se no sofá ao lado dela. Como ela sempre fazia, desde que entrou no
nono mês de gravidez, ela estava com os pés em cima do banquinho. Sua barriga
estava enorme, e eles achavam que ela não ia conseguir chegar até o final do
mês. Ela estava se sentindo desconfortável e às vezes, chegava a ficar sem ar em
seus pulmões. Parecia que os meninos adoravam cutucar os seus pulmões.

“Não vou ganhar nem um beijo primeiro?” Ela sorriu, mas depois ficou séria,
quando viu o olhar de Patrick. “O que foi Paddy? Ah, me fale logo, senão eu fico
doida”. Ele se inclinou e beijou-a nas bochechas.

“Leslie me ligou!” A menção daquele nome deixava Ellen arrepiada.

 “O que foi, problemas com a Disney?” Ela perguntou alarmada. Eles tinham
tomado tanto cuidado. Nada tinha vazado para a imprensa, ao que ela sabia. O
que poderia ser?

“Não, nada disso, acalme-se. Eu recebi uma proposta da Columbia Pictures para
filmar ‘O melhor amigo da noiva’.”

“Oh, Paddy que maravilha!” Exclamou Ellen, feliz por ele. Porém, olhando em seus
olhos, ela viu que ele queria falar mais coisas, mas parecia não ter coragem para
dizê-las. “Não me diga que eles também pediram para você não se divorciar e
muito menos arrumar filhos com outra mulher etc e tal...” Disse Ellen, murchando
no sofá.

“Não, sua tolinha! Disse Patrick sorrindo pela primeira vez, desde que começaram
a conversa. “É só que .... bem ... as filmagens começarão no final deste mês, Ellie,
e se eu aceitar, eu vou ter que viajar para Nova York e Inglaterra. Eu não posso
deixar você sozinha para ter os bebês!” Disse ele, com um leve tom de desespero
na voz.

“Patrick, você não vai deixar que isto custe a sua carreira. Você tem que
aproveitar todas as oportunidades. Veja o bem que filmar Encantada fez a você.
Não, você vai aceitar sim, por você, por mim e por seus filhos.” Ela disse firme.
“Nós daremos um jeito. Eu não vou ficar sozinha. Kathy, minha irmã, já tinha me
falado que viria para me ajudar nos primeiros dias com os bebês. Ela vai trazer
uma babá de Boston, super confiável. Ela foi babá dos filhos dela. Eu posso pedir
a Mônica, também, que durma comigo. E tem também as minhas amigas. Você
tem que fazer isso!” E continuou. “Além do mais, você não poderia ver mesmo os
bebês nascerem, não é?” Nesta parte, Ellen engasgou e ele reparou.

“Oh, Ellie, eu não sei o que fazer!” Disse a apertando mais em seus braços. “Eu
não quero te deixar nesta hora tão importante para nós. Eu estou maluco para ver
os bebês. Você não sabe o tanto!” Sua voz sumia na emoção.
“Patrick Dempsey, você vai fazer este filme!” Disse Ellen passando as mãos pelo
seu belo rosto. “Nós ficaremos tão orgulhosos de você! Já te disse, tenho tudo
arrumado para não ficar sozinha. É claro que sentirei muito a sua falta. Vou pedir
para filmarem o parto, assim você assiste onde estiver! Astros e Estrelas sempre
passam por isso, não é? E, talvez, você possa vir, nos intervalos da filmagem.
Quanto tempo você acha que vai durar?” Perguntou.

“Não demora muito, acho que no máximo uns 60 dias. Não é um filme com efeitos
especiais, como Encantada, e olhe que as filmagens de Encantada duraram
menos de 2 meses. É só porque eu terei que filmar na Inglaterra e na Escócia, do
outro lado do mundo. Desse jeito, fica parecendo mais demorado do que é
realmente!” Respondeu Patrick, ainda sem saber o que fazer.

Ellen estava tão vulnerável, no final da gravidez. Ainda que a barriga dela
estivesse enorme, seu rosto e braços estavam mais finos. Ela vivia pálida e
parecia que se quebraria em dois, se ele a abraçasse mais forte. Apesar disso, o
médico dizia que estava tudo bem, que era assim mesmo. Gravidez de gêmeos
era mais penoso. Ele não sabia se ia conseguir ficar longe dela. Mas, ela falava
com tanta convicção. Ele também sabia que não podia jogar fora esta
oportunidade. Ele tinha lutado tanto por aquilo, e ela sabia disso.

“E Grey’s? Como Shonda reagiu? Ela já não vai poder me ter nos primeiros
episódios, como ela vai fazer sem você?” Ellen preocupou-se.

“Já está tudo resolvido com Shonda. Se eu aceitar, a ABC concordou com um
pequeno adiamento para a estréia da quarta temporada. Aí, eu já terei voltado e
você também. Além do que, Shonda disse que eles adoraram a perspectiva de eu
fazer o filme, pois eles acham que essa filmagem mais a estréia de Encantada vão
trazer mais ibope para a série.” Era tão bom ficar ao lado dela, conversar com ela.
Decididamente, ela era a mulher da sua vida.

“Eu acho que não é nem por causa dos bebês. Eu não vou conseguir ficar longe
de você”! Falou risonho.

“Ah, sei.... E como é o nome mesmo da co-estrela com quem vai contracenar?”
Perguntou Ellen, com um leve ciúme em sua voz.

“Acho que é a Michelle Monagham.” Respondeu, adorando os ciúmes de Ellen.

“Aquela morena linda?”

“Ellie, deixe de ser boba, você sabe que é infinitamente mais bonita do que ela.”

“Tem muitas cenas de beijos e, você sabe ... er ... “

“Sexo?” Disse, quase gargalhando. “Não sei, não tenho os detalhes ainda, mas
como é um filme romântico, supõe-se que sim.”
Na cabeça de Ellen só passavam as imagens deles dois, quase, literalmente,
fazendo sexo, na cena final da segunda temporada. Eles nem eram um casal,
ainda, naquela época. “Ai, meu Deus, eu não quero saber de nada mais. Não me
conte mais coisa alguma.” Ele não conseguiu segurar sua risada.

“Hã, quem é o ciumento, aqui, hein? Eu?” E deu-lhe um longo beijo na boca. “El,
eu sou tão apaixonado por você, que não vejo graça em mais ninguém!” Disse
sério e ela acreditou nele, porque, realmente, ele estava disposto a deixar sua
mulher e filha para ficar com ela.

“Eu sei Paddy, mas é que, às vezes, não dá para controlar este sentimento. Eu
estou aqui, do tamanho de um elefante, e você tão lindo, soltinho por aí.....” Mas já
estava sorrindo relaxada e correspondia aos beijos dele vigorosamente. Eles já
estavam prestes a perder o controle, quando Patrick desvencilhou-se dela.

“Ellen! O médico já nos proibiu de fazer sexo neste último mês....” Disse com o
desejo brilhando em seus olhos. Ele não conseguia deixar suas mãos longe dela.

“É, eu sei”. Respondeu suspirando. “Já estou com saudades!” Falou com um brilho
de atrevimento no olhar.

“Não, vamos parar”. Patrick deu um longo suspiro e começou a acariciar a barriga
dela, mudando de assunto. “E aí, tudo bem então que eu filme?” Disse olhando
dentro dos olhos dela.

“Claro, meu amor. Vou começar agora mesmo os meus telefonemas de apoio, ok?
Você vai ver, vai dar tudo certo, como tem dado até agora.” Disse, dando-lhe um
último beijo, antes de pegar o seu celular.

“E eu vou confirmar com Leslie!”



Estavam no início de agosto. As gravações para a série tinham começado no meio
de julho e estava correndo tudo bem, apesar da ausência de Ellen. Ela tinha
deixado várias cenas já filmadas e as gravações de voz também estavam
adiantadas. É claro que os fãs sentiriam falta dela nos primeiros episódios, mas
eles sabiam que era por uma boa causa. Ele estava no meio de uma gravação
com Eric e Justin, quando seu celular vibrou dentro do bolso de sua casaca
branca de médico. Ele agora carregava o celular para todo o lado. O nascimento
dos bebês estava marcado para o final de agosto, porém dado que a gravidez era
gemelar, podia muito bem adiantar. Ele pediu um break na gravação, pois sabia
que Ellen não ligaria à-toa sabendo que ele estava gravando. Tirou o celular do
bolso e viu que o número que chamava não era o de Ellen. Mas atendeu curioso.
“Alô? Perguntou preocupado. A voz do outro lado era conhecida. Era Mônica, e
estava um pouco agitada. “Patrick, estou ligando porque Ellen está passando mal
e vou levá-la ao hospital agora”.

“Por que, o que ela está sentindo?” Começou a se desesperar e seus amigos
chegaram perto dele para saber o que estava acontecendo. “Deixe-me falar com
ela!” Pediu em choque.

“Acho que são contrações, Patrick, não tenho certeza, mas eu vou mesmo ter que
desligar, ela está com muitas dores! Acho que ela não dá conta de falar nem ao
telefone. Assim que chegarmos o hospital, eu ligo, fique calmo.” E desligou.

Ele estremeceu e começou a ligar para o celular de Ellen. Caiu na caixa postal.
“Merda! E agora, o que eu faço?” Eric o pegou pelo braço e o levou para fora do
set, antes que todos soubessem o que estava acontecendo.

“Patrick, se acalme. Você quer que todos saibam agora? Depois de todo o esforço
que vocês fizeram para esconder? Disse pegando um copo de água para ele.
“Beba, se acalme. Vamos pensar. Em primeiro lugar, vamos dizer agora a
Shonda. Ela deve te liberar. Em segundo lugar, temos que pensar em como você
vai aparecer no hospital sem levantar suspeitas, afinal de contas você é só amigo
dela, não o pai das crianças. Os malditos paparazzi já devem estar rondando o
hospital, meu amigo.”

“Não sei o que fazer, Eric. Não estou nem ligando para os paparazzi. Eu quero ver
a minha Ellen!” Desesperado, infeliz, ele estava se preparando para esse dia, mas
não sabia que ia doer tanto, ficar longe dela.

“Calma. Você nem sabe se ela vai ter os bebês, hoje. Pode ter sido um alarme
falso. Espere Mônica ou mesmo Ellen ligar. Vamos dar um tempo.” Com as mãos
no ombro de Patrick , eles se encaminharam para o escritório de Shonda.

Do outro lado da cidade, Ellen aguardava a chegada de seu médico, deitada em
uma maca, se contorcendo a cada contração. Mônica estava com ela e segurava
a sua mão. Mas quem ela queria mesmo, era o seu adorado Patrick. Ela precisava
de seu jeito bem humorado, de sua voz reconfortante. As lágrimas teimavam em
cair de seus olhos.

“Calma, Ellie. O médico já está chegando.” Dizia Mônica tentando acalmá-la. “Vai
dar tudo certo, querida.”

“Eu quero o Paddy!” Fungava Ellen. Ela também estivera se preparando para este
momento sem ele. Mas enquanto chegava a hora, a razão desaparecia. “Quero o
pai dos meus bebês!”

“Psssst”. Falava com brandura Mônica. “Você está dizendo isto porque está com
dor. Logo, logo o Dr. Smith vai te medicar e você ficará mais calma. Ellen, o
hospital já está cercado de paparazzi. Eles viram quando entramos no carro e nos
seguiram. Não é seguro Patrick vir aqui, agora”.

“Eu ... sei, argh....!” E se contorcia novamente.

Entrando pela porta do quarto de hospital, o Dr. Smith chegou. “Ora, ora, será que
estes jogadorezinhos de futebol já estão querendo sair do aconchego?” Disse
tentando tranqüilizá-la. “Deixe-me ver.” Então colocou o estetoscópio na barriga de
Ellen. Depois perguntou de quanto em quanto tempo estavam vindo as
contrações. Fazendo o exame de toque, ele verificou que ela não tinha nenhuma
dilatação. Franzindo a testa, ele disse para Mônica. “Nós vamos fazer um
ultrassom e depois veremos como agir”.

Depois de um breve exame do ultrassom, a equipe médica resolveu fazer uma
cesariana em Ellen, pois os bebês estavam em sofrimento fetal e teriam que
nascer naquele instante. Eles deram um sedativo leve para Ellen que estava
muito agitada e a levaram para o bloco cirúrgico.

“Espere, disse Mônica, ela quer filmar o parto, por favor. Eu posso ficar com ela na
sala de parto? Ela não tem ninguém, no momento.” Após o assentimento do
médico, enquanto ela ia para um quarto ao lado, colocar um avental, ela se
lembrou de ligar para Patrick.


Enquanto isso, Shonda olhava para Patrick, andando de um lado para outro em
seu escritório. Ela havia concordado com as ponderações de Eric, e tentava ajudar
Patrick relaxar. “Patrick, você vai fazer um furo no meu piso, se continuar andando
para lá e para cá desse jeito.” Ele lhe lançou um olhar furioso.

“Ninguém sabe como eu estou me sentindo nesse momento e.....”.

Neste instante seu celular tocou. Ele apressou-se em atender. Suas mão tremiam
tanto que quase deixou o telefone cair. “Mônica, o que está acontecendo?”
Perguntou, freneticamente.

“Patrick ela foi para a sala de parto agora. Vai fazer uma cesariana. Vou ficar com
ela, não se preocupe. Eu vou mandando mensagens de texto para você, quando
der, e assim que terminar, eu juro que te ligo na hora”. Ela disse para ele, com o
coração apertado, pois imaginava o desespero que ele sentia.

Eric e Shonda se acercaram dele, queriam saber o que estava acontecendo. “Ela
não me deu muitos detalhes, mas parece que Ellen vai fazer uma cesárea, neste
instante”. Disse e duas grossas lágrimas escorreram pelo seu rosto. Vendo-o tão
triste, Shonda teve uma idéia.

“Se forem mais amigos para o hospital, ninguém vai reparar tanto.” Falou com
uma expressão suave no rosto.
“Como assim?” Perguntou Patrick, confuso.

“Se você, Eric, TR, Katherine e Sandra forem juntos ao hospital, todo mundo vai
perceber que os amigos estão preocupados com ela. Não só você. Claro, todos
estamos preocupados, mas chegando todo mundo junto, ninguém comentará.”

“Você vai liberá-los, todos?” Perguntou Patrick com uma leve esperança na voz.

“Claro, querido. Nós amamos muito você e Ellen. Agora, vão. Vocês têm que
encontrar o restante do pessoal. Eu acho que nenhum deles ainda sabe disso. E,
Patrick, assim que os meninos nascerem eu quero saber, me ligue.” Patrick foi em
direção dela e, agarrando-a, deu-lhe dois beijos em cada bochecha.

“Muito obrigado, Shonda!” E saiu correndo pelos corredores do set.

“Vá atrás dele Eric, senão vai por tudo a perder”. Disse sorrindo.

Estavam, todos os cinco, no meio do caminho para o hospital, quando o celular de
Patrick tocou novamente.

“Oi? Mônica, o que está acontecendo?”

 “Patrick, o Sean acabou de nascer, está tudo bem com ele, o pediatra me disse.”
Ela falava em sussurros, porque estava dentro da sala. “Daqui a pouco o Dr. Smith
vai tirar o Taylor .... oh ..... pronto .... já nasceu também... Está ouvindo os
chorinhos?” Ela estava emocionada, não falava nada direito. “Estou bem enrolada
aqui segurando uma câmera e falando com você no telefone ao mesmo tempo.”

Patrick ficou sem palavras, emocionado. Ele podia ouvir vagamente os sons da
instrumentação cirúrgica e os gemidos dos bebês ao fundo. Ele tentava segurar as
lágrimas, quando o carro estacionou na frente do hospital. Assim que puseram os
pés para fora do veículo, flashes estouraram em seus rostos.

“Vocês vieram ver a Ellen Pompeo? Os bebês já nasceram? Vocês já sabem o
sexo?” Patrick tinha vontade de socar todos. Eles entraram no hospital e largaram
os paparazzi do lado de fora.

“Patrick, deixe-me fazer as perguntas, você está muito abalado. Todo mundo vai
notar”. Disse Sandra.

“Ok.” Ele respondeu, mas dentro dele parecia haver um furacão. Ele tinha vontade
de sair correndo pelos corredores procurando por Ellen e seus filhos.

Deixando a recepção, onde estivera pegando as informações, Sandra foi para
perto deles. “Olhem, os bebês já foram para as incubadoras!”. Quando viu o olhar
de choque de Patrick disse apressadamente, “não tem problema nenhum com
eles, só que deram banho nos dois e como está muito frio os puseram lá. Daqui a
meia-hora vão levá-los para o quarto de Ellen. Ela está se refazendo da anestesia
no bloco cirúrgico, e vai levar a mesma meia hora para subir para o seu quarto.
Como a recepcionista nos conheceu da série, ela falou que vai arranjar para
podermos ficar todos dentro do quarto esperando por ela”. Completou sorrindo.

Aliviados, Patrick mais ainda, viram quando a recepcionista trouxe alguns crachás
e distribuiu-os entre eles. “O quarto é o de número seis, neste mesmo corredor.
Procurem não fazer muito barulho, porque se o chefe descobrir, estou frita. Espero
ganhar autógrafos depois, hein?” Viraram-se rindo e foram em direção ao quarto.

Chegando lá, descobriram Mônica que estava editando a câmera. Ela levou um
susto quando viu todos lá. Mas, depois abriu um sorriso. Ellen iria ficar feliz
quando os visse. Especialmente por Patrick. O quarto estava inundado de buquês
de flores. Confuso, porque ele mesmo não tinha pensado naquilo, Patrick
perguntou, “quem mandou tantas flores?”

“Eu encomendei algumas, porque sabia que você não iria se lembrar, mesmo:”
Disse rindo. “Chegaram mais buquês de Shonda e da ABC”.

“Puxa, como eles são rápidos”. Disse TR rindo.

Cerca de meia-hora depois, os amigos se entreolharam e Sandra disse. “Nossa,
estou morta de fome. Acho que vou fazer um lanchinho. Alguém gostaria de me
acompanhar?”

“Eu vou”. Disseram todos os outros unânimes. Até Mônica.

“Mas, vocês não vão esperar Ellen? Ela já deve estar quase chegando”. Disse
Patrick totalmente confuso. Mas depois a luz veio sobre ele. “Ah, sei. Vocês estão
nos dando um tempo. Obrigado”. Disse com gratidão no olhar.

Sentou-se no sofá de couro preto que havia lá e respirando profundamente, ficou
à espera de Ellen. Quando achava que ia explodir de tanta expectativa, ouviu
barulho das rodas de maca parando em frente o quarto. Com o coração acelerado,
viu quando a porta se abriu e entraram duas enfermeiras trazendo Ellen que
estava deitada em uma maca, com soro enfiado em suas veias.

Enquanto as enfermeiras a passavam para a cama, ela ainda não o tinha visto,
pois ele continuou sentado, e ela estava olhando para as flores, meio grogue
ainda.

“O sr. é o acompanhante dela?” Perguntou a enfermeira com jeito de matrona.

“Sim, sou”. Disse Patrick com a voz embargada, tentando conter suas lágrimas, na
frente delas.
Ouvindo aquela voz tão amada, Ellen virou a cabeça tão bruscamente naquela
direção que ficou tonta.

“Paddy, você veio!” Seus olhos se encheram de lágrimas. Ele ficou calado,
esperando as enfermeiras darem uma última olhada no soro.

“Daqui a pouco viremos administrar seus remédios. Qualquer coisa aperte aquele
negócio ali”. Disse para Patrick, apontando para uma campainha.

Assim que as enfermeiras saíram, eles deram vazão a seus sentimentos e
emoções. Ele abraçou-a tanto, tanto, deu-lhe vários beijos, na sua bochecha, na
sua boca, nos seus olhos, na sua testa, na sua cabeça.

“Linda, linda, eu te amo tanto que dói! Você está bem? E os garotinhos? Estou
doido de vontade de conhecê-los!” Disse Patrick sem conter a felicidade em sua
voz.

“Ah, meu amor que bom te ver aqui. Fiquei com tanto medo! Mas, o ... que ...
você está fazendo, aqui? Perguntou preocupada de ele ser visto ali no hospital.

Mas ele tranqüilizou-a. “Armações de Shonda”. Disse com um sorrisinho esperto.
“O elenco está quase todo aí fora, esperando para te ver. Bem, a parte do elenco
que sabe sobre nós. Eles saíram para nos dar um tempinho a sós. Mas te garanto
que estão montando guarda na porta. Eles são muito bons amigos. Porém, você
não me respondeu, você está bem? Por que teve que fazer cirurgia? O que
aconteceu? E os bebês?”

“Oh, estamos ótimos. A cirurgia foi tranqüila, eu tive que fazer cesárea porque
meu o líquido amniótico estava baixo, e os bebês estavam entrando em sofrimento
fetal, mas tudo correu bem, graças a Deus. Eles já devem estar chegando. Paddy
eles são enormes, têm os olhos claros, e já são bastante espertos.” Disse a mãe
orgulhosa de seus rebentos. “Ah, e adivinhe só a cor dos cabelos?” Neste instante
a porta tornou-se a abrir, e uma médica pediatra entrou trazendo os dois bebês no
mesmo bercinho/carrinho do hospital.

Patrick tampou sua boca com as mãos para não falar ou fazer nenhuma bobagem
na frente da médica. Ele tinha plena certeza de que ela sabia quem eles eram.
Ele devia deixar transparecer que era só um amigo de Ellen. Evitou tocar os
bebês, enquanto a médica falava para Ellen, as medidas, os pesos, os tamanhos,
nota disso, nota daquilo. Que Ellen deveria colocá-los para mamar assim que
possível, parecia que a mulher não iria parar de falar nunca mais.

Vendo o sofrimento nos olhos de Patrick com a demora, Ellen disse a ele. “Patrick,
se você quiser pode segurar um dos bebês. Para você se lembrar de como era
com Tallulah, antes de seu próximo ‘filho’ nascer”. Ela se referia ao filho de Jillian
e Scott, mas que todo mundo pensava que era dele.
Mas, nesse meio tempo, a médica achou que já tinha explicado tudo e saiu do
quarto. Patrick pegou os dois bebês no colo. Tinha no rosto uma expressão de
êxtase. Olhando seus rostinhos ele deu um beijo na cabecinha de cada um.
Parecia que seu coração ia arrebentar de tanta emoção. Ele sentia que não eram
mais pessoas separadas. Quatro pessoas se fundiram em uma e se tornaram uma
unidade, uma família.

“El, eles são lindos! Perfeitos. Olhe só esta cabeleira negra. Sabiam que eles iriam
me puxar.” Disse todo orgulhoso. “E os olhos, são azuis iguais aos meus!” Disse
babando nos meninos.

“Paddy, todo neném nasce com olhos azuis, não fique tão metido!” Falou Ellen,
mas sorria cansada ao dizer as palavras. Ela ainda sentia os efeitos da cirurgia.

“Ellen, eles são tão idênticos. Como vou saber quem é Sean, quem é Taylor?”

“Olhe atrás da orelhinha direita do que está na sua mão esquerda, tem uma
manchinha em forma de sino. Este é o Sean. Foi o primeiro a nascer. A pediatra
logo me contou da manchinha, antes que o Taylor fosse tirado de dentro da minha
barriga”.

“Mas, Ellen, eles vão crescer idênticos?”

“Sim, são gêmeos univitelinos, ou idênticos, ou seja, são resultado da fecundação
de um único óvulo por um único espermatozóide; por isso, têm exatamente a
mesma carga genética e, necessariamente, o mesmo sexo. Eles são
geneticamente idênticos e extremamente parecidos.” Respondeu Ellen com as
mesmas palavras que a pediatra tinha explicado a ela.

“É, meu espermatozóide fez um estrago mesmo!” Disse Patrick sorrindo e inchado
de orgulho. “Quando eu faço, faço direito”.

“Jesus ... Ninguém vai conseguir segurar sua bola, hoje. Tenha cuidado com o que
diz lá fora, lindo”. Pediu Ellen, preocupada por ele.

De repente, Sean começou a choramingar. “Ele deve estar com fome. El, você
quer amamentá-lo agora? Eu te ajudo com isso, tenho mais prática que você.”

“Prática de amamentar? Sério?” Perguntou zombando da cara dele.

“Não brinque, você entendeu o que eu falei. Eu já passei por isso, já vi Jillian fazer
isso com Tallulah.” Disse amuado.

“Tudo bem, me dá ele aqui”! Ellen pegou o bebê e levou-o até o seu seio. No
instante em que ele sentiu o cheiro, abocanhou o seu mamilo e o sugou com
força. Ellen se emocionou ao ver como a natureza era perfeita. Seu leite se
derramou dentro da boquinha do bebê. Neste exato instante o outro seio também
começou a escorrer leite. “Paddy, segure o Taylor e o coloque no meu outro seio.
O bebê seguiu o mesmo caminho do irmão. Mas eles ainda estavam sonolentos e
logo pararam de mamar. Patrick segurou um e pôs para arrotar, Ellen segurava o
outro.

Estavam assim, num perfeito estado de harmonia, quando a porta se abriu e
entraram todos os amigos. “Ufa, não agüento mais tomar café”. Falou TR. “A
gente tinha que entrar, o pessoal do hospital já estava achando estranho”.
Comunicou Katie.

“Tudo bem, vocês já fizeram muito por nós. Venham conhecer Sean e Taylor.”
Depois de várias exclamações de ohs e ahs, que lindos, que fofos, Mônica
resolveu filmar todos para complementar a filmagem. Patrick disse que estava
doido para ver o nascimento na TV.

As enfermeiras de Ellen entraram e vendo aquela balbúrdia disseram que estava
na hora dela e dos bebês descansarem, se eles quisessem que ela saísse do
hospital no dia seguinte.

Patrick olhou para Ellen com pesar. “Te ligo, mais tarde, amor”. Sussurrou em seu
ouvido, quando se abaixou para lhe dar um beijo na bochecha. Nâo era o que ele
queria, mas era só o que podia fazer.

“Ok, tchau!” Falou Ellen tristemente, segundo sua mão um pouco mais.

“Quem vai ficar com você?” Perguntou Patrick. “A Mônica deve estar cansada.
Está na correria desde cedo.”

“Eu fico”, falou Sandra. “Eu não tenho mais cenas para filmar hoje, vocês têm que
voltar para o set.”

“E eu vou para casa, ajeitar tudo, porque Kathy, a irmã de Ellen, chega hoje à
noite. E depois volto para dormir com Ellen”. Disse Mônica especialmente para
Patrick. E emendou, em voz baixa “Fique tranqüilo, já está tudo arranjado”.

“Obrigado, vocês são demais” disse Patrick agradecido e emocionado por tudo
que eles fizeram para ajudá-los.

“Então vamos”, disse Eric. “Nós temos um bocado de autógrafos para dar lá na
recepção, lembram-se?”

Dentro do carro, a caminho do set, TR tirou quatro charutos de dentro de seu
bolso, deu um a Patrick, outro para Eric, um para ele, e ofereceu para Katie
também, mas ela não quis. “Nem pensar, vou ficar com o cheiro disto impregnado
nos meus cabelos”, disse sorrindo.
“Parabéns papai!” Falaram os três juntos para Patrick. Feliz, ele acendeu o seu e
deu uma grande baforada. “Obrigado gente, obrigado por tudo, por hoje. Se não
visse Ellen e os meninos, eu não iria agüentar, eu iria arrebentar”.


Mais tarde, no trailer, Patrick ligou para o hospital e a própria Ellen atendeu. “Alô!”

“Oi, minha linda, como vai você?”

“Estou bem, mas sinto tanto a sua falta.”

“Eu também, amor, e os bebês?”

“Ah Paddy, por enquanto estão um amores, só mamam e dormem. Eles nem
choram, só resmungam quando estão com fome ou molhados”. Disse e Patrick
sentiu sua voz um pouco mais animada, agora. “Onde você está?”

“No trailer, mas eu vou ver Tallulah agora e contar para ela que os bebês
nasceram”.

“Você vai dormir na casa de Jillian, hoje?” Perguntou com um traço de ciúmes na
voz.

“Não, El. Não consigo mais dormir lá, você sabe disso. Você está muito ciumenta,
você não era assim”. Falou com a voz divertida, ele estava adorando os ciúmes de
Ellen. Ela geralmente não o demonstrava. Deviam ser os hormônios que a faziam
se sentir assim.

“Eu não sou ciumenta. Só queria saber aonde você vai dormir”. Falou irritada.

“Eu não sei. Talvez aqui mesmo no trailer”. Disse sério.

“Vá para nossa casa, Paddy. Os paparazzi estão todos aqui no hospital mesmo.
Minha irmã já está lá, esperando por você. Ela sabe que você mora lá comigo,
que você dorme lá comigo.” Falou já com a voz suavizada. “A Sandra falou que
vocês não filmam amanhã, então você já fica lá dentro de casa me esperando,
que mesmo que os paparazzi me sigam, não vão ver você lá dentro.”

“Boa idéia, El, vou fazer isso mesmo. Durma com os anjos, ou seja, com os bebês.
Qualquer coisa me ligue”. E desligou o telefone com um sorriso nos lábios. Sua
vontade mesmo era de estar lá com ela. Mas, como não podia, só lhe restava
agradecer por ao menos poder vê-la logo após o parto. Ele não cansava de
pensar em como a amava. Ele nunca, mas nunca amou alguém tanto assim. Nem
Jillian, quando achava que estava apaixonado por ela. Por que ele tinha que
encontrar Ellen só agora? Por que tudo tinha de ser tão difícil? Às vezes ele tinha
vontade de jogar sua carreira para o alto, pegar Ellen, os bebês, e ir morar no
campo, sossegado. Mas, depois pensava, e Tallulah? Ele não podia nem sonhar
em deixá-la, nem Jillian a deixaria ir morar no campo com ele. Então, ele teria
mesmo que continuar sua vida, com sua carreira. Era o que ele sabia fazer. Então
ele iria fazer bem.


“Oi, papai!” Disse a linda menininha, quando ele entrou dentro da casa, e correu
para abraçá-lo. “Ei, princesa do papai”. Ela era a sua menininha, a sua
princesinha, pelo menos por enquanto. A não ser que Ellen engravidasse de
novo, e tivessem uma menina. A idéia não o desagradava. Meninas eram
amorosas e carinhosas demais, ele sabia.

“T, tenho uma coisa para te contar”. Disse sentando-se com ela no colo. “Sabe os
bebês da tia Ellen? Pois bem, eles nasceram hoje!” Olhando o seu rostinho, viu
quando os olhos brilharam. “O Sean e o Taylor? Ah, papai, que bom. Que dia que
eu vou poder vê-los?”

“Eles chegam em casa amanhã. Aí o papai te busca e te leva lá, tá bom?” Ouvindo
passos na sala, ele viu quando Jillian entrou e olhou para eles. Antes mesmo que
eles pudessem se cumprimentar a menina falou, “Mamãe, os bebês da tia Ellie
nasceram hoje, que legal não é?” Jillian olhou para Patrick interrogativamente.

“Já, mas não era para o final do mês?”

“Sim, mas ocorreu um problema com o liquido amniótico e tiveram que fazer
cesariana, mas já está tudo bem.” Disse Patrick, um pouco sem jeito de estar
conversando sobre aquilo com Jillian.

“E quando ela volta para casa com os bebês, amanhã?” Perguntou Jill
completamente à vontade com o assunto.

“Sim”.

“Papai, então hoje você pode dormir aqui em casa comigo, não é?” Patrick e Jillian
olharam-se surpresos e chocados com a pergunta da menina. Como ela poderia
saber que ele dormia na casa de Ellen? Mesmo sem formular a pergunta com
palavras, Jill balançava a cabeça negativamente.

“Quem contou para você que o papai dorme na casa da tia Ellen, meu bem?”
Perguntou Jillian com voz tranqüila para não assustar a menina.

“Ninguém contou mamãe. Eu sei disso, porque eu já vi como o papai olha para ela
e ela para o papai. É o mesmo jeito que você olha para o tio Scott, e o tio Scott
dorme aqui, não é?” Impressionados com a perspicácia da menina, eles
começaram a rir.

“Viu Paddy, não te falei? Metade dos problemas já terminaram com estas simples
frases. Nós nos matando para esconder as coisas dela, que ela iria ficar
traumatizada, e na cabecinha dela tudo já estava arranjado.” Disse Jillian beijando
a filha.

“T, busque um copo de água para a mamãe, enquanto eu pergunto uma coisa
para o seu pai, ok?” Logo que a menina saiu da sala, Jillian disse. “Eu acho que
você tem que dormir com ela hoje. Ela é uma grande menina, mas só tem seis
anos. E é claro que mesmo a gente não dizendo que os bebês são seus
irmãozinhos, depois de tudo que ela nos falou, não duvido nada de que ela
desconfie disto também. Então, logicamente, ela deve estar com um pouco de
ciúmes de você.”

“Eu desconfio disso também, Jill. Mas eu prometi a Ellen dormir lá, porque ela
chega amanhã, e é melhor que eu esteja lá dentro, senão os paparazzi vão cair
em cima.” Falou sem saber o que fazer.

“Patrick, então você leva Tallulah para dormir lá com você hoje. Até porque, daqui
a pouco Scott estará chegando e vai ser um pouco constrangedor ter vocês dois
dormindo aqui juntos.”




O tempo em LA estava cada vez mais frio. Ellen tinha acabado de retornar da ioga
e os bebês esfomeados já tinham tomado conta dela. Ela aguardava a chegada de
Patrick das gravações no set. Era a sua última noite com ela, pois amanhã, ele iria
para Nova York e de lá para a Grã-Bretanha, filmar “Made of Honor”. Ele só
voltaria daí uns 60 dias. Já tinha se passado mais de 30 dias do nascimento dos
bebês.

Mary, a babá que sua irmã Kathy trouxe para ela de Boston, era uma benção dos
céus. Ela já estava a par de todo o segredo e adorava aquilo. Também já tinha se
apaixonado pelos bebês e até por Tallulah, que vinha quase todos os dias vê-los.

Kathy ficou com eles por quase um mês, o que foi ótimo, pois como já era mãe de
três filhos, deu várias dicas de como se cuidar de bebês. Ela e Patrick se deram
muito bem. No dia de sua partida, Ellen se sentiu muito pesarosa, mas sabia que
ela tinha que ir, tinha que voltar para sua própria família.

“Vou sentir tanto sua falta.” Disse Ellen agarrada à irmã mais velha.

“Eu também. De você, de Patrick e da crianças. Fiquei muito apegada a eles.”
Sorria enquanto falava, porém sentiu que Ellen estava um pouco insegura.

“Ellie, não se preocupe. Mary é muito boa com casa e com crianças. Vai dar tudo
certo, você vai ver. E logo, logo, você já começa a filmar e tudo cai na rotina.”
“Eu sei. Mas é que daqui uns dias Patrick também vai viajar, por quase dois
meses. Tenho medo de não dar conta, sem ele”. Sentia-se egoísta ao falar estas
palavras. Este filme seria outra grande realização para Patrick, ele precisava disto.
Mas ficar longe dele seria difícil demais.

“El, você tem que se acostumar com isto. Vocês são estrelas. Eu sei que você
pode lidar com este negócio. O que é que está preocupando você?” Perguntou,
mas no fundo sabia a resposta. Eram ciúmes de Patrick.

“Kathy, er ... eu tenho medo de perdê-lo. Eu tenho medo de que ele deixe de
gostar de mim, como deixou de gostar de Jillian. Eu sei que é uma bobagem, mas
não paro de pensar nisso”. Ellen respondeu amargurada.

“Ellen, Patrick não é mais um garotinho que muda de paixões a toda hora. Ele é
um homem, um bom homem. Eu o conheço, eu vejo o olhar de adoração toda vez
que ele te vê. Mais até do que aos meninos. Um homem que olha daquele jeito,
não quer outra mulher não. Aliás, eu nem sei porque o mundo inteiro ainda não
descobriu isso. Vocês dois, os olhares que mandam um ou outro, só um completo
idiota não vê a paixão neles.” Disse sorrindo.

“Quer saber? Até a filha dele, de apenas 6 anos descobriu. Como que o povo
pode ser tão tapado?” Continuou Kathy. “Ele te ama, te adora, e se tem uma coisa
que eu descobri nesta vida é que vocês tem de rir um com o outro, um do outro. E
isto eu escuto bastante nesta casa. As gargalhadas de vocês. Isso mantém a
felicidade, nunca deixe de rir com ele!” Então Kathy tinha ido embora.


Acabando de amamentar os filhos, Ellen colocou-os nos bercinhos e deixando-os
com Mary, foi tomar banho para esperar Paddy. Ela tinha um sorriso nos lábios.
Sempre ficava assim, após amamentar os bebês. Eles já estavam ficando
gorduchinhos. E, lindos, eram lindos. Eram xerox de Paddy. Não tinham quase
nada dela. Apesar de serem idênticos fisicamente, tinham personalidades
diferentes.

Sean era tranqüilo como ela. Na sua hora de mamar, nada desviava sua atenção.
Ele mamava no horário certo, o tempo certo, arrotava fácil e logo já podia ser
colocado no carrinho ou no berço, que ele ficava feliz da vida, fazendo aqueles
barulhinhos característicos de bebês, até cochilar.

Já Taylor ... era uma confusão. Começava a mamar, se alguém falasse,
principalmente Patrick, parava de mamar e olhava na direção do som. Se os
cachorros latissem também. Tallulah, então era uma festa. Demorava uns 25
minutos a mais que Sean. Não gostava de ficar no carrinho, nem no berço,
adorava ficar no colo e em pé. Nada de deitá-lo, ficava uma fera e chorava a não
poder mais. Ellen já tivera que ralhar amorosamente com ele “Ora Taylor, assim
ninguém vai querer ficar perto de você, seu bobinho”! Parecia-se demais com o
pai, pensou Ellen sorrindo, e depois ficando com o coração apertado, quando se
lembrava que Patrick iria partir de manhã.


Na casa de Jillian, Patrick já havia colocado Tallulah na cama e ficou na janela
olhando o último carro de paparazzi partir. Eles montavam barraca das nove horas
da manhã até nove horas da noite, em frente a casa de Ellen, com o intuito de
conseguir fotos dos meninos. Patrick já estava de saco cheio deles. “El, mostre
logo estes bebês para eles, para podermos ter um pouco de paz”. Disse um dia
especialmente estressante, em que ele queria ir cedo para lá e só conseguindo
chegar quase meia-noite. Tinha perdido o pedaço da noite que guardava para os
filhos. Isto estava se tornando um tormento.

“Ficou louco, Paddy! Assim que eles puserem os olhos nestes meninos, vão saber
que você é o pai.” Ele se sentiu inchando por dentro de tanto orgulho. “Calma, se
já chegamos até aqui, vamos dar conta de esperar dois meses mais.”

Saiu para a noite fria, certificando-se de que não havia mais ninguém escondido
por ali, e entrou na ‘sua casa’. A parte de baixo estava já toda escura e ele subiu
as escadas. Parou no quarto dos meninos, bateu e entrou. Os fofuchos estavam
quase dormindo e Mary pediu para ele não fazer barulho, porque se Taylor
percebesse que ele estava lá, só iria dormir depois de meia-noite. Mas não teve
jeito. Ele queria beijá-los, pois não estaria lá amanhã. Acordou os dois. Ficou
brincando com eles por uns quinze minutos, e jogando a bomba praticamente no
colo de Mary, foi ver sua amada.

Ellen estava deitada em cima da cama, de camiseta e calcinha, do jeito que ela
gostava de dormir. “Ei.” Disse Patrick, como sempre, perdendo o fôlego ao vê-la.
Ellen já tinha praticamente voltado a seu corpo normal. Um corpo lindo que ele
adorava tocar. Fazia muito tempo que não faziam sexo. Mas ele sabia que ela não
podia ainda. O que não ajudava muito com seu desejo.

“Olá querido, você demorou hoje. Os meninos já foram dormir.” Respondeu com
um sorriso.

“Não foram, não”. Gargalhou quando disse isto.

“Você sacaneou Mary de novo, né?” Gargalhava também, e se lembrou das
palavras de sua irmã.

“Eu demorei porque tinha um maldito paparazzo que não ia embora de jeito
nenhum. Eu vou tomar um banho rápido e já venho”. E entrou no banheiro.

Quando saiu, colocou a parte de baixo de seu pijama e foi em direção a cama.
Sentou-se na cabeceira e puxou Ellen para si. Ela estava de costas para ele, e
então ele começou a beijar a parte de trás de seu pescoço e ombros. Gostou
quando viu que ela estremecia.
“Então você vai amanhã!” Disse Ellen com um suspiro.

“El, não estou com nenhuma vontade de ir!” Respondeu Patrick acariciando seu
corpo com as mãos.

“Não Paddy, você tem de ir, já conversamos muito a este respeito.” Ela estava
totalmente relaxada com o toque das mãos dele.

“Mas, vou morrer de saudades de você, dos meninos .... Eu nunca me senti assim,
sempre viajei para filmar. Você é uma bruxinha, me enfeitiçou de corpo e alma, eu
te amo El”.

“Eu também de amo muito, Paddy, vou sentir muito a sua falta. Os meninos
também, principalmente Taylor, ele já está grudado em você. Jesus, nunca vi tanta
paixão.” Sorrindo e se apertando mais nele.

“Nisto, e só nisto, ele puxou a mamãe”. Respondeu sorrindo, e vendo que Ellen
estava sem sutiã, pela primeira vez, desde que os bebês nasceram, passou as
mãos de leve em seus seios.

“El, sua camiseta está toda molhada de leite, está vazando?” Perguntou por
perguntar, pois estava óbvio.

“Eu acho que você vai ter que me ajudar com isto.” Disse com uma voz divertida,
porém cheia de desejo por ele.

“Mas ... nós podemos ... quer dizer você já está podendo? Sabe .... “ De repente ,
estava sem palavras.

“Sexo, claro que podemos. O Dr. Smith me liberou e disse que seu estivesse bem
e disposta ..... Bem, eu estou bem e muito, muito disposta.”

Então ele se virou na cama e ficou por cima dela. “Mas, isso não é território
proibido para mim?” Perguntou se referindo aos seios dela.

“Claro que não Paddy”, sua voz já era quase um murmúrio. “Você acha que vou
deixar você viajar, assim?” Perguntou ela pegando em seu pênis e fazendo aquele
movimento para cima e para baixo que o deixava louco de paixão.

Gemendo e sem esperar por mais nem uma palavra, Patrick avançou sobre seus
seios e gentilmente sugava todo o leite que havia em cada um. Ellen arfava, gemia
se contorcendo. Tinha tanto tempo que eles não se tocavam um ao outro assim.
Era bom demais, era delicioso. A língua dele era quente e suave. E a enlouquecia
também.
Eles estavam no cume do desejo, não havia tempo para preliminares naquela
hora. Eles precisavam um do outro com urgência. Ellen estava tão excitada que
assim que Patrick a penetrou, ela gozou. Assim, só de senti-lo dentro dela. E teve
que sufocar um grito, senão todo mundo do quarteirão iria ouvi-la.

“El? Já foi?” Disse Patrick atônito.

“Desculpe, eu estava querendo muito isso. Mas nós ainda temos a noite toda, meu
lindo.”

“Temos? E se Mary chamar, os bebês chorarem....” Disse Patrick preocupado.

“Eu pedi para Mary uma noite inteira com meu amado. Já tirei leite e deixei
estocado na geladeira. E não vai acontecer nada com os bebês esta noite. Eles
estão ótimos.” Disse sorrindo e se agarrando nele. “Seu corpo é lindo, Paddy, eu
senti tanta falta dele...”

“Então Miss Pompeo, eventualmente Mrs. Dempsey, tirou a noite para me seduzir,
hein? Você não ficou com vergonha de falar uma coisa dessas para Mary?”
Provocou-a.

“Não precisei falar nada. Ele deve ter deduzido alguma coisa.....”

“Malvadinha, malvadinha, olha o que você faz comigo”. E logo estavam se
beijando apaixonadamente, ardentemente, suas mãos tocando cada parte do
corpo do outro. Eles sabiam exatamente do que outro gostava, do que fazia o
outro gemer. Fizeram amor a noite e a madrugada inteira.

Quando finalmente, exaustos foram dormir, Ellen lembrou-se de uma coisa
importante. “Paddy, quando você voltar, vai faltar pouco para Encantada estrear.”
Ele olhou para ela com os olhos brilhando. “E vou poder dizer ao mundo o quanto
te amo”. Disse adormecendo em seguida.

Patrick partiu cedo para o aeroporto, pois ele tinha que passar no trailer, ainda,
para pegar sua mala. Falaram-se pouco, em parte por causa da emoção, porque
se falassem deixariam transparecer a tristeza, em parte por causa do sono. Patrick
sabia que assim que entrasse no avião iria dormir. Abraçou e beijou Sean e Taylor
que, claro, brigou quando o pai o deixou no berço, e agarrou Ellen em um abraço
bem apertado. Até hoje ele se surpreendia como seus corpos se moldavam um ao
outro, como peças de quebra-cabeças que se juntavam. “Adeus, meu amor, eu te
ligo quando chegar em Nova York. Cuide bem de meus bebês” . Dando-lhe um
último beijo, saiu rapidamente, antes que os famosos paparazzi estacionassem na
frente da casa.

Ellen sentiu que um pedaço de seu coração tinha ido embora. Sentiu mais frio do
que fazia, ela ia sentir tanto sua falta. Ainda bem que tinha os seus bebês e que
iria começar a filmar GA na próxima semana. Naquele instante, Mônica entrou
pela porta e vendo as olheiras no rosto de Ellen se preocupou. “Ellie, os meninos
deram trabalho esta noite? Você está com uma cara acabada!”

“Mônica, eles praticamente não dormiram nada, esta noite!” Disse gargalhando,
pegando Sean para mamar primeiro, com Mary juntando sua gargalhada a dela.
Mônica não entendeu nada.



A correria entre as gravações e sua casa deixava Ellen exausta. Às vezes ela
tinha que levar os bebês e deixá-los no trailer com Mary, para ela poder
amamentá-los. Eles não saíam de dentro de trailer por causa dos paparazzi. Ela
ainda tinha medo de mostrá-los ao mundo. Eles estavam cada vez mais parecidos
com o pai. Tinham aqueles olhos azuis maravilhosos, expressivos. E o sorriso, até
o sorriso. Desdentado. Óbvio. Mas idêntico ao do pai. Nesses dias, em que eles
iam ao set, seu trailer virava uma festa, era um entra e sai sem parar. Todos
queriam ver os gêmeos. O resto do elenco, que não sabia da paternidade, ficava
desconfiado. Mas, como ninguém dava nem uma palavra sobre o assunto, eles
também ficavam calados. Porém, uma coisa boa veio disso. Já era quase tempo
de Patrick retornar.

Enquanto isso, do outro lado do mundo, Patrick teve uma boa notícia. “Patrick, as
gravações acabaram, deu tudo certo. Você deve voltar à América amanhã
mesmo.” Disse o diretor do filme. “Qualquer coisa o escritório entrará em contato.
Gostei muito de trabalhar com você.

Apesar da saudade que sentia de sua família, ele assustou-se. O tempo passou
tão rápido, nesta correria Nova York/Grã-Bretanha. Ele conversava com Ellen e
Tallulah praticamente todos os dias por telefone. Várias vezes conseguiu acessar
a webcam e viu os bebês. Ele se emocionava ao ver como eles cresciam e
mudavam rapidamente. Como os amava!

Ellen lhe contou que um dia Jillian foi até a sua casa levando Tallulah. “Paddy, a
barriga dela já está enorme. Ela foi muito gentil comigo. Nós não chegamos a ficar
amigas, você sabe, é meio constrangedor. Mas chegamos à conclusão que para T
vai ser muito melhor se pudermos nos tratar civilizadamente. Ela até carregou
Taylor, que estava acordado, novidade.” Patrick riu de como ela falava de Taylor.
Ele acabava com ela. E ela tinha a audácia de dizer que ele era igualzinho ao pai.
O que ela queria dizer com aquilo? A saudade o corroía. Que bom que iria
embora. Se Deus quisesse, ele chegariaem casa em menos de 48 horas. Ele não
ia contar a Ellen, ia fazer uma surpresa.



Já entardecia quando Patrick chegou em LA. Pegando o taxi ele deu o endereço
da casa de Jillian, pois ainda não podia já ir entrando na casa de Ellen. Quando o
taxi passava pela casa de Ellen, ele viu Chris sair de dentro dela, acompanhado
por Ellen. Seu sangue ferveu na hora. A torrente de ciúmes que passou por ele,
fazia-o trincar os dentes. Ele queria poder parar na hora e ir até lá para tirar
satisfações. Porém, sua raiva teria que esperar. Ele espumava.

Bateu na porta, olhando para trás e o homem ainda conversava com Ellen na
varanda. Nem tinham se dado conta que ele tinha chegado. Nem os paparazzi.
Estavam todos tirando fotos dos dois. Amanhã ia ser capa dos tablóides, Patrick já
podia ver “Suposto pai de gêmeos vai visitá-los”. Jesus, como sentia ódio. Assim
que a porta se abriu ele ouviu a vozinha amada.

“Papai, papai, que bom que você chegou! Estava morrendo de saudades, papai.”
A alegria no rostinho de sua filha o fez esquecer momentaneamente a cena que
vira do lado de fora.

“Ei, minha princesinha. Papai também estava morrendo de saudades de você.
Trouxe um tanto de lembranças da Grã-Bretanha para você. Quer ver agora? O
que você está fazendo?” Perguntou abraçando e beijando sua linda menina.

“Agora estou lanchando. Mais cedo eu fui ver Sean e Taylor, papai. Eles estão
lindos, muito fofinhos. Ah, mas você vai vê-los hoje, não vai?” A menção dos
nomes de seus filhos, fez a raiva voltar.

“Quem estava na casa de Ellen?” Perguntou procurando saber quantas horas
Chris estiva dentro da ‘sua casa’.

“Que coisa feia, Patrick, ficar perguntando isso para sua filha inocente”. Jillian
havia chegado sem ele notar, com uma ponta de divertimento em sua voz. “Você
está morto de ciúmes, não é? Engraçado, você nunca foi ciumento assim comigo.
Nós nunca tivemos isso”. Não disse isso triste, era somente uma constatação.

“Não estou com ciúmes”. Respondeu de cara fechada. “Como vai você? Está tudo
bem, com o bebê? É menina, não é, T me contou, quando liguei da última vez.
Vocês estão felizes?” Conversar desviava sua atenção da raiva.

“Super felizes. Doidos para Encantada estrear, como vocês. Ainda bem que só
faltam 15 dias. E aí, Patrick podemos entrar com os papéis do divórcio. Fiquei
sabendo que os gêmeos nem puderam ser registrados ainda. Você não quis que
só a Ellen os registrasse”. Perguntou esperando sua reação.

“Não. Eles têm pai. E no dia 21 de novembro o mundo inteiro vai saber quem é.
Não aquela palhaçada que está acontecendo lá fora. Estão tirando fotos para
colocar nos tablóides amanhã. E amanhã Chris vai ser o pai deles para o mundo
todo”. Ele quase gritava de tanto ódio.

Jillian teve que colocar a mão na boca para não rir na frente dele. Patrick, você
está insano. Não sabe o que vai sair nos tablóides. Acalme-se, ou vai ter uma
cirrose.”
Falando isso, foi para cozinha para servir um café para ele, enquanto Tallulah
acabava o lanche para ver os presentes. Depois dos presentes vistos, e de
Tallulah ir para a cama, ele agradeceu Jillian e andando sorrateiramente pela rua,
abriu a porta com sua chave e entrou dentro de casa. Viu luz na cozinha e se
dirigiu para lá.

Ellen estava de costas, colocando comida no prato dos cachorros. Ele pigarreou e
ela se virou para ele com os olhos arregalados.

“Paddy, Jesus ... que susto você me deu. Paddy, você chegou!!” E largando o
pacote de ração em cima da mesa correu para ele, emocionada. “Nossa, que
saudades eu senti de você!” Disse tentando abraçá-lo, mas ele mantinha os
braços para baixo. Ela ficou totalmente confusa. “Paddy, o que foi?”

“Ficou mesmo com saudades?” Perguntou irônico com a voz fria, a raiva não o
deixava pensar coerentemente.

“O que que há? Por que você está me tratando assim?” Ellen estava
completamente perturbada, e de repente a compreensão chegou como uma luz
acendendo. “Já sei, você viu Chris aqui e já está pensando merda de mim, como
sempre”. Disse furiosa. “Você ainda continua achando que eu sou uma prostituta,
Patrick?” Lágrimas de decepção e raiva começaram a ser formar dentro de seus
olhos. Não era isso que ela esperava. Ela sentiu tanta falta dele, nestes dias todos
e ele não gastou duas horas para deixá-la naquele estado.

“Reparou que você nem perguntou por seus filhos? Se eles ainda estão vivos?” Se
estão bem?” Agora era ela que não falava coerentemente. Ficaram se encarando,
assim, furiosamente por vários minutos, até que a raiva de Patrick passou. Ele não
conseguia ter raiva dela, ela era linda, ele a amava, ele ficava sem fôlego só de a
ver. A raiva em seu rosto a deixava ainda mais bela. Mas ele não queria a raiva
dela, apesar de ele mesmo ter provocado. Só amor.

“El, me desculpe. Eu sou um idiota.”

“Sim, é mesmo, e não te desculpo.” Ainda estava irritadíssima.

“Nem se eu trouxer sua comida preferida, ou te chamar para fazer compras no
shopping, ou ... quem sabe ... sexo selvagem....” Disse já querendo sorrir.

Olhando para o rosto amado, Ellen não agüentou e começou a rir, a raiva indo
embora. Logo estavam rindo, e se abraçando, e se beijando. “Você é um idiota
possessivo e ciumento.” Disse ela entre os beijos. “Impulsivo e descabeçado”.
Mais um beijo. “Depois fica perguntando porque eu falo que Taylor foi feito a sua
imagem e semelhança!” Mais beijos.
Patrick a espremia contra o balcão da cozinha e passava a mão por toda ela.
“Então, o que o sr. Ivery veio fazer na minha casa?” Perguntou enquanto a
acariciava.

“Paddy, Mary vai nos ver aqui assim desse jeito!” Disse ela acariciando seus
cabelos.

“Me responda, El.” Continuou ele torturando-a.

“Ele só veio conhecer os gêmeos. Ele é uma boa pessoa. Eu não podia bater a
porta na cara dele. Ele ficou curioso, quando soube da história de inseminação
artificial”. Respondeu ofegante. Os toques de Patrick a deixavam enlouquecida,
não conseguia pensar direito.

“Ah, aposto que ele veio ver se os meninos se pareciam com ele. E a cara dele
caiu, não caiu, quando viu os meus filhos?” Perguntou mais uma vez, beijando seu
pescoço e ombros.

“Eu não sei se ele veio conferir, não. Mas que ele percebeu que os meninos eram
seus, ele percebeu sim. Só de olhar uma primeira vez. Mas ele não perguntou
nada. Aceitou tudo que eu disse numa boa”. Ela já estava gemendo.

“Será que ele não vai contar para a mídia sobre isso?” Patrick perguntou
alarmado.

“Eu acho que não, Paddy, mas não tenho certeza absoluta. Eu não quero pensar
nisso agora. Eu só quero pensar em como estou feliz que você tenha voltado para
casa. Você tem que me contar tudo. Gostou das filmagens, do elenco, da co-
estrela?” Perguntou com malícia na voz.

Afastando-se dela um pouquinho, ele respirou profundamente. “Mais tarde eu te
conto tudo. Desculpe meu ciúme El, eu te amo muito. Os bebês já foram dormir?
Eu gostaria de vê-los. Estou morrendo de vontade de beijá-los.”

“Bom, Mary já subiu com eles faz uns vinte minutos. Sean pode ser que esteja
dormindo, o Taylor com certeza, não”. Sorria com adoração nos lábios ao falar de
seus filhos.

Pegando a mão de Ellen, Patrick correu para escada e subiu os degraus de dois
em dois fazendo o maior barulhão. Eles subiam as escadas rindo.

Abrindo a porta com estardalhaço, Patrick entrou chamando pelos bebês. Mary
levou um susto, mas depois sorriu. As crianças não tinham dormido ainda,
estavam balançando os bracinhos, as perninhas, fazendo barulhinhos de bebês.
Ao som da voz do pai, Taylor levantou a cabecinha, fez beicinho e começou a
chorar. Patrick correu para ele, o pegou em seus braços, e beijou e beijou suas
bochechas até ela ficar vermelha. Depois, pegou também Sean e fez a mesma
coisa.

“Papai estava morrendo de saudades de vocês, gorduchinhos!” E acenando para
Ellen vir também para seus braços, os quatro ficaram abraçados assim, por vários
segundos, até Taylor começar a se agitar. “Oh, pode parar seu encrenqueirozinho,
ta na hora de dormir”. Disse Ellen o segurando nos braços, deu-lhe um beijo e
colocou-o no berço.

“Você também.” Patrick falou colocando Sean no outro bercinho. Virando-se
pegou Ellen pela mão, deu boa noite para Mary e já ia saindo quando lembrou-se
de perguntar.

“Ellen, você já deixou as mamadeiras prontas?” Ellen corou violentamente
enquanto ele sorria.

“Pode deixar Ellie, eu durmo com os bebês hoje. Mas, amanhã é meu dia de folga,
lembra-se? Vocês vão ficar sozinhos com os bebês. Então, aproveitem.” Disse
com um sorrisinho malicioso.

“Paddy, você não tem jeito mesmo!” Sorria apesar de tudo.

Já estava bem tarde, quando eles, acabados, mas felizes, o sexo era bom e
quente e terno e apaixonado, foram dormir. Amanhã seria um dia agitado para
eles, já que ficariam sozinhos com os bebês. Como seria sábado, Ellen sugeriu
que Paddy pedisse para alguém trazer Tallulah para passar o dia com eles, talvez
ela pudesse dormir lá.

“Vamos dormir, meu amor, amanhã a gente conversa sobre tudo, isto é, na hora
que der!” Disse Patrick caindo no sono na mesma hora.

Ellen ainda ficou um pouco mais acordada. Ela olhava para aquele homem. O
homem que era tudo para ela. Um homem que ensinou-lhe a diferença entre fazer
amor e fazer sexo. Um homem que a fez ser mãe. Um homem que a realizava,
como um todo. E como era belo. Era engraçado, bom pai e, claro, possessivo,
ciumento e impulsivo. E isto a fazia amá-lo mais ainda. Acariciou mais uma vez
seus cabelos e suas bochechas e também caiu no sono.


A manhã já estava um agito, entre fraldas, bebês, cachorros, quando a campainha
da porta da frente tocou. A moça que trabalhava para Jillian e cuidava de Tallulah
deixou a menina com sua mochila e foi embora. Os paparazzi a importunavam
quando ia embora. “Quem vai olhar a menina? Ellen Pompeo? Sozinha?” A garota
respondeu qualquer coisa que Ellen não ouviu, enquanto fechava porta.
“Oi linda! Que bom que você veio.” Abraçou a menina e beijou sua bochecha. “Seu
papai e os bebês estão lá fora no jardim. Vá para lá que eu já vou levar suco para
vocês”. E abriu a porta para o pátio para Tallulah passar.

A campainha tocou de novo e desta vez era Mônica. Ela vinha todo o dia para ficar
com Ellen. Ellen já a tinha avisado que Patrick chegara, mas ela falou que não
queria perder o dia de festa, e que ela também ajudaria. Mônica não tinha família
e adotou a de Ellen como a dela.

O dia transcorreu tranqüilo, os bebês ficaram bem e Tallulah ficou para dormir com
eles. À noite, deitados em sua cama, já com todo mundo dormindo Ellen e Patrick
estavam conversando.

“Que dia ótimo, hein? Mas eu realmente fiquei mais cansado, do que quando
tenho que filmar o dia inteiro”. Sorriu divertido.

“É, cuidar de crianças não é fácil não! Mas é gratificante ver a felicidade nos
rostinhos deles.” Disse Ellen se aconchegando nele.

“El, hoje eu realmente não dou conta!” Falou gemendo.

“Nem eu. Só quero ficar bem pertinho.”

“O que você quer de aniversário, meu bem?” Perguntou Patrick suavemente.

“Nossa é mesmo, eu nem estava me lembrando disto. Oh, eu não quero nada. Já
tenho tudo que eu poderia querer”. Disse se referindo-se a ele e às crianças.

“Você vai dar alguma reunião, uma festinha?”

“Não, Paddy, nós temos que filmar nossas cenas atrasadas de GA o dia inteiro,
vamos ficar super cançados. E a noite, têm os bebês. Não, ano que vem eu penso
em alguma coisa”. Disse resoluta. “Boa noite, lindo.

” Boa noite, linda!”


Patrick acordou com o barulho insistente de seu blackberry tocando na cabeceira
da cama. Olhando para o celular, com uma cara ainda meio atordoada, atendeu.
“Patrick, onde você está?” Era Leslie, e pela voz era importante.

“Onde posso estar?. Na minha casa, com Ellen e meus filhos.” Respondeu
jocosamente, mas um pouco preocupado. “O que aconteceu para você me tirar da
cama tão cedo, domingo?”
“Se eu fosse você abriria o seu PC na página de entretenimento do Yahoo. Ah, e
também não deixaria de comprar uns tablóides na banca da esquina.” Disse com
voz feroz.

“Leslie, no momento estou incapacitado de fazer as duas coisas. Então, por favor,
só me conte o que está acontecendo!” Sua voz se elevou e Ellen acordou.

“Bem, parece que alguém de sua vizinhança abriu o verbo e contou para quem
quisesse ouvir que você mora aí na casa de Ellen. Então, não satisfeitos, alguns
paparazzi subiram no muro, e não sei como vocês não viram, tiraram várias fotos
da linda família junta”.

“O que?” Patrick estava estarrecido e Ellen do seu lado não entendia nada. Só
sabia que era uma coisa ruim. “E agora, será que tem jeito de amenizar os
danos?”

“Patrick os executivos da Disney já ligaram para mim. Eles querem uma reunião
agora, no meu escritório. O pessoal da ABC também vem para cá. Você também
tem que vir já. O que eu posso fazer é enrolá-los um pouco mais. Vou dizer que
vocês são muito amigos, que você levou sua filha para passar o dia com Ellen. O
problema vai ser a imagem dos bebês. Eu nunca os vi pessoalmente Patrick, mas
pelo que aparece nas fotos, será uma tarefa difícil enganar a todos”. Desligando
seu celular, Patrick tratou de se vestir.

“Quem era? Aonde você vai?” Não querendo preocupá-la, Patrick inventou uma
desculpa.

“Era Leslie. Aconteceu algum problema com o contrato de fotos para publicidade e
ela achou melhor eu passar lá para tentarmos resolver.” Ellen sentia que ele não
estava dizendo toda a verdade, mas iria esperar quando ele voltasse. Aí saberia
de tudo.

Ellen ficou olhando pela janela a saída de Patrick. Parecia que ia chover muito. O
ar da manhã estava pesado com a umidade, mas reservava a sua carga, deixava-
a em espera, como uma viúva piscando para conter as lágrimas. Devia ser por
isso que não havia nenhum paparrazo por perto. Por causa da chuva. O coração
dela também estava pesado, com presságios ruins.

Faltava tão pouco para eles poderem ser completamente felizes. Ela não queria
mais ver Patrick entrando e saindo sorrateiramente de casa. Ela queria passear
com os meninos pelas ruas, nos parques, nas praças, não escondê-los de todo
mundo, como se fossem párias. Eles eram tão pequenininhos, tão inocentes os
seus bebês. Sempre que pensava neles seu coração se enchia de um amor tão
grande, tão puro. Sua vida era boa. Ela trabalhava fazendo o que amava, estava
com o homem que amava e tinha filhos lindos. Mas não poder dizer isso
abertamente, viver uma vida dupla estava a consumindo aos poucos. E agora
parecia que haveria mais problemas. Reunião no domingo? Boa coisa não seria.
Suspirando, foi ficar com os bebês, pois desviaria um pouco a sua atenção de
Patrick. Ela gostaria de ter ido com ele. Para lhe dar forças. Ma ele não quis nem
falar a verdade sobre o assunto. Ela não gostava de ver as pessoas que ela
amava sofrerem. Após amamentar os bebês, ela foi para a cozinha dar comida
para Gigi e Valentino, quando seu celular tocou.

“Alô!”

“Olá Ellen, é Sandra, tudo bem com vocês? Como vocês estão reagindo?”

“Reagindo, como assim?”

“Ih, você não entrou na internet hoje ainda?” Sandra começou a ficar preocupada
com a indiscrição.

“Sandra, você sabe que eu não tenho tempo para quase nada agora. Mas por
favor me conte. Eu sei que alguma coisa aconteceu, Patrick saiu daqui voando
hoje de manhã. E é domingo.” Respondeu frenética.

“Oh, Ellie não queria ser eu a te dar más notícias, mas se eu já liguei, fazer o que.
Bem, a net está cheia de fotos do pátio da sua casa ontem, mostrando todo
mundo, inclusive os bebês. Aliás, foram os mais fotografados. E a reportagem diz
que uma fonte contou que Patrick, na verdade, mora aí com vocês, e que os
bebês são filhos dele. E olha Ellie, vai ser difícil desmentir isso, porque as fotos
dos bebês não mentem. Só se vocês disserem que ele contribuiu para a
fertilização “in vitro” com o esperma dele. E isso, baby, ninguém vai acreditar. E
sabem por que não vão acreditar? Porque há anos a mídia vem insinuando que
vocês têm um caso. E não é para menos, seus olhares dizem tudo. Todo mundo
vê em todas as fotos que tiram juntos. Vocês nunca conseguiram esconder a
atração que um sente pelo outro, não é mesmo? E em Hollywood é assim, onde
há fumaça, há fogo.” Sandra falou até mais do que devia.

A mão de Ellen estava suando tanto, que o celular chegava a escorregar. “Ai,
Sandra. O que vamos fazer? Eu não temo por mim, nem pelos bebês, nós temos
Patrick. Mas e ele? Ele não vai agüentar se a Disney o cortar de Encantada. Logo
mais agora, faltando 10 dias?” Ellen estava atordoada.

“Você realmente acha que vão cortar Patrick do filme nesta altura? Eles não são
tolos, El.” Ponderou racionalmente Sandra.

“Engana-se você, eles podem tudo. Então por que motivo de tê-lo chamado para
uma reunião hoje?” Ellen relutava em acreditar nas palavras da amiga.

“Não tenho a menor idéia. Mas, fique calma, se puder. Você quer que eu vá para ir
ficar com você? Ofereceu Sandra.
“Claro, assim a gente conversa sobre outras coisas, e você pode brincar um
pouquinho com os meninos, tem muito tempo que você não os vê.” Sandra era
divertida e iria desviar um pouco sua atenção. Mas ela estava muito preocupada
com a reunião de Patrick. Porém, no fundo de sua alma, ela estava até aliviada de
que tudo isto estivesse acontecendo. De uma forma ou de outra, a vida de
fingimento estava acabando, e acontecesse o que acontecesse, seria um alívio
para todos os envolvidos.



Leslie tinha acabado de dar as coordenadas a Patrick sobre o que ele teria que
falar, quando a secretária anunciou a chegada dos outros componentes da
reunião, pelo interfone. Olhando para a porta que se abria, Patrick viu entrar o
diretor executivo da Disney em LA, três executivos da ABC e por fim, Shonda.
Seu corpo estava retesado de tanta tensão.

Sentando-se todos em uma grande mesa retangular, o diretor da Disney pigarreou
e começou a falar.

“Ok, meu nome é Steve Morris e tenho pouco tempo de LA. Dois meses. O outro
cara antes de mim se aposentou e fui designado para este cargo. Bom, sr.
Dempsey, não quero tomar muito de seu tempo, então vamos direto ao assunto.
Tenho aqui um acordo entre o senhor e a Disney, onde você diz que não iria se
divorciar antes da estréia de Encantada.”

“Eu não me divorciei.” Interrompeu Patrick.

“Sabemos disso, mas a mulher que está nestas fotos não é a sua, não é mesmo?
Ela é um caso? Sua mulher sabe disto?” Perguntou mostrando a Patrick uma foto
da tarde anterior, onde ele estava com um dos bebês no colo e abraçado a Ellen,
dando-lhe um beijo na boca.

Pegando a foto em suas mãos suadas, toda a sua vida passou pela sua mente.
Ele deu um sorriso, enquanto observava a foto. O amor que ele sentia por eles era
enorme, sem eles a vida não valeria a pena. Então tomou uma resolução.

“Não, não é a minha mulher do papel, e também não é um caso, é a mulher da
minha vida!” Disse convicto, e logo que o fez, sentiu um alívio enorme, enfim, os
muros iriam cair, para o bem ou para mal.

“Patrick, o que...! Leslie começou a falar, não tinha sido isso que tinham
combinado que ele dissesse, mas Patrick, levantando a mão, não a deixou
continuar.

“Não, deixe-me terminar. Faz mais ou menos, um ano e meio que eu fui fazer as
filmagens para Encantada em Nova York. Lá descobri que eu estava apaixonado
por Ellen. Assim que cheguei em LA, minha mulher e eu resolvemos nos divorciar,
vocês sabem disso, mas não pudemos, pois os executivos, na época, disseram
que se isto acontecesse, iriam rescindir meu contrato. E eu por vaidade, consenti.”

Enquanto Leslie olhava para ele estarrecida, os outros o encaravam seriamente,
prestando atenção.

“Vaidade, pura vaidade. Fui egoísta, magoei pessoas que eu amava com esta
decisão. Mas o que passou, passou. Eu posso ser um homem melhor agora. Pois
bem. Com esta minha decisão, passei a ter uma vida dupla e com isso levei duas
mulheres a fazerem o mesmo. Jill, que se apaixonou por outro homem, e espera o
filho dele. É isso mesmo.” Completou ao ver a cara de espanto dos homens que
estavam na reunião.

“Ela foi obrigada a contar ao mundo que o filho era meu. Para salvar as
aparências. E Ellen, que sofreu tanto com a gravidez. Na época eu achava que
tinha sido um descuido, hoje sei que foi uma graça que Deus me deu, ela ter
engravidado. Ela teve que passar a gravidez inteira dizendo que seus filhos não
tinham pai, que eram fruto de inseminação artificial. Mas não eram, são meus. Eu
não pude participar de quase nada de sua gravidez, por causa da minha vaidade.
Ela tinha que ir sozinha aos médicos, aos exames, tudo para me poupar. E eu
cego que fui não via isto. Quanto sacrifício fizeram por mim. Eu não pude ver o
nascimento ... dos meus filhos!” Ao dizer sua voz ficou rouca e seus olhos
brilharam com as lágrimas, mas ele não as deixou cair.

“Mas mesmo sem eu merecer, outras pessoas ainda me ajudaram muito, me
deram forças, e eu agradeço muito a elas”. Disse olhando para Shonda e viu que
os olhos dela também tinham lágrimas.

“Eu nunca gostaria de ter exposto tanto minha vida pessoal, como hoje. Mas foi
preciso. Não quero saber o que vai acontecer agora. Eu não vou esconder mais
minha família, já chega de sofrimento. Vocês podem fazer o que quiser com meus
contratos. Outras pessoas fizeram coisas muito piores e continuam na mídia,
fazendo filmes milionários. Eu só tenho a agradecer a Disney por ter me dado tão
boa oportunidade e à rede ABC, a quem eu devo muito, pois confiaram em mim e
isto alavancou minha carreira. Porém, não posso dar a minha alma a vocês, isto
vocês não podem ter.” Respirando profundamente, passou a mão pelos cabelos e
ficou esperando a resposta de seus chefes.

Passaram-se vários minutos, até que Steve falou. “Patrick, posso te chamar pelo
primeiro nome?” Com o assentimento de Patrick continuou. “Eu sei que você já
falou, muita coisa que não queria, mas eu gostaria de saber, desde quando
mesmo, que você descobriu que estava gostando de outra mulher?”

Patrick ficou confuso com a pergunta, pois o que adiantaria a data? Mas, já que
tinha exposto toda a sua vida, que mal haveria em responder mais esta pergunta.

No momento em que ia falar, Shonda interrompeu-o.
“Desde que eu o apresentei a ela, no set, para os primeiros testes. Eles não
sabiam, ainda, mas a química foi forte entre eles. Nunca mais se deixaram de se
olhar. E o que se via nos olhos deles era amor. Amor, apaixonado. Sempre foram
muito carinhosos um com o outro. Eles só não sabiam, o que o mundo todo sabia.
Desculpe, Patrick , mas eu tinha que falar. Estava entalado na minha garganta,
desde que vocês começaram a sofrer por causa deste amor.” Disse sorrindo para
ele.

Patrick ficou pensando nas palavras de Shonda, e então o véu que tampava seus
olhos caiu. Foi isso mesmo. Foi desde a primeira vez que a viu. Como ele pôde
ser tão obtuso? Mais uma vez, a vaidade. Como ele não percebeu o sorriso que
ela sempre deu a ele? Em como nas fotos de publicidade, pareciam ser o casal
mais feliz da terra? Oh, Ellen, pensava ele, como fui um tolo cego.

“Obrigado Shonda. Por abrir meus olhos.” Sorriu de volta para ela.

Neste instante o diretor da Disney continuou a conversa. “Muito bem Patrick,
vamos ao que interessa. Quando cheguei aqui, pensei que ia ver um astro
babaca, que iria dizer que as fotos eram falsas, que tudo foi um engano, que
jogaria a responsabilidade por tudo em outra pessoa, e o que vi foi um homem
honesto e íntegro.”

Patrick olhava sem palavras para dizer. Leslie pensava que graças a Deus, Patrick
não lhe deu ouvidos, porque se o fizesse, diria exatamente o que o homem estava
pensando.

“Bom, quanto a Disney e também quanto à ABC, eu posso dizer, Patrick, você
está liberado para fazer o que bem entender de sua vida. Posso aconselhar uma
coisa? Libere um comunicado, disse olhando especialmente para Leslie, contando
todo o sofrimento, seu, de Ellen, de sua esposa, o povo gosta bastante disso,
antes de ver um filme. Do meu ponto de vista, vai ser um bom marketing para
Encantada, e para os fãs de Grey’s Anatomy não poderia ser melhor. Já imaginou
‘Dempeo’ ser verdade? Só não coloquem a Disney como a causadora disto tudo,
por mais que o diretor antes de mim fosse tão intransigente. Não sei como vão
fazer isso, mas acho que conseguem, não é?”

“Cl... claro” gaguejou Leslie abobalhada. “É o meu trabalho”.

Patrick continuava sentado em sua cadeira, mudo. Não tinha ainda apreendido
tudo que o diretor da Disney estava falando. “Quer dizer que posso entrar com o
pedido de divórcio amanhã se eu quiser?”

“Sim. Não sei por que não poderia fazê-lo!” Respondeu o homem importante.
“Vocês já passaram por muito sofrimento, sem razão.”
“Eu posso entrar na casa de Ellen, a partir de agora, minha casa, sem ser
escondido? Eu posso registrar os meus bebês? Eu posso mostrá-los ao mundo?
Minha filha pode saber que tem irmãos?” Tudo isto vinha em sua cabeça aos
borbotões.

“Patrick, você já estava resolvido a fazer isto tudo no começo da reunião. Você só
não colocou em palavras.” Lembrou-o Shonda sorrindo novamente.

“Eu sei, mas o endosso de vocês torna tudo mais fácil, não é?” Naquele instante,
ele sentiu uma vontade imensa de ir embora, contar para Ellen que eles, enfim,
poderiam ser um casal de verdade.

“Preciso .... ir embora, só preciso ir embora.” Falou freneticamente.

“Pode ir Patrick, eu acabo de resolver tudo”! Pelos menos era o que Leslie podia
fazer.

Passando por Shonda, Patrick não resistiu e lhe deu um beijo estalado na sua
bochecha e sussurrou no seu ouvido, “Obrigado por tudo!” Ele sabia que devia
haver algum dedo de Shonda na decisão daqueles altos executivos. Um dia iria
perguntar a ela. Foi correndo para o carro.


Ellen não agüentava mais de apreensão. Nem os meninos, nem Sandra
conseguiam tirá-la daquela agonia da espera. Patrick não ligava, e ela tinha medo
de telefonar e interromper alguma coisa importante que estivesse acontecendo.

De repente, ouviu-se uma balbúrdia do lado de fora de sua casa. A porta foi aberta
e Patrick entrou como um furacão para dentro de casa, na frente de todos os
paparazzi, que foram parar lá depois da notícia veiculada pela internet e pelos
tablóides.

“Paddy??!” Ela estava completamente atônita. “Você está bem..., o que
aconteceu... você pode entrar assim, com todo mundo tirando fotos, depois de
tudo que saiu?”

“Então você já ficou sabendo das reportagens?”

“Sim, Sandra me ligou, ela não sabia que eu ainda não tinha conhecimento, e daí
me contou tudo.” Ela dizia, ainda sem compreender nada. A expressão do rosto
dele estava boa, diria que ele estava doido para rir, ela era quem devia estar
maluca. Como ele iria rir de tudo aquilo.

Ele chegou perto dela e abraçou-a. Abraçou-a tanto, tanto. “Ellen meu amor,
minha vida, como fui cego, idiota, egoísta. Como que eu pude te fazer sofrer tanto,
e você nunca reclamou? Meu Deus, nem em mil anos vou poder recompensá-la.”
Ellen pensava que agora ele tinha pirado mesmo. Não estava falando nada com
nada.

“Paddy, o que aconteceu na reunião, pelo amor de Jesus?”

“Acabou, Ellen, acabou!” Ela esfriou até o dedão do pé. Jesus, eles tinham
rescindido o contrato dele.

“Ah, Paddy, que pena. Eu fui culpada, eu deveria ter tido mais cuidado. Eu não
deveria ter engravidado.” Ela não sabia o que dizer. Seus olhos encheram-se de
lágrimas.

“Não, El, só escute-me, por favor, antes de falar asneiras!” Disse apertando-a
ainda mais em seus braços. Até nessa hora, ela puxava a responsabilidade dos
dois para si, sozinha. Como ele amava esta mulher.

“El, eu fui liberado pela Disney para fazer o que quiser da minha vida, não fui
mandado embora.” Assim que ela se acalmou um pouco, ele continuou.

“Mas, eu já tinha resolvido isto, antes da reunião começar, El. Eu prometi a mim
mesmo que não iria dar minha alma para eles. Minha alma é você, meus bebês,
minha filha. Eu não iria abrir mão mais de vocês. E eu falei isto para eles.” Disse
sorrindo.

“E não acharam ruim?” Perguntou ela já relaxando em seus braços.

“Pelo contrário. O novo executivo que entrou no lugar de um que se aposentou,
quer que Leslie conte nossa história para mídia, você acredita? Ele acha que é um
bom marketing para Encantada”. Ellen sofremos tanto tempo por isso, por minha
causa. Não é você a culpada, sou eu. Fui vaidoso, e egoísta. Sacrifiquei as
pessoas que mais amo. Não tenho desculpas”. Disse tirando as mãos dela e
sentando-se no sofá, com as mãos na cabeça.

“Paddy, nós fizemos isto juntos. Não venha agora também querer ser o culpado de
tudo. Se eu aceitei, é porque eu queria, porque eu te amo.” Disse Ellen sentando-
se ao lado dele e o acariciando.

“Mas, volte ao que interessa. Me conte tudo!”

Encorajado, ele continuou. “El, amanhã mesmo, entro com os papéis do divórcio.
Como já estamos separados há muito tempo mesmo, eu já tive filhos e ela espera
filho de outro homem, o divórcio sairá rapidamente. E, amanhã mesmo, vou
registrar os meus filhos, meus bebês ...” Toda a emoção represada na reunião
escapou para fora, neste instante. Todo o sofrimento, tudo por que passaram,
jorrou para fora. Eles choraram juntos, como crianças, agarrados um ao outro.
Naquele momento, Sandra e Mary entravam na sala, cada uma carregando um
bebê e vendo-os daquele jeito se assustaram.

“Ok, quem morreu?” Perguntou Sandra meio sem graça.

Então, mesmo entre lágrimas, os dois começaram a dar risadas, deixando as duas
sem saber o que fazer.

Uma hora depois, Patrick conseguiu contar tudo sobre a reunião para elas. Ele
não estava agüentando esperar por mais um dia, para fazer tudo o que devia ter
feito meses, não, anos atrás.

“Calma, Paddy, nós já esperamos tanto, mais um dia, que mal fará!” Dizia
suavemente Ellen. Ela havia acabado de amamentar os bebês, e isso geralmente
a deixava num estado de espírito tão bom, tão calmo. Então Patrick teve uma
idéia.

“Bem, uma coisa eu posso fazer hoje, agora. Ponha os bebês nos carrinhos e
vamos passear com eles até uma praça, anda!” Disse impaciente, quando viu que
Ellen não se mexia do lugar.

“Sério?”

“Claro. Quero mostrar ao mundo todo, já que eles desconfiam que eu sou o pai,
que eu sou mesmo o pai deles! Anda, se você não quiser, eu vou sozinho!” Já
tinha pegado os dois meninos e colocado cada um no seu carrinho.

“Não te falei, Sandra, quem o Taylor puxou? Nossa, que impaciência. Acabei de
dar mamar. E não é só sair, assim não. Temos que levar algumas coisas. Não sei
se vai ventar, chover, temos que levar umas roupinhas, a mamadeira de água.”

“El, nós só vamos até ali, na praça, por Deus, não vamos nos mudar!” Já disse
indo em direção a porta.

“Nós não conseguiremos dar um passo, você quer apostar quanto?” Disse ela
levantando-se e indo atrás dele apressada. “Sandra vem também?”

“Só se eu fiquei louca!” Mas estava rindo quando falou. Aquilo era uma coisa para
os dois, finalmente, fazerem sozinhos, sem ninguém encobrindo. “Deus lhes
ajude!” Gargalhou.


Assim que a porta se abriu, e eles saíram com os bebês nos carrinhos, todos os
paparazzi olharam para a cena. Primeiro ficaram sem reação. Eles não esperavam
por aquela demonstração. Mas no segundo seguinte, começou a balbúrdia
novamente. Patrick levantou a mão e pediu para falar.
“Vou ficar parado aqui por um minuto e aí vocês tirem quantas fotos quiser. Mas
se algum dos bebês começar a chorar, eu vou distribuir socos!” Disse, e não
estava sorrindo, falava sério. Com os paparazzi tinha que ser assim. Senão virava
bagunça.

“Patrick, os bebês são seus?”

“Sim, são meus filhos.” Dizia orgulhoso. Estavam abraçados, ele e Ellen, olhando
para a direção que cada um pedia.

“Por que então vocês escondiam isto?”

“Amanhã vocês saberão toda a história, agora dêem-nos licença que vamos
passear com nossos filhos”. Disse e para espanto de Ellen, eles deram passagem
e não os seguiram de perto.

“Não falei para você? Quando eles pegam o que querem, dão sossego. Então é
melhor dar logo, que ficamos livres.” Disse beijando a mão dela. “Agora, vamos.
Há quanto tempo eu queria poder fazer isso meu Deus”.

Paddy?”Disse Ellen lembrando-se de algo. “Você tem que contar para Jillian, a
vida dela também tem sido um bocado dura, não acha?”

“Será que passamos na casa dela agora? E contamos tudo? Quem sabe Tallulah
não vá a praça com a gente?” Ele perguntou.

“Se a conversa não demorar, senão vai esfriar, e você, seu impaciente, não deixou
eu pegar nada para os meninos. Eu não quero que eles se resfriem, ok?”

“Tudo bem. Então vamos, se não der tempo, a pracinha fica para outro dia.”


Deitados na cama, depois de ter colocado os gêmeos para dormir, ficaram
conversando sobre o maravilhoso dia.

“Você viu como Scott ficou feliz com a notícia?” Disse Patrick. “Estava até
parecendo comigo.”

“Com razão, Paddy. Ele também estava vivendo uma vida dupla, com todo mundo
falando que o filho dele era seu. Lembra-se como você se sentia?” Depois vendo a
cara murcha de Patrick ,emendou suas palavras.

“Paddy, todo mundo entrou nessa porque quis. Você não obrigou ninguém. Todo
mundo teve seus motivos para aceitar. Eu, porque te amo, Jillian, por causa de
Tallulah e dos negócios dela, e, Scott, porque ama Jillian. Então pare de fazer
essa cara de culpado. Você também sofreu muito. Acho que foi o que mais
sofreu, na verdade”. Disse-lhe acariciando seu peito.
“El, Shonda disse uma coisa hoje na reunião, que eu dou inteira razão, agora!
Pelo menos de minha parte.”

“O que foi que ela disse?” Perguntou curiosa.

“Que nós nos apaixonamos no instante em que ela nos apresentou, quando íamos
fazer os testes para Grey’s. Só que não demos conta disto neste momento.”
Falou, enquanto acariciava seu rosto, com os dedos.

“Pode ser verdade, Paddy. Meu coração sempre pulava quando eu te via, mas eu
gostava de pensar que era só amizade!” Respondeu com um olhar pensativo.
“Acho que eu bloqueava o sentimento por saber que você era casado e pai de
família.” Ela falou aquelas palavras com um pouco de tristeza na voz.

“Ei, amor”. Disse ele delicadamente. “Você está bem?”

Ellie desejou que alguém de repente inventasse um álbum para arquivar
momentos, assim com se faz com as fotografias. Se existisse um, arquivaria a
marca da mão quente de Patrick em seus braços nus, o sorriso que brincava em
seus lábios, a expressão de curiosidade e de amor de tirar o fôlego que via em
seu rosto.

“Mais do que bem”. Disse ela, aconchegando-se mais para perto dele. “Só estava
pensando em quanto tempo nós perdemos”.

“Eu também meu amor. Mas agora tudo será diferente, você vai ver.”

Fizeram amor apaixonadamente, esperando que o amanhã trouxesse a felicidade
que sempre esperaram.

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Parte 10

  • 1. . .“Ellen, tenho uma coisa para falar com você!” Disse Patrick, gravemente, sentando-se no sofá ao lado dela. Como ela sempre fazia, desde que entrou no nono mês de gravidez, ela estava com os pés em cima do banquinho. Sua barriga estava enorme, e eles achavam que ela não ia conseguir chegar até o final do mês. Ela estava se sentindo desconfortável e às vezes, chegava a ficar sem ar em seus pulmões. Parecia que os meninos adoravam cutucar os seus pulmões. “Não vou ganhar nem um beijo primeiro?” Ela sorriu, mas depois ficou séria, quando viu o olhar de Patrick. “O que foi Paddy? Ah, me fale logo, senão eu fico doida”. Ele se inclinou e beijou-a nas bochechas. “Leslie me ligou!” A menção daquele nome deixava Ellen arrepiada. “O que foi, problemas com a Disney?” Ela perguntou alarmada. Eles tinham tomado tanto cuidado. Nada tinha vazado para a imprensa, ao que ela sabia. O que poderia ser? “Não, nada disso, acalme-se. Eu recebi uma proposta da Columbia Pictures para filmar ‘O melhor amigo da noiva’.” “Oh, Paddy que maravilha!” Exclamou Ellen, feliz por ele. Porém, olhando em seus olhos, ela viu que ele queria falar mais coisas, mas parecia não ter coragem para dizê-las. “Não me diga que eles também pediram para você não se divorciar e muito menos arrumar filhos com outra mulher etc e tal...” Disse Ellen, murchando no sofá. “Não, sua tolinha! Disse Patrick sorrindo pela primeira vez, desde que começaram a conversa. “É só que .... bem ... as filmagens começarão no final deste mês, Ellie, e se eu aceitar, eu vou ter que viajar para Nova York e Inglaterra. Eu não posso deixar você sozinha para ter os bebês!” Disse ele, com um leve tom de desespero na voz. “Patrick, você não vai deixar que isto custe a sua carreira. Você tem que aproveitar todas as oportunidades. Veja o bem que filmar Encantada fez a você. Não, você vai aceitar sim, por você, por mim e por seus filhos.” Ela disse firme. “Nós daremos um jeito. Eu não vou ficar sozinha. Kathy, minha irmã, já tinha me falado que viria para me ajudar nos primeiros dias com os bebês. Ela vai trazer uma babá de Boston, super confiável. Ela foi babá dos filhos dela. Eu posso pedir a Mônica, também, que durma comigo. E tem também as minhas amigas. Você tem que fazer isso!” E continuou. “Além do mais, você não poderia ver mesmo os bebês nascerem, não é?” Nesta parte, Ellen engasgou e ele reparou. “Oh, Ellie, eu não sei o que fazer!” Disse a apertando mais em seus braços. “Eu não quero te deixar nesta hora tão importante para nós. Eu estou maluco para ver os bebês. Você não sabe o tanto!” Sua voz sumia na emoção.
  • 2. “Patrick Dempsey, você vai fazer este filme!” Disse Ellen passando as mãos pelo seu belo rosto. “Nós ficaremos tão orgulhosos de você! Já te disse, tenho tudo arrumado para não ficar sozinha. É claro que sentirei muito a sua falta. Vou pedir para filmarem o parto, assim você assiste onde estiver! Astros e Estrelas sempre passam por isso, não é? E, talvez, você possa vir, nos intervalos da filmagem. Quanto tempo você acha que vai durar?” Perguntou. “Não demora muito, acho que no máximo uns 60 dias. Não é um filme com efeitos especiais, como Encantada, e olhe que as filmagens de Encantada duraram menos de 2 meses. É só porque eu terei que filmar na Inglaterra e na Escócia, do outro lado do mundo. Desse jeito, fica parecendo mais demorado do que é realmente!” Respondeu Patrick, ainda sem saber o que fazer. Ellen estava tão vulnerável, no final da gravidez. Ainda que a barriga dela estivesse enorme, seu rosto e braços estavam mais finos. Ela vivia pálida e parecia que se quebraria em dois, se ele a abraçasse mais forte. Apesar disso, o médico dizia que estava tudo bem, que era assim mesmo. Gravidez de gêmeos era mais penoso. Ele não sabia se ia conseguir ficar longe dela. Mas, ela falava com tanta convicção. Ele também sabia que não podia jogar fora esta oportunidade. Ele tinha lutado tanto por aquilo, e ela sabia disso. “E Grey’s? Como Shonda reagiu? Ela já não vai poder me ter nos primeiros episódios, como ela vai fazer sem você?” Ellen preocupou-se. “Já está tudo resolvido com Shonda. Se eu aceitar, a ABC concordou com um pequeno adiamento para a estréia da quarta temporada. Aí, eu já terei voltado e você também. Além do que, Shonda disse que eles adoraram a perspectiva de eu fazer o filme, pois eles acham que essa filmagem mais a estréia de Encantada vão trazer mais ibope para a série.” Era tão bom ficar ao lado dela, conversar com ela. Decididamente, ela era a mulher da sua vida. “Eu acho que não é nem por causa dos bebês. Eu não vou conseguir ficar longe de você”! Falou risonho. “Ah, sei.... E como é o nome mesmo da co-estrela com quem vai contracenar?” Perguntou Ellen, com um leve ciúme em sua voz. “Acho que é a Michelle Monagham.” Respondeu, adorando os ciúmes de Ellen. “Aquela morena linda?” “Ellie, deixe de ser boba, você sabe que é infinitamente mais bonita do que ela.” “Tem muitas cenas de beijos e, você sabe ... er ... “ “Sexo?” Disse, quase gargalhando. “Não sei, não tenho os detalhes ainda, mas como é um filme romântico, supõe-se que sim.”
  • 3. Na cabeça de Ellen só passavam as imagens deles dois, quase, literalmente, fazendo sexo, na cena final da segunda temporada. Eles nem eram um casal, ainda, naquela época. “Ai, meu Deus, eu não quero saber de nada mais. Não me conte mais coisa alguma.” Ele não conseguiu segurar sua risada. “Hã, quem é o ciumento, aqui, hein? Eu?” E deu-lhe um longo beijo na boca. “El, eu sou tão apaixonado por você, que não vejo graça em mais ninguém!” Disse sério e ela acreditou nele, porque, realmente, ele estava disposto a deixar sua mulher e filha para ficar com ela. “Eu sei Paddy, mas é que, às vezes, não dá para controlar este sentimento. Eu estou aqui, do tamanho de um elefante, e você tão lindo, soltinho por aí.....” Mas já estava sorrindo relaxada e correspondia aos beijos dele vigorosamente. Eles já estavam prestes a perder o controle, quando Patrick desvencilhou-se dela. “Ellen! O médico já nos proibiu de fazer sexo neste último mês....” Disse com o desejo brilhando em seus olhos. Ele não conseguia deixar suas mãos longe dela. “É, eu sei”. Respondeu suspirando. “Já estou com saudades!” Falou com um brilho de atrevimento no olhar. “Não, vamos parar”. Patrick deu um longo suspiro e começou a acariciar a barriga dela, mudando de assunto. “E aí, tudo bem então que eu filme?” Disse olhando dentro dos olhos dela. “Claro, meu amor. Vou começar agora mesmo os meus telefonemas de apoio, ok? Você vai ver, vai dar tudo certo, como tem dado até agora.” Disse, dando-lhe um último beijo, antes de pegar o seu celular. “E eu vou confirmar com Leslie!” Estavam no início de agosto. As gravações para a série tinham começado no meio de julho e estava correndo tudo bem, apesar da ausência de Ellen. Ela tinha deixado várias cenas já filmadas e as gravações de voz também estavam adiantadas. É claro que os fãs sentiriam falta dela nos primeiros episódios, mas eles sabiam que era por uma boa causa. Ele estava no meio de uma gravação com Eric e Justin, quando seu celular vibrou dentro do bolso de sua casaca branca de médico. Ele agora carregava o celular para todo o lado. O nascimento dos bebês estava marcado para o final de agosto, porém dado que a gravidez era gemelar, podia muito bem adiantar. Ele pediu um break na gravação, pois sabia que Ellen não ligaria à-toa sabendo que ele estava gravando. Tirou o celular do bolso e viu que o número que chamava não era o de Ellen. Mas atendeu curioso.
  • 4. “Alô? Perguntou preocupado. A voz do outro lado era conhecida. Era Mônica, e estava um pouco agitada. “Patrick, estou ligando porque Ellen está passando mal e vou levá-la ao hospital agora”. “Por que, o que ela está sentindo?” Começou a se desesperar e seus amigos chegaram perto dele para saber o que estava acontecendo. “Deixe-me falar com ela!” Pediu em choque. “Acho que são contrações, Patrick, não tenho certeza, mas eu vou mesmo ter que desligar, ela está com muitas dores! Acho que ela não dá conta de falar nem ao telefone. Assim que chegarmos o hospital, eu ligo, fique calmo.” E desligou. Ele estremeceu e começou a ligar para o celular de Ellen. Caiu na caixa postal. “Merda! E agora, o que eu faço?” Eric o pegou pelo braço e o levou para fora do set, antes que todos soubessem o que estava acontecendo. “Patrick, se acalme. Você quer que todos saibam agora? Depois de todo o esforço que vocês fizeram para esconder? Disse pegando um copo de água para ele. “Beba, se acalme. Vamos pensar. Em primeiro lugar, vamos dizer agora a Shonda. Ela deve te liberar. Em segundo lugar, temos que pensar em como você vai aparecer no hospital sem levantar suspeitas, afinal de contas você é só amigo dela, não o pai das crianças. Os malditos paparazzi já devem estar rondando o hospital, meu amigo.” “Não sei o que fazer, Eric. Não estou nem ligando para os paparazzi. Eu quero ver a minha Ellen!” Desesperado, infeliz, ele estava se preparando para esse dia, mas não sabia que ia doer tanto, ficar longe dela. “Calma. Você nem sabe se ela vai ter os bebês, hoje. Pode ter sido um alarme falso. Espere Mônica ou mesmo Ellen ligar. Vamos dar um tempo.” Com as mãos no ombro de Patrick , eles se encaminharam para o escritório de Shonda. Do outro lado da cidade, Ellen aguardava a chegada de seu médico, deitada em uma maca, se contorcendo a cada contração. Mônica estava com ela e segurava a sua mão. Mas quem ela queria mesmo, era o seu adorado Patrick. Ela precisava de seu jeito bem humorado, de sua voz reconfortante. As lágrimas teimavam em cair de seus olhos. “Calma, Ellie. O médico já está chegando.” Dizia Mônica tentando acalmá-la. “Vai dar tudo certo, querida.” “Eu quero o Paddy!” Fungava Ellen. Ela também estivera se preparando para este momento sem ele. Mas enquanto chegava a hora, a razão desaparecia. “Quero o pai dos meus bebês!” “Psssst”. Falava com brandura Mônica. “Você está dizendo isto porque está com dor. Logo, logo o Dr. Smith vai te medicar e você ficará mais calma. Ellen, o
  • 5. hospital já está cercado de paparazzi. Eles viram quando entramos no carro e nos seguiram. Não é seguro Patrick vir aqui, agora”. “Eu ... sei, argh....!” E se contorcia novamente. Entrando pela porta do quarto de hospital, o Dr. Smith chegou. “Ora, ora, será que estes jogadorezinhos de futebol já estão querendo sair do aconchego?” Disse tentando tranqüilizá-la. “Deixe-me ver.” Então colocou o estetoscópio na barriga de Ellen. Depois perguntou de quanto em quanto tempo estavam vindo as contrações. Fazendo o exame de toque, ele verificou que ela não tinha nenhuma dilatação. Franzindo a testa, ele disse para Mônica. “Nós vamos fazer um ultrassom e depois veremos como agir”. Depois de um breve exame do ultrassom, a equipe médica resolveu fazer uma cesariana em Ellen, pois os bebês estavam em sofrimento fetal e teriam que nascer naquele instante. Eles deram um sedativo leve para Ellen que estava muito agitada e a levaram para o bloco cirúrgico. “Espere, disse Mônica, ela quer filmar o parto, por favor. Eu posso ficar com ela na sala de parto? Ela não tem ninguém, no momento.” Após o assentimento do médico, enquanto ela ia para um quarto ao lado, colocar um avental, ela se lembrou de ligar para Patrick. Enquanto isso, Shonda olhava para Patrick, andando de um lado para outro em seu escritório. Ela havia concordado com as ponderações de Eric, e tentava ajudar Patrick relaxar. “Patrick, você vai fazer um furo no meu piso, se continuar andando para lá e para cá desse jeito.” Ele lhe lançou um olhar furioso. “Ninguém sabe como eu estou me sentindo nesse momento e.....”. Neste instante seu celular tocou. Ele apressou-se em atender. Suas mão tremiam tanto que quase deixou o telefone cair. “Mônica, o que está acontecendo?” Perguntou, freneticamente. “Patrick ela foi para a sala de parto agora. Vai fazer uma cesariana. Vou ficar com ela, não se preocupe. Eu vou mandando mensagens de texto para você, quando der, e assim que terminar, eu juro que te ligo na hora”. Ela disse para ele, com o coração apertado, pois imaginava o desespero que ele sentia. Eric e Shonda se acercaram dele, queriam saber o que estava acontecendo. “Ela não me deu muitos detalhes, mas parece que Ellen vai fazer uma cesárea, neste instante”. Disse e duas grossas lágrimas escorreram pelo seu rosto. Vendo-o tão triste, Shonda teve uma idéia. “Se forem mais amigos para o hospital, ninguém vai reparar tanto.” Falou com uma expressão suave no rosto.
  • 6. “Como assim?” Perguntou Patrick, confuso. “Se você, Eric, TR, Katherine e Sandra forem juntos ao hospital, todo mundo vai perceber que os amigos estão preocupados com ela. Não só você. Claro, todos estamos preocupados, mas chegando todo mundo junto, ninguém comentará.” “Você vai liberá-los, todos?” Perguntou Patrick com uma leve esperança na voz. “Claro, querido. Nós amamos muito você e Ellen. Agora, vão. Vocês têm que encontrar o restante do pessoal. Eu acho que nenhum deles ainda sabe disso. E, Patrick, assim que os meninos nascerem eu quero saber, me ligue.” Patrick foi em direção dela e, agarrando-a, deu-lhe dois beijos em cada bochecha. “Muito obrigado, Shonda!” E saiu correndo pelos corredores do set. “Vá atrás dele Eric, senão vai por tudo a perder”. Disse sorrindo. Estavam, todos os cinco, no meio do caminho para o hospital, quando o celular de Patrick tocou novamente. “Oi? Mônica, o que está acontecendo?” “Patrick, o Sean acabou de nascer, está tudo bem com ele, o pediatra me disse.” Ela falava em sussurros, porque estava dentro da sala. “Daqui a pouco o Dr. Smith vai tirar o Taylor .... oh ..... pronto .... já nasceu também... Está ouvindo os chorinhos?” Ela estava emocionada, não falava nada direito. “Estou bem enrolada aqui segurando uma câmera e falando com você no telefone ao mesmo tempo.” Patrick ficou sem palavras, emocionado. Ele podia ouvir vagamente os sons da instrumentação cirúrgica e os gemidos dos bebês ao fundo. Ele tentava segurar as lágrimas, quando o carro estacionou na frente do hospital. Assim que puseram os pés para fora do veículo, flashes estouraram em seus rostos. “Vocês vieram ver a Ellen Pompeo? Os bebês já nasceram? Vocês já sabem o sexo?” Patrick tinha vontade de socar todos. Eles entraram no hospital e largaram os paparazzi do lado de fora. “Patrick, deixe-me fazer as perguntas, você está muito abalado. Todo mundo vai notar”. Disse Sandra. “Ok.” Ele respondeu, mas dentro dele parecia haver um furacão. Ele tinha vontade de sair correndo pelos corredores procurando por Ellen e seus filhos. Deixando a recepção, onde estivera pegando as informações, Sandra foi para perto deles. “Olhem, os bebês já foram para as incubadoras!”. Quando viu o olhar de choque de Patrick disse apressadamente, “não tem problema nenhum com eles, só que deram banho nos dois e como está muito frio os puseram lá. Daqui a
  • 7. meia-hora vão levá-los para o quarto de Ellen. Ela está se refazendo da anestesia no bloco cirúrgico, e vai levar a mesma meia hora para subir para o seu quarto. Como a recepcionista nos conheceu da série, ela falou que vai arranjar para podermos ficar todos dentro do quarto esperando por ela”. Completou sorrindo. Aliviados, Patrick mais ainda, viram quando a recepcionista trouxe alguns crachás e distribuiu-os entre eles. “O quarto é o de número seis, neste mesmo corredor. Procurem não fazer muito barulho, porque se o chefe descobrir, estou frita. Espero ganhar autógrafos depois, hein?” Viraram-se rindo e foram em direção ao quarto. Chegando lá, descobriram Mônica que estava editando a câmera. Ela levou um susto quando viu todos lá. Mas, depois abriu um sorriso. Ellen iria ficar feliz quando os visse. Especialmente por Patrick. O quarto estava inundado de buquês de flores. Confuso, porque ele mesmo não tinha pensado naquilo, Patrick perguntou, “quem mandou tantas flores?” “Eu encomendei algumas, porque sabia que você não iria se lembrar, mesmo:” Disse rindo. “Chegaram mais buquês de Shonda e da ABC”. “Puxa, como eles são rápidos”. Disse TR rindo. Cerca de meia-hora depois, os amigos se entreolharam e Sandra disse. “Nossa, estou morta de fome. Acho que vou fazer um lanchinho. Alguém gostaria de me acompanhar?” “Eu vou”. Disseram todos os outros unânimes. Até Mônica. “Mas, vocês não vão esperar Ellen? Ela já deve estar quase chegando”. Disse Patrick totalmente confuso. Mas depois a luz veio sobre ele. “Ah, sei. Vocês estão nos dando um tempo. Obrigado”. Disse com gratidão no olhar. Sentou-se no sofá de couro preto que havia lá e respirando profundamente, ficou à espera de Ellen. Quando achava que ia explodir de tanta expectativa, ouviu barulho das rodas de maca parando em frente o quarto. Com o coração acelerado, viu quando a porta se abriu e entraram duas enfermeiras trazendo Ellen que estava deitada em uma maca, com soro enfiado em suas veias. Enquanto as enfermeiras a passavam para a cama, ela ainda não o tinha visto, pois ele continuou sentado, e ela estava olhando para as flores, meio grogue ainda. “O sr. é o acompanhante dela?” Perguntou a enfermeira com jeito de matrona. “Sim, sou”. Disse Patrick com a voz embargada, tentando conter suas lágrimas, na frente delas.
  • 8. Ouvindo aquela voz tão amada, Ellen virou a cabeça tão bruscamente naquela direção que ficou tonta. “Paddy, você veio!” Seus olhos se encheram de lágrimas. Ele ficou calado, esperando as enfermeiras darem uma última olhada no soro. “Daqui a pouco viremos administrar seus remédios. Qualquer coisa aperte aquele negócio ali”. Disse para Patrick, apontando para uma campainha. Assim que as enfermeiras saíram, eles deram vazão a seus sentimentos e emoções. Ele abraçou-a tanto, tanto, deu-lhe vários beijos, na sua bochecha, na sua boca, nos seus olhos, na sua testa, na sua cabeça. “Linda, linda, eu te amo tanto que dói! Você está bem? E os garotinhos? Estou doido de vontade de conhecê-los!” Disse Patrick sem conter a felicidade em sua voz. “Ah, meu amor que bom te ver aqui. Fiquei com tanto medo! Mas, o ... que ... você está fazendo, aqui? Perguntou preocupada de ele ser visto ali no hospital. Mas ele tranqüilizou-a. “Armações de Shonda”. Disse com um sorrisinho esperto. “O elenco está quase todo aí fora, esperando para te ver. Bem, a parte do elenco que sabe sobre nós. Eles saíram para nos dar um tempinho a sós. Mas te garanto que estão montando guarda na porta. Eles são muito bons amigos. Porém, você não me respondeu, você está bem? Por que teve que fazer cirurgia? O que aconteceu? E os bebês?” “Oh, estamos ótimos. A cirurgia foi tranqüila, eu tive que fazer cesárea porque meu o líquido amniótico estava baixo, e os bebês estavam entrando em sofrimento fetal, mas tudo correu bem, graças a Deus. Eles já devem estar chegando. Paddy eles são enormes, têm os olhos claros, e já são bastante espertos.” Disse a mãe orgulhosa de seus rebentos. “Ah, e adivinhe só a cor dos cabelos?” Neste instante a porta tornou-se a abrir, e uma médica pediatra entrou trazendo os dois bebês no mesmo bercinho/carrinho do hospital. Patrick tampou sua boca com as mãos para não falar ou fazer nenhuma bobagem na frente da médica. Ele tinha plena certeza de que ela sabia quem eles eram. Ele devia deixar transparecer que era só um amigo de Ellen. Evitou tocar os bebês, enquanto a médica falava para Ellen, as medidas, os pesos, os tamanhos, nota disso, nota daquilo. Que Ellen deveria colocá-los para mamar assim que possível, parecia que a mulher não iria parar de falar nunca mais. Vendo o sofrimento nos olhos de Patrick com a demora, Ellen disse a ele. “Patrick, se você quiser pode segurar um dos bebês. Para você se lembrar de como era com Tallulah, antes de seu próximo ‘filho’ nascer”. Ela se referia ao filho de Jillian e Scott, mas que todo mundo pensava que era dele.
  • 9. Mas, nesse meio tempo, a médica achou que já tinha explicado tudo e saiu do quarto. Patrick pegou os dois bebês no colo. Tinha no rosto uma expressão de êxtase. Olhando seus rostinhos ele deu um beijo na cabecinha de cada um. Parecia que seu coração ia arrebentar de tanta emoção. Ele sentia que não eram mais pessoas separadas. Quatro pessoas se fundiram em uma e se tornaram uma unidade, uma família. “El, eles são lindos! Perfeitos. Olhe só esta cabeleira negra. Sabiam que eles iriam me puxar.” Disse todo orgulhoso. “E os olhos, são azuis iguais aos meus!” Disse babando nos meninos. “Paddy, todo neném nasce com olhos azuis, não fique tão metido!” Falou Ellen, mas sorria cansada ao dizer as palavras. Ela ainda sentia os efeitos da cirurgia. “Ellen, eles são tão idênticos. Como vou saber quem é Sean, quem é Taylor?” “Olhe atrás da orelhinha direita do que está na sua mão esquerda, tem uma manchinha em forma de sino. Este é o Sean. Foi o primeiro a nascer. A pediatra logo me contou da manchinha, antes que o Taylor fosse tirado de dentro da minha barriga”. “Mas, Ellen, eles vão crescer idênticos?” “Sim, são gêmeos univitelinos, ou idênticos, ou seja, são resultado da fecundação de um único óvulo por um único espermatozóide; por isso, têm exatamente a mesma carga genética e, necessariamente, o mesmo sexo. Eles são geneticamente idênticos e extremamente parecidos.” Respondeu Ellen com as mesmas palavras que a pediatra tinha explicado a ela. “É, meu espermatozóide fez um estrago mesmo!” Disse Patrick sorrindo e inchado de orgulho. “Quando eu faço, faço direito”. “Jesus ... Ninguém vai conseguir segurar sua bola, hoje. Tenha cuidado com o que diz lá fora, lindo”. Pediu Ellen, preocupada por ele. De repente, Sean começou a choramingar. “Ele deve estar com fome. El, você quer amamentá-lo agora? Eu te ajudo com isso, tenho mais prática que você.” “Prática de amamentar? Sério?” Perguntou zombando da cara dele. “Não brinque, você entendeu o que eu falei. Eu já passei por isso, já vi Jillian fazer isso com Tallulah.” Disse amuado. “Tudo bem, me dá ele aqui”! Ellen pegou o bebê e levou-o até o seu seio. No instante em que ele sentiu o cheiro, abocanhou o seu mamilo e o sugou com força. Ellen se emocionou ao ver como a natureza era perfeita. Seu leite se derramou dentro da boquinha do bebê. Neste exato instante o outro seio também
  • 10. começou a escorrer leite. “Paddy, segure o Taylor e o coloque no meu outro seio. O bebê seguiu o mesmo caminho do irmão. Mas eles ainda estavam sonolentos e logo pararam de mamar. Patrick segurou um e pôs para arrotar, Ellen segurava o outro. Estavam assim, num perfeito estado de harmonia, quando a porta se abriu e entraram todos os amigos. “Ufa, não agüento mais tomar café”. Falou TR. “A gente tinha que entrar, o pessoal do hospital já estava achando estranho”. Comunicou Katie. “Tudo bem, vocês já fizeram muito por nós. Venham conhecer Sean e Taylor.” Depois de várias exclamações de ohs e ahs, que lindos, que fofos, Mônica resolveu filmar todos para complementar a filmagem. Patrick disse que estava doido para ver o nascimento na TV. As enfermeiras de Ellen entraram e vendo aquela balbúrdia disseram que estava na hora dela e dos bebês descansarem, se eles quisessem que ela saísse do hospital no dia seguinte. Patrick olhou para Ellen com pesar. “Te ligo, mais tarde, amor”. Sussurrou em seu ouvido, quando se abaixou para lhe dar um beijo na bochecha. Nâo era o que ele queria, mas era só o que podia fazer. “Ok, tchau!” Falou Ellen tristemente, segundo sua mão um pouco mais. “Quem vai ficar com você?” Perguntou Patrick. “A Mônica deve estar cansada. Está na correria desde cedo.” “Eu fico”, falou Sandra. “Eu não tenho mais cenas para filmar hoje, vocês têm que voltar para o set.” “E eu vou para casa, ajeitar tudo, porque Kathy, a irmã de Ellen, chega hoje à noite. E depois volto para dormir com Ellen”. Disse Mônica especialmente para Patrick. E emendou, em voz baixa “Fique tranqüilo, já está tudo arranjado”. “Obrigado, vocês são demais” disse Patrick agradecido e emocionado por tudo que eles fizeram para ajudá-los. “Então vamos”, disse Eric. “Nós temos um bocado de autógrafos para dar lá na recepção, lembram-se?” Dentro do carro, a caminho do set, TR tirou quatro charutos de dentro de seu bolso, deu um a Patrick, outro para Eric, um para ele, e ofereceu para Katie também, mas ela não quis. “Nem pensar, vou ficar com o cheiro disto impregnado nos meus cabelos”, disse sorrindo.
  • 11. “Parabéns papai!” Falaram os três juntos para Patrick. Feliz, ele acendeu o seu e deu uma grande baforada. “Obrigado gente, obrigado por tudo, por hoje. Se não visse Ellen e os meninos, eu não iria agüentar, eu iria arrebentar”. Mais tarde, no trailer, Patrick ligou para o hospital e a própria Ellen atendeu. “Alô!” “Oi, minha linda, como vai você?” “Estou bem, mas sinto tanto a sua falta.” “Eu também, amor, e os bebês?” “Ah Paddy, por enquanto estão um amores, só mamam e dormem. Eles nem choram, só resmungam quando estão com fome ou molhados”. Disse e Patrick sentiu sua voz um pouco mais animada, agora. “Onde você está?” “No trailer, mas eu vou ver Tallulah agora e contar para ela que os bebês nasceram”. “Você vai dormir na casa de Jillian, hoje?” Perguntou com um traço de ciúmes na voz. “Não, El. Não consigo mais dormir lá, você sabe disso. Você está muito ciumenta, você não era assim”. Falou com a voz divertida, ele estava adorando os ciúmes de Ellen. Ela geralmente não o demonstrava. Deviam ser os hormônios que a faziam se sentir assim. “Eu não sou ciumenta. Só queria saber aonde você vai dormir”. Falou irritada. “Eu não sei. Talvez aqui mesmo no trailer”. Disse sério. “Vá para nossa casa, Paddy. Os paparazzi estão todos aqui no hospital mesmo. Minha irmã já está lá, esperando por você. Ela sabe que você mora lá comigo, que você dorme lá comigo.” Falou já com a voz suavizada. “A Sandra falou que vocês não filmam amanhã, então você já fica lá dentro de casa me esperando, que mesmo que os paparazzi me sigam, não vão ver você lá dentro.” “Boa idéia, El, vou fazer isso mesmo. Durma com os anjos, ou seja, com os bebês. Qualquer coisa me ligue”. E desligou o telefone com um sorriso nos lábios. Sua vontade mesmo era de estar lá com ela. Mas, como não podia, só lhe restava agradecer por ao menos poder vê-la logo após o parto. Ele não cansava de pensar em como a amava. Ele nunca, mas nunca amou alguém tanto assim. Nem Jillian, quando achava que estava apaixonado por ela. Por que ele tinha que encontrar Ellen só agora? Por que tudo tinha de ser tão difícil? Às vezes ele tinha vontade de jogar sua carreira para o alto, pegar Ellen, os bebês, e ir morar no campo, sossegado. Mas, depois pensava, e Tallulah? Ele não podia nem sonhar
  • 12. em deixá-la, nem Jillian a deixaria ir morar no campo com ele. Então, ele teria mesmo que continuar sua vida, com sua carreira. Era o que ele sabia fazer. Então ele iria fazer bem. “Oi, papai!” Disse a linda menininha, quando ele entrou dentro da casa, e correu para abraçá-lo. “Ei, princesa do papai”. Ela era a sua menininha, a sua princesinha, pelo menos por enquanto. A não ser que Ellen engravidasse de novo, e tivessem uma menina. A idéia não o desagradava. Meninas eram amorosas e carinhosas demais, ele sabia. “T, tenho uma coisa para te contar”. Disse sentando-se com ela no colo. “Sabe os bebês da tia Ellen? Pois bem, eles nasceram hoje!” Olhando o seu rostinho, viu quando os olhos brilharam. “O Sean e o Taylor? Ah, papai, que bom. Que dia que eu vou poder vê-los?” “Eles chegam em casa amanhã. Aí o papai te busca e te leva lá, tá bom?” Ouvindo passos na sala, ele viu quando Jillian entrou e olhou para eles. Antes mesmo que eles pudessem se cumprimentar a menina falou, “Mamãe, os bebês da tia Ellie nasceram hoje, que legal não é?” Jillian olhou para Patrick interrogativamente. “Já, mas não era para o final do mês?” “Sim, mas ocorreu um problema com o liquido amniótico e tiveram que fazer cesariana, mas já está tudo bem.” Disse Patrick, um pouco sem jeito de estar conversando sobre aquilo com Jillian. “E quando ela volta para casa com os bebês, amanhã?” Perguntou Jill completamente à vontade com o assunto. “Sim”. “Papai, então hoje você pode dormir aqui em casa comigo, não é?” Patrick e Jillian olharam-se surpresos e chocados com a pergunta da menina. Como ela poderia saber que ele dormia na casa de Ellen? Mesmo sem formular a pergunta com palavras, Jill balançava a cabeça negativamente. “Quem contou para você que o papai dorme na casa da tia Ellen, meu bem?” Perguntou Jillian com voz tranqüila para não assustar a menina. “Ninguém contou mamãe. Eu sei disso, porque eu já vi como o papai olha para ela e ela para o papai. É o mesmo jeito que você olha para o tio Scott, e o tio Scott dorme aqui, não é?” Impressionados com a perspicácia da menina, eles começaram a rir. “Viu Paddy, não te falei? Metade dos problemas já terminaram com estas simples frases. Nós nos matando para esconder as coisas dela, que ela iria ficar
  • 13. traumatizada, e na cabecinha dela tudo já estava arranjado.” Disse Jillian beijando a filha. “T, busque um copo de água para a mamãe, enquanto eu pergunto uma coisa para o seu pai, ok?” Logo que a menina saiu da sala, Jillian disse. “Eu acho que você tem que dormir com ela hoje. Ela é uma grande menina, mas só tem seis anos. E é claro que mesmo a gente não dizendo que os bebês são seus irmãozinhos, depois de tudo que ela nos falou, não duvido nada de que ela desconfie disto também. Então, logicamente, ela deve estar com um pouco de ciúmes de você.” “Eu desconfio disso também, Jill. Mas eu prometi a Ellen dormir lá, porque ela chega amanhã, e é melhor que eu esteja lá dentro, senão os paparazzi vão cair em cima.” Falou sem saber o que fazer. “Patrick, então você leva Tallulah para dormir lá com você hoje. Até porque, daqui a pouco Scott estará chegando e vai ser um pouco constrangedor ter vocês dois dormindo aqui juntos.” O tempo em LA estava cada vez mais frio. Ellen tinha acabado de retornar da ioga e os bebês esfomeados já tinham tomado conta dela. Ela aguardava a chegada de Patrick das gravações no set. Era a sua última noite com ela, pois amanhã, ele iria para Nova York e de lá para a Grã-Bretanha, filmar “Made of Honor”. Ele só voltaria daí uns 60 dias. Já tinha se passado mais de 30 dias do nascimento dos bebês. Mary, a babá que sua irmã Kathy trouxe para ela de Boston, era uma benção dos céus. Ela já estava a par de todo o segredo e adorava aquilo. Também já tinha se apaixonado pelos bebês e até por Tallulah, que vinha quase todos os dias vê-los. Kathy ficou com eles por quase um mês, o que foi ótimo, pois como já era mãe de três filhos, deu várias dicas de como se cuidar de bebês. Ela e Patrick se deram muito bem. No dia de sua partida, Ellen se sentiu muito pesarosa, mas sabia que ela tinha que ir, tinha que voltar para sua própria família. “Vou sentir tanto sua falta.” Disse Ellen agarrada à irmã mais velha. “Eu também. De você, de Patrick e da crianças. Fiquei muito apegada a eles.” Sorria enquanto falava, porém sentiu que Ellen estava um pouco insegura. “Ellie, não se preocupe. Mary é muito boa com casa e com crianças. Vai dar tudo certo, você vai ver. E logo, logo, você já começa a filmar e tudo cai na rotina.”
  • 14. “Eu sei. Mas é que daqui uns dias Patrick também vai viajar, por quase dois meses. Tenho medo de não dar conta, sem ele”. Sentia-se egoísta ao falar estas palavras. Este filme seria outra grande realização para Patrick, ele precisava disto. Mas ficar longe dele seria difícil demais. “El, você tem que se acostumar com isto. Vocês são estrelas. Eu sei que você pode lidar com este negócio. O que é que está preocupando você?” Perguntou, mas no fundo sabia a resposta. Eram ciúmes de Patrick. “Kathy, er ... eu tenho medo de perdê-lo. Eu tenho medo de que ele deixe de gostar de mim, como deixou de gostar de Jillian. Eu sei que é uma bobagem, mas não paro de pensar nisso”. Ellen respondeu amargurada. “Ellen, Patrick não é mais um garotinho que muda de paixões a toda hora. Ele é um homem, um bom homem. Eu o conheço, eu vejo o olhar de adoração toda vez que ele te vê. Mais até do que aos meninos. Um homem que olha daquele jeito, não quer outra mulher não. Aliás, eu nem sei porque o mundo inteiro ainda não descobriu isso. Vocês dois, os olhares que mandam um ou outro, só um completo idiota não vê a paixão neles.” Disse sorrindo. “Quer saber? Até a filha dele, de apenas 6 anos descobriu. Como que o povo pode ser tão tapado?” Continuou Kathy. “Ele te ama, te adora, e se tem uma coisa que eu descobri nesta vida é que vocês tem de rir um com o outro, um do outro. E isto eu escuto bastante nesta casa. As gargalhadas de vocês. Isso mantém a felicidade, nunca deixe de rir com ele!” Então Kathy tinha ido embora. Acabando de amamentar os filhos, Ellen colocou-os nos bercinhos e deixando-os com Mary, foi tomar banho para esperar Paddy. Ela tinha um sorriso nos lábios. Sempre ficava assim, após amamentar os bebês. Eles já estavam ficando gorduchinhos. E, lindos, eram lindos. Eram xerox de Paddy. Não tinham quase nada dela. Apesar de serem idênticos fisicamente, tinham personalidades diferentes. Sean era tranqüilo como ela. Na sua hora de mamar, nada desviava sua atenção. Ele mamava no horário certo, o tempo certo, arrotava fácil e logo já podia ser colocado no carrinho ou no berço, que ele ficava feliz da vida, fazendo aqueles barulhinhos característicos de bebês, até cochilar. Já Taylor ... era uma confusão. Começava a mamar, se alguém falasse, principalmente Patrick, parava de mamar e olhava na direção do som. Se os cachorros latissem também. Tallulah, então era uma festa. Demorava uns 25 minutos a mais que Sean. Não gostava de ficar no carrinho, nem no berço, adorava ficar no colo e em pé. Nada de deitá-lo, ficava uma fera e chorava a não poder mais. Ellen já tivera que ralhar amorosamente com ele “Ora Taylor, assim ninguém vai querer ficar perto de você, seu bobinho”! Parecia-se demais com o
  • 15. pai, pensou Ellen sorrindo, e depois ficando com o coração apertado, quando se lembrava que Patrick iria partir de manhã. Na casa de Jillian, Patrick já havia colocado Tallulah na cama e ficou na janela olhando o último carro de paparazzi partir. Eles montavam barraca das nove horas da manhã até nove horas da noite, em frente a casa de Ellen, com o intuito de conseguir fotos dos meninos. Patrick já estava de saco cheio deles. “El, mostre logo estes bebês para eles, para podermos ter um pouco de paz”. Disse um dia especialmente estressante, em que ele queria ir cedo para lá e só conseguindo chegar quase meia-noite. Tinha perdido o pedaço da noite que guardava para os filhos. Isto estava se tornando um tormento. “Ficou louco, Paddy! Assim que eles puserem os olhos nestes meninos, vão saber que você é o pai.” Ele se sentiu inchando por dentro de tanto orgulho. “Calma, se já chegamos até aqui, vamos dar conta de esperar dois meses mais.” Saiu para a noite fria, certificando-se de que não havia mais ninguém escondido por ali, e entrou na ‘sua casa’. A parte de baixo estava já toda escura e ele subiu as escadas. Parou no quarto dos meninos, bateu e entrou. Os fofuchos estavam quase dormindo e Mary pediu para ele não fazer barulho, porque se Taylor percebesse que ele estava lá, só iria dormir depois de meia-noite. Mas não teve jeito. Ele queria beijá-los, pois não estaria lá amanhã. Acordou os dois. Ficou brincando com eles por uns quinze minutos, e jogando a bomba praticamente no colo de Mary, foi ver sua amada. Ellen estava deitada em cima da cama, de camiseta e calcinha, do jeito que ela gostava de dormir. “Ei.” Disse Patrick, como sempre, perdendo o fôlego ao vê-la. Ellen já tinha praticamente voltado a seu corpo normal. Um corpo lindo que ele adorava tocar. Fazia muito tempo que não faziam sexo. Mas ele sabia que ela não podia ainda. O que não ajudava muito com seu desejo. “Olá querido, você demorou hoje. Os meninos já foram dormir.” Respondeu com um sorriso. “Não foram, não”. Gargalhou quando disse isto. “Você sacaneou Mary de novo, né?” Gargalhava também, e se lembrou das palavras de sua irmã. “Eu demorei porque tinha um maldito paparazzo que não ia embora de jeito nenhum. Eu vou tomar um banho rápido e já venho”. E entrou no banheiro. Quando saiu, colocou a parte de baixo de seu pijama e foi em direção a cama. Sentou-se na cabeceira e puxou Ellen para si. Ela estava de costas para ele, e então ele começou a beijar a parte de trás de seu pescoço e ombros. Gostou quando viu que ela estremecia.
  • 16. “Então você vai amanhã!” Disse Ellen com um suspiro. “El, não estou com nenhuma vontade de ir!” Respondeu Patrick acariciando seu corpo com as mãos. “Não Paddy, você tem de ir, já conversamos muito a este respeito.” Ela estava totalmente relaxada com o toque das mãos dele. “Mas, vou morrer de saudades de você, dos meninos .... Eu nunca me senti assim, sempre viajei para filmar. Você é uma bruxinha, me enfeitiçou de corpo e alma, eu te amo El”. “Eu também de amo muito, Paddy, vou sentir muito a sua falta. Os meninos também, principalmente Taylor, ele já está grudado em você. Jesus, nunca vi tanta paixão.” Sorrindo e se apertando mais nele. “Nisto, e só nisto, ele puxou a mamãe”. Respondeu sorrindo, e vendo que Ellen estava sem sutiã, pela primeira vez, desde que os bebês nasceram, passou as mãos de leve em seus seios. “El, sua camiseta está toda molhada de leite, está vazando?” Perguntou por perguntar, pois estava óbvio. “Eu acho que você vai ter que me ajudar com isto.” Disse com uma voz divertida, porém cheia de desejo por ele. “Mas ... nós podemos ... quer dizer você já está podendo? Sabe .... “ De repente , estava sem palavras. “Sexo, claro que podemos. O Dr. Smith me liberou e disse que seu estivesse bem e disposta ..... Bem, eu estou bem e muito, muito disposta.” Então ele se virou na cama e ficou por cima dela. “Mas, isso não é território proibido para mim?” Perguntou se referindo aos seios dela. “Claro que não Paddy”, sua voz já era quase um murmúrio. “Você acha que vou deixar você viajar, assim?” Perguntou ela pegando em seu pênis e fazendo aquele movimento para cima e para baixo que o deixava louco de paixão. Gemendo e sem esperar por mais nem uma palavra, Patrick avançou sobre seus seios e gentilmente sugava todo o leite que havia em cada um. Ellen arfava, gemia se contorcendo. Tinha tanto tempo que eles não se tocavam um ao outro assim. Era bom demais, era delicioso. A língua dele era quente e suave. E a enlouquecia também.
  • 17. Eles estavam no cume do desejo, não havia tempo para preliminares naquela hora. Eles precisavam um do outro com urgência. Ellen estava tão excitada que assim que Patrick a penetrou, ela gozou. Assim, só de senti-lo dentro dela. E teve que sufocar um grito, senão todo mundo do quarteirão iria ouvi-la. “El? Já foi?” Disse Patrick atônito. “Desculpe, eu estava querendo muito isso. Mas nós ainda temos a noite toda, meu lindo.” “Temos? E se Mary chamar, os bebês chorarem....” Disse Patrick preocupado. “Eu pedi para Mary uma noite inteira com meu amado. Já tirei leite e deixei estocado na geladeira. E não vai acontecer nada com os bebês esta noite. Eles estão ótimos.” Disse sorrindo e se agarrando nele. “Seu corpo é lindo, Paddy, eu senti tanta falta dele...” “Então Miss Pompeo, eventualmente Mrs. Dempsey, tirou a noite para me seduzir, hein? Você não ficou com vergonha de falar uma coisa dessas para Mary?” Provocou-a. “Não precisei falar nada. Ele deve ter deduzido alguma coisa.....” “Malvadinha, malvadinha, olha o que você faz comigo”. E logo estavam se beijando apaixonadamente, ardentemente, suas mãos tocando cada parte do corpo do outro. Eles sabiam exatamente do que outro gostava, do que fazia o outro gemer. Fizeram amor a noite e a madrugada inteira. Quando finalmente, exaustos foram dormir, Ellen lembrou-se de uma coisa importante. “Paddy, quando você voltar, vai faltar pouco para Encantada estrear.” Ele olhou para ela com os olhos brilhando. “E vou poder dizer ao mundo o quanto te amo”. Disse adormecendo em seguida. Patrick partiu cedo para o aeroporto, pois ele tinha que passar no trailer, ainda, para pegar sua mala. Falaram-se pouco, em parte por causa da emoção, porque se falassem deixariam transparecer a tristeza, em parte por causa do sono. Patrick sabia que assim que entrasse no avião iria dormir. Abraçou e beijou Sean e Taylor que, claro, brigou quando o pai o deixou no berço, e agarrou Ellen em um abraço bem apertado. Até hoje ele se surpreendia como seus corpos se moldavam um ao outro, como peças de quebra-cabeças que se juntavam. “Adeus, meu amor, eu te ligo quando chegar em Nova York. Cuide bem de meus bebês” . Dando-lhe um último beijo, saiu rapidamente, antes que os famosos paparazzi estacionassem na frente da casa. Ellen sentiu que um pedaço de seu coração tinha ido embora. Sentiu mais frio do que fazia, ela ia sentir tanto sua falta. Ainda bem que tinha os seus bebês e que iria começar a filmar GA na próxima semana. Naquele instante, Mônica entrou
  • 18. pela porta e vendo as olheiras no rosto de Ellen se preocupou. “Ellie, os meninos deram trabalho esta noite? Você está com uma cara acabada!” “Mônica, eles praticamente não dormiram nada, esta noite!” Disse gargalhando, pegando Sean para mamar primeiro, com Mary juntando sua gargalhada a dela. Mônica não entendeu nada. A correria entre as gravações e sua casa deixava Ellen exausta. Às vezes ela tinha que levar os bebês e deixá-los no trailer com Mary, para ela poder amamentá-los. Eles não saíam de dentro de trailer por causa dos paparazzi. Ela ainda tinha medo de mostrá-los ao mundo. Eles estavam cada vez mais parecidos com o pai. Tinham aqueles olhos azuis maravilhosos, expressivos. E o sorriso, até o sorriso. Desdentado. Óbvio. Mas idêntico ao do pai. Nesses dias, em que eles iam ao set, seu trailer virava uma festa, era um entra e sai sem parar. Todos queriam ver os gêmeos. O resto do elenco, que não sabia da paternidade, ficava desconfiado. Mas, como ninguém dava nem uma palavra sobre o assunto, eles também ficavam calados. Porém, uma coisa boa veio disso. Já era quase tempo de Patrick retornar. Enquanto isso, do outro lado do mundo, Patrick teve uma boa notícia. “Patrick, as gravações acabaram, deu tudo certo. Você deve voltar à América amanhã mesmo.” Disse o diretor do filme. “Qualquer coisa o escritório entrará em contato. Gostei muito de trabalhar com você. Apesar da saudade que sentia de sua família, ele assustou-se. O tempo passou tão rápido, nesta correria Nova York/Grã-Bretanha. Ele conversava com Ellen e Tallulah praticamente todos os dias por telefone. Várias vezes conseguiu acessar a webcam e viu os bebês. Ele se emocionava ao ver como eles cresciam e mudavam rapidamente. Como os amava! Ellen lhe contou que um dia Jillian foi até a sua casa levando Tallulah. “Paddy, a barriga dela já está enorme. Ela foi muito gentil comigo. Nós não chegamos a ficar amigas, você sabe, é meio constrangedor. Mas chegamos à conclusão que para T vai ser muito melhor se pudermos nos tratar civilizadamente. Ela até carregou Taylor, que estava acordado, novidade.” Patrick riu de como ela falava de Taylor. Ele acabava com ela. E ela tinha a audácia de dizer que ele era igualzinho ao pai. O que ela queria dizer com aquilo? A saudade o corroía. Que bom que iria embora. Se Deus quisesse, ele chegariaem casa em menos de 48 horas. Ele não ia contar a Ellen, ia fazer uma surpresa. Já entardecia quando Patrick chegou em LA. Pegando o taxi ele deu o endereço da casa de Jillian, pois ainda não podia já ir entrando na casa de Ellen. Quando o taxi passava pela casa de Ellen, ele viu Chris sair de dentro dela, acompanhado
  • 19. por Ellen. Seu sangue ferveu na hora. A torrente de ciúmes que passou por ele, fazia-o trincar os dentes. Ele queria poder parar na hora e ir até lá para tirar satisfações. Porém, sua raiva teria que esperar. Ele espumava. Bateu na porta, olhando para trás e o homem ainda conversava com Ellen na varanda. Nem tinham se dado conta que ele tinha chegado. Nem os paparazzi. Estavam todos tirando fotos dos dois. Amanhã ia ser capa dos tablóides, Patrick já podia ver “Suposto pai de gêmeos vai visitá-los”. Jesus, como sentia ódio. Assim que a porta se abriu ele ouviu a vozinha amada. “Papai, papai, que bom que você chegou! Estava morrendo de saudades, papai.” A alegria no rostinho de sua filha o fez esquecer momentaneamente a cena que vira do lado de fora. “Ei, minha princesinha. Papai também estava morrendo de saudades de você. Trouxe um tanto de lembranças da Grã-Bretanha para você. Quer ver agora? O que você está fazendo?” Perguntou abraçando e beijando sua linda menina. “Agora estou lanchando. Mais cedo eu fui ver Sean e Taylor, papai. Eles estão lindos, muito fofinhos. Ah, mas você vai vê-los hoje, não vai?” A menção dos nomes de seus filhos, fez a raiva voltar. “Quem estava na casa de Ellen?” Perguntou procurando saber quantas horas Chris estiva dentro da ‘sua casa’. “Que coisa feia, Patrick, ficar perguntando isso para sua filha inocente”. Jillian havia chegado sem ele notar, com uma ponta de divertimento em sua voz. “Você está morto de ciúmes, não é? Engraçado, você nunca foi ciumento assim comigo. Nós nunca tivemos isso”. Não disse isso triste, era somente uma constatação. “Não estou com ciúmes”. Respondeu de cara fechada. “Como vai você? Está tudo bem, com o bebê? É menina, não é, T me contou, quando liguei da última vez. Vocês estão felizes?” Conversar desviava sua atenção da raiva. “Super felizes. Doidos para Encantada estrear, como vocês. Ainda bem que só faltam 15 dias. E aí, Patrick podemos entrar com os papéis do divórcio. Fiquei sabendo que os gêmeos nem puderam ser registrados ainda. Você não quis que só a Ellen os registrasse”. Perguntou esperando sua reação. “Não. Eles têm pai. E no dia 21 de novembro o mundo inteiro vai saber quem é. Não aquela palhaçada que está acontecendo lá fora. Estão tirando fotos para colocar nos tablóides amanhã. E amanhã Chris vai ser o pai deles para o mundo todo”. Ele quase gritava de tanto ódio. Jillian teve que colocar a mão na boca para não rir na frente dele. Patrick, você está insano. Não sabe o que vai sair nos tablóides. Acalme-se, ou vai ter uma cirrose.”
  • 20. Falando isso, foi para cozinha para servir um café para ele, enquanto Tallulah acabava o lanche para ver os presentes. Depois dos presentes vistos, e de Tallulah ir para a cama, ele agradeceu Jillian e andando sorrateiramente pela rua, abriu a porta com sua chave e entrou dentro de casa. Viu luz na cozinha e se dirigiu para lá. Ellen estava de costas, colocando comida no prato dos cachorros. Ele pigarreou e ela se virou para ele com os olhos arregalados. “Paddy, Jesus ... que susto você me deu. Paddy, você chegou!!” E largando o pacote de ração em cima da mesa correu para ele, emocionada. “Nossa, que saudades eu senti de você!” Disse tentando abraçá-lo, mas ele mantinha os braços para baixo. Ela ficou totalmente confusa. “Paddy, o que foi?” “Ficou mesmo com saudades?” Perguntou irônico com a voz fria, a raiva não o deixava pensar coerentemente. “O que que há? Por que você está me tratando assim?” Ellen estava completamente perturbada, e de repente a compreensão chegou como uma luz acendendo. “Já sei, você viu Chris aqui e já está pensando merda de mim, como sempre”. Disse furiosa. “Você ainda continua achando que eu sou uma prostituta, Patrick?” Lágrimas de decepção e raiva começaram a ser formar dentro de seus olhos. Não era isso que ela esperava. Ela sentiu tanta falta dele, nestes dias todos e ele não gastou duas horas para deixá-la naquele estado. “Reparou que você nem perguntou por seus filhos? Se eles ainda estão vivos?” Se estão bem?” Agora era ela que não falava coerentemente. Ficaram se encarando, assim, furiosamente por vários minutos, até que a raiva de Patrick passou. Ele não conseguia ter raiva dela, ela era linda, ele a amava, ele ficava sem fôlego só de a ver. A raiva em seu rosto a deixava ainda mais bela. Mas ele não queria a raiva dela, apesar de ele mesmo ter provocado. Só amor. “El, me desculpe. Eu sou um idiota.” “Sim, é mesmo, e não te desculpo.” Ainda estava irritadíssima. “Nem se eu trouxer sua comida preferida, ou te chamar para fazer compras no shopping, ou ... quem sabe ... sexo selvagem....” Disse já querendo sorrir. Olhando para o rosto amado, Ellen não agüentou e começou a rir, a raiva indo embora. Logo estavam rindo, e se abraçando, e se beijando. “Você é um idiota possessivo e ciumento.” Disse ela entre os beijos. “Impulsivo e descabeçado”. Mais um beijo. “Depois fica perguntando porque eu falo que Taylor foi feito a sua imagem e semelhança!” Mais beijos.
  • 21. Patrick a espremia contra o balcão da cozinha e passava a mão por toda ela. “Então, o que o sr. Ivery veio fazer na minha casa?” Perguntou enquanto a acariciava. “Paddy, Mary vai nos ver aqui assim desse jeito!” Disse ela acariciando seus cabelos. “Me responda, El.” Continuou ele torturando-a. “Ele só veio conhecer os gêmeos. Ele é uma boa pessoa. Eu não podia bater a porta na cara dele. Ele ficou curioso, quando soube da história de inseminação artificial”. Respondeu ofegante. Os toques de Patrick a deixavam enlouquecida, não conseguia pensar direito. “Ah, aposto que ele veio ver se os meninos se pareciam com ele. E a cara dele caiu, não caiu, quando viu os meus filhos?” Perguntou mais uma vez, beijando seu pescoço e ombros. “Eu não sei se ele veio conferir, não. Mas que ele percebeu que os meninos eram seus, ele percebeu sim. Só de olhar uma primeira vez. Mas ele não perguntou nada. Aceitou tudo que eu disse numa boa”. Ela já estava gemendo. “Será que ele não vai contar para a mídia sobre isso?” Patrick perguntou alarmado. “Eu acho que não, Paddy, mas não tenho certeza absoluta. Eu não quero pensar nisso agora. Eu só quero pensar em como estou feliz que você tenha voltado para casa. Você tem que me contar tudo. Gostou das filmagens, do elenco, da co- estrela?” Perguntou com malícia na voz. Afastando-se dela um pouquinho, ele respirou profundamente. “Mais tarde eu te conto tudo. Desculpe meu ciúme El, eu te amo muito. Os bebês já foram dormir? Eu gostaria de vê-los. Estou morrendo de vontade de beijá-los.” “Bom, Mary já subiu com eles faz uns vinte minutos. Sean pode ser que esteja dormindo, o Taylor com certeza, não”. Sorria com adoração nos lábios ao falar de seus filhos. Pegando a mão de Ellen, Patrick correu para escada e subiu os degraus de dois em dois fazendo o maior barulhão. Eles subiam as escadas rindo. Abrindo a porta com estardalhaço, Patrick entrou chamando pelos bebês. Mary levou um susto, mas depois sorriu. As crianças não tinham dormido ainda, estavam balançando os bracinhos, as perninhas, fazendo barulhinhos de bebês. Ao som da voz do pai, Taylor levantou a cabecinha, fez beicinho e começou a chorar. Patrick correu para ele, o pegou em seus braços, e beijou e beijou suas
  • 22. bochechas até ela ficar vermelha. Depois, pegou também Sean e fez a mesma coisa. “Papai estava morrendo de saudades de vocês, gorduchinhos!” E acenando para Ellen vir também para seus braços, os quatro ficaram abraçados assim, por vários segundos, até Taylor começar a se agitar. “Oh, pode parar seu encrenqueirozinho, ta na hora de dormir”. Disse Ellen o segurando nos braços, deu-lhe um beijo e colocou-o no berço. “Você também.” Patrick falou colocando Sean no outro bercinho. Virando-se pegou Ellen pela mão, deu boa noite para Mary e já ia saindo quando lembrou-se de perguntar. “Ellen, você já deixou as mamadeiras prontas?” Ellen corou violentamente enquanto ele sorria. “Pode deixar Ellie, eu durmo com os bebês hoje. Mas, amanhã é meu dia de folga, lembra-se? Vocês vão ficar sozinhos com os bebês. Então, aproveitem.” Disse com um sorrisinho malicioso. “Paddy, você não tem jeito mesmo!” Sorria apesar de tudo. Já estava bem tarde, quando eles, acabados, mas felizes, o sexo era bom e quente e terno e apaixonado, foram dormir. Amanhã seria um dia agitado para eles, já que ficariam sozinhos com os bebês. Como seria sábado, Ellen sugeriu que Paddy pedisse para alguém trazer Tallulah para passar o dia com eles, talvez ela pudesse dormir lá. “Vamos dormir, meu amor, amanhã a gente conversa sobre tudo, isto é, na hora que der!” Disse Patrick caindo no sono na mesma hora. Ellen ainda ficou um pouco mais acordada. Ela olhava para aquele homem. O homem que era tudo para ela. Um homem que ensinou-lhe a diferença entre fazer amor e fazer sexo. Um homem que a fez ser mãe. Um homem que a realizava, como um todo. E como era belo. Era engraçado, bom pai e, claro, possessivo, ciumento e impulsivo. E isto a fazia amá-lo mais ainda. Acariciou mais uma vez seus cabelos e suas bochechas e também caiu no sono. A manhã já estava um agito, entre fraldas, bebês, cachorros, quando a campainha da porta da frente tocou. A moça que trabalhava para Jillian e cuidava de Tallulah deixou a menina com sua mochila e foi embora. Os paparazzi a importunavam quando ia embora. “Quem vai olhar a menina? Ellen Pompeo? Sozinha?” A garota respondeu qualquer coisa que Ellen não ouviu, enquanto fechava porta.
  • 23. “Oi linda! Que bom que você veio.” Abraçou a menina e beijou sua bochecha. “Seu papai e os bebês estão lá fora no jardim. Vá para lá que eu já vou levar suco para vocês”. E abriu a porta para o pátio para Tallulah passar. A campainha tocou de novo e desta vez era Mônica. Ela vinha todo o dia para ficar com Ellen. Ellen já a tinha avisado que Patrick chegara, mas ela falou que não queria perder o dia de festa, e que ela também ajudaria. Mônica não tinha família e adotou a de Ellen como a dela. O dia transcorreu tranqüilo, os bebês ficaram bem e Tallulah ficou para dormir com eles. À noite, deitados em sua cama, já com todo mundo dormindo Ellen e Patrick estavam conversando. “Que dia ótimo, hein? Mas eu realmente fiquei mais cansado, do que quando tenho que filmar o dia inteiro”. Sorriu divertido. “É, cuidar de crianças não é fácil não! Mas é gratificante ver a felicidade nos rostinhos deles.” Disse Ellen se aconchegando nele. “El, hoje eu realmente não dou conta!” Falou gemendo. “Nem eu. Só quero ficar bem pertinho.” “O que você quer de aniversário, meu bem?” Perguntou Patrick suavemente. “Nossa é mesmo, eu nem estava me lembrando disto. Oh, eu não quero nada. Já tenho tudo que eu poderia querer”. Disse se referindo-se a ele e às crianças. “Você vai dar alguma reunião, uma festinha?” “Não, Paddy, nós temos que filmar nossas cenas atrasadas de GA o dia inteiro, vamos ficar super cançados. E a noite, têm os bebês. Não, ano que vem eu penso em alguma coisa”. Disse resoluta. “Boa noite, lindo. ” Boa noite, linda!” Patrick acordou com o barulho insistente de seu blackberry tocando na cabeceira da cama. Olhando para o celular, com uma cara ainda meio atordoada, atendeu. “Patrick, onde você está?” Era Leslie, e pela voz era importante. “Onde posso estar?. Na minha casa, com Ellen e meus filhos.” Respondeu jocosamente, mas um pouco preocupado. “O que aconteceu para você me tirar da cama tão cedo, domingo?”
  • 24. “Se eu fosse você abriria o seu PC na página de entretenimento do Yahoo. Ah, e também não deixaria de comprar uns tablóides na banca da esquina.” Disse com voz feroz. “Leslie, no momento estou incapacitado de fazer as duas coisas. Então, por favor, só me conte o que está acontecendo!” Sua voz se elevou e Ellen acordou. “Bem, parece que alguém de sua vizinhança abriu o verbo e contou para quem quisesse ouvir que você mora aí na casa de Ellen. Então, não satisfeitos, alguns paparazzi subiram no muro, e não sei como vocês não viram, tiraram várias fotos da linda família junta”. “O que?” Patrick estava estarrecido e Ellen do seu lado não entendia nada. Só sabia que era uma coisa ruim. “E agora, será que tem jeito de amenizar os danos?” “Patrick os executivos da Disney já ligaram para mim. Eles querem uma reunião agora, no meu escritório. O pessoal da ABC também vem para cá. Você também tem que vir já. O que eu posso fazer é enrolá-los um pouco mais. Vou dizer que vocês são muito amigos, que você levou sua filha para passar o dia com Ellen. O problema vai ser a imagem dos bebês. Eu nunca os vi pessoalmente Patrick, mas pelo que aparece nas fotos, será uma tarefa difícil enganar a todos”. Desligando seu celular, Patrick tratou de se vestir. “Quem era? Aonde você vai?” Não querendo preocupá-la, Patrick inventou uma desculpa. “Era Leslie. Aconteceu algum problema com o contrato de fotos para publicidade e ela achou melhor eu passar lá para tentarmos resolver.” Ellen sentia que ele não estava dizendo toda a verdade, mas iria esperar quando ele voltasse. Aí saberia de tudo. Ellen ficou olhando pela janela a saída de Patrick. Parecia que ia chover muito. O ar da manhã estava pesado com a umidade, mas reservava a sua carga, deixava- a em espera, como uma viúva piscando para conter as lágrimas. Devia ser por isso que não havia nenhum paparrazo por perto. Por causa da chuva. O coração dela também estava pesado, com presságios ruins. Faltava tão pouco para eles poderem ser completamente felizes. Ela não queria mais ver Patrick entrando e saindo sorrateiramente de casa. Ela queria passear com os meninos pelas ruas, nos parques, nas praças, não escondê-los de todo mundo, como se fossem párias. Eles eram tão pequenininhos, tão inocentes os seus bebês. Sempre que pensava neles seu coração se enchia de um amor tão grande, tão puro. Sua vida era boa. Ela trabalhava fazendo o que amava, estava com o homem que amava e tinha filhos lindos. Mas não poder dizer isso abertamente, viver uma vida dupla estava a consumindo aos poucos. E agora parecia que haveria mais problemas. Reunião no domingo? Boa coisa não seria.
  • 25. Suspirando, foi ficar com os bebês, pois desviaria um pouco a sua atenção de Patrick. Ela gostaria de ter ido com ele. Para lhe dar forças. Ma ele não quis nem falar a verdade sobre o assunto. Ela não gostava de ver as pessoas que ela amava sofrerem. Após amamentar os bebês, ela foi para a cozinha dar comida para Gigi e Valentino, quando seu celular tocou. “Alô!” “Olá Ellen, é Sandra, tudo bem com vocês? Como vocês estão reagindo?” “Reagindo, como assim?” “Ih, você não entrou na internet hoje ainda?” Sandra começou a ficar preocupada com a indiscrição. “Sandra, você sabe que eu não tenho tempo para quase nada agora. Mas por favor me conte. Eu sei que alguma coisa aconteceu, Patrick saiu daqui voando hoje de manhã. E é domingo.” Respondeu frenética. “Oh, Ellie não queria ser eu a te dar más notícias, mas se eu já liguei, fazer o que. Bem, a net está cheia de fotos do pátio da sua casa ontem, mostrando todo mundo, inclusive os bebês. Aliás, foram os mais fotografados. E a reportagem diz que uma fonte contou que Patrick, na verdade, mora aí com vocês, e que os bebês são filhos dele. E olha Ellie, vai ser difícil desmentir isso, porque as fotos dos bebês não mentem. Só se vocês disserem que ele contribuiu para a fertilização “in vitro” com o esperma dele. E isso, baby, ninguém vai acreditar. E sabem por que não vão acreditar? Porque há anos a mídia vem insinuando que vocês têm um caso. E não é para menos, seus olhares dizem tudo. Todo mundo vê em todas as fotos que tiram juntos. Vocês nunca conseguiram esconder a atração que um sente pelo outro, não é mesmo? E em Hollywood é assim, onde há fumaça, há fogo.” Sandra falou até mais do que devia. A mão de Ellen estava suando tanto, que o celular chegava a escorregar. “Ai, Sandra. O que vamos fazer? Eu não temo por mim, nem pelos bebês, nós temos Patrick. Mas e ele? Ele não vai agüentar se a Disney o cortar de Encantada. Logo mais agora, faltando 10 dias?” Ellen estava atordoada. “Você realmente acha que vão cortar Patrick do filme nesta altura? Eles não são tolos, El.” Ponderou racionalmente Sandra. “Engana-se você, eles podem tudo. Então por que motivo de tê-lo chamado para uma reunião hoje?” Ellen relutava em acreditar nas palavras da amiga. “Não tenho a menor idéia. Mas, fique calma, se puder. Você quer que eu vá para ir ficar com você? Ofereceu Sandra.
  • 26. “Claro, assim a gente conversa sobre outras coisas, e você pode brincar um pouquinho com os meninos, tem muito tempo que você não os vê.” Sandra era divertida e iria desviar um pouco sua atenção. Mas ela estava muito preocupada com a reunião de Patrick. Porém, no fundo de sua alma, ela estava até aliviada de que tudo isto estivesse acontecendo. De uma forma ou de outra, a vida de fingimento estava acabando, e acontecesse o que acontecesse, seria um alívio para todos os envolvidos. Leslie tinha acabado de dar as coordenadas a Patrick sobre o que ele teria que falar, quando a secretária anunciou a chegada dos outros componentes da reunião, pelo interfone. Olhando para a porta que se abria, Patrick viu entrar o diretor executivo da Disney em LA, três executivos da ABC e por fim, Shonda. Seu corpo estava retesado de tanta tensão. Sentando-se todos em uma grande mesa retangular, o diretor da Disney pigarreou e começou a falar. “Ok, meu nome é Steve Morris e tenho pouco tempo de LA. Dois meses. O outro cara antes de mim se aposentou e fui designado para este cargo. Bom, sr. Dempsey, não quero tomar muito de seu tempo, então vamos direto ao assunto. Tenho aqui um acordo entre o senhor e a Disney, onde você diz que não iria se divorciar antes da estréia de Encantada.” “Eu não me divorciei.” Interrompeu Patrick. “Sabemos disso, mas a mulher que está nestas fotos não é a sua, não é mesmo? Ela é um caso? Sua mulher sabe disto?” Perguntou mostrando a Patrick uma foto da tarde anterior, onde ele estava com um dos bebês no colo e abraçado a Ellen, dando-lhe um beijo na boca. Pegando a foto em suas mãos suadas, toda a sua vida passou pela sua mente. Ele deu um sorriso, enquanto observava a foto. O amor que ele sentia por eles era enorme, sem eles a vida não valeria a pena. Então tomou uma resolução. “Não, não é a minha mulher do papel, e também não é um caso, é a mulher da minha vida!” Disse convicto, e logo que o fez, sentiu um alívio enorme, enfim, os muros iriam cair, para o bem ou para mal. “Patrick, o que...! Leslie começou a falar, não tinha sido isso que tinham combinado que ele dissesse, mas Patrick, levantando a mão, não a deixou continuar. “Não, deixe-me terminar. Faz mais ou menos, um ano e meio que eu fui fazer as filmagens para Encantada em Nova York. Lá descobri que eu estava apaixonado por Ellen. Assim que cheguei em LA, minha mulher e eu resolvemos nos divorciar,
  • 27. vocês sabem disso, mas não pudemos, pois os executivos, na época, disseram que se isto acontecesse, iriam rescindir meu contrato. E eu por vaidade, consenti.” Enquanto Leslie olhava para ele estarrecida, os outros o encaravam seriamente, prestando atenção. “Vaidade, pura vaidade. Fui egoísta, magoei pessoas que eu amava com esta decisão. Mas o que passou, passou. Eu posso ser um homem melhor agora. Pois bem. Com esta minha decisão, passei a ter uma vida dupla e com isso levei duas mulheres a fazerem o mesmo. Jill, que se apaixonou por outro homem, e espera o filho dele. É isso mesmo.” Completou ao ver a cara de espanto dos homens que estavam na reunião. “Ela foi obrigada a contar ao mundo que o filho era meu. Para salvar as aparências. E Ellen, que sofreu tanto com a gravidez. Na época eu achava que tinha sido um descuido, hoje sei que foi uma graça que Deus me deu, ela ter engravidado. Ela teve que passar a gravidez inteira dizendo que seus filhos não tinham pai, que eram fruto de inseminação artificial. Mas não eram, são meus. Eu não pude participar de quase nada de sua gravidez, por causa da minha vaidade. Ela tinha que ir sozinha aos médicos, aos exames, tudo para me poupar. E eu cego que fui não via isto. Quanto sacrifício fizeram por mim. Eu não pude ver o nascimento ... dos meus filhos!” Ao dizer sua voz ficou rouca e seus olhos brilharam com as lágrimas, mas ele não as deixou cair. “Mas mesmo sem eu merecer, outras pessoas ainda me ajudaram muito, me deram forças, e eu agradeço muito a elas”. Disse olhando para Shonda e viu que os olhos dela também tinham lágrimas. “Eu nunca gostaria de ter exposto tanto minha vida pessoal, como hoje. Mas foi preciso. Não quero saber o que vai acontecer agora. Eu não vou esconder mais minha família, já chega de sofrimento. Vocês podem fazer o que quiser com meus contratos. Outras pessoas fizeram coisas muito piores e continuam na mídia, fazendo filmes milionários. Eu só tenho a agradecer a Disney por ter me dado tão boa oportunidade e à rede ABC, a quem eu devo muito, pois confiaram em mim e isto alavancou minha carreira. Porém, não posso dar a minha alma a vocês, isto vocês não podem ter.” Respirando profundamente, passou a mão pelos cabelos e ficou esperando a resposta de seus chefes. Passaram-se vários minutos, até que Steve falou. “Patrick, posso te chamar pelo primeiro nome?” Com o assentimento de Patrick continuou. “Eu sei que você já falou, muita coisa que não queria, mas eu gostaria de saber, desde quando mesmo, que você descobriu que estava gostando de outra mulher?” Patrick ficou confuso com a pergunta, pois o que adiantaria a data? Mas, já que tinha exposto toda a sua vida, que mal haveria em responder mais esta pergunta. No momento em que ia falar, Shonda interrompeu-o.
  • 28. “Desde que eu o apresentei a ela, no set, para os primeiros testes. Eles não sabiam, ainda, mas a química foi forte entre eles. Nunca mais se deixaram de se olhar. E o que se via nos olhos deles era amor. Amor, apaixonado. Sempre foram muito carinhosos um com o outro. Eles só não sabiam, o que o mundo todo sabia. Desculpe, Patrick , mas eu tinha que falar. Estava entalado na minha garganta, desde que vocês começaram a sofrer por causa deste amor.” Disse sorrindo para ele. Patrick ficou pensando nas palavras de Shonda, e então o véu que tampava seus olhos caiu. Foi isso mesmo. Foi desde a primeira vez que a viu. Como ele pôde ser tão obtuso? Mais uma vez, a vaidade. Como ele não percebeu o sorriso que ela sempre deu a ele? Em como nas fotos de publicidade, pareciam ser o casal mais feliz da terra? Oh, Ellen, pensava ele, como fui um tolo cego. “Obrigado Shonda. Por abrir meus olhos.” Sorriu de volta para ela. Neste instante o diretor da Disney continuou a conversa. “Muito bem Patrick, vamos ao que interessa. Quando cheguei aqui, pensei que ia ver um astro babaca, que iria dizer que as fotos eram falsas, que tudo foi um engano, que jogaria a responsabilidade por tudo em outra pessoa, e o que vi foi um homem honesto e íntegro.” Patrick olhava sem palavras para dizer. Leslie pensava que graças a Deus, Patrick não lhe deu ouvidos, porque se o fizesse, diria exatamente o que o homem estava pensando. “Bom, quanto a Disney e também quanto à ABC, eu posso dizer, Patrick, você está liberado para fazer o que bem entender de sua vida. Posso aconselhar uma coisa? Libere um comunicado, disse olhando especialmente para Leslie, contando todo o sofrimento, seu, de Ellen, de sua esposa, o povo gosta bastante disso, antes de ver um filme. Do meu ponto de vista, vai ser um bom marketing para Encantada, e para os fãs de Grey’s Anatomy não poderia ser melhor. Já imaginou ‘Dempeo’ ser verdade? Só não coloquem a Disney como a causadora disto tudo, por mais que o diretor antes de mim fosse tão intransigente. Não sei como vão fazer isso, mas acho que conseguem, não é?” “Cl... claro” gaguejou Leslie abobalhada. “É o meu trabalho”. Patrick continuava sentado em sua cadeira, mudo. Não tinha ainda apreendido tudo que o diretor da Disney estava falando. “Quer dizer que posso entrar com o pedido de divórcio amanhã se eu quiser?” “Sim. Não sei por que não poderia fazê-lo!” Respondeu o homem importante. “Vocês já passaram por muito sofrimento, sem razão.”
  • 29. “Eu posso entrar na casa de Ellen, a partir de agora, minha casa, sem ser escondido? Eu posso registrar os meus bebês? Eu posso mostrá-los ao mundo? Minha filha pode saber que tem irmãos?” Tudo isto vinha em sua cabeça aos borbotões. “Patrick, você já estava resolvido a fazer isto tudo no começo da reunião. Você só não colocou em palavras.” Lembrou-o Shonda sorrindo novamente. “Eu sei, mas o endosso de vocês torna tudo mais fácil, não é?” Naquele instante, ele sentiu uma vontade imensa de ir embora, contar para Ellen que eles, enfim, poderiam ser um casal de verdade. “Preciso .... ir embora, só preciso ir embora.” Falou freneticamente. “Pode ir Patrick, eu acabo de resolver tudo”! Pelos menos era o que Leslie podia fazer. Passando por Shonda, Patrick não resistiu e lhe deu um beijo estalado na sua bochecha e sussurrou no seu ouvido, “Obrigado por tudo!” Ele sabia que devia haver algum dedo de Shonda na decisão daqueles altos executivos. Um dia iria perguntar a ela. Foi correndo para o carro. Ellen não agüentava mais de apreensão. Nem os meninos, nem Sandra conseguiam tirá-la daquela agonia da espera. Patrick não ligava, e ela tinha medo de telefonar e interromper alguma coisa importante que estivesse acontecendo. De repente, ouviu-se uma balbúrdia do lado de fora de sua casa. A porta foi aberta e Patrick entrou como um furacão para dentro de casa, na frente de todos os paparazzi, que foram parar lá depois da notícia veiculada pela internet e pelos tablóides. “Paddy??!” Ela estava completamente atônita. “Você está bem..., o que aconteceu... você pode entrar assim, com todo mundo tirando fotos, depois de tudo que saiu?” “Então você já ficou sabendo das reportagens?” “Sim, Sandra me ligou, ela não sabia que eu ainda não tinha conhecimento, e daí me contou tudo.” Ela dizia, ainda sem compreender nada. A expressão do rosto dele estava boa, diria que ele estava doido para rir, ela era quem devia estar maluca. Como ele iria rir de tudo aquilo. Ele chegou perto dela e abraçou-a. Abraçou-a tanto, tanto. “Ellen meu amor, minha vida, como fui cego, idiota, egoísta. Como que eu pude te fazer sofrer tanto, e você nunca reclamou? Meu Deus, nem em mil anos vou poder recompensá-la.”
  • 30. Ellen pensava que agora ele tinha pirado mesmo. Não estava falando nada com nada. “Paddy, o que aconteceu na reunião, pelo amor de Jesus?” “Acabou, Ellen, acabou!” Ela esfriou até o dedão do pé. Jesus, eles tinham rescindido o contrato dele. “Ah, Paddy, que pena. Eu fui culpada, eu deveria ter tido mais cuidado. Eu não deveria ter engravidado.” Ela não sabia o que dizer. Seus olhos encheram-se de lágrimas. “Não, El, só escute-me, por favor, antes de falar asneiras!” Disse apertando-a ainda mais em seus braços. Até nessa hora, ela puxava a responsabilidade dos dois para si, sozinha. Como ele amava esta mulher. “El, eu fui liberado pela Disney para fazer o que quiser da minha vida, não fui mandado embora.” Assim que ela se acalmou um pouco, ele continuou. “Mas, eu já tinha resolvido isto, antes da reunião começar, El. Eu prometi a mim mesmo que não iria dar minha alma para eles. Minha alma é você, meus bebês, minha filha. Eu não iria abrir mão mais de vocês. E eu falei isto para eles.” Disse sorrindo. “E não acharam ruim?” Perguntou ela já relaxando em seus braços. “Pelo contrário. O novo executivo que entrou no lugar de um que se aposentou, quer que Leslie conte nossa história para mídia, você acredita? Ele acha que é um bom marketing para Encantada”. Ellen sofremos tanto tempo por isso, por minha causa. Não é você a culpada, sou eu. Fui vaidoso, e egoísta. Sacrifiquei as pessoas que mais amo. Não tenho desculpas”. Disse tirando as mãos dela e sentando-se no sofá, com as mãos na cabeça. “Paddy, nós fizemos isto juntos. Não venha agora também querer ser o culpado de tudo. Se eu aceitei, é porque eu queria, porque eu te amo.” Disse Ellen sentando- se ao lado dele e o acariciando. “Mas, volte ao que interessa. Me conte tudo!” Encorajado, ele continuou. “El, amanhã mesmo, entro com os papéis do divórcio. Como já estamos separados há muito tempo mesmo, eu já tive filhos e ela espera filho de outro homem, o divórcio sairá rapidamente. E, amanhã mesmo, vou registrar os meus filhos, meus bebês ...” Toda a emoção represada na reunião escapou para fora, neste instante. Todo o sofrimento, tudo por que passaram, jorrou para fora. Eles choraram juntos, como crianças, agarrados um ao outro.
  • 31. Naquele momento, Sandra e Mary entravam na sala, cada uma carregando um bebê e vendo-os daquele jeito se assustaram. “Ok, quem morreu?” Perguntou Sandra meio sem graça. Então, mesmo entre lágrimas, os dois começaram a dar risadas, deixando as duas sem saber o que fazer. Uma hora depois, Patrick conseguiu contar tudo sobre a reunião para elas. Ele não estava agüentando esperar por mais um dia, para fazer tudo o que devia ter feito meses, não, anos atrás. “Calma, Paddy, nós já esperamos tanto, mais um dia, que mal fará!” Dizia suavemente Ellen. Ela havia acabado de amamentar os bebês, e isso geralmente a deixava num estado de espírito tão bom, tão calmo. Então Patrick teve uma idéia. “Bem, uma coisa eu posso fazer hoje, agora. Ponha os bebês nos carrinhos e vamos passear com eles até uma praça, anda!” Disse impaciente, quando viu que Ellen não se mexia do lugar. “Sério?” “Claro. Quero mostrar ao mundo todo, já que eles desconfiam que eu sou o pai, que eu sou mesmo o pai deles! Anda, se você não quiser, eu vou sozinho!” Já tinha pegado os dois meninos e colocado cada um no seu carrinho. “Não te falei, Sandra, quem o Taylor puxou? Nossa, que impaciência. Acabei de dar mamar. E não é só sair, assim não. Temos que levar algumas coisas. Não sei se vai ventar, chover, temos que levar umas roupinhas, a mamadeira de água.” “El, nós só vamos até ali, na praça, por Deus, não vamos nos mudar!” Já disse indo em direção a porta. “Nós não conseguiremos dar um passo, você quer apostar quanto?” Disse ela levantando-se e indo atrás dele apressada. “Sandra vem também?” “Só se eu fiquei louca!” Mas estava rindo quando falou. Aquilo era uma coisa para os dois, finalmente, fazerem sozinhos, sem ninguém encobrindo. “Deus lhes ajude!” Gargalhou. Assim que a porta se abriu, e eles saíram com os bebês nos carrinhos, todos os paparazzi olharam para a cena. Primeiro ficaram sem reação. Eles não esperavam por aquela demonstração. Mas no segundo seguinte, começou a balbúrdia novamente. Patrick levantou a mão e pediu para falar.
  • 32. “Vou ficar parado aqui por um minuto e aí vocês tirem quantas fotos quiser. Mas se algum dos bebês começar a chorar, eu vou distribuir socos!” Disse, e não estava sorrindo, falava sério. Com os paparazzi tinha que ser assim. Senão virava bagunça. “Patrick, os bebês são seus?” “Sim, são meus filhos.” Dizia orgulhoso. Estavam abraçados, ele e Ellen, olhando para a direção que cada um pedia. “Por que então vocês escondiam isto?” “Amanhã vocês saberão toda a história, agora dêem-nos licença que vamos passear com nossos filhos”. Disse e para espanto de Ellen, eles deram passagem e não os seguiram de perto. “Não falei para você? Quando eles pegam o que querem, dão sossego. Então é melhor dar logo, que ficamos livres.” Disse beijando a mão dela. “Agora, vamos. Há quanto tempo eu queria poder fazer isso meu Deus”. Paddy?”Disse Ellen lembrando-se de algo. “Você tem que contar para Jillian, a vida dela também tem sido um bocado dura, não acha?” “Será que passamos na casa dela agora? E contamos tudo? Quem sabe Tallulah não vá a praça com a gente?” Ele perguntou. “Se a conversa não demorar, senão vai esfriar, e você, seu impaciente, não deixou eu pegar nada para os meninos. Eu não quero que eles se resfriem, ok?” “Tudo bem. Então vamos, se não der tempo, a pracinha fica para outro dia.” Deitados na cama, depois de ter colocado os gêmeos para dormir, ficaram conversando sobre o maravilhoso dia. “Você viu como Scott ficou feliz com a notícia?” Disse Patrick. “Estava até parecendo comigo.” “Com razão, Paddy. Ele também estava vivendo uma vida dupla, com todo mundo falando que o filho dele era seu. Lembra-se como você se sentia?” Depois vendo a cara murcha de Patrick ,emendou suas palavras. “Paddy, todo mundo entrou nessa porque quis. Você não obrigou ninguém. Todo mundo teve seus motivos para aceitar. Eu, porque te amo, Jillian, por causa de Tallulah e dos negócios dela, e, Scott, porque ama Jillian. Então pare de fazer essa cara de culpado. Você também sofreu muito. Acho que foi o que mais sofreu, na verdade”. Disse-lhe acariciando seu peito.
  • 33. “El, Shonda disse uma coisa hoje na reunião, que eu dou inteira razão, agora! Pelo menos de minha parte.” “O que foi que ela disse?” Perguntou curiosa. “Que nós nos apaixonamos no instante em que ela nos apresentou, quando íamos fazer os testes para Grey’s. Só que não demos conta disto neste momento.” Falou, enquanto acariciava seu rosto, com os dedos. “Pode ser verdade, Paddy. Meu coração sempre pulava quando eu te via, mas eu gostava de pensar que era só amizade!” Respondeu com um olhar pensativo. “Acho que eu bloqueava o sentimento por saber que você era casado e pai de família.” Ela falou aquelas palavras com um pouco de tristeza na voz. “Ei, amor”. Disse ele delicadamente. “Você está bem?” Ellie desejou que alguém de repente inventasse um álbum para arquivar momentos, assim com se faz com as fotografias. Se existisse um, arquivaria a marca da mão quente de Patrick em seus braços nus, o sorriso que brincava em seus lábios, a expressão de curiosidade e de amor de tirar o fôlego que via em seu rosto. “Mais do que bem”. Disse ela, aconchegando-se mais para perto dele. “Só estava pensando em quanto tempo nós perdemos”. “Eu também meu amor. Mas agora tudo será diferente, você vai ver.” Fizeram amor apaixonadamente, esperando que o amanhã trouxesse a felicidade que sempre esperaram.